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Conselho Federal de Administração

200009
9 771517
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 31 Nº 134 JANEIRO-FEVEREIRO 2020

"TIRA ESSA ESCADA DAÍ.


ESSA ESCADA É PRÁ FICAR
AQUI FORA, EU VOU
CHAMAR O SÍNDICO.”

GESTÃO
CONDOMINIAL
Saiba por que o segmento é boa oportunidade de trabalho e
negócios para os profissionais da administração
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 31 Nº 134 JANEIRO/FEVEREIRO 2020

editorial 4

PORQUE A FALTA DE
PROFISSIONALIZAÇÃO
AFETA O BRASIL
Adm. Mauro Kreuz

CRA-SP Nº 85872
Presidente do Conselho Federal de Administração

Criados no Brasil para regulamentar as profissões, os conse-


lhos profissionais – ou órgãos de classe - são a última instân-
cia para garantir que uma pessoa, ao necessitar de um serviço
ou produto, não seja atendida por um amador. No passado,
antes da criação dos conselhos era comum a existência do
“profissional prático” — alguém que não possuía, nem de lon-
ge, o conhecimento técnico dos profissionais da atualidade.
No ramo da odontologia, por exemplo, houve no passado a
figura do ‘dentista prático’. Em razão de ele não possuir uma
qualificação apropriada, por vezes ele arrancava o dente de
um paciente, quando não conseguia tratar de casos mais
complexos; algo impensável hoje em dia.
Embora tal fato pareça ter ocorrido na idade média, isso
aconteceu no Brasil até os anos de 1960. Utilizamos o exemplo
da odontologia, mas fatos semelhantes aconteciam também
em outras profissões.
No campo da administração, mesmo após a criação das
primeiras escolas de formação no Brasil (faculdades, univer-
sidades e cursos técnicos), ainda assim, nada garantia que
na prática o mercado absorvesse profissionais qualificados,
em detrimento de “práticos” que trabalham por tentativa e
erro. Por essas e outras, o poder público instituiu os conselhos
profissionais para aprimorar a organização social, melhorar
a competitividade do Brasil — em relação a outros países
do mundo — e o mais importante: manter a segurança da
população brasileira.
Atualmente, sequer imaginamos ser atendidos por profis-
sionais de áreas como medicina, odontologia e engenharia,
sem a devida qualificação técnica — propiciada por um curso
superior no segmento, e experiência na mesma área de for-
mação. Na administração não é diferente.
Sem a preparação adequada – que é resultante de cursos
focados nas áreas da administração, anos de estudo, prática
e dedicação — haverá inequivocamente prejuízos econômi-
cos incalculáveis. Aliás, esse talvez seja o principal motivo
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ANO 31 Nº 134 JANEIRO/FEVEREIRO 2020

em razão do qual o Brasil não tenha


deslanchado, ainda, como potência
mundial, em diferentes ramos.
Pesquisas de instituições como
o Sebrae mostram, com frequência,
a quantidade de empresas que são
abertas todos os anos no Brasil e que
abrem falência, pouco tempo após sua
abertura. Isso ocorre pela ausência
de conhecimento e experiência
daqueles que decidem empre-
ender, sem possuir o devido
preparo técnico e a experiên-
cia profissional que a Admi-
nistração proporciona.
Nos últimos anos, o Sistema CFA/
CRAs não tem medido esforços pa-
ra mostrar à sociedade brasileira a
importância da administração, não
apenas do ponto de vista profissio-
nal, mas também da necessidade de
valorizar a educação: por meio de
cursos de graduação (bacharelado e
tecnológico), técnicos (de nível mé-
dio), pós-graduações (Stricto Sensu
— mestrado e doutorado) e Lato Sensu
(especializações e MBAs). Estimula-
mos a produção de conhecimento e o
autodesenvolvimento contínuo, não
apenas dos nossos profissionais, mas
de toda a sociedade.
Aqueles que já são administrado-
res ou tecnólogos podem continuar
seus estudos e aperfeiçoamentos, por
meio de pós-graduações (Lato Sensu
e Stricto Sensu) e cursos diversos, tais
como os que são oferecidos pelo Sis-
tema CFA/CRAs. Já os técnicos são
igualmente estimulados a ampliarem
seu campo de estudo e atuação, por
meio de cursos superiores e qualifi-
cações focadas na área de atuação.
Em comum, todos os profissionais
registrados no Sistema são estimu-
lados a colocar em prática todas as
técnicas que aprenderam ao longo
de seus cursos de formação e também
na prática profissional. São, ainda,
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ANO 31 Nº 134 JANEIRO/FEVEREIRO 2020

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encorajados a desenvolver conheci- bacharel em Direito que não possui atuando indevidamente em ativida-
mento, com a devida comprovação de registro na OAB. des da nossa profissão.
sua eficácia e eficiência: é, portanto, a Neste caso, o registro é mais do que Fizemos parcerias estratégicas
disseminação e troca de experiências, trabalhar dentro da legalidade, uma com órgãos do poder público para
em prol do segmento. vez que tal atributo é amparado pela descobrir e mapear onde estão os
Há muitos graduados, nas áreas Lei 4.769, de 1965. É, acima de tudo, profissionais que atuam na ilegali-
da administração, que por vezes re- a certeza de que a empresa contrata dade. Descobertos, inicialmente o
clamam dos conselhos (federal e re- um profissional cujo título (diploma) notificamos do erro e damos a chance
gional), apenas em razão de requerer foi conferido junto as instituições de de regularização; depois disso acio-
o pagamento da anuidade. No entan- ensino superior e uma chancela: dada namos o poder público para fazer
to, nos perguntemos se por acaso tal por uma comunidade de profissionais, cumprir a lei.
valor fosse gratuito, esses mesmos atestando que o novo administrador Quem emprega um profissional
reclamantes não lutariam para obter possui formação e obrigações técni- não registrado age ilegalmente. E caso
o registro. cas, éticas e jurídicas, caso não opere tal profissional peque por questões re-
O registro profissional, nas dife- dentro das normas estabelecidas pela lativas ao exercício da profissão, o em-
rentes categorias de profissionais de profissão. pregador pode ser duplamente respon-
administração, nos CRAs, não é para Atualmente, o Sistema CFA/CRAs sabilizado: primeiro, por não cumprir a
qualquer um. É, apenas, para aqueles investe de forma contínua e inteligen- lei federal que disciplina o exercício da
que de fato amam e se dedicam a uma te na fiscalização e na aplicação da Lei profissão, e segundo por negligência,
causa: à sua profissão, ao seu ganho que nos confere a legitimidade de atu- ao assumir o risco de contratar alguém
de vida. ar como profissionais do segmento. inabilitado para a função.
O registro é para aqueles que Utilizamos as novas tecnologias (em Portanto, sejamos profissionais.
possuem coragem o suficiente para especial o Big Data e convênios com Aos bacharéis em administração,
assumir-se como administrador. Sem instituições públicas e privadas) para que atuam em áreas de gestão, regis-
o registro nos CRAs, um bacharel em mapear assertivamente — dentro dos trem-se nos CRAs. Aos contratantes,
Administração não é administrador, bancos de dados existentes — aqueles respeitem as leis brasileiras e os seus
semelhante ao que acontece com um locais em que há de fato profissionais consumidores.
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sumário 8

