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A representação de família nas fotografias da Revista A Liahona (1995-2000)1

Juliana Sales Rodrigues2

Introdução
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (SUD0, também conhecida como
Igreja Mórmon, é uma instituição cristã, com características restauracionista que emergiu no
contexto do reformismo religioso do século XIX nos Estados Unidos (EUA). Oficialmente foi
organizada em 06 de Abril de 1830, sob a direção de Joseph Smith (1805-1844) que viveu no
estado de Nova Iorque, na recém formada Nova Inglaterra.
Ao descrever a história desta Igreja, a antropóloga Nádia Amorim, percussora nos
estudos sobre mórmons no Brasil, aponta que a família de Smith são:
[...] descendentes de ingleses e escoceses, chegara com os pais e oito irmãos,
em 1816 ao Estado de Nova Iorque, procedentes do Estado de Vermont (...)
Envolvido pelo clima de dissidência religiosa predominante na “Fronteira
Americana” durante a primeira metade do século XIX, insatisfeito com o
universo religioso povoado de preceitos metodistas e presbiterianos ao qual se
convertera sua família, Joseph Smith encontraria na Bíblia e na oração um
referencial para eclosão de sua experiência. (AMORIM, 1981, p.29 )

Neste cenário de alvoroço religioso a Igreja SUD conclama seu mito de fundação: A primeira
visão. Conforme o registro do Livro de Mórmon foi revelado a Joseph Smith que a Igreja de
Cristo teria deixado de existir na Terra há 1.400 anos, mas, Smith a restauraria nos últimos dias
(MACHADO, 2013).
Ancorada a esta visão, os adeptos mórmons interpretam escrituras bíblicas, como Isaías
29:13-14, justificando a necessidade da restauração. Tal escritura, no imaginário dos “santos”
corresponde ao que ocorrera nas colônias inglesas entre os séculos XVIII para o XIX, onde os
movimentos do primeiro e segundo despertar promoveu o crescimento de Igrejas protestantes,
como a Metodista, Presbiteriana e Batistas (KARNAL, 2011), espaço que residia o primeiro
líder da Igreja SUD.

1
Trabalho desenvolvido sob orientação do Prof. Me. Marcos Ferreira Gonçalves. E-mail: bokapiu@yahoo.com.br.
2
Graduada em Licenciatura em História pela Universidade do Estado da Bahia/ Campus XVIII. E-mail:
jsr.salesrodrigues@gmail.com.
Após o processo de consolidação da Igreja SUD em território norte-americano, houve a
expansão para diversos países entre eles o Brasil. Os primeiros membros chegaram na condição
de colonos alemães ao sul do país. As famílias Zapf (1913) e Lippelt (1923) obtiveram contato
com a sede da igreja e solicitaram literatura, manuais, panfletos, para dar início ao proselitismo
no Brasil.
Como notado, a origem dos membros SUD era alemã, por esta razão o material que
vinha para o Brasil era neste idioma, contudo, em 1930 como salienta Machado (2013) diversos
conflitos ocorreu devido ao projeto de Estado liderado por Varga, que passou a proibir qualquer
reunião em uma língua que não fosse o português. Outro fator, foi a saída dos missionários
norte-americanos do Brasil durante a Segunda Guerra mundial (1939-1945) que causou a
interrupção das reuniões dominicais e o serviço missionário.
Por estas razões novas medidas para a continuidade da Igreja no Brasil foram
estabelecidas. Segundo Silva (2008) o Presidente da Missão Brasileira, Hulon S. Howells,
iniciou o processo de tradução e preparação de materiais em português, neste contexto os
periódicos são introduzidos no trabalho missionário no Brasil, em 1948.

