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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

CURSO DE ENGNEHARIA CIVIL

ANÁLISE TÉNICA DA GEOLOGIA DO BAIRRO ITAPOÃ


TAREFA DESENVOLVIDA POR MEIO DO GOOGLE EARTH

GABRIELA NUNES ANDRADE

BELO HORIZONTE
2022
RESUMO

O presente trabalho consiste no estudo da geologia do bairro Itapoã, situado na cidade


de Belo Horizonte – MG, com foco na área de circunvizinha de raio de 500 metros a
partir do endereço Rua São Miguel, 642. Tem como objetivo avaliar a atual situação
geológica regional de acordo com a existência ou não de risco, e consequentemente
suas respectivas causas. A pesquisa foi articulada a partir da Carta Geológica de Belo
Horizonte, do histórico de chuvas e do mapa de riscos, além de imagens de satélite
ao longo dos anos 2002 e 2008 a 2021.
A partir do estudo do solo da região avaliada, é possível identificar as áreas de risco,
as contribuições da ação antrópica e das chuvas, bem como apontar de que maneira
o tipo de solo predominante tem influência sobre os resultados obtidos.

Palavras-chave: geologia; solos; risco geológico.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 ‒ Mapa da região estudada no bairro Itapoã................................................. 5


Figura 2 ‒ Imagem de satélite do bairro Itapoã em novembro de 2022 ...................... 6
Figura 3 ‒ Imagem de satélite do bairro Itapoã em maio de 2008 .............................. 6
Figura 4 ‒ Imagem de satélite do bairro Itapoã em junho de 2009 ............................. 7
Figura 5 ‒ Imagem de satélite do bairro Itapoã em junho de 2010 ............................. 7
Figura 6 ‒ Imagem de satélite do bairro Itapoã em abril de 2011 ............................... 8
Figura 7 ‒ Imagem de satélite do bairro Itapoã em julho de 2012............................... 8
Figura 8 ‒ Imagem de satélite do bairro Itapoã em fevereiro de 2013 ........................ 9
Figura 9 ‒ Imagem de satélite do bairro Itapoã em fevereiro de 2014 ........................ 9
Figura 10 ‒ Imagem de satélite do bairro Itapoã em março de 2015 ........................ 10
Figura 11 ‒ Imagem de satélite do bairro Itapoã em março de 2016 ........................ 10
Figura 12 ‒ Imagem de satélite do bairro Itapoã em março de 2017 ........................ 11
Figura 13 ‒ Imagem de satélite do bairro Itapoã em março de 2018 ........................ 11
Figura 14 ‒ Imagem de satélite do bairro Itapoã em março de 2019 ........................ 12
Figura 15 ‒ Imagem de satélite do bairro Itapoã em março de 2020 ........................ 12
Figura 16 ‒ Imagem de satélite do bairro Itapoã em março de 2021 ........................ 13
Figura 17 ‒ Mapa Geológico simplificado do município de Belo Horizonte ............... 14
Figura 18 ‒ Mapa de áreas predispostas a risco geológico de acordo com o
zoneamento municipal............................................................................................... 15
Figura 19 ‒ Mapa de risco geológico do trecho no raio de 500 m do endereço Rua
São Miguel, 642, no bairro Itapoã ............................................................................. 16
Figura 20 ‒ Mapa de declividade de Belo Horizonte ................................................. 17
Figura 21 ‒ Recorte da área analisada ..................................................................... 17
Gráfico 1 ‒ Precipitação total mensal – Belo Horizonte - 2016 ................................. 18
Gráfico 2 ‒ Precipitação total mensal – Belo Horizonte - 2017 ................................. 18
Gráfico 3 ‒ Precipitação total mensal – Belo Horizonte - 2018 ................................. 19
Gráfico 4 ‒ Precipitação total mensal – Belo Horizonte - 2019 ................................. 19
Gráfico 5 ‒ Precipitação total mensal – Belo Horizonte - 2020 ................................. 20
Gráfico 6 ‒ Precipitação total mensal – Belo Horizonte - 2021 ................................. 20
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4
2 DESENVOLVIMENTO ................................................................................ 5
2.1 INTERVENÇÃO ANTRÓPICA .................................................................... 5
2.2 GEOLOGIA ............................................................................................... 14
2.3 MAPAS DE RISCO ................................................................................... 15
2.4 HISTÓRICO DE CHUVAS ........................................................................ 18
3 CONCLUSÕES ......................................................................................... 22
REFERÊNCIAS ........................................................................................ 23
4