12
20
Poder do
pensamento:
Saiba por que 5
positividade é
profissionais
caminho rumo
de TI estão
7 2
a sucesso, no
3 deixando o país
trabalho e nos
negócios
8

30
Carbio Waqued 1 Gestão em
fala sobre
condomínios
marketing,
é alvo dos
tendências
profissionais da
de mercado e
administração
estratégia

16
36
Gestão de
documentos é base
para inteligência e
tomada de decisão,
nas empresas

48 52 62
Fenômeno Trabalho humano Fiscalização da
‘Fintechs’ tomam e inteligência profissão é tema
conta do mercado artificial são rivais de discussão
brasileiro ou aliados? no Sistema
CFA/CRAs
EDITOR
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CONSELHEIROS FEDERAIS DO CFA 2019/2020
expediente Adm. Fábio Mendes macêdo (AC) • Adm. Carolina Ferreira Simon
Maia (AL) • Adm. José Celeste Pinheiro (AP) • Adm. José Carlos de
Sá Colares (AM) • Adm. Roberto Ibrahim Uehbe (BA) • Adm. Fran-
cisco Rogério Cristino (CE) • Adm. Carlos Alberto Ferreira Junior
(DF) • Adm. Hércules da Silva falcão (ES) • Adm. Ivany Rosa de
Oliveira (GO) • Adm. Aline Mendonça da Silva (MA) • Adm. Norma
Sueli Costa de Andrade (MT) • Adm. Gracita Hortência dos Santos
cfa.org.br Barbosa (MS) • Adm. Gilmar Camargo de Almeida (MG) • Adm.
Mauro dos Santos Leonidas (PA) • Adm. Marcos Kalebbe Saraiva
Maia Costa (PB) • Adm. Amilcar Pacheco dos Santos (PR) • Adm.
José Carlos Gomes de Souza (PE) • Adm. Pedro Alencar Carvalho
Silva (PI) • Adm. Wagner Siqueira (RJ) • Adm. Ione Macêdo de Me-
facebook.com/cfaadm deiros Salem (RN) • Adm. Cláudia de Salles Stadtlober (RS) • Adm.
André Luís Saoncela da Costa (RO) • Adm. Ellen Regina dos Santos
Lobo (RR) • Adm. Ildemar Cassias Pereira (SC) • Adm. Mauro Kreuz
(SP) • Adm. Diego Cabral Ferreira da Costa (SE) • Adm. Rogério
Ramos de Souza (TO)
instagram.com/cfaadm
DIRETORIA EXECUTIVA DO CFA 2019/2020
Presidente: Adm. Mauro Kreuz
Vice- Presidente: Adm. Rogério Ramos
Diretor Administrativo e Financeiro:
twitter.com/cfaadm Adm. Francisco Rogério Cristino
Diretor de Fiscalização e Registro:
Adm. Carlos Alberto Ferreira Júnior
Diretora de Formação Profissional:
cfaplay.org.br Adm. Cláudia de Salles Stadtlober
Diretor de Desenvolvimento Institucional:
Adm. Diego Cabral Ferreira da Costa
Diretor de Relações Internacionais e Eventos:
Adm. Gilmar Camargo de Almeida
radioadm.org.br Diretor de Gestão Pública:
Adm. Fábio Mendes Macêdo
Diretora de Estudos e Projetos Estratégicos:
Adm. Gracita Hortência dos Santos Barbosa

company/cfaadm CONSELHO EDITORIAL


Prof. Adm. Idalberto Chiavenato • Prof. Carlos Osmar Bertero •
Prof. Milton Mira de Assumpção Filho

CONSELHO DE PUBLICAÇÕES
revistarba.com.br Adm. Francisco Rogério Cristino • Adm. Carlos Alberto Ferreira
Júnior • Adm. Cláudia de Salles Stadtlober • Adm. Diego Cabral
Ferreira da Costa • Adm. Gilmar Camargo de Almeida • Adm. Fábio
Mendes Macêdo • Adm. Gracita Hortência dos Santos Barbosa •
Adm. Aline Mendonça da Silva

COORDENAÇÃO DOS CONSELHOS


Adm. Diego Cabral Ferreira da Costa

PRODUÇÃO
Coordenação Geral: Renata Costa
Editor: Leon Santos
Projeto gráfico: Renata Maneschy
Diagramação: André Eduardo Ribeiro
Revisão: Daniel Bruce
Tiragem: 2 mil exemplares

A RBA é uma publicação bimestral do Conselho Federal


de Administração sob a responsabilidade da Câmara de
Errata Desenvolvimento Institucional.

Na RBA edição 133, na matéria intitulada “O Peso da As matérias não refletem necessariamente a opinião do CFA.
Insegurança”, pág. 38, a fala atribuída a Leandro Cordeiro
OUVIDORIA DO CFA
(foto) é na verdade de César José de Campos. Ambos são cfa.org.br/canal-ouvidoria/
administradores e estão presentes na mesma matéria. Telefone: 0800-647-4769
entrevista 12
13

VERSATILIDADE,
PROFUNDIDADE
E FOCO
Acadêmico e empresário, o administrador Carbio Waqued
conta sua trajetória profissional e fala sobre tendências do
mercado e o que está em alta na área de marketing

POR LEON SANTOS

Apaixonado por marketing e recursos humanos, o


administrador goiano Carbio Almeida Waqued, tem
experiência nas respectivas áreas e, também, em Enge-
nharia da Produção — área em que é mestre. Professor
universitário e empresário, hoje ele está à frente da
consultoria ‘Merkado’, de ideias estratégicas.
Entrevistado da RBA (ed. n.º 134), ele fala sobre mar-
keting, tecnologia, tendências de mercado e estratégia.
Nesta edição, ele ainda explica o que está em alta na
área mercadológica e do que trata cada subsegmento,
mencionado por ele.
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entrevista 14

RBA: Conte-nos sua trajetória de for- como um todo. Fazemos uma ideia vi-
mação e experiência profissional e o rar um plano de negócio e, depois, em
motivo de suas escolhas ao estudar e uma empresa sustentável.
trabalhar em áreas como: marketing,
comunicação, engenharia de produ- Quais dessas áreas, citadas anterior-
ção e inovação. mente, o senhor tem mais afinidade e
Carbio Waqued: Sempre fui um alu- por quê? Suas escolhas foram movidas
no apaixonado por administração de pela rentabilidade, necessidade de
empresas. Nasci dentro de uma loja aprendizado em razão do trabalho ou
que minha família tinha como empre- gosto pessoal?
endimento. Acreditava que o negócio Minhas maiores afinidades estão
precisava de alguém mais capacita- mesmo nas áreas de marketing e de
do em gestão para melhorar e inovar gestão de pessoas. Foi influência de
constantemente seus processos. Por meus professores que me fizeram ser
esse motivo, fui cursar administração um profissional apaixonado por ex-
na Universidade Católica de Goiás plorar essas áreas.
(hoje, PUC-GO). Tanto o marketing quanto o RH estão
Durante o curso, encantei-me por du- cada dia mais aprimorados, graças à
as áreas em específico — marketing/ tecnologia disponível, hoje, em nos-
vendas e gestão de pessoas. Entre to- sas mãos. Todo dia tem algo novo, e
dos os meus mestres administradores, eu busco saber dessas novidades em
havia dois que, na época, me emocio- tempo real.
navam com seus estilos de aula e lide- Outra prática que adotei foi sempre
rança, em suas áreas: o administrador estar na área de docência, onde estu- sional que avaliasse o ambiente, com
Celso Orlando Rosa, que fez eu me dava a fundo a matéria. Também tra- detalhe, e propusesse um estímulo
apaixonar pela área mercadológica balhava no mercado, com aplicação comercial que trouxesse uma resposta
(marketing) e a administradora Ma- dessas teorias na prática. E, assim, me viável: aos produtos, serviços, marcas
ria Bernadete Serravale, que me pro- tornei gerente de marketing nas áre- e empresas.
porcionou ser envolvido pela área de as de fast food, shoppings, indústria O mercado está cada vez mais global,
recursos humanos. alimentícia, telecomunicações, entre com produtos e serviços sendo ofe-
Saí da faculdade e fui estudar marke- outros. recidos em todo o mundo a preços
ting em Berkeley, na Califórnia-EUA; e Atualmente, sou dono da Merkado de competitivos; há uma concorrência
depois ‘administração em marketing’, Ideias Estratégicas — uma empresa mundial. Isso gera uma oportunidade
na FAAP-SP, onde me especializei na de consultoria em marketing digital, ao profissional de marketing que é o
área. De volta à Goiânia, algumas planejamento estratégico, mentoria de descobrir as necessidades huma-
portas foram abertas a mim por esses de carreira e gestão de talentos. nas para apresentar marcas desejadas.
professores da graduação, que men-
cionei anteriormente. Deste modo, Como administrador e profissional, es- Quais subsegmentos do marketing
eu me tornei professor universitário e, pecializado em marketing, qual leitura estão em alta neste momento? E qual
também, coordenador de curso. o senhor faz do mercado de trabalho seria o motivo desse sucesso?
Fiz mestrado em Engenharia de Pro- nesta área? Ela está saturada ou ainda São inúmeras áreas que estão em alta
dução, envolvendo o estudo mercado- há muitas oportunidades de emprego? neste momento. Podemos citar o live
lógico em posicionamento de produ- Em pesquisa realizada pelo Linkedin, marketing (que oferece experiência,
tos e serviços, com inovação para mer- agora em janeiro de 2020, de 15 profis- sobretudo, em eventos); o neuromar-
cados cada vez mais exigentes. Hoje, sões mais importantes na atualidade, keting (que estuda as motivações no
coordeno a Incubadora de empresas 11 estão ligadas ao marketing digital. comportamento do consumidor) e o
PUC-Goiás, local onde temos amplia- E se analisarmos o passado, sempre marketing digital propriamente dito.
do o conhecimento da Administração, houve a necessidade de um profis- Outras áreas em alta são o Marketing
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Acredito que a 15
tecnologia tomará o
lugar de todos os
profissionais que interação entre pessoas e empresas,
feita por meio de conteúdos lúdicos
não se atualizarem em que as imagens são bastante ex-
constantemente, ploradas.
mas nunca o Em que medida a tecnologia pode ser
local dos talentos aliada ou concorrente do profissional
de administração? Especificamente
humanos em marketing, a tecnologia poderá
estratégicos. concorrer futuramente com um pro-
fissional desta área?
Acredito que a tecnologia tomará o
Carbio Waqued, lugar de todos os profissionais que
administrador não se atualizarem constantemente,
mas nunca o local dos talentos huma-
nos estratégicos. O profissional de
administração mercadológica tem
de se colocar no lugar do outro, emo-
cionalmente falando, e, por meio de
pesquisas, encontrar racionalmente
as lacunas deixadas pelas empresas lí-
deres, rivais e seguidoras do mercado.
Em termos de unir informações e
de Experiência (ele cria conexões produtos e experiências, em diferen- comunicá-las com o direcionamento
emocionais, mentais e físicas entre tes tipos de mídias e plataformas de correto, as máquinas têm maestria.
o consumidor e a empresa/produto); comunicação. Agora, customizar o que a máquina
o Branding (construção, design e re- Já o e-commerce (comércio digi- nos apresenta e ganhar estrategica-
putação de marcas); o Marketing de tal) dispensa comentários, pois está mente o “jogo” é algo humano. Com
Relacionamento em mídias sociais cada vez mais presente na vida das a tecnologia ganhamos velocidade
(foco na construção de lealdade e pessoas, sobretudo, por meio do Om- para tomadas de decisão de marke-
fidelização). nichannel — que é uma estratégia ting e, consequentemente, adaptamos
Há, também, o que chamamos de es- de conteúdo entre canais de comu- melhor produtos e serviços, valor e
tratégias exponenciais de marketing, nicação. O Omnichannel é utilizado preço, ponto de venda e e-commerce,
o Growth Hacking, em que o marke- pelas organizações para melhorar a propaganda e publicidade.
ting é voltado para experimentos de experiência do usuário nos canais de
forma muito particular: são detecta- comunicação da empresa. A ideia é
das oportunidades no mercado, cria- estreitar a relação entre os ambientes
das estratégias específicas a fim de online (vinculado à internet) e offline
obter resultados rápidos para o cres- (publicidades não eletrônicas) e, com
cimento de uma empresa. isso, fazer a convergência entre o meio
Além desses, temos a análise de com- virtual e o físico.
portamento do consumidor digital; Por fim, temos também o método de
a gestão de anúncios (publicidades, pesquisa chamado Consumer Insi-
sobretudo, as digitais) e o Inbound ghts — que trabalha a interpretação
Marketing (marketing de conteúdo). das tendências de comportamento Quer saber mais da nossa conversa
O Cross Media é outro segmento do consumidor e melhora a percep- com o administrador Carbio
que também está consolidado: ele ção dos clientes — e a Gamificação. Waqued?
trabalha a distribuição de serviços, Sendo este último uma estratégia de Acesse o QR Code acima
carreira 16

BYE, BYE,
BRASIL Brasileiros especializados em TI estão mais propensos
a deixar o País, em troca de boas oportunidades no exterior
POR ELISA VENTURA
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W illiam Yonamine come-


çou 2020 de forma diferente. Aos 32
anos, o analista e programador deixou
o emprego bem remunerado e estável,
em São Paulo, e mudou-se para Du-
blin — capital da República da Irlanda.
E ele não é o único. Segundo pes-
quisa do Boston Consulting Group
(BCG), 87% dos profissionais brasi-
leiros em computação desejam deixar
o País, enquanto a média mundial é
de 67%.
Denominada Decoding Digital Ta-
lent, o estudo do BCG (em parceria
com a empresa The Network) entre-
vistou 27 mil pessoas, em 180 países,
e revelou que profissionais que pos-
suem conhecimento e especialização
em programação; desenvolvimento
web e de aplicativos, bem como inteli-
gência artificial e robótica estão entre
os mais propensos a deixar o País.
Yonamine conta que seu salário au-
mentou 120%, mas, se comparado com
o elevado custo de vida de Dublin, os
valores brasileiros e irlandeses ficam
equiparados. Contudo, outras vanta-
gens também atraíram o jovem pro-
gramador.
“Aqui não precisamos ficar até tar-
de na empresa para entregar os pro-
jetos. Além disso, podemos dividir as
férias em quantas vezes quisermos, e
temos poder de compra mais alto do
que no Brasil”, relata.
Além dos benefícios salariais, outro
dos motivos que o atraiu foi a oportuni-
dade de aprimorar-se na língua ingle-
sa, bem como rechear o currículo com
uma vivência internacional. “Acho que
a experiência de ter trabalhado no ex-
terior já agrega bastante na carreira
profissional, e o jeito deles de pensar
— diferente do que se aplica no Brasil
— também agrega bastante”, explicou.
EU QUERO É DAR O FORA
O MAPA DOS TALENTOS DIGITAIS

carreira 18
5
7
3
Destinos 8
Um dos locais preferidos pelos bra-
sileiros é o Canadá. Foi pra lá que o 1
mineiro Rafael Moraes mudou-se com
a esposa Geisa Paiva, há quase 2 anos.
Ele, que é desenvolvedor de softwa-
re, também estava empregado e satis-
feito na empresa em que trabalhava,
quando deixou o Brasil. Moraes tinha
um salário que considerava razoável
e lhe proporcionava boa qualidade
de vida.
Mas a possibilidade de aprimorar o
inglês pesou na decisão. Segundo ele,
na área de tecnologia saber o idioma é
quase um dever, pois o profissional de
tecnologia da informação (TI) precisa
lidar no cotidiano com tecnologias
que têm como língua-base o inglês. OS DEZ DESTINOS
“E, muitas vezes, o suporte para im- PREFERIDOS PELOS
plementar uma tecnologia é forneci- TALENTOS DIGITAIS
do por empresas do exterior. Então,
decidi me mudar, com o objetivo de 1o Estados Unidos 6o Suiça
aumentar minhas qualificações pro-
fissionais”, explica. 2o Alemanha 7o França
3o Canadá 8o Espanha
Critérios de 4o Austrália 9o Japão
escolha 5o Reino Unido 10o Itália
De acordo com a pesquisa do BCG, fa-
tores como a proximidade geográfica
com o país de origem e as familiarida- ta — sem que eu tenha de me matar ele não é verdade: pelo menos, não
des linguística e cultural são requisi- de trabalhar para obter tudo isso —, a no início. “Ao mudar de país, você tem
tos que pesam ao escolher o novo país. boa qualidade de vida, a sensação de que estar disposto a se submeter a um
A pesquisa revelou, no entanto, que as segurança e um bom emprego estão cargo abaixo do que ocupava no Bra-
possibilidades de aprendizado, cresci- me fazendo mudar de ideia e querer sil, para conseguir entrar no mercado
mento na carreira e maior equilíbrio estender essa experiência por aqui”, de trabalho”, explanou.
entre vida pessoal e profissional são revela Moraes. Por outro lado, ele diz que profis-
o que mais motivam os brasileiros a O desenvolvedor de software con- sionais qualificados de TI são bem
fazerem as malas. ta, ainda, que existe a concepção (en- aceitos no mercado internacional e
“Eu estava em busca de qualifica- tre aqueles que pretendem emigrar) tendem a crescer, profissionalmen-
ção profissional e pretendia voltar ao na qual a bonança financeira acontece te, de forma rápida e a conquistar
Brasil, após dois anos. Mas a facili- pouco tempo após desembarcar em bons salários. Em seu caso, ao levar
dade de acesso à tecnologia de pon- terras estrangeiras, o que segundo em consideração o custo de vida en-
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Eu estava em busca
de qualificação
profissional e
pretendia voltar ao
Brasil, após dois anos.
4
Mas a facilidade de
acesso à tecnologia
de ponta — sem
que eu tenha de me
matar de trabalhar
QUAL O GRAU DE INSTRUÇÃO para obter tudo isso
DESSES ESPECIALISTAS —, a boa qualidade
Graduação 38% de vida, a sensação
Pós-graduação ou mestrado 38% de segurança e
Qualificações secundárias 10% um bom emprego
Ensino médio 9% estão me fazendo
Doutorado 4% Fonte da imagem:
mudar de ideia e
Nenhuma 1%
Boston Consulting querer estender essa
Group (BCG) experiência por aqui.
tre São Paulo (sua antiga cidade) e fícios que são importantes para uma Rafael Moraes,
Vancouver (onde vive atualmente), boa experiência fora do Brasil”, diz. desenvolvedor de software
a conversão cambial permitiu que
ele recebesse três vezes mais do que Confira a íntegra
recebia no Brasil. do estudo em:
Moraes dá uma dica que conside-
ra fundamental para quem deseja se
mudar para o exterior. Segundo ele,
para não haver limitações na empre-
gabilidade é imprescindível imigrar
conforme as regras do país de destino.
“Em hipótese alguma venha de for-
ma ilegal para não ser privado de bene-
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condo-
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mínios 20

CHAME
SÍNDI
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O
ICO!
Setor de Gestão de Condomínios
cresce, mas ainda precisa de
profissionais capacitados
POR ANA GRACIELE GONÇALVES E ELISA VENTURA

“T ira essa escada daí. Essa escada é


prá ficar aqui fora, eu vou chamar o síndico.” A
figura é tão representativa que foi mencionada
pelo compositor Jorge Ben Jor, ainda em 1990,
em alusão ao cantor Tim Maia.
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condo-
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mínios 22

Segundo dados do Instituto Bra- orientação, até o cumprimento de com o aumento no número de con-
sileiro de Geografia e Estatística todas as necessidades legais, tais domínios, abrem empresas espe-
(IBGE), apenas no município de São como: segurança contra incêndio, cializadas em sindicatura. Embora
Paulo, 5 milhões de pessoas moram questões trabalhistas e tributárias; existam profissionais excepcionais,
em mais de 30 mil complexos residen- e-Social e a Escrituração Fiscal Digi- ainda há carência de gestores capa-
ciais. Há condomínios que possuem tal de Retenções e Informações Fis- citados e comprometidos em aten-
até 37 torres, 12 mil moradores, e arre- cais (EFD-Reinf) — que entrará em der à legislação e às expectativas dos
cadam mais de R$ 1 milhão, por mês, vigor, em data a ser estipulada pela moradores”, explica a especialista.
apenas com taxa condominial. Receita Federal Brasileira. Quem de-
“O mercado de gestão condomi- seja capacitar-se na área é grande o
nial cresce de forma exponencial e potencial de êxito.
apresenta muitos desafios, em fun- Por vezes, o síndico-morador não
ção do crescimento e das exigências possui tempo para dedicar-se à
legais e das demandas dos morado- gestão, nem conhecimento
res”, afirma a administradora e con- ou disposição para aten-
sultora, Rosely Schwartz. der às demandas. Por isso,
Ela comanda o 'Grupo de Excelên- existe a necessidade de
cia em Administração de Condomí- profissionais especializa-
nios' (GEAC), do Conselho Regional dos na área para atender à
de Administração de São Paulo (CRA- demanda.
-SP), e é autora do livro “Revolucio- “Muitos começam co-
nando o Condomínio” (Editora Sa- mo autônomos e, depois,
raiva). É, também, coordenadora e
docente do curso de ‘Administração
de Condomínios e Síndico Profissio-
nal’, da Fundação Escola de Comér-
cio Álvares Penteado (Fecap-SP), no
formatos presencial e online.
De acordo com a especialista, o
setor oferece diversas oportunida-
des de trabalho e negócio a síndicos
profissionais e administradores. Os
profissionais da administração têm
tido papel cada vez mais importante
no segmento.
Entre as funções
que podem ser
exercidas na área
estão desde a
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O mercado de gestão
condominial cresce
de forma exponencial
e apresenta muitos
desafios, em função
do crescimento e
das exigências legais
e das demandas
dos moradores.
Rosely Schwartz,
administradora e consultora
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO

condo-
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mínios 24

Remuneração NÚMERO DE MORADORES EM APARTAMENTOS – BRASIL


A média salarial varia de acordo com 20000

o número de apartamentos, de mo-


radores e da área comum envolvida. 19000
Também depende do número de fun-
cionários, próprios ou terceirizados,
e da quantidade de horas em que o 18000
profissional deverá permanecer no
condomínio ou no escritório. 17000
Embora não exista, ainda, a defi-
nição de uma tabela referencial de
honorários - como ocorre com as em- 16000
presas administradoras em alguns
estados - o site Catho, de colocação 15000
profissional, dá uma pista de quanto
um administrador de condomínios
pode obter como remuneração. Se- 14000
gundo a publicação, na cidade de São
Paulo-SP o profissional tem como mé- 13000
dia salarial de R$ 3 mil a R$ 4 mil. 2005 2006 2007 2008 2009 2011