A revista A Liahona
Desde a organização da Igreja SUD, as publicações impressas se tornaram mecanismos
essenciais de divulgação das ideias e valores do grupo nascente. A produção de materiais como
livros, folhetos e revistas possibilitou o crescimento do espaço religioso para os Santos dos
Últimos Dias.
Com o crescimento expoente da Igreja a necessidade de um periódico que atingisse os
membros de todo o mundo aumentou, e no Brasil, buscando tal resultado surgiu a revista
Gaivota, que após dois anos, alterou seu nome para A Liahona. A escolha deste nome para a
revista se deu, devido sua particularidade entre os membros da Igreja. No Livro de Mórmon a
Liahona é uma esfera de latão com dois ponteiros que indicavam a direção a seguir. Leí, um
profeta que viveu na época do velho testamento, chamou essa bússola de Liahona, que significa
guia e palavras de Cristo. Esta revista estaria se tornando a representante mundial da Igreja de
Jesus Cristo.
Durante o processo de padronização das revistas da Igreja, entre 1995 a 2000, todos os
periódicos mudou seu nome para A Liahona, como uma maneira de conectar todas as
localidades e ramos deste segmento religioso, porém, essa mudança descartou as revistas que
circula nos EUA, como a Friend e a New era.
A publicação da A Liahona é mensal e distribuída por meio eletrônico e aplicativos,
bem como, por assinatura, tanto para membros quanto para não membros, as fotografias usadas
na revista podem ser encomendadas a profissionais, contudo, os membros da Igreja pode enviar
fotografias para compor a revista.
É importante abordar a revista pode assumir diversas funções e significados, isto de
acordo com os objetivos de quem as produziu, neste caso, não somente, a revista em si, mas
todo o material que a compõe, textos, desenhos, músicas e as fotografias, não são discursos
neutros, mas, instrumentos de construção e veiculação de um modelo ideal de família,
dissemina padrões de comportamentos, e consolida representações (MARTINS, 2008), logo,
podem influenciar no imaginário e cosmovisão de quem as consome.

A representação de família: as fotografias da revista A Liahona


Um dos objetivos da revista A Liahona é tratar de temas relacionado as suas principais
doutrinas, como a trindade, sacramento, e a principal a formação de famílias, meio de
consolidação das ideias do grupo. A relação entre família e religião tem sido alvo de
observações, enfoques e definições, por se tratar de duas instituições que tem grande influência
enquanto marcadores sociais, por outras palavras, são dois setores que constituem os seres
humanos.
A relação família, religião e sociedade vai se entrelaçar a partir do processo de
exteriorização, onde os sujeitos expõe ao mundo aquilo que acredita ser real, e a partir de suas
participações socioculturais, desenvolve elementos para a sociedade, podendo estabelecer
práticas e comportamentos, ou seja ocorre a objetivação, e deste processo se reapropria dessa
mesma realidade, transformando-as novamente em estruturas do mundo objetivo (BERGER,
1985) ou seja, utiliza suas próprias criações para estabelecer a forma que se comportarão ou
condicionarão sua vida, tão função é exercida pela A Liahona.
Nesta situação, se os sujeitos são personagens ativos na construção da sua realidade, os
mesmos podem produzir artefatos que respalde suas intenções, como as fotografias aqui
analisadas, pois ensina aos seis receptores uma leitura da realidade social. Entendendo que as
fotografias são construções sócias de um determinado grupo (Igreja SUD) permeado de
intencionalidades, que cria representações de uma realidade. Para Roger Chartier:
As representações do mundo sociais assim construídas, embora aspirem à
universalidade de um diagnóstico fundado na razão, são sempre determinadas
pelos interesses de grupo que as forjam. Daí, para cada caso, o necessário
relacionamento dos discursos proferidos com a posição de quem os utiliza
(1985, p.17)

