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Bibliografia:
1. MACHADO NETO, Antônio Luís. Compêndio de Introdução ao Estudo do Direito.
(capítulos 1, 2 e 3)
2. KADEMANN, Arthur. Filosofia do Direito. (capítulos 3 e 4)
3. ADEODATO, João Maurício. Ética e Retórica. (capítulo 2)
Avaliações:
1. 27/09 - 4 pontos
2. 22/11 - 6 pontos
Provas dissertativas, com 2 ou 3 questões.
Assunto cumulativo.
Dica: rascunhar tópicos antes de escrever.
2ª chamada:
1. 04/10
2. 29/11
Deve ser devidamente justificado.
A) A Introdução à Ciência do Direito não é uma ciência, não é uma arte, não é filosofia
ou religião.
B) A ICD é uma “enciclopédia de conhecimentos científicos e filosóficos” gerais e
introdutórios ao estudo da ciência jurídica.
C) O conteúdo da ICD é: sociológico, histórico e filosófico. É, portanto, transdisciplinar.
D) A ICD não tem um único objeto de estudo e, por isso, não é ciência.
E) Apesar de ser um saber enciclopédico, a ICD é uma disciplina EPISTEMOLÓGICA,
pois seu objeto de estudo é o Direito.
F) O que identifica a ICD é o estudo dos conceitos básicos do Direito e o ensino do que
é a Ciência do Direito.
G) Epistemologia não é GNOSEOLOGIA (Teoria Geral do Conhecimento). É a Teoria do
Conhecimento Científico.
H) A ICD não é a mesma coisa que a Ciência do Direito.
I) Epistemologia é a Teoria da Ciência.
J) A ICD se dedica ao estudo introdutório dos vários ramos do Direito.
(organograma, rede, árvore dos ramos do Direito)
K) A ICD apresenta, ainda, em breves linhas, a Hermenêutica Jurídica e a Teoria das
Fontes do Direito.
L) A ICD tem caráter instrumental e parece ser DISCRIMINADA com o vício da
modernidade e a sua “cultura de adoração ao especialista”.
Filosofia:
1. Ontologia - estudo das essências. O que? Qual o objeto da essência?
2. Gnoseologia - como é possível conhecer?
3. Epistemologia - como produzir o conhecimento científico? O que caracteriza o
conhecimento científico?
4. Deontologia (axiologia) - Estudo dos valores.
5. Filosofia da história - como a filosofia foi se desenvolvendo ao longo do tempo?
Para Machado Neto, a ICD é uma epistemologia com a característica de ser mais
abrangente, generalista, enciclopédica e transdisciplinar.
Ciência:
● único objeto de estudo
● método - possibilidade de verificação da produção de conhecimento
● sistematizado.
k
As Ciências do Direito:
1. A conduta humana em diversas abordagens;
2. Os saberes Jurídicos;
3. A Ciência do Direito.
Ideia principal: a Ciência do Direito tem por objeto de estudo a conduta humana em
interferência intersubjetiva. A Ciência do Direito estuda a relação de dois ou mais indivíduos
em convívio em sociedade.
3. A Ciência do Direito:
a) O Direito é uma ciência NORMATIVA. Mas quais os sentidos dessa
expressão?
i) O Direito é uma ciência normativa porque estabelece normas
(IHERING).
ii) O Direito é uma ciência normativa porque tem como objeto de estudo
a norma (KELSEN).
Destinatários da norma:
● Cidadão - sociedade
● aparato de servidores públicos do Estado encarregados de aplicar a norma
Para Kirchmann, a Ciência do Direito vive das suas próprias imperfeições: as lacunas do
direito, as contradições da hermenêutica, os conflitos do direito etc.
Neste capítulo, Machado Neto versa sobre algumas correntes que tentam convencer que o
direito é uma ciência.
Do século XV a.C. até século XVIII d.C (quando surgiu o iluminismo e, com ele, o
juspositivismo), predominou o jusnaturalismo.
Ainda hoje, há autores, como Jonh Thimis, que ainda defendem o jusnaturalismo.
Com as críticas ao juspositivismo, alguns autores tentaram voltar ao jusnaturalismo
enquanto outros aderiram ao pós-positivismo. Ex.: Alexy e Gustav Radbruch.
II. Jusnaturalismo:
Mesmo quando o direito não consegue ser justo, ele está tentando ser.
