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AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
AVALIAÇÃO EM PROCESSO
DA APRENDIZAGEM EM PROCESSO
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Língua
Língua Portuguesa
Portuguesa
2ª série do Ensino Médio Turma ___________________
2ª série do Ensino Médio Turma _________________________
1º Bimestre de 2018 Data ______ /______ /______
1º Bimestre de 2018 Data _______ / _______ / _______
Escola ________________________________________________
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Avaliação da Aprendizagem em Processo ∙ Prova do Aluno – 2ª série do Ensino Médio

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Leia o texto e responda às questões 01, 02 e 03.

Proposta de renda mínima universal é cercada de polêmica

[...]

O conceito de uma renda básica universal vem sendo tema de discussão entre
filósofos, economistas e políticos durante séculos, sempre cercado de muita
polêmica.
Um dos fundadores dos Estados Unidos, o economista britânico Thomas Paine,
propôs ─ em um ensaio chamado Justiça Agrária, de 1797 ─ a tributação de
grandes propriedades fundiárias, de modo que cada indivíduo recebesse uma
“subvenção de capital” que lhe permitiria “fugir à indigência e exercer os direitos
declarados universais”.
Já em 1853 o filósofo francês François Huet defendia tais transferências de
renda sem contrapartidas para todos os jovens adultos, que seriam financiadas
por impostos sobre heranças e doações.
Mais recentemente, economistas de renome, como o americano Joseph Stiglitz
e o francês Thomas Piketty, engrossaram o coro pela aprovação de uma renda
mínima universal.
Os partidários do sistema garantem que o benefício reduziria a desigualdade,
ajudaria os desempregados e quem se dedica a cuidar de familiares sem ser
remunerado, e equilibraria o aumento da automatização do trabalho.
Por outro lado, seus críticos afirmam que o pagamento regular feito pelo Estado
desencorajaria as pessoas a trabalhar e, assim, prejudicaria a economia,
fomentando a pobreza.
Mas segundo um estudo publicado em 2011 por Evelyn L. Forget, professora
de Economia da Universidade de Manitoba (Canadá), o pagamento de uma
renda básica a todos os cidadãos de Dauphin, durante o experimento conduzido
na década de 70, reduziu a pobreza e amenizou vários outros problemas
socioeconômicos.
Paralelamente, em vários países do mundo, incluindo muitos latino-americanos,
há movimentos que pressionam com mais ou menos sucesso para que os
salários mínimos se tornem salários dignos.

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“A criação do salário mínimo foi uma tentativa de criar um nível básico de
ingresso”, diz Linda Yueh, professora adjunta de Economia na London Business
School, na Inglaterra.
“A renda básica universal e o salário mínimo digno são ideias similares, mas a
renda básica vai mais longe pois trata de assegurar que todo mundo tenha um
nível mínimo de rendimento para poder viver”, acrescenta ela.

Disponível em: <http://www.bbc.com/portuguese/internacional-38489876>. Acesso em: 29 de janeiro de


2018. (adaptado)

Questão 01

Há uma opinião divergente sobre a proposta de uma renda básica mínima


universal apresentada no texto em:

(A) “[...] o filósofo francês François Huet defendia tais transferências de renda
sem contrapartidas para todos os jovens adultos, financiadas por impostos
sobre heranças e doações”.
(B) “[...] o americano Joseph Stiglitz e o francês Thomas Piketty, engrossaram o
coro pela aprovação de uma renda mínima universal”.
(C) “[...] o pagamento de uma renda básica a todos os cidadãos de Dauphin, [...]
reduziu a pobreza e amenizou vários problemas socioeconômicos”.
(D) “[...] o pagamento regular feito pelo Estado desencorajaria as pessoas a
trabalhar e, assim, prejudicaria a economia, fomentando a pobreza”.
(E) “[...] o benefício reduziria a desigualdade, ajudaria os desempregados e
quem se dedica a cuidar de familiares sem ser remunerado,[...]”.

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Questão 02

O texto foi escrito para

(A) habitantes de países que oferecem renda mínima a adultos jovens


trabalhadores.
(B) leitores de matérias jornalísticas na internet, com interesse no assunto, em
qualquer parte do mundo.
(C) pessoas interessadas em conhecer leis trabalhistas de países com altos
índices de desemprego.
(D) público especializado em assuntos relacionados a estudos sobre renda
básica e salário mínimo na América Latina.
(E) trabalhadores à procura de complementar suas rendas, com a ajuda dos
governos.