1 INTRODUÇÃO

O bairro Itapoã tem origem na década de 70, a partir da antiga fazenda de propriedade
do então ex-prefeito de Belo Horizonte, Américo Renée Giannetti. A fazenda foi
dividida, loteada e teve seus lotes vendidos para a abertura da instalação ocupacional
da população. No entanto, parte da área se manteve preservada e atualmente
constitui o Parque Municipal Fazenda Lagoa do Nado. Esta área compunha um
entreposto utilizado pelos tropeiros no início do século XIX, devido a localização
estratégica às margens do riacho Córrego do Nado. Na primeira planta da cidade de
Belo Horizonte, este córrego compunha o manancial de recarga natural.
A formação do bairro se deu partir de um conjunto habitacional destinado aos
contabilistas, que ainda compõe a região, contudo, agora com diversas alterações. A
população local é reconhecida pelo empenho com a preservação ecológica,
característica que permeia desde a ocupação e o norteamento do processo ambiental.
Isto pode ser observado, por exemplo, no que tange à formação do parque citado. O
banco Caixa Econômica do Estado de Minas Gerais apresentou uma proposta de
loteamento da área para a construção de um condomínio de luxo. No entanto, os
moradores reivindicaram a transformação do local em um espaço de lazar e
preservação ambiental. Esta característica da população local é de grande relevância
para a manutenção da geologia e estabilidade geológica local.
Especificamente com relação a área estudada, cabe destacar a existência do Ribeirão
Pampulha e o Aeroporto da Pampulha, imediatamente abaixo do primeiro no mapa,
considerando o sentido adotado.
5

2 DESENVOLVIMENTO

A área estudada corresponde a cerca de 500 metros circunvizinhos ao


endereço Rua São Miguel, 642, localizado no bairro Itapoã. Para o desenvolvimento
do estudo do solo da região serão avaliadas as imagens de satélites e os mapas
cartográficos como embasamento das análises.
Especificamente com relação a área estudada, cabe destacar a existência do Ribeirão
Pampulha e o Aeroporto da Pampulha, imediatamente abaixo do primeiro no mapa,
considerando o sentido adotado.

