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Curso de Psicologia

Portaria nº 265 de 03/04/2017 – DOU 04/04/2017


RESOLUÇÃO CFP Nº001/2009

HISTÓRICO DO TEMA

A benéfica interação dos animais com os seres humanos vem sendo construída desde a Antiguidade,
seja com fins de produção ou simplesmente de companhia (DOTTI, 2005). Porém, essa interação apenas
começou a ganhar um caráter terapêutico em 1792, com a realização de um programa alternativo de
tratamento, em uma instituição para deficientes mentais localizada na Inglaterra. Em 1867 a mesma técnica foi
usada com pacientes psiquiátricos em uma instituição na Alemanha, mas somente em 1960 surgiram, de fato,
as primeiras observações científicas dos benefícios da então chamada TFC (Terapia Facilitada por Cães) e
nos anos de 1980, relevantes pesquisas científicas surgiram, provando o benefício à saúde humana a
partir da interação com animais, difundindo-se rapidamente no Reino Unido, Estados Unidos e na Europa
(MARTINS, 2005).
O animal aparece em inúmeros aspectos da vida humana auxiliando-a das mais diversas maneiras.
Bernard Rollin (1992), filósofo americano, também defende que o relacionamento entre os animais e os seres
humanos se dá desde o nascimento da humanidade. Nós os retiramos do seu habitat natural, obrigando-os a
abrir mão da liberdade e de serem "selvagens", para viverem na nossa sociedade. Em troca, cuidamos deles e
somos seus guardiões enquanto eles nos dão sua amizade e companhia. Ainda, conforme Rollin, animais como,
por exemplo, os cachorros, foram e continuam sendo cães de guarda, brincalhões e protetores com as crianças,
guardiões de ovelhas e gado, a salvação para pessoas perdidas, puxadores de carros e trenós, amigos e
caçadores. São também assistentes de pessoas surdas, cegas e com outros tipos de incapacidades,
companheiros na pratica de exercícios físicos, cães de companhia. Podem também ser um meio de contato com
a natureza para pessoas urbanas, valiosa fonte de amizade, companhia e consolo para pessoas idosas e
solitárias; um modo de penetrar no mundo particular em que algumas crianças com distúrbios se encerram, uma
criatura que pode dar conforto até para a pessoa mais anti-social e uma inesgotável fonte de pureza e amor.

Assim, nasceram os conceitos da Terapia Assistida por Animais (TAA), que se constitui da utilização dos
animais com finalidades terapêuticas, visando promover principalmente a saúde física, e da Atividade Assistida
por Animais (AAA), que apresenta objetivos de visitação, recreação e distração por meio do contato com os
animais.

DEFINIÇÃO DO TEMA

A Terapia Assistida por Animais (TAA) necessita de um planejamento prévio das atividades, o
envolvimento de um profissional da saúde, possui um objetivo específico é um recurso terapêutico que utiliza a
relação humano--animal com o intuito de promover a saúde física, social, emocional e melhorar funções
cognitivas das pessoas. Por exemplo, o fisioterapeuta pode utilizar o animal para a reabilitação de alguém que
está voltando a caminhar.

Outras iniciativas relacionadas ao convívio com animais têm sido avaliadas, como a Educação Assistida
por Animais (EAA) que é um tipo de Intervenção Assistida por Animais (IAA) utilizada no contexto escolar
educacional, com crianças e adolescentes inseridos no sistema educacional público ou privado de classes
regulares ou especiais.

A Atividade Assistida por Animais (AAA) é outro recurso, mais casual e sem esquema fixo com animais,
caracteriza-se por atividades que envolvem recreação, lazer e entretenimento dos assistidos. Dentre os principais
benefícios, podem ser citados: diminuição da frequência cardíaca e pressão arterial; melhora do humor do
paciente e da própria equipe de profissionais; favorecimento da humanização no ambiente hospitalar; diminuição
da percepção da dor; queda nos níveis de colesterol; promoção de bem-estar; melhora nas relações
interpessoais; redução de depressão e demência; melhora na linguagem verbal e na condição motora.