Como citado acima as representações são forjadas pelo interesse, seja para perpetuar um
linha de pensamento, ou para determinar padrões, de tal modo, que pode exercer autoridade e
legitimar no grupo pertencente um projeto político, e justificar a ocorrência de novas práticas,
se por eles for necessário. Portanto, as fotografias podem ser compreendidas enquanto produto
dessas representações que as revalida a partir do mesmo que segue o padrão de publicação, e
logo, são elaboradas a partir da visão de mundo do grupo dominante.
Nesse sentido as imagens não podem ser vistas como meras ilustrações do texto, ou de
um material, mas como uma maneira de comunicar (KOSSOY, 2001), então tem finalidade e
significado, e sendo assim, pode ser interpretada conforme possibilita Clifford Geertz (2008)
em seu método de análise da descrição densa, que propõe uma observação dos elementos
culturais visando explicar seus significados e encaixá-las aos propósitos que carregam, para
isso, deve se compreender que a cultura “[...] é um contexto, algo dentro do qual eles podem
ser descritos de forma inteligível, isto é, descritos com densidade” (GERTZ, 2008, p.24), ou
seja, a fotografia pode ser interpreta em sua rede de significado e símbolos.
E neste contexto que as fotografias de família da Revista A Liahona está inserida. De
acordo com a Declaração intitulada: A família: Proclamação ao Mundo, anunciada em 1995
pelo Presidente Gordon B. Hincley, defende que a família “é essencial ao Plano eterno do Pai
Celestial”, levando-os a vida eterna. Por certo, é incentivado o formação de famílias nucleares
e com determinados comportamentos, que serão analisadas abaixo.
Tendo em vista, a valorização das fotografias para a reafirmação de um modelo
exemplar de família, o quadro abaixo sugere os principais conjuntos de fotografias sobre família
que compõe os 72 exemplares deste periódico, a contar de 1995 a 2000. Com as novas
discussões nos setores jurídico e social sobre os novos arranjos familiares, a ementa de direito
da família categoriza alguns modelos existentes dentro da perspectiva brasileira, sendo elas,
Família Nuclear, Família Monoparental e Família Matrimonial.
Entre os seis anos examinados, 1995 a 2000, as fotografias publicadas pela A Liahona,
expõe imagens que de certo modo se furtava de seguir o padrão estabelecido por esta instituição.
O modelo Nuclear equivale a 126 (49,09%) comungando com a doutrina dos Santos dos
Últimos Dias, onde a estrutura familiar se baseia em pai, mãe e filhos.
Observado as prerrogativas pelos Santos dos Últimos Dias, entende-se que as
fotografias carregam as intenções promovidas por seus confeccionadores. Para John Berger
(1999) nosso modo de ver as fotografias poderá ser condicionada pela forma que enxergamos
o mundo ao nosso redor, assim, a interiorização deste modelo de família por parte dos membros
deste segmento perpassará por sua interação com o mundo objetivado, isto é, com os produtos
produzidos por esta mesma instituição .
A família Monoparental por sua vez, aparece nas fotografias da revista ocupando 34,6%
do conjunto, isto equivale a 90 fotos, que variou durante estes seis anos, tendo maior numero
em 1995 e 2000. Durante 1996,1997,1998 e 1999 as fotografias de Famílias Monoparentais
oscilou entre 15 a 6 fotografias ao ano, isto por que, havia uma grande onda de ideias
conservadoras em 1960 que estava associada aos elementos constituintes da nova direita norte
americana (KARNAL, 2011) que fomentou a preocupação entre os segmentos religiosos com
relação aos padrões e valores familiares.
Neste cenário a construção de Famílias matrimoniais, que são configuradas a partir do
casamento como ato formal, sendo este até 1988, o
único vínculo familiar reconhecido no Brasil,
também é defendido pelos Santos dos Últimos Dias,
como um arranjo válido nos padrões divinos, se esta
for constituída pelas leis do país e logo depois nos
Templos, para o selamento. A Família Matrimonial
equivale nas publicações a 18,25%, das fotografias
da revista, que compõe 47 imagens do conjunto.
Esses resultados evidência a manutenção da
cosmovisão dos Santos dos Últimos Dias com
relação ao ideal de família que deve ser apreendido
por todos os leitores deste periódico. Sendo assim,
as famílias que recebem estas fotografias serão
afetadas pelo processo de interiorização, de modo que receberão, processarão e transformarão
suas percepções de mundo a partir do momento que compartilham este produto (as fotografias)
com o espectro social mais amplo, isto é, com os grupos que fazem parte. Dito isto, cabe
analisarmos como esses modelos de famílias são representadas.

