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ESTRUTURAS DE AÇO

BARRAS AXIALMENTE TRACIONADAS

Elizeth Rodrigues Machado


6. BARRAS AXIALMENTE TRACIONADAS
6.1. GENERALIDADES
BARRAS TRACIONADAS Aparecem compondo vigas (inclusive
são aquelas solicitadas tesouras de cobertura) e pilares treliçados e
exclusivamente por força axial sistemas de contraventamentos, e ainda
de tração como tirantes e pendurais

Como as barras tracionadas não apresentam


problemas de instabilidade, a propriedade
geométrica mais importante no dimensionamento
é a área da seção transversal.
Nas regiões de ligação, muitas vezes se tem
uma área de trabalho inferior à área total da
seção transversal, devido à presença de
furos, no caso de ligação parafusada, e
também à distribuição não-uniforme de
tensões causada por concentração de
tensões junto aos parafusos e soldas
6. BARRAS AXIALMENTE TRACIONADAS
6.2. ESTADOS-LIMITES ÚLTIMOS
ESCOAMENTO DA SEÇÃO BRUTA (ESB)

Ocorre quando a tensão de tração atuante ao longo do comprimento da


barra, portanto na seção bruta da mesma (Ag) atinge o valor da resistência
ao escoamento do aço (fy). A barra sofre um alongamento excessivo, o
que provavelmente precipita a ruína da estrutura da qual faz parte.

RUPTURA DA SEÇÃO LÍQUIDA (RSE)

O colapso ocorre quando a tensão atuante na área líquida efetiva (região


de ligação) atinge o valor da resistência à ruptura do aço (fu). O colapso na
seção líquida efetiva só fica caracterizado quando a seção se rompe
6. BARRAS AXIALMENTE TRACIONADAS
6.2. ESTADOS-LIMITES ÚLTIMOS
Dimensionamento
A barra submetida à força axial de tração, deve satisfazer as seguintes
relações:
𝐴𝑔 ∙ 𝑓𝑦 𝐴𝑔 ∙ 𝑓𝑦
= → 𝐸𝑆𝐵
𝛾𝑎1 1,10
𝑁𝑡,𝑆𝑑 ≤
𝐴𝑒 ∙ 𝑓𝑢 𝐴𝑒 ∙ 𝑓𝑢
= → 𝑅𝑆𝐸
𝛾𝑎2 1,35
Onde:
Nt,Sd é a força axial de tração solicitante de cálculo, obtida com a combinação
de ações de cálculo apropriadas;
𝐴𝑔 ∙𝑓𝑦
é a força axial de tração resistente de cálculo (ESB);
𝛾𝑎1
𝐴𝑒 ∙𝑓𝑢
é a força axial de tração resistente de cálculo (RSE).
𝛾𝑎2
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6.3. ÁREAS DE CÁLCULO
6.3.1 Área Bruta (Ag)

Área bruta, Ag, é a área da seção transversal sem furos, para perfis usuais,
geralmente é fornecida pelas tabelas de propriedades de perfis.

Para o perfil I assimétrico, Ag é a


soma dos produtos de cada
elemento da seção, da espessura
pela largura bruta.
Para cantoneiras, a largura bruta
é a soma das larguras das abas
menos sua espessura.
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6.3. ÁREAS DE CÁLCULO
6.3.2 Área Líquida

Área Líquida, An, é a área da seção transversal reduzida pela presença de


furos.

Em ligações parafusadas, os tipos de furos adotados são feitos por


punção ou por broca. A largura do furo, bh , será dada

Broca Punção

• bh = db + 1,5mm • bh = db + 3,5mm
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6.3. ÁREAS DE CÁLCULO
6.3.2 Área Líquida

LINHA DE RUPTURA é o percurso que passa por um conjunto de furos em


uma ligação parafusada, segundo o qual se rompe um barra tracionada.

A Chapa 1 na figura (a)


mostra furação com
padrão uniforme.
A linha de ruptura será
A-B-C-D
A Chapa 1 na figura (b)
mostra furação com
padrão não-uniforme.
As linhas de ruptura
serão A-B-C-D, A-B-F-
C-D, A-B-F-G-C-D,
A-B-F-K-G-C-D
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6.3. ÁREAS DE CÁLCULO
6.3.2 Área Líquida

Na prática, para determinação da linha de ruptura que prevalece, utilizamos


um processo empírico, pelo qual se obtém uma largura líquida (bn) para cada
uma das possíveis linhas de ruptura.

onde:
bn = largura total da seção transversal;
Σbh = soma das larguras de todos os
furos da linha de ruptura considerada; A linha de ruptura que apresentar a
n = número de segmentos diagonais; menor largura líquida dever ser
s = espaçamentos entre dois furos do adotada. A menor largura líquida é
segmento diagonal, paralelo a atuação denominada largura líquida crítica (bnc)
da força de tração;
g = espaçamento entre dois furos do
segmento diagonal, perpendicular a 𝐴𝑛 = 𝑏𝑛𝑐 ∙ 𝑡
atuação da força de tração.
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6.3.2 Área Líquida

Cantoneiras
As cantoneiras podem ser rebatidas segundo a linha do esqueleto (linha que
passa pela semi-espessura das abas) e tratadas como chapas para obtenção
da largura líquida e da área líquida, conforme ilustra a figura abaixo.

𝑔 = 𝑔1 + 𝑔2 − 𝑡
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6.3.2 Área Líquida

Perfis I, H e U
Nos perfis I, H e U, pode-se usar um procedimento simplificado que consiste
em determinar a área líquida de cada elemento componente
independentemente.