Figura 1 ‒ Mapa da região estudada no bairro Itapoã

Fonte: Google Maps

2.1 INTERVENÇÃO ANTRÓPICA

Para a verificação da intervenção antrópica, foram extraídas do Google Earth


imagens de satélite da área estudada dos anos de 2002 e 2008 a 2021.
6

Figura 2 ‒ Imagem de satélite do bairro Itapoã em novembro de 2002

Fonte: Google Earth

Figura 3 ‒ Imagem de satélite do bairro Itapoã em maio de 2008

Fonte: Google Earth


7

Figura 4 ‒ Imagem de satélite do bairro Itapoã em junho de 2009

Fonte: Google Earth

Figura 5 ‒ Imagem de satélite do bairro Itapoã em junho de 2010

Fonte: Google Earth


8

Figura 6 ‒ Imagem de satélite do bairro Itapoã em abril de 2011

Fonte: Google Earth

Figura 7 ‒ Imagem de satélite do bairro Itapoã em julho de 2012

Fonte: Google Earth


9

Figura 8 ‒ Imagem de satélite do bairro Itapoã em fevereiro de 2013

Fonte: Google Earth

Figura 9 ‒ Imagem de satélite do bairro Itapoã em fevereiro de 2014

Fonte: Google Earth


10

Figura 10 ‒ Imagem de satélite do bairro Itapoã em março de 2015

Fonte: Google Earth

Figura 11 ‒ Imagem de satélite do bairro Itapoã em março de 2016

Fonte: Google Earth


11

Figura 12 ‒ Imagem de satélite do bairro Itapoã em março de 2017

Fonte: Google Earth

Figura 13 ‒ Imagem de satélite do bairro Itapoã em março de 2018

Fonte: Google Earth


12

Figura 14 ‒ Imagem de satélite do bairro Itapoã em março de 2019

Fonte: Google Earth

Figura 15 ‒ Imagem de satélite do bairro Itapoã em março de 2020

Fonte: Google Earth


13

Figura 16 ‒ Imagem de satélite do bairro Itapoã em março de 2021

Fonte: Google Earth

A partir das imagens de satélite avaliadas, é possível concluir que o bairro, em


2002, já integrava sua ocupação quase total. A arborização local não decaiu, ou seja,
entre os anos de 2002 e 2021 praticamente não foram removidas árvores e espaços
verdes. A partir do ano de 2010 pôde-se observar o desenvolvimento de construções
nos últimos lotes até então vagos e, especialmente, a verticalização, isto é, a
construção de edifícios. Cabe destacar que a profundidade da fundação de uma
construção civil é proporcional a sua altura externa a linha do nível do solo, então, a
partir de 2010 a região passo a contar com maior número de fundações profundas.
Além disso, é importante salientar que houve um avanço construtivo
significativo localizado na região da parte inferior do mapa, que corresponde a
proximidade do Ribeirão Pampulha. Contudo, apesar da proximidade, as construções
respeitam a distância mínima exigida de 30 metros do rio, considerando que o ribeirão
é um curso d’água natural com percurso inferior a 10 metros de largura, conforme
estabelecido pela Lei 6.766/79 do Novo Código Florestal Brasileiro.
14

2.2 GEOLOGIA

A seguir está apresentado o mapa geológico da cidade de Belo Horizonte, no


qual pode-se observar a situação da área estudada no Complexo Belo Horizonte,
como uma região de gnaisse típico. Sendo assim, a formação geológica é composta
por gnaisse, originado do granito, que é uma rocha ígnea intrusiva.

Figura 27 ‒ Mapa Geológico simplificado do município de Belo Horizonte

Fonte: PRODABEL (2007) – Convênio PBH/UFMG (1995)


15

2.3 MAPAS DE RISCO

Figura 38 ‒ Mapa de áreas predispostas a risco geológico de acordo com o


zoneamento municipal

Fonte: PBH
16

A partir do mapa de riscos de Belo Horizonte, é possível observar que a área


do bairro Itapoã estudada tem em sua composição as zonas ZE (Zona de Grandes
Equipamentos) e ZPAM (Zona de Preservação Ambiental).
O Portal do Serviço Geológico do Brasil pertencente ao CPRM – Centro de
Pesquisa de Recursos Minerais foi utilizado para a obtenção dos seguintes mapas de
risco geológico específico da região analisada.

Figura 49 ‒ Mapa de risco geológico do trecho no raio de 500 m do endereço Rua


São Miguel, 642, no bairro Itapoã

Fonte: Serviço Geológico do Brasil – CPRM

A área estudada refere-se apenas ao trecho central destacado. Toda a área


estudada encontra-se na área de baixo risco de movimento de massa. A análise deste
mapa permite verificar que a área nos arredores da estudada possui trechos de
identificação de risco geológico. Ao norte do ponto central há pequenas regiões com
médio risco de movimento de massa, e uma pequena área de alto risco. Estes trechos
constituem áreas de maior declividade do que no entorno, devido, inclusive, a ação
do homem de planificar longitudinalmente as ruas que cortam este mapa no sentido
transversal. Porém, toda a área possui baixa declividade, como pode ser observado
no Mapa de Declividade de Belo Horizonte adiante e respectivamente o destaque da
área estudada.
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Ademais, a área inferior do mapa apresenta alto risco de inundação, devido a


presença do Ribeirão Pampulha, bem como da Lagoa da Pampulha, e a baixa altitude
da área em comparação ao entorno. As áreas de risco de inundação situadas na parte
superior do mapa têm causa na baixa altitude. Assim, pode-se observar que o relevo
local tem como ponto mais elevado o ponto central e sua circunvizinhança
principalmente no sentido transversal.

Figuras 20 e 21 ‒ Mapa de declividade de Belo Horizonte; Recorte da área analisada

Fonte: Serviço Geológico do Brasil – CPRM


18

2.4 HISTÓRICO DE CHUVAS

Os dados de precipitação total mensal apresentados a seguir foram coletados


no Posto Pluviométrico do Aeroporto da Pampulha, localizado na região da área
estudada.

Gráfico 1 ‒ Precipitação total mensal – Belo Horizonte - 2016

Precipitação total mensal - Belo Horizonte - 2016


350

300

250

200

150

100

50

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Fonte: Banco de Dados Meteorológicos - INMET

Gráfico 2 ‒ Precipitação total mensal – Belo Horizonte - 2017

Precipitação total mensal - Belo Horizonte - 2017


350

300

250

200

150

100

50

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Fonte: Banco de Dados Meteorológicos - INMET


19

Gráfico 3 ‒ Precipitação total mensal – Belo Horizonte - 2018

Precipitação total mensal - Belo Horizonte - 2018


450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Fonte: Banco de Dados Meteorológicos - INMET

