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Vigilância em Saúde

Prof. Carla Eunice Gomes Correa

Indaial – 2020
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020

Elaboração:
Prof. Carla Eunice Gomes Correa

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

C824v

Correa, Carla Eunice Gomes

Vigilância em saúde. / Carla Eunice Gomes Correa. – Indaial:


UNIASSELVI, 2020.
199 p.; il.
ISBN 978-65-5663-017-5
1. Serviços de saúde. - Brasil. 2. Vigilância epidemiológica. – Brasil.
Centro Universitário Leonardo Da Vinci.

CDD 362.11

Impresso por:
Apresentação
Prezado acadêmico, seja bem-vindo à disciplina de Vigilância em
Saúde. Atualmente, o tema vigilância em saúde é muito importante na área
da saúde pública, visto que, com técnicas do sistema produtivo e hábitos
de consumo da sociedade, estão ocorrendo várias alterações que interferem
na saúde humana, assim, é necessário que fiquemos atentos aos fatores que
levam ao adoecimento da população.

Vocês, ao longo da disciplina, irão perceber que a atuação da


vigilância em saúde é ampla e complexa. Ela se divide nas seguintes áreas:
Epidemiológica, Sanitária, Saúde do Trabalhador e Ambiental.

Na Unidade 1, vamos apresentar alguns tópicos essenciais para


você compreender a atuação da vigilância em saúde, os fatores que levam a
população a ficar doente e a forma como mensuramos esses impactos com a
aplicabilidade dos indicadores de saúde.

Na Unidade 2, vamos estudar os aspectos relacionados à Vigilância


Epidemiológica responsável por monitorar e avaliar os fatores determinantes
e condicionantes das doenças. Trataremos também da atuação da vigilância
sanitária, cujo foco está na produção de bens e serviços, na distribuição e na
prestação de serviços que podem causar impacto na saúde da população e
da vigilância em saúde do trabalhador, cujo objetivo é vigiar as condições de
trabalho e a saúde do trabalhador.

Por fim, na Unidade 3, vamos apresentar a Vigilância em Saúde


ambiental. Entenderemos a relação do meio ambiente com a saúde e
acompanhar como é realizada o acompanhamento das alterações do meio
ambiente e que podem favorecer o adoecimento da população.

Bons estudos!

III
NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

IV
V
LEMBRETE

Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela


um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro


que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares,
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!

VI
Sumário
UNIDADE 1 - VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA......................................................1

TÓPICO 1 - VIGILÂNCIA EM SAÚDE.................................................................................................3


1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................................3
2 MOVIMENTO HISTÓRICO E CONCEITOS BÁSICOS DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE........3
2.1 DESENVOLVIMENTO DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE NO SUS ..............................................7
3 ESTRUTURAÇÃO E RESPONSABILIDADE DAS ESFERAS DE ATUAÇÃO DA
VIGILÂNCIA EM SAÚDE........................................................................................................................9
3.1 SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE................................................................9
3.2 RESPONSABILIDADE DAS ESFERAS DE ATUAÇÃO DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE......11
3.2.1 Vigilância Epidemiológica . ...................................................................................................12
3.2.2 Vigilância Sanitária . ...............................................................................................................13
3.2.3 Vigilância Ambiental . ...........................................................................................................14
3.2.4 Vigilância em Saúde do Trabalhador....................................................................................15
4 FINANCIAMENTO DAS AÇÕES DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE NO BRASIL.....................15
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................22
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................26
AUTOATIVIDADE..................................................................................................................................27

TÓPICO 2 - MEDIDAS DE CONTROLE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS..................................29


1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................29
2 FUNDAMENTOS BÁSICOS DA PREVENÇÃO E PROMOÇÃO NA SAÚDE........................29
2.1 PREVENÇÃO DA SAÚDE .............................................................................................................29
2.2 PROMOÇÃO DA SAÚDE ..............................................................................................................34
3 VIGILÂNCIA, PREVENÇÃO, CONTROLE E ERRADICAÇÃO DE DOENÇAS ...................36
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................40
AUTOATIVIDADE..................................................................................................................................41

TÓPICO 3 - INDICADORES DE SAÚDE UTILIZADOS NA VIGILÂNCIA EM SAÚDE.......43


1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................43
2 DEFINIÇÃO E CONCEITO DE INDICADORES ..........................................................................43
3 METODOLOGIA PARA ORGANIZAÇÃO DE INDICADORES PARA A ÁREA DA
SAÚDE E MEIO AMBIENTE ................................................................................................................46
3.1 MODELO PRESSÃO-ESTADO-RESPOSTA (PER)......................................................................46
3.2 MODELO PRESSÃO-ESTADO-IMPACTO-RESPOSTAS (PEIR)...............................................47
3.3 MODELO FORÇA MOTRIZ-PRESSÃO-ESTADO-IMPACTO-RESPOSTA (DPSIR)..............48
3.4 MODELO FORÇA MOTRIZ-PRESSÃO-SITUAÇÃO-EXPOSIÇÃO-EFEITO-AÇÕES
(FPSEEA)............................................................................................................................................49
4 SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE – SIS......................................................................50
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................59
AUTOATIVIDADE..................................................................................................................................60

UNIDADE 2 - VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, SANITÁRIA E SAÚDE DO


TRABALHADOR......................................................................................................................................61

TÓPICO 1 - VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA..............................................................................63


VII
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................63
2 VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA: ORGANIZAÇÃO, FINALIDADE E IMPORTÂNCIA.63
2.1 SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA – SINAM.............................66
2.2 DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA......................................................................69
2.3 SISTEMA DE MOTALIDADE – SIM ............................................................................................73
2.4 SISTEMA NACIONAL DOS NASCIDOS VIVOS – SINASC .................................................74
2.5 SISTEMA DE IMUNIZAÇÃO.........................................................................................................75
2.6 SISTEMA DE INFORMAÇÃO PARA A NOTIFICAÇÃO DAS PESSOAS EM
TRATAMENTO DA ILTB.................................................................................................................77
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................81
AUTOATIVIDADE..................................................................................................................................82

TÓPICO 2 - VIGILÂNCIA SANITÁRIA E SUA EVOLUÇÃO.......................................................85


1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................85
2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA NO BRASIL................................85
3 FUNÇÕES E OBJETIVOS DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA ........................................................89
4 VIGILÂNCIA SANITÁRIA: ARTICULAÇÕES COM O ESTADO, MERCADO E O
CONSUMO DE BENS E SERVIÇOS ...................................................................................................90
4.1 PROGRAMAS DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA...........................................................................92
4.1.1 Vigilância Sanitária das Tecnologias de Alimentos............................................................92
4.1.2 Vigilância Sanitária das Tecnologias de Beleza, Limpeza e Higiene................................94
4.1.3 Vigilância Sanitária das Tecnologias de Produção Industrial e Agrícola........................94
4.1.4 Vigilância Sanitária das Tecnologias Médicas.....................................................................95
4.1.5 Vigilância Sanitária das Tecnologias do Lazer....................................................................96
4.1.6 Vigilância Sanitária das Tecnologias de Educação e Convivência....................................97
4.1.7 Vigilância Sanitária Pós-Comercialização/Pós-Uso (VIGIPÓS) .......................................97
4.2 REDE SENTINELA . ........................................................................................................................98
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................103
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................104

TÓPICO 3 - VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR....................................................105


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................105
2 ASPECTOS CONCEITUAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR.............................................105
3 VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR ......................................................................109
3.1 FINALIDADE E OBJETIVOS DAS AÇÕES DE SAÚDE DO TRABALHADOR...................113
3.2 CENTRO DE REFERÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR - CEREST.........................115
LEITURA COMPLEMENTAR..............................................................................................................116
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................120
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................121

UNIDADE 3 - VIGILÂNCIA AMBIENTAL......................................................................................123

TÓPICO 1 - INTER-RELAÇÃO DO MEIO AMBIENTE E SAÚDE..............................................125


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................125
2 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, MEIO AMBIENTE E SAÚDE...................................125
2.1 PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS E O IMPACTO NA SAÚDE...............................129
2.1.1 Poluição do solo e erosão ....................................................................................................130
2.1.2 Poluição e escassez da água.................................................................................................131
2.1.3 Poluição do ar.........................................................................................................................134
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................138
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................139

VIII
TÓPICO 2 - SISTEMA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL.........................................141
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................141
2 HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL..........................141
3 COMPETÊNCIAS DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL ............................................145
4 FORMAS DE ATUAÇÃO DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL ...............................146
4.1 VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO (VIGIAGUA).............147
4.2 VIGILÂNCIA DA SAÚDE DE POPULAÇÕES EXPOSTAS A POLUENTES
ATMOSFÉRICOS (VIGIAR)..........................................................................................................148
4.3 VIGILÂNCIA EM SAÚDE DAS POPULAÇÕES EXPOSTAS A CONTAMINANTES
QUÍMICOS (VIGIPEQ)..................................................................................................................150
4.4 VIGILÂNCIA EM SAÚDE DE POPULAÇÕES EXPOSTAS A SOLO CONTAMINADO
(VIGISOLO).....................................................................................................................................154
4.5 VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL ASSOCIADA A FATORES FÍSICOS (VIGIFIS)..156
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................160
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................161

TÓPICO 3 - VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL EM


DESASTRES NATURAIS E INDICADORES............................................................163
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................163
2 VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL RELACIONADA A DESASTRES
(VIGIDESASTRES).............................................................................................................................163
2.1 COMPONENTES DO VIGIDESTRE............................................................................................166
2.2 ATUAÇÃO E AÇÕES DESENVOLVIDAS PELO VIGIDESASTRE........................................166
3 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES DA ATUAÇÃO DA
SAÚDE FRENTE AOS DESASTRES...............................................................................................169
LEITURA COMPLEMENTAR..............................................................................................................176
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................179
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................180
REFERÊNCIAS........................................................................................................................................181

IX
X
UNIDADE 1

VIGILÂNCIA EM SAÚDE E
EPIDEMIOLOGIA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender o processo evolutivo da vigilância em saúde;

• compreender a estruturação e financiamento das ações do Sistema de Vi-


gilância e Saúde;

• conhecer e compreender o processo saúde-doença;

• compreender os sistemas de informações em saúde e sua relação com a


vigilância em saúde.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você
encontrará atividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – VIGILÂNCIA EM SAÚDE

TÓPICO 2 – MEDIDAS DE CONTROLE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS

TÓPICO 3 – INDICADORES DE SAÚDE UTILIZADOS NA VIGILÂNCIA


EM SAÚDE

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

VIGILÂNCIA EM SAÚDE

1 INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, mais precisamente após a Revolução Industrial,
a sociedade vive exposta em razão do crescimento desordenado das cidades,
do consumo e produção em massa, favorecida pela utilização de grandes
quantidades de agrotóxicos. Tais exposições aceleram o aparecimento de novas
doenças como a microcefalia, aumento do número de pessoas com câncer e até
mesmo o surgimento de doenças que até então a Organização Mundial da Saúde
(OMS) considerada como erradicadas como por exemplo, surto de sarampo e
febre amarela. Da mesma forma observamos ainda o surgimento e utilização de
medicamentos milagrosos, sem autorização dos órgãos oficiais na busca da cura
de doenças terminais. Situações como estas destacam a importância da vigilância
em saúde para a sociedade.

Assim, neste Tópico apresentaremos os fundamentos da vigilância em


saúde, principais conceitos e a sua evolução no decorrer dos anos. Também
estudaremos sobre o funcionamento do financiamento das ações de vigilância
em saúde no âmbito do SUS e como se dá a sua estruturação nas esferas de gestão.

2 MOVIMENTO HISTÓRICO E CONCEITOS BÁSICOS DE


VIGILÂNCIA EM SAÚDE
Os estudos sobre as epidemias e sua influência sobre a vida da sociedade
é antiga. No antigo testamento já se fazia menção das doenças que assolavam
as pessoas naquela época e, devido a isso elas eram mantidas em isolamento.
Podemos observar na literatura, por exemplo, os escritos sobre os leprosos
na Idade Média. Constata-se na literatura, por exemplo, que na Idade Média,
houve registros sobre a epidemia da lepra, fato que motivou as autoridades a
utilizarem o porto de comércio com o Oriente, localizado em Veneza (1834), como
área de quarentena. Neste período, foi instituído pela primeira vez a notificação
obrigatória desta doença e foram estabelecidas medidas de isolamento tanto para
as pessoas, quanto para as embarcações e mercadorias, surgindo assim a chamada
vigilância (SOLHA; GALEGUILLOS, 2014).

3
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA

NOTA

Quarentena é um “sistema instituído no período da peste, e que consistia em


retirar as pessoas da convivência e em observá-las até se ter certeza de que não estivessem
com a doença, é referida, por exemplo, pelos historiadores contemporâneos como uma
das primeiras contribuições fundamentais à prática da saúde pública” (ROSEN, 1994, p. 63).

No final da Idade Média as epidemias fizeram com que o governo da Europa


Ocidental começasse a estabelecer protocolos e instrumentos de monitoramento
das doenças e aplicação de normas, principalmente para locais como, cemitérios e
os mercados, com o objetivo de evitar que as doenças contagiosas se propagassem.

No Século XVII, o Brasil adotou tais medidas no porto de Recife para evitar
a propagação da febre amarela. A vinda da Coroa Portuguesa para o Brasil, faz
com que em 1889 se estabeleça a primeira Regulamentação dos Serviços de Saúde
dos Portos, normativa esta, semelhante a desenvolvida pelos países europeus,
também com o objetivo de “prevenir a chegada de epidemias e possibilitar um
intercâmbio seguro de mercadorias” (SOLHA; GALEGUILLOS, 2014, p. 12).

Com a chegada da família real ao Brasil incorporou-se a ação de política


médica com a finalidade de vigiar e controlar o aparecimento de epidemias, ou
seja, uma forma de vigiar as cidades através de um controle-profilaxia.

Neste período, as teorias sobre o aparecimento das doenças, eram baseadas


na teoria miasmática. De acordo com a teorias miasmática, o aparecimento das
doenças se dava pelo miasma, e com isso surge a crença de que odores, resíduos
nocivos da atmosfera, do solo e de gases provocam eram responsáveis pelas
doenças.

No final do Século XIX e início do XX, surge a bacteriologia e com isso, se


modifica as ações de intervenção a saúde, mais individual e dirigida ao portador da
doença. E, as doenças pestilenciais (cólera, febre amarela, peste bubônica, varíola)
chamadas de doenças infecciosas e as parasitárias (tuberculose, hanseníase, febre
tifoide) representavam as doenças de maiores expressões e que necessitavam de
maior atenção da saúde pública. Mas, foi em 1904 que se deu a primeira campanha
de combate à febre amarela comandada por Oswaldo Cruz e a obrigatoriedade de
vacinação contra a varíola (ALEXANDRE, 2012).

4
TÓPICO 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE

NOTA

FONTE: <https://bit.ly/2VHSvlo>. Acesso em: 6 abr. 2020.

Oswaldo Gonçalves Cruz – o médico e cientista Oswaldo Gonçalves Cruz nasceu em


São Luís do Paraitinga (SP), em 5 de agosto de 1872. Filho de Bento Gonçalves Cruz e
Amália Bulhões Cruz. Sua família se transferiu para o Rio de Janeiro em 1877 e, na capital,
estudou no Colégio Laure, no Colégio São Pedro de Alcântara e no Externato Dom Pedro II.
Graduou-se na Faculdade de Medicina do Rio de janeiro em 1892, apresentando a tese de
doutoramento A veiculação microbiana pelas águas. Antes de concluir o curso, já publicara
dois artigos sobre microbiologia na revista Brasil Médico.

Em 1923, é criado o Departamento Nacional de Saúde Pública, que tinha


com função a higiene industrial, a saúde dos portos e o combate as endemias ru-
rais. Em 1941 se inicia as campanhas sanitárias e em 1953 foi criado o Ministério
da Saúde.

O grande marco da vigilância veio a ocorrer em 1968, quando a 21ª As-


sembleia Mundial da Saúde adotou o conceito de vigilância populacional, de-
finida como a coleta sistemática e o uso de informação epidemiológica para o
planejamento, implementação e avaliação do controle de doenças. A Assembleia
definiu os três principais aspectos da vigilância: a coleta sistemática de dados
pertinentes; a consolidação e a avaliação ordenada desses dados; e a rápida dis-
seminação dos resultados àqueles que necessitam de conhecê-los para tomada de
decisão (FRANCO NETTO et al., 2017, p. 3139, grifo nosso).

O movimento da vigilância em saúde no Brasil, teve como marco regula-


tório além da consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) pela instituciona-
lidade da Lei 8.080/90 também a criação do Centro Nacional de Epidemiologia
(CENEPI) em 1990, com a estruturação do financiamento das ações de vigilância

5
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA

e controle de doenças no SUS e, mais recentemente, em 2003 a criação da Secreta-


ria de Vigilância em Saúde.

Entre as ações de grande relevância realizadas pelo CENEPI para o for-


talecimento das ações de vigilância, prevenção e controle de doenças no SUS,
destacam-se o programa de formação e capacitação de técnicos vinculados aos
serviços estaduais e municipais de epidemiologia, desenvolvido mediante parce-
rias estabelecidas com instituições acadêmicas; o financiamento de pesquisas; a
busca e o esforço para integrar setores afins; o apoio à organização dos serviços
de vigilância nos níveis estadual e municipal; a tentativa de ampliação do objeto
da vigilância, implantando, pela primeira vez, o monitoramento das doenças e
dos agravos não transmissíveis (BRASIL, 2006, p. 10).

E
IMPORTANT

A Fundação Nacional de Saúde (Funasa) é uma fundação pública federal,


vinculada ao Ministério da Saúde do Brasil. Surgiu com o Decreto nº 100, de 16 de abril de
1991, autorizado pelo Art. 14, da Lei nº 8.029, de 12 de Abril de 1990, como resultado da fusão
de vários segmentos da área de saúde, entre os quais a Fundação Serviços de Saúde Pública
(Fsesp) e a Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucam), duas entidades de
notável tradição e projeção internacional, orgulho do serviço público brasileiro, que contam
com uma bela folha de serviços construída em todo território nacional, além da Secretaria
Nacional de Ações Básicas de Saúde (Snabs) e da Secretaria Nacional de Programas Especiais
de Saúde (Snpes). As ações da Fsesp e da Sucam consistiam no trabalho de prevenção e
combate a doenças, na educação em saúde, na atenção à saúde de populações carentes,
sobretudo aquelas do Norte e Nordeste, no saneamento e no combate e controle de
endemias, além da pesquisa científica e tecnológica voltadas à saúde. Assim, a criação da
Funasa buscou dar continuidade à algumas das ações desenvolvidas por esses órgãos, além
de exercer papel relevante na efetivação da reforma sanitária promovida pelo Ministério da
Saúde e ter ação decisiva na implementação e ampliação do Sistema Único de Saúde (SUS).

FONTE: <http://www.funasa.gov.br/web/guest/a-funasa1>. Acesso em: 6 abr. 2020.

A vigilância é tão relevante para a saúde da sociedade e no contexto de


SUS que teve sua função estabelecida pela Constituição Federal (Seção III), art.
200, Parágrafo II: executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem
como, as de saúde do trabalhador.

De acordo com o Artigo 200 da CF, a vigilância tem a incumbência de


atuar frente a preservação e proteção à saúde, sendo responsável pela fiscalização
e o controle de diversas situações que podem levar à exposição de riscos e
adoecimento da população.

6
TÓPICO 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE

2.1 DESENVOLVIMENTO DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE NO SUS


Com objetivo de aprimorar o processo de descentralização das ações
de vigilância em saúde, em 2004, o Governo Federal publica a Portaria GM/MS
nº 1.172, onde são definidas as atividades sob o título vigilância em saúde, a
saber: vigilância de doenças transmissíveis, vigilância de doenças e agravos não
transmissíveis e de seus fatores de risco, vigilância ambiental em saúde, e análise
de situação de saúde. Já em 2007, por meio da Portaria GM/MS nº 1.956/07, a
gestão federal da saúde do trabalhador é transferida da Secretaria de Atenção à
Saúde para a Secretaria de Vigilância em Saúde.

Os avanços não param por aí, em 2009 com o objetivo de fortalecer as


ações da vigilância em saúde, o Ministério da Saúde pública a Portaria GM
nº 3.253, aprovando as diretrizes para execução e financiamento das ações de
Vigilância em Saúde pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios e dá
outras providências.

De acordo com esta portaria, a vigilância em saúde constitui-se de ações de


promoção da saúde da população, vigilância, proteção, prevenção e controle das
doenças e agravos à saúde, abrangendo: vigilância epidemiológica; promoção da
saúde; vigilância da situação de saúde; vigilância em saúde ambiental; vigilância
da saúde do trabalhador; vigilância sanitária (BRASIL, 2009).

Esta portaria em 2013, foi substituída pela Portaria 1.378, de 9 de julho


de 2013 que regulamenta as responsabilidades e define diretrizes para execução
e financiamento das ações de Vigilância em Saúde pela União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, relativos ao Sistema Nacional de Vigilância em Saúde e
Sistema Nacional de Vigilância Sanitária. A partir desta portaria consolidou-se
o Grupo de Trabalho Tripartite com a finalidade de discutir e elaborar a Política
Nacional de Vigilância em Saúde.

Mas qual é o conceito atualizado de Vigilância em Saúde?

A palavra vigilância remete, inicialmente, a palavra vigiar. Sua origem


vem do latim vigilare, que significa observar atentamente, estar atento, estar de
sentinela. No contexto da saúde, a vigilância em saúde constitui um processo
contínuo e sistemático de coleta, consolidação, análise e disseminação de dados
sobre eventos relacionados saúde, objetivando o planejamento e a implementação
de medidas de saúde pública para a proteção da saúde da população, a prevenção
e controle de riscos, agravos e doenças, bem como para a promoção da saúde
(BRASIL, 2013).

Sua finalidade associada ao planejamento e a implementação de medidas


de saúde pública para:

• Proteção da saúde.
• Prevenção e controle de riscos, agravos e doenças.
• Promoção da saúde.
7
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA

Fazem parte da evolução do conceito de vigilância em saúde os seguintes


marcos legais, conforme descreve Solha (2015):

• 1961: Código Nacional de Saúde.


• 1973 a 1977 - Leis 5991/73; 6360/76; 6368/76: Medicamentos / Lei 6437/77:
Alimentos.
• 1976 – Decreto 79.506 – Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária: Promover,
elaborar, controlar aplicação e fiscalizar “normas e padrões de interesse
sanitários” (Portos, aeroportos e fronteiras; Produtos e exercício profissional
relacionados à saúde).

De acordo com a Portaria 1.378, de 9 de julho de 2013, art. 4, as ações de


Vigilância em Saúde abrangem toda a população brasileira e envolvem práticas e
processos de trabalho voltados para:

I – a vigilância da situação de saúde da população, com a produção de


análises que subsidiem o planejamento, estabelecimento de prioridades e
estratégias, monitoramento e avaliação das ações de saúde pública;
II – a detecção oportuna e adoção de medidas adequadas para a resposta às
emergências de saúde pública;
III – a vigilância, prevenção e controle das doenças transmissíveis;
IV – a vigilância das doenças crônicas não transmissíveis, dos acidentes e
violências;
V – a vigilância de populações expostas a riscos ambientais em saúde;
VI – a vigilância da saúde do trabalhador;
VII – vigilância sanitária dos riscos decorrentes da produção e do uso de
produtos, serviços e tecnologias de interesse a saúde; e
VIII – outras ações de vigilância que, de maneira rotineira e sistemática, podem
ser desenvolvidas em serviços de saúde públicos e privados nos vários
níveis de atenção, laboratórios, ambientes de estudo e trabalho e na própria
comunidade (BRASIL, 2013).

Mas por que é necessário no contexto do SUS as ações de vigilância em


saúde?

Podemos dizer que as vigilâncias em saúde desenvolvem ações que


envolvem conhecimentos e metodologias, que auxiliam as ações de gestão,
identificação e diagnóstico da realidade, identificação de problemas e conflitos
que envolvem a população local, estabelecimento de prioridades de atuação das
equipes de vigilância, e a melhorar aplicabilidade dos recursos para alcançar
resultados efetivos.

8
TÓPICO 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE

DICAS

A SVS publica regularmente análise de situação da saúde. Consulte a


publicação Saúde Brasil no endereço http://portal. saude.gov.br/portal/saude/Gestor/area.
cfm?id_area=1499.

3 ESTRUTURAÇÃO E RESPONSABILIDADE DAS ESFERAS DE


ATUAÇÃO DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE
De acordo com a Constituição Federal de 1988, o Brasil é dividido em entes
federativos (a União, os Estados e os Municípios). Nesta divisão cada uma das
esferas possui autonomia relativa, uma vez que, são independentes um dos outros,
porém, cooperam entre si. Para compreendermos melhor a responsabilidade
de cada um dos entes vamos inicialmente estudar a estruturação do sistema de
Vigilância em Saúde, vamos lá!

3.1 SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE


A partir da criação do Decreto nº 4.726/2003, o Ministério da Saúde é
restruturado, e se cria a Secretaria de Vigilância em Saúde – SVS, que passou a
ter como uma de suas competências a gestão do “Sistema Nacional de Vigilância
Ambiental em Saúde – SINVAS”.

O Sistema Nacional de Vigilância em Saúde foi estruturado a partir da


publicação da Portaria MS nº 1172/2004 que Institui o “Sistema Nacional de
Vigilância em Saúde”, cuja gestão é atribuída à Secretaria de Vigilância em Saúde
e com objetivo de fazer com que o sistema de vigilância funcionasse em todas as
esferas de competência desde o ministério da saúde até o nível local (município),
dividiu-se a vigilância em subsistemas, com objetivos e modos de trabalho de
cada uma das vigilâncias: vigilância sanitária, epidemiológica, ambiental e de
saúde do trabalhador.

No âmbito do Ministério da Saúde, as Vigilâncias estão divididas conforme


imagem a seguir:

9
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA

FIGURA 1 – VIGILÂNCIAS DE SAÚDE

FONTE: A autora

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), possui atividades


especificas que só podem ser realizas por como, por exemplo, o registro de novos
produtos, substâncias e medicamentos; coordenação do sistema nacional da
vigilância sanitária entre outras atividades decorrentes das ações da vigilância
sanitária (SOLHA, 2014).

NOTA

LEI Nº 9.782, DE 26 DE JANEIRO DE 1999 Define o Sistema Nacional de


Vigilância Sanitária, cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e dá outras providências.

A Secretaria de Vigilância a Saúde (SVS/MS) é composta pela vigilância


epidemiológica, ambiental e de saúde do trabalhador, responsáveis por coorde-
nar os programas voltados a prevenção e controle de doenças e o programa na-
cional de imunização.

As vigilâncias em saúde do trabalhador e a ambiental em saúde, mormen-


te quando aborda os fatores não biológicos, apresentam alto potencial de geração
de conflitos, o que não é mitigado pelo fato de, constitucionalmente, o poder de
polícia administrativa estar colocado em outros ministérios. De todo modo, três
das quatro vigilâncias são “vigilâncias do conflito real ou potencial”: a dos pro-
cessos de produção-trabalho (vigilância em saúde do trabalhador); a dos proces-
sos de produção-consumo (vigilância sanitária); e a da exposição a situações de
risco, principalmente a vigilância ambiental, no tocante aos riscos não biológi-
cos. Essas vigilâncias, de modo diverso da epidemiológica, se caracterizam pela
necessidade de forte atuação intersetorial para a efetividade de suas ações (DE
SETA; OLIVEIRA; PEPE, 2017, p. 3227).

10
TÓPICO 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE

Ainda de acordo com esses autores, os dois sistemas nacionais apresen-


taram um desenvolvimento desigual que variaram com o passar dos anos. Eles
destacam que no período de 10997 a 2006, predominou ideia de que vigilância
em saúde seria igual a vigilância em saúde pública, não incluído a regulação da
vigilância sanitária. Após 2007, a concepção de Vigilância em Saúde que inclui a
Vigilância Sanitária, principalmente integrada à atenção básica e, posteriormente,
às redes de atenção (DE SETA; OLIVEIRA; PEPE, 2017).

3.2 RESPONSABILIDADE DAS ESFERAS DE ATUAÇÃO DA


VIGILÂNCIA EM SAÚDE
O planejamento das ações de vigilância em saúde no âmbito do SUS ocor-
rem em todo o território nacional e compreende as três esferas de governo: fede-
ral, estadual e municipal. A atuação da gestão da vigilância e suas responsabili-
dades em cada um dos eixos temáticos são normatizadas através de portaria e
resoluções cuja execução das ações é de responsabilidade dos municípios, junta-
mente com os estados.

De acordo com estas normas e portarias a implementação das ações de


vigilância são definidas, se dão a partir do entendimento de território, ou seja,
um espaço físico onde vivem, trabalham ou transitam os seres humanos que
se relacionam entre si, e que são influenciados por variáveis e alterações que
também podem causar danos à saúde. Neste contexto, o papel da vigilância está
em identificar os riscos e implementar as ações que possam eliminá-los ou mitigá-
los ao máximo, com o objetivo de garantir a qualidade de vida e a segurança da
população (COSTA, 2018).

NOTA

“A territorialização é a base do trabalho das equipes de atenção básica para a


prática da vigilância em saúde, caracterizando-se por um conjunto de ações, no âmbito indi-
vidual e coletivo, que abrangem a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos,
o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde” (BRASIL, 2009, p. 11).

11
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA

NOTA

Considera-se território o bairro, comunidade, fábrica, aeroporto, feira livre,


entre outros.
Dando continuidade aos nossos estudos vamos compreender o papel de cada uma das
vigilâncias e suas responsabilidades no âmbito do SUS. Vamos iniciar nossos estudos
analisando a vigilância epidemiológica.

3.2.1 Vigilância Epidemiológica


A vigilância epidemiológica tem a atribuição e a responsabilidade de
elaborar normas e procedimentos técnicos que dão subsídios a execução de ações
de prevenção e promoção da saúde por meio da imunização e outros tipos de
intervenção que possam eliminar doenças. Desta forma, uma das atribuições, se
não a mais importante, da vigilância epidemiológica em realizar a notificação de
doenças ou agravos junto a autoridade sanitária.

NOTA

A notificação de doenças e agravos também chamada de notificação


compulsória “é definida como a comunicação da sua ocorrência à autoridade sanitária,
feita por profissionais de saúde ou qualquer cidadão para a realização de medidas de
intervenção necessárias” (COSTA, 2018, p. 21).

Desta forma, podemos dizer que a notificação compulsória é a principal


fonte de dados dos sistemas de informação da vigilância epidemiológica, pois
através da ficha de investigação, é que se alimenta o Sistema de Informação de
Agravos de Notificação (SINAN).

DICAS

Para saber mais sobre a Notificação Compulsória, acesse a Portaria nº 204, de 17


de fevereiro 2016, que define a Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos
e eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos e privados em todo o território
nacional, nos termos do anexo, e dá outras providências. Acesse: https://bit.ly/3bFYhcY.

12
TÓPICO 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE

Além disso, a vigilância epidemiológica também atua no campo das


Doenças e Agravos Crônicos Não Transmissíveis (DANT), ou seja, monitora os
atendimentos prestados à população no tratamento de doenças cardiovasculares,
Diabetes tipo I e II, câncer, doenças respiratórias, neuropsiquiátricas entre outras,
que atualmente acometem grande parte da população.

3.2.2 Vigilância Sanitária


Diariamente somos cercados por produtos e serviços que de alguma forma
influenciam de forma positiva ou negativa à saúde humana quando realizamos
nossa higiene pessoal, estamos em nosso ambiente de trabalho ou até mesmo no
momento da nossa alimentação ou buscamos os serviços de saúde para cuidar/
tratar nossa saúde. Todas essas ações estão inseridas no cotidiano da vigilância
sanitária e nem sempre nos damos conta disso.

Pensamos em vigilância sanitária muitas vezes, somente quando ocorre


alguma intercorrência em virtude da alimentação. Porém, a vigilância sanitária
tem várias atribuições que vão desde a fiscalização, a emissão dos alvarás para os
estabelecimentos comerciais até a liberação de um produto para a comercialização.

Assim, neste contexto, cabe à vigilância sanitária a responsabilidade e


atribuição, identificar, avaliar, gerenciar e comunicar os riscos à saúde com o
objetivo de evitar que haja a ocorrência de danos ou agravo a saúde. Desta forma,
toda ocorrência identificada por este órgão é registrada pelo Sistema Nacional de
Vigilância Sanitária (SNVS).

Devido as suas ações de ocuparem problemas complexos e amplos, há a


necessidade de se formar uma equipe de profissional multidisciplinar para que
seja possível lidar com objetos múltiplos e múltiplas intervenções, que devem ser
de caráter intersetorial (COSTA, 2018).

Para que você compreenda melhor a importância da vigilância sanitária,


observe o texto a seguir, que descreve casos de tragédias que poderiam ter sido
evitadas se as ações de vigilância sanitária já estivessem sendo desenvolvidas.

NOTA

Tragédias evitáveis
1996 – 102 idosos morreram na clínica geriátrica Santa Genoveva, na cidade do Rio de
Janeiro, devido à falta de higiene e a outras irregularidades.
1996 – 47 pacientes morreram e outros 120 foram contaminados no Instituto de Doenças
Renais de Caruaru, devido à utilização de água imprópria para hemodiálise.

13
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA

1998 – 14 Mulheres ficaram grávidas, mesmo fazendo uso do anticoncepcional Microvlar.


Ao se analisar o produto consumido, foi constatada a ausência do princípio ativo do
remédio. O evento ficou conhecido como pílula de farinha.
A intensa mobilização social com essas tragédias e a ampla cobertura pela imprensa
pressionaram o governo a criar a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em
1990 através da Portaria Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999.

Podemos observar neste exemplo que muitas fatalidades como esta podem
ser evitadas através das ações que a vigilância sanitária acaba desenvolvendo
no âmbito da saúde pública. Com certeza você já deve ter escutado história
semelhantes a esta e agora já consegue entender como tais ações podem também
promover a saúde.

3.2.3 Vigilância Ambiental


A vigilância ambiental que por atribuição acompanhar e identificar
os fatores determinantes e condicionantes do meio e que interferem na saúde
humana com o objetivo de implementar ações e medidas de prevenção e controle
dos fatores ambientais que possam vir a causar doenças e agravos. Neste sentido,
de acordo com Costa (2018, p. 24) cabe à vigilância ambiental desenvolver
programas estratégicos visando:

[...] produzir e interpretar informações para o planejamento e execu-


ção de ações relativas à promoção da saúde e de prevenção e controle
de doenças relacionadas ao meio ambiente; estabelecer os principais
parâmetros, procedimentos e ações relacionadas à vigilância ambien-
tal; identificar os riscos e divulgar as informações sobre esses fatores
ambientais condicionantes e determinantes de enfermidades; intervir
para eliminar os principais fatores ambientais de riscos à saúde hu-
mana; conhecer e estimular a interação entre saúde, meio ambiente e
desenvolvimento, visando ao fortalecimento da participação da popu-
lação na promoção da saúde e qualidade de vida.

Assim, para garantir seus objetivos e suas atribuições, a vigilância em


saúde é responsável por desenvolver ações em relação aos seguintes programas:
Vigilância da qualidade da água para consumo humano (VIGIAGUA); Vigilância
em saúde de populações expostas à poluição atmosférica (VIGIAR); Vigilância em
saúde de populações expostas a contaminantes químicos (VIGIPEQ); Vigilância
em saúde ambiental dos riscos aos desastres (VIGIDESASTRE): Vigilância em
saúde ambiental associada aos fatores físicos (exposição a radiações ionizantes e
não ionizantes) (VIGIFIS) os quais estudaremos com maior aprofundamento na
Unidade 3 deste livro (BRASIL,2017, on-line).

14
TÓPICO 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE

3.2.4 Vigilância em Saúde do Trabalhador


A vigilância em saúde do trabalhador tem por objetivo realizar intervenção
na promoção da saúde e da morbimortalidade dos trabalhadores, bem como,
identificar, acompanhar e monitorar as doenças e agravos que possam surgir em
decorrência do trabalho.

Assim, de acordo com Costa (2010), dentre os seus objetivos, destacam-


se: “a caracterização do território, perfil social, econômico e ambiental dos
trabalhadores; intervir nos fatores determinantes dos riscos e agravos para
eliminar ou diminuí-los; avaliar o impacto das intervenções para subsidiar o
planejamento do SUS e órgãos competentes nas três esferas de governo”.

4 FINANCIAMENTO DAS AÇÕES DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE


NO BRASIL
A Programação das Ações de Vigilância em Saúde (PAVS) é um conjunto
de ações desenvolvidas o âmbito do SUS e tem por finalidade nortear as ações de
saúde coletiva no sentido da prevenção e controle de doenças, desenvolvidas por
todas as esferas de gestão, mediante um processo de pactuação das atividades.

A Portaria nº 64, de 30 de maio de 2008, estabelece a Programação das


Ações de Vigilância em Saúde (PAVS) como instrumento de planejamento para
definição de um elenco norteador das ações de vigilância em saúde que serão
operacionalizadas pelas três esferas de gestão e dá outras providências. De acordo
com o art. 2º desta portaria, a PAVS está estruturada pelos seguintes eixos:

I. notificação de doenças e agravos;


II. investigação epidemiológica;
III. diagnóstico laboratorial de agravos de saúde pública;
IV. vigilância ambiental;
V. vigilância de doenças transmitidas por vetores e antropozoonoses;
VI. controle de doenças;
VII. imunizações;
VIII. monitoramento de agravos de relevância epidemiológica;
IX. divulgação de informações epidemiológicas;
X. alimentação e manutenção de sistemas de informação;
XII. monitoramento das ações de vigilância em saúde; e
XIII. vigilância sanitária (BRASIL, 2008, documento on-line)

Podemos observar que estes eixos são abrangentes, cabendo a cada esfera
o desenvolvimento de várias ações em atendimento a legislação. Mas, você deve
estar se perguntando, afinal quem financia estas ações de vigilância em saúde?

A Vigilância em Saúde constitui um processo contínuo e sistemático de


coleta, análise e divulgação de dados sobre os eventos adversos relacionados à
15
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA

saúde, com o objetivo de planejar ações que possam contribuir para a proteção
da saúde da população; a prevenção e controle de riscos, agravos e doenças e a
promoção da saúde (UNA-SUS/UFMA, 2016).

O governo federal regularmente transfere recursos do Fundo Nacional


de Saúde para os Estados e Municípios para o desenvolvimento destas ações de
vigilância em saúde conforme determina os arts. 1º a 8º e 1.147 a 1.154 da Portaria
de Consolidação nº 6/GM/MS, de 28 de setembro de 2017, consolidação das
normas sobre o financiamento e a transferência dos recursos federais para as ações
e os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde, regulamenta o financiamento
e a transferência dos recursos federais para as ações e os serviços de saúde, na
forma de blocos de financiamento (Texto adaptado de: https://www.saude.gov.
br/images/pdf/2017/novembro/17/Orientacoes-sobre-os-recursos-transferidos-
no-Bloco-de-Vigilancia-em-Saude.pdf).

“Os recursos do bloco de Vigilância em Saúde serão repassados


mensalmente de forma regular e automática do Fundo Nacional de Saúde para os
fundos de saúde dos Estados, Distrito Federal e Municípios em uma conta única
e específica” (UNA-SUS/UFMA, 2016, p. 54).

FIGURA 2 – RECURSOS DO BLOCO VIGILÂNCIA EM SAÚDE

FONTE: UNA-SUS/UFMA (2016, p. 55)

A Portaria nº 1.378 de 2013, regulamenta as responsabilidades e define


diretrizes para execução e financiamento das ações de vigilância em saúde pela
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, relativos ao Sistema Nacional
de Vigilância em Saúde e Sistema Nacional de Vigilância. Sendo assim, no caso
da Vigilância em Saúde, o financiamento destas ações é organizado no Bloco
Financeiro de Vigilância em Saúde e são constituídos por dois componentes:
(1) componente de vigilância em saúde e (2) componente da vigilância sanitária
conforme observamos na figura a seguir.

16
TÓPICO 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE

FIGURA 3 – BLOCO FINANCEIRO DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE

FONTE: A autora

Podemos observar na figura anterior, que o componente de vigilância


em saúde é constituído por um piso fixo chamado de piso fixo de vigilância em
saúde – (PFVS), um piso variável, denominado de piso variável de vigilância
em saúde – (PVVS) e pela Assistência Financeira aos Agentes de Combate às
Endemias (ACF).

O Piso Fixo de Vigilância em Saúde (PFVS) os recursos devem ser


aplicados em ações de vigilância em saúde, compreendendo a vigilância,
prevenção e controle das doenças transmissíveis; vigilância e prevenção das
doenças e agravos não transmissíveis e dos seus fatores de risco; vigilância de
riscos ambientais em saúde; gestão de sistemas de informação de vigilância
em saúde de âmbito nacional e que possibilitam análises de situação de saúde;
vigilância da saúde do trabalhador e ações de promoção em saúde.

De acordo com art. 16. O PFVS da Portaria nº 1.378 de 2013 compõe-se de


um valor per capita estabelecido com base na estratificação das unidades federadas
em função da situação epidemiológica e grau de dificuldade operacional para a
execução das ações de Vigilância em Saúde (BRASIL, 2013).

Para o Piso Variável de Vigilância em Saúde (PVVS), estão previstos


três incentivos financeiros específicos, recebidos mediante adesão pelos entes
federativos, conforme determina o art. 19;

I. Núcleos Hospitalares de Epidemiologia (NHE).


II. Serviço de Verificação de Óbito (SVO).
III. Registro de Câncer de Base Populacional (RCBP).
IV. Apoio de laboratório para o monitoramento da resistência a inseticidas de
populações de “Aedes aegypti” provenientes de diferentes estados do país.
V. Fator de Incentivo para os Laboratórios Centrais de Saúde Pública (FINLACEN).
VI. Vigilância Epidemiológica da Influenza.
VII. Ações do Projeto Vida no Trânsito.

17
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA

VIII. Ações de Promoção da Saúde do Programa Academia da Saúde (BRASIL,


2013, s.p.).

Enquadra-se também neste contexto, o incentivo destinado as ações de


Vigilância, Prevenção e Controle das DST/Aids e Hepatites Virais que é composto
pela unificação dos seguintes incentivos: (a) Qualificação das Ações de Vigilância
e Promoção da Saúde às DST/AIDS e Hepatites Virais; (b) Casas de Apoio para
Pessoas Vivendo com HIV/AIDS e (c) Fórmula infantil às crianças verticalmente
expostas ao HIV (BRASIL, 2013).

A Assistência Financeira aos Agentes de Combate às Endemias (AFC), é


um recurso definido pela Lei nº 12.994/2014, que institui o piso salarial profissional
nacional para o plano de carreira dos Agentes Comunitários de Saúde e dos
Agentes de Combate às Endemias (ACE), e regulamentado pelo Decreto nº
8.474/2015, que define em seu art. 5º, o valor de 95% (noventa e cinco por cento)
do piso salarial, a ser repassado pela União aos Estados e Municípios, na forma
de assistência financeira complementar, até o quantitativo máximo de ACEs
definido no parâmetro publicado nos arts. 416 a 424 da Portaria de Consolidação
nº 06/GM/MS, de 28/09/2017.

O Componente da Vigilância Sanitária refere-se aos recursos federais


destinados às ações de vigilância sanitária, constituído de:

I - Piso Fixo de Vigilância Sanitária - PFVisa: destinados a Estados, Dis-


trito Federal e Municípios, objetivando o fortalecimento do processo de descen-
tralização, a execução das ações de vigilância sanitária e para a qualificação das
análises laboratoriais de interesse para a vigilância sanitária; e

II - Piso Variável de Vigilância Sanitária - PVVisa: destinados a Estados,


Distrito Federal e Municípios, na forma de incentivos específicos para implemen-
tação de estratégias voltadas à Vigilância Sanitária.

NOTA

Os valores para financiamento das ações de vigilância em saúde serão


ajustados anualmente com base na população estimada pelo IBGE.

De acordo com a Portaria nº 1.378, de 9 de julho de 2013, art. 16, o PFVS


compõe-se de um valor “per capita” estabelecido com base na estratificação das
unidades federadas em função da situação epidemiológica e grau de dificuldade
operacional para a execução das ações de Vigilância em Saúde (BRASIL, 2013).

18
TÓPICO 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE

O parágrafo único do art. 16 desta portaria estabelece que para efeito do


PFVS, as unidades federativas são agrupadas em extratos I, II, III conforme se
observa no quadro a seguir:

QUADRO 1 – AGRUPAMENTO DAS UNIDADES FEDERATIVAS

Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins


Estrato I: e Municípios pertencentes à Amazônia Legal dos Estados do
Maranhão (1) e Mato Grosso (1).
Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão (2), Minas
Estrato II: Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso (2), Paraíba, Pernambuco,
Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Sergipe.
Distrito Federal, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande
Estrato III:
do Sul.
FONTE: Brasil (2013, on-line)

Assim, os recursos que compõe o PFVS, no âmbito da CIB, são distribuídos


considerando os seguintes critérios estabelecidos no art. 17 da Portaria nº 1.378,
de 9 de julho de 2013:

I. As Secretarias Estaduais de Saúde perceberão valores equivalentes a, no


mínimo, 10% (dez por cento) do PFVS atribuído ao Estado correspondente.
II. Cada Município perceberá valores equivalentes a no mínimo 60% (sessenta
por cento) do “per capita” do PFVS atribuído ao Estado correspondente.
III. Cada Capital e Município que compõe sua região metropolitana perceberá
valores equivalentes a no mínimo 80% (oitenta por cento) do “per capita” do
PFVS atribuído ao Estado correspondente (BRASIL, 2013ª, s.p., grifo nosso).

