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Módulo
Nanotecnologia na pós-colheita de
frutas e hortaliças
2021. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA
1ª EDIÇÃO – 2021
COORDENAÇÃO
EMBRAPA Instrumentação
FOTOS
Freepik
Malu Tinoco
Marina Deliperi
Shutterstock
INFORMAÇÕES E CONTATO
EMBRAPA Instrumentação
Rua XV de Novembro, 1452 - São Carlos - SP
E-mail: cnpdia.poscolheita@embrapa.br
www.embrapa.br/instrumentacao/poscolheita
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Coordenador Geral
Coordenadora Técnica
Conteudistas
• Luiz Henrique Capparelli Mattoso, pesquisador, Embrapa Instrumentação, São Carlos, SP.
• Odílio Benedito Garrido de Assis, pesquisador, Embrapa Instrumentação, São Carlos, SP.
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO..........................................................................................................................................6
Objetivos do módulo................................................................................................................................................6
1. NANOTECNOLOGIA..........................................................................................................................................................7
1.1 Nanotecnologia: introdução ao tema.........................................................................................................8
1.2. O que são nanoestruturas?......................................................................................................................... 10
1.3 Aplicações........................................................................................................................................................... 12
1.3.1 Nanoestruturas com propriedades de reforço....................................................................... 12
1.3.2. Nanoestruturas com propriedades ativas............................................................................... 13
1.4. Nanoestruturas para absorção – incremento na ação do metabolismo das plantas............. 14
2. REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS................................................................................................................................. 15
2.1 O que são e para que servem as coberturas comestíveis................................................................. 15
2.1.1 Revestimentos comestíveis........................................................................................................... 15
2.2 Como selecionar os materiais para as coberturas................................................................................ 17
2.2.1 Como isso ocorre?............................................................................................................................. 19
2.3 Aplicações comerciais.................................................................................................................................... 20
2.4 Como a nanotecnologia pode contribuir nos revestimentos comestíveis................................. 22
2.5 Aditivos: o que são e o que isso pode mudar?...................................................................................... 24
3.2. Aplicações.......................................................................................................................................................... 27
4. EMBALAGENS TECNOLÓGICAS................................................................................................................................. 29
4.1 Embalagens nanotecnológicas................................................................................................................... 29
4.1.1 Introdução ao tópico....................................................................................................................... 29
4.2. Conceito da nanotecnologia aplicada à embalagem........................................................................ 31
4.3 Embalagens Inteligentes............................................................................................................................... 31
4.3.1. Nanossensores.................................................................................................................................. 32
4.3.2. Embalagens ativas........................................................................................................................... 35
4.3.3. Embalagens reforçadas: melhor desempenho..................................................................... 36
5. PERCEPÇÃO DO CONSUMIDOR EM RELAÇÃO À NANOTECNOLOGIA.................................................... 37
5.1 Importância de investigar a percepção e o entendimento do consumidor.............................. 37
5.1.1 O consumidor e as novas tecnologias....................................................................................... 37
5.1.2 Riscos e benefícios percebidos pelo consumidor................................................................. 38
5.1.3 Métodos empregados para explorar a percepção do consumidor................................ 38
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6. FINALIZAÇÃO E CONCLUSÃO.................................................................................................................................. 39
6.1 Finalização.......................................................................................................................................................... 39
6.2 Comentários finais........................................................................................................................................... 41
REFERÊNCIAS....................................................................................................................................................................... 42
FONTE DAS FIGURAS......................................................................................................................................................... 45
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APRESENTAÇÃO DO MÓDULO
Bem-vindo (a) ao módulo Nanotecnologia na pós-colheita de frutas e hortaliças! Este módulo
está estruturado em 6 tópicos:
No Tópico 2 – Revestimentos comestíveis, você aprenderá sobre o que são e para que servem
as coberturas comestíveis, como selecionar os materiais para as coberturas, como os revestimentos
comestíveis são formados, como a nanotecnologia pode contribuir nos revestimentos comestíveis, e
o que são aditivos e o que podem mudar.
Objetivos do módulo
Ao final deste módulo, você será capaz de:
• Definir nanotecnologia;
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1. NANOTECNOLOGIA
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Para se ter uma ideia de quão pequeno são os materiais nesta escala
de tamanho, um fio de cabelo humano tem a espessura 50.000 vezes
maior que um nanomaterial de 2 nm de tamanho (que é a dimensão
típica de um ponto quântico). A figura 1 ilustra a escala de tamanho
que vai de 10⁸ nm (ou seja, 10 cm), equivalente ao diâmetro de uma
bola de tênis, até a escala de tamanho de 10-1 nm, que é equivalente
ao tamanho de uma molécula de água.