Questão 03

Em: “A renda básica universal e o salário mínimo digno são ideias similares, mas
a renda básica vai mais longe pois trata de assegurar que todo mundo tenha um
nível mínimo de rendimento para poder viver”, a conjunção em destaque “mas”
é um organizador textual que

(A) reforça o fato apresentado na oração anterior.


(B) destaca a consequência do que já foi afirmado.
(C) introduz uma ideia contrária ao que foi dito antes.
(D) acrescenta uma condição à explicação anterior.
(E) estabelece relação de causa entre as orações.

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Questão 04

A discussão sobre a implantação de uma renda básica universal, há séculos,


está cercada de polêmica, pois

(A) interesses de grandes grupos econômicos prevalecem sobre a maioria da


população carente.
(B) necessidades das classes mais favorecidas devem ser supridas com o fruto
de seu trabalho.
(C) estudos comprovam que a pobreza diminui quando as pessoas procuram
trabalho.
(D) problemas sociais causam transtornos econômicos quando os governos
redistribuem a renda.
(E) rendimentos mínimos garantem ao governo mais arrecadação de impostos.

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Leia os textos e responda às questões 05, 06, 07 e 08.

Texto I

Portal do campo de concentração nazista em Auschwitz, na Polônia, hoje transformado em museu. Como
em todos os campos de concentração, lê-se no alto, o lema nazista em alemão: ARBEIT MACHT FREI: O
TRABALHO LIBERTA.
Disponível em: <https://www.flickr.com/photos/adamtasimages/25255571531>. Acesso em: 29 de janeiro
de 2018.

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Texto II

Trabalhar demais virou símbolo de status


Por Letícia Arcoverde | Valor
03/01/2017 às 09h41

SÃO PAULO – O que denota mais poder e status hoje em dia? Compartilhar fotos
de uma prazerosa viagem de férias nas redes sociais ou repetir com frequência
que a vida está “corrida” e o trabalho está tomando todo o seu tempo?
Segundo um estudo de pesquisadoras americanas, o estilo de vida “workaholic”
é hoje um símbolo de status mais significativo do que a capacidade de ter tempo
livre e se dedicar a atividades voltadas apenas ao lazer.
Por meio de uma série de experimentos, as professoras Silvia Bellezza, da
Columbia Business School, Neeru Paharia, da Universidade de Georgetown,
e Anat Keinan, da Harvard Business School, testaram como o ato de alguém
sinalizar que está muito ocupado no trabalho influencia a percepção de status
social dessa pessoa aos olhos dos outros.
Em um dos estudos, com 450 participantes, os entrevistados avaliaram o status
de pessoas que faziam compras em um serviço on-line de entrega, ao invés
de em uma rede de supermercados de alto padrão. Por associar o serviço de
entregas à falta de tempo, os participantes atribuíram o mesmo status social aos
seus compradores do que os que frequentavam a rede de supermercados de
luxo — apesar de eles próprios não considerarem o primeiro tão caro quanto o
segundo.
Outro experimento analisou a percepção dos participantes em relação a uma
mulher que usava fones de ouvido sem fio, associados ao ato de fazer várias
tarefas ao mesmo tempo, ou fones normais tradicionalmente usados para ouvir
música. Mesmo quando as marcas dos fones tradicionais eram mais caras do
que as do fone sem fio, os participantes associaram mais status aos aparelhos
dedicados às atividades profissionais.
Para as pesquisadoras, a percepção crescente de que estar ocupado sinaliza
status está relacionada ao desenvolvimento de uma economia baseada no
conhecimento, em que certas habilidades profissionais são muito valorizadas

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no mercado. “Ao dizer aos outros que estamos ocupados e que trabalhamos
o tempo todo, estamos sugerindo implicitamente que somos pessoas em alta
demanda”, escreve Silvia Bellezza, em artigo para a “Harvard Business Review”.
Uma condicionante dessa percepção descoberta durante os estudos, no entanto,
foi a crença de cada participante no conceito de mobilidade social. Aqueles mais
propensos a acreditar que trabalhar duro resulta em sucesso também atribuíram
mais status social às pessoas mais ocupadas.