Mas no que estes valores de incentivos podem ser aplicados? Os recursos


podem ser aplicados em custeio e de capital. Assim, os recursos podem ser
aplicados de acordo com o descrito no quadro a seguir:

QUADRO 2 – DESCRIÇÃO DA APLICAÇÃO DOS RECURSOS E INCENTIVOS DA


VIGILÂNCIA EM SAÚDE
Contratação de recursos humanos para desenvolver atividades
na área de controle de endemias.
Gratificações para recursos humanos que estejam desenvolvendo
atividades na área da Vigilância em Saúde.
RECURSOS Capacitações específicas com conteúdo da Vigilância em Saúde
HUMANOS para todos os profissionais, inclusive os que desenvolvem
atividades na rede assistencial.
Participação em seminários, congressos de saúde coletiva, epide-
miologia, medicina tropical e outros onde sejam apresentados e
discutidos temas relacionados à Vigilância em Saúde.

19
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA

Diárias para deslocamento de servidores de atividades inerentes


à Vigilância em Saúde, bem como para participação em eventos
ligados à área.
Pagamento de provedor de internet para viabilizar envio de ban-
cos de dados à Secretaria Estadual de Saúde, além de pesquisa e
troca de informações técnicas.
SERVIÇOS Confecção e reprodução de material informativo educativo (fol-
DE ders, cartazes, cartilhas, faixas, banner etc.) e técnico (manuais,
TERCEIROS guias de vigilância epidemiológica).
Manutenção de veículos e equipamentos utilizados nas ações da
Vigilância em Saúde.
Pagamento de estadia, alimentação e locais para a realização de
capacitações, eventos e atividades da Vigilância em Saúde.
Pagamento de assessorias, consultorias e horas-aula em ações de
interesse da Vigilância em Saúde.
Aluguel de imóveis com atividades próprias da Vigilância em
Saúde.
Peças, combustíveis (óleo diesel, gasolina, álcool) e lubrificantes
para manutenção de veículos.
Isopor, termômetro, bobinas de gelo reciclável e outros insumos
para rede de frio, conservação de imunobiológicos e amostras de
MATERIAL laboratório.
DE Materiais, peças e outros insumos para atividades de laboratório
CONSUMO de saúde pública.
Compra de equipamentos de proteção individual (EPI) para ati-
vidades de controle de vetores (competências definidas na Porta-
ria MS nº 1.172/04).
Reposição de peças para equipamentos de aspersão.
Lâminas, lamínulas, estiletes e papel filtro.
Material de escritório.
FONTE: Brasil (2013, on-line)

DICAS

Para você aprofundar seus conhecimentos em relação ao financiamento das


ações de vigilância em saúde, acesse as portarias:

PORTARIA Nº 48, DE 20 DE JANEIRO DE 2015


Habilita os entes federativos ao recebimento do incentivo financeiro de custeio para im-
plantação e manutenção de ações e serviços públicos estratégicos de Vigilância em Saúde
(BRASIL, 2015).

PORTARIA Nº 56, DE 29 DE JANEIRO DE 2015


Autoriza o repasse dos valores de recursos federais, relativos ao incentivo financeiro de cus-

20
TÓPICO 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE

teio para implantação e manutenção de ações e serviços públicos estratégicos de Vigilância


em Saúde, aos Fundos Estaduais, Distrital e Municipais de Saúde (BRASIL, 2015).

PORTARIA Nº 183, DE 30 DE JANEIRO DE 2014


Regulamenta o incentivo financeiro de custeio para implantação e manutenção de ações e
serviços públicos estratégicos de Vigilância em Saúde, previsto no art. 18, inciso I, da Porta-
ria nº 1.378/GM/MS, de 9 de julho de 2013, com a definição dos critérios de financiamento,
monitoramento e avaliação (BRASIL, 2014).

Em relação aos papéis referentes ao planejamento e fiscalização da


execução orçamentária previstos pela Lei Federal nº 8.080/90, pela Lei Federal nº
8.142/90 e pela Resolução nº 453 de 10 de maio de 2012, do Conselho Nacional de
Saúde, temos como embasamento legal:

• Constituição Federal do Brasil de 1988 (CF-88).


• Lei Federal nº 8.080/90, caput do artigo 36 e parágrafos 1º e 2º.
• Lei Federal nº 8.142/90, parágrafo 2º do artigo 1º.
• Resolução nº 453/2012.
• Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101/00).
• Lei Federal nº 8.689/93 (Lei nº 8.689/93).
• Portaria MOG nº 42/99 (Portaria nº 42/99).
• Portaria Interministerial STN/SOF nº 163/2001 (Portaria nº 163/2001).
• Portarias MS: Portaria nº 2.135/2013 (revoga as portarias nº 3.085/2006, nº
3.332/2006 e nº 3.176/2008), nº 2.053/2013, nº 204/2007, e nº 837/2009.

Caro acadêmico, chegamos ao final do Tópico 1 da Unidade 1 deste


livro. Convido você para darmos sequência aos nossos estudos compreendendo
o universo das doenças e agravos, que de alguma forma podem comprometer
nossa qualidade de vida do cuidado preventivo e que justificam a existência da
vigilância em saúde no âmbito do SUS. Vamos lá!

21
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA

LEITURA COMPLEMENTAR

Vigilância em saúde

Maurício Monken Carlos Batistella

Aspectos históricos

A expressão ‘vigilância em saúde’ remete, inicialmente, à palavra vigiar.


Sua origem – do latim vigilare – significa, de acordo com o Dicionário Aurélio,
observar atentamente, estar atento a, atentar em, estar de sentinela, procurar,
campear, cuidar, precaver-se, acautelar-se. No campo da saúde, a ‘vigilância’ está
historicamente relacionada aos conceitos de saúde e doença presentes em cada
época e lugar, às práticas de atenção aos doentes e aos mecanismos adotados para
tentar impedir a disseminação das doenças.

O isolamento é uma das práticas mais antigas de intervenção social relativa


à saúde dos homens (Rosen, 1994; Scliar, 2002; Brasil, 2005). No final da Idade
Média, o modelo médico e político de intervenção que surgia para a organização
sanitária das cidades deslocava-se do isolamento para a quarentena. Três
experiências iniciadas no Século XVIII, na Europa, irão constituir os elementos
centrais das atuais práticas da ‘vigilância em saúde’: a medicina de estado, na
Alemanha; a medicina urbana, na França; e a medicina social, na Inglaterra
(Foucault, 1982).

O desenvolvimento das investigações no campo das doenças infecciosas e


o advento da bacteriologia, em meados do Século XIX, resultaram no aparecimento
de novas e mais eficazes medidas de controle, entre elas a vacinação, iniciando
uma nova prática de controle das doenças, com repercussões na forma de
organização de serviços e ações em saúde coletiva (Brasil, 2005). Surge, então, em
saúde pública, o conceito de “vigilância”, definido pela específica, mas limitada,
função de observar contatos de pacientes atingidos pelas denominadas “doenças
pestilenciais” (Waldman, 1998).

A partir da década de 1950, o conceito de ‘vigilância’ é modificado,


deixando de ser aplicado no sentido da ‘observação sistemática de contatos de
doentes’, para ter significado mais amplo, o de ‘acompanhamento sistemático
de eventos adversos à saúde na comunidade’, com o propósito de aprimorar as
medidas de controle (Waldman, 1998).

Em 1963, Alexander Langmuir, conceituou ‘vigilância em saúde’ como


a “observação contínua da distribuição e tendências da incidência de doenças
mediante a coleta sistemática, consolidação e avaliação de informes de morbidade
e mortalidade, assim como de outros dados relevantes, e a regular disseminação
dessas informações a todos os que necessitam conhecê-la” (Brasil, 2005).

22
TÓPICO 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE

Esta noção de ‘vigilância’, ainda presente nos dias atuais, baseada na


produção, análise e disseminação de informações em saúde, restringe-se ao
assessoramento das autoridades sanitárias quanto à necessidade de medidas de
controle, deixando a decisão e a operacionalização dessas medidas a cargo das
próprias autoridades sanitárias (Waldman, 1998).

Em 1964, Karel Raska, propõe o qualificativo ‘epidemiológica’ ao conceito


de ‘vigilância’ – designação consagrada no ano seguinte com a criação da
Unidade de Vigilância Epidemiológica da Divisão de Doenças Transmissíveis da
Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 1968, a 21ª Assembleia Mundial da
Saúde promove ampla discussão sobre a aplicação da ‘vigilância’ no campo da
saúde pública, que resulta em uma visão mais abrangente desse instrumento, com
recomendação de sua utilização não só em doenças transmissíveis, mas também
em outros eventos adversos à saúde (Waldman, 1998).

Um dos principais fatores que propiciaram a disseminação da ‘vigilância’


como instrumento em todo o mundo foi a ‘campanha de erradicação da varíola’,
nas décadas de 1960 e 1970. Neste período, no Brasil, a organização do Sistema
Nacional de Vigilância Epidemiológica (1975), se dá através da instituição do
Sistema de Notificação Compulsória de Doenças. Em 1976, é criada a Secretaria
Nacional de Vigilância Sanitária. No caso da vigilância ambiental, começou a ser
pensada e discutida, a partir da década de 1990, especialmente com o advento do
Projeto de Estruturação do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde - VIGISUS
(Brasil, 1998; EPSJV, 2002).

O debate atual

As discussões que se intensificaram a partir da década de 1990 em torno


da reorganização do sistema de ‘vigilância epidemiológica’, tornando possível
conceber a proposta de ação baseada na ‘vigilância da saúde’, continham pelo
menos três elementos que deveriam estar integrados: 1) a ‘vigilância’ de efeitos
sobre a saúde, como agravos e doenças, tarefa tradicionalmente realizada pela
‘vigilância epidemiológica’; 2) a ‘vigilância’ de perigos, como agentes químicos,
físicos e biológicos que possam ocasionar doenças e agravos, tarefa tradicionalmente
realizada pela ‘vigilância sanitária’; 3) a ‘vigilância’ de exposições, através do
monitoramento da exposição de indivíduos ou grupos populacionais a um agente
ambiental ou seus efeitos clinicamente ainda não aparentes (subclínicos ou pré-
clínicos), este último se coloca como o principal desafio para a estruturação da
‘vigilância ambiental’ (Freitas & Freitas, 2005; EPSJV, 2002).

No Brasil, o processo de implantação dos distritos sanitários buscava


organizar os esforços para redefinir as práticas de saúde, tentando articular a
epidemiologia, o planejamento e a organização dos serviços (Teixeira, 2000).
Naquele momento, a preocupação incidia sobre a possibilidade de reorganizar
a prestação dos serviços, buscando a integração das diferentes lógicas existentes:
a atenção à demanda espontânea, os programas especiais e a oferta organizada
dos serviços, com base na identificação das necessidades de saúde da população.

23
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA

A excessiva fragmentação observada na institucionalização das ações de


‘vigilância’ (epidemiológica, sanitária e ambiental) também é criticada no âmbito
de sua construção conceitual.

Três vertentes apontam diferentes concepções em torno da noção de


‘vigilância em saúde’: uma primeira, que a entende como sinônimo de ‘análise
de situações de saúde’, embora amplie o objeto da ‘vigilância epidemiológica’,
abarcando não só as doenças transmissíveis, não incorpora as ações voltadas
ao enfrentamento dos problemas. A segunda vertente concebe a ‘vigilância
em saúde’ como integração institucional entre a ‘vigilância epidemiológica’
e a ‘vigilância sanitária’, resultando em reformas administrativas e, em alguns
casos, no fortalecimento das ações de ‘vigilância sanitária’ e na articulação com
os centros de saúde. Por fim, a terceira noção concebe a ‘vigilância em saúde’
como uma proposta de redefinição das práticas sanitárias, organizando processos
de trabalho em saúde sob a forma de operações para enfrentar problemas que
requerem atenção e acompanhamento contínuos. Estas operações devem se dar
em territórios delimitados, nos diferentes períodos do processo saúde-doença,
requerendo a combinação de diferentes tecnologias (Teixeira, Paim & Vilasboas,
1998). Nesta última concepção são revistos os sujeitos, os objetos, meios de
trabalho e as formas de organização dos processos de trabalho envolvidos.

De acordo com Teixeira, Paim e Vilasboas (1998), o sistema de saúde


brasileiro após a constituição de 1988 vem buscando construir modelos de atenção
que respondam de forma eficaz e efetiva às reais necessidades da população
brasileira, seja em sua totalidade, seja em suas especificidades locais. Os modelos
hegemônicos atuais – o médico-assistencial, pautado na assistência médica e no
hospital, e o modelo sanitarista, baseado em campanhas, programas e em ações
de ‘vigilância epidemiológica’ e ‘sanitária’ – não conseguem mais responder
à complexidade e diversidade dos problemas de saúde que circunscrevem o
cidadão comum nesse início de século.

A busca por modelos alternativos que, sem negar os anteriores, conjuguem


as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde a outras formas de
cuidado voltadas para qualidade de vida das coletividades, incorporando atores
sociais antes excluídos do processo de produção da saúde, é estratégia para
superar o ciclo biologicista, antropocêntrico, medicalizante e iatrogênico em que
se encontra o sistema de saúde há quase um século.

A ‘vigilância em saúde’, entendida como rearticulação de saberes e de


práticas sanitárias, indica um caminho fértil para a consolidação do ideário e
princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). Apoiada no conceito positivo do
processo saúde-enfermidade, ela desloca radicalmente o olhar sobre o objeto da
saúde pública – da doença para o modo de vida (as condições e estilos de vida)
das pessoas. Entendida como uma ‘proposta de ação’ e uma ‘área de práticas’,
a ‘vigilância em saúde’ apresenta as seguintes características: intervenção sobre
problemas de saúde que requerem atenção e acompanhamento contínuos; adoção
do conceito de risco; articulação entre ações promocionais, preventivas, curativas

24
TÓPICO 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE

e reabilitadoras; atuação intersetorial; ação sobre o território; e intervenção sob a


forma de operações (Paim & Almeida Filho, 2000).

Fundamentada em diferentes disciplinas (epidemiologia, geografia


crítica, planificação em saúde, ciências sociais, pedagogia, comunicação etc.), a
‘vigilância em saúde’ recorre a uma ‘associação de tecnologias’ (materiais e não
materiais) para enfrentar problemas (danos e riscos), necessidades e determinantes
socioambientais da saúde. Como combinação tecnológica estruturada para
resolver questões postas pela realidade de saúde, a ‘vigilância em saúde’ tem sido
reconhecida como um ‘modelo de atenção’ ou como um ‘modo tecnológico de
intervenção em saúde’ (Paim & Almeida Filho, 2000) ou uma via para a construção
e a implementação da diretriz da integralidade.

O pensar sistemático sobre o conhecimento, o objeto e o trabalho em


saúde dão suporte para a operacionalização do trinômio ‘informação-decisão-
ação’, dimensões estratégicas para o planejamento. Esta reflexão coloca tanto
para o diagnóstico quanto para a ação a importância do olhar de cada ator social
sobre o seu cotidiano. Portanto, os processos de trabalho da ‘vigilância em saúde’
apontam para o desenvolvimento de ações intersetoriais, visando responder com
efetividade e eficácia aos problemas e necessidades de saúde de populações e de
seus contextos geradores.

Para Carvalho (2005), embora a corrente da ‘vigilância em saúde’ venha


contribuindo para a consolidação do SUS e aponte corretamente para a reorganiza-
ção do modelo assistencial, é preciso indicar suas debilidades teóricas e práticas. A
‘vigilância em saúde’ tenderia a desconsiderar a importância do saber clínico acu-
mulado ao longo da história, dando ênfase demasiada ao papel da epidemiologia
e do planejamento na determinação das necessidades de saúde. O autor assinala
ainda a subordinação do universo do sofrimento à lógica dos fatores e condições
de risco presente na proposta da ‘vigilância em saúde’. Em nome do coletivo, esta
tenderia a desconsiderar os planos do desejo e do interesse individual que confor-
mam o sujeito. Por fim, à ênfase dada ao método epidemiológico na priorização
dos problemas de saúde põe em questão a afirmação de que a ‘vigilância em saúde’
teria como objeto a saúde e não a doença.

Outra vertente de crítica diz respeito à intersetorialidade. Para Lefévre


e Lefévre (2004), ao afirmar que a saúde é responsabilidade de todos setores
(habitação, emprego, renda, meio ambiente etc.), a ‘vigilância em saúde’ esvaziaria
a ação específica do setor saúde em detrimento de ações políticas globais com alto
grau de generalidade.

FONTE: BATISTELLA, M. M. C. Vigilância em saúde. 2019. Disponível em: http://www.sites.epsjv.


fiocruz.br/dicionario/verbetes/vigsau.html>. Acesso em: 2 abr. 2020.

25
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• No decorrer dos anos houve um movimento histórico sobre as ações de


vigilância em saúde.

• Em 2004, o Governo Federal publica a Portaria GM/MS nº 1.172, onde são


definidas as atividades sob o título vigilância em saúde.

• A Secretaria de Vigilância a Saúde (SVS/MS) é composta pela vigilância


epidemiológica, ambiental e de saúde do trabalhador.

• A vigilância epidemiológica tem a atribuição e a responsabilidade de elaborar


normas e procedimentos técnicos que dão subsídios a execução de ações de
prevenção e promoção da saúde por meio da imunização.

• Cabe à vigilância sanitária a responsabilidade e atribuição de identificar,


avaliar, gerenciar e comunicar os riscos à saúde.

• A vigilância ambiental tem, por atribuição, acompanhar e identificar os fatores


determinantes e condicionantes do meio e que interferem na saúde humana.

• A vigilância em saúde do trabalhador tem por objetivo realizar intervenção na


promoção da saúde e da morbimortalidade dos trabalhadores.

• A Portaria nº 64, de 30 de maio de 2008, estabelece a Programação das Ações de


Vigilância em Saúde (PAVS) como instrumento de planejamento para definição
de um elenco norteador das ações de vigilância em saúde.

26
AUTOATIVIDADE

1 A vigilância em saúde tem várias funções no contexto da saúde pública. En-


tretanto, uma atividade é comum a toda vigilância em saúde. Analise as prepo-
sições a seguir e assinale a alternativa correta:

a) Fazer somente notificação dos agravos a saúde.


b) Mapear área de riscos ambientais e analisar dados.
c) Desenvolver atividades de investigação, identificar riscos ou agravos, imple-
mentar ações.
d) Levantar incidência ou analisar dados socioeconômicos.

2 Analise o conceito a seguir: “sistema instituído no período da peste, e que


consistia em retirar as pessoas da convivência e em observá-las até se ter certe-
za de que não estivessem com a doença, é referida, por exemplo, pelos historia-
dores contemporâneos como uma das primeiras contribuições fundamentais à
prática da saúde pública” (ROSEN, 1994, p. 63). Assinale a alternativa correta
em relação ao conceito:

a) Esse conceito refere-se o período da febre amarela.


b) O conceito refere-se ao período de quarentena.
c) O conceito é relacionado aos determinantes de saúde.
d) O conceito é relacionado ao período da peste negra.

3 A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) possui atividades es-


pecificas que só podem ser realizas por ela. Analise as preposições a seguir em
relação a essas atividades:

I- O registro de novos produtos, substâncias e medicamentos;


II- A coordenação do sistema nacional da vigilância sanitária;
III- Desenvolver o perfil epidemiológico das populações vulneráveis;
IV- Proibir a fabricação, distribuição e armazenamento de produtos que pos-
sam causar danos à saúde; as atividades de investigação.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) Somente a alternativa I está correta.


b) As alternativas I, II, III estão corretas.
c) As alternativas I, II e IV estão corretas.
d) As alternativas III e IV estão corretas.

27
4 O incentivo destinado às ações de Vigilância, Prevenção e Controle das DST/
Aids e Hepatites Virais é composto pela unificação de alguns incentivos. Em
relação a esses incentivos, analise as alternativas a seguir:

I- Qualificação das Ações de Vigilância e Promoção da Saúde às DST/AIDS e


Hepatites Virais.
II- Casas de Apoio para Pessoas Vivendo com HIV/AIDS.
III- Fórmula infantil às crianças verticalmente expostas ao vírus HIV/IADS.
IV- Vacinas para rubéola.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) Somente a alternativa I está correta.


b) As alternativas I, II, IV estão corretas.
c) As alternativas I, II e III estão corretas.
d) As alternativas III e IV estão corretas.

28
UNIDADE 1
TÓPICO 2

MEDIDAS DE CONTROLE E PREVENÇÃO


DE DOENÇAS

1 INTRODUÇÃO
A melhoria da saúde humana sempre foi um tema muito discutido, e com-
plexo, visto que a sociedade gasta sua energia e esforço para compreender e in-
tervir nos processos que causam adoecimento, sofrimento e dor. Entretanto, nas
últimas décadas a preocupação da sociedade está voltada mais para as questões de
prevenção e formas de promoção do que somente a cura das doenças. Nas novas
formas de viver em sociedade trouxeram à tona uma a preocupação em se pensar
ações antecipadas que possam inibir o aparecimento e progressão de doenças.

O avanço tecnológico no campo da saúde associado aos resultados de


pesquisa e até mesmo da medicina baseada em evidência tem gerado diversas
medidas de proteção à saúde e combate às doenças, considerando os seus fatores
e determinantes.

Assim, nosso objetivo neste Tópico 2 é compreender qual o papel do cui-


dado preventivo no contexto do processo saúde-doença e sua relação com a vigi-
lância em saúde.

2 FUNDAMENTOS BÁSICOS DA PREVENÇÃO E PROMOÇÃO


NA SAÚDE
O processo de adoecimento sempre fez parte da relação do homem com
seu meio, e traz grandes impactos na vida das populações. E, por este motivo,
as medidas de prevenção e promoção da saúde ainda são desafiadoras para os
sistemas de saúde.

2.1 PREVENÇÃO DA SAÚDE


O processo saúde-doença é complexo, e por isso, que mesmo depois de anos
de pesquisa ainda se diz que não é possível explicar a saúde ou a doença a partir de
um único ponto de vista. No decorrer da evolução deste processo, vários modelos
teóricos foram desenvolvidos e reforçaram a ideia de que o corpo humano é uma
máquina e que a doença representa uma falha nesta máquina ou em parte dela.

29
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA

Assim, nos períodos distintos da vida em sociedade a saúde e o seu con-


ceito passaram por um processo evolutivo desde a chamada visão mágica, nos
primórdios da civilização, ou seja, neste período a doença era vista como algo
natural que simplesmente acontecia, cujas explicações variavam de acordo com a
cultura e os costumes da comunidade local.

Na Civilização Grega, a saúde foi explicada a partir das conclusões ad-


vindas dos homens e sua relação com a natureza. Destaca-se nesse período os
escritos de Hipócrates em seu tratado Ares Aguas e Lugares em que descreve a
relação do homem e o seu modo de vida, apresentando a doença como um resul-
tado dessas relações.

Na Idade Média, as explicações para a o aparecimento das doenças foram


vinculadas as más condições de higiene, principalmente pela igreja, que a relaciona-
va a um castigo divino. Nos dias atuais, ainda é possível identificar populações que
explicam a cura das doenças a partir de rituais religiosos ou pela crendice popular.

No decorrer do Século XV, com a ruptura entre a Igreja e poder público,


os estudos biológicos cresceram com maior rapidez, proporcionando o desenvol-
vimento de equipamentos e pesquisas, que por sua vez, possibilitou aos cientistas
europeus o conhecimento mais aprofundado do homem e seu interior.

Foi a partir da Revolução Industrial (segunda metade do Século XVIII) que


nasce a medicina social, responsável por discutir o processo de adoecimento a par-
tir das condições de vida das pessoas. Ainda se destaca, nesta evolução histórica, a
era bacteriológica, em que houve a comprovação de que algumas doenças estavam
relacionadas à presença de germes, porém, não foi capaz de explicar a complexida-
de do adoecimento em meados do Século XX (SOLHA, 2014; OPAS, 2010).

Neste contexto, novas teorias foram sendo criadas, considerando a mul-


ticausalidade (modelo multicausal) do processo de adoecimento. A mais conhe-
cida e utilizada ainda nos dias atuais é a História Natural da Doença proposta
pelos pesquisadores Leavell e Clark, em 1965. De acordo com esses pesquisado-
res a doença apresenta duas fases: Pré-patogênese e Patogênese (COSTA, 2018).

A fase pré-patogênese precede a instalação da doença no organismo. É nela


que ocorre a interação entre os agentes patogênicos, o ambiente e o suscetível.

Já a fase patogênese compreende o período no qual a doença já está insta-


lada no organismo e surgem as primeiras alterações, sendo que os resultados des-
te processo podem resultar em cura, cronificação da doença, sequelas e/ou morte.

Com base nesta lógica de desenvolvimento das doenças os pesquisadores


Leavell e Clark propuseram a classificação das ações preventivas em três níveis
descritos por Costa (2018):

Prevenção Primária: visa implementar ações para atuar no controle dos


fatores pré-patogênicos, aumentando a capacidade da pessoa se manter livre de
doenças.

30
TÓPICO 2 | MEDIDAS DE CONTROLE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS

Prevenção secundária: desenvolver ações que possam detectar precoce-


mente doenças e iniciar o tratamento adequado para evitar complicações, agra-
vos e/ou a morte.

Prevenção terciária: consiste na prevenção ou no tratamento doenças já


instaladas minimizando os danos e as incapacidades causadas pela doença.

Você pode observar que cada uma das etapas apresentadas está voltada
para o desenvolvimento da doença. Esses cuidados preventivos podem ser reali-
zados por meio de ações individuais, coletivas e comunitárias e tais ações devem
incluir outros cuidados vinculados aos determinantes da saúde como: consumo
de água potável, alimentação, saneamento básico, recolhimento e destinação cor-
reta do lixo, prevenção de acidentes, proteção infantil e garantia de acesso aos
serviços de saúde, indo além dos cuidados apenas com as doenças infecciosas e
não infecciosas de todos os níveis de atenção à saúde.

Você sabe o que os determinantes de saúde? Determinantes Sociais de


Saúde são “[...] fatores sociais, econômicos ou comportamentais que influenciam
a saúde, positiva ou negativamente, e que podem ser influenciados por decisões
políticas ou individuais, ao contrário da idade, sexo e fatores genéticos que in-
fluenciam à saúde, mas não são modificáveis por essa decisão” (PELLEGRINI
FILHO, 2011, s.p.).

Na figura a seguir podemos observar todos os fatores que integram os


determinantes de saúde.

FIGURA 4 – DETERMINANTES DE SAÚDE – MODELO DE DAHLGREN E WHITEHEAD

FONTE: <https://bit.ly/2KJnVBr>. Acesso em: 3 abr. 2020.

31
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA

Ao analisar os determinantes sociais de saúde é possível planejar ações


que permitam a intervenção e a ampliação das políticas púbicas com mais
equidade, de forma a reduzir as iniquidades e desigualdades existentes no
contexto atual. Sendo assim, o conceito de epidemiologia vai além dos fatores
de risco, é necessário compreender a determinação social da saúde de forma
ampliada e politicamente construída envolvendo a “caracterização da saúde e
da doença mediante fenômenos que são próprios dos modos de convivência do
homem, um ente que trabalha e desfruta da vida compartilhada com os outros,
um ente político, na medida em que habita a polis, como afirmava Aristóteles”
(NOGUEIRA, 2010, p. 9).

DICAS

Antes de seguirmos, sugerimos que você amplie seu conhecimento assistindo


ao vídeo Determinantes sociais de saúde. Trata-se de uma entrevista com o professor e
pesquisador Dr. Alberto Pellegrini Filho, da Fundação Oswaldo Cruz: https://www.youtube.
com/watch?v=gmThUIr0tJc.

No Brasil, a implementação ações de prevenção de doenças tem sido


cada vez mais complexo, visto que o perfil e longevidade da população vem
acompanhado do aumento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT)
por causa do envelhecimento e dos maus hábitos de vida da população.
Simultaneamente, a este cenário, ainda se destacam o surgimento e aumento das
doenças transmissíveis que tem crescido a cada ano.

Voltando um pouco no tempo, podemos dizer que o perfil epidemiológico


do Brasil sempre foi complexo. Na década de 1930, as doenças infecciosas eram
responsáveis por aproximadamente 46% das mortes nas capitais brasileiras. Com
o avanço da medicina, esse cenário com o passar dos anos apresentou progressiva
melhora, e em 2003, por exemplo essas mesmas doenças responderam apenas
por cerca de 5% (BRASIL, 2005). Hoje outras doenças que no passado passavam
despercebidas, encontram-se no ranking das doenças que mais causam mortes,
como por exemplo, as doenças cardiovasculares que já ocupam o primeiro lugar
nas causas de mortes no país, seguido pelas doenças cancerígenas e as ocasionadas
por acidentes e violência (FREIRE et al., 2017).

Um estudo realizado pelo Ministério da Saúde, intitulado Saúde Brasil


2018, avaliando a situação de saúde e das doenças e agravos crônicos destaca que:

No Brasil, a taxa de mortalidade prematura por DCNT apresentou ten-


dência decrescente de 2000 a 2014, com redução média de 4,2% ao ano.
Contudo, foram observadas algumas desigualdades, como maiores ta-
xas na Região Nordeste e no sexo masculino. Apesar dessa importante

32
TÓPICO 2 | MEDIDAS DE CONTROLE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS

redução, a taxa ainda permaneceu alta no País, permanecendo desa-


fios específicos como, por exemplo, o enfrentamento às neoplasias e ao
diabetes (BRASIL, 2019, p. 76).

O estudo ainda demonstra que as causas externas, ou seja, aquelas oca-


sionadas por violência e acidentes de trânsito contabilizaram aproximadamente
meio milhão de mortes no Brasil (484.917) em 2016. “Cerca de 30% delas aconte-
ceram por acidentes de trânsito, em ambos os sexos. Lesões decorrentes de aci-
dentes de trânsito também estiveram entre as dez principais causas de morte nos
países de renda baixa, média-baixa e média-alta” (BRASIL, 2019, p. 89).

Todas essas alterações associadas aos hábitos da modernidade, desen-


cadeiam um novo perfil epidemiológico da população e um caótico cenário da
saúde pública, baseado em doenças multifatoriais que perpetuam ao longo da
vida dos indivíduos e de origem não infecciosa. Preocupado com este cenário, o
Brasil por meio de Estratégias para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não
Transmissíveis, define e prioriza ações de investimentos no enfrentamento destas
doenças até 2024, tanto no desenvolvimento de políticas púbicas como em ações
de prevenção aos fatores de risco e controle (MONTIJO, 2014).

NOTA

O estudo Saúde Brasil vem sendo desenvolvido anualmente desde 2004 pela
Secretaria de Vigilância em Saúde e apresenta um panorama da situação de saúde nas
regiões brasileiras.

Tal cenário tem se tornado um desafio para as políticas de saúde em todo


país, apesar da gravidade do cenário apresentado das DCNT e do aumento de
sua incidência, grande parte dessas doenças poderia ser evitada. Desde 1970,
não somente no Brasil, mas em diversos países, com o objetivo de melhorar este
cenário, reduzindo os níveis de morbidade e mortalidade, vários programas de
intervenção de base comunitária que integrem promoção de saúde e prevenção
de doenças e agravos têm sido introduzidos no âmbito da saúde pública.

Da mesma forma, neste contexto muito se fala em promoção da saúde


como sendo uma forma de prevenir as doenças, porém, se trata de conceitos
diferentes embora ambas sejam importantes para a condição de saúde. Assim, é
muito importante que tenhamos claro qual o papel desempenhado por cada um
destes conceitos.

A prevenção de doenças, trabalha no sentido de garantir proteção a


doenças específicas, reduzindo sua incidência e prevalência nas populações, já, a
promoção da saúde visa incrementar a saúde e o bem-estar gerais, promovendo

33
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA

mudanças nas condições de vida e de trabalho capazes de beneficiar a saúde


de camadas mais amplas da população, ou seja, facilitar o acesso às escolhas
mais saudáveis. Ou seja, no contexto da promoção da saúde, o enfoque é mais
abrangente e não apresentar doença é apenas um dos fatores conforme veremos
mais à frente.

Como vimos anteriormente todos serviços de saúde nos diferentes níveis


de atenção realizam ações de prevenção em saúde. Vamos pegar o exemplo da
Diabetes Mellitus, podemos ver que todo processo de prevenção inicia na aten-
ção primária com ações educativas, princípios de alimentação saudável, estímulo
a realização de atividades físicas, controle de peso e outros fatores de risco. Já na
atenção secundária, as ações compreendem o controle glicêmico, tratamento da do-
ença, acompanhamento para evitar sequelas e, na atenção terciária, estão as ações
voltadas ao tratamento de sequelas e a reabilitação para integrar o indivíduo a so-
ciedade, completando desta forma todo o ciclo da prevenção em torno da doença.

2.2 PROMOÇÃO DA SAÚDE


O conceito de promoção da saúde é antigo e nos últimos 70 anos vem
passando por um processo de lapidação por especialistas da saúde pública. O
conceito de promoção da saúde tradicional foi definido inicialmente a partir do
modelo de Leavell & Clark na década de 1940, no esquema da História Natural
da Doença como um dos elementos do nível primário de atenção em medicina
preventiva (BUSS, 2003; CZERESNIA, 2003). Em meados do Século XX, o médico
Henry Sigesrist a colocou entre as quatro funções da medicina: promoção da
saúde, prevenção das doenças, recuperação dos enfermos e reabilitação.

Em 1986 durante Primeira Conferência Internacional de Promoção da


Saúde que ocorreu em Ottawa no Canadá estabeleceu uma série de princípios
éticos e políticos e apresentou-se a seguinte definição de promoção da saúde,

Promoção da saúde é o nome dado ao processo de capacitação da co-


munidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, in-
cluindo uma maior participação no controle deste processo. Para atingir
um estado de completo bem-estar físico, mental e social os indivíduos
e grupos devem saber identificar aspirações, satisfazer necessidades e
modificar favoravelmente o meio ambiente (OMS, 1986, grifo nosso).

A Promoção da Saúde é o campo de ações que atua sobre os condicionantes


e determinantes sociais da saúde com o objetivo de impactar, favoravelmente, na
qualidade de vida das pessoas e comunidades. Por isso, as ações caracterizam-
se fundamentalmente por uma composição intra e intersetorial e por ações de
ampliação da consciência sanitária – direitos e deveres da cidadania, educação
para a saúde, hábitos e estilos de vida, entre outras (BUSS, 2010).

Você já parou para refletir por que é importante a discussão sobre a


promoção da saúde nos dias atuais? Podemos dizer que ao discutir a promoção

34
TÓPICO 2 | MEDIDAS DE CONTROLE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS

da saúde estamos aprimorando nossa reflexão sobre o objeto saúde uma vez que
se trata de um conceito em construção e que sofre influência de vários fatores
dependendo de valores sociais, culturais, subjetivos e históricos. “Trata-se da
busca de uma relação harmoniosa que nos permita viver com qualidade, que
depende de um melhor conhecimento e aceitação de nós mesmos, de relações
mais solidárias, tolerantes com os outros, relações cidadãs com o Estado”
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002, p. 12).

DICAS

Para complementar seu aprendizado, leia o texto a seguir: HEIDMANN, I. T. S.


Buss et al. Promoção à saúde: trajetória histórica de suas concepções. Texto contexto –
enfermagem, v. 15, n. 2, p. 352-358, 2006. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-
07072006000200021. Acesso em: 6 abr. 2020.

Assim, promover a saúde está relacionado diretamente com a complexidade


dos problemas que caracterizam a realidade sanitária em que predominam as
doenças crônicas não transmissíveis, a violência e as novas endemias que surgem
a cada ano, se tornando algo complexo. A medida que lidamos com estilos de
vida da população, e sua forma de viver constituídas na sociedade moderna,
onde a população perde de vista o que é uma vida saudável e passa a adaptar-se
a uma forma de vida sedentária e estressante, o que consequentemente geram
doenças. Doenças estas também determinadas por problemas mais comuns nas
populações menos favorecidas como o medo, a desesperança, a dificuldade de
acesso a bens e valores culturais e de cidadania (BRASIL, 2002).

No Brasil, a Política Nacional de Promoção da Saúde teve como referência


na sua formulação os documentos: Relatório Lalonde (1974), da Atenção Primária
de Saúde (1976), Cartas Internacionais da Promoção da Saúde (1986-2005) e o
Movimento da Reforma Sanitária Brasileira (1986) que foi institucionalizada pela
Portaria Ministerial nº 687, de 30 de março de 2006 (BRASIL, 2006).

Atualmente a Política Nacional de Promoção a Saúde foi redefinida


pela Portaria Nº 2.446, de 11 de novembro de 2014, e de acordo com o art. 2º,
a PNPS traz em sua base o conceito ampliado de saúde e o referencial teórico
da promoção da saúde como um conjunto de estratégias e formas de produzir
saúde, no âmbito individual e coletivo, caracterizando-se pela articulação e
cooperação intra e intersetorial, pela formação da Rede de Atenção à Saúde (RAS),
buscando articular suas ações com as demais redes de proteção social, com ampla
participação e controle social (BRASIL, 2014).

35
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA

De acordo com o art. 3º a PNPS tem como valores fundamentais a:


solidariedade, felicidade, ética, humanização, corresponsabilidade, respeito a
diversidade, justiça social e inclusão social (BRASIL, 2014).

Seus princípios estão pautados na equidade, participação social, autono-


mia, empoderamento, intersetorialidade, sustentabilidade, integralidade e terri-
torialidade.

DICAS

Para saber mais sobre a Política Nacional de Promoção a Saúde, acesse, na


íntegra: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2014/prt2446_11_11_2014.html.

Caro acadêmico vimos até aqui como os níveis de atenção estão se


organizando para a prevenção de doenças e promoção da saúde. Mas qual o
papel da vigilância em saúde neste contexto? Como as ações de vigilância ajudam
deste processo de prevenção. Umas das formas já vimos anteriormente. Ela é
responsável pelas análises de dados e fornece anualmente panorama da saúde do
país. Veremos a seguir que suas ações vão além disso.

3 VIGILÂNCIA, PREVENÇÃO, CONTROLE E ERRADICAÇÃO


DE DOENÇAS
Como já vimos anteriormente, a vigilância em saúde tem por objetivo im-
plementar ações que contribuam para melhorar a situação de saúde das popula-
ções e abrangendo as áreas de vigilância sanitária, epidemiológica, ambiental e
saúde do trabalhador.

Estratégias de prevenção primária direcionadas ao indivíduo são realiza-


das pela epidemiologia como, por exemplo, a imunização e a quimioprofilaxia
que podem ser utilizadas antes ou após a exposição para prevenir uma infecção.
Já na área sanitárias e ambiental estão as ações de educação em saúde e sane-
amento que são exemplos de prevenção primária direcionadas à comunidade,
como o controle da qualidade da água e o combate as endemias (COSTA, 2018).

Também se destacam as ações de prevenção e estratégias dirigidas para


eliminar ou minimizar as sequelas ou incapacidade, desenvolvendo a capacidade
do indivíduo acometido pela doença que já se encontra instalada. Esse conceito
envolve tanto a terapia em doenças crônicas quanto a reabilitação de sequelas de
doenças. Um exemplo é o uso de antivirais em portadores crônicos com infecção

36
TÓPICO 2 | MEDIDAS DE CONTROLE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS

ativa pelo vírus da hepatite C. Outro exemplo que ainda pode ser considerado,
é a fisioterapia para a reabilitação de pacientes com sequelas motoras da polio-
mielite, já erradicada nas Américas, mas ainda, endêmica em muitos países do
mundo (COSTA, 2018).

Mas você sabia que uma das maneiras mais eficazes na prevenção de do-
enças é a higienização das mãos. Com certeza você já observou várias campanhas
em relação a este tema, no seu próprio local de trabalho, não é mesmo. Mas você
sabe porque higienizar as mãos é tão importante?

FIGURA 5 – CAMPANHA DO DIA MUNDIAL DE HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS

FONTE: <https://bit.ly/2W0yxS0>. Acesso em: 3 abr. 2020.

A higienização das mãos é reconhecida mundialmente como uma medida


primária, mas muito importante, no controle de infecções relacionadas à assistência
à saúde. Por esse motivo, tem sido considerada como um dos pilares da prevenção
e do controle de infecções nos serviços de saúde, incluindo aquelas decorrentes da
transmissão cruzada de microrganismos multirresistentes (BRASIL, 2009). Embora
muito se fale da higienização das mãos como forma de prevenção de doenças nos
ambientes de saúde, a adesão dos profissionais de saúde ainda é baixa.

O estudo sobre a prática de higienização das mãos é antigo. Em 1846 já


se relacionava a higienização apropriada das mãos como ferramenta importante
para reduzir a transmissão de infecções no serviço de saúde. Foi por volta desta

37
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA

época que o médico húngaro Philip Semmelweis comprovou que havia relação
da febre puerpal com os cuidados médicos. Em seu estudo ele percebeu que os
médicos iam diretamente da sala de autópsia para a sala de obstetrícia e que a
febre puerperal que afetava tantas parturientes fosse causada pelas partículas ca-
davéricas transmitidas das salas de autopsia. Assim, em 1947 ele insistiu para que
tanto os médicos como os estudantes lavassem suas mãos antes dos procedimen-
tos na sala obstétrica com uma solução clorada e como resultado desta ação, a
taxa de infeção no mês seguinte caiu de 12,2% para 1.2% (BARSANO et al., 2014).

NOTA

Ignaz Philips Semmelweis

Médico, Alemão-Hungaro e educado nas universidades de Pest e Viena, Semmelweis recebeu


seu doutorado em Viena em 1844 e foi nomeado assistente na clínica obstétrica em Viena.
Ele logo se envolveu no problema de infecção puerperal, o flagelo das maternidades em toda
a Europa. Embora a maioria das mulheres tenha parto em casa, as que tiveram que procurar
hospitalização por causa da pobreza, ilegitimidade ou complicações obstétricas enfrentaram
taxas de mortalidade que variavam de 25 a 30%. Alguns pensaram que a infecção era induzida
por superlotação, falta de ventilação, início da lactação ou miasma. Semmelweis começou
a investigar sua causa sobre as fortes objeções de seu chefe, que, como outros médicos
continentais, havia se reconciliado com a ideia de que a doença era inevitável. Semmelweis
observou que, entre as mulheres da primeira divisão da clínica, o a taxa de mortalidade por
febre dos filhos era duas ou três vezes maior que a da segunda divisão, embora as duas
divisões fossem idênticas, com a exceção de que os alunos eram ensinados na primeira
e parteiras na segunda. Ele propôs a tese de que talvez os estudantes levassem algo para
os pacientes que examinaram durante trabalho. A morte de um amigo por uma infecção
de ferida ocorrida durante o exame de uma mulher que morreu de puerperal infecção e a
semelhança dos achados nos dois casos deram suporte ao seu raciocínio. Ele concluiu que
os alunos que vieram diretamente da sala de dissecação para a maternidade transmitiram a
infecção de mães que morreram da doença para mães saudáveis.

FONTE: https://www.britannica.com/biography/Ignaz-Semmelweis

Segundo a ANVISA (BRASIL, 2010 s.p.) a higienização das mãos é a medida


individual mais simples e menos dispendiosa para prevenir a propagação das
infecções relacionadas à assistência à saúde. Recentemente, o termo “lavagem das
mãos” foi substituído por “higienização das mãos” devido à maior abrangência
deste procedimento.

Ainda de acordo com a publicação realizada pela Anvisa, este procedimento


se divide em quatro técnicas: higienização simples, a higienização antisséptica, a
fricção antisséptica e a antissepsia cirúrgica das mãos.

A higienização simples das mãos, consiste em remover os microrganismos


que colonizam as camadas superficiais da pele, assim como o suor, a oleosidade e
38
TÓPICO 2 | MEDIDAS DE CONTROLE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS

as células mortas, retirando a sujidade propícia à permanência e à proliferação de


microrganismos e tem duração aproximada de 40 a 60 segundos.

A higienização antisséptica tem por objetivo promover a remoção de


sujidades e de microrganismos, reduzindo a carga microbiana das mãos, com
auxílio de um antisséptico e sua duração também é de 40 a 60 segundos.

A fricção antisséptica e a antissepsia cirúrgica das mãos objetiva elimi-


nar a microbiota transitória da pele e reduzir a microbiota residente, além de
proporcionar efeito residual na pele do profissional. Esse procedimento por en-
volver o processo de escovação da pele do profissional (mãos e antebraço) é um
pouco mais demorado pode durar de 3 a 5 minutos (na primeira cirurgia) e de 2
a 3 minutos (entre as cirurgias).

DICAS

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Segurança do paciente em


serviços de saúde: higienização das mãos/Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília:
Anvisa, 2009. 105 p. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/seguranca_
paciente_servicos_saude_higienizacao_maos.pdf. Acesso em: 6 abr. 2020.

Nosso estudo sobre a prevenção e controle de doenças, bem como o papel


da vigilância em saúde não encerra aqui. Nas próximas unidades vamos estudar
detalhadamente cada umas das áreas da vigilância em saúde e poderemos
verificar qual o papel desta na prevenção e controle das doenças e como juntas
estas contribuem para o processo-saúde doença e a promoção da saúde.

