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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE


DEPARTAMENTO DE FARMÁCIA
CURSO DE FARMÁCIA

AULA EXPERIMENTAL DE CROMATOGRAFIA PARA A IDENTIFICAÇÃO E


SEPARAÇÃO DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS COM BASE NAS SUAS INTERAÇÕES
MOLECULARES

ANDRESSA BEATRIZ DO NASCIMENTO MONTEIRO

CAMPINA GRANDE
ABRIL 2023
INTRODUÇÃO
A cromatografia trata-se de um processo analítico de identificação e separação dos
componentes de uma mistura pela migração das partículas de um soluto através de um solvente.
Dessa forma, levando-se em consideração que existem diferentes tipos de cromatografia, como
a cromatografia gasosa, a cromatografia gasosa de alta resolução, a líquida clássica, a
cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC), dentre outras, nota-se que as interações são
viabilizadas nessa técnica por meio das forças intermoleculares de interação das fases
estacionária e móvel.
Os critérios de divisão dos tipos de cromatografia nos experimentos a seguir se dão,
inicialmente, pela forma física do sistema, podendo ser distinguidas como sendo em coluna ou
planar. A primeira é utilizada para a separação dos componentes sólidos e líquidos, baseada na
solubilidade e capacidade de adsorção, sofrendo influência da gravidade, além dos outros
fatores de interação; já a segunda, é compreendida por uma superfície plana, normalmente
composta de Sílica (SiO2), na qual é adsorvido o solvente.
Nesse viés, a cromatografia de coluna envolve a passagem da mistura através de uma
coluna preenchida com uma fase estacionária, que pode ser um sólido poroso, um gel ou um
líquido estacionário imobilizado. Assim, os componentes da mistura interagem de forma
diferente com a fase estacionária, permitindo a separação dos componentes com base em suas
afinidades químicas ou físicas, o que a faz com que esta seja frequentemente usada para
purificar e separar compostos de alta pureza em uma escala maior.
A cromatografia planar, por outro lado, é uma técnica na qual a fase estacionária é
aplicada em uma superfície plana, como uma placa de vidro revestida com um adsorvente ou
uma camada fina de um gel. Portanto, a mistura é aplicada como uma mancha na superfície da
fase estacionária e, em seguida, a placa é colocada em uma câmara contendo um solvente que
se move por capilaridade na direção da fase estacionária. Desse modo, os componentes da
mistura se separam à medida que se movem através da fase estacionária, permitindo sua
identificação e quantificação, sendo, esta, frequentemente usada em análises qualitativas,
devido à sua simplicidade e rapidez.

OBJETIVO
Determinar a solubilidade entre as fases estacionária e móvel, levando em consideração
os seus comportamentos durante os procedimentos de separação das misturas, o que facilitava,
consequentemente, a identificação de todos os compostos constituintes do processo.
METODOLOGIA
1.0 - Materiais utilizados para a Cromatografia de Camada Delgada (CCD)
- Pipetas Pasteur com um sugador Pera em uma das extremidades
- Becker de 50mL
- Câmara de eluição com folha de papel filtro
- Proveta de 5mL
- Vidraria com Iodo
- Capilar
- Placas com gel de Sílica
- Mortero de porcelana e um pistilo

Destarte, para a preparação da fase móvel, também entendida como o soluto, foi
necessário fazer uma lavagem do capilar que seria utilizado para coletar os solutos, que foi
realizada pressionando o capilar contra o Acetato de Etila, para este subir pelas paredes do tubo
por adesão e, posteriormente, evaporar, concluindo a limpeza. Após isso, para a produção do
solvente, retirou-se o Hexano e o Acetato de Etila das suas vidrarias de armazenamento com
uma pipeta e colocou-se cada conteúdo dentro de uma só proveta, havendo, assim, a preparação
de uma solução contendo 3mL, na proporção de 90% de Hexano para 10% de Acetato de Etila.
Em vista disso, o próximo passo foi pegar as placas com Sílica, para a adsorção dos
solventes confeccionados, sendo antes feita a aplicação com o capilar da Chalcona (figura 1.0),
do lado esquerdo da placa, e do 4-metóxifenol (figura 1.1), do lado direito, permitindo, por fim,
que a placa fosse colocada dentro da câmara para haver a eluição do líquido no fundo da vidraria
através da placa, forçando o deslocamento da fase móvel, anteriormente aplicada. No mais,
percebendo que as fases não apresentaram cores, a placa foi colocada dentro de uma vidraria
com Iodo, possibilitando a revelação dos movimentos que as partículas fizeram.
Além disso, a etapa seguinte foi feita colocando-se 4,0369g em partes bastante finas
tiradas de uma cenoura em um Mortero de porcelana, com as quais se misturou uma quantidade
de hexano, machucando-se a cenoura com um pistilo para haver a mistura dos seus
componentes com esse composto. Após isso, preparou-se uma solução formada por 97% de
Hexano e 3% de Acetato de Etila na proveta para, assim como foi feito com o procedimento
anterior, fosse, também, testado nesse.
Representação da Chalcona (Figura 1.0) Representação do 4 -metóxifenol (Figura 1.1)