Disponível em: <http://www.valor.com.br/carreira/4823846/trabalhar-demais-virou-simbolo-de-status>.


Acesso em: 29 de janeiro de 2018. (adaptado)

Questão 05

Ao comparar os Textos I e II, reconhece-se que

(A) os dois textos remetem à ideia de que os momentos de lazer continuam


tendo importância na vida das pessoas.
(B) o Texto I traz na imagem uma inscrição que difere da ideologia neoliberal
propagada no Texto II.
(C) tanto o Texto I quanto o II traduzem o que se passa na mente dos brasileiros
sobre o desemprego.
(D) ambos os textos se referem ao fato de que o lazer é tão importante quanto
a dedicação ao trabalho.
(E) o Texto II lembra o lema nazista do Texto I, ao tentar provar ao leitor que
trabalhar demais é símbolo de status social.

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Questão 06

O Texto II foi escrito para leitores que

(A) devem ser convencidos de que o trabalho é a única forma de realização


pessoal.
(B) buscam informações sobre oportunidades de trabalho rentável nas redes
sociais.
(C) procuram ser informados sobre as diversas opções de momentos de lazer
nas férias.
(D) trabalham demais e querem ver suas habilidades profissionais
recompensadas.
(E) pesquisam dados sobre o trabalho das pessoas na economia baseada no
conhecimento.

Questão 07

Pela leitura do Texto II, deduz-se que

(A) pessoas sem trabalho são consideradas de segunda categoria, sem direito
ao lazer.
(B) as pesquisadoras buscam provar que somente o trabalho traz benefícios às
pessoas.
(C) os trabalhadores desempregados são frutos de desgoverno e escolhas
individuais erradas.
(D) o sucesso na vida social e econômica independe do quanto cada pessoa se
dedica ao trabalho.
(E) a autora precisa entender que o sucesso dos trabalhadores depende dos
momentos de lazer.

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Questão 08

Os trechos abaixo foram retirados da Cartilha do Trabalhador1 – Ministério


Público do Trabalho:

I - “O trabalhador tem direito ao descanso semanal (vinte e quatro horas


consecutivas), preferencialmente aos domingos (ou outro dia da semana),
e ao descanso anual, que são as férias”.
II – “Todo trabalhador tem direito a descansar até 30 dias, depois de ter trabalhado
12 meses, e a receber o salário com mais um terço (1/3) do seu valor”.
III - “Após 12 meses de trabalho, o trabalhador adquire o direito às férias, e o
empregador deve concedê-las dentro do período de 12 meses seguintes”.
IV – “As férias existem para preservar a saúde do trabalhador, por isso só é
possível a venda de até dez dias.”

Há posições distintas daquelas apresentadas no Texto II, em:

(A) I, II, III e IV.


(B) I, II e III.
(C) I, III e IV.
(D) II e III.
(E) III e IV.

1 Disponível em: <http://www.pcdlegal.com.br/cartilhampt/dvisual/capitulo13.php>. Acesso em: 29 de


janeiro de 2018.

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Leia os textos e responda às questões 09, 10, 11 e 12:

Texto I

O NOVIÇO

Martins Pena

[...]
CENA II
Entra Florência, vestida de preto, como quem vai à festa.
FLORÊNCIA, entrando — Ainda despido, Sr. Ambrósio?
AMBRÓSIO — É cedo. (Vendo o relógio:) São nove horas, e o ofício de Ramos principia
às dez e meia.
FLORÊNCIA — É preciso ir mais cedo para tomarmos lugar.
AMBRÓSIO — Para tudo há tempo. Ora dize-me, minha bela Florência...
FLORÊNCIA — O que, meu Ambrosinho?
AMBRÓSIO — O que pensa tua filha do nosso projeto?
FLORÊNCIA — O que pensa não sei eu, nem disso se me dá; quero eu — e basta. E
é seu dever obedecer.
AMBRÓSIO — Assim é; estimo que tenhas caráter enérgico.
FLORÊNCIA — Energia tenho eu.
AMBRÓSIO — E atrativos, feiticeira...
FLORÊNCIA — Ai, amorzinho! (À parte:) Que marido!
AMBRÓSIO — Escuta-me, Florência, e dá-me atenção. Crê que ponho todo o meu
pensamento em fazer-te feliz...
FLORÊNCIA — Toda eu sou atenção.
AMBRÓSIO — Dois filhos te ficaram do teu primeiro matrimônio. Teu marido foi um
digno homem e de muito juízo; deixou-te herdeira de avultado cabedal. Grande mérito
é esse...
FLORÊNCIA — Pobre homem!
AMBRÓSIO — Quando eu te vi pela primeira vez, não sabia que eras viúva rica. (À
parte:) Se o sabia! (Alto:) Amei-te por simpatia.