39
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• O processo saúde-doença é complexo, e por isso, que mesmo depois de anos de


pesquisa ainda se diz que não é possível explicar a saúde ou a doença a partir
de um único ponto de vista.

• Na Civilização Grega, a saúde foi explicada a partir das conclusões advindas


dos homens e sua relação com a natureza.

• Na Idade Média, as explicações para a o aparecimento das doenças foram


vinculadas as más condições de higiene, principalmente pela igreja, que a
relacionava a um castigo divino.

• No decorrer do Século XV, houve o desenvolvimento de equipamentos e


pesquisas, que por sua vez, possibilitou aos cientistas europeus o conhecimento
mais aprofundado do homem e seu interior.

• A Promoção da Saúde é o campo de ações que atua sobre os condicionantes e


determinantes sociais da saúde com o objetivo de impactar, favoravelmente,
na qualidade de vida das pessoas e comunidades

40
AUTOATIVIDADE

1 Com base na lógica de desenvolvimento das doenças, os pesquisadores Le-


avell e Clark propuseram a classificação das ações preventivas em três níveis:
primária, secundária e terciária. Em relação à prevenção primária:

a) Visa implementar ações para atuar no controle dos fatores pré-patogênicos,


aumentando a capacidade da pessoa se manter livre de doenças.
b) Visa desenvolver ações que possam detectar precocemente doenças e ini-
ciar o tratamento adequado para evitar complicações, agravos e/ou a morte.
c) Consiste na prevenção ou no tratamento doenças já instaladas minimizan-
do os danos e as incapacidades causadas pela doença.
d) Visa desenvolver ações para notificar e autorizar novos medicamentos.

2 O conceito de promoção da saúde é antigo e nos últimos 70 anos vem pas-


sando por um processo de lapidação por especialistas da saúde pública. O
conceito de promoção da saúde tradicional foi definido inicialmente a partir
do modelo de Leavell & Clark na década de 1940, no esquema da História
Natural da Doença, como um dos elementos do nível primário de atenção em
medicina preventiva (BUSS, 2003; CZERESNIA, 2003). Em relação à promo-
ção da saúde, é correto afirmar que:

a) É o campo de ações que atua sobre os condicionantes e determinantes so-


ciais da saúde com o objetivo de impactar, favoravelmente, na qualidade de
vida das pessoas e comunidades.
b) Destacam as ações de prevenção e estratégias dirigidas para eliminar ou
minimizar as sequelas ou incapacidade, desenvolvendo a capacidade do indi-
víduo acometido pela doença que já se encontra instalada.
c) As ações caracterizam-se fundamentalmente por uma composição intra e
intersetorial e por ações de ampliação da consciência sanitária – direitos e de-
veres da cidadania, educação para a saúde, hábitos e estilos de vida.
d) Implementar ações que contribuam para melhorar a situação de saúde das
populações e abrangendo as áreas de vigilância sanitária, epidemiológica,
ambiental e saúde do trabalhador.

3 O estudo sobre a prática de higienização das mãos é antigo. Em 1846, já se


relacionava a higienização apropriada das mãos como ferramenta importante
para reduzir a transmissão de infecções no serviço de saúde. O procedimento
se divide em quatro técnicas:

a) Higienização simples, a higienização antisséptica, a fricção antisséptica e a


antissepsia cirúrgica das mãos.

41
b) Higienização simples, a higienização avançada, a fricção antisséptica e a
antissepsia cirúrgica das mãos.
c) Higienização simples, a higienização antisséptica, a fricção de longa dura-
ção e a antissepsia cirúrgica das mãos.
Higienização avançada, a higienização antisséptica, a fricção antisséptica e a
antissepsia cirúrgica das mãos.

42
UNIDADE 1
TÓPICO 3

INDICADORES DE SAÚDE UTILIZADOS NA


VIGILÂNCIA EM SAÚDE

1 INTRODUÇÃO
Analisar a situação de saúde tem sido uma das competências da vigilância
em saúde, mais precisamente da área de epidemiologia. Um dos principais
objetivos da construção de indicadores na saúde pública é de melhorar as políticas
pública voltadas a área da saúde.

Ao realizarmos a análise da situação de saúde da população a partir de


indicadores é possível realizar um diagnóstico, que permite pensar as intervenções
a serem realizadas e avaliar o seu impacto na melhoria da saúde pública a partir
das mudanças sociais, econômicas e políticas ocorridas e os respectivos impactos
sobre a saúde da população.

Assim, neste tópico, vamos estudar os indicadores de saúde e quais seu


papel no contexto da vigilância em saúde.

2 DEFINIÇÃO E CONCEITO DE INDICADORES


Mensurar as reais condições da saúde da população ainda é uma tarefa
bastante difícil. Embora o Ministério da Saúde vem avançando nas últimas
décadas em relação ao desenvolvimento de sistemas de informações para os
registros dos agravos e doenças, o preenchimento destas informações de forma
contínua ainda é muito baixo. Entretanto, quantificar os eventos ocorridos em
saúde é de grande importância, pois permite conhecer as principais doenças e
agravos à saúde que atingem uma determinada população, bem como, possibilita
implementar ações para controlar as doenças e os agravos de forma mais efetiva.

Mas antes de compreendermos o conceito de indicadores, é importante


estudarmos o surgimento e a origem dos indicadores.

A origem da palavra indicador vem do latim indicare que representa algo


a salientar ou a revelar. Atualmente existem duas formas usuais para obtenção de
dados que pode ser por intermédio de estatísticas ambulatoriais e hospitalares,
ou por investigação de agravos. Neste contexto, os indicadores de saúde
correspondem as formas de medir as condições de saúde, ou seja, é responsável
por apontar quais as causas de morte, de doença ou de agravo.

43
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA

Mas o que é um indicador?

Você encontrará na literatura vários conceitos relacionados a indicadores


sejam estes para área de gestão empresarial, social, ambiental e para a saúde, po-
rém, todos com muita similaridade conceitual. Para o IBGE (2005) os indicadores
são ferramentas constituídas de variáveis que associadas a partir de diferentes con-
figurações, expressam significados mais amplos sobre os fenômenos a que se refere.

Para a Rede Interagência de Informação para a Saúde os indicadores “são


medidas-síntese que contêm informação relevante sobre determinados atributos
e dimensões do estado de saúde, bem como do desempenho do sistema de saú-
de” (RIPSA, 2008, p. 13).

De acordo com Ribeiro (2012) Indicadores de saúde são valores quantitati-


vos para medir o estado ou nível de saúde de uma coletividade num determinado
momento.

Você já parou para refletir por que utilizamos indicadores?

Ao selecionar um indicador e, ao construir um índice, tal como quando se


utiliza um parâmetro estatístico, se ganha clareza e operacionalidade e se perde
em detalhes de informação. Assim, os indicadores e os índices são projetados
para simplificar e melhorar a comunicação das informações (SOBRAL et al., 2011;
JANUZZI, 2005; OECD, 2015).

De acordo com RIPSA (2008) quando analisados de forma conjunta, os


indicadores devem refletir a situação real e sanitária de uma população, servindo
de base para as ações de vigilância das condições de saúde.

Embora, haja vários tipos de indicadores relacionados aos eventos de saú-


de, a construção de um indicador “é um processo cuja complexidade pode variar
desde a simples contagem direta de casos de determinada doença, até o cálculo
de proporções, razões, taxas ou índices mais sofisticados, como a esperança de
vida ao nascer” (RIPSA, 2008, p. 13).

Os indicadores derivados de dados são, em geral, a ferramenta inicial


para analisar mudanças sociais ou ambientais que possam influenciar na saúde
humana. Como ferramentas analíticas são consideradas importantes por várias
razões: a) ao produzir informações podem ser usados como base para avaliações
e, portanto, b) contribuir para a formulação de políticas públicas e c) facilitar a
interpretação de dados e a comunicação da informação a diferentes grupos da
sociedade (SEGNESTAM, 2002).

Além disso, os indicadores são fundamentais para subsidiar a formulação


de políticas públicas, pois, possibilitam o monitoramento das condições de vida
e bem-estar da população por parte de todos os interessados, além de viabilizar
o aprofundamento da investigação acadêmica sobre a mudança social e sobre os
determinantes dos diferentes fenômenos sociais e ambientais (SESI-PR, 2010).

44
TÓPICO 3 | INDICADORES DE SAÚDE UTILIZADOS NA VIGILÂNCIA EM SAÚDE

Neste sentido, é necessário atentar para a qualidade do indicador. Geral-


mente, a qualidade de um indicador depende das propriedades dos componen-
tes utilizados em sua formulação. No caso da saúde, os componentes mais co-
muns são: frequência de casos, tamanho da população em risco. Do mesmo modo
é necessário, atentar para a precisão dos dados a serem coletados e divulgados,
principalmente em relação ao registro, coleta e transmissão dos dados.

Desta forma, os indicadores têm como papel principal a transformação de


dados em informações relevantes para os tomadores de decisão e o público. Em
particular, eles podem ajudar a simplificar um arranjo complexo de informações
sobre saúde, meio ambiente possibilitando uma visão “sintetizada” das condições
e tendências existentes (VON SCHIRNDING, 2002). Porém, sozinhos estes não re-
produzem nenhum tipo de melhoria. É necessário o estabelecimento de metas e a
avaliação destas para alcançar os resultados esperados (MEADOWS, 1998).

No setor de saúde, os indicadores mais comumente utilizados são os de-


mográficos (grau de urbanização, mortalidade, esperança de vida ao nascer), os
socioeconômicos (níveis de escolaridade, PIB, razão de renda, proporção de po-
bres, taxa de desemprego), os relacionados a morbidade (incidência e taxas de
doenças específicas, internação hospitalares, causas de doenças); relacionados a
recursos (número de profissionais por habitantes, gasto público), além de cober-
tura, proporção de internação, cobertura da rede de abastecimento de água trata-
da, esgotamento sanitário e coleta de lixo (RIPSA, 2008).

Tais indicadores podem ser expressos em números absolutos ou relativos.

Mas precisamos ficar atentos para a qualidade dos indicadores. De acordo


com RIPSA (2008, p. 13-14) para,

[...] um conjunto de indicadores, são atributos de qualidade importan-


tes a integridade ou completude (dados completos) e a consistência
interna (valores coerentes e não contraditórios). A qualidade e a com-
parabilidade dos indicadores de saúde dependem da aplicação siste-
mática de definições operacionais e de procedimentos padronizados
de medição e cálculo. A seleção do conjunto básico de indicadores – e
de seus níveis de desagregação – deve ajustar-se à disponibilidade de
sistemas de informação, fontes de dados, recursos, prioridades e ne-
cessidades específicas em cada região. A manutenção deste conjunto
de indicadores deve depender de instrumentos e métodos simples,
para facilitar a sua extração regular dos sistemas de informação.

No contexto, é necessário que os dados apresentados sejam seguros. Imagi-


na, realizar um diagnóstico do município com dados que não correspondem com
a realidade. Com certeza seriam implementadas ações que seriam necessárias e as
ações prioritárias ficaram em segundo plano. Da mesma forma é necessário que se
obedeça a uma serie temporal na divulgação dos dados. Períodos fragmentados de
dados dificultam as análises e o fechamento de um diagnóstico conciso.

45
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA

3 METODOLOGIA PARA ORGANIZAÇÃO DE INDICADORES


PARA A ÁREA DA SAÚDE E MEIO AMBIENTE
Você, com certeza, já observou que nem sempre podemos apresentar
evidencias que justifiquem as ocorrências na área da saúde. Isso geralmente
ocorre por que muitas vezes elas só podem ser identificadas após o aconte-
cimento, ou seja, somente conseguimos identifica-las por meio de acidentes,
doenças e outros agravos que venham a ser ocasionados pelas alterações so-
ciais, econômicas e ambientais ocorridas no meio em que a população se en-
contra (CARDOSO, 2005; RADICCH; LEMOS, 2009).

A identificação da causa-efeito se tornar complexa, prinicpalmen-


te quando o público–alvo são as poulações mais vulneráveis formadas por
crianças e idosos, quepodem estar em com riscos por diversas vias, sejam
pela poluição do ar, ingestão de alimentos contaminados e, por issoacabam
necessitando de uma maior atenção e tecnlogia disponivel para o tratamento
das doenças dependendo da grandeza deste risco, e do quanto a devida ex-
posição foi responsavel pela patologia (RADICCH; LEMOS , 2009).

Com o objetivo de trabalhar cada vez mais a prevenção de doenças


em todos os níveis de atenção a saúde, a OMS juntamente com a OPAS e
outros órgãos governamentais vem desenvolvendo e aprimorando metodo-
logias que possam contribuir para trabalhar mais adequadamente as situação
e relações de causa-efeito das alterações que possam ocorrer no meio e que
influenciam a saúde humana. A seguir veremos alguns dos modelos opera-
cionais mais citados na literatura sobre o tema.

3.1 MODELO PRESSÃO-ESTADO-RESPOSTA (PER)


Um dos primeiros modelos a ser desenvolvido foi Pressão-Estado-
Resposta (PER) em 1993 pela OCDE com objetivo monitorar a situação am-
biental a partir das causalidades. Este modelo parte do principio que existe
uma causalidade na interação entre as atividades humanas, a pressão ocasio-
nada sobre o meio mambiente e a sociedade (SOBRAL; FREITAS, 2010).

Uma das vantagens do modelo PER é que este apresenta uma visão
global dos diversos elementos que compõem a problemática ambiental, fa-
cilitando desta forma a realização de um diagnóstico do problema, que vai
além da identificação da degradação ambiental, inclui no diagnóstico o impac-
to, suas causas, e as ações que podem contribuir para a melhoria do cenário
(OCDE, 2003).

Podemos observar que o modelo PER contempla 03 tipos de indicado-


res diferentes: indicadores de pressão (P), Indicadores de Estado (E) e Indi-
cadores de Resposta (R). Os indicadores de pressão representam as ativida-

46
TÓPICO 3 | INDICADORES DE SAÚDE UTILIZADOS NA VIGILÂNCIA EM SAÚDE

des humanas (energia, transporte, indústria, agricultura, outros) que exercem


pressões indiretas e/ou diretas (poluição, geração de resíduos e uso dos recur-
sos naturais) sobre o meio, alterando de alguma forma a qualidade e o estado
ambiente (solo, ar, água, recursos naturais), refletindo a situação ambiental;
E, os indicadores de resposta demonstram a extensão e a intensidade das re-
ações da sociedade ao responder às mudanças e às preocupações ambientais,
gerando ações de mitigação e/ou prevenção sobre os problemas que ocorrem
(SOBRAL et al., 2011).

3.2 MODELO PRESSÃO-ESTADO-IMPACTO-


RESPOSTAS (PEIR)
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)
realizou uma adaptação ao modelo PER, e incluiu na estrutura do PER o
componente ‘Impacto’, criando o modelo de PEIR (Pressão-Estado-Impacto-
Resposta) a fim de monitorar e avaliar os efeitos das pressões exercidas sobre
o meio ambiente e os possíveis impactos causados a saúde do ser humano
(OLIVEIRA, 2007; SOBRAL et al., 2011).

FIGURA 6 – MODELO PRESSÃO-ESTADO-IMPACTO-RESPOSTAS (PEIR)

FONTE: Adaptado de Correa (2012)

Observando, vemos que no modelo PEIR os indicadores de Pressão (P)


também são caracterizados pelas atividades humanas que exercem pressão sobre
as condições ambientais, e consequentemente, afetam a atual Estado (E), ou seja,
as condição do ambiente e de seus componentes, gerando Impactos (I) sobre a
saúde humana e os indicadores de Resposta (R) apresentam as possíveis soluções
que podem ser elencadas acerca dos problemas identificados (SOBRAL et al.,
2011; OLIVEIRA, 2007; ARAUJO-PINTO, 2011).

47
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA

DICAS

Para você aprofundar seus conhecimentos quanto à aplicabilidade do modelo


PEIR, acesse o site do Global Environment Outlook – GEO https://www.unenvironment.
org/pt-br/global-environment-outlook. Você encontrará vários relatórios e estudos realiza-
dos a partir dessa metodologia.

3.3 MODELO FORÇA MOTRIZ-PRESSÃO-ESTADO-


IMPACTO-RESPOSTA (DPSIR)
A patir do modelo PER, a Agencia Europeia do Ambiente realizou
adaptações que resultou na estrutura DrivingForce-Pressure-State-Impact-
Response (DPSIR), constituindo uma ferramenta mais completa para a análise
de problemas ambientaisintegrando nas análises ação indutoras, que exercem
pressão ao meio ambiente e que estão alterando o seu “Estado”.Tais alterações
podem causar “Impactos” que necessitam de “Respostas” da sociedade de
maneira a modificar ou minimizar o efeito das ações humanas. Estas respostas
geralmente correspondem a ações gerenciais que podem ser dirigidas a todos
ou a qualquer elemento do modelo (EEA, 1999).

FIGURA 7 – MODELO DPSIR

FONTE: A autora

48
TÓPICO 3 | INDICADORES DE SAÚDE UTILIZADOS NA VIGILÂNCIA EM SAÚDE

3.4 MODELO FORÇA MOTRIZ-PRESSÃO-SITUAÇÃO-


EXPOSIÇÃO-EFEITO-AÇÕES (FPSEEA)
A Organização Mundial da Saúde, analisou os modelos desenvolvidos
por outros órgãos para as análises ambientais e a partir do modelo Pressão-
Estado- Resposta (PER) da OCDE e o modelo de Pressão-Estado-Impacto-
Resposta (PEIR) elaborado pelo PNUMA, criou uma abordagem conceitual
baseada no modelo Força Motriz-Pressão-Situação-Exposição-Efeito-Ação
(MatrizdeFPSEEA) com foco nos problemas de saúde que podem vir ocorrer das
alterações ambientais. Esta metodologia passou a ser adotada principalmente
pela Vigilância em Saude Ambiental (PNUMA, 2004; CASTRO; GOUVEIA;
ESCAMILLA-CEJUDO, 2003; CORVALÁN, KJELLSTRÕM, SMITH, 1999).

O objetivo desta Matriz de FPEEA organizar os indicadores em saúde


ambiental para mensurar e monitorar os possíveis agravos à saúde decorrentes
das constantes e intensas mudanças sociais, econômicas e ambientais (FREITAS
et al., 2011).

FIGURA 8 – MODELO FORÇA MOTRIZ-PRESSÃO-SITUAÇÃO-EXPOSIÇÃO-EFEITO-AÇÃO

FONTE: Adaptado de Correa (2012)

49
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA

Observa-se na figura anterior que o modelo FPSEEA é formado por


uma matriz de análise composta de seis estágios que correspondem à iden-
tificação de: Força motriz (F), Pressão (P), Situação (S), Exposição (E), Efeitos
(E) e Ações (A).

No modelo, a força-motriz corresponde aos fatores que influenciam


para as mudanças das situações ambientais e, que poderão afetar a saúde
como, por exemplo, a formação de favelas, que expõem a população a riscos
ambientais devido à grande quantidade de pessoas que vivem em condições
vulneráveis. Esse processo tende a levar ao aumento intensivo das atividades
humanas no local, aumentando a necessidade de serviços básicos (saneamen-
to básico, água tratada) e contribuindo para a degradação dos recursos na-
turais, resultando em forte pressão sobre a situação ambiental. Tais pressões
se expressam como consequência da intensa atividade produtiva (desde a
extração dos recursos naturais até a geração de resíduos produzidos pelo con-
sumidor final) e a ocupação humana.

Assim, a situação do ambiente é alterada e de acordo com a intensida-


de dessas pressões (solo e água contaminados por produtos químicos, con-
centração de poluentes) resultam em efeitos negativos sobre a saúde, depen-
dendo da forma como a população foi exposta a essas pressões. A exposição é
um determinante na construção de indicadores, porém, de difícil mensuração
dos efeitos que podem advir da inter-relação sobre a exposição de determina-
da situação ambiental sobre a saúde humana. Esses feitos, por sua vez, estão
relacionados ao tempo de duração, da via de exposição, do local sendo que,
estes podem ser irreversíveis, não apenas agravando os casos de doenças,
mas também, podem levar a óbitos (CORREA, 2012).

4 SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE – SIS


Os avanços tecnológicos e a disseminação das informações nas utlimas dé-
cadas tem impactado predominantemente em vários ramos de atividade humana,
incluindo a pesquisa, a avaliação e o monitoramento das ações de saúde. No Bra-
sil, assim como em outros países, foram implantados Sistemas de Informação em
Saúde (SIS) que registram dados sobre os atendimentos pretados pelos estabeleci-
mentos de saúde nos tres níveis de atenção. Até alguns anos atras a unica forma de
se ter acesso a esses ddos era de forma agregada e por meo de relatórios técnicos
publicados, porém, nem sempre com a mesma periodicidade, dificultando assim
as tomadas de decisões imediatas e por unidade da federação. Atualmente, com a
expansão da informatização tais informações passaram a ser disponibilizadas sob a
forma de bases eletrônicas contendo dados individualizados, facilitando a realiza-
ção de análises descritivas e a exploração de hipóteses causais.

Antes de avançarmos nosssos estudos sobre os SIS, é importante compre-


endermos o que é um sistema de informação.

Um sistema é um conjunto integrado de partes que se articulam para uma


finalidade comum. No que tange aos sistemas de informação, essas partes se de-

50
TÓPICO 3 | INDICADORES DE SAÚDE UTILIZADOS NA VIGILÂNCIA EM SAÚDE

vide em vários elementos ligados à coleta, armazenamento e processamento de


dados e à difusão de informações (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005).

De acordo com Siqueira (2005) para se caracterizar um sistema é necessá-


rio tres elementos chaves: dado, informação e conhecimento. O dado é o elemento
mais simples desse processo; a informação é composta de dados com significados
para quem os vê; o conjunto de nosso aprendizado segundo algumas convenções,
nossas experiências acumuladas e a percepção cognitiva irão transformar em co-
nhecimento uma dada realidade.

No Brasil, os sistemas de informação foram criados em 1975 com objetivo


de coleta dados sore a mortalidade, atualmente já existem diversos Sistemas de
Informações em Saúde desenvolvidos tanto pelo próprio Ministério da Saúde e
também por empresas terceirizadas com o objetivo de gerenciar as redes de ser-
viços e aprimorando a investigação, o controle e monitoramento das doenças e
operações dos estabelecimentos de saúde (RIPSA, 2008).

A construção das informações envolve a participação de órgãos da adminis-


tração públicas das esferas de gestão do SUS, associados a outros órgãos, como, por
exemplo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); e outros institutos
de pesquisa, associações de categorias profissionais entidades não governamentais.

O Ministério da Saúde com o propósito de facilitar, incentivar e avançar


nas pesquisas de perfis epidemiológicos da população, tem se empenhado para o
desenvolvimento de vários sistemas de informações que tem motivado sua cres-
cente utilização por vários institutos de pesquisa e cursos na área de saúde a bus-
ca destes dados secundários para suas análises sobre a saúde pública.

Esses dados que são disponibilizados pelos SIS vão desde a necessidade
de padronizar procedimentos e protocolos de tratamento de doenças, até infor-
mações especificas sobre determinado município brasileiro. Mas alimentar esses
dados não é uma tarefa tão simples como parece, embora os sistemas existam
nem sempre ainda é muito comum encontrar dados inexistentes nas bases de
dados. Partindo desta necessidade, o Ministério da Saúde instituiu que estes sis-
temas de informações nacionais sejam utilizados em todas as esferas de gestão do
SUS e que sejam de alimentação obrigatória e, mesmo assim, a sua integralização
ainda é um desafio nos dias atuais.

Neste contexto, as informações coletadas subsidiam o processo de tomada


de decisão, auxiliando nos diagnósticos sobre as condições de saúde, mortalida-
de e morbidade, fatores de risco, condições demográficas, entre outras (ROU-
QUAYROL; ALMEIDA FILHO, 2003).

Infelizmente, no campo da saúde nem tudo são rosas. Os avanços tec-


nológicos avançaram e muito, mas a produção e disseminação de informações
em saúde ainda são processadas num contexto desarticulado e fragmentado. Ao
atender um paciente ainda não é possível, por exemplo, que as informações sobre
as suas condições de saúde sejam articuladas entre todos os níveis de atenção na
maioria dos municípios brasileiros. Dessa forma, um dos desafios do SUS está em
buscar a intersetorialidade e superar essa fragmentação da informação.

51
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA

O departamento responsável por disseminar as informações dentro do


Ministério da Saúde é o Departamento de Informática do SUS (DATASUS).
Cabe a este departamento a responsabilidade de divulgas as informações neces-
sárias para a tomada de decisão baseadas em evidências, análises de situações
sanitárias e elaboração de programas de ações de saúde.

FIGURA 9 – SITE DO DATASUS

FONTE: <http://datasus.saude.gov.br/>. Acesso em: 3 abr. 2020.

Neste portal, o DATASUS disponibiliza diversos tipos de dados que vão


desde notícias, o Conecte SUS, serviços ao cidadão como o TabNET, TabWIN,
portal de serviços e acesso a aplicativos no ministério da saúde.

FIGURA 10 – INFORMAÇÕES DISPONIBILIZADAS PELO DATASUS

FONTE: <https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/46183-portal-do-datasus-esta-mais-
rapido-e-acessivel>. - Acesso em 16/04/2020.

52
TÓPICO 3 | INDICADORES DE SAÚDE UTILIZADOS NA VIGILÂNCIA EM SAÚDE

NOTA

Conecte SUS é um programa do Governo Federal com a missão de


materializar a Estratégia de Saúde Digital do Brasil, fomentando o apoio à informatização
e a troca de informação entre os estabelecimentos de saúde nos diversos pontos da Rede
de Atenção à Saúde.

O TabNET e TabWIN, por exemplo, são ferramentas de dados úteis na


tabulação de dados e no cruzamento de informações de forma rápida. Estas
ferramentas possibilitam que gestores, estudantes e público em geral possam
obter informações diversas no âmbito do SUS, importante para gestão das
políticas de saúde (DATASUS, 2020).

Através do acesso ao TabNET é possível verificar as informações referentes


a dados de morbidade, incapacidade, acesso a serviços, qualidade da atenção,
condições de vida e fatores ambientais passaram a ser métricas utilizadas na
construção de Indicadores de Saúde, que se traduzem em informação relevante
para a quantificação e a avaliação das informações em saúde (DATASUS, 2020).

Além disso, o sistema também disponibiliza informações sobre Assistência


à Saúde da população, os cadastros (Rede Assistencial), das redes hospitalares e
ambulatoriais, o cadastro dos estabelecimentos de saúde, além de informações
sobre recursos financeiros e informações Demográficas e Socioeconômicas
(DATASUS, 2020).

Agora vamos conhecer um pouco sobre alguns dos sistemas desenvolvidos


pelo Ministério da saúde para a gestão, controle e monitoramento da saúde pública.
Vamos iniciar com os sistemas voltados ao cadastro nacional que integram todos
os programas que operacionalizam o SUS em todo território nacional, formado
por três sistemas descritos no quadro a seguir:

QUADRO 3 – SISTEMAS DO CADASTRO NACIONAL DE SAÚDE

SISTEMA DESCRIÇÃO
Cadastro Nacional dos Agrupa os dados de todas as instituições de saúde,
Estabelecimentos de Saúde sua capacidade e serviços disponíveis. Além
CNES dos estabelecimentos de saúde, os profissionais
também possuem seu número de identificação.
Sistema de Cadastramento Como o próprio nome já diz, é onde os nossos
de Usuários do SUS dados ficam guardadinhos. Ah e através dele
(CADSUS): é emitido o Cartão Nacional de Saúde, nosso
cartãozinho do SUS.

53
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA

Classificação Internacional O sistema de padronização de diagnósticos criado


de Doenças (CID 10): pela Organização Mundial de Saúde, (OMS), foi
informatizado e pode ser consultado pelos profis-
sionais na hora de codificar os eventos em saúde.
FONTE: A autora

O segundo grupo de sistemas são os epidemiológicos, voltados para


avaliação de riscos de surtos ou epidemias, e no controle e prevenção de doenças.
Formados por dois sistemas conforme descrito no quadro a seguir e que serão
estudados com maior profundidade na unidade 2 deste livro.

QUADRO 4 – SISTEMAS EPIDEMIOLÓGICOS

SISTEMA DESCRIÇÃO
É o antigo Sistema de Informação da Atenção Básica
(SIAB). Nele os profissionais das equipes de Saúde da
Família (eSF), Atenção Básica, Núcleo Ampliado de Saú-
Estratégia SUS
de da Família (NASF), Consultório na Rua, Programa
(e-SUS):
Saúde na Escola (PSE) e Academia da Saúde registram
suas ações de trabalho, como atendimentos individuais,
domiciliares e palestras, por exemplo.
Começou lá em 1999, apenas com dados sobre cân-
cer de colo de útero (SISCOLO), e posteriormente, de
Sistema de mama (SISMAMA). A partir de 2011, os sistemas foram
Informações do integrados no SISCAN, que agrupa, monitora e emite
Câncer (SISCAN):  laudos de exames cito e histopatológicos, com cadas-
tramento de pacientes e ainda fiscaliza a produção dos
laboratórios.
Sistema de Registram os dados relativos aos atendimentos ambu-
Informações latoriais e são necessários para o repasse adequado dos
Ambulatoriais (SIA- recursos financeiros, bem como para avaliação dos ser-
SUS) viços prestados.
FONTE: A autora

NOTA

O Sistema de Acompanhamento da Gestante (SISPRENATAL) que também


integrava o grupo de sistemas epidemiológicos e utilizado para registrar diariamente os
atendimentos às gestantes, a partir de 2017, ele foi integrado ao e-SUS.

54
TÓPICO 3 | INDICADORES DE SAÚDE UTILIZADOS NA VIGILÂNCIA EM SAÚDE

O Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI – PNI) utilizado para


monitorar a situação vacinal da população por faixa etária e região; indicações, aplicações
e efeitos adversos de vacinas especiais; e controle de estoque, foi extinto com a publicação
da portaria nº 2.499 e seus dados a partir de então são coletados por sistemas próprios,
como o e-SUS AB, ou de terceiros, integrados ao SISAB.

FONTE: https://www.deviante.com.br/noticias/sistemas-de-informacao-em-saude-voce-
-conhece-o-sus-parte-5/. Acesso em: 6 abr. 2020.

Outro sistema muito importante é o sistema de informações ambula-


toriais (SIA-SUS), utilizado para registrar os dados relativos aos atendimentos
ambulatoriais. Este sistema é único nesta categoria e é utilizado para realizar o
repasse adequado dos recursos financeiros, bem como para avaliação dos servi-
ços prestados.

Também merecem destaque os sistemas de regulação em saúde, contem-


plando um total de seis sistemas que tem por finalidade regular, otimizar e ava-
liar o uso dos recursos voltados a hospitais e procedimentos de alta complexida-
de e que estão descritos no quadro a seguir.

QUADRO 5 – SISTEMAS DE REGULAÇÃO EM SAÚDE

SISTEMA DESCRIÇÃO
Voltado para o uso do Serviço de Atendimento Móvel
e-SUS SAMU
de Urgência (SAMU).
Registro Nacional de Recebe dados dos doadores, incluindo os exames
Doadores Voluntários preliminares feitos pelos laboratórios credenciados e
de Medula Óssea agrupa os resultados das análises de compatibilidade
(RedomeNet) para futuros transplantes.
Gerencia todo o processo de transplantes, desde a lista
Sistema Nacional de de espera, passando pelo cadastro dos doadores (vivos
Transplantes (SNT) ou falecidos) e distribuição dos órgãos nas Centrais
Estaduais de Transplantes.
Já sabemos que ele coleta e guarda avaliações, mas de
Sistema do Programa
quais tipos? Auto avaliações, avaliações técnicas dos
Nacional de Avaliação
gestores, pesquisas de satisfação dos usuários, pesqui-
de Serviços de Saúde
sas sobre o ambiente – técnico e relacional – de traba-
(SIPNASS)
lho, além de indicadores de saúde.
Com esse sistema é possível verificar a disponibi-
Central Nacional
lidade de serviços de alta complexidade e, quando
de Regulação de
necessário, promover a migração interestadual de
Alta Complexidade
pacientes cujos estados não consigam prover ade-
(CNRAC)
quadamente os serviços.

55
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA

Controla e regula recursos especializados de hospi-


tais e ambulatórios nos níveis municipais, estaduais
Sistema de Centrais de
e regionais. É integrado ao Sistema de Informações
Regulação (SISREG)
Ambulatoriais (SIA) e ao Sistema Informações Hospi-
talares (SIH).
FONTE: A autora

Outro conjunto de sistemas muito importante neste contexto são os


sistemas financeiros utilizados para controlar e regular o dinheiro que circula
no SUS.

QUADRO 6 – SISTEMAS DE INFORMAÇÕES FINANCEIRAS

SISTEMAS DESCRIÇÃO
Sistema de Faz o “livro-caixa” do SUS. Lá os gestores declaram
Informações sobre quanto entrou e saiu de dinheiro, precisando estar
Orçamento Público tudo conforme a codificação prevista pela Secretaria do
em Saúde (SIOPS) Tesouro Nacional.
Sistema de Gestão Diferente do anterior, que registrava entradas e saídas
de Informações de verba, esse sistema controla apenas os gastos com
Financeiras do SUS ações e serviços de saúde, emitindo relatórios financeiros
(SGIF) como demonstrativos de imposto de renda e envio de
informações à Previdência Social, por exemplo.
Sistema de Consolida os dados sobre os repasses de verba da União
Gerenciamento para os estados e municípios, aos hospitais universitários
Financeiro (SISGERF) e para pagamento de ações judiciais.
FONTE: A autora

O ministério também criou sistemas direcionados aos gestores de saúde


utilizados para formular o relatório de gestão do SUS, que além de comprovar o
investimento dos recursos recebidos, exibe os resultados e auxilia na elaboração
do planejamento do ano seguinte.

QUADRO 7 – SISTEMAS DE GESTÃO

SISTEMA DESCRIÇÃO
Sistema de Apoio à o relatório é a principal forma de acompanhar como
Construção do Relatório está a gestão do SUS nos municípios, estados, Distrito
de Gestão (SARGSUS): Federal e União.
Sistema de Gestão de gerencia demandas, projetos e contratos do
Projetos do DATASUS DATASUS.
(REDMINE): 
FONTE: A autora

56
TÓPICO 3 | INDICADORES DE SAÚDE UTILIZADOS NA VIGILÂNCIA EM SAÚDE

Mas não somente a atenção primária e secundária que são contempladas


pelos sistemas desenvolvidos pelo DATASUS, alguns sistemas foram criados
para contribuir com o sistema terciários (hospitais) nos diversos serviços que são
os sistemas hospitalares.

QUADRO 8 – SISTEMAS HOSPITALARES


SISTEMA DESCRIÇÃO
e-SUS Hospitalar Funciona de modo semelhante ao e-SUS AB e o
e-SUS SAMU. É um passo para implantação de
prontuários eletrônicos.
Sistema de Informações Foi o primeiro sistema do DATASUS com capta-
Hospitalares do SUS ção de dados por computador. Ele registra todos
(SIHSUS) os atendimentos relacionados a internações para
que a os gestores façam o pagamento dos estabe-
lecimentos de saúde.
Sistema de Coordena os serviços dos bancos de sangue.
Gerenciamento em
Serviços de Hemoterapia
(HEMOVIDA)
Sistema de Informações Voltado às Secretarias Municipais e Estaduais de
Hospitalares saúde, foi pensado para facilitar a captação de re-
Descentralizado (SIHD) cursos e o controle dos gastos com os procedimen-
tos hospitalares.
Sistema de Gerenciamento Coordena o cadastro dos usuários, gerencia a pro-
e Produção de Bancos de dução, armazenamento, distribuição e processa-
Leite Humano (BLHWeb) mento de leite humano.
Sistema de Comunicação É compartilhado pelo Ministério da Saúde e pela
de Informação Hospitalar e Agência Nacional de Saúde Suplementar. Com
Ambulatorial (CIHA) ele é possível ter informações sobre as internações
em todos os hospitais do país, sejam eles públicos
ou privados, o que torna essa ferramenta bem útil
para fiscalizar as operadoras dos planos de saúde.
FONTE: A autora

E junto com estes sistemas também estão os Sistemas de Eventos Vitais


composto por dois sistemas que registram informações relativas aos nascimentos
e falecimentos que estudaremos mais intensidade na Unidade 2.

57
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA

QUADRO 9 – SISTEMAS DE EVENTOS VITAIS

SISTEMA DESCRIÇÃO
Sistema de A partir dele é possível produzir análises diversas,
Informações de incluindo as causas de morte, indicadores de saúde e
Mortalidade (SIM) estatísticas epidemiológicas, auxiliar no planejamento
das ações no âmbito do SUS, além de emitir documentos
– como a Declaração de Óbito informatizada.
Sistema de Além da Declaração de Nascimento informatizada,
Informações sobre através desse sistema é possível saber as principais
Nascidos Vivos ocorrências relacionadas aos nascimentos, o que permite
(SINASC) um melhor planejamento e avaliação das ações voltadas
à saúde da mulher e da criança.
FONTE: A autora

Com certeza se você for navegar no site do Ministério da saúde encontrará


muitos outros sistemas e aplicativos que estão sendo desenvolvidos pelo
Ministério da Saúde para divulgar cada vez mais dados e informações que possam
contribuir para trazer informações atualizadas para a população e possibilitar o
desenvolvimento de outras pesquisas envolvendo dados secundários em saúde.

Assim, nosso objetivo foi apresentar apenas alguns dos principais


sistemas que podem auxiliar para a disseminação das informações de vigilância
em saúde. No decorrer das outras unidades e até mesmo de outras disciplinas,
serão apresentados outros sistemas voltados a saúde pública.

Caro acadêmico, chegamos ao final da Unidade 1, com os estudos


introdutórios sobre a vigilância de saúde, agora nas próximas unidades vamos
estudar cada uma das áreas da vigilância em saúde com maior detalhamento. Na
Unidade 2 estudaremos as áreas de vigilância epidemiológica e sanitária.

58
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• Os indicadores são importantes na mensuração do estado de saúde da


população.

• Indicadores são ferramentas constituídas de variáveis que associadas a partir


de diferentes configurações, expressam significados mais amplos sobre os
fenômenos.

• Por se tratar de algo complexo a OMS, PNUMA e OCDE desenvolveram


modelos para avaliar a situção de saúde da população a partir das alterações
no meio.

• Os sistemas de informações sistemas de informação, são elementos ligados à


coleta, armazenamento e processamento de dados e à difusão de informações.

59
AUTOATIVIDADE

1 Os indicadores derivados de dados são, em geral, a ferramenta inicial para


analisar mudanças sociais ou ambientais que possam influenciar na saúde
humana. Como ferramentas analíticas são consideradas importantes. Analise
as preposições a seguir sobre a importância dos indicadores:

I-Ao produzir informações podem ser usados como base para avaliações;
II- Contribuir para a formulação de políticas públicas
III-Facilitar a interpretação de dados e a comunicação da informação a
diferentes grupos da sociedade
IV- Utilizado apenas para indicar a fragilidades da saúde humana.

Assinale a alternativa correta:

a) Somente a preposição I e III estão corretas.


b) A preposição I, II e III estão corretas.
c) Somente a preposição II está correta.
d) Somente a preposição II e IV estão corretas.

2 Qual a definição dada pelo IBGE para indicador?

R.:

3 O que é um sistema de Informação?

R.:

60
UNIDADE 2

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA,
SANITÁRIA E SAÚDE DO
TRABALHADOR

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender as responsabilidades da vigilância epidemiológica;

• compreender a estruturação das vigilâncias epidemiológica, sanitária e


do trabalhador;

• conhecer as responsabilidades das vigilâncias epidemiológica, sanitária e


do trabalhador;

• identificar os principais sistemas das vigilâncias epidemiológica e sanitária.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você en-
contrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

TÓPICO 2 – VIGILÂNCIA SANITÁRIA E SUA EVOLUÇÃO

TÓPICO 3 – VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

61
62
UNIDADE 2
TÓPICO 1

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

1 INTRODUÇÃO
A vigilância epidemiológica é uma das áreas de atuação da Vigilância em
Saúde e integrante do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. No contexto da
saúde pública, a vigilância epidemiológica participa, ativamente, da formulação
das políticas públicas de saúde, pois compõe o sistema responsável por gerar in-
formações fundamentais para o planejamento das ações a serem implementadas
pela atenção básica.

Neste tópico, você vai conhecer ações da vigilância epidemiológica na


organização dos serviços de saúde, sua finalidade e importância na prevenção,
investigação e controle de doenças. Por meio de ações desenvolvidas para o co-
nhecimento da ocorrência das doenças e a análise dos dados coletados, é possível
compreender a situação da saúde de populações residentes em territórios deter-
minados. Bons estudos!

2 VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA: ORGANIZAÇÃO,


FINALIDADE E IMPORTÂNCIA
Certamente, você já ouviu falar das ações que a vigilância epidemiológica
de seu município tem desenvolvido, não é mesmo? Geralmente, associamos a
vigilância epidemiológica às questões de imunização, ou seja, às vacinas, e
nem sempre sabemos exatamente o que mais a vigilância epidemiológica faz.
Então, vamos iniciar nossos estudos entendendo qual a definição de vigilância
epidemiológica.

A definição atual de vigilância epidemiológica, no Brasil, foi disposta na


Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080/1990), em que consta o seguinte conceito:

[...] um conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção


ou a prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e
condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de
recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle de doenças e
agravos (BRASIL, 1990, documento on-line).

As ações de vigilância epidemiológica, tiveram início no Brasil, no final


do Século XIX e início do Século XX. Inicialmente, devido ao interesse econômico

63
UNIDADE 2 | VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, SANITÁRIA E SAÚDE DO TRABALHADOR

do comércio, foram implantadas ações voltadas a limpeza urbana, para o controle


da transmissão de doenças infecciosas e parasitárias e apresentaram um impacto
positivo uma vez que mantinha o trabalhador saudável.

Com a realização da XXI Assembleia Mundial de Saúde, no ano de 1968,


o Centro de Investigações Epidemiológicas (CIE) foi implantado no Brasil,
estabelecendo-se o primeiro Sistema Nacional de Notificação Semanal de Doenças.
Contudo, a concepção de vigilância epidemiológica enquanto ‘informação para
ação’ só veio a ser introduzida oficialmente no País na década de 1970 com a
criação do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE), impulsionada
pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Organização Pan-americana
de Saúde (Opas) (WAKIMOTO, 1997).

No Brasil, a Campanha de Erradicação da Varíola (CEV) – 1966-73 – é


reconhecida como marco da institucionalização das ações de vigilância
no país, tendo fomentado e apoiado a organização de unidades de vigi-
lância epidemiológica na estrutura das secretarias estaduais de saúde. O
modelo da CEV inspirou a Fundação Serviços de Saúde Pública (FSESP)
a organizar, em 1969, um sistema de notificação semanal de doenças se-
lecionadas e disseminar informações pertinentes em um boletim epide-
miológico de circulação quinzenal. Tal processo fundamentou a conso-
lidação, nos níveis nacional e estadual, de bases técnicas e operacionais
que possibilitaram o futuro desenvolvimento de ações de impacto no
controle de doenças evitáveis por imunização. O principal êxito relacio-
nado a esse esforço foi o controle da poliomielite no Brasil, na década de
1980, que abriu perspectivas para a erradicação da doença no continente
americano, finalmente alcançada em 1994 (BRASIL, 2007, p. 19).

A criação desse sistema, que teve como foco central o controle das doenças
transmissíveis, em particular aquelas com alto poder de disseminação, mostrou-
se de fundamental importância para a vigilância epidemiológica no MS e nas
secretarias estaduais de saúde, excluindo os municípios, que não exerciam o
papel de gestores do sistema de saúde naquela época (SILVA JR., 2004).

Em 1973, no Rio de Janeiro, realizou-se o I Seminário Regional dos


Sistemas de Vigilância Epidemiológica de Enfermidades Transmissíveis e
Zoonoses das Américas para se discutir as ações de vigilância epidemiológica
nos países da América Latina e Caribe, com o objetivo de combater as doenças
infectocontagiosas, pois, o Brasil estava ocorrendo uma epidemia de meningite
meningocócica (GIOVANELLA, 2008).

Por recomendação da 5ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1975,


o Ministério da Saúde instituiu o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica
(SNVE), por meio de legislação específica (Lei nº 6.259/75 e Decreto nº 78.231/76).
Esses instrumentos legais tornaram obrigatória a notificação de doenças
transmissíveis selecionadas, constantes de relação estabelecida por portaria.
Em 1977, o Ministério da Saúde elaborou o primeiro Manual de Vigilância
Epidemiológica, reunindo e compatibilizando as normas técnicas então utilizadas
para a vigilância de cada doença, no âmbito de programas de controle específicos
(BRASIL, 2007).

64
TÓPICO 1 | VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

A evolução da atuação da vigilância epidemiológica também foi marcada


pela 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986, durante o período da
reforma sanitária brasileira. No evento, discutiu-se as políticas públicas de saúde
que alguns anos depois, resultou na criação do SUS.

Nos anos de 1990, foi implantado o Centro Nacional de Epidemiologia


– CENEPI, vinculado à Fundação Nacional de Saúde (Funasa), trazendo para o
campo da vigilância epidemiológica uma importante experiência no controle de
doenças e agravos inusitados à saúde. Nesse período, os propósitos, as estratégias
e as ações da vigilância epidemiológica foram redefinidas nas três instâncias de
gestão do sistema com a prerrogativa de reforçar mudanças, tendo sido concebida
sua definição na Lei Orgânica 8.080/90 como:

FIGURA 1 – 8ª CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE

FONTE: <https://bit.ly/2y28kdQ>. Acesso em: 6 abr. 2020.

Atualmente, a estrutura organizacional da vigilância epidemiológica


está ligada ao Ministério da Saúde através do Sistema Nacional de Vigilância
em Saúde conforme está descrito na Politicas Nacional de Vigilância em Saúde
(PNVS), art. 3º. Este sistema atua em todo o território nacional desenvolvendo
ações nos três níveis de poder (esferas de atuação): união, estados e municípios.

De acordo com a PNVS, art. 6º, Inciso XXI a vigilância epidemiológica


compreende “conjunto de ações que proporcionam o conhecimento e a detecção
de mudanças nos fatores determinantes e condicionantes da saúde individual
e coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção
e controle das doenças, transmissíveis e não-transmissíveis, e agravos à saúde”
(BRASIL, 2018, on-line).

65
UNIDADE 2 | VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, SANITÁRIA E SAÚDE DO TRABALHADOR

A vigilância epidemiológica representa grande importância na saúde dos


seres humanos, pois, através de suas ações é possível definir normas e indicar os
procedimentos técnicos mais adequados à prevenção e ao controle de doenças.

De acordo com Brasil (2019), a vigilância epidemiológica tem como


propósito, fornecer orientação técnica permanente para os que tem a
responsabilidade de decidir sobre a execução de ações de controle de doenças
e agravos, tornando disponíveis para este fim, informações atualizadas sobre a
ocorrência dessas doenças ou agravos, bem como, dos seus fatores condicionantes,
em uma área geográfica ou populações determinadas.

Dentre as funções da vigilância epidemiológica destacam-se:

• Coleta e análise de dados.


• Recomendação de medidas de controle.
• Promoção de ações de prevenção.
• Avaliação e monitoramento das ações de vigilância epidemiológica.
• Divulgação de informações pertinentes para a população.

Diariamente nos deparamos com mudança no perfil epidemiológico da


população e por isso há necessidade de se manter atualizada as informações e
os dados quanto ao desenvolvimento das doenças. Para conseguir alcançar este
objetivo, a Vigilância Epidemiológica tem o Sistema de Informação Nacional de
Agravos de Notificação (Sinan) é o principal sistema de informação da vigilância
epidemiológica. Vamos ver como esse sistema funciona?

2.1 SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA


EPIDEMIOLÓGICA – SINAM
O SINAN foi implantado início da década de 1990 de forma gradual, mas
só foi regulamentado no final de 1997. O sistema conta com uma rede informa-
tizada que integra as informações das três esferas governamentais – municipal,
estadual e federal.

As informações coletadas são oriundas das notificações das doenças de


notificação compulsória e, também, pela investigação da ocorrência dessas doen-
ças. Todos os serviços de saúde, públicos e privados, de todo o território nacional,
têm a responsabilidade de realizar as notificações (COSTA; HIGA, 2018).

Como já mencionamos anteriormente, a vigilância epidemiológica tem


grande importância na saúde dos seres humanos. Um dos seus propósitos mais
relevantes é definir normas técnicas e indicar os procedimentos técnicos mais
adequados à prevenção e ao controle de doenças. Estas normas precisam ser atu-
alizadas, pois, muitas doenças mudam rapidamente a sua forma de desenvol-
vimento, ou seja, para se ter normas atualizadas, é fundamental possuir dados
atualizados (COSTA; HIGA, 2018).
66
TÓPICO 1 | VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

O SINAN é o principal sistema de informação da vigilância epidemio-


lógica. Este sistema alimentado pelas notificações compulsórias das doenças e,
também, pela investigação da ocorrência dessas doenças. Todos os serviços de
saúde, públicos e privados, de todo o território nacional, têm a responsabilidade
de realizar as notificações.

NOTA

O Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAN é alimentado,


principalmente, pela notificação e investigação de casos de doenças e agravos que constam
da lista nacional de doenças de notificação compulsória (Portaria de Consolidação nº 4, de
28 de setembro de 2017, anexo V – Capítulo I), mas é facultado a estados e municípios
adicionarem outros problemas de saúde importantes em sua região.

FONTE: https://renastonline.ensp.fiocruz.br/temas/sistema-nacional-agravos-notificacao-
sinan. Acesso em: 6 abr. 2020.

Assim, também fazem parte do conjunto de dados que alimentam o


sistema, de acordo com Brasil (2007), os dados demográficos e socioeconômicos
que permitem quantificar o número de habitantes, nascimentos e óbitos por sexo,
idade, situação do domicílio, escolaridade, ocupação, condições de saneamento etc.
Ter indicadores demográficos e socioeconômicos associados aos dados climáticos
por exemplo, permite que se tenha conhecimento das condições de vidas pessoas
e a quais fatores condicionantes de doenças ou agravos ela encontra-se expostas.

Destacam-se também os dados de morbidade, utilizados na detecção imediata


ou precoce de problemas sanitários, que são oriundos “de serviços ambulatoriais e
hospitalares, de investigações epidemiológicas, da busca ativa de casos, de estudos
amostrais e de inquéritos, entre outras formas” (BRASIL, 2007, p. 21).

No âmbito da vigilância epidemiológica as doenças infectocontagiosas,


representam uma importante fonte de dados. Esses dados são oriundos das fichas
de notificação e investigação de agravos, que são preenchidas pelos profissionais
de saúde. Algumas doenças requerem que a notificação seja realizada mediante
suspeita clínica do caso, como por exemplo os casos suspeitos ou confirmado
de: Botulismo; Carbúnculo ou Antraz; Cólera; Febre amarela; Febre do
Nilo Ocidental; Hantaviroses; Influenza Humana (Gripe) por novo subtipo
(pandêmico); Poliomielite; Paralisia Flácida Aguda; Raiva Humana; Sarampo,
Síndrome Febril Íctero-hemorrágica Aguda; Síndrome Respiratória Aguda Grave;
Varíola; Tularemia. Já em outros casos, a notificação somente é realizada quando
há a confirmação diagnóstica, como é o caso dos casos confirmados de tétano
neonatal, por exemplo (COSTA; HIGA, 2018).

67
UNIDADE 2 | VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, SANITÁRIA E SAÚDE DO TRABALHADOR

A primeira lista nacional foi publicada no Brasil, foi a Portaria nº 314/BSB,


em 1976 que é atualizada anualmente. A lista nacional de notificação compulsória
de doenças, agravos e eventos de saúde pública, em vigor, foi publicada na
Portaria nº 204, de 17 de fevereiro de 2016 (COSTA; HIGA, 2018).

De acordo com a Portaria nº 204, para fins de notificação compulsória de


importância nacional, os seguintes conceitos são considerados pela portaria:

I – agravo: qualquer dano à integridade física ou mental do indivíduo,


provocado por circunstâncias nocivas, tais como acidentes, intoxicações por
substâncias químicas, abuso de drogas ou lesões decorrentes de violências
interpessoais, como agressões e maus tratos, e lesão autoprovocada;

II – autoridades de saúde: o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde


dos Estados, Distrito Federal e Municípios, responsáveis pela vigilância em saúde
em cada esfera de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS);

III – doença: enfermidade ou estado clínico, independente de origem ou


fonte, que represente ou possa representar um dano significativo para os seres
humanos;

IV – epizootia: doença ou morte de animal ou de grupo de animais que


possa apresentar riscos à saúde pública;

V – evento de saúde pública (ESP): situação que pode constituir potencial


ameaça à saúde pública, como a ocorrência de surto ou epidemia, doença ou
agravo de causa desconhecida, alteração no padrão clínico epidemiológico das
doenças conhecidas, considerando o potencial de disseminação, a magnitude,
a gravidade, a severidade, a transcendência e a vulnerabilidade, bem como
epizootias ou agravos decorrentes de desastres ou acidentes;

VI – notificação compulsória: comunicação obrigatória à autoridade de


saúde, realizada pelos médicos, profissionais de saúde ou responsáveis pelos
estabelecimentos de saúde, públicos ou privados, sobre a ocorrência de suspeita
ou confirmação de doença, agravo ou evento de saúde pública, descritos no
anexo, podendo ser imediata ou semanal;

VII – notificação compulsória imediata (NCI): notificação compulsória


realizada em até 24 (vinte e quatro) horas, a partir do conhecimento da ocorrência
de doença, agravo ou evento de saúde pública, pelo meio de comunicação mais
rápido disponível;

VIII – notificação compulsória semanal (NCS): notificação compulsória


realizada em até 7 (sete) dias, a partir do conhecimento da ocorrência de doença
ou agravo;

IX – notificação compulsória negativa: comunicação semanal realizada


pelo responsável pelo estabelecimento de saúde à autoridade de saúde, informando

68
TÓPICO 1 | VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

que na semana epidemiológica não foi identificado nenhuma doença, agravo ou


evento de saúde pública constante da Lista de Notificação Compulsória; e

X – vigilância sentinela: modelo de vigilância realizada a partir de


estabelecimento de saúde estratégico para a vigilância de morbidade, mortalidade
ou agentes etiológicos de interesse para a saúde pública, com participação
facultativa, segundo norma técnica específica estabelecida pela Secretaria de
Vigilância em Saúde (SVS/MS) (BRASIL, 2016, grifo nosso).

Observe a importância de cada uma das doenças, agravos e eventos de


saúde pública no bem-estar da população. Quando o profissional de saúde se
depara com casos suspeitos, é necessário realizar a notificação e investigação,
independente do caso ser confirmado ou não ser confirmado.

2.2 DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA


No Brasil, a primeira lista nacional de notificações foi publicada pela Por-
taria nº 314/BSB, em 1976 e, desde então, vem sendo atualizada constantemente
pelo Ministério da Saúde. A lista nacional de notificação compulsória de doenças,
agravos e eventos de saúde pública, em vigor, foi publicada na Portaria nº 204,
de 17 de fevereiro de 2016. Todas as condições descritas nela são de notificação
compulsória, ou seja, obrigatórias em todo território nacional, porém, os estados
e municípios tem a liberdade de acrescentar a esta lista outros problemas de saú-
de que são importantes em suas localidades (BRASIL, 2016).

Na Portaria nº 204/2016, além da listagem de situações que exigem a noti-


ficação, também, são apresentados os prazos para o envio dessa notificação à au-
toridade de saúde. Conheça, a seguir, a lista nacional de notificação compulsória
de doenças, agravos e eventos de saúde pública. Ela se apresenta em ordem alfa-
bética e, e nas colunas ao lado são apresentados a periodicidade para realizar a
notificação. Atente para as siglas utilizadas: Ministério da Saúde (MS), Secretaria
Estadual de Saúde (SES) e Secretaria Municipal de Saúde (SMS) (BRASIL, 2016).

QUADRO 1 – LISTA NACIONAL DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA DE DOENÇAS, AGRAVOS E


EVENTOS DE SAÚDE PÚBLICA

Periodicidade de
Nº DOENÇA OU AGRAVO (Ordem alfabética)
notificação
Imediata
(até 24 Semanal*
horas) para*
MS SES SMS
a. Acidente de trabalho com exposição a material
1 X
biológico.
b. Acidente de trabalho: grave, fatal e em crian-
X
ças e adolescentes.
69
UNIDADE 2 | VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, SANITÁRIA E SAÚDE DO TRABALHADOR

2 Acidente por animal peçonhento. X


Acidente por animal potencialmente transmissor
3 X
da raiva.
4 Botulismo. X X X
5 Cólera. X X X
6 Coqueluche. X X
7 a. Dengue – Casos. X
b. Dengue – Óbitos. X X X
8 Difteria X X
9 Doença de Chagas Aguda X X
10 Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) X
11 a. Doença Invasiva por "Haemophilus Influenza". X X
b. Doença Meningocócica e outras meningites. X X
Doenças com suspeita de disseminação intencio-
12 X X X
nal: a. Antraz pneumônico b. Tularemia c. Varíola
Doenças febris hemorrágicas emergentes/
13 reemergentes: a. Arenavírus b. Ebola c. X X X
Marburg d. Lassa e. Febre purpúrica brasileira.
14 a. Doença aguda pelo vírus Zika. X
b. Doença aguda pelo vírus Zika em gestante. X X
c. Óbito com suspeita de doença pelo vírus Zika. X X X
15 Esquistossomose. X
Evento de Saúde Pública (ESP) que se constitua
16 ameaça à saúde pública (ver definição no Art. 2º X X X
desta portaria).
17 Eventos adversos graves ou óbitos pós-vacinação. X X X
18 Febre Amarela. X X X
19 a. Febre de Chikungunya. X
b. Febre de Chikungunya em áreas sem transmissão. X X X
c. Óbito com suspeita de Febre de Chikungunya. X X X
Febre do Nilo Ocidental e outras arboviroses de
20 X X X
importância em saúde pública.
21 Febre Maculosa e outras Riquetisioses. X X X
22 Febre Tifoide. X X
23 Hanseníase. X
24 Hantavirose. X X X
25 Hepatites virais X
HIV/AIDS – Infecção pelo Vírus da Imunodefi-
26 ciência Humana ou Síndrome da Imunodefici- X
ência Adquirida.
Infecção pelo HIV em gestante, parturiente ou
27 puérpera e Criança exposta ao risco de trans- X
missão vertical do HIV
Infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Huma-
28 X
na (HIV).
29 Influenza humana produzida por novo subtipo viral. X X X

70
TÓPICO 1 | VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

Intoxicação Exógena (por substâncias químicas,


30 incluindo agrotóxicos, gases tóxicos e metais pe- X
sados).
31 Leishmaniose Tegumentar Americana. X
32 Leishmaniose Visceral. X
33 Leptospirose. X
34 a. Malária na região amazônica. X
b. Malária na região extra Amazônica. X X X
35 Óbito: a. Infantil b. Materno. X
36 Poliomielite por poliovirus selvagem. X X X
37 Peste X X X
38 Raiva humana X X X
39 Síndrome da Rubéola Congênita X X X
40 Doenças Exantemáticas: a. Sarampo b. Rubéola X X X
41 Sífilis: a. Adquirida b. Congênita c. Em gestante X
42 Síndrome da Paralisia Flácida Aguda X X X
Síndrome Respiratória Aguda Grave associada
43 X X X
a Coronavírus a. SARS-CoV b. MERS- CoV
44 Tétano: a. Acidental b. Neonatal X
45 Toxoplasmose gestacional e congênita X
46 Tuberculose X
47 Varicela - caso grave internado ou óbito X X
48 a. Violência doméstica e/ou outras violências X
b. Violência sexual e tentativa de suicídio X
FONTE: Brasil (2016, on-line)

Recentemente, temos o novo Covid 19 (Coronavirus) que também se


encaixa como doença de notificação compulsória.

NOTA

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo


agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China. Provoca
a doença chamada de coronavírus (COVID-19).
Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto,
foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na
microscopia, parecendo uma coroa.
A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as
crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os
coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e
beta coronavírus OC43, HKU1.
FONTE: https://coronavirus.saude.gov.br/. Acesso em: 30 mar. 2020.

71
UNIDADE 2 | VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, SANITÁRIA E SAÚDE DO TRABALHADOR

Assim, os profissionais necessitam seguir as orientações estabelecidas na


Portaria n° 204/2016, para que o Ministério da Saúde se responsabiliza em di-
vulgar as informações epidemiológicas atualizadas, mantendo o sigilo de dados
pessoais (BRASIL, 2016).

DICAS

Para saber mais, acesse a PORTARIA Nº 204, DE 17 DE FEVEREIRO DE 2016,


que define a Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de
saúde pública nos serviços de saúde públicos e privados em todo o território nacional, nos
termos do anexo, e dá outras providências. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
saudelegis/gm/2016/prt0204_17_02_2016.html.

A Ficha Individual de Notificação (FIN) é preenchida pelas unidades


assistenciais para cada paciente quando da suspeita da ocorrência de problema
de saúde de notificação compulsória ou de interesse nacional, estadual ou mu-
nicipal. Este instrumento deve ser encaminhado aos serviços responsáveis pela
informação e/ou vigilância epidemiológica das Secretarias Municipais, que de-
vem repassar semanalmente os arquivos em meio magnético para as secretarias
estaduais e saúde (SES). A comunicação das SES com a SVS deverá ocorrer quin-
zenalmente, de acordo com o cronograma definido pela SVS no início de cada ano
(SIQUEIRA et al., 2018).

Para realizar selecionar as doenças de notificação compulsória é neces-


sário contemplar alguns critérios conforme descreve Solha e Galleguillos (2015):

• Magnitude: elevada frequência, afeta grandes populações, que se traduzem


pela incidência, prevalência, mortalidade, anos potenciais de vida perdidos.
• Potencial de disseminação: expresso pela transmissibilidade, disseminação
por vetores e outras fontes de infecção.
• Transcendência: severidade (letalidade, hospitalizações, sequelas); relevância
social (estigma, medo, indignação); relevância econômica, restrições comerciais,
perdas de vidas, absenteísmo ao trabalho, custo de diagnóstico e tratamento.
• Vulnerabilidade: disponibilidade de instrumentos específicos de prevenção e
controle.
• Compromissos Internacionais: OPAS/OMS, metas mundiais de controle e
eliminação (por exemplo, erradicação da poliomielite).
• Regulamento Sanitário Internacional: as doenças que estão definidas como
de notificação compulsória internacional são incluídas, obrigatoriamente, nas
listas nacionais de todos os países membros da OPAS/OMS.
• Epidemias, surtos e agravos inusitados: investigação imediata.

72
TÓPICO 1 | VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

Além disso, segundo Solha e Galleguillos (2015), é preciso levar em


consideração outros aspectos que devem ser considerados na notificação:

• Suspeita: notificar a simples suspeita da doença. Não se deve aguardar a con-


firmação do caso para se efetuar a notificação, pois isso pode levar à não ado-
ção das medidas de prevenção e controle indicadas.
• Sigilo: a notificação tem que ser sigilosa, deve respeitar o direito ao anonimato
das pessoas. Esse tipo de informação somente pode ser divulgado fora do âm-
bito médico sanitário, no caso de risco para a comunidade.
• Notificação Negativa: o envio dos instrumentos de coleta de notificação deve
ser feito mesmo na ausência de casos, configurando-se o que se denomina noti-
ficação negativa, que funciona como um indicador de eficiência do sistema de
informações.

De acordo com Solha e Galleguillos (2015), a vigilância epidemiológica


sempre que necessário precisa verificar as condições que exigem um estudo
epidemiológico, quando necessário, deve-se recorrer diretamente à população ou
aos serviços, realizando inquérito, investigação ou levantamento epidemiológico
em determinado momento ou período, para obter dados adicionais ou mais
representativos.

Mas quais são os estudos epidemiológicos mais comuns?

Solha e Galleguillos (2015) estabelecem que os estudos epidemiológicos


mais comuns são:

• Inquéritos epidemiológicos: o inquérito epidemiológico é um estudo seccional,


geralmente do tipo amostral, levado a efeito quando as informações existentes
são inadequadas ou insuficientes, em virtude de diversos fatores, entre os quais
pode-se destacar: notificação imprópria ou deficiente; mudança no comporta-
mento epidemiológico de uma determinada doença; dificuldade em se avaliar
coberturas vacinais ou eficácia de vacinas; necessidade de se avaliar efetividade
das medidas de controle de um programa; descoberta de agravos inusitados.
• Levantamento epidemiológico: é um estudo realizado com base nos dados
existentes nos registros dos serviços de saúde ou de outras instituições. Geral-
mente não é um estudo amostral e destina-se a coletar dados para complemen-
tar informações já existente. A recuperação de séries históricas, para análises
de tendências, e a busca ativa de casos, para aferir a eficiência do sistema de
notificação, são exemplos de levantamentos epidemiológicos.

2.3 SISTEMA DE MOTALIDADE – SIM


O Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) foi criado pelo
Ministério da Saúde (MS) em 1975, contemplando parcialmente os municípios
e em 1979 contemplou todo o país. O sistema SIM utiliza para coleta de dados
em qualquer município do brasil a declaração de óbito (DO) também conhecida

73
UNIDADE 2 | VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, SANITÁRIA E SAÚDE DO TRABALHADOR

como “atestado de óbito”. O documento apresenta informações importantes


para o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica, pois, permite que trace
um perfil da pois armazena dados sobre as características da pessoa, do tempo e
do lugar em que ocorreu o óbito, em quais condições e causas básicas e associadas
ao óbito (COSTA; HIGA, 2018).

FIGURA 2 – PÁGINA INICIAL DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO SOBRE MORTALIDADE – SIM

FONTE: <http://sim.saude.gov.br/default.asp>. Acesso em: 8 abr. 2020.

Cabe às Secretarias da Saúde recolher a primeira via da DO para registro


dos dados, a segunda via deve ser entregue ao familiar para obtenção da Certidão
de Óbito junto ao Cartório de Registro Civil e a terceira via é arquivada na unidade
que realizou a notificação.

Por isso a importância da DO conter as informações referentes a


mortalidade de forma bem definida. No caso de a morte ser por violência ou por
acidentes em via pública, a pessoa deve ser encaminhada ao Serviço de Verificação
de Óbito do Instituto Médico Legal, que fará a verificação da causa da morte e o
preenchimento da DO (SOLHA; GALLEGUILLOS, 2015).

2.4 SISTEMA NACIONAL DOS NASCIDOS VIVOS – SINASC


O sistema de informação de nascidos vivos (SINASC) foi implantado
pelo Ministério da Saúde em 1990 e vem evoluindo com o passar dos anos.
A Declaração de Nascimento (DN) é o instrumento de coleta de dados e é
padronizado pelos municípios. A partir do preenchimento deste documento é
possível analisar dados sobre as condições da gravidez, tipo de parto e dados
específicos do recém-nascido (RN), como data e hora do nascimento, peso ao
nascer e idade gestacional.

74
TÓPICO 1 | VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

FIGURA 3 – PÁGINA INICIAL DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES SOBRE NASCIDOS VIVOS – SINASC

FONTE: <http://sinasc.saude.ms.gov.br/default.asp>. Acesso em: 6 abr. 2020.

A DN deve ser preenchida para cada nascido vivo, duas vias devem ser
entregues à família, uma para a realização do registro no Cartório de Registro
Civil e obtenção da certidão de nasci- mento, outra para ser entregue no serviço
de saúde em que o RN será́ acompanhado, assim o serviço terá́ informações sobre
o pré-natal, parto e condições de nascimento do RN.

2.5 SISTEMA DE IMUNIZAÇÃO


O programa de imunizações, é responsável pela distribuição de vacinas
para o Estados e Municípios. Junto a este programa existe o Sistema Nacional
de Avaliação de imunização (SIPNI), onde são computadas todas as doses de
vacina aplicadas nas unidades de saúde. Este O PNI é, hoje, parte integrante do
Programa da Organização Mundial de Saúde, com o apoio técnico, operacional
e financeiro da UNICEF e contribuições do Rotary Internacional e do Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). A informatização do PNI
foi desenvolvida pelo DATASUS (GEIPS), segundo especificação da CGPNI.

FIGURA 4 – SISTEMA NACIONAL DE AVALIAÇÃO

FONTE: <http://sipni.datasus.gov.br/si-pni-web/faces/inicio.jsf>. Acesso em: 6 abr. 2020.

Os dados computados neste sistema incluem tipo da vacina, idade do


paciente e dose da vacina. A partir destas informações é possível determinar
o número de pessoas por faixa etária. Esse número, se comparado ao número
de pessoas que deveriam tomar essa vacina, permite saber a proporção (%) de
pessoas que recebeu a vacina, ou seja, a chamada de cobertura vacinal.

Para você compreender essas metas e a cobertura vacinal, veja o exemplo


a seguir de uma notícia publicada em dezembro/2019 no site do Ministério da
Saúde.
75
UNIDADE 2 | VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, SANITÁRIA E SAÚDE DO TRABALHADOR

EM 2020, MINISTÉRIO DA SAÚDE AMPLIA PÚBLICO PARA VACI-


NAS CONTRA FEBRE AMARELA E GRIPE

Vacina da febre amarela será ofertada como reforço para crianças de


4 anos e mais de mil municípios do Nordeste passarão a ser áreas com reco-
mendação da vacina. Além disso, a vacina contra influenza será ampliada
para a faixa etária de 55 a 59 anos.

A partir de 2020, o Sistema Único de Saúde (SUS) passará a ofertar


uma dose de reforço da vacina de febre amarela para crianças com quatro
anos de idade. Além disso, o Ministério da Saúde irá ampliar, gradativa-
mente, a vacinação contra febre amarela para 1.101 municípios dos estados
do Nordeste que ainda não faziam parte da área de recomendação de vaci-
nação. Dessa forma, todo o país passa a contar com a vacina contra a febre
amarela na rotina dos serviços. As novas diretrizes sobre as Campanhas
Nacionais de Vacinação foram enviadas pela pasta aos estados e aos muni-
cípios em novembro deste ano para que estejam preparados para as ações
do próximo ano.

Outra novidade para o ano que vem é que a campanha contra a


gripe, realizada todos os anos entre abril e maio, contará com um novo pú-
blico, os adultos de 55 a 59 anos. O objetivo é ampliar a vacinação dos gru-
pos mais vulneráveis para a doença. O público-alvo, portanto, representará
aproximadamente 67,7 milhões de pessoas. A meta é vacinar, pelo menos,
90% dos grupos prioritários para a vacinação, que já conta com crianças,
gestantes, puérperas, povos indígenas, pessoas com doenças crônicas, tra-
balhadores de saúde, idosos, entre outros.

As mudanças passam a valer a partir de 2020 e as datas para iní-


cio das campanhas serão definidas por cada estado, a partir do Plano de
Implantação elaborado por cada um. O Ministério da Saúde conta com
estoque suficiente para contemplar a demanda, a partir da solicitação de
quantitativo dos estados, responsáveis por fazer a distribuição das doses
aos municípios.

O Ministério da Saúde atualiza constantemente suas políticas pú-


blicas com base em estudos científicos e necessidades epidemiológicas. No
âmbito do Programa Nacional de Imunizações (PNI), todo ano, a pasta revê
se há necessidade de mudanças de público para vacinação, além da incor-
poração de vacinas no SUS.

FONTE: <https://bit.ly/2xjxF2v>. Acesso em: 7 abr. 2020.

76
TÓPICO 1 | VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

DICAS

Toda campanha de vacinação tem uma meta a ser atingida. Quando a meta
não é atingida no período previsto, o Ministério da Saúde determina a prorrogação da
campanha com objetivo de atingir o maior número de pessoas.

Para saber mais, acesse o vídeo https://youtu.be/smwm2RgRNBI sobre as mudanças no


Programa de Imunização.

2.6 SISTEMA DE INFORMAÇÃO PARA A NOTIFICAÇÃO


DAS PESSOAS EM TRATAMENTO DA ILTB
A Tuberculose, também chamada nos ambientes de saúde de TB é uma
endemia, que se desenvolveu gravemente no Século XX, o que levou ela ser
caracterizada como a “calamidade negligenciada”. Até a década de 1980 a doença
encontrava-se sob controle, porém, aos poucos foi sendo esquecida no âmbito da
saúde pública, e no início da década de 1990 ressurgiu apresentando um número
considerado de casos (NOGUEIRA et al., 2009).

Para o controle da TB, ao longo da história da saúde, ações e programas têm


sido criados e implementados. Desde 1993, vem sendo recomendado que os países
que acumulam maior carga da doença, entre eles o Brasil, adotem a estratégia DOTS
Directly Observed Treatment. A estratégia propõe a integração do cuidado de saúde
primária e adaptação contínua de reformas dentro do setor saúde sendo constituída
por 5 pilares: detecção de casos por baciloscopia entre sintomáticos respiratórios
que demandam os serviços gerais de saúde; tratamento padronizado de curta
duração, diretamente observável e monitorado em sua evolução; fornecimento
regular de drogas; sistema de registro e informação que assegure, a avaliação do
tratamento; compromisso do governo colocando o controle da tuberculose como
prioridade entre as políticas de saúde (NOGUEIRA et al., 2015).

No Brasil, em todas as áreas da vigilância epidemiológica as informações


coletadas sobre as epidemias os diagnósticos sobre a situação sanitária de cada
município geralmente eram realizados somente pelo governo federal e estadual,
A partir da consolidação da Lei Orgânica da Saúde, foram estabelecidas as
competências e atribuições comuns à União, estados e municípios, em relação a
organização e coordenação do Sistema de Informação em Saúde.

77
UNIDADE 2 | VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, SANITÁRIA E SAÚDE DO TRABALHADOR

FIGURA 5 –  LINHA DO TEMPO DA IMPLANTAÇÃO DA VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DA


TUBERCULOSE DROGARRESISTENTE NO BRASIL

FONTE: Bartholomay et al. (2019, p. 4)

Para você compreender melhor a figura anterior, é importante apresentar a


legenda descrita no quadro a seguir e desenvolvida por Bartholomay et al. (2019).

QUADRO 2 – SIGLAS UTILIZADAS NA LINHA DO TEMPO DA IMPLANTAÇÃO DA VIGILÂNCIA


EPIDEMIOLÓGICA DA TUBERCULOSE

Sigla Descrição
TB Tuberculose
TBMDR Tuberculose multidrogarresistente
TBMR Tuberculose multirresistente
TBRR Tuberculose resistente à rifampicina pelo TRM-TB
TRM-TB Teste rápido molecular para tuberculose
Sistema de Notificação e Acompanhamento dos Casos de
TBWeb
Tuberculose
SITE-TB Sistema de Informação de Tratamentos Especiais de Tuberculose

78
TÓPICO 1 | VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

R Rifampicina
H Isoniazida
Z Pirazinamida
E Etambutol
PNCT Programa Nacional de Controle da Tuberculose
Anti-TB Antituberculose.
FONTE: Bartholomay et al. (2019, p. 4)

O sistema de informação para a notificação das pessoas em tratamento


da ILTB (IL-TB), O IL-TB é um sistema online que tem por finalidade principal
é registrar as informações das pessoas que se encontram em tratamento para
infecção latente no Brasil. Tal informação será importante para gerar dados que
serão utilizados no cálculo de indicadores para o monitoramento e avaliação das
ações de vigilância da ILTB (BRASIL, 2018).

FIGURA 6 – DOCUMENTO PROGRAMA DE TUBERCULOSE NO BRASIL

FONTE: <http://blogdatuberculose.blogspot.com/2018/07/>. Acesso em: 16 abr. 2020.

79
UNIDADE 2 | VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, SANITÁRIA E SAÚDE DO TRABALHADOR

DICAS

Para saber mais sobre o Programa de Vigilância da Tuberculose e sobre


o sistema, acesse a publicação Protocolo de Vigilância da Infecção Latente pelo
Mycobacterium Tuberculosis no Brasil: https://bit.ly/2SiwU0R.

Caro acadêmico, chegamos ao final do Tópico 1 da Unidade 2 deste livro


didático. Tivemos a oportunidade de conhecer e compreender o papel da vigilância
epidemiológica no contexto da saúde pública. No Tópico 2 ampliaremos nosso
conhecimento estudando sobre a Vigilância Sanitária. Vamos lá!

80
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• A história do processo saúde doença passou por um processo de desenvolvi-


mento no passar dos anos.

• Muitos debates foram realizados ao longo do processo evolutivo da Vigilância


Epidemiológica até chegar a Política Nacional de Vigilância Epidemiológica.

• O sistema SISNAM é um dos sistemas utilizados pela vigilância epidemiológica


e se configura de grande importância para a coleta de dados epidemiológicos.

• As notificações compulsórias de doenças, eventos e agravos a saúde precisam


Portaria no 204, de 17 de fevereiro de 2016, principalmente, em relação a lista
de doenças que devem ser consideradas para a notificação compulsória.

81
AUTOATIVIDADE

1 Considerando a definição atual de vigilância epidemiológica, no Brasil, dis-


posta pela Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080/1990), analise os conceitos apre-
sentados a seguir:

( ) Conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou a pre-


venção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de
saúde individual ou coletiva.
( ) Um conjunto de atividades voltados para a fiscalização dos serviços de
saúde.
( ) Um conjunto de ações que envolve apenas o calendário vacinal e o registro
dos Nascidos Vivos.
( ) Um conjunto de ocorrência de um agravo dentro de um número esperado
de casos para aquela região, naquele período de tempo, baseado na sua ocor-
rência em anos anteriores não epidêmicos.

Assinale a alternativa que a presenta a sequência CORRETA:

a) ( ) F – F – V – F.
b) ( ) V – F – F – F.
c) ( ) F – V –V – V.
d) ( ) F – V – F – V.

2 Em 1973, no Rio de Janeiro, realizou-se o I Seminário Regional dos Sistemas


de Vigilância Epidemiológica de Enfermidades Transmissíveis e Zoonoses
das Américas. Assinale a resposta correta em relação ao objetivo do seminário:

I- Combater as doenças infectocontagiosas, pois, o Brasil estava ocorrendo


uma epidemia de meningite meningocócica.
II- Combater as doenças emergentes como por exemplo, a febre amarela.
III- Discutir as ações da vigilância sanitária que estavam ocorrendo em outros
países.
IV- Discutir a implantação de um centro de zoonose e doenças transmissíveis.

Analise a preposições e assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) A alternativa I está correta.
b) ( ) A alternativa I e IV estão corretas.
c) ( ) A alternativa III está correta.
d) ( ) A alternativa I e III estão corretas.

3 O SINAN foi implantado início da década de 1990 de forma gradual, mas só


foi regulamentado no final de 1997. O sistema conta com uma rede informati-
zada que integra as informações das três esferas governamentais - municipal,
estadual e federal. Em relação ao SINAM, analise as preposições a seguir:

82
I- As informações coletadas e alimentadas no SINAM são oriundas das noti-
ficações das doenças de notificação compulsória e, também, pela investigação
da ocorrência dessas doenças.
II- Também fazem parte dos dados coletados, os dados demográficos e socio-
econômicos que permitem quantificar o número de habitantes, nascimentos e
óbitos por sexo, idade, situação do domicílio, escolaridade, ocupação e condi-
ções de saneamento.
III- Os dados coletados de morbidade, são utilizados na detecção imediata ou
precoce de problemas sanitários, que são oriundos “de serviços ambulatoriais
e hospitalares”.
IV- No âmbito da vigilância epidemiológica as doenças infectocontagiosas
são indispensáveis e não representam uma importante fonte de dados.

Analise a preposições e assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Somente a alternativa I está incorreta.


b) ( ) Somente as alternativas I e IV estão corretas.
c) ( ) A alternativa III está correta.
d) ( ) A alternativa I, II e III estão corretas.

4 O que significa vigilância sentinela?

5 Explique o significado de Notificação Compulsória.

83
84
UNIDADE 2 TÓPICO 2

VIGILÂNCIA SANITÁRIA E SUA EVOLUÇÃO

1 INTRODUÇÃO
A vigilância sanitária tem como a prevenção, que permeiam a promoção,
prevenção, recuperação e reabilitação da saúde. Suas atividades são originárias
da necessidade são decorrentes da propagação de doenças transmissíveis nos
agrupamentos urbanos.

A atuação da vigilância sanitária é multidisciplinar uma vez que envolve


a participação de diversos profissionais química, biologia, farmácia, enfermagem,
biomedicina, gestão pública, entre outros profissionais de nível técnico.

Neste Tópico 2, você conhecerá a origem e história da vigilância sanitária


no Brasil, as suas funções e objetivos, e como se dá articulação da vigilância
sanitária o estado, o mercado e o consumo de bens e serviços.

2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA NO


BRASIL
A Vigilância Sanitária teve origem na Europa, nos Séculos XVII e XVIII,
conhecida como “Polícia Sanitária”. Nesta sua função era praticamente a de re-
gulamentar o exercício da profissão, sanear as cidades, fiscalizar as embarcações,
os cemitérios, os alimentos e combater o charlatanismo, com o objetivo de evitar
a propagação das doenças nas cidades e evitar as epidemias.

No Brasil a Vigilância Sanitária – “Polícia Sanitária” – teve sua origem


vinculada à Teoria dos Miasmas, e posteriormente com a Teoria Uni causal, re-
lacionada à descoberta da bactéria. Recentemente configuram-se os sistemas de
Vigilância em Saúde, que incorpora o conceito de defesa da cidadania e do direito
do consumidor (COSTA; HIGA, 2018).

Com a consolidação da Constituição Federal de 1988, a Vigilância Sani-


tária, de acordo com a Lei nº 8.080/90 § 1º do art. 6º da Lei no 8.080/90 é defini-
da como o conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à
saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da
produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde,
abrangendo:

85
UNIDADE 2 | VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, SANITÁRIA E SAÚDE DO TRABALHADOR

I – o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se rela-


cionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e processos, da produção ao
consumo;

II – o controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou indi-


retamente com a saúde (BRASIL, 1988).

Ao longo do tempo, a vigilância sanitária apresentou um processo evolu-


tivo incluindo um escopo de atuação pautado em ações normativas. Seu objeto de
ação é o ambiente que, direta ou indiretamente, se envolve no processo de saúde-
-doença. Desta forma, as primeiras ações realizadas no Brasil, voltadas para a vi-
gilância sanitária se deram no contexto da chegada da corte portuguesa em 1808.
Neste período as ações tinham por finalidade de “efetuar o controle sanitário
dos produtos que seriam comercializados e consumidos, além disso, controlar os
estabelecimentos comerciais, combater a disseminação de doenças: as epidemias,
resolver questões de saneamento e, também, fiscalizar o exercício profissional na
área da saúde” (COSTA; HIGA, 2018, p. 110).

Em 1832, sua atuação ficou mais definida com o código de posturas do Rio
de Janeiro, que instituiu normas para o exercício da medicina e da farmácia, jun-
tamente com o controle de medicamentos e de alimentos. E, em 1889, foi regulari-
zado o serviço da polícia sanitária nas administrações regionais mediante adoção
de ações para impedir o desenvolvimento de epidemias (COSTA; HIGA, 2018).

Somente em 1914, é que se regulamentou a diretoria geral de saúde públi-


ca, com o foco em ações de vigilância e polícia sanitária nos portos, domicílios e
lugares públicos. A partir disso, várias instituições foram criadas, muitas normas
e legislações estabelecidas, gerando significativas mudanças em sua concepção,
estrutura e forma de atuação como instituição (COSTA; HIGA, 2018).

Durante o processo de reformulação em 1970 ganhou mais visibilidade,


com a Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária durante o processo de reformu-
lação do Ministério da Saúde. A partir desta criação houve também a modificação
da terminologia fiscalização para a de vigilância com objetivo de orientar, preve-
nir e não somente de punição.

Atualmente, a vigilância sanitária, criada em 1999, está vinculada à Agên-


cia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a qual passou a administrar as ati-
vidades, até então que eram de responsabilidade do Estado, incluído a defesa
dos direitos do consumidor, como também, promover as condições de saúde da
população. É uma organização que integra o SUS, e obedece aos princípios do
SUS que a universalização, integralidade, participação, como também, os organi-
zativos que compreende a descentralização e hierarquização.

86
TÓPICO 2 | VIGILÂNCIA SANITÁRIA E SUA EVOLUÇÃO

NOTA

A Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem por finalidade


institucional promover a proteção da saúde da população, por intermédio do controle
sanitário da produção e da comercialização de produtos e serviços, inclusive dos ambientes,
dos processos, dos insumos e das tecnologias a eles relacionados, bem como o controle de
portos, aeroportos e de fronteiras (SOLHA; GALLEGUILLOS, 2015).

O sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS) foi definido pela


Lei Federal nº 9.782/99, que definiu o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária
(SNVS) e sua atuação foi dividido em três níveis de competência que descrevemos
a seguir:

Vigilância sanitária da União: tem como objetivo coordenar o SNVS,


prestar cooperação técnica e financeira aos estados e municípios, além de executar
ações de sua exclusiva competência (para as quais a União poderá contar com a
cooperação dos estados ou municípios).

Vigilância sanitária do estado: tem como finalidade coordenar, executar


ações e implementar serviços de vigilância sanitária em caráter complementar
às atividades municipais, prestando apoio técnico e financeiro aos municípios.
Na execução de atividades de sua competência, o estado poderá contar com a
cooperação dos municípios.

Vigilância sanitária dos municípios: tem como propósito executar ações e


implementar serviços de vigilância sanitária com a cooperação técnica e financeira
da União e estados. É importante ressaltar que os três níveis hierárquicos devem
estar comprometidos na capacitação dos recursos humanos e na organização dos
serviços para que o processo de descentralização seja bem articulado e efetivo
(COSTA; HIGA, 2018).

NOTA

De acordo com Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999, o Sistema Nacional de


Vigilância Sanitária (SNVS) é um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir
riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente,
da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde. É
executado por instituições da Administração Pública direta ou indireta da União, dos
Estados, do Distrito Federal, que exerçam atividades de regulação, normatização, controle
e fiscalização na área da Vigilância Sanitária (BRASIL, 1999).

87
UNIDADE 2 | VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, SANITÁRIA E SAÚDE DO TRABALHADOR

Você pode observar que a atuação da vigilância sanitária é bem ampla,


porém, sua principal função “é a proteção e a defesa da saúde individual e
coletiva” (COSTA; HIGA, 2018, p. 85).

Costa e Higa (2018) organizam a atuação da vigilância sanitária em três


grandes grupos:

a) Produtos: alimentos, medicamentos, cosméticos, saneantes e outros de interesse


da saúde.
b) Serviços de saúde e de interesse à saúde.
c) Ambientes: incluído o do trabalho.

FIGURA 7 – IMAGEM REPRESENTATIVA DE MANIPULAÇÃO DE ALIMENTOS

FONTE: <https://bit.ly/2yPX8RB>. Acesso em: 9 abr. 2020.

Observa-se que ao longo da evolução da vigilância sanitária, ela se


modificou tanto em termos de conceitos como de funções e atuação, e cada vez
mais se aproxima da saúde pública, principalmente em termos de prevenção e
controle da manipulação de alimentos.

DICAS

A Resolução RDC nº 216, de 15 de setembro de 2004, dispõe sobre o


Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. Para saber mais sobre
a resolução, acesse: https://bit.ly/3bOQOIr.

88
TÓPICO 2 | VIGILÂNCIA SANITÁRIA E SUA EVOLUÇÃO

3 FUNÇÕES E OBJETIVOS DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA


De acordo com a portaria 1.378/2013 do Ministério da Saúde, em seu art. 2º,
estabelece que a vigilância sanitária deve ser um processo contínuo de sistemático
de coleta de dados, análise e de informação sobre os eventos relacionados à
saúde com objetivo de planejar, implementar ações voltadas a saúde pública que
venham a prevenir e controlar os agravos e doenças e favorecer a promoção da
saúde (BRASIL, 2013).

DICAS

Você sabia que em todo país a vigilância em saúde conta com o apoio do
Laboratório Central (LACEN), também conhecidos como laboratórios centrais de saúde
pública, tem como finalidade a realização de ações de Vigilância em Saúde e como função
básica promover atividades voltadas para o controle epidemiológico e sanitário de uma
população. Suas principais ações estão fundamentadas em critérios epidemiológicos,
tanto no campo da análise clínica quanto na resolução de problemas prioritários de saúde
pública. Para saber mais sobre a atuação do laboratório, acesse o site da secretaria estadual
de saúde de seu estado.

Além disso, de acordo com Costa e Higa (2018), são estabelecidas e


organizadas ações voltadas no âmbito do SUS com objetivo de definir práticas e
processos de trabalho que atinjam toda a população, e que sejam voltadas para:

a) Acompanhar e monitorar as ações voltadas para o planejamento, estabelecimento


de prioridades e estratégias, avaliação voltadas a saúde pública.
b) A adoção de medidas adequadas para as respostas de emergência da saúde
pública.
c) O controle de doenças transmissíveis como por exemplo, tuberculose, AIDS
entre outras, bem como as doenças crônicas e também as não transmissíveis e
as ocasionadas por acidentes e violências que são encaminhadas ao Lacen.
d) Vigilância da população expostas a riscos ambientais, como por exemplo, os
desastres ambientais.
e) Vigilância sanitária dos riscos decorrentes da produção e uso de produtos
como, por exemplo saneantes, alimentos e medicamentos, bem como,
estabelecimentos e comércio de produtos de saúde.

As ações desenvolvidas pela vigilância sanitária se dão em todos as esferas


do governo: federal, estadual, municipal e do distrito federal, onde cada uma
das esferas desempenha um papel importante e que se complementam conforme
podemos verificar no quadro a seguir da seguinte forma:

89
UNIDADE 2 | VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, SANITÁRIA E SAÚDE DO TRABALHADOR

QUADRO 3 – AÇÕES DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA NAS ESFERAS DE GOVERNO

Esfera de Governo Ações


Federal - Gestão das ações de vigilância em saúde no âmbito da
União: secretaria de vigilância e coordenação do SNVS.
- Comando do sistema de vigilância sanitária (ANVISA).
Estadual - As secretarias estaduais de saúde coordenam o
componente estadual dos SNVS e de vigilância sanitária.
Municipal - As secretarias municipais de saúde coordenam o
componente municipal dos SNVS e de vigilância sanitária,
no âmbito de seus limites territoriais, de acordo com as
políticas, diretrizes e prioridades estabelecidas.
Distrito Federal - A coordenação dos SNVS e vigilância sanitária pelo
Distrito Federal compreenderá, simultaneamente, as
competências relativas a estados e municípios.

FONTE: Adaptado de: Costa e Higa (2018)

Podemos observar que as ações desempenhadas por cada uma das esferas
embora sejam especificas acabam se complementando e as informação geradas
no âmbito dos estados e municípios integram o SNVS.

4 VIGILÂNCIA SANITÁRIA: ARTICULAÇÕES COM O


ESTADO, MERCADO E O CONSUMO DE BENS E SERVIÇOS
O crescimento do mercado de bens e serviços, e principalmente os pro-
dutos de interesse sanitário, tecnologia médica e de saúde tem avançado muito
neste novo século. Da mesma forma este crescimento tem atingido a saúde do
indivíduo, da coletividade e o meio ambiente, ocasionando os diversos riscos e
danos, e tornando as práticas da vigilância sanitária mais relevantes.

No contexto, a função da vigilância sanitária é atuar na prevenção, elimi-


nação ou minimização destes riscos e damos e protegendo a saúde da população.
As ações têm finalidade “de implementar concepções e atitudes éticas a respeito
da qualidade das relações, dos processos produtivos, do ambiente e dos serviços”
através da aplicação de checklist elaborados para esse fim de inspeção, controle e
fiscalização (COSTA; HIGA, 2018, p. 118).

90
TÓPICO 2 | VIGILÂNCIA SANITÁRIA E SUA EVOLUÇÃO

FIGURA 8 – IMAGEM REPRESENTANDO UMA INSPEÇÃO

FONTE: <https://consultoradealimentos.com.br/wp-content/uploads/2018/06/
Inspection.jpg>. Acesso em: 9 abr. 2020.

Se considerarmos a relação entre os padrões de produção e consumo, pode-


mos observar vários problemas de saúde que necessitam da interferência por parte
da vigilância sanitária, que vão desde o consumo de alimentos que podem ter pro-
vocados viroses, até mesmo a vistoria de locais onde os produtos são fabricados.
Podemos verificar que várias ações que ocorrem durante a produção e o consumo
podem comprometer a saúde humana, assim, neste contexto cabe a vigilância sa-
nitária adotar estratégias abrangentes, que proporcionem uma prática capaz de se
articular com o uso de instrumentos, a fim de zelar pela saúde coletiva.

Devido à natureza jurídico-política da prática da vigilância sanitária, a


instrumentalização legal é condição para sua efetivação, isto pode ser verificado,
por exemplo, nas normas técnicas, porque estas objetivam assegurar os princípios
de saúde pública sem se perder da evolução tecnológico-científica. Em decorrên-
cia de seu papel regulador, essas ações representam uma importante possibili-
dade de articular os poderes governamentais, impulsionar a participação social
e aperfeiçoar as relações sociais. Com isso, a vigilância sanitária pode ser enten-
dida como espaço um de interferência do Estado, com o propósito de adequar
o sistema produtivo de bens e de serviços ao interesse sanitário, bem como os
ambientes às demandas sociais e às necessidades do sistema de saúde (COSTA;
HIGA, 2018).

No contexto, a vigilância sanitária sobre o mercado e consumo de bens e


serviços, é desempenha um papel muito importante para a saúde pública, pois
além de avaliar, inspecionar e controlar as situações de risco, garantem à popu-

91
UNIDADE 2 | VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, SANITÁRIA E SAÚDE DO TRABALHADOR

lação a qualidade dos produtos, evitando desta forma, risco iminente e agravos
à saúde da população, contribuído diretamente com suas ações na qualidade de
vida das pessoas.

DICAS

O Instituto Nacional de Controle de Qualidade de Saúde (INCQS), vinculado à


Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), atua em áreas de ensino, de pesquisa e de tecnologias
de laboratório relativas ao controle da qualidade de insumos, produtos, ambientes e
serviços sujeitos à ação da Vigilância Sanitária. Para saber mais, acesse: https://www.incqs.
fiocruz.br/.

4.1 PROGRAMAS DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA


Vimos anteriormente que a Vigilância Sanitária atua em várias áreas
sempre prezando pela prevenção da saúde da população. A seguir veremos qual
o papel da vigilância sanitária em cada uma das suas áreas de atuação, vamos lá!

4.1.1 Vigilância Sanitária das Tecnologias de Alimentos


A área de tecnologia de alimentos é bastante complexa, pois envolve des-
de os estabelecimentos de produção e comércio, como também as unidades hos-
pitalares e escolas. A análise da vigilância sanitária envolve verificar a aplicação
de métodos e técnica para o preparo, armazenamento, processamento, controle,
embalagem, distribuição e utilização dos alimentos.

Neste cenário, a atuação da vigilancia sanitária tem por objetivo o con-


trole e a garantia dos produtos alimentícios que serão consumidos, fiscaliza para
garantir alimentos seguros, atuando na redução ou eliminação de fatores de risco
que possam comprometer a qualidade dos alimentos, em todas as fases da pro-
dução até o momento do consumo, e por isso, também faz parte da função deste
órgão, a orientação quanto a manipulação de alimento.

92
TÓPICO 2 | VIGILÂNCIA SANITÁRIA E SUA EVOLUÇÃO

FIGURA 9 – MANIPULAÇÃO DE ALIMENTO NA INDÚSTRIA

FONTE: <https://cptstatic.s3.amazonaws.com/imagens/enviadas/materias/materia7678/m-mani-
pulacao-de-alimentos-cursos-cpt.jpg>. Acesso em: 9 abr. 2020.

Podemos observar que as boas práticas de manipulação de alimentos


envolvem vários cuidados como por exemplo, uso de uniformes de cor clara, uso
de touca ou bonés, aventais, luvas, máscaras, sapatos fechados ou botas brancas,
bem como a higienização compelta da mãos incluindo o antebraço.

Nos contexto da vigilancia sanitária das tecnologias de alimentos, a


vigilância possui funções e metas especificas descritas por Solha e Galleguillos
(2015), conforme veremos a seguir:

• Cadastrar, licenciar e fiscalizar as indústrias, os locais que manipulam ou


vendem alimen tos e ou realizam o transporte de alimentos;
• Coletar e encaminhar para análise amostras de alimentos para monitorar
possíveis contaminações.
• Fiscalizar o comércio ambulante, abates, açougues e produtos in natura, em
parceria com o Ministério da Agricultura.

NOTA

Já percebeu algum comerciante ou outro estabelecimento que fornece


alimentos mencionar a necessidade de fazer anulmente o certificado de boas praticas
na manipulação de alimentos. O curso é ofertado pelos órgão publicos e tambéM por
empresas especializadas neste tipo de treinamento. Trata-se de uma exigencia da vigilância
sanitária baseada na RDC nº 2016 de 2004.

93
UNIDADE 2 | VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, SANITÁRIA E SAÚDE DO TRABALHADOR

A RDC nº 216, de 2004 foi aprovado pela ANVISA e tem por objetivo o
aperfeiçoamento constante das ações de controle sanitário na área de alimentos
objetivando sempre a proteção à saúde da população. Define-se como serviço
de alimentação de acordo art., da RDC nº 216 de 2004, todo os estabelecimentos
que exercem as seguintes atividades: manipulação, preparo, fracionamento,
armazenamento, distribuição, transporte, exposição à venda e entrega dos
alimentos preparados ao consumo.

4.1.2 Vigilância Sanitária das Tecnologias de Beleza,


Limpeza e Higiene
A tecnologia de beleza, limpeza e higiene envolve os métodos e processos
de produção de cosméticos, perfumes, produtos de higiene pessoal e saneantes,
mas também os serviços de beleza, destacando os salões de cabelereiros, serviços
de estéticas e depilação.

Assim, a vigilância sanitária tem como objetivo controlar e garantir a qua-


lidade desses produtos e serviços que são consumidos pela população, fiscalizar
os estabelecimentos que produzem, manipulam ou vendem, e verificam desde o
processo de produção e as técnicas utilizadas até́ o produto final.

No sentido exposto, Solha e Galleguillos (2015) destacam como funções


principais da vigilância sanitária:

• Cadastrar, licenciar e fiscalizar os estabelecimentos industriais, locais de mani-


pulação e de venda de cosméticos, perfumes, produtos de higiene e saneantes,
assim como as empresas que comercializam ou aplicam inseticidas e raticidas,
as empresas que prestam serviços de beleza.
• Analisar amostras para monitorar a qualidade dos produtos.
• Verificar e monitorar o processo de esterilização de materiais.

4.1.3 Vigilância Sanitária das Tecnologias de Produção


Industrial e Agrícola
As tecnologias de produção industrial e agrícola referem-se aos métodos
e técnicas de produção de produtos agrícolas, químicos e drogas veterinárias.
Cabe a vigilância sanitária, garantir a proteção dos profissionais que manipulam
e trabalham com tais produtos, a fim de prevenir danos ou acidentes de trabalho,
e também a proteção do meio ambiente no uso de agrotóxicos, adubos e produ-
tos químicos. Neste contexto do uso de agrotóxicos a vigilância sanitária atuam
juntamente com a vigilância em Saúde Ambiental controlando se estes produtos
tóxicos ao serem utilizados nas plantações de hortifruti e demais alimentos não
venham a ocasionar contaminações.

94
TÓPICO 2 | VIGILÂNCIA SANITÁRIA E SUA EVOLUÇÃO

DICAS

No site da Anvisa há uma página onde qualquer cidadão pode realizar


notificações para a vigilância sanitária. Visite a página e saiba mais: http://portal.anvisa.gov.
br/notificacoes.

4.1.4 Vigilância Sanitária das Tecnologias Médicas


A vigilância das tecnologias médias envolve a atuação em vários serviços
que destacamos a seguir, conforme Solha e Galleguillos (2015):

a) Medicamentos e outros insumos farmacêuticos: tem como objetivo proteger a


população no sentido de evitar o consumo de substâncias ineficazes ou perigo-
sas à saúde.
b) Equipamentos e dispositivos médico-hospitalares: tem o objetivo de garan-
tir a qualidade dos equipamentos, acompanhar os processos técnicos de fabri-
cação, combater as tecnólogas sem comprovação científica e sem registro no
Ministério da Saúde e orientar a população sobre características dos produtos,
eficácia e riscos à saúde.
c) Procedimentos médico-cirúrgicos: fiscaliza os serviços de saúde a fim de evi-
tar o charlatanismo, imperícias e negligência médica – de responsabilidade dos
conselhos de classe quanto ao exercício profissional de médicos e demais pro-
fissionais da saúde.

Além das áreas descritas, a vigilância sanitária ainda tem sob sua respon-
sabilidade a organização da atenção à saúde, destacando sua atuação nos seguin-
tes estabelecimentos:

a) Hospitais: a atuação tem como finalidade exigir a implantação de programas


de controle de qualidade para melhorar o padrão técnico de assistência, redu-
zir os danos ao paciente, garantir a implantação da Comissão de Controle de
Infecção Hospitalar – CCIH, monitorar os procedimentos operqacionais pa-
drão dentro da instituição.
b) Clínicas ambulatoriais: deve garantir a qualidade do atendimento, garantir o
padrão técnico, reduzir os danos, controlar a infecção ambulatorial e orientar a
população.
c) Serviços hemoterápicos: deve garantir a qualidade do sangue humano e seus
componentes, a fim de reduzir riscos de contaminação e infecção, monitorar e
proibir o uso de tecnologias obsoletas e a manutenção periódica destes equipa-
mentos e orientar tanto a população como os profissionais sobre os procedimen-
tos técnicos que precisam ser mantidos. Exemplo: Agencias Transfusionais.
d) Serviços de terapia renal substitutiva (hemodiálise diálise peritoneal): a VS
deve garantir a qualidade dos serviços para reduzir a mortalidade do doente
renal crônico, coibir os pro cedimentos inadequados e orientar a população.
São exemplos deste establecimentos: Centro de Hematologia e Hemoterapia
95
UNIDADE 2 | VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, SANITÁRIA E SAÚDE DO TRABALHADOR

(HEMOCENTROS); Clinicas especializadas em doença renal.


e) Radiação ionizante: neste caso, a vigilancia sanitária deve garantir os mecanis-
mos de radioproteção para reduzir os danos provocados, melhorar a qualidade
das imagens por meio de programas de garantia de qualidade, esclarecer aos
pacientes sobre os procedimentos de proteção a serem adotados na realização
de exames por exemplo, nos centros de diagnósticos por imagem.
f) Bancos de leite humano: cabe a vigilância garantir e qualidade e segurança
do leite materno a fim de impedir a transmissão de doenças como Hepatite B,
AIDS, Sífilis, Chagas e Salmoneloses, e deve também esclarecer sobre a impor-
tância do aleitamento materno e os procedimentos de doação para a população
tanto da rede pública como rede privada de saúde.
g) Banco de órgãos: deve garantir a qualidade e segurança dos procedimentos
de captação, preparo, distribuição de órgãos, junto às unidades hospitalares,
assim como dos transplantes, para impedir a transmissão de doenças aos re-
ceptores, bem como, esclarecer a população sobre os procedimentos da doação
e garantir os fluxos, notificação e cadastro para doação de órgãos em consonân-
cia com a legislação em vigor.
h) Bancos de sêmens e óvulos: deve garantir a qualidade dos procedimentos, o con-
trole de doenças transmissíveis, o manuseio/conservação/distribuição e transfe-
rência do material biológico, garantir procedimentos realizados com técnicas de
êxito e esclarecer usuários sobre os procedimentos da reprodução assistida.
i) Laboratórios de análises clínicas e outras especialidades: deve garantir a qua-
lidade dos exames para reduzir os índices de erro, monitorar a biossegurança
e coleta.
j) Estabelecimentos veterinários: tem como objetivo garantir o funcionamento e
os procedimentos adequados, controlar os resíduos sólidos, controle de trânsi-
to de animais, controle de zoonose, proteção da vizinhança e meio ambiente.

4.1.5 Vigilância Sanitária das Tecnologias do Lazer


Junto às tecnologias do lazer, a vigilância sanitária tem como objetivo ga-
rantir procedimentos seguros aos usuários, coibir a aplicação ilegal de procedi-
mentos médicos por pessoal não habilitado e a aplicação de procedimentos sem
comprovação de eficácia, a fim de reduzir danos à saúde.

Destacam-se neste contexto, os centros esportivos e academias de ginástica.


Nestes locais a vigilância deverá inspecionar se as instalações físicas contemplam a
legislação em vigor, verificar as condições de higiene e limpeza, bem como, se não
há prática ilegal da medicina na prescrição de medicamentos e a comercialização e/
ou o uso de anabolizantes, ou outros produtos proibidos s. por lei.

Também se encaixam nesta classificação, estabelecimentos que realizam


tatuagem. Neste caso, eles precisam ter licença de funcionamento, da mesma for-
ma que os demais estabelecimentos precisam contemplar condições de limpeza,
esterilização e desinfecção dos materiais, usar agulhas descartáveis; tintas atóxi-
cas e específica para tatuagem respeitando a legislação em relação a idade míni-
ma e a necessidade de autorização escrita dos pais ou responsável legal.

96
TÓPICO 2 | VIGILÂNCIA SANITÁRIA E SUA EVOLUÇÃO

4.1.6 Vigilância Sanitária das Tecnologias de Educação


e Convivência
Em escolas e creches, a VS deve promover a manter a saúde das
coletividades presentes e atuar para a melhoria das condições de organização e
funcionamento desses estabelecimentos. Nesses espaços o trabalho de orientação
e de formação da consciência sanitária é mais importante que o de polícia.

4.1.7 Vigilância Sanitária Pós-Comercialização/Pós-Uso


(VIGIPÓS)
O sistema de Vigilância Sanitária pós-comercialização/pós-uso (VIGIPÓS)
tem por objetivo avaliar e alertar, bem como, organizar a coleta de dados e anali-
sar as informações sobre as queixas técnicas ou os eventos adversos oriundos do
uso de produtos sob vigilância sanitária.

Para conseguir identificar essas queixas e reclamações, o VIGIPÓS atua


em parceria com a Rede Sentinela, que tem a função de ser um observatório no
contexto dos serviços de saúde para o gerenciamento de risco em atuação conjun-
ta e efetiva com o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS).

Mas para que serve o VIGIPÓS? O sistema VIGIPÓS pode identificar pre-
cocemente problemas relacionados a produtos e outras tecnologias e desencadear
as medidas pertinentes para que o risco seja interrompido ou minimizado para
que os danos existentes sejam os menores possíveis.

Este sistema se torna muito importante pois consegue produzir informa-


ções que permitem retroalimentar os sistemas de controle e orientar os cidadãos
e profissionais de saúde para a prevenção de riscos e de acordo com ANVISA
(2020) está focalizada nas seguintes frentes: Tecnovigilância, Hemovigilância e
Farmacovigilância, conforme descrito por Solha e Galleguillos (2015) e que vere-
mos a seguir:

a) Tecnovigilância: é o sistema de vigilância de eventos adversos e queixas técni-


cas de produtos para a saúde na fase de pós-comercialização, com vistas a reco-
mendar a adoção de medidas que garantam a proteção e a promoção da saúde
da população. A tecnovigilância visa à segurança sanitária de produtos para
saúde pós-comercialização (equipamentos, materiais, artigos médico-hospita-
lares, implantes e produtos para diagnóstico de uso in vitro).
b) Hemovigilância: é um conjunto de procedimentos para o monitoramento das
reações transfusionais resultantes do uso terapêutico de sangue e seus compo-
nentes, visando melhorar a qualidade dos produtos e processos em hemotera-
pia e aumentar a segurança do paciente. O monitoramento em hemovigilância
inicia-se com a identificação das reações transfusionais – os eventos adversos
resultantes do uso terapêutico de sangue e hemocomponen- tes – pelos serviços
de saúde que realizam assistência hemoterápica. Tais reações devem ser notifica-

97
UNIDADE 2 | VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, SANITÁRIA E SAÚDE DO TRABALHADOR

das e transformadas em informações que são utilizadas para identificar riscos e


prevenir a ocorrência ou recorrência desses eventos adversos; farmacovigilância
é o trabalho de acompanhamento do desempenho dos medicamentos.
c) Farmacovigilância: protege as populações de danos causados por produtos co-
mercializados, por meio da identificação precoce do risco e intervenção opor-
tuna; a Rede Sentinela tem como objetivo promover melhorias relativas à se-
gurança do paciente, de forma a prevenir e reduzir a incidência de eventos
adversos no atendimento e internação. O programa é resultado da experiência
acumulada pela Rede Sentinela, um conjunto de hospitais coordenados pela
Anvisa e que atuam fortemente na notificação de eventos adversos que afetam
a assistência ao paciente.

4.2 REDE SENTINELA


Vimos até o momento que no âmbito da vigilância sanitária o monito-
ramento, a fiscalização de produtos e eventos adversos está entre as principais
funções deste órgão governamental e para isso ela conta com o apoio da Rede
Sentinela.

Você já ouviu falar em sistemas sentinelas?

Os sistemas sentinelas são também conhecidos como fontes sentinelas,


contribuem para assegurar representatividade e qualidade às informações pro-
duzidas. Seus objetivos e atividades estão descritas na Resolução da Diretoria Co-
legiada (RDC) nº 51, de 29 de setembro de 2014. A estratégia de formação de Siste-
mas de Vigilância Sentinela permite monitorar indicadores chaves na população
geral ou em grupos especiais, que sirvam como alerta precoce para o sistema, não
tendo a preocupação com estimativas precisas de incidência ou prevalência na
população geral (SOLHA; GALLEGUILLOS, 2015).

DICAS

Para saber mais sobre as Redes Sentinelas, acesse a Resolução da Diretoria Co-
legiada – RDC Nº 51, de 29 de setembro de 2014: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/
anvisa/2014/rdc0051_29_09_2014.pdf.

Mas, qual a função do Sistema Sentinela? Quando ocorre um evento sen-


tinela é possível detectar, por exemplo, uma doença que poderia ser tratada (pre-
venção), uma incapacidade ou morte inesperada, bem como, sinaliza um alerta
que o nível de qualidade do tratamento não está satisfatório e neste momento o
sistema de vigilância deve ser acionado, para implementar medidas de controle
(COSTA; HIGA, 2018; SOLHA; GALLEGUILLOS, 2015).
98
TÓPICO 2 | VIGILÂNCIA SANITÁRIA E SUA EVOLUÇÃO

Uma das ações mais frequentes de evento sentinela, ocorre nas unidades
de saúde sentinelas, permitindo identificar o comportamento de doenças infec-
ciosas e parasitárias e informam diariamente aos órgãos de vigilância os casos de
doenças sob vigilância.

A ocorrência de epidemias e pandemias por doenças emergentes, fez com


que a comunidade internacional, aprimorasse os serviços de Vigilância em Saú-
de, o que determinou a especificidade em Vigilância Epidemiológica às doenças
emergentes e reemergentes, surtos e emergência em saúde pública. Alguns exem-
plos são destacados por Solha e Galleguillos (2015):

• A expansão da circulação do vírus da influenza, H5N1.


• A pandemia por síndrome respiratória aguda grave.
• O uso de Antraz em atos terroristas.

Cabe destacar também neste caso, o ambiente hospitalar. Eles se tornam


uma importante fonte para a notificação das doenças de notificação compulsória,
principalmente dos casos mais graves, com impacto para a saúde pública no país.
Por isso, é muito comum encontrarmos nestes estabelecimentos equipes respon-
sáveis por identificar e notificar os eventos sentinelas.

Observa-se nas últimas décadas um aumento do número de casos de do-


enças transmissíveis, essa ação pode levar à identificação de epidemias, cujos co-
nhecimento precoce para a adoção de medidas de controle. O hospital também
é considerado uma fonte de informação para outros problemas de saúde, uma
vez que as informações repassadas possibilitam o acompanhamento do perfil de
morbimortalidade da população atendida, apoiando o planejamento do sistema
de saúde (SOLHA; GALLEGUILLOS, 2015).

NOTA

De acordo com a RDC nº 51, de 29 de setembro de 2014, art. 10, a adesão


do serviço de saúde à Rede Sentinela é um ato voluntário, não havendo nenhum repasse
de recursos financeiros pela Agencia Nacional de Vigilância Sanitária para os serviços que
aderirem à rede, porém, nos casos dos hospitais principalmente, a participação nesta rede
é um dos critérios exigidos no processo de acreditação.

A ANVISA destaca como objetivos da Rede Sentinela:

• Obter informações de qualidade sobre eventos adversos e queixas técnicas


relacionados a produtos sob vigilância no período pós-uso/pós-comercialização
– VIGIPÓS, para subsidiar a tomada de decisão por parte do Sistema Nacional
de Vigilância Sanitária (SNVS).
• Promover e divulgar o Sistema de Notificação e Investigação em Vigilância
Sanitária – NOTIVISA, com o intuito de consolidar a cultura da notificação.

99
UNIDADE 2 | VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, SANITÁRIA E SAÚDE DO TRABALHADOR

• Contribuir para o aprimoramento do gerenciamento de risco nos serviços de


saúde.
• Desenvolver e apoiar estudos de interesse do Sistema de Saúde Brasileiro.
• Cooperar para atividades de formação de pessoa, educação continuada e
produção de conhecimento no âmbito do VIGIPÓS.

De acordo com a ANVISA (2020) os serviços que compõem a Rede Sentinela


são os responsáveis pelas notificações e monitoramento de eventos adversos e
queixas técnicas de produtos sob vigilância sanitária (medicamentos, vacinas e
imunoglobulinas; pesquisas clínicas; cosméticos, produtos de higiene pessoal
ou perfume; artigos e equipamentos médico-hospitalares; kit reagente para
diagnóstico in vitro; uso de sangue ou componentes; saneantes e agrotóxicos) em
uso no Brasil, contribuindo para a Vigilância de Produtos Pós-Comercialização
(Vigipós) dos produtos utilizados nos estabelecimentos de saúde.

Atualmente, quase todos os estados federativos possuem um ou mais


estabelecimentos de saúde que participam da rede sentinela, conforme podemos
Distribuição dos Serviços Sentinelas por unidade federada. Bra
observar na figura a seguir:

FIGURA 10 – DISTRIBUIÇÃO DOS SERVIÇOS SENTINELAS POR UNIDADE FEDERADA EM 2018

0
0

2
2 4 14
4
0
8
1 11
2

7 7
1 4
7 3
27
2 Observação: N
2
2
clicar na num
direcionado pa
76 23 Estado.
14

23
13

FONTE: <https://bit.ly/3aKvx1f>. Acesso em: 17 abr. 2020.

Podemos observar na figura anterior que os estados que mais se desta-


cam com estabelecimentos de saúde na rede sentinela são: São Paulo (76), Minas
Gerais (27) e Rio de Janeiro (23).

100
TÓPICO 2 | VIGILÂNCIA SANITÁRIA E SUA EVOLUÇÃO

NOTA

A Gerência Geral de Monitoramento de Produtos Sujeitos à Vigilância Sanitária


(GGMON) promoveu, nos dias 07 a 09 de agosto, na cidade de São Paulo, o 17º Encontro
Nacional da Rede Sentinela: “A Rede Sentinela e o Vigipós: Avanços e Desafios”. Do encontro,
gerou-se a publicação com os resumos dos trabalhos.
FONTE: https://bit.ly/2xirCuW.

FIGURA 11 – SÍMBOLO DA REDE SENTINELA

FONTE: <https://bit.ly/2SmpOIO>. Acesso em: 9 abr. 2020.

Mas qual a contrapartida que a ANVISA dá para os serviços integrantes


desta rede?

De acordo com a ANVISA (2020) a adesão do serviço de saúde à Rede


Sentinela é caracterizado como um ato voluntário, considerando que não gera
custos para os serviços, e também, não há transferência de recurso financeiro
por parte da ANVISA para a implantação da gerência de risco pelas Instituições
credenciadas e para realização das atividades previstas na RDC Anvisa n° 51/2014
(Dispõe sobre a Rede Sentinela para o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária)
e a Instrução Normativa da Anvisa IN n° 8/2014 (Dispõe sobre os critérios para
adesão, participação e permanência dos serviços de saúde na Rede Sentinela).
Porém, para contribuir com a qualificação dos serviços a ANVISA, oferecem um
programa de educação continuada, o qual compreende as seguintes atividades:

• Sentinelas em Ação.
• Curso de Ferramentas para Investigação, análise de Eventos e Riscos em Saúde.
• Curso de Gestão do Sistema de Qualidade e Segurança para Líderes.
• Qualidade e Segurança em Saúde com Simulação Realística.

Vejamos um exemplo a seguir da parceria entre ANVISA e Hospital Sírio-


libanês com o projeto Sentinelas em Ação:

101
UNIDADE 2 | VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, SANITÁRIA E SAÚDE DO TRABALHADOR

E
IMPORTANT

Projeto PROADI-SUS em parceria entre Anvisa e a Sociedade Beneficente


de Senhoras Hospital Sírio-Libanês
Sentinelas em Ação

O programa “Sentinelas em Ação” é uma estratégia virtual de atualização e compartilhamento


de conhecimentos relacionados à Vigilância Sanitária pós-uso/comercialização de produtos,
ao Sistema de Notificação e Investigação em Visa (VIGIPÓS), à Segurança do Paciente e a
outros assuntos emergentes no cenário da saúde do País. É uma parceria entre a ANVISA e
o Hospital Sírio Libanês, com apoio da Rede Universitária de Telemedicina (Rute).
Trata-se de palestras transmitidas em tempo real, às terças-feiras das 11h às 12h (horário de
Brasília), para as instituições que compõem a Rede Sentinela de Serviços de Saúde de todo
Brasil e para os serviços de Vigilância Sanitária.
Para participar do Programa é necessário efetuar o cadastro no Portal do Hospital Sírio
Libanês (http://ensino.hospitalsiriolibanes.com.br/Account/Register.aspx) para que seja
gerada uma senha de acesso à plataforma de EAD dessa instituição.
Outros profissionais dos serviços credenciados, além do Gerente de Risco, poderão
se cadastrar. Mas isso dar-se-á somente mediante a articulação do Gerente de Risco
previamente cadastrado, o qual se responsabilizará por esses acessos e solicitação a
coordenação da Rede Sentinela.
A ideia é de que os Gerentes de Risco organizem sessões para que os colaboradores de
seu serviço possam se reunir e assistir aos programas. A programação do mês seguinte é
sempre apresentada no mês anterior para permitir a divulgação e organização das sessões.
O programa tem como clientela prioritária os profissionais que atuam no gerenciamento de
risco e segurança do paciente nos serviços sentinelas, bem como profissionais do Sistema
Nacional de Vigilância Sanitária.

Prezados alunos, neste tópico estudamos sobre a vigilância sanitária.


Trata-se de um tema amplo, mas conseguimos compreender como ela foi criada,
sua função e objetivos. Gostou do tema?

DICAS

Como dica, sugerimos que você visite o site ANVISA http://portal.anvisa.gov.


br/, em que há muitos materiais interessantes e que lhe ajudarão no dia-a-dia como gestor
de saúde pública, e lhe manterá atualizado quanto à legislação atualizada.

102
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• Sobre a evolução da vigilância sanitária com os passar dos anos e os obstáculos


enfrentados.

• As responsabilidades da vigilância sanitária são aplicadas a cada uma das


esferas de governo (Federal, estadual e Municipal).

• A legislações pertinentes a vigilância sanitária em nível estadual e municipal


são elaboradas com base nas Resoluções e Portarias da ANVISA.

• A relação da vigilância sanitária com o governo, mercado e consumidor é


bastante complexa, visto que, as ações envolvem além da prevenção também a
fiscalização de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços.

• A rede sentinela são os responsáveis pelas notificações e monitoramento de


eventos adversos e queixas técnicas de produtos sob vigilância sanitária.

103
AUTOATIVIDADE

1 Estudamos no decorrer desta unidade que a vigilância sanitária tem sob


sua responsabilidade a organização da atenção à saúde dos serviços médicos,
destacando sua atuação em alguns estabelecimentos. Assinale a alternativa
correta:

a) Hospitais, centro de hemoterapia, clinica veterinárias, entre outros.


b) Salão de beleza, ambulatórios de saúde, clinicas médicas.
c) Escolas, creches e jardins de infância.
d) Serviços tecnológicos.

2 Quais as ações do programa educação continuada vinculadas à rede


sentinela?

3 Considerando as ações de vigilância sanitária, correlacione as colunas:

Federal ( ) As secretarias estaduais de saúde coordenam


o componente estadual dos SNVS e de vigilância
sanitária
Estadual ( ) Gestão das ações de vigilância em saúde
no âmbito da União: secretaria de vigilância e
coordenação do SNVS
Municipal ( ) A coordenação dos SNVS e vigilância sanitária pelo
Distrito Federal compreenderá, simultaneamente,
as competências relativas a estados e municípios.
Distrito Federal ( ) As secretarias municipais de saúde coordenam
o componente municipal dos SNVS e de vigilância
sanitária, no âmbito de seus limites territoriais, de
acordo com as políticas, diretrizes e prioridades
estabelecidas

104
UNIDADE 2
TÓPICO 3

VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR

1 INTRODUÇÃO
A saúde do trabalhador é um campo da saúde coletiva que abrange prá-
ticas interdisciplinares e entre instituições, originada na medicina social latino-a-
mericana e influenciada, também, pela vivência italiana na área.

Sua abordagem busca ir além da saúde ocupacional e da medicina do


trabalho, pois envolve outras ciências, como a epidemiologia, a gestão e planeja-
mento em saúde e as ciências sociais na saúde, entre outras.

No Tópico 3, vamos estudar os preceitos básicos da saúde do trabalhador,


verificar a relação da saúde do trabalhador com a vigilância em saúde e conhecer
ações de promoção da saúde do trabalhador. Vamos lá!

2 ASPECTOS CONCEITUAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR


As questões relacionadas ao trabalho e saúde são antigas, desde os primór-
dios da sua existência, quando o homem passou a perceber que para sobreviver
necessitava desenvolver algumas tarefas que exigiam esforções e consequentemen-
te resultava no cansaço. Neste período, os indivíduos que eram mais fortes domi-
navam os mais fracos para executar tais tarefas o que resultou no trabalho escravo.

Antes de prosseguimos, importante deixar claro o que é trabalho?

Podemos dizer de forma coloquial que trabalho é uma necessidade do ser


humano. Mas de acordo com o dicionário trabalho significa “atividade profis-
sional remunerada ou não; atividade produtiva ou criativa desenvolvidas para
determinado fim [...]” (HOUAISS; VILLAR, 2009, p. 734).

Você com certeza já estudou sobre o trabalho escravo nas aulas de história
não é mesmo? Aqui vamos recordar alguns pontos que são relacionados ao pro-
cesso de saúde-doença-trabalho. O trabalho escravo perpetuou por muito tempo,
pois, trabalhar nesta época era algo visto como degradante e de riscos, assim ricos
e poderosos tinham escravos para executar tais tarefas.

Com a chegada da Idade Média, teve o início o aprendizado de ofícios


como os do artesão que ensinavam seus filhos e outros jovens do senhor feudal.

105
UNIDADE 2 | VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, SANITÁRIA E SAÚDE DO TRABALHADOR

E, no final destes períodos surgem as primeiras fábricas movidas pelos chamados


moinhos (uma roda d´água).

Com a chegada Revolução industrial, com o advento das maquinas a va-


por, muitas fábricas foram se instalando e formando os centros urbanos, e para
que estas máquinas pudessem funcionar necessitavam de grande quantidade de
carvão, oriundas das industrias extrativistas de carvão.

FIGURA 12 – REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

FONTE: <https://www.sohistoria.com.br/resumos/revolucaoindustrial.php>. Acesso em: 9 abr. 2020.

Neste período a relação saúde-trabalho ficou bem delicada, pois, como os


túneis eram baixos, era utilizada o trabalho infantil, cujas condições de trabalho
eram as piores possíveis e com longas jornadas de trabalho.

DICAS

Um livro publicado por Donald Hunter, The Discases of Ocuation, em 1974,


traz uma boa revisão histórica do período.

Muitas foram as batalhas enfrentadas pelos trabalhadores até o surgimento


das grandes fábricas, onde começavam a se discutir as relações de trabalho e consi-
derar que o trabalho influenciava na saúde dos trabalhadores, embora Bernardino
Ramazini já havia publicado as doenças advindas das diversas profissões.

106
TÓPICO 3 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR

NOTA

Bernardino Ramazini: Nascido em Carpi, na Emilia-


Romagna, em 4 de outubro de 1633, aos 19 anos foi para a
Universidade de Parma, a fim de completar sua formação
em Filosofia. Cursou posteriormente Medicina na mesma
universidade, onde se graduou em 1659, portanto com pouco
mais de 25 anos. Cabe lembrar que na Itália, desde o Século
XIII, os estudos filosóficos de três anos de duração antecediam,
obrigatoriamente, a formação acadêmica e prática do médico.

Nesta época, ano acadêmico de 1690 a 1691, Ramazzini inicia


no curso médico de Modena, suas aulas sobre a matéria que
denominou De Morbis Artificum – as doenças dos trabalhadores. Suas observações e
apontamentos de aula, mais tarde constituidores de seu “diatriba” - tratado - que intitulou
De Morbis Artificum Diatriba, resultaram da amalgamação de uma sólida bagagem de
erudição na literatura histórica, filosófica e médica disponível, com as observações colhidas
em visitas a locais de trabalho e em entrevistas com trabalhadores [...].

FONTE: https://bit.ly/35keORw. Acesso em: 6 abr. 2020.

Na segunda metade do Século XX, observou-se um avanço no desenvol-


vimento da indústria e também as questões da saúde do trabalhador. No Brasil,
assim como em ouros países, ainda hoje se constata que suas condições de tra-
balho não estão muito longe do trapilho, condições estas a qual os escravos eram
submetidos, inclusive em grandes centros urbanos. Assim como também existes
empresas cujas segurança e saúde do trabalhador faz parte do planejamento anu-
al da empresa as ações e programas voltados a promoção de saúde do trabalha-
dor em vários aspectos.

Neste período, surgem também os Movimentos sindicais que “passaram


a exigir o direito a boas condições e segurança no trabalho, sob o ponto de vista
técnico-científico, de modo a preservar a integridade física e mental do trabalha-
dor no exercício de sua profissão” (SOUZA; MINICHELLO, 2014, p. 15).

Mas temos que ter claro que mesmo em diferentes épocas e estágios de
evolução, o desenvolvimento da produção para contemplar um consumo em
massa acaba impondo ao trabalhador um ritmo exaustivo. Neste contexto, olhan-
do para saúde do trabalho surge a Medicina do Trabalho.

A medicina do trabalho não tem o objetivo de tratar doenças e sim, dar


condições de trabalho dignas ao trabalhador de forma que não ocorra as doen-
ças, para isso, são necessários o monitoramento e a implementação de ações de
prevenção.

107
UNIDADE 2 | VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, SANITÁRIA E SAÚDE DO TRABALHADOR

O artigo Da medicina do trabalho à saúde do trabalhador, publicado na Revista


de Saúde Pública, em 1991 por Mendes e Dias, apesenta a trajetória da história da
medicina do trabalho.

NOTA

A medicina do trabalho, enquanto especialidade médica, surge na Inglaterra, na


primeira metade do Século XIX, com a Revolução Industrial de 1956.

Naquele momento, o consumo da força de trabalho, resultante da submissão dos traba-


lhadores a um processo acelerado e desumano de produção, exigiu uma intervenção, sob
pena de tornar inviável a sobrevivência e reprodução do próprio processo.

Quando Robert Dernham, proprietário de uma fábrica têxtil, preocupado com o fato de que
seus operários não dispunham de nenhum cuidado médico a não ser aquele propiciado
por instituições filantrópicas, procurou o Dr. Robert Baker, seu médico, pedindo que indi-
casse qual a maneira pela qual ele, como empresário, poderia resolver tal situação, Baker
respondeu-lhe: "Coloque no interior da sua fábrica o seu próprio médico, que servirá de
intermediário entre você, os seus trabalhadores e o público. Deixe-o visitar a fábrica, sala
por sala, sempre que existam pessoas trabalhando, de maneira que ele possa verificar o
efeito do trabalho sobre as pessoas. E se ele verificar que qualquer dos trabalhadores está
sofrendo a influência de causas que possam ser prevenidas, a ele competirá fazer tal pre-
venção. Dessa forma você poderá dizer: meu médico é a minha defesa, pois a ele dei toda
a minha autoridade no que diz respeito à proteção da saúde e das condições físicas dos
meus operários; se algum deles vier a sofrer qualquer alteração da saúde, o médico unica-
mente é que deve ser responsabilizado".

FONTE: MENDES, R.; DIAS, E. C. Da medicina do trabalho à saúde do trabalhador. Revista de


Saúde Pública, São Paulo, v. 25, n. 5, p. 341-349, 1991.

Observe no recorte do texto anterior que a atitude imediata do empregador


foi a contratação de Robert Baker para trabalhar na sua fábrica. Assim, surgiu, no
ano de 1830, o primeiro registro da medicina do trabalho. Despontou na iniciativa
do patrão o primeiro serviço médico de empresa! Imagine que isto ocorreu há
tanto tempo e atualmente ainda é difícil conscientizar alguns empresários da
importância deste trabalho.

Assim, a Saúde do Trabalhador é o campo da Saúde Pública cujo objeto de


estudo é a intervenção as relações produção-consumo e o processo saúde-doença
das pessoas e, em particular, dos trabalhadores.

Como vimos anteriormente o trabalho pode ser considerado como eixo


organizador da vida social, espaço de dominação e resistência dos trabalhadores
e determinante das condições de vida e saúde das pessoas. A partir deste cenário,
as intervenções que venham a ocorrer em relação aos processos produtivos, no
sentido de torná-los promotores de saúde, e não de adoecimento e morte, devem
garantir a atenção integral à saúde dos trabalhadores (BRASIL, 2018).

108
TÓPICO 3 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR

3 VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR


A Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT) é a mais jovens do grupo
das vigilâncias em saúde e passa por um processo construtivo em todos os níveis
de atenção. A VISAT é amparada pela Constituição Federal de 1988 que definiu
em seu Artigo 200, Inciso II, que compete ao Sistema Único de Saúde (SUS)
executar ações de saúde do trabalhado e também pela Política Nacional de Saúde
do Trabalhador, instituída a partir da publicação da Portaria nº 1.823, de 23 de
agosto de 2012.

A partir da promulgação da Lei Orgânica de Saúde em 1990, a saúde do


trabalhador passa a ser definida como:

§ 3º Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei, um conjunto


de atividades que se destina, através das ações de vigilância epidemiológica e
vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim
como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos
aos riscos e agra- vos advindos das condições de trabalho, abrangendo:

I – assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho ou portador


de doença profissional e do trabalho;

II – participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde


(SUS), em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos riscos e agravos potenciais
à saúde existentes no processo de trabalho;

III – participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde


(SUS), da normatização, fiscalização e controle das condições de produção,
extração, armazenamento, transporte, distribuição e manuseio de substancias, de
produtos, de máquinas e de equipamentos que apresentam riscos à saúde do
trabalhador;

IV – Avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde;

V – Informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindical e


as empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho, doença profissional e do
trabalho, bem como os resultados de fiscalizações, avaliações ambientais e exames
de saúde, de admissão, periódicos e de demissão, respeitados os preceitos da
ética profissional;

VI – participação na normatização, fiscalização e controle dos serviços de


saúde do trabalhador nas instituições e empresas públicas e privadas;

VII – revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas no


processo de trabalho, tendo na sua elaboração a colaboração das entidades
sindicais; e

109
UNIDADE 2 | VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, SANITÁRIA E SAÚDE DO TRABALHADOR

VIII – a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao órgão


competente a interdição de máquina, de setor de serviço ou de todo ambiente
de trabalho, quando houver exposição a risco iminente para a vida ou saúde dos
trabalhadores” (BRASIL, 1990).

De acordo com Solha e Galleguillos (2015, p. 86), a VISAT “visa à promoção


da saúde e à redução da morbimortalidade da população trabalhadora, por
meio da integração de ações que intervenham nos agravos e seus determinantes
decorrentes do modelo de desenvolvimento e dos processos produtivos”.

Em 1998, o Ministério da Saúde publicou a Portaria nº 3.120, que aprovou


a Instrução Normativa de Vigilância em Saúde do Trabalhador no SUS. De
acordo com esta portaria a VISAT tem por finalidade procedimentos básicos
para o desenvolvimento das ações correspondente. De acordo com o anexo desta
portaria, esta instrução normativa tem por objetivo “o de poder instrumentalizar
minimamente os setores responsáveis pela vigilância e defesa da saúde, nas
Secretarias de Estados e Municípios, de forma a incorporarem em suas práticas
mecanismos de análise e intervenção sobre os processos e os ambientes de
trabalho” (BRASIL, 1998, on-line).

Ainda de acordo com o anexo desta instrução normativa, item 3


“Princípios”, a vigilância em saúde do Trabalhador é baseada nos princípios do
Sistema Único de Saúde (SUS):

• Universalidade: todos os trabalhadores, independentemente de sua localiza-


ção, urbana ou rural, de sua forma de inserção no mercado de trabalho, formal
ou informal, de seu vínculo empregatício, público ou privado, autônomo, do-
méstico, aposentado ou demitido, são objeto e sujeitos da Vigilância em Saúde
do Trabalhador.

• Integralidade das ações: o entendimento de atenção integral à saúde do traba-


lhador, compreendendo a assistência e recuperação dos agravos, os aspectos
preventivos implicando intervenção sobre seus fatores determinantes em nível
dos processos de trabalho e a promoção da saúde que implicam ações arti-
culadas com os próprios trabalhadores e suas representações. A ênfase deve
ser dirigida ao fato de que as ações individuais/curativas articulam-se com as
ações coletivas, no âmbito da vigilância, considerando que os agravos à saúde
do trabalhador são absolutamente preveníveis.

• Pluriinstitucionalidade: articulação, com formação de redes e sistemas, entre


as instâncias de vigilância em saúde do trabalhador e os centros de assistência
e reabilitação, as universidades e centros de pesquisa e as instituições públicas
com responsabilidade na área de saúde do trabalhador, consumo e ambiente.

• Controle social: incorporação dos trabalhadores e das suas organizações, prin-


cipalmente as sindicais, em todas as etapas da vigilância em saúde do traba-
lhador, compreendendo sua participação na identificação das demandas, no

110
TÓPICO 3 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR

planejamento, no estabelecimento de prioridades e adoção de estratégias, na


execução das ações, no seu acompanhamento e avaliação e no controle da apli-
cação de recursos.

• Hierarquização e descentralização: consolidação do papel do município e dos


distritos sanitários como instância efetiva de desenvolvimento das ações de vi-
gilância em saúde do trabalhador, integrando os níveis estadual e nacional do
Sistema Único de Saúde, no espectro da ação, em função de sua complexidade.

• Interdisciplinaridade: a abordagem multiprofissional sobre o objeto da vigi-


lância em saúde do trabalhador deve contemplar os saberes técnicos, com a
concorrência de diferentes áreas do conhecimento e, fundamentalmente, o sa-
ber operário, necessários para o desenvolvimento da ação.

• Pesquisa-intervenção: o entendimento de que a intervenção, no âmbito da vi-


gilância em saúde do trabalhador, é o deflagrador de um processo contínuo,
ao longo do tempo, em que a pesquisa é sua parte indissolúvel, subsidiando e
aprimorando a própria intervenção.