Estudos relatam os efeitos, que as IAAs podem proporcionar aos seres humanos, dentre eles, uma
melhora na comunicação, socialização, autoestima, estabelecimento de vínculos afetivos, sensação de bem-
estar, diminuição da ansiedade, agressividade, hiperatividade e da sensação da dor em crianças hospitalizadas.
O contato com os animais auxilia também na redução dos níveis da pressão arterial, colesterol, estresse e
melhora na saúde cardiovascular (GODOY, 2007; RIBEIRO, 2011; ICHITANI, 2015).
Curso de Psicologia
Portaria nº 265 de 03/04/2017 – DOU 04/04/2017
RESOLUÇÃO CFP Nº001/2009

A Terapia Assistida por Animais ou Atividade Assistida por Animais (AAA) é utilizada como intervenção
em diferentes níveis de cuidados e de pessoas. Dentre os principais benefícios, podem ser citados: diminuição
da frequência cardíaca e pressão arterial; melhora do humor do paciente e da própria equipe de profissionais;
favorecimento da humanização no ambiente hospitalar; diminuição da percepção da dor; queda nos níveis de
colesterol; promoção de bem-estar; melhora nas relações interpessoais; redução de depressão e demência;
melhora na linguagem verbal e na condição motora.

Assim como ocorre o auxílio do cão em operações policiais e com o corpo de bombeiros, ou a utilização
do cão-guia para deficientes visuais o cachorro também é de grande valia na área médica e é o animal mais
utilizado para esta atividade assistida. Mas também se utilizam outros animais como gatos, pássaros, porcos da
índia e coelhos.

OBJETIVOS DESSA MODALIDADE DE ATIVIDADE

Esse método tem por objetivo promover o bem-estar físico, emocional, cognitivo e social, valendo-se do
animal como principal agente terapêutico — ele funciona como um elo entre o terapeuta e o paciente.

Essa abrange intervenções com animais selecionados com o objetivo de sociabilização, aumento


da autoestima, diminuição de stress em ambientes (hospitais, asilos, creches e abrigos), promovendo bem-estar
físico, emocional, cognitivo e social, valendo-se do animal como principal agente terapêutico.

APLICAÇÃO

Um fator extremamente importante é que a atividade assistida por animais poderá ser desenvolvida em
grupo ou de forma individual, respeitando, sempre, a vontade dos participantes.

É um valioso instrumento para ajudar no tratamento de doenças e no suporte a pessoas acamadas e


hospitalizadas, indivíduos com doenças psiquiátricas, idosos e crianças com necessidades específicas, incluindo
aquelas com deficiências físicas ou intelectuais.

As intervenções ocorrem em instituições hospitalares, educacionais e clinicas de reabilitação.

CUIDADOS

É importante lembrar que os animais também precisam de atenção e cuidados especiais. Eles devem ser
treinados de modo a apresentar comportamento adequado para as atividades e receber assistência veterinária —
o que inclui vacinação, vermifugação e controle periódico para prevenção de parasitas.

Além disso, é necessário atender a questões de higiene. Os animais da precisam tomar banho no dia da
sessão, por exemplo.

Aliás, o cuidado com eles não se resume à saúde. Seu bem-estar também é fundamental: os animais
devem sentir prazer ao executar as atividades propostas durante a terapia.

Respeitando esses pressupostos, e com os animais felizes, a TAA se coloca como uma modalidade
terapêutica muito eficaz, lúdica e descontraída.

MATERIAIS NECESSÁRIOS/ADEQUADOS PARA SUA EXECUÇÃO

EXEMPLOS PRATICOS DE APLICAÇÃO DESSA MODALIDADE DE ATIVIDADE


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RESOLUÇÃO CFP Nº001/2009

Em idosos hipertensos institucionalizados, por exemplo, já foi observado que as sessões de TAA
promovem controle dos níveis de pressão, sem falar nos momentos de alegria e relaxamento. O contato com os
animais, o toque, as caminhadas na companhia deles… Tudo isso é capaz de reduzir a ansiedade e, com isso,
interferir positivamente na frequência cardíaca e na pressão arterial.