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FLORÊNCIA — Sei disso, vidinha.
AMBRÓSIO — E não foi o interesse que obrigou-me a casar contigo.
FLORÊNCIA — Foi o amor que nos uniu.
AMBRÓSIO — Foi, foi, mas agora que me acho casado contigo, é de meu dever zelar
essa fortuna que sempre desprezei.
FLORÊNCIA, à parte — Que marido!
AMBRÓSIO, à parte — Que tola! (Alto:) Até o presente tens gozado dessa fortuna em
plena liberdade e a teu bel-prazer; mas daqui em diante, talvez assim não seja.
FLORÊNCIA — E por quê?
AMBRÓSIO — Tua filha está moça e em estado de casar-se. Casar-se-á, e terás um
genro que exigirá a legítima2 de sua mulher, e desse dia principiarão as amofinações
para ti, e intermináveis demandas. Bem sabes que ainda não fizestes inventário.
FLORÊNCIA — Não tenho tido tempo, e custa-me tanto aturar procuradores!
AMBRÓSIO — Teu filho também vai a crescer todos os dias e será preciso por fim dar-
lhe a sua legítima... Novas demandas.
FLORÊNCIA — Não, não quero demandas.
AMBRÓSIO — É o que eu também digo; mas como preveni-las?
FLORÊNCIA — Faze o que entenderes, meu amorzinho.
AMBRÓSIO — Eu já te disse há mais de três meses o que era preciso fazermos para
atalhar esse mal. Amas a tua filha, o que é muito natural, mas amas ainda mais a ti
mesma...
FLORÊNCIA — O que também é muito natural...
AMBRÓSIO — Que dúvida! E eu julgo que podes conciliar esses dois pontos, fazendo
Emília professar em um convento. Sim, que seja freira. Não terás nesse caso de dar
legítima alguma, apenas um insignificante dote — e farás ação meritória. [...]

MINISTÉRIO DA CULTURA - Fundação Biblioteca Nacional Departamento Nacional do Livro – Disponível


em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000032.pdf>. p. 2-4. Acesso em: 29 de janeiro de
2018.

2 le·gí·ti·ma:(feminino de legítimo) -substantivo feminino


1. [Direito] Parte da herança reservada por lei aos herdeiros ou descendentes em linha .direta.
Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Disponível em: <https://www.priberam.pt/dlpo/
leg%c3%adtima>. Acesso em: 29 de janeiro de 2018.

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Texto II

SENHORA

José de Alencar

[...]
Convencida de que todos os seus inúmeros apaixonados, sem exceção de um, a
pretendiam unicamente pela riqueza, Aurélia reagia contra essa afronta, aplicando a
esses indivíduos o mesmo estalão.
Assim costumava ela indicar o merecimento de cada um dos pretendentes, dando-lhes
certo valor monetário. Em linguagem financeira, Aurélia cotava os seus adoradores pelo
preço que razoavelmente poderiam obter no mercado matrimonial.
Uma noite, no Cassino, a Lísia Soares, que fazia-se íntima com ela, e desejava
ardentemente vê-la casada, dirigiu-lhe um gracejo acerca do Alfredo Moreira, rapaz
elegante que chegara recentemente da Europa:
- É um moço muito distinto, respondeu Aurélia sorrindo; vale bem como noivo cem
contos de réis; mas eu tenho dinheiro para pagar um marido de maior preço, Lísia; não
me contento com esse.
Riam-se todos destes ditos de Aurélia, e os lançavam à conta de gracinhas de moça
espirituosa; porém a maior parte das senhoras, sobretudo aquelas que tinham filhas
moças, não cansavam de criticar esses modos desenvoltos, impróprios de meninas
bem-educadas.
Os adoradores de Aurélia sabiam, pois ela não fazia mistério, do preço de sua cotação
no rol da moça; e longe de se agastarem com a franqueza, divertiam-se com o jogo que
muitas vezes resultava do ágio de suas ações naquela empresa nupcial.
Dava-se isto quando qualquer dos apaixonados tinha a felicidade de fazer alguma
cousa a contento da moça e satisfazer-lhe as fantasias; porque nesse caso ela elevava-
lhe a cotação, assim como abaixava a daquele que a contrariava ou incorria em seu
desagrado.
Muito devia a cobiça embrutecer esses homens, ou cegá-los a paixão, para não verem
o frio escárnio com que Aurélia os ludibriava nestes brincos ridículos, que eles tomavam
por garridices de menina, e não eram senão ímpetos de uma irritação íntima e talvez
mórbida. [...]

