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O aparecimento do choro como forma de tocar foi por volta de 1870.

Sua origem vem do estilo de


interpretação que os tocadores de música popular do Rio de Janeiro davam às polcas, que eram
conhecidas como a música de dança mais apreciada já introduzida no Brasil.
Os músicos da época formavam conjuntos com violões e cavaquinhos, aprendiam a polca de "ouvido" e
tocavam para os violonistas para que esses se acostumassem com as passagens ondulatórias. A
repetição desses movimentos fixou movimentos ondulatórios que eram tirados sempre nos tons mais
graves do violão e receberam o nome de "baixaria". Esses esquemas modulatórios partiam do bordão e
descaíam sempre rolando pelos sons graves, em tom plangente, responsáveis pelo tom melancólico que
acabou recebendo o nome de "choro". Os músicos que tocavam o "choro", receberam o nome de
"chorões".

A flauta era o terceiro instrumento mais popular da época.Vinha depois do violão e do cavaquinho e
passou a fazer parte do solo no momento em que os violões faziam as passagens modulatórias. O
Maestro Batista Siqueira, entusiasta do excelente flautista Joaquim Antônio Calado, Jr., considerava
que o choro só nasceu a partir do momento da inclusão da flauta. Calado gostou imensamente dos sons
dos violões e cavaquinhos e juntou-se a eles. Foi assim formado "O Choro de Calado", composto por
um instrumento de solo, dois violões e um cavaquinho. Nesse conjunto somente um dos músicos sabia
ler a música escrita e os outros deviam ser improvisadores do acompanhamento harmônico.

Os conjuntos formados por Calado incluíam ente seus componentes alguns dos maiores nomes da
música daquele tempo, inclusive a pianista Chiquinha Gonzaga. Após a morte de Calado, seu sucessor
Viriato Ferreira da Silva mostrou que o choro estava estruturado e que passava a inspirar composições
com características próprias. A partir de 1880 o choro fica mais popular ainda, quando começou a
proliferar por pequenos grupos de tocadores de violão, cavaquinho e flauta. Eles passaram a
acompanhar as modinhas sentimentais e as serenatas que eram feitas à noite pelas ruas e em orquestras
que tocavam músicas de dança nos bairros cariocas mais humildes. A cada dia que passava o choro se
tornava mais popular, só passando a decair na década de 30, com a chegada dos conjuntos regionais da
era do samba que passaram a adotar os instrumentos de percussão.

O carteiro carioca Alexandre Gonçalves Pinto fez uma pesquisa entre trezentos músicos para saber
quais eram os instrumentos que tocavam e quais eram suas profissões. A maioria era tocadora de
violão, depois flauta, depois, bem longe, o cavaquinho exclusivamente, pois os violonistas também
tocavam cavaquinho e alguns tocadores de "oficlide", antecessor do saxofone.

Nas profissões, a maioria era de funcionários públicos vindos das bandas do Exército, civis das
repartições públicas federais e municipais, sendo a maioria dos Correios e Telégrafos e alguns
pequenos funcionários. A partir de 1890, depois dos Correios, passaram a figurar as bandas militares
com a crescente participação dos instrumentos de sopro.

As bandas eram excelentes núcleos de formação de músicos. Naquela época as orquestras eram raras
em comparação ao grande número de bandas existentes. Os trabalhadores braçais como os assentadores
de trilhos da Central do Brasil, carregadores de sacos do cais do porto e outros não eram tocadores de
choro, pois suas jornadas de trabalho eram incompatíveis com as noitadas dos chorões, que voltavam
para casa ao amanhecer e só podiam ser músicos devido à suavidade de seus trabalhos e horários como
funcionários públicos.

Com a chegada poderosa do samba que se infiltrou nas camadas populares e classe média, e também
devido à chegada ao Brasil da música das "jazz bands", o choro perdeu seu lugar. Restou aos
"chorões", guardarem seus instrumentos. Contudo, alguns entraram para as orquestras que tocavam nos
cinemas ou no teatro musicado.

Após essa troca de sons, nasceu uma nova maneira de tocar o "choro": o choro instrumental que foi
mais tarde transformado em canção, e que foi o resultado da maneira lânguida de tocar dos chorões
com as músicas alegres herdadas das antigas bandas de negros das fazendas, tudo isso combinado com
o sentimento romântico da classe média do Rio de Janeiro.

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