A fisioterapia assistida por animais, por sua vez, vem mostrando resultados significativos quando
direcionada a crianças com deficiência física e/ou motora. As sessões na presença do animal se tornam mais
leves, ganham uma cara mais descontraída, o que possibilita a realização das atividades com menor resistência.

Nesse contexto, a TAA tem obtido bastante sucesso entre crianças com a trissomia do cromossomo 21
(síndrome de Down): há evidências de que propicia ganhos motores e de sensibilidade e melhor interação social.

Atsushi Funahashi, Anna Gruebler, Takeshi Aoki, Hideki Kadone e Kenji Suzuki (2013), mediram
quantitativamente o sorriso de crianças de dez anos, com autismo, por sete meses, durante a AAA, e
compararam seus dados com um grupo controle. O grupo controle foi composto por crianças da mesma
idade, porém saudáveis. Todos os participantes aceitaram integrar a pesquisa de forma voluntária.
Concluíram que o comportamento social da criança com autismo pode ser facilitado diminuindo seu
comportamento anti-social, a partir desta atividade com animais.

Megan A. Souter e Michelle D. Miller (2007) fizeram uma meta-análise para verificar a redução dos
sintomas depressivos. Foram incluídos cinco trabalhos. Todos os estudos mostraram que a AAA tem efeitos
positivos sobre a depressão. A AAA também se mostrou como auxiliar a outros problemas de saúde, como a
pressão arterial.

Simona Caprilli e Andrea Messeri (2006) estudaram a implantação da AAA em um hospital


infantil, na Itália. O trabalho examinou a reação dos pacientes, dos familiares e da equipe, bem como
uma análise da taxa de infecção, antes e após a inserção dos animais. O número de infecção não
aumentou e a participação das crianças teve uma adesão alta com 138 participantes. Foi verificado,
pelas autoras, que a AAA teve efeitos positivos com uma melhor percepção do ambiente e a integração
com o cão. Dos pais, 94% consideraram benéfico, bem como a equipe médica. Portanto, os
investigadores concluíram que esta foi uma prática positiva aos pesquisados pacientes pediátricos, bem
aceita pelos pais e pela equipe de saúde, além de não afetar a taxa de infecção do hospital.

Cheng-I Chu, Chao-Yin Liu, Chi-Tzu Sun e Jung Lin (2009), avaliaram os efeitos da AAA em pacientes
esquizofrênicos, de Taiwan, para ver o impacto na autoestima, o controle nas atividades diárias e a relação com
aspectos psico-fisiológicos. Pacientes foram divididos entre o grupo de intervenção e o grupo controle de forma
aleatória, recebendo um programa semanal de atividades por dois meses. Antes e após a AAA foi aplicado um
questionário para verificar os fatores investigados. Através desta investigação, os pesquisadores demonstraram
que a AAA promove, em pacientes esquizofrênicos, melhora nos aspectos clínicos e na auto-estima. Apenas não
foi encontrada significância em apoio social e em sintômas psiquiátricos. Assim, concluiram que a AAA deve ser
aliada ao tratamento clínico dos esquizofrênicos.

Marieanna C. Le Roux e Rene Kemp (2009) tentaram verificar o efeito que a AAA proporciona a pessoas
que residiam em uma casa de longa permanência e tinham depressão ou problemas de ansiedade. O estudo
ocorreu com dois grupos - intervensão e controle -, com um total de 16 pessoas. O trabalho foi desenvolvido
durante seis semanas, sendo realizado uma vez por semana. Puderam comprovar que, para a depressão, a AAA
consegue ser significativa, sendo aplicada por um longo período.

BIBLIOGRAFIA

https://saude.abril.com.br/blog/com-a-palavra/o-que-e-a-terapia-assistida-por-animais-e-como-ela-pode-
ajudar/

http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1657-47022014000100002

file:///C:/Users/cliente/Downloads/13189-47490-1-PB.pdf

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