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Fonte: http://nano.cancer.gov/learn/understanding/
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Figura 2: Ilustração do aumento da razão área superficial/volume de (a) um cubo de 1 cm de aresta (área superficial
e 6 cm2), o qual é “quebrado” em cubos menores de (b) 1 mm de aresta (área superficial de 60 cm2) e de (c) 1 nm de
aresta (área superficial de 60 milhões de cm2).
Fonte: National Nanotechnology Initiative, 2016. (adaptado)
Nanoestruturas são definidas como estruturas que possuem pelo menos uma dimensão na
nanoescala (< 100 nm). Existem diferentes tipos de nanoestruturas (fig. 3).
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1.3 Aplicações
Estes materiais encontram aplicações diversas como reforço em embalagens ativas para aumento do
tempo de prateleira de alimentos, miniaturização de circuitos eletrônicos (permitindo a fabricação
de dispositivos eletrônicos menores e mais potentes), como celulares, computadores, medicamentos
inteligentes que só são liberados quando chegam ao seu alvo (algum órgão humano com infecção,
por exemplo, etc.). Para este fim, podem ser produzidos nanomateriais de natureza metálica, cerâmica
ou ainda contendo a mistura destes materiais, originando os materiais compósitos ou híbridos.
Algumas nanoestruturas são adicionadas para melhorar as propriedades mecânicas dos materiais
(ex: nanocristais de celulose e nanoargilas).
Em termos de reforço, a vantagem das nanoestruturas é que por serem muito pequenas, elas têm uma
área superficial muito alta. Com isso, mesmo que adicionadas em pequena quantidade (tipicamente
por volta de 5% com relação ao polímero), o efeito de reforço é marcante, porque elas se dispersam
facilmente na matriz e formam uma rede que interage com o polímero.
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Algumas nanoestruturas são responsáveis por conferir propriedades ativas, como antimicrobianas,
antioxidantes, absorvedoras de O2 ou de etileno. Como as nanoestruturas apresentam dimensões
diminutas e consequentemente, maiores áreas de interação, elas apresentam maior mobilidade e
capacidade de interação, o que potencializa sua ação.
As nanoestruturas, tendo maior área superficial, têm maior densidade superficial de cargas e maior
adesão sobre a membrana dos microrganismos, facilitando as interações eletrostáticas. Estas
interações resultam em alterações na permeabilidade da membrana, promovendo desequilíbrio
osmótico, podendo eventualmente haver ruptura da membrana com vazamento dos eletrólitos
intracelulares.
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nanoestruturas podem se ligar ao DNA, bloqueando o mRNA e a síntese de proteínas, o que impede
a replicação, levando à morte do microrganismo.
Nanomateriais também têm sido muito utilizados na agricultura para desenvolvimento de insumos
inteligentes que podem melhorar a qualidade dos produtos bem como aumentar a produtividade
no campo. Os fertilizantes, por exemplo, têm um alto custo para os produtores rurais, e seu uso
indiscriminado pode gerar problemas ambientais incluindo desbalanço de minerais do solo, eventual
diminuição da fertilidade, além de ocasionar poluição de lençóis freáticos e rios devido à lixiviação
de fósforo e nitrogênio. Deste modo, a nanotecnologia tem sido utilizada para o desenvolvimento
de fertilizantes que empregam menor quantidade de insumo, evitam problemas de superdosagem,
aumentam a absorção de nutrientes do solo e a produtividade no campo, ao mesmo tempo reduzem
impactos ambientais.
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2. REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS
Frutas e hortaliças são organismos vivos sujeitos a processos metabólicos próprios decorrentes
de reações bioquímicas que resultam em alterações de cor, sabor, aroma e textura. Depois de
colhidos, os processos fisiológicos continuam, contudo, podem ser minimizados por meio de ações
e procedimentos que retardam ou reduzem a intensidade dessas reações.
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Desta forma, as coberturas comestíveis protetoras surgem como tecnologias alternativas e de baixo
custo a serem utilizadas como um procedimento auxiliar na redução do metabolismo dos hortifrútis
e consequente aumento da vida de prateleira.
