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Outros desvios (não lingüísticos) podem acompanhar a afasia e o examinador deve estar
atento a eles:
- agnosias;
- apraxias;
- perda de atenção e concentração;
- dificuldade de lidar com o abstrato;
- perseveração;
- reações catastróficas;
- iniciativa reduzida;
- egocentrismo;
- pobre habilidade de organização;
- labilidade emocional;
- outras alterações de comportamento.
“Há tantos casos de afasia quantos afásicos existirem” e classificá-los com base em tipos
descritos não é possível.
As técnicas e materiais para o tratamento das afasias devem ser adaptadas especificamente
de modo a atender cada caso em particular. Uma variedade de técnicas de reabilitação têm
sido descritas por diversos autores, mas só o terapeuta saberá quais e quando aplicá-las
para um determinado paciente.
O fonoaudiólogo tem acesso a um conjunto de objetos, gravuras, desenhos e fotografias
que servem de suporte aos exercícios de linguagem, assim como textos para leitura, listas
de palavras e frases. Na elaboração deste material, o fonoaudiólogo deve estar atento ao
fato de estar lidando principalmente com adultos, evitando nestes casos o uso de cartilhas
ou qualquer material de natureza infantil.
Outro exercício utilizado por De Bono (1995) é o das possibilidades, onde o terapeuta,
escolhendo uma figura sem que o paciente tenha conhecimento da mesma, relata algumas
de suas características. Exemplo: “Necessita de eletricidade”. O paciente então tenta
adivinhar, perguntando: “um secador de cabelos?” “Um ferro de passar?” “Um abajur?”
Depois de várias tentativas, se o objeto não foi identificado, é dada outra característica,
como: “utiliza rodas” ou “serve para transporte”, etc. Os conceitos vão ficando cada vez
menos abrangentes até que o paciente consiga decifrar o enigma. Numa segunda etapa, os
papéis são invertidos, e nesta feita cabe ao paciente seleciona as características.
No item relacionado com Julgamento, um exercício interessante é apresentado: o terapeuta
propõe algumas premissas. Exemplos: “pode ser um ótimo presente de aniversário”, ou “é
perigoso e requer que se utilize com cuidado”, ou “usa-se na cozinha”. As cartas contendo
figuras são viradas, uma a uma, e o paciente tem que imediatamente julgar se a gravura se
encaixa ou não naquela premissa. Mais uma vez, os papéis podem ser trocados, dando a
vez ao paciente elaborar as premissas.
O mesmo autor também aborda o tema: Alternativas. Há por exemplo, vários meios de se
atingir um mesmo objetivo, várias rotas alternativas para se chegar de um ponto a outro da
cidade. Alternativas precisam servir a um mesmo propósito. Se quero proteger os pés, um
par de botas ou de tênis, chinelos ou meias são alternativas para um par de sapatos. Neste
caso, rosas não são uma alternativa para os sapatos. No entanto, podemos imaginar uma
circunstância onde os sapatos podem adequadamente ser substituídos pelas rosas. Que
circunstância? Quando ambos se constituem alternativas para um presente de aniversário.
Há, no Mind Power – Discover the Secrets of Creative Thinking, (De Bono, E., 1995)
interessantes exercícios envolvendo alternativas.
Diferenças, semelhanças, comparações, escolhas, decisões, análises, são todos processos
de pensamento utilizados em atividades para exercitar habilidades de lógica e raciocínio,
além de estimular a linguagem.
Brubaker, S.H. (1987) têm uma série de oito workbooks cuja finalidade é prover material
para estimulação cognitiva e de linguagem em pessoas com inabilidades nestas áreas.
Alguns são específicos para a reabilitação das afasias. Itens como formação de palavras
(acrescentar uma, duas ou três letras, completar palavras cruzadas, juntar palavras para
formar outras, inserir palavras dentro de outras, inverter letras, etc.), frases feitas e
expressões idiomáticas (palavras em comum, completando frases, expandindo provérbios,
completando clichês, etc.) reconhecimento visual (identificando silhuetas, letras em comum,
palavras escondidas, localizando erros, etc.), soluções lógicas (múltiplos significados,
características de palavras, lendo mapas, fazendo rotas, quebra-cabeças, resolvendo
códigos, etc.), entre muitos outros, enriquecem uma terapia de reabilitação de afasia,
tornando-a mais atraente, tanto para paciente quando para o terapeuta, além de cumprir
plenamente seus objetivos.
Itens como Completar Palavras, Palavras Imbricadas, Completar expressões, sentenças,
provérbios e ditos populares, estão entre os exercícios propostos por Papaterra-Limongi, F.,
no Manual Papaterra de Habilidades Cognitivas, volumes I e II, 1999 e 2000 e Manual
Papaterra de Habilidades de Linguagem, 2001. A percepção, o reconhecimento visual, a
atenção, a criatividade, o raciocínio lógico, a abstração são trabalhadas de diversas formas.
As charadas e “pegadinhas” exercitam predominantemente a atenção e a lógica,
emprestando um caráter lúdico e desafiador à atividade.
Este exercício requer muita imaginação. Descubra uma frase inicial que pode ser
completada ao mesmo tempo pela três que se seguem: