SEVERINO, A. J. A filosofia na formação do jovem e a ressignificação de sua
experiência existencial. In: KOHAN, W. Ensino de filosofia: perspectivas. Belo Horizonte. Autêntica, 2002, p. 183-194.
Atualmente, todos conhecemos as dificuldades que nossa sociedade
enfrenta. É a miséria, desemprego, crueldade da má distribuição de renda, a corrupção, exploração no trabalho, a deterioração das relações humanas e muitas outras formas de brutalidades. Em busca de solução para essas dificuldades as pessoas buscam desesperadamente soluções mágicas, culpam os outros, viram fanáticos religiosos e fundamentalistas, buscam refúgio nas drogas e violência. Porém não existe solução mágica, toda mudança só é possível a através da educação. Existe apenas uma fonte geradora, que é o conhecimento, uma ferramenta, a prática e uma mediação, a educação. Quando falamos de educação na escola, estamos falando não só de ensino/aprendizagem, mas também, e fundamentalmente, de formação. 2
Não há qualificação técnica, profissionalização, se não houver
simultaneamente formação.
A formação ocorre quando é entendido o sentido da existência. Quando
temos consciência do que viemos fazer no planeta e do porque vivemos. O aprendizado do ser começa desde o nascimento no ambiente familiar e social, no entanto, somente nas instituições formais de ensino que esse aprendizado passa a ser trabalhado de forma intencional e sistemática. A escola utiliza-se de recursos apropriados para essa dupla tarefa: fazer o adolescente desenvolver sua inteligência (exercício do conhecimento) e desenvolver outras formas de sensibilidade em toda sua gama (inteligência e consciência ética, estética e social). Para uma adequada vida humana, além do bom funcionamento físico e biológico necessitamos das vivências subjetiva para termos as possiblidades de escolhas e comportamentos flexíveis, nos diferenciando assim, dos outros seres vivos.
A subjetividade que devemos desenvolver é, como descrita por Severino, a
capacidade de sobrepor aos fatores naturais um elemento diferenciado, um motivo significador, que dá sentido a nossos atos e é a partir da educação que aprendemos a praticá-la. Além desse conhecimento nos permitir dar conceitos que expressamos através das palavras, também percebemos os valores que atribuímos as coisas ou a alguém e que podemos atribuir esses valores a nós mesmos ou a sociedade (que tem como valor central a dignidade da pessoa humana). Contudo, nesse processo podemos captar contravalores que podem nos dominar, conscientemente ou não, de modo que não respeitemos, decidimos e nem apoiamos nossas ações no valor coletivo. Daí percebemos a importância da educação que atua como guia.
A formação do ser humano busca passar conhecimentos, valores e normas
de conduta social, visando uma busca pela mudança de vida. No entanto só se valida como filosófico a partir do momento que se surgem os questionamentos: Por que, Quando, Onde? Se os conhecimentos técnicos nos ajudam a entender as coisas e seus respectivos funcionamentos, é o 3
conhecimento filosófico que nos ajuda a compreender e atribuir um sentido
articulado com toda uma vasta e diversificada gama de variáveis situações.
Em cada um dos níveis de escolaridade do indivíduo, a formação filosófica é
uma necessidade, visto que os questionamentos filosóficos nos levam a compreensão dos fatos. Embora seja necessário que nos dispamos de quaisquer conceitos e pré-conceitos “advindos de berço” para que tenhamos uma visão limpa dos fatos e de como recorrem a vida social, para que possamos enxergar como nos afetam por inteiro e não de forma parcial.
A Interferência da Qualidade de Vida no Processo de Aprendizado: o fruto de uma boa aprendizagem está diretamente vinculado à qualidade de vida do indivíduo