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Peças metálicas submetidas à

tração
Dimensionar peças metálicas submetidas à tração de acordo com a
norma ABNT/NBR: 8800 (2008).

Introdução
As peças tracionadas são aquelas que estão sujeitas unicamente à
esforços de tração, ou seja, a tração encontra-se centrada na
peça. Alguns exemplos de peças tracionadas são tirantes,
contraventamentos, treliças (nos banzos, montantes e diagonais) etc.
Os perfis mais usuais para peças tracionadas são barras redondas, barras
chatas, perfis laminados simples (como cantoneiras) e também a
composição de dois perfis laminados, conforme apresentado na Figura 1
abaixo.

Figura 1 - Peças metálicas utilizadas sob tração


Dimensionamento
Em uma peça sujeita a tração axial, devemos verificar a resistência a partir
de duas situações: ruptura da seção com furos e escoamento da seção
bruta, o que ocasiona grandes deformações.

Escoamento da seção bruta

A força limite para verificação do escoamento da área bruta pode ser


calculada pela formulação abaixo. É simplesmente o produto da área
bruta pela tensão de escoamento do aço, minorada pelo coeficiente γa1
presenta na norma ABNT/NBR: 8800 (2008).
No caso de combinações de ações normais, γa1=1,10.

Ruptura da seção com furos (área líquida efetiva)

No caso da seção com furos, também denominada de seção líquida


efetiva, utilizaremos agora a tensão resistente à tração e o coeficiente γa2.

No caso de combinações de ações normais, γa2=1,35.

Cálculo da área líquida


Inicialmente, é importante aprendermos a obter a dimensão dos furos.

Para isso, podemos considerar, em linhas gerais, um adicional de 3,5 mm


no diâmetro do parafuso. Desse valor, 1,5 mm equivalem apenas a uma
folga entre furo e parafuso e 2 mm prevem um dano no material na
borda do furo devido ao puncionamento.

df=dp+3,5mm df=dp+3,5mm

Conhecendo a dimensão dos furos, vamos avançar para o cálculo da


seção transversal líquida em si. Para isso, devemos analisar os possíveis
percursos de ruptura de acordo com a furação realizada, a fim de
obter o menor valor de área líquida.
Figura 2 - Área líquida para seção com furos

Na Figura 2 ilustrada acima, temos o caminho 1-1 em que a área líquida


será:

Para o percurso 2-2, teremos a seguinte área líquida:

Observe que para esse percurso temos dois trechos inclinados em que o
deslocamento horizontal é s e o deslocamento vertical é g e atravessamos
três furos. Para cada trecho inclinado, adicionamos a parcela:

Cálculo da área líquida efetiva


No caso em que nem todos os segmentos estão conectados, ocorre uma
concentração de tensões nos segmentos ligados. Isso é considerado nos
cálculos através de um coeficiente de redução da área líquida. Nesse
caso, a área líquida é calculada pela equação apresentada abaixo:

A seguir, vou apresentar um conjunto de situações diferentes para o


cálculo do coeficiente de redução.
Tração transmitida diretamente para cada elemento

No caso em que a força de tração é transmitia diretamente para cada um


dos elementos da seção transversal, não é necessário reduzir a área
líquida. Desse modo, tomamos Ct=1,00.

Transmissão da tração por soldas transversais

No caso de ligações soltadas feitas com soldas transversais, o coeficiente


de redução será a relação entre a área soldada e a área bruta da seção:

Chapas planas com soldas longitudinais

No caso de chapas planas com soldas longitudinais ao longo de ambas as


suas bordas, o coeficiente será dado pela relação da largura da chapa e
do comprimento da solda:

Ct=1,00 para lw ≥2b;


Ct=0,87 para 1,5b ≤ lw < 2b;
Ct=0,75para b ≤ lw < 1,5b

A Figura 3 abaixo ilustra os casos de soldas transversais e longitudinais


apresentados acima.

Figura 3 - Coeficiente de redução para ligações soldadas


Seções transversais abertas

Nos perfis de seção aberta, podemos calcular o Ct:

O valor de ec equivale a distância entre o plano da ligação até o centro


geométrico da seção que resiste ao esforço e o valor de l é o
comprimento da ligação, sendo o comprimento da cordão de solda para
ligações soldadas e a distância do primeiro ao último parafuso para
ligações parafusadas.
O limite superior para o coeficiente de redução vale 0,9 e não são
permitidas ligações que resultem em um coeficiente inferior a 0,6.
A Figura 4 abaixo apresenta conexões onde só há um plano de ligação.
Dessa forma, a excentricidade é a distância do plano até o centro de
gravidade da seção inteira.

Figura 4 - Coeficiente de redução da área líquida em peças tracionadas

No caso de seções com um eixo de simetria, é necessário também a


existência de simetria nas ligações. Conforme ilustra a Figura 5 abaixo,
o centro de gravidade para o cálculo de ec será relativo apenas a meia
seção.
Figura 5 - Coeficiente de redução da área líquida em peças tracionadas
simétricas

Limites de esbeltez
Diferente os elementos comprimidos, as peças tracionadas podem estar
submetidas a elevados índices de liquidez. Isso pode ocasionar vibrações
excessivas, o que constitui um Estado Limite de Serviço.

Segundo a ABNT/NBR: 8800 (2008), a esbeltez dos elementos tracionados


não deve ser superior a 300.
Vale lembrar que o índice de esbeltez é calculado pela razão entre o
comprimento do elemento e raio de giração:

No caso de tirantes formados por barras redondas em pré-


tensionadas ou montadas com pré-tensão, podemos exceder esse
valor de 300.
Fonte:

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8800: Projeto de


estruturas de aço e de estruturas mista de aço e concreto de edifícios. Rio
de Janeiro, 2008.

CHAMBERLAIN, Z.; FICANHA, R.; FABEANE, R. Projeto e Cálculo de


Estruturas de Aço: Edifício Industrial Detalhado. Rio de Janeiro: Elsevier,
2013.

PFEIL, W; PFEIL, M. Estruturas de Aço: Dimensionamento Prático. Rio de


Janeiro: LTC, 2013.

SOUZA, A. Dimensionamento de elementos e ligações em estrutura de


aço. São Carlos, EdUFSCar, 2017.

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