Formação
Por ser uma área considerada nova,
há quem acredite que a gestão de NÚMERO DE MORADORES EM APARTAMENTOS
condomínio é simples, sem risco e de
ganho fácil. Mas a incapacitação ou 5000000
capacitação deficiente, para o dia dia
do segmento, é um problema.
As falhas mais recorrentes são o 4000000
descontrole financeiro, que acarreta
superfaturamento de obras, ou a uti-
lização de recursos para finalidades
diferentes das aprovadas em assem- 3000000
bleia. Pode haver, ainda, prejuízos
relacionados à infraestrutura, como
a falta de limpeza das caixas d’água 2000000
e ausência de vistoria na rede de gás;
além do não cumprimento de obri-
gações trabalhistas e fiscais, o que
constitui passivo que deve prejudicar 1000000
todos os condôminos.
É preciso, portanto, ter preparação
técnica para assumir a função. “O 0
condomínio precisa ser administra- Distrito Belém Fortaleza Recife Salvador Belo
do como uma empresa, e a formação Federal Horizonte
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 31 Nº 134 JANEIRO/FEVEREIRO 2020

25

do administrador é multidisciplinar sucesso e em pleno funcionamento”,


e ideal para a gestão de condomínios, relembra Elis.
que envolve várias áreas do conheci-

Administrador
mento”, afirma Rosely.
Segundo ela, para que haja maior

e síndico
responsabilidade e comportamento
ético, no desenvolvimento das ativi-

condômino
dades de gestão condominial, o regis-
tro em CRA é fundamental.

Síndico
Em Macapá-AP, o administrador An-
tônio Lima Yared também conseguiu

profissional
pôr as contas de seu condomínio em
dia. Morador do ‘Residencial Turma-
lina’ - primeiro edifício residencial
De olho nesse mercado, a adminis- vertical, construído na capital amapa-
tradora Elis Rocha buscou especiali- ense há 17 anos – ele foi eleito síndico-
zação na área. Ela conta que no início -condômino em 2018.
2012 2013 2014 2015 não havia muitos cursos de formação, Com suas habilidades de gestor,
e a literatura sobre o assunto também ele fez o diagnóstico orçamentário e
era escassa. organizou as finanças do condomínio,
Depois de participar de eventos, além de realizar pesquisa de satisfa-
seminários e cursos — voltados para ção. Na época, existia passivo de R$
administração de condomínios — a 100 mil: com encargos sociais, férias
gestora conheceu a pós-graduação atrasadas, problemas nos vales-ali-
oferecida pela Faculdade Senac, do mentação dos funcionários, seguro
Distrito Federal. Na especialização, predial vencido, extintores sem recar-
ela expandiu o conhecimento para ga e outras demandas.
áreas como engenharia e teve aulas Depois de avaliar o cenário, Antô-
com professores renomados como nio elaborou planejamento estratégi-
Ronaldo Bach e Demóstenes Azeve- co e concluiu que era preciso automa-
do. “Faz diferença se preparar com os tizar a gestão. Por isso, implementou
melhores”, garante. sistema de gestão de condomínio via
Desde 2009 atuando na área, Elis já web, que permitiu melhorar o planeja-
administrou seis condomínios e pos- mento, aperfeiçoar o controle financei-
sui cases de sucesso na carreira. Seu ro e oferecer gestão mais transparente.
primeiro desafio aconteceu em um “Com a economia que fizemos, as
complexo residencial em Brasília que despesas com energia reduziram em
arrecadou taxa extra, durante 15 anos, 30%, e as despesas totais caíram em
para realizar obra com irregularidades. torno de 20%”, diz.
Na época, ela conta que enfrentou Ele destaca que após suas reali-
grandes desafios. “Tinha dia em que zações obteve retorno positivo dos
eu respirava forte e dizia ‘não vou dar moradores. “Com as mudanças no
conta’. Mas no fim, uma obra de quase modelo de gestão e dos investimentos
Rio de São Curitiba Porto R$ 3,5 milhões foi totalmente quitada, realizados, a satisfação dos condômi-
Janeiro Paulo Alegre sem erros e sem falhas: executada com nos subiu de 60% para 85%”, conta.
condo-
mínios 26

Segurança do
consumidor
Além de atuar na fiscalização de re-
gistros — de pessoas físicas (PF) e ju-
rídicas (PJ) —, o Sistema CFA/CRAs
ainda tem desenvolvido ações para
assegurar que profissionais e empre-
sas, registrados, estejam à frente da
gestão de condomínios. O trabalho
visa garantir o cumprimento da lei
4.769/1965, que dispõe sobre o exer-
cício profissional na área de adminis-
tração, bem como proteger a socieda-
de de profissionais amadores, sem o
devido preparo técnico e autorização
legal para atuar na área.
Os Conselhos Federal e Regionais
de Administração, mantêm parcerias
com instituições públicas e privadas,
a fim de obter informações e fazer o
cruzamento de dados por meio de
seu Big Data. Com isso, é possível sa-
ber se indivíduos sem qualificação
e registro têm atuado em áreas da
administração, o que inclui a gestão
condominial.
Segundo o diretor da Câmara de
Fiscalização e Registro do CFA, Car-
los Alberto Ferreira Júnior, o sistema
de inteligência corporativa direciona
os fiscais para inspecionarem locais
em que de fato há problemas. Isso re-
duz os custos de deslocamento e evita
a perda de tempo dos profissionais
que farão vistoria.