Cabe ressaltar que essas coberturas têm sido com frequência denominadas erroneamente de
“biofilmes”, termo este totalmente inapropriado a este tipo de material ou aplicação. Importante
que os constituintes desses revestimentos sejam considerados como GRAS (Generally recognized as
safe -Geralmente reconhecido como seguro). Para tanto recomenda-se acessar o site das agencias
reguladoras, como FDA (EUA) e ANVISA (Brasil).
SOBRE A LEGISLAÇÃO
É importante que você saiba que todo novo aditivo, incluindo ceras,
deve ser previamente avaliado e aprovado pela Anvisa (no caso do
Brasil) para uso nas diferentes categorias de alimentos.
A legislação brasileira é positiva, ou seja, um aditivo ou coadjuvante somente pode ser utilizado
quando constar da legislação específica para a categoria de alimento, em suas respectivas funções
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e limites máximos. Ela está sujeita a atualizações, pois na medida em que o conhecimento avança
surgem demandas de órgãos regulatórios e do setor regulado.
Depois de avaliado e aprovado, o aditivo entra nas listas positivas. Assim, o processo de
fabricação do aditivo alimentar, ou coadjuvantes de tecnologia, está dispensado da obrigatoriedade
de registro na Anvisa. As empresas ficam apenas responsáveis em apresentar comunicado de início
de fabricação, junto ao órgão de vigilância sanitária onde está localizada a empresa, conforme
procedimentos definidos na Resolução nº 23/2000 (https://bit.ly/3n6ZPoB).
As matérias primas empregadas na formação das coberturas e revestimentos comestíveis podem ter
origem animal ou vegetal, ou formarem um composto com a combinação de ambas. Polissacarídeos,
ceras (lipídeos) e proteínas são as classes de materiais mais empregados e a escolha depende
fundamentalmente das características do produto a ser revestido e do principal objetivo almejado
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com o revestimento aplicado. De uma forma geral os revestimentos podem ser classificados em duas
amplas categorias: hidrofílicos e hidrofóbicos.
• idrofílicos: são aqueles formados por materiais com estruturas nas quais há a predominância
H
de grupos amino ou hidroxila e carboxila que favorecem o acúmulo e rearranjo de moléculas
polares, e principalmente da água, em torno desses sítios. Polissacarídeos como a celulose, a
quitina, a goma xantana, a goma guar, a pectina e o amido são alguns exemplos. Os materiais
hidrofílicos normalmente apresentam boa solubilidade em meio aquoso, favorecendo uma
melhor dispersão do soluto e uma formação mais homogênea do filme.
• idrofóbicos: têm por base materiais caracterizados por moléculas nas quais predominam
H
estruturas cujas ligações tendem a ser eletricamente neutras, ou seja, não configuram regiões
polares definidas. Alguns exemplos destes materiais são as proteínas do milho, como zeínas,
do sorgo (kafirinas), lipídeos, como cera de carnaúba, de abelha, etc. Esses materiais não têm
afinidade com água e requerem solventes apolares para a sua solubilização (hidrocarbonetos
em geral) como, por exemplo, o álcool, a acetona e o hexano.
A escolha de uma formulação hidrofílica ou hidrofóbica depende dos objetivos almejados para a
proteção e das características fisiológicas do produto a ser revestido.
As coberturas à base de materiais hidrofílicos são mais indicadas para o revestimento de frutas
com aspectos brilhantes, pois elas tendem a ter baixa permeabilidade a O2 e CO2, reduzindo as taxas
de respiração. Por um lado, a redução da respiração é interessante para aumentar a estabilidade
(aumentar a vida útil), mas cuidado: a respiração não pode ser reduzida a ponto de induzir processos
anaeróbios (a chamada “fermentação”), que pode produzir etanol, prejudicando a qualidade sensorial
do produto.
As formulações hidrofóbicas são indicadas para o revestimento de frutas que tenham alta taxa
de transpiração, nas quais a degradação ocorre essencialmente por perda de água, levando a uma
rápida desidratação e alteração do aspecto superficial. Embora, de um modo geral, as coberturas
hidrofóbicas sejam mais foscas, estas reduzem, significativamente, a permeabilidade ao vapor de
água, sendo efetivas na redução de perda de massa e conservação da firmeza.
No caso de combinações entre os materiais, propriedades intermediárias podem ser obtidas elevando
a efetividade da cobertura. Contudo, haverá a predominância das características do composto que
estiver em maior proporção.
Essas indicações, contudo, são bastante genéricas e servem apenas como um indicativo inicial
para a escolha do material. Na prática, demais aspectos, tanto da estrutura polimérica quanto das
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frutas a serem revestidas, devem ser avaliados para que a seleção de uma formulação tenha um
resultado satisfatório.
Uma fruta ou hortaliça, ao entrar em contato com uma solução filmogênica polimérica, promove
uma atração entre as espécies dissolvidas em solução e a superfície sólida. Ao se depositarem sobre
a superfície (epicarpo – casca - para os frutos intactos ou no pericarpo – polpa - nos fatiados), há o
estabelecimento de ligações de diversas origens, fracas e fortes, que geram o acúmulo do material
dissolvido, consolidando uma cobertura sobre toda a área exposta. A cinética que rege esse tipo
de deposição é dependente de diversos fatores além do solvente e da massa molar do polímero
dissolvido, tendo também papel importante a agitação do meio, temperatura, concentração e o pH
da solução. Ao imergir uma fruta em uma solução filmogênica, a cobertura se forma pela deposição
das espécies poliméricas dissolvidas no meio, estabelecendo ligações, fracas e fortes, com a superfície
da fruta, conforme esquematizado na figura 6.
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Figura 6: Sequência ilustrativa da formação de uma cobertura comestível. Em (a) temos a imersão do fruto em solução
filmogênica (polímeros em solução). Em (b) ocorre à atração entre o composto diluído na solução filmogênica e a
superfície. Após a consolidação das interações, o fruto é removido da solução e por meio da evaporação do solvente
ocorre a reticulação do polímero configurando a formação da cobertura (c).
Fonte: ASSIS; BRITTO, 2014.
Comercialmente, os revestimentos comestíveis, por muitos chamados de ceras, são mais utilizados
em frutas cítricas para mercado de produto fresco, como laranja e limão. Com exceção das frutas
produzidas em sistema orgânico, pode-se afirmar que a quase totalidade desses frutos, em especial,
aqueles que passam por unidades de beneficiamento, tem algum tipo de revestimento.
As chamadas ceras são emulsões com componentes principais, tensoativos, surfactantes, etc., que
permitem a aplicação dessas ceras na superfície dos frutos, e que depois de secas formam um
“revestimento invisível”, auxiliando na prevenção da perda de água e alterações no sistema de troca
gasosa, aumentando a conservação, pois retardam o processo metabólico. Outras frutas, como
manga e mamão são revestidas, mas as duas primeiras citadas se destacam.
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Fonte: Embrapa
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Figura 7 - Imagem obtida por Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) de amostras de nanoemulsão de cera de
carnaúba,
Figura 8 - Imagem obtida por Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) de amostras de emulsão convencional de
cera de carnaúba.
Fonte: Miranda (2015).
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No ambiente, no ar que respiramos, temos uma maior concentração de oxigênio (O2) e uma menor
de dióxido de carbono (CO2). Com a inversão dessas proporções, até limites toleráveis, os quais não
comprometam a respiração dos frutos, o metabolismo regride, e assim mantendo a qualidade dos
frutos, conseguimos um maior tempo de prateleira. Por meio da nanoemulsão de cera de carnaúba
é possível a formação de um revestimento mais uniforme, influenciando positivamente essa troca
gasosa, e assim prolongando a vida pós-colheita.
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Os óleos são uma alternativa aos antimicrobianos sintéticos, atualmente com poucas opções no
mercado. Todavia, desafios para a sua utilização existem, como a estabilização desses nas emulsões
a serem aplicadas como revestimentos, assim como os sabores e aromas fortes – como mitigá-los,
mantendo a ação antimicrobiana. Por exemplo, o Eugenol, componente majoritário do óleo essencial
de cravo-da-índia é indicado para tratamento pós-colheita do cancro cítrico em frutos cítricos.
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3. FILMES COMESTÍVEIS
Fonte: Embrapa
3.1. Definições
Filmes são películas que podem ser formadas a partir de polímeros, como os filmes plásticos. Os
filmes de PVC (policloreto de vinila), muito usados (juntamente com bandejas de isopor) para
embalar frutas e hortaliças frescas, são um bom exemplo cotidiano. Obviamente, um filme de PVC
não é comestível, mas ilustra a estrutura de um filme.