• Caráter transformador: a intervenção sobre os fatores determinantes e condi-


cionantes dos problemas de saúde relacionados aos processos e ambientes de
trabalho com o entendimento de que a vigilância em saúde do trabalhador, sob
a lógica do controle social e da transparência das ações, pode ter na intervenção
um caráter proponente de mudanças dos processos de trabalho, a partir das
análises tecnológica, ergonômica, organizacional e ambiental efetuadas pelo
coletivo de instituições, sindicatos, trabalhadores e empresas, inclusive, supe-
rando a própria legislação (BRASIL, 1990, on-line).

Assim, podemos afirmar que vigilância em saúde do trabalhador abrange


uma

[...] atuação contínua e sistemática ao longo do tempo, no sentido de


detectar, conhecer, pesquisar e analisar os fatores determinantes e con-
dicionantes dos agravos à saúde relacionados aos processos e ambien-
tes de trabalho, em seus aspectos tecnológico, social, organizacional e
epidemiológico, com a finalidade de planejar, executar e avaliar inter-
venções sobre esses aspectos, de forma a eliminá-los ou controlá-los
(CEREST/SESDEC-RJ; CESTEH/ENSP/FIOCRUZ, 2011, s.p.).

No contexto, entende-se que o processo saúde-doença do trabalhador


tem uma relação articulada diretamente com o trabalho desenvolvido pelo
profissional, e por isso, é necessário ao se falar em doença do trabalhador, analisar
uma combinação de fatores (doença e um grupo de fatores de riscos, por exemplo,
físicos, químicos, biológicos e mecânicos) presentes no ambiente de trabalho.

Vimos na Unidade 1 que a saúde do trabalhador integra os determinantes


de saúde, e são associadas a diversos fatores que envolvem desde as condições de
vida deste trabalhados até mesmo as suas condições de trabalho. Assim, a atuação
da área de saúde do trabalhador ultrapassa os limites do SUS e deve ser realizada,
111
UNIDADE 2 | VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, SANITÁRIA E SAÚDE DO TRABALHADOR

necessariamente, em conjunto com outras áreas do poder público (Ministério do


Meio Ambiente (MMA), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Ministério
da Previdência Social (MPAS) e a Promotoria Pública), com a cooperação da
sociedade e dos próprios trabalhadores organizados (Sindicatos e Conselhos de
Classe) (COSTA; HIGA, 2018; SOLHA; GALLEGUILLOS, 2015).

Assim, cabe a cada um destes órgão do poder público as seguintes


responsabilidades descritas por Solha e Galleguillos (2015, p. 58):

• Previdência Social realiza o pagamento de benefícios aos acidentes


e portadores de doenças relacionadas ao trabalho e realiza a coleta
e consolidação dos dados sobre aciden- tes de trabalho;
• Ministério Público presta assistência jurídica às vítimas de aciden-
tes de trabalho e seus familiares, além de receber e acompanhar de-
núncias do descumprimento das Normas de Segurança e Medicina
do Trabalho;
• o MTE, por meio das Delegacias Regionais de Trabalho e seus au-
ditores-fiscais, deve fiscalizar o cumprimento das regras de segu-
ridade social e segurança e medicina do trabalho, além de realizar
autuações em caso de descumprimento das leis.

Além de contar com estes órgão do poder público, as ações da VISAT


ainda estão pautadas na Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho
(PNSST) foi instituída pelo Decreto nº 7.602, de 7 de novembro de 2011. Essa
política tem entre seus objetivos a promoção da saúde, a prevenção de danos à
saúde relacionados ao trabalho e melhoria da qualidade de vida do trabalhador,
bem como, determina o papel de cada um dos órgãos, conforme estudaremos
mais detalhadamente a seguir (SOLHA; GALLEGUILLOS, 2015).

DICAS

Para você conhecer as responsabilidades de cada um dos órgãos citados,


acesse o Decreto 7.602, de 7 de novembro de 2011.

No contexto da Vigilância em Saúde do Trabalhador são considerados


2 grandes grupos de doenças: Agravos relacionados ao Trabalho e Agravo de
Notificações Compulsórias conforme podemos observar no quadro a seguir:

QUADRO 4 – GRUPOS DE DOENÇAS RELACIONADAS AO TRABALHO

Grupo Doenças
AGRAVOS Acidente tipo (típico)
RELACIONADOS AO Doenças ocupacionais
TRABALHO Acidentes de trajeto

112
TÓPICO 3 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR

Acidente de Trabalho Fatal;


Acidentes de Trabalho com Mutilações;
Acidente com Exposição a Material Biológico;
Acidentes do Trabalho em Crianças e Adolescentes;
Dermatoses Ocupacionais
Intoxicações Exógenas (por substâncias químicas,
AGRAVOS DE incluindo agrotóxicos, gases tóxicos e metais pe-
NOTIFICAÇÃO sados);
COMPULSÓRIA Lesões por Esforços Repetitivos (LER), Distúrbios
Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho
(DORT);
Pneumoconioses;
Perda Auditiva Induzida por Ruído – PAIR;
Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho; e
Câncer Relacionado ao Trabalho.
FONTE: <http://redehumanizasus.net/9536-saude-do-trabalhador/>. Acesso em: 6 abr. 2020.

3.1 FINALIDADE E OBJETIVOS DAS AÇÕES DE SAÚDE DO


TRABALHADOR
A execução de ações de saúde do trabalhador está descrita na Constitui-
ção Federal, Art. 200, a execução das ações de saúde do trabalhador é competên-
cia do SUS devendo este: “executar as ações de vigilância sanitária e epidemio-
lógica, bem como as de saúde do trabalhador”; e “colaborar na proteção do meio
ambiente, nele compreendido o do trabalho” (BRASIL, 1988, documento on-line).

No contexto estabelecido pela CF, cabe ao Ministério da Saúde coordenar


as ações de vigilância em saúde do trabalhador descrita também na Lei 8.080/90,
alinhando-a às demais políticas existentes e implementando-a em todos os níveis
de atenção (primária, secundária e terciária) do SUS (BRASIL, 1990).

Por intermédio da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Traba-


lhadora (PNSTT) são definidos os princípios, as diretrizes e as estratégias nas três
esferas de gestão do SUS: federal, estadual e municipal. Objetivo desta política é
o desenvolvimento de ações de atenção integral à saúde do trabalhador, com ên-
fase na vigilância, visando à promoção e à proteção da saúde dos trabalhadores,
além da redução da morbimortalidade decorrente dos modelos de desenvolvi-
mento e dos processos produtivos (COSTA; HIGA, 2018).

A PNSTT é dirigida a todos os trabalhadores, independentemente de sua lo-


calização (urbana ou rural), de sua forma de inserção no mercado de trabalho (formal
ou informal) ou de seu vínculo empregatício (público, privado, assalariado, autôno-
mo, avulso, temporário, cooperativado, aprendiz, estagiário, doméstico, aposentado
ou desempregado) (COSTA; HIGA, 2018; SOLHA; GALLEGUILLOS, 2015).

113
UNIDADE 2 | VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, SANITÁRIA E SAÚDE DO TRABALHADOR

Podemos observar que diferentemente do Ministério do Trabalho e Renda


e da Previdência que só trata dos trabalhadores formais, a PNSTT trata de um
público-alvo diferente incluindo todas as classes de trabalhadores.

No Capítulo 2 da PNSTT (Portaria nº 1.823, de 23 de agosto de 2012) que


trata de seus objetivos, art. 8, estão descritos os seguintes objetivos macros:

I - fortalecer a Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT) e a integração


com os demais componentes da Vigilância em Saúde;

II - promover a saúde e ambientes e processos de trabalhos saudáveis;

III - garantir a integralidade na atenção à saúde do trabalhador, que pres-


supõe a inserção de ações de saúde do trabalhador em todas as instâncias e pon-
tos da Rede de Atenção à Saúde do SUS, mediante articulação e construção con-
junta de protocolos, linhas de cuidado e matriciamento da saúde do trabalhador
na assistência e nas estratégias e dispositivos de organização e fluxos da rede;

VI - assegurar que a identificação da situação do trabalho dos usuários


seja considerada nas ações e serviços de saúde do SUS e que a atividade de tra-
balho realizada pelas pessoas, com as suas possíveis consequências para a saúde,
seja considerada no momento de cada intervenção em saúde; e

VII - assegurar a qualidade da atenção à saúde do trabalhador usuário do SUS.



Dando sequência ao que é assegurado pela PNSTT, seu capitulo III, art. 9,
a portaria apresenta as principais estratégias de forma macro para implementa-
ção da PNSTT,

I - integração da Vigilância em Saúde do Trabalhador com os demais com-


ponentes da Vigilância em Saúde e com a Atenção Primária em Saúde, o que
pressupõe:

II - análise do perfil produtivo e da situação de saúde dos trabalhadores,


o que pressupõe:

III - estruturação da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Traba-


lhador (RENAST) no contexto da Rede de Atenção à Saúde;

IV - fortalecimento e ampliação da articulação intersetorial;

V - estímulo à participação da comunidade, dos trabalhadores e do con-


trole social;

VI - desenvolvimento e capacitação de recursos humanos;

VII - apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas (BRASIL, 2012,


documento on-line).

114
TÓPICO 3 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR

Ao realizar a leitura da política, você observará que implementação da


PNSTT pelo SUS, ocorre pela articulação tanto de ações individuais de assistência
e de recuperação dos agravos, quanto de ações coletivas, de promoção, de pre-
venção, de vigilância dos ambientes, processos e atividades de trabalho, além da
intervenção sobre os fatores determinantes da saúde dos trabalhadores.

São executadas, também, ações de planejamento e avaliação com as prá-


ticas de saúde, o conhecimento técnico e os saberes dos trabalhadores. Com isso,
toda uma rede deve ser constituída a fim de conferir aplicabilidade à PNSTT, des-
de a atenção primária, transcorrendo pela vigilância em saúde e direcionando-se
à assistência e à reabilitação.

3.2 CENTRO DE REFERÊNCIA EM SAÚDE DO


TRABALHADOR - CEREST

O Centro de Referência em Saúde do Trabalhador – Cerest que tem por
objetivo realizar o atendimento especializado em Saúde do Trabalhador. A
partir do atendimento, ficam registrados dados que podem servir como fonte de
pesquisa para a formulação de políticas pública.

Os CEREST têm a responsabilidade de atuar como centros articuladores


das ações intra e intersetoriais em saúde do trabalhador em sua área de
abrangência, assumindo funções de suporte técnico em ações que visem à saúde
dos trabalhadores e ao apoio matricial aos serviços da Rede de Atenção à Saúde
no SUS.

Os centros podem ser classificados de acordo com sua abrangência de


atuação em: estadual, regional e municipal. Esses centros fazem parte da rede
de serviços do SUS e devem atuar articuladamente com os serviços da Atenção
Básica (AB) e os de média e alta complexidade, com foco na integração das ações
da rede.

Entre suas atribuições, podemos destacar os seguintes descritos por Solha


(2015):

• O papel de integrador da rede.


• A capacitação dos serviços da atenção básica para a abordagem inicial das
ações de Saúde do Trabalhador.
• A articulação dos serviços de média e alta complexidade para atendimento.
• Desenvolvimento de estudos e pesquisa sobre riscos no ambiente de trabalho.
• Normatização de regras de segurança e saúde no nível local.
• Realizar diagnósticos a partir das informações do Sistema de Informação de
Agravos de Notificação (SINAN.
• Articular parcerias com trabalhadores e empregadores para a discussão sobre
riscos e melhoria das condições de trabalho.
115
UNIDADE 2 | VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, SANITÁRIA E SAÚDE DO TRABALHADOR

LEITURA COMPLEMENTAR

Promoção da saúde e intersetorialidade: a experiência da vigilância em saúde


do trabalhador na construção de redes

Jorge Mesquita Huet Machado


Marcelo Firpo de Souza Porto

INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é sistematizar a experiência do campo da Saúde


do Trabalhador diante da temática da promoção da saúde e da intersetorialidade.
Esse campo, assim como o campo da Saúde Ambiental, é caracterizado por uma
vasta gama de instituições, setores governamentais e atores sociais envolvidos. As
estratégias de promoção e vigilância em saúde do trabalhador, desenvolvidas nos
últimos 15 anos de práticas do SUS, têm servido para demonstrar as possibilidades
e dificuldades de ações intersetoriais de promoção e prevenção. Além das
instituições públicas envolvidas – como o SUS, os Ministérios do Trabalho e
da Previdência Social, os Ministérios Públicos, o órgão ambiental regional e o
poder legislativo – o conceito de intersetorialidade inclui a participação dos
trabalhadores e suas representações como elemento fundamental para a garantia
de qualidade técnica e política das ações em saúde do trabalhador. Uma das
estratégias desenvolvidas pela área consiste na construção de redes de cooperação
entre diversas instituições, sindicatos e organizações não governamentais (ONG)
visando garantir a continuidade e qualidade das ações, bem como potencializá-
las diante de problemas concretos de saúde do trabalhador. Algumas experiências
de vigilância envolvendo a construção de redes interinstitucionais são analisadas
neste trabalho.

LIMITES E POSSIBILIDADES DE AVANÇO DA VIGILÂNCIA

Uma questão fundamental para a promoção da saúde refere-se à mudança


dos modelos médico-assistencialista e assistencial-sanitarista, ainda hegemônicos
na Saúde Pública. Em consonância com esses modelos, a vigilância está baseada
no modelo ecológico da doença e na epidemiologia clássica, tendo por objeto o
controle dos modos de transmissão das doenças e dos fatores de risco, o qual
possibilita uma certa governabilidade e eficácia de suas ações no âmbito intra-
setorial da saúde, principalmente para as doenças infectocontagiosas clássicas.
Nessa concepção, a vigilância inclui o monitoramento do ambiente (como
vetores, alimentos e água para consumo humano) e de possíveis casos de doenças,
que passam a servir como eventos sentinelas, em articulação com análises
epidemiológicas. Uma série de estratégias pode ser utilizada para o controle e
prevenção das doenças, como vacinação, controle de vetores, de alimentos e de
água para consumo humano; ou ainda, a criação de barreiras de isolamento de
regiões ou pessoas contaminadas.

116
TÓPICO 3 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR

A eficácia desse modelo restrito às ações intrasetoriais do setor Saúde foi


questionada pela medicina social, base da saúde coletiva brasileira, que coloca
como paradigma uma outra visão de processo saúde-doença, centrada nos
processos sociais que promovem ou agravam a saúde das populações de uma
dada sociedade. Novos focos de análise passaram a fazer parte da Saúde Pública,
reorientada pela incorporação das ciências sociais e humanas. Nessa perspectiva,
os limites das ações de vigilância esbarram em características da própria sociedade,
como o nível de equidade, de distribuição de renda e de participação da população
na construção das políticas públicas e no controle das ações de governo.

Os princípios de construção do SUS desenvolveram-se à luz dessa visão:


a melhora da qualidade de vida e saúde da população não se limita apenas ao
sistema de saúde em si, mas depende de como a sociedade se organiza e prioriza
suas necessidades. É preciso universalizar a Saúde, descentralizar suas ações
e abrir a gestão do sistema à participação da população. Muitos avanços têm
ocorrido desde então, em especial com a criação dos conselhos de saúde, nos três
níveis de gestão, e com o processo de preparação e realização das Conferências
Nacionais de Saúde.

Contudo, tais avanços não são, em si, suficientes para redirecionar os


paradigmas médico-assistencialista e sanitarista que compõem as ações clássicas
do setor Saúde. De um lado, o contexto político internacional e nacional da década
de 90 não chegou a ser favorável a mudanças sociais mais radicais, com um
quadro socioeconômico que vem mantendo – ou mesmo ampliando – a exclusão
social. O sistema de saúde continua pressionado pela demanda assistencial das
populações mais carentes e por uma crise financeira agravada pelo déficit público
e pela política econômica em curso [...].

VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR E A CONSTRUÇÃO


DE REDES

O conceito de Vigilância em Saúde apresenta distintas formulações e en-


tendimentos. Pode ser visto de forma restrita, como monitoramento de doenças
resultante da conjugação do atendimento clínico e do acompanhamento de po-
pulações expostas por meio de indicadores biológicos de exposição e de efeitos
subclínicos – como induz a tradução da expressão inglesa medical surveillance.
Esse entendimento, a nosso ver, refere-se exclusivamente à vigilância médica ou
vigilância da saúde. Por outro lado, o conceito de Vigilância também está asso-
ciado às ações sistemáticas de coleta, análise e disseminação de dados, de acordo
com a XXI Assembleia Mundial de Saúde de 1968 e, mais genericamente, às re-
comendações de articulação com serviços, programas de saúde e pesquisas epi-
demiológicas enunciadas pelo conceito de Vigilância em Saúde Pública proposto
por Thacker e Berkelman – e adotado pelos Centros de Controle e Prevenção de
Doenças nos EUA (CDC). Essas concepções podem ser sintetizadas no entendi-
mento de que “vigilância é informação para ação”, conforme apresentado por
Wunsch Filho e colaboradores, tendo como referência a vigilância epidemiológica
restrita à coleta, análise e programação de ações de detecção de situações de risco.

117
UNIDADE 2 | VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, SANITÁRIA E SAÚDE DO TRABALHADOR

Essa referência pode servir de ponto de partida para ações de intervenção, que,
teoricamente, encontram-se no campo de ação da vigilância; sua prática, porém,
ao requerer outros métodos e técnicas, não se adequa ao modelo de organização
de serviços existentes nos sistemas de saúde. Vigilância é informação para ação,
pressupondo que as ações pertençam ao campo da vigilância.

Deve ser destacado o fato de que equiparar a vigilância em saúde – e, em


consequência, a vigilância em saúde do trabalhador (VST) – às concepções res-
tritas de vigilância da saúde (ou vigilância médica) e vigilância epidemiológica,
mais do que configurar questões semânticas, tem consequências importantes na
definição de competências institucionais relativas à possibilidade de incorpora-
ção de ações de intervenção nos ambientes de trabalho, limitando as possibilida-
des de ação e seu impacto na saúde dos trabalhadores [...].

No SUS, a vigilância em saúde do trabalhador vem sendo construída com


esse espírito, conforme prevê a Lei nº 8.080/90, nas diversas experiências desen-
volvidas por programas, centros de referência, serviços, núcleos ou coordenações
em Estados e municípios.

Essas experiências possuem diferentes graus de organização, competên-


cias, atribuições, recursos e práticas de atuação. O processo é desencadeado por
grupos institucionais localizados em vários pontos do Brasil e as diferenças obser-
vadas estão relacionadas às potencialidades regionais, que giram em torno da força
e qualidade da organização dos trabalhadores diante das questões de saúde. Em
termos institucionais, essas potencialidades dependem das políticas regionais e da
estrutura organizacional, da capacidade instalada, da qualificação dos profissio-
nais envolvidos e de influências advindas das instituições acadêmicas.

Essas experiências deram-se paralelamente aos modelos assistencial e sa-


nitarista vigentes, gerando desconfortos para a inserção dessas atividades dentro
das estruturas clássicas do SUS e da vigilância, com atuações frequentemente
periféricas às ações das vigilâncias epidemiológica e sanitária. Além disso, houve
muitas dificuldades de inserção na estrutura assistencial, com falhas na cobertura
do conjunto dos trabalhadores pela rede regionalizada, hierarquizada e integral
proposta para o SUS.

Entretanto, a saúde dos trabalhadores constitui um dos objetos integra-


dores das ações de Saúde Pública, por seu potencial articulador das ações de vi-
gilância sanitária, de vigilância epidemiológica e de serviços de saúde, as três
grandes áreas de atuação do setor Saúde [...]. Essa rede interna, de caráter in-
trasetorial, é estabelecida pelo desenvolvimento sistemático das ações de VST e
amplia-se para um conjunto de instituições e atores sociais, configurando uma
série de pontes intersetoriais [...].

As redes construídas a partir das ações de VST devem ser compreendidas


como extremamente dinâmicas, de estabilidade provisória, traduzindo a conjunção
e integração de diferentes protagonistas e interesses nas ações frente a determina-

118
TÓPICO 3 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR

dos problemas específicos, bem como a força dos trabalhadores e do setor Saúde
na sociedade. A construção de redes, nesses casos, surge como estratégia de forta-
lecimento de um ator – o SUS – incapaz, isoladamente, de dar conta de problemas
frequentemente complexos, tanto na sua origem quanto na sua solução.

Essa articulação em rede, associando de diferentes formas, inúmeros e


heterogêneos atores, não significa a diluição da importância do papel do SUS.
O setor Saúde, nesse modelo, funciona mais propriamente como um catalisador
do que um executor das várias ações de promoção, dependentes de outros seto-
res. Ao construir determinadas redes, também podem ser desarticuladas outras,
dado que o comportamento vigente dos vários atores reflete estruturas de poder
e práticas culturais que precisam ser superadas, para que outras, mais efetivas,
tomem o seu lugar.

Nesse processo, inevitavelmente ocorrem transformações dos objetivos


iniciais, pois a construção de uma rede de protagonistas heterogêneos, a partir
de diferentes relações (formais e informais), implica um processo simultâneo de
negociação. Como resultado desse processo por excelência, transformam-se os
objetivos iniciais de um ator em objetivos definidos coletivamente, a partir das di-
versas possibilidades e necessidades dos diferentes atores. A base ética de defesa
da Saúde é a mola propulsora dessas ações.

Várias ações e redes construídas em referência a casos com características


comuns, ou o aprofundamento das relações interinstitucionais, podem e devem
gerar instâncias mais estruturadas, como núcleos institucionais permanentes em
torno de problemas específicos de saúde. Esses núcleos, por sua vez, passam a
ser polos de construção de novas redes e de formulação metodológica interdisci-
plinar e interinstitucional. Esse processo ainda se encontra bastante incipiente e a
função de formulação tem-se concentrado, frequentemente, em instâncias acadê-
micas com práticas de apoio às ações de VST.

Entretanto, o modelo de Rede de Vigilância em Saúde do Trabalhador,


aqui apresentado, tem um desafio maior do que esse, de integração institucional,
que é o de permear as práticas das empresas tornando-se referência para a trans-
formação das políticas e culturas empresariais no sentido da defesa da saúde dos
trabalhadores nos locais de trabalho [...].

FONTE: MACHADO, J. M. H.; PORTO, M. F. S. Promoção da saúde e intersetorialidade: a


experiência da vigilância em saúde do trabalhador na construção de redes. 2019. Disponível em:
<http://iah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/pc/portal/ess/v12n3/pdf/v12n3a02.pdf>. Acesso em: 6 abr. 2020.

119
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• A questões relacionadas ao trabalho-doença é antigo, desde os primórdios


da sua existência do homem, quando ele passou a perceber que para
sobreviver necessitava desenvolver algumas tarefas que exigiam esforços e
consequentemente resultava no cansaço.

• Trabalho é uma atividade profissional remunerada ou não; atividade produtiva


ou criativa desenvolvidas para determinado fim.

• Na segunda metade do Século XX, houve um avanço no desenvolvimento da


indústria e também as questões da saúde do trabalhador.

• A Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT) é a mais jovens do grupo das


vigilâncias em saúde e passa por um processo construtivo em todos os níveis
de atenção.

• O Centro de Referência em Saúde do Trabalhador - Cerest que tem por objetivo


realizar o atendimento especializado em Saúde do Trabalhador.

120
AUTOATIVIDADE

1 Qual a participação dos movimentos sindicais em relação as melhores


condições de trabalho?

2 No contexto da Vigilância em Saúde do Trabalhador, são considerados 2


grandes grupos de doenças: Agravos relacionados ao Trabalho e Agravo de
Notificações Compulsórias. Correlacione a seguir a doenças que pertencem a
cada grupo.

AGRAVOS RELACIONADOS ( ) Acidente tipo (típico).


AO TRABALHO
AGRAVOS DE ( ) Acidente de Trabalho Fatal.
NOTIFICAÇÃO
COMPULSÓRIA
( ) Doenças ocupacionais.
( )Acidentes de trajeto.
( )Acidentes de Trabalho com Mutilações.
( ) Acidente com Exposição a Material
Biológico.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) 1-2-1-1-2-2.
b) 2-1-2-2-1-2.
c) 2-2-2-1-1-1.
d) 1-1-1-2-1-2.

3 Cite e explique 3 princípios do SUS.

121
122
UNIDADE 3

VIGILÂNCIA AMBIENTAL

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender a Vigilância em Saúde Ambiental (VSA);


• conhecer o funcionamento os sistemas da Vigilância em Saúde Ambiental;
• compreender a atuação do VIGIDESASTRE;
• conhecer os tipos de Desastres.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – INTER-RELAÇÃO DO MEIO AMBIENTE E SAÚDE

TÓPICO 2 – SISTEMA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL

TÓPICO 3 – VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL EM DESASTRES


NATURAIS E INDICADORES

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

123
124
UNIDADE 3
TÓPICO 1

INTER-RELAÇÃO DO MEIO
AMBIENTE E SAÚDE

1 INTRODUÇÃO
O atual modelo de desenvolvimento tem gerado discussões, desde a déca-
da de 70, por não ser sustentável. Tal situação tem trazido problemas para saúde
pública por meio de contaminações, destinação de resíduos, entre outros fatores
que contribuem para os danos ambientais.

A intensidade desses danos é proporcional à organização da sociedade,


das atividades econômicas desenvolvidas e do próprio de estilo de vida das pes-
soas. No contexto da relação conturbada entre o homem e a natureza, destacam-se
os problemas ambientais, estes que incidem sobre a saúde humana. Tais efeitos
são ainda mais visíveis com a aceleração do intenso processo de industrialização,
urbanização e expansão agrícola.

Tais fatores implicam na qualidade ambiental e sua consequente incapa-


cidade de manter o equilíbrio do ecossistema, o que repercute diretamente na
saúde da população. Com o objetivo de conhecer, de forma mais aprofundada,
essas alterações, e manter a qualidade ambiental, promovendo a saúde humana
através de novos conceitos de vigilância, surge a Vigilância em Saúde Ambiental,
buscando intervir sobre os problemas ambientais que, direta ou indiretamente,
atuam sobre a saúde.

Neste Tópico 1, vamos estudar sobre a relação entre meio ambiente e saú-
de. Vamos lá!

2 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, MEIO AMBIENTE E


SAÚDE
No decorrer da história, as civilizações sempre apresentaram uma relação
complexa com a natureza. Se observar no decorrer da história das civilizações e
sua forma de apropriação da natureza, vamos ver que, de uma forma ou outra,
essa apropriação está associada à degradação dos recursos naturais, que sempre
foram a base do desenvolvimento (PHILIPPI JUNIOR; SILVEIRA, 2005).

Após a Revolução Industrial, o modelo de desenvolvimento se caracte-


rizava por uma exploração excessiva dos recursos naturais, geração de grandes
quantidades de resíduos e uma crescente exclusão social. Esse modelo, foi res-
125
UNIDADE 3 | VIGILÂNCIA AMBIENTAL

ponsável por determinar os processos de produção de bens e serviços, transfor-


mando os recursos naturais em matéria prima para a produção que se transforma
através do trabalho para satisfazer as necessidades e desejos da sociedade, bem
como, influenciava na forma de consumo e distribuição social dos seus custos e
benefícios sociais, econômicos e ambientais.

A interdependência entre saúde, desenvolvimento econômico, quali-


dade de vida e condições ambientais vem sendo reconhecida, de um
modo geral, na comunidade científica e na constituição das políticas
sociais nos países desenvolvidos. Esse reconhecimento é um impor-
tante aspecto para a orientação de ações efetivas de promoção e prote-
ção da saúde (AUGUSTO, 2004, p. 228).

As etapas que constituem esse sistema produtivo implicam na extração ou


geração, beneficiamento, transporte, processamento, distribuição e consumo que
provocam modificações adversas ao ambiente, seja pela destruição de parcelas de
natureza ou pela geração e acúmulo de resíduos adversos à produção de biomassa
em condições de biodiversidade, ou seja, causando impactos ambientais capazes
de afetar em diversas formas tanto a situação do ambiente quanto a própria
população humana.

De acordo com o art. 1 da resolução do CONAMA nº. 001, de 23 de Janeiro


de 1986, entende-se por “impacto ambiental qualquer alteração das propriedades
físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma
de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou
indiretamente, afetam:

I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

II - as atividades sociais e econômicas;

III - a biota;

IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e,

V - a qualidade dos recursos ambientais” (CONAMA, 1986, documento on-line).

Podemos exemplificar este modelo de desenvolvimento com chamada a


Revolução Verde. Você já ouviu falar nesta revolução?

NOTA

A revolução verde foi difundida por governos, instituições de pesquisas, empresas


produtoras de fertilizantes, agrotóxicos e sementes hibridas, com apoio financeiro do banco
Mundial e Interamericano, como objetivo de contribuir com o aumento da produção e da
produtividade agrícola no mundo (ZAMBERLAM; FRONCHETI, 2012; BRUM, 2000).

126
TÓPICO 1 | INTER-RELAÇÃO DO MEIO AMBIENTE E SAÚDE

A expansão da agricultura associada ao consumo em massa provoca


uma crise na relação entre o homem e o meio ambiente, principalmente no
que diz respeito ao uso da energia e dos recursos hídricos e uma problemática
na saúde ambiental. Segundo Papini (2012) a energia está presente em grande
quantidade no universo e não aumenta nem diminui, porém, se transforma a
partir de sua utilização em diferentes materiais e consequentemente, favorecendo
ao desperdício de energia.

As cidades sempre foram um polo de atração para homem, colocando


a urbanização como pano de fundo da relação homem e meio ambiente e,
tornaram-se nas últimas décadas o ponto central da questão ambiental dos países
desenvolvidos e subdesenvolvidos. É na cidade que se concentram o maior
mercado de consumo, e consequentemente, a maior pressão por alimentos e
energia afetando diretamente as fontes de recursos naturais.

Países ricos e pobres, ambientes aquáticos ou terrestres, atmosfera ou


ambientes urbanos de alguma forma, convivem com as problemáticas advindas
do processo produtivo acelerado, responsável também pelo crescimento
explosivo das grandes metrópoles. Neste cenário a vegetação deixa de existir e dá
lugar às áreas desérticas, rodeadas de concretos e asfaltos em ruas desprovidas
de planejamento e infraestrutura urbana. A beira de rios e córregos, no lugar de
mata ciliar encontramos a construção de casas que abrigam a sociedades menos
favorecida e nas encostas do morro a situação não é diferente, estão os casebres
sujeitos a deslizamento de terra (SALDIVA et al., 2010).

FIGURA 1 – OCUPAÇÃO IRREGULAR NAS MARGENS DE UM RIO

FONTE: <https://bit.ly/3cWOqzA>. Acesso em: 22 abr. 2020.

127
UNIDADE 3 | VIGILÂNCIA AMBIENTAL

A figura ilustra um conjunto de problemas urbanos que representam gran-


des desafios tanto para os gestores ambientais e de saúde pública. De acordo com
Saldiva et al. (2010), todo esse processo de ocupação se desenvolveu de forma in-
tensa. Assim, podemos ver que a cidade é um sistema complexo, cuja pressão am-
biental é enorme. Mas você deve estar se perguntando: e o campo ou áreas rurais?

De acordo com Augusto (2004, p. 230), “graves consequências socioam-


bientais decorrentes desse processo são observadas tanto na área rural como na
área urbana”. O problema também ocorre em áreas rurais. Podemos dizer que na
área rural com a expansão agrícola, o processo de destruição do meio ambiente
está sendo ainda mais impactante. O modelo de agricultura implantado nas últi-
mas décadas além de provocar um desmatamento descontrolado e o uso exaus-
tivo dos recursos naturais, também se utiliza de uma quantidade muito grande
de agrotóxicos, o que além de contaminar o solo, também contamina os recursos
hídricos e os próprios alimentos.

FIGURA 2 – SISTEMA DE AGRICULTURA IRRIGADA

FONTE: <https://bit.ly/35iiiE8>. Acesso em: 22 abr. 2020.

Por isso, um dos primeiros alertas sobre a degradação ambiental foi


descrito por Rachel Carson, no livro “Primavera Silenciosa”, que alertava sobre
o uso do DDT na agricultura e suas graves consequências sobre meio ambiente,
bem como defendeu o controle biológico das pragas, com a utilização de fungos,
bactérias e insetos no combate aos parasitas que atacavam as plantas.

128
TÓPICO 1 | INTER-RELAÇÃO DO MEIO AMBIENTE E SAÚDE

DICAS

Carson, pesquisadora rigorosa com talento de


romancista, causou uma verdadeira revolução em defesa do
meio ambiente a partir do lançamento de seu livro, em 1962. A
obra, escrita em pouco mais de quatro anos, apresenta inúmeros
documentos científicos de diferentes fontes, comprovando as
afirmações da autora que desencadearam uma investigação
no governo Kennedy. De imediato, inspirou a rede de tevê
CBS a produzir um documentário, assistido por 15 milhões de
telespectadores, que mostrava os efeitos nocivos do DDT à saúde,
fato que poderia, inclusive, alcançar mais de uma geração, uma
vez que resíduos dessa substância tóxica podem ser encontrados
no leite humano.

No contexto, muito vem se discutindo sobre a importância de compreender


as alterações ambientais, mais precisamente, aquelas que possam vir a prejudicar a
saúde humana e que de certa forma, com mudança de cultura e hábitos poderiam
ser evitadas. Esse conhecimento, contribui para o gerenciamento de riscos sejam
eles físicos, químicos ou biológicos e vulnerabilidade socioambientais.

As vulnerabilidades socioambientais estão relacionadas a fatores como a


falta de saneamento básicos em grande parte do território brasileiro, decorren-
te da ausência de políticas públicas e recursos limitados do governo para aten-
dimento das necessidades da população urbana e rural; aos modelos de desen-
volvimento pautados no crescimento econômico, caracterizado pelo processo de
industrialização acelerada, ocupação desordenada e irregular do solo e a intensa
urbanização.

No âmbito do campo, também se caracteriza pela expansão de fronteiras


agrícolas baseadas na monocultura em larga escala com a utilização de agrotóxi-
cos e exploração da madeira. E, por último, porém não menos importante estão
os fatores relacionados à crise ambiental global como o aquecimento global pro-
vocando alterações no clima que afetarão na saúde da população.

2.1 PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS E O IMPACTO NA


SAÚDE
Como vimos anteriormente, a relação meio ambiente e saúde é um
sistema complexo e causa impactos na vida humana. Alguns destes impactos
são em consequência ao desenvolvimento econômico e, que presenciamos
constantemente, como é o caso das catástrofes naturais, enchentes, aquecimento

129
UNIDADE 3 | VIGILÂNCIA AMBIENTAL

global e doenças associadas a poluição, qualidade da água e do solo. Veremos a


seguir como estes impactos se relacionam à saúde humana.

2.1.1 Poluição do solo e erosão


Desde o ensino fundamental, nas aulas de ciências, aprendemos que o solo
é um dos elementos mais importantes da natureza, pois, é responsável em prover
várias atividades humanas. Embora, a degradação do solo seja um processo
natural pelos agentes naturais (vento, chuva e sol), a interferência do homem
ainda traz os maiores impactos ao solo, tanto pelos processos produtivos como
já mencionados anteriormente, mas também pelos problemas de saneamento
básico e falta conscientização ambiental da sociedade.

Um dos problemas mais evidentes que atingem o solo na área rural são
as técnicas agrícolas inapropriadas, porém, ainda outros problemas apresentados
nos dias atuais, além de prejudicarem o solo (falta de saneamento, ausência de
local adequado para os resíduos, esgoto a céu aberto, entre outros). Em áreas
urbanas também se observa um grande impacto, áreas com vegetação cada
vez mais dão lugar ao concreto e asfalto, distanciando a sociedade da natureza
(PAPINI, 2012; BARSANO et al., 2014).

A disposição inadequada, em terrenos a céu aberto, beira de estradas,


córregos pode provocar uma série de incômodos a população, como aparecimento
de animais indesejáveis (ratos, insetos, baratas etc.), animais estes que favorecem
a transmissão de doenças, como por exemplo, os ratos que são transmissores da
leptospirose (doença infeciosa causa pela bactéria presente na urina do rato) ou
ainda a dengue transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que se reproduz em
áreas com grande acumulo de sujeira e água parada. Mesmo em baixas doses, as
exposições humanas a estes locais contribuem para ocorrência de doenças crônico-
degenerativas que se manifestam após longo período (BENSEN et al., 2010).

FIGURA 3 – CONCENTRAÇÃO DE LIXO SEM TRATAMENTO ADEQUADO

FONTE: <https://bit.ly/2yQAngn>. Acesso em: 22 abr. 2020.

130
TÓPICO 1 | INTER-RELAÇÃO DO MEIO AMBIENTE E SAÚDE

Da mesma forma, Rattner (2009) coloca essas situações apresentadas


associadas a outros fatores que estudaremos na sequência são os principais
problemas envolvendo saúde pública no Século XXI.

2.1.2 Poluição e escassez da água


A poluição das águas é um tema que tem causado muita discussão várias
esferas do governo, em como, de pesquisadores, professores e movimentos
socioambientais, devido aos impactos que a poluição vem causando aos recursos
hídricos e ecossistemas. Acidentes de vazamento, derramamento de óleo tem
ocorrido de forma mais frequente.

NOTA

Poluição das águas é a adição de substâncias ou de formas de energia que,


diretamente ou indiretamente, alterem a natureza do corpo d´ água de uma maneira tal
que prejudique os legítimos usos que dele são feitos.

Da mesma forma, observamos cada vez mais incidência de resíduos


sólidos e líquidos residuais (esgotos) que infelizmente, em grande parte do Brasil
ainda não é tratado. Esses líquidos residuais recebem uma classificação, conforme
descrevem Barsano et al. (2014) e Philippi Junior e Malheiros (2012):

Esgotos domésticos: despejo líquido resultante do uso da água para a


higiene, necessidades fisiológicas;

Esgotos industriais: despejo líquidos resultantes dos processos industriais,


respeitando a legislação vigente.

Esgoto pluvial: provenientes das águas da chuva.

Esgotos especiais: provenientes de empreendimentos como hospitais,


shopping centers e aeroportos, locais cuja legislação demanda de um
gerenciamento diferenciado.

Os lançamentos destes resíduos afetam tanto a população na proliferação


de doenças e intoxicações, quanto os animais aquáticos, e também eleva os custos
para manter as estações de tratamento da água para retorno em forma potável
para o consumo (BARSANO, 2014).

131
UNIDADE 3 | VIGILÂNCIA AMBIENTAL

FIGURA 4 – RIO CONTAMINADO COM RESÍDUOS INDUSTRIAIS

FONTE: <https://bit.ly/2YjYdLY>. Acesso em: 22 abr. 2020.

INFORMAÇÕES COLETADAS DO INSTITUTO TRATA-BRASIL – ESGOTOS

FONTE: <https://bit.ly/3aNN7S7>. Acesso em: 22 abr. 2020.

132
TÓPICO 1 | INTER-RELAÇÃO DO MEIO AMBIENTE E SAÚDE

Com relação à falta de tratamento de esgotos, é importante salientar que


esta situação favorece a ocorrência doenças não transmissíveis, “decorrentes de
substâncias químicas e biológicas presentes na água, da poluição atmosférica, da
habitação insalubre, de campos eletromagnéticos, do clima, de desastres urbanos”
(MOURA; LANDAU; FERREIRA, 2012, p. 191).

No quadro a seguir, são apresentadas as doenças mais comuns e frequentes


que a ausência de esgoto tratado pode causar.

QUADRO 1 – DOENÇAS RELACIONADAS AO SANEAMENTO AMBIENTAL INADEQUADO

Categoria Grupos de doenças


1. Diarreias
1.1 Cólera
1.2 Salmonelose
1.3 Shigelose
1.4 Outras infecções intestinais bacterianas (Escherichia
coli, Campilobacter ssp., Yersinia enterocolitica,
Clostridium difficile, outras e as não especificadas - NE)
Doenças de 1.5 Amebíase
transmissão feco-oral 1.6 Outras doenças intestinais por protozoários
(Balantidíase, Giardíase, Criptosporidíase
1.7 Isosporíase, outras e as NE
1.8 Doenças intestinais por vírus (enterite por rotavírus,
gastroenteropatia aguda p/agente de Norwalk, enterite
por adenovirus, outras enterites virais e as NE)
2. Febres entéricas
2.1 Febre tifóide
2.2 Febre paratifóide
3. Hepatite A
4. Dengue
5. Febre Amarela
6. Leishmanioses
Doenças transmitidas 6.1 Leishmaniose tegumentar
por inseto vetor 6.2 Leishmaniose visceral
7. Filariose linfática
8. Malária
9. Doença de Chagas
Doenças transmitidas 10. Esquistossomose
através do contato 11. Leptospirose
com a água
12. Doenças dos olhos
12.1 Tracoma
Doenças relacionadas 12.2 Conjuntivites
com a higiene 13. Doenças da pele
13.1 Dermatofitoses
13.2 Outras micoses superficiais

133
UNIDADE 3 | VIGILÂNCIA AMBIENTAL

14. Helmintíases
14.1 Equinococose
14.2 Ancilostomíase
14.3 Ascaridíase
Geohelmintos e 14.4 Estrongiloidíase
teníases 14.5 Tricuríase
14.6 Enterobíase
15. Teníases
15.1 Teníase
15.2 Cisticercose
FONTE: Adaptado de Moura, Landau e Ferreira (2012)

Rattner (2009) destaca também a crescente escassez de água potável,


influenciada pelo aumento da população mundial, pelo desenvolvimento
industrial e da agricultura irrigada, tem como consequência uma oferta limitada
de água potável distribuída de forma muito desigual. A falta de acesso à água e
de saneamento básico tem resultado em centenas de milhões de casos de doenças,
provocando mais de cinco milhões de mortes a cada ano.

2.1.3 Poluição do ar
A poluição do ar é um impacto ambiental causados pelos poluentes lan-
çados ao ar por veículos automotores, industriais, queimadas, incineradores e vá-
rias outras atividades produtivas agressivas a atmosfera, diminuindo a qualidade
do ar e prejudiciais à saúde humana.

O aumento da concentração atmosférica, ou seja, um aumento do aque-


cimento global terrestre que se dá principalmente pelo aumento de consumo de
combustíveis fósseis que são utilizados pelas indústrias (aço, termoelétricas),
como também, pelas queimadas de biomassas, tem causado danos à camada de
ozônio, e consequentemente, impactado na saúde da população provocando por
exemplo, câncer da pele (RATTNER, 2009).

NOTA

Proporcionalmente, SC tem maior índice de câncer de pele do Brasil


O câncer de incidência mais elevada no mundo está no maior órgão do corpo humano:
na pele. Mesmo assim, figura entre os mais esquecidos quando se trata de cuidados no dia
a dia. No verão, quando a incidência dos raios solares aumenta e as pessoas ficam ainda
mais expostas a eles, a pele precisa de observação extra – o que não significa que, em
outros períodos do ano, ela possa ficar desprotegida. O Instituto Nacional do Câncer (Inca)

134
TÓPICO 1 | INTER-RELAÇÃO DO MEIO AMBIENTE E SAÚDE

registra, a cada ano, 180 mil novos casos de câncer de pele no Brasil, o que corresponde a
33% de todos os diagnósticos desta doença

A maior taxa de incidência, proporcionalmente, é em Santa Catarina: na última pesquisa


feita pelo Inca, a estimativa era de 9.890 pessoas diagnosticadas com melanoma e não
melanoma em 2016 no Estado – cerca de 160 a cada 100 mil habitantes, enquanto o
segundo estado com maior incidência, o Rio Grande do Sul, tem cerca de 120 a cada 100
mil habitantes. São Paulo e Paraná vêm em seguida na lista.

A incidência é muito maior em Santa Catarina porque temos uma soma de fatores de
risco aqui: a pele mais clara de grande parte da população, fruto da descendência europeia
no Sul; a exposição maior ao sol por causa do tamanho e da valorização do litoral; e a
área mais fina da camada de ozônio na nossa região, o que permite a entrada com maior
intensidade dos raios solares [...].

FONTE: <https://www.nsctotal.com.br/noticias/proporcionalmente-sc-tem-maior-indice-
de-cancer-de-pele-do-brasil>. Acesso em: 22 abr. 2020.

Também são caracterizadas como consequências deste aquecimento glo-


bal, destacadas pelos pesquisadores (SOLHA; GALLEGUILLOS, 2015; BARSA-
NO, 2014; PAPINI, 2012): o derretimento das calotas polares e das geleiras dos
continentes, provocando a elevação do nível do oceano e inundações nas cidades
litorâneas; mudanças climáticas em escala global, que intensifica alguns fenôme-
nos naturais como furacões, tempestades e o processo de desertificação e erosão.

FIGURA 5 – DERRETIMENTO DAS GELEIRAS E INUNDAÇÕES

FONTE: <https://bit.ly/2We7532>. Acesso em: 22 abr. 2020.

135
UNIDADE 3 | VIGILÂNCIA AMBIENTAL

DICAS

Para saber mais sobre o derretimento da calotas polares, acesse o documentário


Iceberg – Alerta Global, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=XnUkrwzHfio.

Você sabia que o clima, por exemplo, é determinante na distribuição de


vetores e agentes patogênicos e colabora na incidência-prevalência de doenças
como malária, febre amarela, dengue, hantavirose, entre outras? Além disso
temperaturas extremas vão influenciar diretamente na poluição do ar e água,
elevações do nível de ozônio, agravando o quadro de algumas doenças como
câncer, malformação congênitas, distúrbios de fertilidade entre outras (GALLO
et al., 2012).

