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A Alimenta o Complementar e o M Todo BLW
A Alimenta o Complementar e o M Todo BLW
A Alimentação Complementar
e o Método BLW
(Baby-Led Weaning)
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A Alimentação Complementar e o Método BLW (Baby-Led Weaning)
deve continuar em aleitamento materno, mas zinco, vitamina A e calorias), quanto do ponto de
há a necessidade de introdução da AC, tanto do vista motor, aproveitando esta fase de intensa
ponto de vista nutricional (sendo fonte de ferro, curiosidade em explorar o meio ambiente.
Elaborado por: Priscila Maximino para o Departamento de Nutrologia da SBP, janeiro de 2017.
Neste contexto a Sociedade Brasileira de Alimentar para crianças menores de dois anos
Pediatria (SBP) tem orientações publicadas no que também destaca os seguintes tópicos2:
Manual de Orientação do Departamento de Nu- • A consistência dos alimentos complementa-
trologia, disponível desde 2006 e atualizado res deve ser oferecida de forma crescente:
em 20121, contendo informações abrangentes pastosa, papa e purê;
sobre o processo de início da AC, tanto do ponto
• A partir de 8 meses a criança pode receber os
de vista nutricional como comportamental:
alimentos da família amassados, triturados,
• A evolução da consistência deve ser gradual: desfiados ou cortados em pequenos pedaços;
oferecidos inicialmente em forma de papas;
• A alimentação complementar complementa o
• Todos os grupos alimentares devem ser ofere- leite materno e não o substitui;
cidos a partir da primeira papa principal;
• Deve-se incentivar a criança a comer nos ho-
• A refeição deve ser amassada, sem peneirar rários de refeições da família;
ou liquidificar;
• Atenção especial às práticas comportamen-
• O ritmo da criança deve ser respeitado, de tais, posturais e ambientais.
acordo com o desenvolvimento neuropsico-
motor; A Organização Mundial da Saúde (OMS)
também se pronuncia a respeito da AC, incen-
• Recomenda-se o uso do nome papa principal
tivando práticas responsivas para o sucesso na
e não papa salgada.
introdução de novos alimentos3. Há orientações
Além desta recomendação, o Ministério da para que os pais identifiquem e respeitem os si-
Saúde (MS) publicou a segunda edição do Guia nais de fome e saciedade, incentivem o lacten-
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Departamento Científico de Nutrologia • Sociedade Brasileira de Pediatria
te para que ele seja ativo e interativo durante questionamentos que ainda não foram respon-
as refeições, com a atenção voltada totalmente didos:
para o momento3. • Há impacto sobre o crescimento e o desenvol-
Além das recomendações publicadas ofi- vimento?
cialmente por comitês profissionais, há outras • A ingestão de micronutrientes é suficiente?
abordagens de AC sendo difundidas pela in- • Influencia a formação dos hábitos alimenta-
ternet como, por exemplo, o Baby-Led Weaning res?
(BLW) que significa: o desmame guiado pelo
• Influencia o comportamento dos pais / cuida-
bebê. Conceitualmente a idealizadora, a britâ-
dores?
nica Gill Rapley, defende a oferta de alimentos
complementares em pedaços, tiras ou bastões. • É um método de alimentação complementar
Sua abordagem não inclui alimentação com a viável para os pais?
colher e nenhum método de adaptação de con- • É uma forma segura de alimentar os lacten-
sistência para preparar a refeição do lactente, tes? Há maior risco de engasgo e asfixia?
como amassar, triturar ou desfiar. Segundo Ra-
pley4 o BLW não é um método específico, mas Morrisson e colaboradores6 publicaram es-
uma abordagem que encoraja os pais a confia- tudo comparando o perfil nutricional da alimen-
rem na capacidade nata que o lactente possui tação de lactentes de 6 a 8 meses utilizando
de autoalimentar-se. BLW (n=25) e a forma tradicional com co-
lher (TSF, n=26). Nesta investigação de cor-
As publicações sobre o BLW contêm ampla te transversal foi verificado que os lactentes
defesa para o uso de alimentos in natura, de- com BLW foram mais propensos a se alimen-
sencorajando a alimentação do lactente realiza- tarem sozinhos desde os primeiros alimentos
da na forma tradicional como papinha ou purês. (67% vs 8%, p <0,001). Embora não haja dife-
Rapley defende os seguintes tópicos: rença estatisticamente significante, grande nú-
• Continuar com o leite materno ou a fórmula mero de crianças consome alimentos que repre-
infantil; sentam risco de asfixia. Crianças do grupo BLW
• Posicionar o lactente sempre sentado para foram mais propensas a comer com a família
alimentar; no almoço e jantar; tiveram maior ingestão de
gordura e gordura saturada; e menor ingestão
• Permitir que o lactente se suje e interaja du-
de ferro, zinco e vitamina B12 que crianças do
rante as refeições;
grupo TSF. Os dois grupos tiveram a ingestão de
• Oferecer variedade de alimentos, evitando a energia similar. Assim como outros estudos com
monotonia; o BLW, há limitação importante quanto ao nú-
• Interagir com o lactente quando ele estiver mero de sujeitos envolvidos na pesquisa.
comendo junto, durante as refeições;
Assumindo os grandes questionamentos
• Dar o tempo necessário para a refeição sem dos pais e dos profissionais de saúde relativos
pressionar. ao BLW, como risco de engasgo, e de baixa ofer-
Livros sobre o BLW já foram publicados em ta de ferro e de calorias, um grupo de estudio-
mais de 15 idiomas e o tema alcança grande sos neozelandeses9, criou uma versão chamada
popularidade entre os pais do mundo todo. Em- Baby-Led Introduction to SolidS (BLISS), que sig-
bora as investigações científicas estejam sendo nifica Introdução aos Sólidos Guiada pelo Bebê.
publicadas no decorrer dos últimos oito anos, Entre as orientações do BLISS estão:
os profissionais de saúde e sociedades da Nova • Oferecer alimentos cortados em pedaços
Zelândia, Canadá e Estados Unidos5-8 não reco- grandes, que o lactente consiga pegar sozi-
mendam oficialmente o BLW pelos seguintes nho;
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A Alimentação Complementar e o Método BLW (Baby-Led Weaning)
• Garantir a oferta de um alimento rico em ferro cer em seus filhos seus próprios sinais; porém
em cada refeição; estas questões comportamentais também de-
• Ofertar um alimento rico em calorias em cada vem ser trabalhadas com a AC com a colher, na
refeição; forma tradicional.
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Departamento Científico de Nutrologia • Sociedade Brasileira de Pediatria
BIBLIOGRAFIA
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2008; 44:1. 2016;138(4):e20160772.
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