Filmes de PVC (assim como outros filmes plásticos convencionais) são geralmente baratos e eficazes
para as aplicações propostas. No entanto, muitos países têm proposto políticas para reduzir o uso
de plásticos não-biodegradáveis em aplicações descartáveis, como embalagem de alimentos. Para
essa substituição, geralmente são propostos filmes biodegradáveis, geralmente de origem natural
(biopolímeros).
Filmes comestíveis são uma subcategoria dos filmes biodegradáveis, sendo também formados a
partir de biopolímeros.
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3.2. Aplicações
Tradicionalmente, filmes comestíveis são propostos para uso como embalagem primária (diretamente
em contato com o alimento), com a principal função de proteger o produto contrafatores ambientais,
aumentando a vida útil de alimentos.
No entanto, nem sempre os filmes comestíveis são adequados como substitutos dos filmes plásticos
convencionais, por alguns motivos:
• Geralmente não possuem desempenho mecânico tão bom quanto dos filmes convencionais.
• ão são adequados para aplicações onde o filme fica exposto (não protegido por uma
N
embalagem secundária), por razões de higiene.
Sendo assim, os filmes comestíveis devem ser explorados no que eles têm de diferenciais: o fato
de serem comestíveis. Eles devem ser, portanto, desenvolvidos com base em características que os
tornem interessantes para comer, a saber: boas propriedades sensoriais, conveniência e benefícios
à saúde. Neste contexto, filmes à base de polpas de frutas e/ou hortaliças (que atendem aos três
critérios) são especialmente interessantes.
Além do alto apelo sensorial e dos conhecidos efeitos benéficos à saúde, polpas de frutas e hortaliças
têm outras vantagens para aplicações como filmes. O uso de polpas constitui uma forma de
aproveitamento de frutas e hortaliças ainda próprias para o consumo, mas não bem aceitas para
consumo de produtos frescos - in natura (ex: com injúrias superficiais). Além disso, frutas e hortaliças
contêm em sua composição polissacarídeos (que podem atuar como matrizes), assim como açúcares
e ácidos orgânicos (plastificantes). Dificilmente uma determinada polpa terá (por si só) teores
adequados desses compostos, daí a importância de se conhecer a composição de diferentes frutas
e hortaliças para combinar propriedades complementares (ou mesmo adicionar polissacarídeos ou
plastificantes à formulação).
Filmes comestíveis à base de polpas podem ser usados para várias aplicações, como em sushis e
temakis (em substituição a algas), filmes para dissolver em água produzindo bebidas, ou mesmo
como petiscos (snacks).
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A formulação de um filme deve ser planejada com base na aplicação desejada. Veja os exemplos a
seguir:
Por fim, para ser usado como snack, o filme deve ter seu
desenvolvimento pautado por propriedades sensoriais, tendo
sabores, cores e texturas que atraiam os consumidores-alvo.
Seja qual for o caso, é preciso sempre ter em mente a aplicação, as propriedades requeridas e o
público-alvo. A partir daí, resta usar os conhecimentos científicos e a imaginação.
•
Veja o vídeo Filmes comestíveis: uma forma criativa
de aproveitamento de polpas de frutas e hortaliças
(https://bit.ly/2YwvRkj) com a pesquisadora da Embrapa
Henriette Azeredo sobre essa tecnologia.
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4. EMBALAGENS TECNOLÓGICAS
Fonte: Embrapa
A elevada demanda mundial por alimentos vem tornando a eficiência da cadeia produtiva cada vez
mais necessária. Desta maneira, além do aumento da quantidade de alimentos produzidos no campo,
faz se necessária a adoção de medidas que preservem a qualidade e minimizem perdas durante a
manufatura até a mesa do consumidor. Neste sentido, novas tecnologias em embalagens podem ser
aplicadas, permitindo a proteção dos alimentos.
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Embalagens podem ser constituídas por nanocompósitos, contendo uma matriz com
nanoestruturas dispersas.
As nanoestruturas podem ser classificadas em três grupos: orgânicos, inorgânicos e com superfície
funcionalizada.
As nanoestruturas orgânicas são de grande maioria proveniente de fontes naturais, tais como,
nanocristais de celulose e de amido.
As inorgânicas são constituídas por metais, sais e óxidos, destacando as nanopartículas de prata e
sílica.
No caso das nanoestruturas funcionalizadas, como por exemplo, argilas com superfície modificada
com compostos orgânicos, permitem uma interação com a matriz polimérica, favorecendo o uso
como barreira de gases, além da melhora das propriedades físico-químicas.