NOTA

Em 29 de dezembro de 2009, o Brasil passou a contar com uma Política Nacional


sobre a Mudança no Clima (PNMC), instituída pela Lei nº 12.187/09. Em seu art. 12, fica
estabelecido que para alcançar os objetivos da PNMC, o País adotará, como compromisso
nacional voluntário, ações de mitigação das emissões de gases de efeito estufa, com vistas
em reduzir entre 36,1% (trinta e seis inteiros e um décimo por cento) e 38,9% (trinta e oito
inteiros e nove decimo por cento).

As condições atmosféricas influenciam a saúde humana por meio de


três importantes fatores: troca de calor entre os seres humanos e atmosfera;
as radiações em ondas longas e curtas; e a poluição do ar. É, portanto, difícil
relacionar só um destes fatores com mudanças nas condições de saúde (RIBEIRO
et al., 2010).

Outro fenômeno citado pelos pesquisadores, causado pela poluição do


ar são as chuvas acidas, que além de comprometer a qualidade do solo, também,
se deslocam a quilômetros de distância e podem causar impactos em reservas
florestais e reservatórios de água (BARSANO, 2014).

A exposição a poluição e outros riscos ambientais nem sempre é perceptível


num primeiro momento pela população, “o que impede que seja exercido qualquer
controle sobre os riscos desta exposição, ocasionando problemas oftálmicos,
doenças dermatológicas, gastrointestinais, cardiovasculares e pulmonares”
(RIBEIRO et al., 2010, p. 73).

136
TÓPICO 1 | INTER-RELAÇÃO DO MEIO AMBIENTE E SAÚDE

Para você compreender melhor, podemos utilizar o seguinte exemplo: os


poluentes, entram em nosso corpo de diferentes formas, como inalação, ingestão
e absorção dérmica (pela pele) e diferentes doses. Os efeitos causados ao corpo
humano vão depender muito dose que pode causar alterações subclínicas, as
quais podem ser seguidas de doenças e em determinados casos, pode levar a
morte. Tais efeitos podem ser classificados como agudos (danos surgem em um
período de 24 horas) e crônicos (exposição continuada de doses baixas por um
período prolongado) (CARDOSO, 2005)

Caro acadêmico chegamos ao final do tópico, no próximo tópico vamos


estudar sobre o sistema de vigilância ambiental, sua construção e evolução. Bons
estudos!

137
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, você aprendeu que:

• O modelo de desenvolvimento econômico influencia nas alterações no meio


ambiente.

• Os impactos ambientais causados pela transformação da natureza influenciam


também na saúde da população.

• A poluição do solo, além de causar erosão, também causa a desertificação


deixando este solo improdutivo.

• A falta de cuidado da população associado à ausência de saneamento básico


em grande parte do país está colaborando cada vez mais com a escassez de
água.

• Poluição do ar leva partículas a quilômetros de distância e contribui para


problemas respiratórios.

138
AUTOATIVIDADE

1 A relação homem-natureza sempre foi conturbada, desde os primórdios da ci-


vilização e com a revolução industrial novos problemas foram surgindo a partir
da produção em massa. Em relação aos problemas que este modelo de desenvol-
vimento ocasionou na vida das pessoas, analise as alternativas a seguir:

I- Este modelo de desenvolvimento favorece a uma exploração excessiva dos


recursos naturais.
II- O processo de urbanização ajudou a diminuir a crescente exclusão social.
III- Um dos impactos causados pela produção em massa é a geração de
grandes quantidades de resíduos.
IV- O deslocamento do rural para o urbano favoreceu para o crescimento da
exclusão social.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Somente a alternativa II e III estão corretas.


b) ( ) Somente a alternativa IV é correta.
c) ( ) Somente as alternativas I, II, IV estão corretas.
d) ( ) Somente as alternativas II, III, IV estão corretas.

2 No decorrer deste tópicos vimos que no âmbito rural um dos problemas


mais evidentes que atingem o solo na área rural, são as técnicas agrícolas
inapropriadas porém outros fatores também influenciam nos impactos
ambientais: _____________, ________________, _________________ e, na área
urbana, as áreas com vegetação cada vez mais dão lugar _____________ e
_______________, distanciando a sociedade da natureza.

Assinale a alternativa que completa as lacunas:

a) Falta de saneamento, ausência de local adequado para os resíduos, esgoto


a céu aberto, concreto e asfalto.
b) Rede de água, ausência de local adequado para os resíduos, esgoto a céu
aberto, asfalto e cimento.
c) Falta de saneamento, iluminação pública, esgoto a céu aberto, concreto,
poeira.
d) Falta de saneamento, ausência de local adequado para os resíduos, esgoto
a céu aberto, iluminação pública e asfalto.

3 O derretimento das calotas polares e das geleiras dos continentes,


provocando a elevação do nível do oceano e inundações nas cidades litorâneas
são impactos relacionados a:

a) Aquecimento global.
b) Poluição do ar.
139
c) Poluição do solo.
d) Falta de saneamento.

4 A poluição do ar é um impacto ambiental causado por quais poluentes?

5 Explique quais são os problemas que podem ser ocasionados pelo fato de que
nem sempre é perceptível a exposição a poluição e outros riscos ambientais.

140
UNIDADE 3
TÓPICO 2

SISTEMA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL

1 INTRODUÇÃO
As mudanças que ocorrem a cada ano no modelo de desenvolvimento e
impedem que este seja sustentável, estão associadas aos problemas ambientais e
os impactos causados na saúde humana ao longo das décadas. Este modelo além
de causar várias discussões entre os pesquisadores, também é um problema que
vem sendo discutido, principalmente no Brasil, por movimentos ambientalistas,
da maneira como os impactos, influenciam na qualidade da saúde humana.

Esse foi o ponto crucial para que se pensasse um movimento de vigilância


mais amplo, que pudesse investigar esse tipo de interferência, bem como,
monitorasse a qualidade do ar, do, solo e da agua ao longo dos anos. Com base
neste contexto, criou-se no âmbito do Ministério da Saúde a Vigilância em Saúde
ambiental, e impedem que este seja.

Neste tópico vamos estudar o histórico e evolução da vigilância ambiental


e quais são os programas estratégicos que são desenvolvidos para minimizar os
impactos na saúde da população. Vamos lá!

2 HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE


AMBIENTAL
Desde a Grécia Antiga Hipócrates na obra Dos Ares, das Águas e dos Lugares
já apontava algumas preocupações quanto relação entre saúde e ambiente evi-
denciando a influência de aspectos ambientais na determinação das doenças. Mas
durante muitos anos, perpetuou a ideia de que o conceito de saúde era baseado
no modelo biomédico, embora o modelo já trouxesse melhorias para a saúde da
população, ainda havia a necessidade de se trabalhar o processo saúde doença de
forma mais abrangente.

Como vimos anteriormente na Unidade 1 deste livro, à medida que o


conceito de saúde se ampliava, aumentava também as discussões em relação ao
meio ambiente com a realização de conferências envolvendo vários países, sobre
a necessidade de se repensar a preservação do meio e melhorar a saúde humana.

Ao mesmo tempo em que se discutiam estas questões ambientais, o setor


da saúde também passava por mudanças, principalmente, após a publicação do
Relatório Lalonde pelos canadenses em 1974. Este relatório, foi o primeiro docu-
141
UNIDADE 3 | VIGILÂNCIA AMBIENTAL

mento oficial a receber a denominação de promoção à saúde. Os fundamentos


deste informe se encontravam no conceito de "campo da saúde" e introduzem os
chamados "determinantes de saúde". O conceito contempla a decomposição do
campo da saúde em quatros amplos componentes da saúde: a biologia humana
(genética e função humana); o ambiente (natural e social), o estilo de vida (com-
portamento individual que afeta a saúde) e a organização dos serviços de saúde
(HEIDMANN et al., 2006).

Assim, podemos observar que o conceito ficou amplo, abrangendo outras


áreas que até então não se considerava, quando o assunto era doença. Entretanto,
as questões ambientais relacionadas a saúde eram vistas como sendo problemas
ligados apenas ao saneamento básico (lixo, esgoto, água etc.). Foi a partir da déca-
da de 70 com o surgimento da produção industrial que surgiram problemas am-
bientais, como também a identificação das condições ambientais adversas como
riscos à saúde. A partir de então observou-se a necessidade de incorporar a temá-
tica ambiental na saúde pública, ampliando desta forma o modelo da vigilância
em saúde (TAMBELINI; CAMARA, 1998; BARCELLOS; QUITÉRIO, 2006).

Nesta época, o país ainda adotava um modelo de desenvolvimento eco-


nômico não sustentável, responsável pelas questões ambientais, que geravam im-
pactos à saúde das populações. Tal situação, também levava para a necessidade
de se pensar políticas públicas que ajudasse a combater os riscos, como também,
os danos à saúde.

Neste período, o movimento da reforma sanitária também foi de encontro


com essa mesma preocupação, realizando mudanças nas práticas de saúde. Mas,
foi com a realização da VIII Conferência em Saúde no ano 1986, que este conceito
ampliado de saúde foi assegurado. Esse avanço também foi influenciado e rece-
beu maior destaque com a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambien-
te e Desenvolvimento (CNUMAD ou Rio-92), onde não somente o Brasil, mas
diversos países se comprometeram com metas do desenvolvimento sustentável
(BRASIL, 2009).

NOTA

A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento


(Cnumad), realizada em junho de 1992 no Rio de Janeiro, marcou a forma como a
humanidade encara sua relação com o planeta. Foi naquele momento que a comunidade
política internacional admitiu claramente que era preciso conciliar o desenvolvimento
socioeconômico com a utilização dos recursos da natureza.
Na reunião que ficou conhecida como Rio-92, Eco-92 ou Cúpula da Terra, que aconteceu
20 anos depois da primeira conferência do tipo em Estocolmo, Suécia, os países reconhe-
ceram o conceito de desenvolvimento sustentável e começaram a moldar ações com o
objetivo de proteger o meio ambiente. Desde então, estão sendo discutidas propostas para

142
TÓPICO 2 | SISTEMA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL

que o progresso se dê em harmonia com a natureza, garantindo a qualidade de vida tanto


para a geração atual quanto para as futuras no planeta.

A avaliação partiu do pressuposto de que, se todas as pessoas almejarem o mesmo padrão


de desenvolvimento dos países ricos, não haverá recursos naturais para todo mundo sem
que sejam feitos graves, e irreversíveis danos ao meio ambiente.

Na Rio-92, chegou-se à conclusão de que temos de agregar os componentes econômi-


cos, ambientais e sociais. Se isso não for feito, não há como se garantir a sustentabilidade
do desenvolvimento, analisou na CRE, em março passado, Luiz Alberto Figueiredo Macha-
do, coordenador-geral dos preparativos da Conferência Rio+20.

O ambiente político internacional da época favoreceu a aceitação pelos países


desenvolvidos de que as responsabilidades pela preservação do meio ambiente e pela
construção de um convívio equilibrado com o planeta são diferentes.

Na Rio-92, ficou acordado, então, que os países em desenvolvimento deveriam receber


apoio financeiro e tecnológico para alcançarem outro modelo de desenvolvimento que
seja sustentável, inclusive com a redução dos padrões de consumo — especialmente
de combustíveis fósseis (petróleo e carvão mineral). Com essa decisão, a união possível
entre meio ambiente e desenvolvimento avançou, superando os conflitos registrados nas
reuniões anteriores patrocinadas pela ONU, como na Conferência de Estocolmo, em 1972.

FONTE: <https://bit.ly/3d20gs2>. Acesso em: 22 abr. 2020.

A partir dessas discussões e da organização da Conferência Pan-America-


na sobre saúde e ambiente no desenvolvimento humano sustentável (COPASAD),
iniciou-se a estruturação da vigilância em saúde ambiental no Brasil. Depois da
realização da conferência, o Ministério da Saúde empenhou-se para estruturar a
vigilância ambiental em saúde (BRASIL, 2009).

Como produto da COPASAD, importantes atores sociais do país elabora-


ram o “Plano Nacional de Saúde e Ambiente no Desenvolvimento Sustentável – Di-
retrizes para Implementação”, que apresenta um amplo diagnóstico dos principais
problemas de saúde e ambiente do país, resultando na apresentação de diretrizes
programáticas, de curto e médio prazos, visando tornar-se referência para as futu-
ras ações de planejamento em saúde e meio ambiente (ROLFHS et al., 2011).

DICAS

Em 1995, o Brasil elaborou o Plano Nacional de Saúde e Ambiente no


Desenvolvimento Sustentável – Diretrizes para Implementação, que tinha por objetivo,
inicialmente, “as necessidades de discussão e explicitação da temática, a partir da apresentação
dos marcos referenciais existentes hoje em saúde e ambiente” (BRASIL, 1995, p. 8). Para ler o
documento na íntegra, acesse http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/Planonac.pdf.

143
UNIDADE 3 | VIGILÂNCIA AMBIENTAL

A vigilância ambiental em saúde foi então estruturada, a partir da publi-


cação do Decreto nº 3.450/2000, o Centro Nacional de Epidemiologia – (Cenepi)
ligado à Fundação Nacional da Saúde (FUNASA), a responsabilidade da “Gestão
do Sistema Nacional de Vigilância Ambiental em Saúde”, também a gestão do
Sistema Nacional de Vigilância Ambiental em saúde. E, em 2001, por meio da Ins-
trução Normativa Funasa nº 01/2001 definiu-se as competências da Coordenação
Geral de Vigilância em Saúde Ambiental (CGVAM) (BRASIL, 2009).

Com apoio financeiro do banco Mundial, o Ministério da saúde criou o


“Projeto Vigisus” em 2001, que deu condições de se estruturar a “Coordenação
Geral de Vigilância Ambiental em Saúde” no âmbito do Cenepi, voltado para o
fortalecimento da vigilância em saúde no SUS e com isso, deu-se a implantação
da vigilância em saúde ambiental. O mesmo decreto também, estabeleceu a ges-
tão do Sistema Nacional de Vigilância Ambiental e Saúde (SINVA) (FREITAS;
FREITAS, 2005).

Ainda neste contexto, foi criada a Instrução Normativa 01, de 07 de maio


de 2005, que atualizava as competências da Vigilância em Saúde Ambiental e
redefinia o Sistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental – SINVAS, bem
como, o Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental – SINVSA. E
com isso, a nomenclatura Vigilância Ambiental em Saúde passa a se chamar “Vi-
gilância em Saúde Ambiental” (FREITAS; FREITAS, 2005).

Inicialmente, “as atividades da VSA foram centradas na capacitação de


recursos humanos, no financiamento da construção e reforma dos Centros de
Controle de Zoonose e na estruturação do Sistema de Informação da Qualidade
da Água para Consumo Humano (Sisagua)” (ROHLFS et al., 2011, p. 394).

Com a estruturação da vigilância em saúde ambiental no âmbito das esferas


federal, estadual e municipal do SUS, possibilitou a expansão das ações sobre os de-
terminantes ambientais da saúde. A ideia era realizar a universalização da vigilância
da qualidade da água para o consumo humano e também o desenvolvimento de
protocolos para acompanhamento da população expostas nas áreas contaminadas,
e um compilado de ações voltadas a vigilância e a necessidade de estruturar outras
áreas no âmbito do SINVSA para dar condições de combater os riscos causados pela
poluição ambiental e do modelo de desenvolvimento não sustentável.

A Vigilância em Saúde Ambiental, se consolidou dentro da estrutura do


SUS com base nos avanços positivos, tanto técnicos, como operacionais. E se for-
taleceu mais ainda, com a criação do Departamento de Vigilância em Saúde Am-
biental e Saúde do Trabalhador - DSAST, por meio do Decreto nº 6.860/2009. Atu-
almente, a CGVAM é parte integrante do Departamento de Vigilância em Saúde
Ambiental e Saúde do Trabalhador (DSAST), que foi instituído pelo Decreto nº
6.860/2009 e regulamentado pelo Decreto nº 7.530/2011, possibilitando maior in-
tegração das ações de vigilância em saúde ambiental e saúde do trabalhador nos
territórios (ROHLFS et al., 2011).

144
TÓPICO 2 | SISTEMA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL

Para o Ministério da Saúde (MS) a saúde ambiental abrange dois aspectos


relevantes: a promoção da saúde e a avaliação de risco voltada para as adversi-
dades ambientais que interferem na saúde humana. Ambos os aspectos, vão de
encontro a definição dada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que apre-
senta a seguinte definição, na Carta de Sofia, publicada em 1993:

Saúde ambiental são todos aqueles aspectos da saúde humana, incluindo


a qualidade de vida, que estão determinados por fatores físicos, químicos, bioló-
gicos, sociais e psicológicos no meio ambiente. Também se refere à teoria e prática
de valorar, corrigir, controlar e evitar aqueles fatores do meio ambiente que, po-
tencialmente, possam prejudicar a saúde de gerações atuais e futuras.

No Brasil, a expressão “saúde ambiental” é definida pelo Ministério da


Saúde de acordo com a Política de Vigilância em Saúde, instituída por meio da
Resolução nº 588/ 2018 como sendo:

Conjunto de ações e serviços que propiciam o conhecimento e a


detecção de mudanças nos fatores determinantes e condicionantes
do meio ambiente que interferem na saúde humana, com a finalidade
de recomendar e adotar medidas de promoção à saúde, prevenção
e monitoramento dos fatores de riscos relacionados às doenças ou
agravos à saúde (BRASIL, 2018, documento on-line).

Embora ainda não tenha se formalizado uma política de saúde ambiental,


desde 2007 o CGVAN lançou o documento “Subsídios para a Construção da
Política Nacional de Saúde Ambiental” proposto inicialmente em 2005, no I
seminário da Política Nacional de Saúde Ambiental.

DICAS

Para saber mais sobre essa discussão da Política Nacional de Saúde Ambienta,
acesse o documento Subsídios para a Construção da Política Nacional de Saúde
Ambiental na íntegra, que se encontra disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/subsidios_construcao_politica_saude_ambiental.pdf.

3 COMPETÊNCIAS DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL


De acordo com o Ministério da saúde a vigilância ambiental, compreende “os
procedimentos de vigilância epidemiológica das doenças e agravos à saúde humana,
associados a contaminantes ambientais” (BRASIL, 2018, documento on-line).

Neste sentido, o ministério ainda coloca, que a Vigilância em Saúde Am-


biental (VSA) consiste em:

145
UNIDADE 3 | VIGILÂNCIA AMBIENTAL

um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento e a detecção


de mudanças nos fatores determinantes e condicionantes do meio
ambiente que interferem na saúde humana, com a finalidade de
identificar as medidas de prevenção e controle dos fatores de risco
ambientais relacionados às doenças ou a outros agravos à saúde
(BRASIL, 2018, documento on-line).

Entende-se de acordo com o Ministérios da Saúde, por contaminante am-


biental “especialmente os relacionados com a exposição a agrotóxicos, amianto,
mercúrio, benzeno e chumbo”.

Atualmente, dentro da Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Am-


biental (BRASIL, 2018, documento on-line) encontram-se as seguintes áreas:

• Vigilância da qualidade da água para consumo humano (Vigiagua);


• Vigilância em saúde de populações expostas a poluentes
atmosféricos (Vigiar);
• Vigilância em saúde de populações expostas a contaminantes
químicos (Vigipeq);
• Vigilância em saúde ambiental relacionada aos riscos decorrentes
de desastres (Vigidesastres) e,
• Vigilância em saúde ambiental relacionada aos fatores físicos
(Vigifis).
O Decreto nº 8.065, de 7 de agosto de 2013 do Ministério da Saúde,
atualiza as competências da SVS quanto à responsabilidade
nacional da gestão da vigilância em saúde ambiental, executada
pela CGVAM, a qual compete:
• A gestão do SINVSA;
• A coordenação e implementação da política e o acompanhamento
das ações de Vigilância em Saúde Ambiental;
• A proposição e desenvolvimento de metodologias e instrumentos
de análise e comunicação de risco em vigilância ambiental.
• O planejamento, coordenação e avaliação do processo de
acompanhamento e supervisão das ações de vigilância em saúde
ambiental.
• A gestão do Sistema de Informação da Vigilância em Saúde
Ambiental.

A SVS atualmente é responsável por todas as ações de vigilância,


prevenção e controle de doenças transmissíveis, vigilância de fatores de risco para
o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, saúde ambiental e do
trabalhador e pela análise de situação de saúde da população brasileira (BRASIL,
2018, documento on-line).

4 FORMAS DE ATUAÇÃO DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE


AMBIENTAL
Vimos anteriormente que a Vigilância em Saúde Ambiental contempla
várias áreas de atuação. Neste momento, vamos estudar cada um deste programas
estratégicos de forma mais detalhada.

146
TÓPICO 2 | SISTEMA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL

4.1 VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA


CONSUMO HUMANO (VIGIAGUA)
Anteriormente, quando apresentamos a evolução histórica, você deve se
recordar que um dos primeiros programas foi o VIGISUS que tinha como um dos
objetivos acompanhar a água para consumo Humano. A vigilância da qualidade
da água para consumo humano (Vigiagua) é um programa nacional que tem
por objetivo coletar, registrar, analisar e divulgar os dados a partir das ações
desenvolvidas em nível local municipal (PAPINI, 2012).

Assim, o programa contempla um conjunto de ações que são adotadas


continuamente, pelas autoridades de saúde pública, de acompanhamento para
que a qualidade da água distribuída pela rede pública, seja compatível com o
padrão de potabilidade estabelecido na legislação vigente, como parte integrante
das ações de promoção da saúde e prevenção dos agravos transmitidos pela água
(COSTA, 2018).

FIGURA 6 – COMO É REALIZADA A COLETA DE ÁGUA NA REDE PÚBLICA

FONTE: <https://bit.ly/3f171fH>. Acesso em: 22 abr. 2020.

Para o acompanhamento e registro das amostras coletadas pelas equipes


o Vigiagua tem o Sistema de Informação da Vigilância da Qualidade da Água
para Consumo Humano (Sisagua), que é considerado como sendo o principal
instrumento para auxiliar no gerenciamento de risco relacionados a qualidade da
água para consumo humano.

147
UNIDADE 3 | VIGILÂNCIA AMBIENTAL

FIGURA 7 – TELA DE ACESSO AO SISTEMA SISAGUA

FONTE: <http://sisagua.saude.gov.br/sisagua/login.jsf>. Acesso em: 22 abr. 2020.

A partir do Sisagua é possível através dos relatórios gerados acompanhar


as características da água coletadas nas amostras. De acordo com o ministério da
saúde, estas informações são relativas à cobertura populacional atendida com
abastecimento de água, no país, estados e municípios brasileiros; identificar as
amostras que não estão de acordo com os padrões de qualidade e os municípios
que não possuem informações sobre a qualidade da água.

O Vigiagua também realiza o monitoramento nos municípios que sofrem


com a seca e estiagens, cujo abastecimento de água é realizado através do
carros-pipa e cisternas e juntamente com a tenção básica na educação em saúde
capacitando esta população no tratamento de água em domicílio.

DICAS

A portaria nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011, dispõe sobre os procedimentos


de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão
de potabilidade. A portaria encontra-se disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
saudelegis/gm/2011/prt2914_12_12_2011.html.

4.2 VIGILÂNCIA DA SAÚDE DE POPULAÇÕES EXPOSTAS A


POLUENTES ATMOSFÉRICOS (VIGIAR)
Anteriormente, no Tópico 2, quando apresentamos os principais impactos
ambientais que causam agravos à saúde humana, você deve ser recordar que a
poluição atmosférica fazia parte deste contexto.
148
TÓPICO 2 | SISTEMA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL

Inicialmente, esses impactos eram exclusivamente associados às grandes


metrópoles ou polos industriais. Mas, nas últimas décadas, já se identificam tais
impactos em situações de queima de biomassa, de atividades de mineração e de
uso de técnicas de pulverização de agrotóxicos, entre outras (COSTA, 2018).

FIGURA 8 – POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA RESPONSÁVEL POR VÁRIOS PROBLEMAS


RESPIRATÓRIOS E CARDIOVASCULARES

FONTE: <https://bit.ly/2YtCRvZ>. Acesso em: 22 abr. 2020.

Neste contexto, o Ministério da Saúde de 2001, estruturou o Programa de


Vigilância da Saúde de Populações Expostas a Poluentes Atmosféricos (VIGIAR)
com o objetivo de desenvolver ações de vigilância para populações expostas a
poluentes atmosféricos, implementando a partir deste programa, medidas de
prevenção, de promoção da saúde e de atenção integral, conforme é preconizado
pelo SUS (PAPINI, 2012; COSTA, 2018).

Papini (2012) relata que as ações de vigilância em relação a qualidade do ar


consistem em: a) criação de normas e procedimentos; b) avaliação e monitoramento
da qualidade do ar; c) diagnóstico da situação ambiental tanto em áreas urbanas
como rurais; d) identificação e seleção de indicadores ambientais atmosféricos; e)
definição dos grupos-alvos; f) desenvolver programa de educação em saúde com
a população exposta.

O VIGIAR tem como base as seguintes legislações:

• Política Nacional de Meio Ambiente – Lei n° 6.938/1981.


• Resolução CONAMA n° 018/1986 – Programa Nacional de Controle da Poluição
do Ar – PRONAR.
• Resolução CONAMA n° 005/1989 - Programa Nacional de Controle da
Qualidade do Ar – PRONAR.
• Resolução CONAMA n° 003/1990 – Padrões de Qualidade do Ar.

149
UNIDADE 3 | VIGILÂNCIA AMBIENTAL

• Resolução CONAMA nº 008/1990 – Padrões de qualidade do ar.


• Resolução nº 297/2002 do CONAMA – PROMOT.
• Resolução CONAMA nº 315/2002 – Nova etapa do programa de controle de
Emissões Veiculares – PRONCOVE.
• Resolução CONAMA n° 382/2007 – Limites de Emissão de Poluentes
Atmosféricos para Fontes Fixas.

Para o gerenciamento e monitoramento das ações do VIGIAR, utiliza-


se duas ferramentas de apoio: o Instrumento de Identificação de Municípios de
Risco (IIMR) e a estratégia de Unidade Sentinela.

NOTA

As “Unidades Sentinela” são unidades físicas e grupos de trabalho criados para


realizar avaliação epidemiológica, ou seja, exercer uma vigilância epidemiológica intensifi-
cada. Consistem em uma resposta em escala amostral de uma dada realidade, permitindo a
coleta de informações com sensibilidade para monitorar um certo universo de fenômenos.

O foco da unidade sentinela é atenção da avaliação dos possíveis impactos na saúde de


crianças menores de 5 anos (até 4 anos, 11 meses e 29 dias), que apresentem um ou mais
sintomas respiratórios descritos como: dispneia/ falta de ar/ cansaço; sibilos/ chiado no pei-
to e tosse que podem estar associados a outros sintomas, e nos agravos de asma, bronquite
e infecção respiratória aguda (IRA) (BRASIL, 2005).

DICAS

Para saber mais sobre Instrumento de Identificação de Municípios de Risco


(IIMR), acesse o manual de instruções – 2015, disponível em: https://www.saude.gov.br/
images/pdf/2016/novembro/23/2015-Instrutivo-IIMR-VIGIAR.pdf.

4.3 VIGILÂNCIA EM SAÚDE DAS POPULAÇÕES EXPOSTAS


A CONTAMINANTES QUÍMICOS (VIGIPEQ)
Este programa de vigilância tem por objetivo o desenvolvimento de ações
de vigilância em saúde, de forma a adotar medidas de promoção, prevenção
contra doenças e agravos, das populações expostas a contaminantes químicos
que possam causar agravos na saúde humana.

150
TÓPICO 2 | SISTEMA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL

Portanto, as preocupações da vigilância é acompanhar a produção, o


armazenamento, o transporte, a comercialização, o uso, o transporte, o manuseio
o descarte de substâncias químicas residuais do comercio, indústria e até mesmo
residência (PAPINI, 2012).

Dentre os contaminantes químicos existentes a VIGIPEQ selecionou


cinco substâncias para fazer o monitoramento e acompanhamento devido a sua
periculosidade que são: Mercúrio; Amianto; Chumbo; Benzeno e Agrotóxicos.

Vejamos no quadro a seguir, são apresentados alguns dos males que cada
substância desta pode causar no ser humano:

QUADRO 2 – SUBSTÂNCIAS PREJUDICIAIS À SAÚDE

Substâncias Consequências Onde encontrar


Intoxicação aguda
(Gastroenterite severa, saliva-
ção, dor abdominal, vomito, ne- Componentes de mercúrio
frose, uremia). oriundos de estabelecimen-
MERCÚRIO
tos industriais, e se acumu-
Intoxicação crônica lam nas gorduras.
(Distúrbios mentais, alterações
neurológicas e gengivite).
Utilizados em produtos da
Ocorrência de câncer e construção civil e alguns
AMIANTO
asbestose. materiais têxtis termorresis-
tentes)
Crianças pequenas (vômitos, al-
terações na consciência, taques e
coma)

Crianças maiores – exposição


por longo período (retardo no Tubulações, utensílios de
CHUMBO desenvolvimento mental, agres- cozinha, gasolina, tintas e
sividade, ataques, anemia hipo- baterias.
cromica-microcítica)

Adultos (cefalia, desconforto ab-


dominal, aneroxia, constipação e
mudança de personalidade).
Intoxicação Aguda (Cefaleia,
náuseas, vômitos, arritmia ven-
tricular, paralisia, convulsão). Presença em alcano de
BENZENO
petróleo.
Intoxicação crônica (Anemia
plástica e leucemia).

151
UNIDADE 3 | VIGILÂNCIA AMBIENTAL

Alimentos como pimentão,


Cada substância agrotóxica
pepino, morango e uva são
AGROTÓXICO pode ter um efeito diferente no
os que mais apresentam
corpo humano.
quantidades de agrotóxicos.
FONTE: Adaptado de Papini (2012)

Além dessas substâncias apresentadas pelo Ministério da saúde, as vigi-


lâncias em nível municipal poderão acrescentar outras de acordo com o impacto
naquele local.

FIGURA 9 – POEIRA E SOLO EM MARIANA ESTÃO CONTAMINADOS COM METAIS PESADOS

FONTE: <https://img.r7.com/images/barragem-mariana-04112019110259381?dimensions=46
0x305>. Acesso em: 22 abr. 2020.

Está vinculado ao VIGIPEQ o acompanhamento do Sistema de Informação


de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Áreas Contaminadas (Sissolo),
que permite identificar as principais características destas populações.

A atuação do VIGIPEQ acontece de acordo com o fluxo representado na


figura a seguir:

152
TÓPICO 2 | SISTEMA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL

FIGURA 10 – MODELO DE ATUAÇÃO DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE DE POPULAÇÕES EXPOSTAS


A CONTAMINANTES QUÍMICOS

FONTE: <https://bit.ly/2YhkWZ9>. Acesso em: 22 abr. 2020.

Podemos observar na figura anterior, que a atuação do VIGIPEQ se baseia


em duas condutas: proativa, que trabalha a prevenção, recuperação e promoção,
ou seja, suas ações ocorrem antes do evento. Também, frente à conduta reativa,
quando é realizada uma denúncia ou identificado alguma informação fora dos
padrões estabelecidos, e seja necessário atuar para minimizar os impactos.

DICAS

Um exemplo da atuação reativa do VIGIPEQ é o caso da Barragem do Fundão


em Mariana (MG). Um estudo realizado pela Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares,
traça um panorama dos malefícios que os rejeitos desse desastre podem causar a saúde.
O estudo: Algumas análises sobre os impactos à saúde do desastre em Mariana (MG), faz
parte do livro Desastre no Vale do Rio Doce Antecedentes, impactos e ações sobre a
destruição, e está disponível em: http://www.global.org.br/wp-content/uploads/2017/02/
Milanez-2016-Desastre-no-Vale-do-Rio-Doce-Web.pdf.

153
UNIDADE 3 | VIGILÂNCIA AMBIENTAL

4.4 VIGILÂNCIA EM SAÚDE DE POPULAÇÕES EXPOSTAS A


SOLO CONTAMINADO (VIGISOLO)
A atuação da VSA também está́ direcionada ao cuidado das populações
que estão expostas ao solo contaminado por substâncias químicas. Cabe ao Vigi-
solo identificar as possíveis áreas contaminadas, seus aspectos geográficos, e as
características da população que está exposta a esta contaminação e os impactos
que possam ser causados à saúde.

Essa identificação pode ser feita com o uso de várias estratégias: visita
ao local, levantamento de dados em fontes diversas de informação oficiais em
sistemas que já estudamos na unidade I deste livro: Sistema de Informação de
Mortalidade (SIM) e Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN),
que são utilizados pela Vigilância Epidemiológica. Ainda para completar o pro-
cesso de investigação poderá realizar entrevista com moradores da região, coletar
amostras do solo para pesquisas laboratoriais em busca de substâncias contami-
nantes no solo, entre outras.

Costa (2018) destaca que após a identificação da área contaminada, é ne-


cessário realizar a partir das características do local uma classificação: unidade de
postos de abastecimento e serviços (UPAS), área agrícola (AA), área de mineração
(AM), contaminação natural (CN), depósito de agrotóxicos (DA), área de dispo-
sição de resíduos industriais (ADRI), área industrial (AI), área desativada (AD),
área de disposição final de resíduos urbanos (ADRU).

A partir da coleta destas informações é possível através do Sissolo gerar


informações que permitam o monitoramento da saúde das populações, por meio
do cadastramento, por parte dos municípios ou estados, das áreas que se encon-
tram contaminadas identificadas (PAPINI, 2012; COSTA, 2018).

DICAS

Em 2009, Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) por meio da


Resolução Nº 420 foi disciplinado o gerenciamento de áreas contaminadas no Brasil. Esta
resolução dispõe sobre critérios e valores orientadores de qualidade do solo quanto à
presença de substâncias químicas e estabelece diretrizes para o gerenciamento ambiental
de áreas contaminadas por essas substâncias em decorrência de atividades antrópicas. Para
saber mais, acesse: http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=620.

154
TÓPICO 2 | SISTEMA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL

CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL POR AGROTÓXICOS: EFEITOS


“INVISÍVEIS” PARA O SOLO, ÁGUA E AR

Gheorge Patrick Iwaki

AGROTÓXICOS

Os agrotóxicos foram desenvolvidos para eliminar pragas e doenças


que atacam plantações, são produtos eficientes nessa função. No entanto,
sua utilização contínua traz consequências graves para o meio ambiente e
para a saúde humana.

Segundo o IBGE, o agrotóxico só perde para o esgoto não tratado


quando se trata dos maiores contaminadores de rios no Brasil. Sua utilização
nunca foi tão discutida e condenada, particularmente se considerarmos
os elevados índices de poluição de rios, solos e ar relacionados ao uso de
inseticidas na agricultura.

O Brasil é o maior consumidor do mundo, estamos consumindo o


equivalente a 7,3 litros de agrotóxicos por pessoa todo ano.

LANÇAMENTO DE AGROTÓXICO EM LAVOURA

FONTE: <https://bit.ly/3cXaKZV>. Acesso em: 22 abr. 2020.

Os agrotóxicos são produtos tóxicos nocivos para a saúde. Pesqui-


sas desenvolvidas pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco)
e Ministério da Saúde – Fundação Oswaldo Cruz mostram que agrotóxi-
cos podem causar várias doenças, como problemas neurológicos, motores

155
UNIDADE 3 | VIGILÂNCIA AMBIENTAL

e mentais, distúrbios de comportamento, problemas na produção de hor-


mônios sexuais, infertilidade, puberdade precoce, má formação fetal, abor-
to, doença de Parkinson, endometriose, atrofia dos testículos e câncer de
variados tipos.

Os agrotóxicos se esvaem pelos rios, impregnam o solo e alcançam


às águas subterrâneas. Nesse caso, rios e lagos podem entrar em contato
com o produto mediante o lançamento intencional e por escoamento su-
perficial a partir de locais onde o uso de agrotóxicos é realizado. O mesmo
vale para o ar e os seres vivos que estão em volta. É possível medir o nível
de contaminação dos rios pelo fato da agricultura ser a maior consumidora
de água doce do mundo, chegando ao patamar de 70% de sua totalidade.

Muitos desses danos são invisíveis, já que peixes contaminados por


agrotóxicos podem ser consumidos por pessoas, propagando um efeito em
cadeia de disseminação do inseticida. Algumas espécies não morrem por
causa do contato com os agrotóxicos, mas acabam acumulando-os em seu
corpo. Esse acúmulo faz com que o produto seja passado através da cadeia
alimentar, prejudicando, assim, outras espécies. O ser humano que conso-
me hortaliças contaminadas também acumula veneno por meio do consu-
mo de alimentos.

No solo, a contaminação se torna contínua pelo poder que ele tem


de reter grande quantidade de veneno ao longo dos anos, reduzindo sua
fertilidade e empobrecendo seus nutrientes. A intoxicação do ar, por sua
vez, acontece quando o produto fica em suspensão, sendo disseminado
mais rapidamente pela força dos ventos e contaminando as pessoas atra-
vés das vias respiratórias. Como o solo é capaz de reter grande quantidade
de contaminantes, com o tempo, os agrotóxicos fragilizam-no e reduzem
a sua fertilidade. Eles também podem desencadear a morte de micorrizas
(associação simbiótica entre um fungo e a raiz de uma planta), diminuir a
biodiversidade do solo, ocasionar acidez, entre outros problemas [...].

FONTE: <https://www.tratamentodeagua.com.br/artigo/contaminacao-ambiental-por-
agrotoxicos/>. Acesso em: 22 abr. 2020.

4.5 VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL ASSOCIADA A


FATORES FÍSICOS (VIGIFIS)
A Vigilância em Saúde Ambiental associada aos Fatores Físicos – VIGIFIS
é um programa da vigilância em saúde ambiental que se preocupa com a prote-
ção da saúde da população decorrente da exposição a radiações Ionizantes (RI)
e não ionizantes (RNI), que se caracterizam pela fonte de exposição, e não pela
natureza da radiação.

156
TÓPICO 2 | SISTEMA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL

Você já refletiu que a cada dia a sociedade necessita ainda mais de ener-
gia elétrica e meio de telecomunicação. É incontestável que essas duas fontes de
radiação ionizante trouxeram ao longo dos anos diversos benefícios nos setores
econômicos, como indústria, saúde, comunicação entre outros. E, ao mesmo tem-
po pode trazer sérios prejuízo à saúde e que por sua vez não perceptíveis pelas
pessoas sem que se tenha aparelhos específicos para realizar o monitoramento.
Um dos exemplos que podem ser citados de radiações ionizantes são os aparelhos
de diagnósticos por imagem (Aparelho de RX, Radioterapia, Medicina Nuclear).

Uma emergência radiológica é, em geral, um evento não intencional e


inesperado, envolvendo uma fonte de radiação ionizante, que pode resultar em
exposições não planejadas de profissionais e membros do público, que podem
levar a sérias consequências à saúde, além de danos ao meio ambiente e a pro-
priedades (BRASIL, 2018, documento on-line).

Um dos maiores acidentes radioativos do mundo foi o desastre nuclear de


Chernobyl em 1986 fora de uma instalação nuclear. No Brasil em 1987, também
ocorreu um grande acidente radioativo em Goiânia com o Césio-137.

NOTA

O fato e suas consequências

Era 13 de setembro de 1.987. Wagner Mota Pereira e Roberto Santos Alves, catadores de fer-
ro velho, encontraram no interior de um imóvel abandonado e em processo de demolição,
um aparelho desconhecido com peso aproximado de 400 kg, do qual se apropriaram com
o intuito de dar destinação comercial. O aparelho foi levado a um ferro-velho, de proprie-
dade de Devair Alves Ferreira, onde, a golpes de marreta, foi aberto, descobrindo-se algo
curiosamente tentador em seu interior: um objeto que emitia, no escuro, luz azul muito
intensa. Na mesma noite do dia 18 de setembro de 1987, o dono do ferro-velho, fascinado
com o brilho do objeto, levou-o para sua residência, de modo a possibilitar que sua família,
vizinhos e amigos pudessem testemunhar o fenômeno. Com o auxílio de uma chave de
fenda, obteve contato direto com o sal azul, que foi distribuído a seu irmão, Ivo Alves Fer-
reira, e ao vizinho de fundos, Edson Fabiano.

Este, por sua vez, deu uma quantidade do pó azul para seu irmão, Ernesto Fabiano, que levou
para casa dentro do bolso da bermuda. Já Ivo, irmão de Devair, durante um almoço em fa-
mília, colocou o objeto sobre a mesa para que todos na casa pudessem ter contato com ele.

Sua filha de apenas seis anos, Leide das Neves Ferreira, maravilhada com o tom sobrenatural
do brilhante azul, colocou um pouco do desconhecido elemento em um alimento e ingeriu-o.

Decorridos 15 dias, em 28 de setembro de 1987, a esposa de Ivo, desconfiada de que a


descoberta pudesse ter alguma relação com os crescentes problemas de saúde que os in-
tegrantes da família apresentavam, levou dentro de uma sacola uma amostra da substância
até a Vigilância Sanitária de Goiânia – percorrendo de ônibus o trajeto de sua casa até o
órgão público. Ao chegar, colocou a sacola sobre a mesa de um servidor, mencionando

157
UNIDADE 3 | VIGILÂNCIA AMBIENTAL

que aquilo estava matando sua família. O funcionário deixou a amostra no pátio do prédio,
sem dúvida com certo receio.

Nesse ínterim, médicos do Hospital de Doenças Tropicais começaram a suspeitar que


muitos doentes que estavam sendo internados apresentavam lesões que poderiam ter
origem em contaminação radioativa. Alertou-se um físico para que fosse investigar o pré-
dio com um monitor usado em medições geológicas. Ainda no meio do caminho até o
prédio da Vigilância Sanitária, o físico ligou o aparelho, que acusou incontinentialtíssimos
níveis de radiação, independentemente da direção em que era apontado. O surrealismo da
situação levou-o a desconfiar de um defeito; por isso, retornou ao laboratório para buscar
outro equipamento, que, já no prédio público, acusou a mesma altíssima radiação.

Descobriu-se que se estava diante do maior e mais grave acidente com substância radio-
ativa da história. Assim, foi dado o alarme inicial pela Secretaria de Saúde do Estado e pela
Comissão Nacional de Energia Nuclear [...].

As pessoas que morreram por causa do acidente tiveram óbito lento e doloroso, resulta-
do de hemorragias múltiplas internas, bem como de colapso, edema pulmonar e bron-
copneumonia.

As que não faleceram sofreram terríveis lesões corporais, consistindo em queimaduras


graves, mutilação de membros, radiolesões, amputações, atrofias, soldamento das unhas,
bolhas de tamanhos indescritíveis espalhadas pelo corpo, necroses, perda de tecidos cutâ-
neos, queda acentuada de cabelos, além de sérios problemas gastroenterológicos. Isso
sem mencionar as sequelas que perduram até hoje, de ordem psíquico-social. Pessoas que
passaram a apresentar quadro psicológico de tendências suicidas.

Após iniciada a operação de emergência, cerca de 6 mil toneladas de material contami-


nado foram retiradas do local e colocadas em barris e contêineres de metal, sendo trans-
portadas para um terreno na cidade de Abadia de Goiás/GO, onde se construíram dois
depósitos de bloqueio de radiação. Hoje, o local é sede do Centro Regional de Ciências
Nucleares do Centro-Oeste, que pertence à Comissão Nacional de Energia Nuclear [...].

FONTE: <https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/4816064.pdf>. Acesso em: 22 abr. 2020.

Além disso, o VIGIFIS também atua na vigilância a exposição de


radioativos não ionizantes, que crescem a cada dia com os aparelhos celulares
e telefones sem fio, que mesmo sendo de baixa frequência podem causar efeitos
na saúde humana. Para realizar este acompanhamento a equipe do VIGIFIS se
baseia em parâmetros internacionais como os da Comissão Internacional de
Proteção Contra Radiação Não Ionizante (ICNIRP), e do Instituto de Engenharia
Elétrica e Eletrônica (IEEE), reconhecendo apenas os chamados efeitos térmicos
(BRASIL, 2018).

As ações desenvolvidas pelo VIGIFIS são amparadas pelas seguintes
legislações:

• Lei nº 8.080/1990 (lei orgânica da saúde)


• Lei nº 8.142/1990 (lei orgânica da saúde)
• Decreto nº 7.508/2011 (regulamenta a Lei 8080/1990)

158
TÓPICO 2 | SISTEMA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL

• Decreto nº 7.797/2012 (estrutura regimental do MS)


• Portaria GM/MS nº 3.965/2010 (regimento interno do MS)
• Portaria GM/MS nº 399/2006 (Pacto pela Saúde)
• Portaria nº 3252/2009 (execução e financiamento de ações de Vigilância em
Saúde)
• Instrução Normativa SVS nº 1/2005 (competências da Vigilância em Saúde Am-
biental)
• Portaria GM/MS nº 104/2011 (notificação compulsória e imediata de agravos,
doenças e eventos de importância nacional)
• Portaria nº 372/2005 (constitui a comissão referente ao atendimento emergen-
cial aos estados e municípios acometidos por desastres naturais e/ou antropo-
gênicos)
• Lei nº 11.934, de 5 maio de 2009 (a qual dispõe sobre a exposição da população,
em geral e dos trabalhadores, aos campos elétricos, magnéticos e eletromagné-
ticos)
• Resolução Normativa n° 398, de 23 de março de 2010, da ANEEL (estabelecen-
do os limites de exposição humana aos campos elétricos e magnéticos)
• Decreto nº 7.616/2011 (instituiu a Força Nacional do SUS e define critérios para
Declaração de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional.
• Decreto Estadual/RJ nº 44.384, de 11 de setembro de 2013 (atualiza o Plano de
Emergência Externo do estado do Rio de Janeiro (PEE / RJ) para caso de emer-
gência nuclear nas instalações da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto
(CNAAA).