Requisito
“Existe limitação de recursos finan-
ceiros, de profissionais e de tempo. importância da profissão de síndico

fundamental
Por isso, utilizamos novas tecnologias profissional. Em processos judiciais
para conseguir mais economia e as- de 2019, tribunais de diferentes ins-
sertividade”, explica. tâncias firmaram o entendimento de
Para 2020, o Sistema CFA/CRA Embora hajam dúvidas sobre o que que é preciso ter o registro profissio-
busca novas parcerias para ampliar é, e quais benefícios a capacitação nal, em razão de tratar-se de atividade
seu banco de dados e aumentar a oferece aos condomínios, o mercado típica da profissão de administrador.
fiscalização em todas as áreas da (consumidor e de trabalho) e o poder Em diferentes sentenças, é possí-
administração. público já começam a entender a vel verificar o entendimento de que
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 31 Nº 134 JANEIRO/FEVEREIRO 2020

27

Tinha dia em que


eu respirava forte e
dizia ‘não vou dar
conta’. Mas no fim,
uma obra de quase
R$ 3,5 milhões
foi totalmente
quitada, sem erros
e sem falhas.
Elis Rocha,
administradora

empresas e profissionais que reali- podem ser encontrados no site do


zam atividades de gestão de condo- Conselho Federal de Administração,
mínios — tais como administração na seção “jurisprudência”.
financeira, gestão patrimonial, admi- Para fazer carreira na área, profissio-
nistração de pessoal e planejamen- nais de administração precisam obter
to —, o registro em CRAs é requisi- qualificação, além de registrar-se nos
to legal, conforme texto das leis nº conselhos. No Brasil, existem opções
4.769/1965 e nº 6.839/1980. Exemplos de cursos de extensão e pós-gradua-
de decisões jurídicas sobre o tema ção, presencial ou à distância (EaD).
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO

condo-
ANO 31 Nº 134 JANEIRO/FEVEREIRO 2020

mínios 28

ONDE ESTUDAR

DIREITO E GESTÃO ADMINISTRAÇÃO DE ADMINISTRAÇÃO DE


CONDOMINIAL – FUNDAÇÃO CONDOMÍNIOS - CONDOMÍNIOS E SÍNDICO
ARMANDO ÁLVARES FUNDAÇÃO ÁLVARES PROFISSIONAL – PORTAL
PENTEADO (FAAP) PENTEADO (FECAP) O CONDOMÍNIO

Campus: Ribeirão Preto-SP Campus: São Paulo-SP Modalidade: cursos de extensão


Pré-requisito: diploma de Modalidade: curso de on line. Os interessados podem
graduação em ensino superior extensão presencial optar por fazer o curso completo
Modalidade: curso de pós- Formato: Dividido em três módulos, ou outros 14 cursos, divididos
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Coordenação: Marcio Luis de São Paulo (CRA-SP) Adm. Rosely Schwartz.
Spimpolo Coordenação: Adm. Rosely Apoio: os cursos possuem apoio
Contatos: (16) 3913-6300 Schwartz institucional do Conselho Regional de
posrp@faap.br  Contatos: (11) 3272-2222 Administração de São Paulo (CRA-SP).
relacionamento@fecap.br  Contatos: (11) 2281-6680
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comporta-
mento 30
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 31 Nº 134 JANEIRO/FEVEREIRO 2020

31

FORÇA N
DA
o empreendedorismo ou
no mercado de trabalho, em que su-
cesso ou fracasso depende apenas
da própria iniciativa, ter motivação
e disciplina são mais que essenciais.
Entretanto, há um dilema sobre como

MENTE
obter disposição para correr atrás de
quesitos como: inovação, controle e
foco nas atividades da empresa, e ain-
da arranjar tempo para cuidar da vida
pessoal (casa, cônjuge, filhos, etc.).
Nesse contexto aparecem milha-
res de fórmulas e teorias para ter dis-
posição física, bem como melhorar a
qualidade de vida e de pensamentos.
Mas todas elas convergem para um
Especialistas contam como o só ponto: o do pensamento positivo
pensamento positivo é capaz de como motor central para conseguir
superar as próprias dificuldades.
potencializar os negócios e a vida Embora o tema pareça ter, por ve-
zes, uma conotação quase mística,
POR LEON SANTOS no dia a dia a ideia é mais simples do
que parece, diz o administrador e pro-
fessor universitário, nas disciplinas
de marketing, festão empresarial e
negócios, Gláucio Siqueira. Para ele,
o assunto é uma questão racional que
tem a ver com as reflexões e ações
dos indivíduos.
“Diante dos desafios, dos negócios
e da vida, é sua atitude que mudará os
resultados. Você pode encarar tudo
como um grande problema ou uma
possibilidade de melhoria, de obter
bons resultados”, avalia.
Siqueira explica que agir de for-
ma positiva é a melhor forma de o
empreendedor alcançar seus resul-
tados. Segundo ele, uma crítica po-
de transformar-se em uma visão de
melhoria necessária e ser o ponto de
virada do negócio.
comporta-
mento 32

O utro exemplo seria um novo


concorrente; que pode não ser um pro-
blema e, sim, uma força que move o em-
preendedor a sair da zona de conforto.
“Pode ser a chance de revisar canais,
processos e, quem sabe, estabelecer
uma nova parceria. Em tudo, é a atitude
que muda os resultados”, analisa.
Na visão da também adminis-
tradora e especialista em gestão de
pessoas, e em gestão da qualidade,
Monielle Avancini, pensar de forma
positiva sobre os objetivos que são
traçados no presente, e ter uma visão
de futuro otimista, significa acreditar
que o esforço realizado no presente
terá como recompensa a conquista
do objetivo futuro. Segundo ela, sem
o pensamento assertivo do sucesso
não haverá estímulo e dedicação para
o alcance dos objetivos; o que pode
resultar em insucessos.
“Empreender ou dedicar-se à pró-
pria carreira requer empenho, dedi-
cação, foco, planejamento e, princi-
palmente, pensamento positivo. A
positividade nos impulsiona a seguir
atrás dos nossos objetivos, embora
surja o medo e a insegurança. Quan-
do pensamos positivo, em qualquer
situação de nossa vida, estamos pen-
sando como vencedores”, diz.
depende de parceiros, e com parceiros para continuar a lutar e superar uma