𝐴𝑛 = 𝐴𝑛 𝑚𝑒𝑠𝑎 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 + 𝐴𝑛 𝑎𝑙𝑚𝑎 + 𝐴𝑛 𝑚𝑒𝑠𝑎 𝑖𝑛𝑓𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟

Assim, calculam-se as áreas líquidas das mesas e da alma, considerando


cada um desses elementos como uma chada isolada, e depois somam-se os
valores obtidos
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6.3. ÁREAS DE CÁLCULO
6.3.2. Área Líquida

Ligações soldadas
Peças ligadas apenas por meio de solda não sofrem redução de área em
função da presença de furos e, portanto, tem área líquida An igual à área
bruta Ag.

𝐴𝑛 = 𝐴𝑔
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6.3. ÁREAS DE CÁLCULO
6.3.3 Área Líquida Efetiva

Uma barra tracionada, conectada com Isto ocorre porque o esforço tem
parafusos ou soldas, por apenas que passar pelos elementos
alguns dos componentes da seção conectados, que ficam
transversal, fica submetido a uma submetidos a uma tensão média
distribuição de tensão não-uniforme na maior que a dos elementos não
região da ligação. conectados (elementos soltos)

A parte da seção sob tensão uniforme é denominada área líquida efetiva,


representada por Ae
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6.3. ÁREAS DE CÁLCULO
6.2.2 Área Líquida Efetiva

A parte da seção sob tensão uniforme é denominada área líquida efetiva


e é representada por Ae

Para efeitos práticos a área líquida efetiva Ae é dada por:

𝐴𝑒 = 𝐶𝑡 ∙ 𝐴𝑛

Onde
Ct é o coeficiente de redução da área líquida
An é área liquida da barra
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6.3. ÁREAS DE CÁLCULO
6.3.3 Área Líquida Efetiva

Coeficiente de redução Ct
Nas barras com seção transversal aberta, quando a força de tração é
transmitida somente por parafusos ou somente por soldas longitudinais ou
ainda por uma combinação de soldas longitudinais e transversais para
alguns (não todos) elementos da seção, Ct é dado por:
Não é permitido o uso de
𝑒𝑐 ligações que resultem em
0,60 ≤ 𝐶𝑡 = 1 − ≤ 0,90
𝑙𝑐 um valor de Ct menor que
0,6 (ligação pouco eficiente)
Onde:
ec é a excentricidade da ligação igual a distância do centro geométrico da
seção da barra, G ao plano de cisalhamento da ligação.
lc é o comprimento efetivo da ligação (esse comprimento, nas ligações
soldadas, é igual ao comprimento da solda na direção da força axial; nas
ligações parafusadas é igual a distância do primeiro ao último parafuso da
linha de furação com maior número de parafusos, na direção da força axial).
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6.3. ÁREAS DE CÁLCULO
6.3.3 Área Líquida Efetiva
Coeficiente de redução Ct

Ilustrações dos valores de ec em seções abertas


Verifica-se então que o coeficiente Ct é tanto maior quanto menor for a
distância do centro geométrico da barra ao plano de cisalhamento da ligação
(ec) e quanto maior for o comprimento da ligação (lc)
Se a ligação é feita por meio de todos os elementos do perfil, por parafusos
ou por soldas, pode se considerar Ct igual a 1
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6.3. ÁREAS DE CÁLCULO
6.3.3 Área Líquida Efetiva
Coeficiente de redução Ct

Quando a força de tração for transmitida somente por soldas transversais ao


eixo longitudinal da barra:

𝐴𝑐
𝐶𝑡 =
𝐴𝑔

onde Ac é a soma das


áreas dos elementos
ligados por soldas
transversais
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6.3. ÁREAS DE CÁLCULO
6.3.2 Área Líquida Efetiva
Nas chapas planas, quando a força de tração for transmitida somente por
soldas longitudinais ao longo de ambas as bordas das chapas, o comprimento
do cordão de solda (lw) não pode ser inferior à largura da chapa (b)

Ct = 1,00 para lw  2b
Ct = 0,87 para 2b  lw  1,5b
Ct = 0,75 para 1,5b  lw  b

Se houver também solda


transversal, usar Ct = 1,0
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6.4. ESTADOS-LIMITES DE SERVIÇO
LIMITAÇÃO DO ÍNDICE DE ESBELTEZ
Recomenda-se que o índice de esbeltez (l) das barras tracionadas,
excetuando as barras montadas com pré-tensão, não supere 300.
l = (Ld/r)max  300
onde:
Ld é o comprimento destravado;
r é o raio de giração

Esta recomendação tem o objetivo de evitar que as barras tracionadas fiquem


demasiadamente flexíveis e como consequência apresentem:
- Deformação excessiva causada pelo peso próprio ou choques durante o
transporte ou montagem;
- Vibrações de grande intensidade quanto atuarem ações variáveis, como
vento, ou quando existirem solicitações de equipamentos vibratórios,
vibração esta que se transmite para toda edificação, causando sensação
de desconforto aos usuários.
6. BARRAS AXIALMENTE TRACIONADAS
6.5. BARRAS COMPOSTAS
É usual se projetar barras compostas constituídas principalmente por duas
cantoneiras ou dois perfis U, em que ligação entre os perfis é feita por meio de
chapas espaçadoras, soldadas ou parafusadas a esses perfis.

Para assegurar um comportamento conjunto adequado dos perfis da barra


compostas, a distância máxima (l) entre duas chapas espaçadoras adjacentes
deve ser tal que:
(l/rmin)  300, onde rmin é o raio de giração mínimo de um perfil isolado.

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