Caro acadêmico, chegamos ao final do Tópico 2 desta unidade. No próximo


tópico vamos estudar sobre a atuação da vigilância em uma área muito importante
que nos últimos anos está gerando muita preocupação para a sociedade que
são os desastres. Assim, vamos estudar sobre o programa vigilância em saúde
ambiental relacionada a desastres (VIGIDESASTRES).

159
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• A vigilância ambiental, no decorrer dos anos, passou por um processo evoluti-


vo e ela se consolidou somente em 1997, então, é relativamente nova.

• Dentre suas competências, ela necessita realizar articulações com outros pro-
gramas para atender seus objetivos.

• Um dos primeiros programas criado no âmbito da vigilância ambiental foi o


VIGISUS.

• Atualmente, a vigilância em saúde ambiental tem sob sua responsabilidade os


seguintes programas estratégicos: Vigilância da qualidade da água para con-
sumo humano (Vigiagua); Vigilância em saúde de populações expostas a po-
luentes atmosféricos (Vigiar); Vigilância em saúde de populações expostas a
contaminantes químicos (Vigipeq); Vigilância em saúde ambiental relacionada
aos riscos decorrentes de desastres (Vigidesastres) e Vigilância em saúde am-
biental relacionada aos fatores físicos (Vigifis).

160
AUTOATIVIDADE

1 Vimos no decorrer de nossos estudos que dentro da Coordenação Geral de


Vigilância em Saúde Ambiental, encontram-se diversas áreas que realizam a
vigilância com objetivo de minimizar os impactos a saúde humana. Analise as
alternativas a seguir e correlacione as colunas:

1 Vigilância da qualidade da água para consumo ( ) Vigiar


humano
2 Vigilância em saúde de populações expostas a
( ) Vigiagua
poluentes atmosféricos
3 Vigilância em saúde de populações expostas a
( ) Vigifis
contaminantes químicos
4 Vigilância em saúde ambiental relacionada aos
( ) Vigipeq
riscos decorrentes de desastres e,
5 Vigilância em saúde ambiental relacionada aos
( ) Vigidesastres
fatores físicos

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) 2b – 1a – 3d – 4e – 5c.
b) ( ) 1a – 2b – 3c – 4d – 5e.
c) ( ) 2a – 3b – 4d- 1e – 5c.
d) ( ) 2b – 3a – 4d- 1e – 5c.

2 O Programa de Vigilância da Saúde de Populações Expostas a Poluentes


Atmosféricos (VIGIAR) com o objetivo de desenvolver ações de vigilância
para populações expostas a poluentes atmosféricos, realiza ações em relação
as ações de vigilância em relação a qualidade do ar. Em relação a estas ações,
analise as preposições a seguir:

I - Criação de normas e procedimentos;


II - Avaliação e monitoramento da qualidade da água;
III - Diagnóstico da situação ambiental tanto em áreas urbanas como rurais;
(d) identificação e seleção de indicadores ambientais atmosféricos;
IV – Desenvolvimento de programa de educação em saúde com a população
exposta.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Somente as alternativas II e III estão corretas.


b) ( ) Somente as alternativas I, II, III estão corretas.
c) ( ) Somente as alternativas I, III e IV estão corretas.
d) ( ) Somente as alternativas II e IV estão corretas.

3 No que consiste a saúde ambiental de acordo com o Ministério da Saúde?

161
162
UNIDADE 3
TÓPICO 3

VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL EM DESASTRES


NATURAIS E INDICADORES

1 INTRODUÇÃO
Prezados alunos, chegamos ao Tópico 3 desta unidade, até aqui estudamos
sobre as questões ambientais e sua influência na saúde humana. Na sequência,
foi apresentado toda a estrutura da vigilância em saúde ambiental, o processo de
criação e sua evolução ao passar dos anos e alguns programas estratégicos, que são
desenvolvidos por esse departamento. Foram muitos desafios até chegar aqui.

Neste último tópico, vamos estudar mais um dos programas, a vigilância


em saúde humana relacionada a desastres. Como já falamos anteriormente, desde
o surgimento do homem na terra sua relação com a natureza foi conturbada, assim,
algumas de suas atividades chegam a causar impactos de grande proporção que
acabam se tornando desastres ambientais, muitas vezes preveníeis, outras vezes
não. Mesmo assim, precisamos estar preparados para trabalhar no decorrer
da ocorrência, e sobre os seus efeitos de forma que, a população seja exposta o
mínimo possível. Vamos lá!

2 VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL RELACIONADA A


DESASTRES (VIGIDESASTRES)
Outro programa estratégico vinculada a vigilância em saúde ambiental
é o de vigilância em saúde ambiental relacionada a desastres (Vigidesastres).
Este programa tem como objetivo desenvolver um conjunto de ações que visam
minimizar a exposição da população aos riscos de desastres com ênfase nos
desastres naturais.

As cidades brasileiras, assim como ocorre em outros países todos os anos


são atingidas por desastres naturais de maior e menor intensidade. Os desastres
mais comuns que a população enfrenta com maior frequência são as inundações,
deslizamentos, secas e incêndios florestais. Mas o que são os desastres?

Os desastres podem ser definidos como “resultado de eventos adversos,


naturais ou provocados pelo homem, sobre um ecossistema (vulnerável),
causando danos humanos, materiais e/ou ambientais e consequentes prejuízos
econômicos e sociais” (SOBRAL et al., 2010, p. 390).
163
UNIDADE 3 | VIGILÂNCIA AMBIENTAL

Nem sempre é possível prever quando irá ocorrer um desastre, nestes


casos é difícil traçar um plano de contingência no sentido de reduzir os danos,
como nos casos de tsunamis, terremotos e inundações, que ocorrem de forma tão
rápida que nem impossível calcular a sua extensão, neste caso, é necessário que
se tenha respostas rápidas e emergenciais.

Para o setor saúde, os desastres demandam uma série de ações rápidas,


quando não emergenciais, que variam desde o atendimento clínico até́ ações
educativas a fim de evitar a disseminação de doenças.

Assim, neste contexto, cabe ao Vigidesastres desenvolver ações estratégicas


para atuação em desastres, de ordem natural ou tecnológica, que atendam as
demandas dos municípios atingidos por desastres e a minimização dos riscos.
Geralmente, esses atendimentos devem ocorrer em parceria com a Defesa Civil e
órgãos vinculados.

De acordo com o Ministério da Saúde, “a atuação do Vigidesastres é


baseada na gestão do risco e compreende ações de redução de risco, manejo do
desastre e recuperação”, com base na Estratégia Internacional de Redução de
Desastres (EIRD), proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU) (BRASIL,
2018, documento on-line).

Na figura a seguir, podemos observar os processos que envolve a gestão


de risco de acordo com a EIRD/ONU:

FIGURA 11 – ORGANOGRAMA DAS FASES DA GESTÃO DO RISCO DE DESASTRES

FONTE: <https://bit.ly/2yYNFak>. Acesso em: 23 abr. 2020.

Observamos que a gestão do risco, visando sua redução, ou seja, a


eliminação ou minimização do risco e compreende três fases: prevenção, mitigação
e preparação.

• Prevenção: compreende o desenvolvimento de ações destinadas a eliminar ou


reduzir o risco, evitando a apresentação do evento ou impedindo os danos, por
exemplo, evitando ou limitando a exposição das pessoas à ameaça. É difícil
implementar medidas que neutralizem completamente um risco, sobretudo se

164
TÓPICO 3 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL EM DESASTRES NATURAIS E INDICADORES

é uma ameaça de origem natural de ocorrência brusca, como um furacão ou


um terremoto.
• Mitigação: é realizado um conjunto de ações destinado a reduzir os efeitos
gerados pela ocorrência de um evento. Sua implementação tem o objetivo de
diminuir a magnitude do evento e, consequentemente, reduzir ao máximo os
danos.
• Preparação: é adotado um conjunto de medidas e ações para reduzir ao
mínimo as perdas de vidas humanas e outros danos. Compreende a elaboração
de planos de contingência ou de procedimentos segundo a natureza do risco
e seu grau de afetação, bem como acompanhamento da elaboração de planos
para a busca, o resgate, o socorro e a assistência às vítimas (BRASIL, 2018,
documento on-line). A segunda etapa, compreende o manejo do desastre que
tem por objetivo enfrentar o impacto do desastre e seus efeitos. Esta etapa se dá
em duas fases:
• Alerta: é o estado gerado pela declaração formal pela Meteorologia da
apresentação iminente de um desastre. Nesse momento é divulgada a
proximidade do desastre, bem como são desencadeadas as ações propostas na
etapa de preparação do setor saúde. É importante que o setor saúde faça parte
dessa rede de comunicação para contar com a informação oportuna e oferecer
atenção de forma imediata.
• Resposta: compreende a execução das ações durante um evento adverso e tem
por objetivo salvar vidas, reduzir o sofrimento humano e diminuir as perdas
materiais. Alguns exemplos de atividades são a busca e resgate das pessoas
afetadas, a assistência médica, o abrigo temporário, distribuição da água de
consumo humano, de alimentos, de roupas e a avaliação dos danos (BRASIL,
2018, documento on- line).

Já a terceira etapa exige ações e estratégias de recuperação dos danos cau-


sados pelo desastre, ou seja, a reativação dos serviços básicos e indispensáveis para
a população (abastecimento de água, fornecimento de energia, esgoto sanitário e
comunicação) que precisam da tomada de decisão a curto prazo. Na sequência, ini-
cia-se o processo de se pensar estratégias para a recuperação a longo prazo e aplica
medidas de redução de riscos. Esta etapa compreende as seguintes fases:

• Reabilitação: compreende o período de transição que se inicia ao final da res-


posta. É nessa fase que os serviços de saúde e de saneamento que forem atin-
gidos devem ter seus funcionamentos reiniciados, ou devem ser reconstruídos
para continuar a prestar assistência aos afetados.
• Reconstrução: é o processo de reparação da infraestrutura física e do funcio-
namento definitivo dos serviços da comunidade (BRASIL, 2018, documento
on-line).

Então, podemos concluir que este processo envolve as ações preventivas,


de resposta ao desastre e recuperação dos danos causados pelo mesmo,
neutralizando os riscos e quando não possível, minimizá-los o máximo possível
e integrando principalmente na área da saúde, ações de promoção, vigilância e
assistência da população atingida (BRASIL, 2018).

165
UNIDADE 3 | VIGILÂNCIA AMBIENTAL

2.1 COMPONENTES DO VIGIDESTRE


Anteriormente mencionamos que geralmente as ações de desastres não
são individuais, pois, exige a articulação e parceria com outros órgãos habilitados
para atuar nestas situações. Assim, este trabalho necessita ser coletivo, envolvendo
também as ações integradas com os demais programas de vigilância em saúde
ambiental.

Conforme Brasil (2018), o Ministério da Saúde elenca os seguintes


componentes do VIGIDESASTRE:

• Vigilância em Saúde Ambiental associada aos Fatores Físicos (Vigifis).


• Vigilância em Saúde Ambiental associada aos Acidentes com Produtos Quími-
cos Perigosos (Vigiapp).
• Vigilância em Saúde Ambiental associada aos Desastres de Origem Natural
(Vigidesastres).
• Vigilância de acidentes/incidentes com agentes químicos, biológicos, radioló-
gicos e nuclear (QBRN).
• Agenda de Mudanças Climáticas (BRASIL, 2018, documento on-line).

Todos os programas citados estão vinculados ao ministério da saúde e,


também, as secretarias estaduais e municipais de saúde.

2.2 ATUAÇÃO E AÇÕES DESENVOLVIDAS PELO


VIGIDESASTRE
Para agir nas emergências de saúde pública que envolve efeitos dos
desastres, é necessário atuar nas três esferas de gestão dos SUS, tanto frente à
prevenção, como também em preparação e respostas. Dessa forma, Solha (2015)
destaca quatro áreas de atuação do VIGIDESASTRE:

• Desastres de origem natural.


• Mudanças climáticas, com o monitoramento do clima e o impacto na saúde da
população e na ocorrência de desastres naturais.
• Vigilância em Saúde Ambiental relacionada a Fatores Físicos (VIGIFIS), que
tem como foco de trabalho a emissão de radiação ionizante, além de campos
eletromagnéticos emitidos por fontes de energia elétrica.
• Vigilância em Saúde Ambiental relacionada aos acidentes envolvendo produtos
perigosos (VIGIAPP): realiza ações de vigilância no campo de extração de
minerais, na produção, com foco no uso de substâncias perigosas e em suas
transformações físico-químicas; armazena- mento de substâncias; transferência
de produtos por dutos ou tubulações; transporte por aeronaves, embarcações e
veículos rodoviários ou ferroviários; destinação final.

166
TÓPICO 3 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL EM DESASTRES NATURAIS E INDICADORES

FIGURA 12 – TIPOS DE DESASTRES NATURAIS

FONTE: A autora

Considerando as áreas de atuação VIGIDESASTRE elencadas, o Ministério


da Saúde elenca as seguintes estratégias a serem adotadas:

• Plano de preparação e resposta às emergências em Saúde Pública;


• Plano de contingência para emergência em Saúde Pública por seca e estiagem.
• Plano de Contingência para emergência em Saúde Pública por inundação.
• Plano de Contingência Para emergência em Saúde Pública por Agente Químico,
Biológico, Radiológico e Nuclear.
• Comitês Estaduais de Saúde em Desastres.
• Simulados para atuação em Emergências em Saúde Pública na Central Nuclear
Almirante Álvaro Alberto (CNAAA).
• Kit de Medicamentos e Insumos Estratégicos (Kit de Calamidade Pública)
(BRASIL, 2020, documento on-line).

De acordo com Brasil (2020), com relação às ações desenvolvidas, são, sua
responsabilidade, as seguintes ações:

• Realizar articulação intra e interinstitucional.


• Estruturar uma equipe de vigilância em saúde ambiental relacionada aos riscos
associados de desastres em cada unidade federal.
• Desenvolver ações de Educação em Saúde específicas com a comunidades para
desastres de origem natural.

167
UNIDADE 3 | VIGILÂNCIA AMBIENTAL

• Capacitação da equipe técnica para atuação interdisciplinar frente aos riscos,


atendimento e recuperação.
• Normatizar as ações a serem desenvolvidas em cada esfera de forma que estas
não se sobrepõem.
• Apoiar e integrar as equipes de desenvolvimento de estudos e pesquisas.
• Identificar os fatores de risco e as populações vulneráveis, por meio da
construção de mapa de ameaças, vulnerabilidades e riscos.
• Comunicar a sociedade em geral sobre o risco ambiental e seus impactos na
saúde humana.
• Trabalhar junto às equipes na assistência humanitária.

Com intuito de se trabalhar ações que possam prevenir, minimizar e,


se necessário, recuperar os efeitos dos diversos tipos de impactos resultantes
de desastres tanto naturais como de exposição química, as esferas estaduais e
federais determinaram duas ações que precisam ser desenvolvidas:

• Instituir o Comitê Estadual de Saúde em Desastres ou, em casos de comitês já


existentes, incluir o tema Saúde em Desastres.
• Elaboração de um Plano de Contingência voltado para Desastres.

Tais ações, embora não sejam obrigatórias em nível municipal, muitas


prefeituras segues estes modelos, visto que, tais ações colaboram para a tomada
de decisão rápida, bem como a organização das atividades a serem desenvolvidas.

O Ministério da Saúde preconiza que para operacional estas ações, sugere-se


o desenvolvimento de linhas de atuação conforme está descrito no quadro a seguir.

QUADRO 3 – LINHAS DE ATUAÇÃO FRENTE A DESASTRES NAS ESFERAS FEDERAL E ESTADUAL

LINHAS DE
DESCRIÇÃO
ATUAÇÃO
Elaborar políticas públicas que contemplem diretrizes
para gestão dos fatores de riscos associados às ameaças
NORMATIZAÇÃO tecnológicos, produto do atual modelo de desenvolvi-
mento em um território de saúde por onde vivem e circu-
lam a população.
Proporcionar a realização de cursos e treinamentos vol-
tados para o setor saúde: vigilância dos fatores de riscos,
CAPACITAÇÃO
assistência médica-farmacêutica e análises clínicas toxico-
lógicas.
Instituir o Comitê de Saúde em Desastre e definir respon-
sabilidades dos atores envolvidos na atuação em todas as
PLANEJAMENTO fases da gestão do risco (dentro e fora do SUS).
E EXECUÇÃO Propor e acompanhar a elaboração de Plano de prepara-
ção e resposta do SUS frente aos acidentes com produtos
químicos perigosos.

168
TÓPICO 3 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL EM DESASTRES NATURAIS E INDICADORES

Definir indicadores que permitam a avaliação das ações


de intervenção nos fatores de risco e de enfrentamento
quando da necessidade de resposta aos desastres de
origem antropogênica.
AVALIAÇÃO
Estabelecer critérios para acompanhamento e necessidade
de adequação das ações proposta no plano de preparação e
resposta do setor saúde frente aos acidentes com produtos
químicos perigosos.
Possibilitar a realização de estudos e pesquisas que per-
mitam a caracterização do território de saúde, a identifi-
FOMENTO A
cação da real capacidade de resposta, o desenvolvimento
ESTUDOS E
de técnicas e práticas de vigilância e atenção à saúde de
PESQUISAS
populações expostas ou intoxicadas por produtos quími-
cos perigosos, entre outras relacionadas ao tema.
FONTE: A autora

DICAS

BRASIL. Organização Pan-Americana da Saúde. Ministério da Saúde. Desastres


naturais e saúde no Brasil. 2. ed. Brasília: OPAS; Ministério da Saúde, 2015.

3 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES DA ATUAÇÃO DA SAÚDE


FRENTE AOS DESASTRES
Anualmente, milhares de pessoas são atingidas por desastres no mundo,
de todas as origens, independente se a localização seja ou não em áreas de risco.
No Brasil as situações de desastres principalmente os de origem natural, estão
associadas às condições de vida nas cidades, tipo de ocupação do território, entre
outros fatores.

Freitas et al. (2014, p. 3.646) corroboram com a afirmação e colocando que:

Um desastre natural resulta da combinação de quatro fatores


importantes para a Saúde Coletiva, que são: 1) a ocorrência de
uma ameaça natural; 2) uma população exposta; 3) as condições de
vulnerabilidade social e ambiental desta população; 4) insuficientes
capacidades ou medidas para reduzir os potenciais riscos e os danos à
saúde da população.

Um estudo realizado pelo governo federal, com dados de ocorrência


registradas no período de 1991 a 2012, resultou num Atlas Brasileiro de desastres
Naturais com 27 volumes sendo um para cada Estado. De acordo com este
169
UNIDADE 3 | VIGILÂNCIA AMBIENTAL

material, as causas de desastres no Brasil são diferenciadas, e envolvem: seca e


estiagem, granizos, inundações, enchentes e vendaval (BRASIL, 2017).

De acordo com Tominaga et al. (2009), os desastres nem sempre são


produtos da natureza, geralmente são construídos pela sociedade e da mesma
forma, podem ser adotadas estratégias que minimizem seus efeitos.

DICAS

FREITAS, C. M. de. Guia de preparação e respostas do setor saúde aos


desastres. Rio de Janeiro: Fiocruz/Secretaria de Vigilância em Saúde, 2018.

Quando falamos em desastres, a expressão exposição é um conceito cha-


ve na saúde ambiental, pois permite que sejam realizadas inter-relações entre a
população de um determinado local com as situações ambientais alteradas por
“eventos disparadores que são as ameaças naturais, tais como chuvas fortes,
inundações bruscas ou graduais, secas ou estiagens, ou por condições latentes de
degradação ambiental” (FREITAS et al., 2012, p. 3.645).

Com relação aos impactos na saúde, os desastres afetam a saúde humana


de diferentes formas, direta ou indiretamente, podem ser de pequeno ou grande
magnitude, dependendo do tipo de impacto e, também, da vulnerabilidade do
território. Nos últimos anos, cerca de 226 milhões de pessoas são afetadas por
desastres naturais em todo mundo. Entre 2000 e 2010, em torno de 680 mil pes-
soas foram vítimas fatais de terremotos e 50% deste total ocorreram somente no
Haiti; 102 milhões de pessoas são afetados por enchentes a cada ano no mundo,
37 milhões por ciclones, furacões e tufões e 366 mil por deslizamentos de terra.
Também, situações de secas e estiagens, estão associadas a estes números e são
responsáveis pela perda de 558 mil vidas e afetam 1,6 bilhões de pessoas no mun-
do (FREITAS et al., 2012).

Mas, lembre-se, no âmbito da saúde pública nem todo evento é caracte-


rizado como sendo um desastre. Para que um evento seja reconhecido como um
desastre precisamos observar a combinação alguns fatores:

Primeiro, é necessário um evento detonador, conceituado como ameaça,


que se relaciona a qualidade dos eventos físicos que podem ser gerados pela di-
nâmica da natureza (geológicas, hidrometeorológicas, biológicas) ou da socieda-
de (degradação ambiental ou ameaças tecnológicas como rompimentos de bar-
ragens, acidentes químicos e nucleares). O evento deve resultar na exposição de
populações humanas, gerando o potencial de danos e agravos à saúde (FREITAS
et al., 2012).

170
dade, incluindo como resposta as ações de resgate turas de serviços, economia e sociedade local do
e urgência. Um segundo momento, se dá no pe- território afetado.
TÓPICO 3 | VIGILÂNCIA
ríodo entre dias a semanas, caracterizando-se pela EM SAÚDE
EmAMBIENTAL
relaçãoEMàsDESASTRES NATURAIS E
consequências INDICADORES
ambientais,
ocorrência de algumas doenças transmissíveis, a podemos considerar que estes tipos de eventos,
exemploPodemos observar na figura a seguir, quais são os períodos de respostas
da leptospirose e doenças diarreicas, po- comprometem os serviços de saneamento am-
para os impactos a saúde humana e provocadas por desastres.
dendo agravar quadros de doenças não transmis- biental, a quantidade e a qualidade da água, o
síveis em pacientes crônicos, como, por exemplo, a solo e oferta de alimentos, bem como alterações

FIGURA 13 – TEMPO DE RESPOSTAS À SAÚDE FRENTE AOS DESASTRES


u
. Atenção e vigilância das
doenças crônicas;
Impactos

. Atendimento a casos de . Vigilância de doenças não


doenças transmissíveis e não transmissíveis (cardiovasculares;
transmissíveis; psicossociais);
. Resgate e socorro; . Vigilância de doenças . Reabilitação e reconstrução
transmissíveis (leptospirose,
. Traumas agudos (leves e influenza, transmissão hídrica
graves); ou alimentar);
. Óbitos. . Vigilância de doenças não
transmissíveis (hipertensão);

. Reabilitação de serviços
essenciais.

Horas - Dias Semanas - Meses Meses - Anos

Escala temporal
u
Figura 1. Respostas do setor saúde FONTE:
aos desastres em diferentes
Freitas tempos.
et al. (2014, p. 3.648)

Podemos observar que os atendimentos emergenciais precisam ser


atendidos em questão de horas ou dias. Nas situações em que envolvam doenças
transmissíveis, ou não transmissíveis, bem como, as reabilitações de serviços
essenciais esse atendimento pode ocorrer em semanas ou meses. E, no caso de
doenças, crônicas, vigilância de doenças não transmissíveis, o atendimento pode
levar até meses para ser restabelecido.

Para se ter uma ideia de quais são as consequências que um desastre pode
causar a saúde humana, podemos observar a figura a seguir.

171
UNIDADE 3 | VIGILÂNCIA AMBIENTAL

FIGURA 14 – TIPOS DE FENÔMENOS NATURAIS E SEUS EFEITOS SOBRE A SAÚDE HUMANA

Efeitos sobre a
Classificação do evento Tipo de fenômeno natural saúde humana

Óbitos, lesões, traumatismos

u
u
u
Geofísico Terremoto, vulcão,

uu
u Intoxicação, envenenamento
ou Geológico movimento de massa

uu
u
Transtornos psicossocial
u
e comportamental

uu
Tempestade,

u
u
u Hipertensão

u
tormenta, ciclone,

u
Meteorológico Afogamento, choque elétrico
vendaval u
u

u Leptospirose
Inundação brusca e Doenças transmitidas por

u
gradual, alagamento, u vetores, reservatórios e hospedeiros

Hidrológico movimento de massa


u Desnutrição
(deslizamentos)

u
u
u Diarreia e infecções intestinais
Temperatura extrema u
Infecções cutâneas

u
u
(ondas de calor e de u Hepatite A
u
Climatológico frio), seca, estiagem,
incêndio florestal, Infecções respiratórias, agudas
u
geada, granizo e crônicas, alergia
u Raquitismo

Figura 2. Tipos de fenômenos naturais e seus efeitos sobre a saúde humana.

FONTE: Freitas et al. (2014, p. 3.649)

quências mais graves, é recomendável que essas de emergência (SE) e estado de calamidade pú-
ações envolvam os anos suficientes para recupe- blica (ECP), registrados somente na SNDC no
Contudo,
rar as condições como
de saúde realizar ae gestão
da população infraes- de período
riscos no âmbitoAmbas
2003-2012. da saúde? Várias
as fontes ações
são impor-
foram dos
trutura desenvolvidas
serviços. pelo VIGIDESATREStantes que são essenciais
para analisar oscolocar
eventos,em mas prática de
possuem
redução de risco antes da ocorrência e que como estãolimitações
listadas os nodiferentes
quadroníveis
a seguir.
de qualidade
Metodologia para análise da situação no preenchimento das informações e por abordar
dos desastres naturais no Brasil somente os impactos imediatos e registrados nos
QUADRO 4 – PRINCIPAIS AÇÕES DA ETAPA DE REDUÇÃO primeiros DOcincoRISCO
dias após um DA
ANTES desastre.
OCORRÊNCIA
Para a análise da situação dos desastres natu- Em ambas as fontes, os dados foram classifica-
• Estruturar
rais no Brasil e seuso Programa
riscos para a de Vigilância
saúde, em segundo
utiliza- dos Saúde asdos Riscos
seguintes Associados
ameaças aos
naturais: estia-
mosDesastres – Vigidesastres.
dois conjuntos de dados e informações. gem e seca; inundação brusca e alagamentos;
• OIdentificar
primeiro, já econtido
estabelecer
no Atlasnormas
Brasileiropara
dos subsidiar
inundação agradual;
atuação. granizo; geada; vendaval e/
• Instituir o Comitê de Saúde em Desastres para articular e incêndios
Desastres Naturais 1991-2010, volume Brasil, pu- ou ciclone; tornado; organizar florestais;
a atuação mo-
blicado pelo Centro Universitário de Estudos e vimento de massa; erosão linear; erosão fluvial;
da Secretaria de Saúde em situações de desastres.
Pesquisas Sobre Desastres da Universidade Fede- erosão marinha.
• Identificar e mapear atores e responsabilidades
ral de Santa Catarina11, que envolveu os registros
das áreas
Para exemplificar essasdaameaças,
Secretaria de
tomamos
Saúde eNacional
da Secretária de outros setores
de Defesa que
Civil atuam em
(SNDC), comosituações
exemplosde as inundações.
categorias de desastres que se
• Promover articulação intra e intersetorial.
mas também os das Secretarias Estaduais de De- encontram organizadas nas bases de dados inter-
• Identificar
fesa Civil. ameaças, vulnerabilidades e recursos
nacionais sobrepara traçar
desastres o cenário
naturais, para
como SIGMA,
situações
Os de inundações.
dados deste Atlas tiveram como princi- NatCatSERVICE e Centre for Research on the
• Identificar, fortalecer e estabelecer políticas e normas para redução do risco
Epidemiology of Disasters (CRED) , sendo estas:
12
pais fontes os documentos que eram elaborados
de desastres
primariamente no setor
no nível Saúde.
municipal da defesa ci- . Eventos geológicos ou geofísicos: envolvem
vil e enviados para o estadual e depois federal, os processos erosivos, de movimentação de mas-
• Identificar e mapear o perfil epidemiológico local.
sendo estes a Notificação Preliminar de Desastre sa e deslizamentos resultantes de processos geo-
• Identificar planos de preparação e resposta a desastres.
(NOPRED) e o Avaliação de Danos (AVADAN). A lógicos ou fenômenos geofísicos.
partir daqui será referido através da sigla ABDN . Eventos meteorológicos: envolvem os pro-
1991-2010. O segundo, através da coleta e siste- 172 cessos que resultam em fenômenos como ciclones
matização dos dados sobre decretos de situação tropicais e extratropicais, tornados e vendavais.
TÓPICO 3 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL EM DESASTRES NATURAIS E INDICADORES

• Elaborar o plano de preparação e resposta à emergência em saúde pública


por inundação.
• Estabelecer mecanismos para a gestão da informação.
• Estabelecer estratégia de comunicação (intra e intersetorial).
• Promover capacitações, treinamentos e simulados para a atuação do setor
Saúde em inundações.
• Elaborar e divulgar material de orientação e educação em saúde.
Ações de Identificação e mapeamento
• Rede de Atenção à Saúde (atenção básica, média e alta complexidade).
• Rede laboratorial.
• Infraestrutura de vigilância em saúde.
• Medicamentos e insumos estratégicos necessários em situações de inundações
(hipoclorito, vacinas, medicamentos, kits diagnósticos etc.).
• Sistemas e soluções alternativas de abastecimento de água.
Articulação das ações da Rede de Atenção à Saúde
• Atenção básica (unidades básicas de saúde, saúde da família, saúde bucal, saú-
de mental, agentes comunitários, entre outros, conforme organização local).
• Atenção de média complexidade (urgência e emergência, rede hospitalar
etc.).
• Hospitais de referência.
Articulação das ações da Rede de Vigilância em Saúde
• Vigilância epidemiológica.
• Vigilância sanitária.
• Vigilância em saúde ambiental.
• Rede laboratorial.
• Estabelecer e desenvolver ações de promoção e educação em saúde com foco
em inundações.

• Identificar e estabelecer rede de referência para atendimento ambulatorial e


hospitalar em locais seguros.
FONTE: Brasil (2017, p. 14)

Podemos observar no quadro anterior, a necessidade de se planejar as


ações com antecedência, com o objetivo de minimizar os efeitos da ocorrência.
Desta forma, deixar claro qual será o papel desempenhado e a responsabilidade
de cada equipe de trabalho é essencial para alcançar os objetivos com eficiência
e eficácia.

No quadro a seguir, vamos estudar quais são as ações destas equipes no


momento em que ocorre o desastre. Você com certeza já viu em noticiários uma
série de equipes trabalhando para socorrer as pessoas no momento da ocorrência
e todo o cuidado que estes profissionais têm para que as ações sejam realizadas
de acordo com o planejado. Para que isso ocorra desta forma, algumas ações são
listadas no quadro a seguir:

173
UNIDADE 3 | VIGILÂNCIA AMBIENTAL

QUADRO 5 – PRINCIPAIS AÇÕES DA ETAPA DE MANEJO DO DESASTRE ANTES DA OCORRÊNCIA

Solicitar informações à Defesa Civil ou órgão equivalente


• Definir ponto focal da saúde na sala de situação interinstitucional, quando
for ativada.
• Avaliar o cenário de risco para a saúde.
• Emitir alerta para as demais áreas da Secretaria de Saúde para intensificar o
monitoramento.
• Notificar o desastre, dependendo da dimensão da ocorrência, para <notifica@
saude.gov.br>.
• Acionar e ativar o Centro de Operações de Emergência em Saúde (Coes ou
COE-Saúde).
• Realizar avaliação de danos e necessidades de saúde (preliminar, até 24h; e
complementar – até 72h).
• Avaliar capacidade de atendimento local disponível.
• Solicitar recursos adicionais, se for necessário.
Realizar ações de saúde prioritárias
• Ações de socorro.
• Ações de vigilância em saúde.
• Ações de atenção à saúde.
• Ações de assistência farmacêutica.
• Ações de orientação à população, incluindo abrigos.
Executar estratégia de atendimento nos abrigos
• Estabelecer doenças e agravos de interesse para intensificação do atendimento
e monitoramento, incluindo vigilância ativa.
• Elaborar informe técnico periódico sobre a situação (diário, dependendo da
dimensão do evento, pode reduzir ou ampliar o período de divulgação).
• Elaborar informe para divulgação das informações aos meios de comunicação,
à comunidade e às instituições parceiras.
• Acompanhar e divulgar os alertas da Defesa Civil e outros órgãos.
FONTE: Brasil (2017, p. 15)

Também é necessário pensar às ações após a ocorrência. Sabemos que um


desastre deixa consequências biopsicossociais na vida das pessoas. Muitas vezes
estas pessoas não conseguem recuperar sua saúde sem ajuda de um profissional
de saúde. Neste momento também precisamos ter um planejamento de quais
serão as ações necessárias a serem desenvolvidas pelo setor da saúde. No quadro
a seguir são destacadas algumas ações importantes neste momento:

QUADRO 6 – PRINCIPAIS AÇÕES DA ETAPA DE RECUPERAÇÃO DEPOIS DA OCORRÊNCIA

• Realizar avaliação complementar dos danos e impactos à saúde (infraestrutura;


doenças e agravos etc.).
• Avaliar a situação para desmobilização do Coes.
• Intensificar a vigilância epidemiológica de doenças de interesse (sentinela).

174
TÓPICO 3 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL EM DESASTRES NATURAIS E INDICADORES

• Reorganizar os serviços de atenção e vigilância em saúde, conforme necessi-


dade.
• Intensificar as ações de vigilância em saúde para a detecção precoce de surtos
e intervenção oportuna.
• Reestabelecer a rede de serviços e os programas de saúde.
• Reconstruir ou recuperar a infraestrutura de saúde danificada ou destruída.
• Avaliar a atuação na preparação e resposta a desastres – lições aprendidas.
• Revisar e adequar o plano de preparação e resposta e os protocolos e proce-
dimentos.
FONTE: Brasil (2017, p. 17-18)

Observamos nas três etapas apresentadas, que a organização da atuação


das equipes de saúde em situações de desastres, envolve uma multiplicidade
de ações, bem como a necessidade de articulação de vários setores e equipes
multidisciplinares. Mas também é preciso lembrar que um desastre ocorre no
território, na localidade, logo, quanto mais preparada estiver a área que for
atingida, menores serão os impactos. Dessa forma, conhecer a realidade local se
torna de fundamental importância.

Prezado acadêmico, chegamos ao fim da Unidade 3. Nosso objetivo nesta


unidade foi de apresentar como estão estruturadas o setor de vigilância em saúde
ambiental para o atendimento de população expostas em relação aos desastres.
Essa discussão é complexa e longa. Com certeza não conseguimos esgotar o
assunto nesta unidade, até porque para cada tipo de desastre são necessárias
ações especificas da equipe de saúde e demandam ações diferenciadas. Mas,
sugerimos que acesse as publicações disponibilizadas pelo Ministério da Saúde e
outros periódicos da área da Saúde. Bons estudos!

175
UNIDADE 3 | VIGILÂNCIA AMBIENTAL

LEITURA COMPLEMENTAR

Indicadores de saúde ambiental

Lia Giraldo da Silva Augusto

Tradicionalmente, indicadores vêm sendo utilizados segundo a própria


definição do termo que é derivado da palavra latina indicare, que significa anun-
ciar, apontar ou indicar. Um indicador é alguma coisa que dá uma indicação,
uma sugestão […] qualquer dispositivo para exibir as condições presentes (WHO,
1983). Com esse entendimento, o Produto Interno Bruto (PIB), por exemplo, foi
utilizado para avaliar aspectos do desenvolvimento econômico de um país; o ín-
dice de mortalidade infantil foi um indicador bastante utilizado para indicar a
situação da saúde de um país e a elevação da temperatura ambiente em todo o
mundo tem sido considerado um indicador do aquecimento global do planeta
(WHO, 1983).

No entanto, nenhum desses indicadores, de fato, permite uma compre-


ensão e uma explicação da realidade. Eles não pertencem a um “objeto modelo”,
pois se apresentam isolados e descontextualizados. São produzidos e posterior-
mente utilizados para uma infinidade de propósitos, como se fossem elementos
neutros desprovidos de uma teoria.

A Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é


uma instituição internacional que vem se preocupando com a busca de indica-
dores de qualidade de vida. Em 1993, a OCDE definiu o conceito de ‘indicador
ambiental’, contextualizando-o para o espaço urbano, que para uma concepção
integrada do sistema de indicadores deve definir: 1) seus objetivos; 2) o seu marco
teórico/conceitual; 3) seus campos disciplinares; 4) as técnicas e instrumentos de
coleta de dados; 5) os métodos para ponderação e agregação.

Os indicadores fazem parte de uma matriz de dados (unidades comple-


xas) e é por esta razão que se diz que os indicadores representam mais do que os
dados primários em que estão baseados (WHO, 1983). Portanto, como vimos, os
indicadores pertencem a um sistema de matrizes de dados (SAMAJA, 1999).

Forge (1994) propõe uma série de questões para se construir um sistema


de indicadores ambientais: 1) é preciso estar claro se o objetivo do indicador é
para diagnosticar, para avaliar tendências ou para avaliar impacto; 2) quanto ao
tipo, se tem caráter de avaliação do ambiente ao nível do efeito (micro) ou ao nível
dos determinantes sociopolíticos (macro); 3) qual é a escala da avaliação (global,
regional, nacional, local); 4) a quem interessa o indicador (tomadores de decisão,
grupos populacionais específicos, técnicos setoriais).

Para a visão tradicional, o indicador se confunde com um número, uma


estatística, como podemos verificar no texto a seguir, que tenta explicar seu signi-
ficado como “a mensuração de vários aspectos da qualidade ambiental” que pro-
176
TÓPICO 3 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL EM DESASTRES NATURAIS E INDICADORES

duz dados primários (como o nível de poluição do ar por hora) que são agregados
e resumidos para produzir estatísticas (por exemplo, os níveis médios de polui-
ção do ar a cada 24 horas). As estatísticas são, então, analisadas e reapresentadas
na forma de indicadores (por exemplo, o número de dias em que as diretrizes
de qualidade do ar foram excedidas), que podem, a partir de aí ser incorporados
ao processo de tomada de decisão. Assim, os indicadores fornecem um meio de
dar valor agregado aos dados, através de sua conversão em informação para uso
direto dos tomadores de decisão (WHO, 1983).

Esta foi uma das razões para que o índice de mortalidade infantil deixasse
de ser valorizado como indicador isolado da qualidade de saúde de uma dada
população. Esse indicador sozinho, fora do contexto, pouco ou nada explicava.
Como sabemos, a mortalidade infantil pode ser baixa e não significar qualidade
de vida.

Em qualquer sistema de análise, o indicador deve ser posicionado, segun-


do a hierarquia estabelecida, pelas unidades de análise e suas variáveis. Portanto,
o indicador está contextualizado por esses dois componentes e só tem validade
para o sistema a que pertence.

Na perspectiva da complexidade, as fontes poluidoras (por exemplo, uma


empresa) seriam tomadas como unidades de análise e as emissões de poluentes
(variáveis) seriam medidas. O indicador, então, seria construído, levando-se em
consideração esse sistema, que é uma operação de objetivação da pré-compre-
ensão modelizante, inserida em um propósito (por exemplo, o de controle am-
biental, o da mudança dos processos produtivos que dão origem à poluição, o de
prevenir os danos à saúde, o de explicar um determinado perfil epidemiológico
na população exposta etc.).

É equivocado pensar-se que os indicadores fornecem informações sim-


ples. Na tentativa de produzir um indicador sintético, incorre-se no risco de sim-
plificação, retirando do problema a compreensão de sua complexidade.

O indicador faz parte da semântica da informação e não pode ser apre-


sentado como um ente isolado. Na verdade, o indicador deve ser um revelador
da complexidade do problema (GALVÃO et al., 1998). O recorte do objeto ou o
objeto modelo, do qual faz parte o indicador, deve ser uma pré-compreensão
modelizante que é a maneira como se pode representar a realidade, no sentido
da compreensão de um dado fenômeno a ela pertencente. Os indicadores não
devem ser apropriados como um valor neutro. Um indicador deve compor uma
informação que, para comunicar, precisará de uma linguagem clara.

Para a exposição de poluentes específicos do ar, por exemplo, um indi-


cador composto da exposição, contextualizar as fontes geradoras, segundo as
condições geográficas e socioeconômicas, seguramente será mais útil que apenas
revelar os níveis médios de poluição do ar a cada 24 horas.

177
UNIDADE 3 | VIGILÂNCIA AMBIENTAL

O papel das exposições múltiplas sobre a saúde humana, decorrentes de


riscos ambientais, quando analisado na perspectiva das forças motrizes e das pres-
sões que se exercem sobre o meio ambiente e sobre as coletividades, melhora a
compreensão-explicação do problema, como também permite identificar e estabe-
lecer ações de transformação do status quo não só limitado ao tratamento do efeito.

A triangulação metodológica e a interdisciplinaridade constituem chaves


para a análise dessas situações complexas e para resolver a validação de indica-
dores compostos, uma vez que eles não estão relacionados às condições específi-
cas e resumidos apenas às operações de mensuração quantitativa.

Will e Briggs (1995) fazem uma larga discussão sobre a problemática dos
indicadores compostos e concluem que ainda há insuficiente validade dos mes-
mos, principalmente para aqueles que se propõem a medir a qualidade da vida.

A Organização Mundial da Saúde (BRIGGS et al., 1992; BRIGGS, 1999)


propõe, também, uma matriz para indicadores que articulam o ambiente e a saú-
de nos processos de desenvolvimento. O sistema proposto se organiza sobre uma
estrutura conceitual coerente com os pressupostos tratados. Trata-se de uma ma-
triz denominada Força Motriz, Pressão, Estado, Exposição, Efeito e Ações (FPEE-
EA). Nesse sistema, há níveis hierárquicos (verticalidade) e níveis de coordenação
(horizontalidades). Ainda pouco aplicada em nossa realidade, vem sendo consi-
derada uma possibilidade para modelização da vigilância de qualidade da água
e do ar pela Coordenação Geral de Vigilância Ambiental (CGVAM) da Fundação
Nacional de Saúde (Funasa). Uma grande vantagem desse modelo é superar a
dicotomia do qualitativo e quantitativo, contextualizando o indicador em uma
matriz hierárquica. Na verdade, o problema dos indicadores não está na limitada
competência estatística de se operar diversas variáveis e indicadores, mas na ca-
pacidade de triangulação dos dados, tanto do ponto de vista quantitativo como
qualitativo e levar em consideração tanto sua verticalidade (hierarquia, ordena-
ção) como horizontalidade (redes, coordenação); isto só é possível em uma abor-
dagem dialética (SAMAJA, 1994) e dialógica (MORIN, 1996; PENA-VEGA, 2001).

Como conclusão, pode-se dizer que os indicadores refletem valores cole-


tivos e sua legitimação não se dá por ensaios técnicos, de tipo simulação virtual.
Trata-se de um processo vivo, definido segundo Guattari (2000), como uma eco-
sofia, em que a estética, a ética e a subjetividade se apresentam como entes reais a
serem considerados e reconhecidos na estrutura técnica da informação, para que
cumpra seu objetivo de comunicar ao público para o qual foi produzido.

FONTE: AUGUSTO, L. G. da S. Indicadores em saúde e ambiente. Rio de Janeiro: Editora


Fiocruz, 2015. Disponível em: http://books.scielo.org/id/xkvy4/pdf/minayo-9788575413661-15.
pdf. Acesso em: 23 abr. 2020.

178
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• Os desastres variam de acordo com sua tipologia.

• A Vigilância em Saúde ambiental é responsável por acompanhar e notificar a


ocorrência de desastres.

• O VIGIDESASTRE é sistema utilizado para monitoramento de desastres,


porém, é necessário realizar parcerias e articulações com outros órgãos.

179
AUTOATIVIDADE

1 Qual a definição de desastre?

2 Para o setor saúde, os desastres demandam uma série de ações rápidas,


quando não emergenciais, que variam desde o atendimento clínico até ações
educativas, a fim de evitar a disseminação de doenças. No contexto, qual a
função do VIGIDESASTRE?

3 A atuação do Vigidesastres é baseada na gestão do risco e compreende ações


de redução de risco, manejo do desastre e recuperação. Com relação à redução
de risco, analise as preposições a seguir:

I- A prevenção compreende o desenvolvimento de ações destinadas a eliminar


ou reduzir o risco, evitando a apresentação do evento ou impedindo os danos,
como por exemplo, evitando ou limitando a exposição das pessoas à ameaça.
II- A mitigação compreende um conjunto de ações destinadas a reduzir os
efeitos gerados pela ocorrência de um evento
III- A preparação consiste em um conjunto de medidas e ações para reduzir ao
mínimo as perdas de vidas humanas e outros danos.
IV- O alerta tem por objetivo diminuir a magnitude do evento e,
consequentemente, reduzir ao máximo os danos.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Somente a alternativa I é correta.


b) ( ) Somente as alternativas I e IV estão corretas.
c) ( ) Somente as alternativas II, III e IV estão corretas.
d) ( ) Somente as alternativas I, II, e III estão corretas.

180
REFERÊNCIAS
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Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções
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fluxo, critérios, responsabilidades e atribuições aos profissionais e serviços de
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Hélio Fraga à estrutura da Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ, altera e acresce
artigo ao anexo I e altera o Anexo II ao Decreto nº 4.725, de 9 de junho de 2003,

183
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