Assim, o uso de nanotecnologia em embalagens permite uma maior garantia de tempo de prateleira
e qualidade do produto, protegendo-o contra a exposição de gases e microrganismos, que podem
levar à degradação e perda das propriedades sensoriais.
Diversas empresas como Dow (EUA), Sciessent (EUA), Toyo (EUA), Sun Chemical (Holanda),
Bactiblock (Espanha), Asahi Kasei (Japão), Nanox Tecnologia (Brasil) vêm desenvolvendo produtos
com nanotecnologia para serem aplicados em embalagens de alimentos, no ramo farmacêutico,
beleza, automobilístico, agricultura e construção civil. Estes materiais na forma de filmes, sacolas
e caixas possibilitam um ganho de propriedades diante a degradação da embalagem e exposição
do conteúdo devido à passagem de vapor de água e gases, perda da resistência mecânica, radiação
solar e proteção antimicrobiana.
Embalagens inteligentes (do inglês smart packaging) visam fornecer novas funcionalidades
às embalagens convencionais utilizadas tanto para alimentos como também para produtos
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No caso específico de embalagens inteligentes para alimentos, elas podem auxiliar no monitoramento
do frescor e qualidade do alimento, como por exemplo, para indicar se uma fruta ou carne está
adequada para consumo, ou se está livre de contaminações por patógenos (bactérias, fungos, etc).
Deste modo, a embalagem inteligente visa detectar ou medir um atributo do produto, a atmosfera
interna da embalagem, como nível de etileno (no caso de fruto) ou nível de compostos derivados de
amina (no caso de carnes).
Essas informações podem ser comunicadas aos usuários por meios visuais (por exemplo, através de
selos colorimétricos colados na embalagem) ou por sistemas mais complexos como TAGs que operam
por RFID (Identificação por Radiofrequência), que então encaminham o sinal coletado referente à
atmosfera da embalagem para um computador ou celular.
4.3.1. Nanossensores
Fonte: Embrapa
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mensurável. Um sensor químico é um tipo de sensor que transforma uma informação química (que
pode ser a concentração de um componente específico da amostra ou a análise composicional total)
num sinal analítico mensurável, conforme ilustrado na figura a seguir.
Estes dispositivos têm enorme potencial de aplicação nas áreas de medicina, saúde humana,
agricultura e meio ambiente. Especificamente na área de agricultura, estes sensores podem ser
utilizados na avaliação da qualidade de água em relação à presença de contaminantes, na avaliação
da qualidade e de sabor de alimentos, de bebidas (cerveja, vinho, sucos, etc).
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Os nanosenssores devem conter uma camada ativa capaz de reagir com os voláteis emitidos pelos
frutos, mudando de cor e possibilitando a comparação com um padrão pré-estabelecido, conforme
ilustrado a seguir.
O que é isso?
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Figura 12: Exemplos de liberação e absorção no contexto de embalagens ativas para alimentos.
Fonte: Elaborada para curso
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Embalagens ativas
Como já abordado no tópico 4.1, algumas nanoestruturas têm efeito de reforço (ex: nanocristais de
celulose e nanoargilas), melhorando as propriedades mecânicas dos materiais, e frequentemente
diminuindo também a permeabilidade dos materiais a gases e vapor de água. Com isso, a função de
proteção das embalagens pode ser melhorada.
Convém ressaltar que, para embalagens destinadas a frutas e hortaliças in natura, a redução da
permeabilidade da embalagem a gases (O2 e CO2) diminui as taxas de respiração, com isso pode
aumentar a vida útil dos produtos. Por outro lado, se a permeabilidade se tornar muito baixa, a
via anaeróbia pode se estabelecer, gerando produção de etanol e acetaldeído, que prejudicam a
aceitação sensorial dos produtos.
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Fonte: Freepik
O consumidor está cada vez mais consciente da importância dos alimentos para sua saúde e tem
estado atento em relação à segurança, associada à preocupação com a sustentabilidade e o meio
ambiente. Tal cenário aponta para um aumento no número de indivíduos interessados no emprego
de materiais renováveis e biodegradáveis.
Para atender essa demanda, a indústria de alimentos busca inovar e tem investido no desenvolvimento
de novas tecnologias, com produtos que, além de alimentar e nutrir, possam contribuir para uma
dieta adequada e equilibrada. Novos produtos são desenvolvidos a partir de novos processos e/ou
novas tecnologias visando tornar a comercialização mais competitiva e atender às exigências do
consumidor.