Foto 01: Reunião Familiar.


Fonte: Revista A Liahona, 1999, p.02.

Nas fotografias acima é possível notar alguns elementos que compõe o exercício de
fomentação da doutrina relacionada as famílias eternas. O uso de gravuras do Templo que
marca o processo de ensino dos valores e crenças instituídas por este segmento. Outro símbolo
exposto é a presença da imagem de Jesus Cristo aos pés do pai da família, o qual torna-se
responsável por liderar as atividades familiares. A formatação da família é composta por um
pai, mãe e dois filhos. Foto 02: Estudo da família.
Fonte: Revista A Liahona, 2000, p.33.
O pai e a mãe ocupam o papel de professores, conforme vemos o livro de gravuras na
Fotoe 01:
mão da mãe os Reunião Familiar.
livros de escritura na mão da menina sentada ao chão. Pode-se perceber um
Fonte: Revista A Liahona, 1999, p.02.
diálogo entre o pai e o filho devido a inclinação corporal e a boca meio aberta, além da atenção
que o homem na figura do pai dá ao que o mesmo está falando. De toda forma é uma fotografia
que centraliza o pai, que pode ser observado aos olhares direcionados a ele pela mãe, filha e
filho.
As famílias da figura 01 e 02 trazem
um elemento semelhante, o uso de imagens
para o ensino familiar, que possibilita o
incentivo aos receptores dessas fotografias a
utilizar da mesma maneira. Nesta perspectiva,
Boris Kossoy (2001) destaca que as
fotografias e o uso de imagens vão sempre
demarcar um meio de informação ou um meio
de conhecimento, logo, conforme é provável
que crianças e jovens se interesse mais pelo que vai ser comunicado com o uso de imagens,
possibilitando a absorção sobre o que lhe for ensinado, ao invés de uma simples narrativa.
Outro fator que marca as fotografias (03 e 04) da revista A Liahona é quantidade de
filhos nas imagens representadas. No grupo de filhos sempre há a presença de meninos, mesmo
que a quantidade seja inferior no que diz respeito as meninas. De toda forma, em poucas
fotografias é evidenciado um número inferior a dois filhos. É preciso considerar na década de
1990 os EUA estava passando por uma queda na taxa de fecundidade (KARNAL, 2011), isto,
pode ter contribuído para a propagação de fotografias que comportasse um número elevados de
filhos. Tendo
Foto 03:em vista
Uma Igreja de Jesus Cristo dosFoto
que afamília.
grande
04: Revista
Santos A Liahona,
dos Últimos Dias2000,
temFoto
sua 04:
origem
Família feliz. p.14.
Fonte: Revista
nos EUA, e que Aa Liahona,
produção1996,
dap.29.
revista A Liahona também ocorre neste mesmo local, as
mudanças sociais ocorridas neste território influencia o conteúdo a ser publicado.
Outros aspectos também são postos nas fotografias. Sendo A Liahona um periódico
publicado diferentes países, o material imagético busca uma representação que concerne aos
aspectos étnicos que são ligadas aos valores étnicos raciais dos EUA. Durante o processo de
padronização da revista alguns grupos étnicos raciais foram apresentados.
Neste conjunto, a partir dos dados apresentados é possível notar que cerca de 59,69%
das fotografias se refere a Famílias brancas, formando um bloco de 157 fotografias, sendo 83
delas se referindo a famílias nucleares. Neste conjunto, o número de fotos referente a famílias

negras nucleares são apresentadas em quatro


fotografias, que por sua vez, são mencionadas quando o artigo está discorrendo sobre países
com a população predominantemente negra, como Gana e Haiti.
Foto 05: Este não é um modelo ideal? Foto 06: Educação religiosa.
Fonte: Revista A Liahona 1995, p.45. Fonte: Revista A Liahona 1995, p.13.