O medo pode até ser utilizado para fazer obedecer as regras, mas não convence por muito
tempo.
A humanidade busca uma aproximação com o direito natural - justo para todos.
c. O JUSNATURALISMO admite diversas representações, desde as mais
primitivas, de uma ordem legal de origem divina, até a moderna filosofia do
direito natural de Giorgio Del Vacchio e Rudolph Stammler.
d. Há diversas manifestações do jusnaturalismo:
i. Sofística
ii. Estoica
iii. Medieval de influência católica
iv. Ilustrada e racionalista
v. Moderna
vi. Contemporânea.
Essa divisão é segundo Machado Neto. Bobbio, por exemplo, divide o jusnaturalismo em
apenas três espécies.
Para haver equilíbrio, deve haver maior quantidade de fracos e menor quantidade de fortes.
Os fracos se juntam e formam a democracia.
Para Machado Neto:
● Direito Natural = direito do mais forte
● Direito da Convenção (mais tarde, positivismo) = fracos unidos.
Direito nacional - produzido pela polis por meio do debate entre os cidadãos gregos na
ágora grega.
Localização do consenso por meio da saturação do debate.
O Direito natural como ideologia não afasta as críticas de o Direito não ser ciência, feitas
por Julius von Kirchmann.
Até o fim da Era Antiga, a concepção religiosa era politeísta.
A explicação religiosa interferia na explicação do direito.
Não era suficiente para explicar o Direito Natural.
ii. Foi obra de HUGO GROTIUS esse proeza intelectual que consiste
em admitir que, mesmo suposta a inexistência de Deus, o direito
continuaria válido, uma vez que ele tem fundamento nas leis
imanentes à RAZÃO HUMANA, que o RACIONALISMO de Descartes
aceitava como PERENES e UNIVERSAIS.
O Direito Natural existe, é fundamentado pela razão (cria normas) e é protegido pelo Estado
(Absolutista). O Estado não elabora, mas é o guardião das normas. O Estado descobre as
normas pela razão e as protege para que sejam respeitadas.
Hobbes → todos são individualistas e não há bens suficientes para todos. Logo, em nome
da segurança e de forma racional, cada indivíduo deve abrir mão de parte da sua liberdade
para o Estado.
Contrato social = Lei de sobrevivência.
Com a Revolução Francesa, surgiu um novo discurso para o Direito Natural. O guardião do
Direito Natural não é mais o Estado, mas a vontade geral do povo. Povo, nesse contexto,
era a maioria da população, ou seja, burgueses e proletários. A burguesia e o clero ficam de
fora.
Mesmo momento histórico: Constituição norte-americana.
Brasil - um pouco depois - Inconfidência Mineira.
Para alguns autores mais recentes, o Direito Natural se transformou numa disciplina.
Axiologia → Valoração → Ideologia (Direito = Justiça)
Impasse ideológico → não é possível explicar o Direito como uma ideologia, pois a
explicação fica condicionada ao ponto de vista posto.
Proposta: as explicações juspositivistas, por serem mais críticas, são mais neutras para
oferecerem uma visão mais científica para o Direito.
Obs.: o ceticismo também é uma ideologia.
Bibliografia complementar:
1. Introdução.
a. A “ciência” do Direito nasce no século XIX.
No século XIX, passa a ser discutido o que é interpretação e duas teorias entram em
embate:
● Interpretação = ato de descobrir a vontade do LEGISLADOR (adotada pela
Exegese)
● Interpretação = ato de descobrir a vontade da LEI.
Há a desatualização do Código.
SILOGISMO:
● Premissa maior - texto de lei.
● Premissa menor - caso concreto.
● Conclusão - sentença com aplicação do texto ao caso.
Imutabilidade do Direito.
Segundo Machado Neto, essa Escola nunca foi efetivamente seguida na prática.
4. Conclusão.
a. A Escola de Exegese reduz a ciência do Direito a uma mera técnica de
aplicação silogística da lei.
Defender a Escola de Exegese seria defender que estudar Direito é apenas decorar e
aplicar a lei no caso concreto.
A função do jurista seria, então, memorizar e não interpretar a lei.
É dada uma importância maior ao texto da lei que ao caso concreto.