MINISTÉRIO DA CULTURA - Fundação Biblioteca Nacional Departamento Nacional do Livro Disponível


em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000011.pdf>. p. 2-3. Acesso em: 29 de janeiro de
2018.

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Questão 09

Tanto o Texto I (trecho de “O Noviço”, de Martins Pena) quanto o Texto II (trecho


de “Senhora”, de José de Alencar) tratam do tema “casamento por interesse
financeiro”, sendo que

(A) no Texto I, o interesse pelo dote da viúva rica deixa de ser considerado,
diferentemente do que acontece com Aurélia, no Texto II.
(B) em “Senhora”, o dote de Aurélia é cobiçado por muitos moços, em detrimento
de suas qualidades pessoais; já, em “O Noviço” as qualidades pessoais dos
herdeiros são fundamentais.
(C) no Texto II, Aurélia desdenha de todos os moços que a procuram por causa
de sua herança e, no Texto I, a mãe Florência e o padrasto Ambrósio
consideram os herdeiros muito jovens para pensarem em casamento por
interesse financeiro.
(D) em ambos os textos, o interesse financeiro está posto à frente das intenções
dos jovens que pensam em se casar.
(E) em “O Noviço”, Florência, viúva rica, ignora que Ambrósio quer enviar os
herdeiros para o seminário ou convento, para usufruir da herança dela;
em “Senhora”, Aurélia está consciente de que seus pretendentes estão
interessados em seu dote.

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Questão 10

No trecho lido de “O Noviço” de Martins Pena, nota-se em cena

(A) um episódio pitoresco em que desfilam atores representando personagens


características do início do século XX.
(B) uma conversa entre personagens, em que estão presentes flagrantes da
vida com seus costumes e aspectos de sua moral, no contexto social do
século XIX.
(C) a mentalidade da elite nos tempos do Império no Brasil, com seus hábitos e
gostos pelos objetos importados da Europa.
(D) o envolvimento das personagens para impedir hábitos e comportamentos
considerados imorais no ambiente social, na primeira metade do século XIX.
(E) um diálogo moralista característico das comédias de costume, nas primeiras
peças encenadas no Brasil.

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Questão 11

No Texto II, em: “Os adoradores de Aurélia sabiam, pois ela não fazia mistério,
do preço de sua cotação no rol da moça; [...]”, o conectivo em destaque (pois) é
um organizador textual utilizado para

(A) complementar o período com a ideia de contrariar o que será dito depois.
(B) concluir um pensamento da personagem sobre o que era dito sobre ela.
(C) introduzir uma oração com a ideia de explicação sobre o que foi dito antes.
(D) acrescentar um argumento de Aurélia sobre seus futuros pretendentes.
(E) apresentar a ideia de consequência para a oração coordenada que inicia.

Questão 12

No Texto II, trecho de “Senhora” de José de Alencar, reconhece-se um aspecto


sociocultural da época retratada na obra em:

(A) “Muito devia a cobiça embrutecer esses homens, ou cegá-los a paixão, para
não verem o frio escárnio com que Aurélia os ludibriava [...].”
(B) “Riam-se todos destes ditos de Aurélia, e os lançavam à conta de gracinhas
de moça espirituosa; [...].”
(C) “[...] Lísia Soares [...] dirigiu-lhe um gracejo acerca do Alfredo Moreira, rapaz
elegante que chegara recentemente da Europa:”
(D) “[...] Aurélia reagia contra essa afronta, aplicando a esses indivíduos o
mesmo estalão.”
(E) “[...] assim como abaixava a daquele que a contrariava ou incorria em seu
desagrado.”

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