A representação das famílias negras nas fotografias reflete um processo racismo que
ocorre desde o processo de formação dos EUA, nesse sentido, a Igreja SUD acompanhou o
contexto sociocultural norte americano, que nos possibilita refletir sobre a ausência de famílias

negras nucleares, enquanto modelo para os


receptores dessas revistas. Logo, Camila Bastos aponta que existe “[...] um padrão de
comportamento e de cor para essas famílias [...]” (2014, p.138), que são famílias brancas e
nucleares. Embora haja diferentes modelos étnicos de família (negros, indianos, japoneses, e
latino-americanos) a “família eterna” é constituída pelo casamento endógeno, e perfeitamente
embranquecido.
A imagem acima representa uma, entre poucas fotografias referente a famílias negras
nucleares, diferente das famílias brancas que sempre é evidenciada com os pais e filhos em um
ambiente de ensino familiar, com gravuras em suas práticas, sempre todos sorridentes.
Contrário a este cenário, as fotos 05 e 06 apresenta personagens que por suas expressões faciais,
demonstram certa timidez ao fotografar.
Este perfil difere das fotografias publicadas das famílias brancas nucleares, no sentido
que, as famílias brancas são apresentadas sempre bem arrumadas, com as roupas dentro dos
padrões de vestimenta instituída pela Igreja, os cabelos sempre penteados, sorridentes e
estudando em família algo referente as doutrinas da instituição. As famílias negras por sua vez,
não apresentam em caráter de comparação um padrão estável economicamente. Esse tipo de
diferenciação pode contribuir para reminiscências de uma história de pobreza para a população
negra.

Foto 07: Família Asiática Foto 08: Somos também uma família
Fonte: Revista A Liahona 2000, p.100. nuclear
Fonte: Revista A Liahona 2000, p.100.

Diferente das famílias negras


representadas, os arranjos familiar asiáticos agrupam um número maior de fotografias na revista
durante os seis anos analisados. Entre 1995 a 2000, quinze fotografias de famílias nucleares
foram publicadas, tendo em vista que os número de fotos entre famílias negras e asiáticas são
as mesmas, contendo em cada categoria, 28 fotografias.
Nas fotografias 07 e 08 existe um padrão de vestimenta, que padroniza e identifica o
grupo. Roland Barthes (2005) ao discorrer sobre vestuário destaca que, a padronização de um
modo de se vestir, torna-se um modelo social, mais ou menos organizadas em um conjunto de
condutas coletivas previsíveis, nesse sentido, as roupas transmite valores que devem ser
seguidos pelos membros de um determinado grupo.
Tais famílias nucleares, monoparentais, matrimoniais, branca, negra, asiáticas apresenta
características sobre como uma família dos Santos dos Últimos dias deve se comportar em uma
sociedade, definindo o papel de cada membro do arranjo familiar, bem como as atividades a
serem realizados.

Considerações finais
Construir uma narrativa historiográfica colocando as fotografias como fonte principal é
um desafio constante para o historiadores, contudo, por meio delas pode-se compreender os
mecanismos de persuasão das instituições que a utilizam, os Santos dos Últimos Dias por
exemplo, fazem uso da revista a Liahona e seu material imagético de maneira pedagógica,
persuadindo-os a realizar novas práticas de acordo com a cosmovisão da instituição.
Nota-se que as atividades familiares são definidas a partir do papel dos pais atribuídos
pela religião, logo, a religiosidade influência nas formas que estes sujeitos vão se comportar
dentro da própria família. Este trabalho não perpassa pelas discussões de gênero, mas entende-
se que a religião trabalha como marcador social, sendo assim, atribui significado a existência
dos indivíduos.
Ainda, cabe salientar que as fotografias estão imersas no seu contexto de produção e
imaginário do grupo que a produz, e que leva-a respaldar preconceitos e estereótipos sobre
grupos étnicos-raciais que não seja branco e de composição nuclear. Por fim, espera-se ter
contribuído para a ampliação das potencialidades que as imagens e em especial as fotografias
tem para a escrita da História.
Referências
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GEERTZ, Clifford. Uma descrição densa: por uma teoria interpretativa da cultura. In: A
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História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. Leandro Karnal(org.). 3. Ed. São
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