1.1 - Materiais para a Cromatografia em Coluna


- Bureta de vidro com filtro e regulador
- Tubos de ensaio
- Capilar
- Becker
- Bastão de vidro
- Algodão
- Proveta de 50mL
- Espátula de inox
- Balão de vidro de tubo redondo

Inicialmente, colocou-se um pedaço de algodão dentro da bureta e empurrou-se com um


bastão até que ele chegasse ao fundo do tubo, de modo que servisse para fazer a base fixa de
Sílica. Após isso, despejou-se a sílica na bureta e foi colocada uma quantidade de Hexano para
ir passando através da Sílica compactando-a, sendo, esse procedimento, repetido por várias
vezes e, enquanto o Hexano passava pela sílica batia-se delicadamente com um pedaço de
mangueira na parte externa da bureta, para ajudar nessa compactação.
Ademais, foi preparado em outro becker uma solução com 2mL de Diclorometano,
0,205g de Chalcona e 0,155g de 4-metóxifenol, misturou-se e, depois, foram colocadas duas
espátulas de Sílica cheias. Logo após, a solução foi colocada na câmara de evaporação, para a
evaporação do Diclorometano e o que sobrou dela foi colocado dentro da Bureta, seguido da
adição de mais hexano, para compactar a mistura bem acima da Sílica que já havia sido inserida
anteriormente. No mais, foi colocada uma solução de 50mL de uma eluição com 90% de hexano
e 10% de Acetato de Etila e outra de 30mL com 80% de Hexano e 20% de Acetato de Etila,
para fazerem o arraste da Chalcona e do 4-metóxifenol e o que escoava da Bureta foi sendo
recolhido pelos tubos de ensaio.
No que se segue, foi necessária a execução de outra Cromatografia de Camada Delgada
para a revelação da pureza dos conteúdos nos tubos. Em vista disso, foi produzida, inicialmente,
uma placa A com as amostras 3, 5, 7 e 9, Placa B com as amostras 11, 13, 15 e 17 e uma Placa
C com as amostras 8, 18, 20 e 23, que foram eluídas por uma solução de 90% de Hexano e 10%
de Acetato de Etila.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
A priori, o método utilizado em laboratório foi o planar de camada delgada e todo o
experimento se deu sendo guiado pela noção de que a relação entre a fase móvel e a fase
estacionária acontece de modo que, uma vez que a fase estacionária normalmente é polar (nesse
caso, de Sílica), o soluto com o arraste mais rápido será o menos polar, pois formará interações
intermoleculares mais fracas com o solvente da fase estacionária.
Consequentemente, os resultados do primeiro experimento, de Cromatografia em
Camada Delgada, mostraram que a mancha mais à esquerda, que correspondia à Chalcona, se
deslocou mais e a mancha da direita se deslocou menos, portanto, o composto mais apolar teve
o maior arraste, o que comprovou, também, a pureza das amostras utilizadas. Além disso, na
experiência feita com a cenoura, o grupo 1, por fazer a solução com o hexano, pôde perceber
mais claramente que o Betacaroteno teve o arraste com uma maior facilidade, pois é um
composto altamente apolar, como mostra na Figura 1.2. Já o grupo 2, por misturar o extrato da
cenoura com Acetato de Etila, conseguiu revelar com o Iodo outros componentes, como a água
e outros componentes polares presentes, uma vez que o deslocamento foi menor, aderind o mais
fortemente à placa de Sílica, podendo ser possível notar os comportamentos diferentes que os
solventes utilizados ocasionaram nas reações com as placas.