III. Historicismo Jurídico (ou Escola Histórica do Direito)
1. Introdução.
2. Contribuições e críticas ao Historicismo.
1. Introdução:
a. É uma contra-revolução à revolução iluminista.
Gustavo Hugo não fez parte da Escola Histórica, mas suas ideias a influenciaram. Ele
antecede o surgimento da Escola.
Thibaut → Sim.
O Código traz segurança jurídica para o fortalecimento do capitalismo.
Savigny → Não.
O Código pode ser facilmente corroído pelo tempo, pois a sociedade está em
rápida e constante transformação.
O Código é símbolo de retrocesso e decadência do Direito.
Savigny era romanista (estudioso do Direito Romano)
s. J F Puchta dá continuidade às ideias de Savigny.
Exegetismo x Historicismo
EXEGETISMO HISTORICISMO
Ontologismo → Essência.
A Escola Histórica nos proporcionou identificar a essência do Direito, qual seja: a
construção histórica.
O Direito não é uma construção metafísica, mas deve ser construído a partir das
observações empíricas.
Direito = aprendizado com a história + aprendizado a partir de observações empíricas.
O Direito não é eminentemente teórico, mas prático.
b. Críticas:
i. A fantasmagoria metafísica poética do romantismo impediu a
substancialização e a personificação do coletivo por meio de figuras
imaginárias como a do "espírito do povo”.
Apesar de ser histórica, essa Escola muitas vezes se vale do vocabulário metafísico,
mesmo erro cometido pelo Jusnaturalismo Moderno Racionalista.
É difícil chegar a uma conclusão sobre o real significado da expressão “espírito do povo”,
por exemplo.
Embora tenha surgido no mesmo momento histórico da Escola de Exegese, a Escola
Histórica criticava o Jusnaturalismo Moderno Racionalista. Apesar disso, comete o mesmo
erro de se valer de conceitos metafísicos.
A Jurisprudência dos Conceitos é uma Escola que foi formada a partir dos pensamentos de
Savigny. Jurisprudência aqui tem o sentido de CIÊNCIA DO DIREITO, ou seja, é uma
tentativa de explicar o Direito como ciência.
Para Savigny, se o Direito é uma construção histórica e deve ser reconhecido como ciência,
como o passar do tempo, ele sedimenta conceitos jurídicos que se tornam importantes.
Após consolidados, portanto, esses conceitos se tornam a-históricos, tradicionais e
imutáveis.
Exemplos desses conceitos: sistema, norma, ordenamento etc.
Savigny chega a esboçar, mas não conclui que o Direito é uma ciência cultural.
As ciências culturais são diferentes, mas não inferiores às ciências da natureza. Não há
hierarquia entre elas.
O Direito como fenômeno pragmático - a verdadeira fonte do Direito não é a legislação, mas
os costumes num convívio social. Quem produz o Direito, portanto, são os Tribunais.
“ativismo judicial”.
Nos dias atuais, um dos principais autores sobre o pragmatismo jurídico norte-americano é
RICHARD POSNER.
IV - SOCIOLOGISMO JURÍDICO:
1. Introdução.
2. Sociologismo Francês.
3. Sociologismo no Brasil.
4. Positivismo Penal Italiano.
5. Sociologismo norte-americano e soviético.
6. Outras manifestações de Sociologismo pelo mundo.
7. As razões que explicam o Sociologismo.
1. Introdução.
Outros países:
Bulgária
Romênia
Suécia - parecido com os EUA (protagonismo dos tribunais)
Finlândia - parecido com os EUA (protagonismo dos tribunais)
Sociologia - primeira Ciência Social. Pretendia ser a única e abranger todas as Ciências
Sociais.
Até o início do século XVIII, a Ciência e a Filosofia não estavam bem separadas. Eram, na
prática, uma coisa só. Essa distinção começou a ser feita quando a Física se desgarra da
Filosofia e se declara como uma ciência autônoma. Depois, o mesmo fenômeno ocorreu
com a Química e a Biologia. Como ciências autônomas, esses saberes conquistaram
prestígio junto à comunidade científica. Até então, não havia preocupação entre os juristas
se o Direito era ou não uma ciência.
No século XIX, quando outras ciências estavam em evidência, começa uma preocupação
se o Direito é uma ciência e, portanto, um saber seguro. Surge, então, a ideia de que a
Sociologia era a única ciência social e esta tenta replicar a mesma metodologia das ciências
naturais.