Entretanto, é necessário levar em consideração que, mesmo que um alimento seja nutritivo e traga
benefícios à saúde, se as características sensoriais (aparência, aroma, sabor e textura) não forem
agradáveis é improvável que seja aceito e, dessa forma, a comercialização é arriscada.
Dado o complexo mecanismo que envolve as decisões relacionadas à escolha dos alimentos,
uma das questões investigadas nos últimos anos é a rejeição de algumas pessoas em relação
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aos novos produtos ou àqueles desconhecidos, como por exemplo, os alimentos que utilizam a
nanotecnologia. Dessa forma, avaliar a aceitação do conceito do produto inovador (ex.: fabricado
com a nanotecnologia) pelo consumidor antes do seu desenvolvimento pode trazer maior segurança
ao investimento que será realizado. É importante investigar se o consumidor brasileiro está disposto
a experimentar alimentos produzidos ou que contenham ingredientes ou mesmo embalagens
utilizadas a partir dessa nova tecnologia.
Estudos recentes realizados em diversos países mostram que a população não está familiarizada com
a nanotecnologia. Apesar disto, alimentos e embalagens, utilizando tal tecnologia, já estão sendo
comercializados no Brasil, e essas aplicações vêm crescendo a cada dia.
Outro aspecto importante refere-se às características individuais dos consumidores, as quais têm
importante papel em todas as decisões envolvendo a escolha e o consumo de alimentos. Dessa forma,
deve-se dirigir o estudo para o público-alvo ou o potencial consumidor. Vários estudos examinaram
os benefícios e a percepção de riscos da nanotecnologia, mas faz-se necessário investigar os fatores
que influenciam a atitude do consumidor, assim como as aplicações da tecnologia que são aceitas. O
vídeo a seguir apresenta resultados de estudos realizados no Brasil e ilustra esse aspecto da pesquisa
sobre nanotecnologia.
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6. FINALIZAÇÃO E CONCLUSÃO
6.1 Finalização
Assim, o consumidor final estará, provavelmente, sempre mais interessado em saber se o produto
final é mais saudável, dura mais tempo na embalagem ou se ele consegue acessar informações
rápidas sobre essas características. É importante entender que a nanotecnologia é uma ferramenta
para a qualidade de forma mais ampla dos produtos, não um objetivo em si mesmo.
Nas nanotecnologias para pós-colheita (ou alimentos, numa visão mais abrangente), notamos que a
oferta de tecnologias é ampla e não específica. Ou seja, a grande maioria dos produtos não é projetada
para atender um único tipo de alimento ou cadeia produtiva, e aparece em vários níveis, indo da
produção do alimento (ingredientes com nanotecnologia), na tecnologia de processamento (filmes
de revestimento e filmes comestíveis), na embalagem (embalagens ativas) e no monitoramento de
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Boa parte das tecnologias já assimiladas tem como enfoque tempo de prateleira. Essa é uma
preocupação constante do produtor/processador do produto alimentício, mas nem sempre é um
aspecto da tomada de decisão do consumidor. Tecnologias como sensores de monitoramento da
qualidade são, assim, mais bem assimilados em nível de produção e distribuição (por exemplo,
supermercados), já que proveem informação sobre o produto que pode ser utilizada para reduzir
perdas, descarte ou otimizar os processos, incluindo a logística de produtos.
Esses mercados estão dispostos a investir em produtos com diferencial, o que facilita um segundo
estágio de adoção das nanotecnologias. Portanto, embalagens inteligentes (com sensores que
indicam o estado do alimento), nanoencapsulados nutricionais, etc. poderão ser disseminados em
outra escala nos próximos anos.
É importante diferenciar estes mercados de outros ainda menos desenvolvidos, nos quais aspectos
como o custo do alimento ou disponibilidade ainda são fatores de decisão mais importantes. Nestes,
as tecnologias de impacto nas etapas de produção/distribuição terão maior importância no futuro
próximo pela redução de custos totais.
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Essa é uma questão aberta. No entanto, o amadurecimento da discussão nos mostra que não
há indicativos de riscos exagerados ou grandes modificações do panorama legal, ainda que o
monitoramento dos efeitos em longo prazo seja uma questão de responsabilidade.
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