Composto Betacaroteno (Figura 1.2)

Já na Cromatografia em Coluna, para ser possível identificar o grau de pureza das


amostras, foi necessária a execução de outra Cromatografia de Camada Delgada para a
revelação da pureza dos conteúdos nos tubos. Consequentemente, foi possível revelar na placa
A, que as amostras 1 até a 7 continham essencialmente Chalcona, uma vez que as manchas 3,
5 e 7 tiveram o maior arraste, porém a amostra 9 ficou mais aderida, sendo necessário o teste
da amostra 8 na Placa C, para observar se o deslocamento que teria na placa seria o mesmo da
amostra 9 e, desse modo, seria possível concluir se a amostra estava com Chalcona e 4-
metóxifenol misturado ou se estava se tratando apenas da separação completa e presença deste
último composto. Já nas placas B e C foi possível concluir que continham 4-metóxifenol.
Por último, foram colocados todos os tubos de ensaio contendo Chalcona dentro de um
balão de vidro de fundo redondo, lavou-se os tubos esvaziados com diclorometano e colocou-
se essa mistura no balão, para resgatar o pouco que ainda restava dentro dos tubos, levando,
após isso, o balão para o evaporador rotativo, no intuito de evaporar todos os componentes da
mistura e isolar apenas a Chalcona, a fim de descobrir o rendimento do processo com relação à
massa. Portanto, após finalizar a separação pôde-se encontrar um valor de massa de 0,1972g
para a Chalcona restante, o que revela uma perda de apenas 4% da massa da Chalcona, durante
todo o experimento, uma vez que o valor incial era de 0,205g desse composto.

CONCLUSÃO
Sendo assim, julga-se que os principais objetivos da experiência, que foram identificar
os compostos por meio dos seus comportamentos de solubilidade e separar as misturas nas
amostras, foram alcançados efetivamente, pois não houve dúvidas nas expressões concluídas
sobre as amostras e, ainda que as quantidades utilizadas não tenham sido absolutamente exatas
em todos os procedimentos, como aconselhava o manual, a identificação dos resultados foi tida
de forma clara.

QUESTIONÁRIO
1- Fale sobre o princípio básico que envolve a técnica de cromatografia

2- Cite os principais tipos de forças que fazem com que os componentes de uma mistura
sejam adsorvidos pelas partículas do sólido:
Formação de sais > coordenação > pontes de hidrogênio > dipolo-dipolo > Van der Waals
3- Cite as características do solvente para lavar ou arrastar os compostos adsorvidos na
coluna cromatográfica:
Quanto mais polares e com cadeias menores, mais efetivos. Seguindo a sequência abaixo Água
> Ácido acético > Metanol > Acetona > Etanol > Acetato de Etila > Éter Etílico >
Clorofórmio...
4- Por quê se deve colocar papel filtro na parede da cuba cromatográfica?
Ajuda a manter a câmara saturada com os vapores e promove um deslocamento mais rápido da
fase móvel.
5- Se os componentes da mistura, após a corrida cromatográfica, apresentam manchas
incolores, qual o processo empregado para visualizar estas manchas na placa
Cromatográfica?
A placa é colocada em uma câmara com Iodo
6- O que é e como é calculado o Rf ?
É o fator de retenção de um composto e é definido como a razão entre a distância percorrida
pela mancha do componente e a distância percorrida pelo eluente. É calculado dividindo a
distância percorrida pela fase estacionária pela distância percorrida pela fase móvel.
7- Quais os usos mais importantes da cromatografia de camada delgada?
Para determinar a pureza das amostras em teste, uma vez que a distância de arraste é específica
de cada composto.
8- Relate o resultado final observado para a coluna cromatográfica realizada por seu
grupo. Com base na estrutura química dos componentes presentes na mistura, explique
por que sua amostra mostrou o comportamento de eluição observado.
Se o eluente era em sua grande parte apolar (90% de Hexano e 10% de 4-metóxifenol), este
promoveu o arraste mais facilmente das amostras com Chalcona (de 1 até a 7), já que esta é um
hidrocarboneto, bastante apolar, e as interações intermoleculares entre a Chalcona e o Hexano,
também um hidrocarboneto, são fracas. Porém, as amostras com 4-metóxifenol (8 até a 23)
tiveram um menor deslocamento na placa, uma vez que as ligações entre o 4-metóxifenol e a
Sílica, que são polares, se deram de uma forma mais forte.
REFERÊNCIAS

Cromatografia ou Análise Cromatográfica: tipos. Disponível em:


<https://www.todamateria.com.br/cromatografia/>.

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