Os juristas passam a defender que o Direito seria uma ciência não autônoma, mas uma
apêndice da Sociologia.
Para eles, a Sociologia agrega em si diversos outros saberes, que eram considerados
ciências menores e dela auxiliares. Ex.: psicologia, direito etc.
2. Sociologismo Francês.
Método é um artifício utilizado para garantir que o conhecimento produzido seja passível de
verificação e fique o mais próximo possível da verdade.
Para Duguit, a norma jurídica é uma espécie de norma social. É um fato social.
Etapas:
1. Estado comprometido com o capital
2. Estado transitório para equilibrar as classes sociais
3. Comunismo, sem Estado.
Segundo Machado Neto, se os juristas tivessem uma formação filosófica mais consistente,
o Sociologismo não teria tido tantos adeptos.
Por meio da Sociologia, ficaria mais fácil demonstrar que o Direito é uma ciência auxiliar,
uma vez que faria parte da Sociologia.
Kant propõe a distinção das Ciências Sociais das demais e sustenta que é possível
distinguir o direito da moralidade. Para ele:
● Normas jurídicas → Heterônomas;
● Normas morais → Autônomas.
Sob influência de Kant, Kelsen distingue normas jurídicas de normas morais pelo critério da
coercitividade:
● Normas jurídicas → coercitivas;
● Normas morais → não coercitivas.
Kelsen defende que o que caracteriza a ideia de norma não é o seu conteúdo, pouco
importando se este é justo ou injusto. Para ele, o imprescindível é explicar a estrutura lógica
da forma, que não se modifica, independentemente do seu conteúdo.
A norma jurídica é, para Kelsen, então, um JUÍZO HIPOTÉTICO (mesma linha do
Imperativo Hipotético de Kant).
Estrutura hipotética: Se I, S.
Ou seja, se acontecer o ato ilícito “I”, então será aplicada a sanção “S”.
Toda e qualquer norma jurídica deve apresentar essa estrutura condicional.
A estrutura hipotética da norma condiciona o comportamento pela ameaça da sanção. Para
Kelsen, o aspecto predominante é a aplicação da sanção.
ILÍCITO SANÇÃO
IMPUTABILIDADE
Enquanto nas Ciências Naturais o elo entre a causa e a consequência é a relação de
causalidade, na Ciência do Direito, para Kelsen, em vez do Princípio da Causalidade, é
aplicado o Princípio da Imputação (atribuição, responsabilização).
Kelsen afirma que, entre outras coisas, o Direito não pode ser confundido com Sociologia,
Psicologia etc. porque estes saberes lançam mão do Princípio da Causalidade.
Kelsen inicia uma ideia, que mais tarde seria desenvolvida por Bobbio, na sua obra Da
Estrutura à Função, de que é possível haver, além do controle punitivo (sanção), um
controle premial (premunitivo, sanção premial). Exemplo: políticas de isenção fiscal.
Para Bobbio:
● Ao enfatizar a sanção, valoriza-se mais a estrutura;
● Ao enfatizar a vantagem, valoriza-se mais o aspecto funcional.
Influências:
Kant → Kelsen → Bobbio.
Para Kelsen, se o conceito chave para explicar a noção de Direito é a noção de NORMA,
explica-se o Direito de forma estática, como se este fosse estanque.
A fim de pensar o Direito de forma dinâmica (em movimento), deve-se observar a relação
entre as normas jurídicas.
Risco dessa lógica: regresso ao infinito ao tentar localizar a primeira norma, aquela que dá
origem ao Ordenamento Jurídico.
NORMA FUNDAMENTAL - equivalente ao Imperativo Categórico de Kant. Pretende ser
uma norma não posta/positivada, mas pressuposta. As demais normas do OJ são todas
postas.
Autores como Kelsen são adeptos ao MONISMO JURÍDICO, segundo o qual apenas o
Estado produz Direito.
Muitos autores sugerem que o Direito pode ser produzido por outras instituições, além do
Estado. São os adeptas ao Pluralismo Jurídico, como Boaventura de Souza Santos (Livro
indicado: Pela Mão de Alice).
Contribuições:
Críticas:
Kelsen ignora a questão axiológica no que se refere ao Direito: Kelsen ignora a ideia de
justiça para explicar o que é Direito.