Gráfico 4 ‒ Precipitação total mensal – Belo Horizonte - 2019

Precipitação total mensal - Belo Horizonte - 2019


250

200

150

100

50

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Fonte: Banco de Dados Meteorológicos - INMET


20

Gráfico 5 ‒ Precipitação total mensal – Belo Horizonte - 2020

Precipitação total mensal - Belo Horizonte - 2020


1000
900
800
700
600
500
400
300
200
100
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Fonte: Banco de Dados Meteorológicos - INMET

Gráfico 6 ‒ Precipitação total mensal – Belo Horizonte - 2021

Precipitação total mensal - Belo Jorizonte - 2021


500
450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Fonte: Banco de Dados Meteorológicos - INMET

Como na maior parte do país, a maior concentração de chuvas na região ocorre


entre os meses de dezembro a março, e há um período de predominante seca entre
abril e setembro.
A partir da observação da baixa densidade pluviométrica da área, é possíver
afirmar que não há no local a possibilidade de movimentos de massas devido às
chuvas. Além disso, devido a baixa diluição da intensidade da precipitação ao longo
do tempo na região, é menos provável o encharcamento do solo, ou seja, sua
21

saturação, que é fator de risco para a estabilidade do talude. Isto, pois com chuvas
curtas e de alta intensidade o solo tem mais tempo para drenar e escoar a água, do
que com chuvas fracas e contínuas, com as quais o solo não tem trégua para secar e
então aumenta sua saturação a níveis perigosos para a estabilidade.
22

3 CONCLUSÕES

A partir da realização do estudo e das conclusões específicas de cada etapa


do processo, é possível afirmar que a área não constitui uma região de risco. A
princípio, este fato deve-se a baixa declividade do terreno. Aliado a isto, o índice
pluviométrico local é bastante baixo e com maior tendência a chuvas curtas e intensas
do que chuvas de grande duração de tempo, o que encharcaria o terreno e seria um
fator problemático para a estabilidade dos taludes.
Como o substrato geológico desta área é constituído de gnaisse típico, espera-
se que o solo correspondente seja de forte ansiotropia textural, ou seja, possua
diferentes propriedade físicas de acordo com cada direção. Esta característica inclui
a anisotropia de resistência ao cisalhamento. Além disso, é esperado que este solo
possua os mesmos bandamentos herdados da rocha mãe, compostos da intercalação
de bandas de micáceas e bandas compostas principalmente de quartzo e feldspato.
Mediante esta análise, estima-se que o solo seja predominantemente argiloso. Dessa
forma, conclui-se mais um fator positivo para a estabilidade do talude, posto que este
tipo de solo tende a maior estabilidade que o solo arenoso, devido a sua plasticidade.
23

REFERÊNCIAS

INMET, Banco de Dados Meteorológicos. Disponível em: https://bdmep.inmet.gov.br.


Acesso em: 01 de maio de 2022.

Google Maps. Disponível em: https://www.google.com.br/maps?hl=pt-BR&tab=rl.


Acesso em: 01 de maio de 2022.

Google Earth. Disponível em: https://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/. Acesso


em: 01 de maio de 2022.

CRUZ, João Pedro; NUNES, Malena; AZEVEDO, Ricardo. Planejamento urbano e


áreas predispostas a riscos geológicos em Belo Horizonte: limitações da lei de
parcelamento, ocupação e uso do solo. Caminhos de Geografia. v. 23 n. 86. Belo
Horizonte: Caminhos de Geografia, 2022.

MOREIRA, José. Estabilidade de taludes de solos residuais de granito e de


gnaisse. Rio de Janeiro, 1974.

SILVEIRA, Felipe. Investigação do comportamento mecânico de um solo


residual de gnaisse da cidade de Porto Alegre. Porto Alegre, 2005.

PARIZZI, Maria. Riscos geológicos e hidrológicos do município de Belo


Horizonte. Departamento de Geologia, UFMG.

PARIZZI, Maria; SOBREIRA, Frederico; GALVÃO, Terezinha; ARANHA, Paulo;


ELMIRO, Marcos; BEIRIGO, Elder. Processos de movimento de massa em Belo
Horizonte, MG. Belo Horizonte, Departamento de Geologia, UFMG, 2010.

OLIVEIRA, Andréa. Código Florestal Brasileiro Completo e Atualizado: Lei


12.727/2012. Cursos CPT. Disponível em: https://www.cpt.com.br/codigo-
florestal/codigo-florestal-brasileiro-completo-e-atualizado-lei-127272012. Acesso em:
01 de maio de 2022.

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