É possível mudar
sintonizados com você, os resultados dificuldade atual. “Já as lembranças
virão com toda certeza”, define. negativas devem ser vistas como li-
Para quem não possui habilidades ções ou aspectos a serem trabalhados,
Segundo Gláucio Siqueira, a postu- ou motivos para manter a mente posi- com a consciência de que ficaram pa-
ra de positividade é importante, mas tiva, é possível dar outro rumo à vida e ra trás”, esclarece.
não é tudo. Quem almeja concretizar um novo ponto de partida. Segundo a A segunda dica é engajar-se em
planos e desejos precisa ter atitude. especialista em Gestão Empresarial e projetos sociais ou atividades cola-
Para ele, o diferencial de quem possui em Governança Corporativa, mestra borativas. Isso ajuda a melhorar ha-
otimismo é a maior fluência, ou natu- em Psicologia Positiva, Flora Victo- bilidades como trabalhar em grupo —
ralidade, e a velocidade para alcançar ria, a primeira dica é refletir sobre as sobretudo, no quesito relacionamento
seus objetivos. próprias realizações. pessoal —, além de elevar a autoesti-
“Indivíduos positivos são mais De acordo com ela, as conquistas ma e gerar pensamentos positivos.
atrativos às pessoas. Qualquer projeto do passado dão motivação e força Siqueira partilha da mesma opi-
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 31 Nº 134 JANEIRO/FEVEREIRO 2020

33

Empreender ou
dedicar-se à própria
carreira requer
empenho, dedicação,
foco, planejamento
e, principalmente,
pensamento positivo.
Monielle Avancini,
administradora e especialista em Gestão
de Pessoas, e em Gestão da Qualidade

nião, de que o contato social pode apenas a fazer com que o corpo reaja
gerar bons resultados, dar mais mo- a futuras situações de estresse, mas
tivação e ser mola propulsora para o também melhora a concentração e a
sucesso. Mas pondera, ao alertar que a autoestima.
convivência com pessoas pessimistas Estabelecer metas ambiciosas é
ou negativas deve ser evitada. outro quesito, apontado por ela, que
“Somos o reflexo das cinco pessoas pode tornar a pessoa a ser capaz de al-
com quem mais convivemos. Se elas cançar o que quiser. “Haverá sensação
são positivas, você prospera. Do con- de prazer e dever cumprido, ao final
trário, isso também pode nos levar ao de cada meta conquistada. Será,
caos”, alerta. ainda, um bom exercício para
Outra dica de Flora é a de praticar melhorar resultados em tarefas
meditação, relaxamento e exercícios e ter maior disciplina em rela-
físicos regularmente. Isso ajuda não ção aos próprios projetos”, diz.
finanças 36

O FURACÃO
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 31 Nº 134 JANEIRO/FEVEREIRO 2020

37

A s fintechs, startups volta-


das ao segmento financeiro, vieram
para revolucionar o setor no Brasil.
Resultado dos avanços tecnológicos
ocorridos com a Quarta Revolução
Industrial, elas já competem em pé
de igualdade com as instituições tra-
dicionais.
Ávidas por um público cada vez
mais numeroso, que não suporta mais
burocracia ao resolver problemas —
como abertura de conta e autoriza-
ção para gerenciar e adquirir servi-
ços —, as fintechs tornaram-se opção
de boa parte dos brasileiros. Apenas
no segmento bancário, instituições
como Nubank, Banco Inter e Banco
Original, juntas, já possuem mais de
20 milhões de clientes.
Para o diretor executivo de ‘Tec-
nologia da Informação, Produtos e
Operações’, do Banco Original, Raul
Moreira, as necessidades dos con-
sumidores mudaram. Por isso, ins-
tituições digitais vieram ocupar um
espaço antes pouco explorado no
mercado.
“As pessoas buscam a digitaliza-
ção e querem processos mais simples.
E isso também reflete no sistema fi-
nanceiro”, diz.
De acordo com a Finnovation, blog
que mapeia o crescimento das finte-

‘FINTECHS’
chs no Brasil, o número de startups
especializadas nos mercados bancá-
rio, de pagamentos e de crédito é bem
maior. No final de 2019, elas já soma-
vam 504 empresas, com crescimento
de 34% em relação ao ano anterior (377
instituições, em 2018).
Fenômeno atrai brasileiros que buscam
praticidade, economia e inovação
POR LEON SANTOS
finanças 38

O setor de pagamentos é o que


concentra o maior número de em-
presas, com 26%. Em seguida vem
o setor de crédito, com 17%. Ao con-
siderar, individualmente, cada seg-
mento das startups financeiras, o
mercado B2B (entre empresas) foi o
que apresentou maior crescimento,
de 48% para 61%.

Parcerias
No relacionamento entre instituições
financeiras tradicionais (bancos e em-
presas de crédito) e as fintechs, nem
tudo é competição — de acordo com
o gerente executivo de negócios digi-
tais, do Banco do Brasil (BB), Daniel
Régis Filho. Ele conta que existem
startups que procuram as instituições
tradicionais para firmar parcerias.
“Há muitas fintechs sendo compra-
das por grandes bancos, mas existem
também parcerias. De um lado, os
bancos procuram obter conhecimen-
to sobre tendências digitais e sobre
quem é o público que busca essas
startups. De outro, as fintechs buscam
aporte financeiro para financiar seus

Apostas
projetos e expertise sobre o mercado Em produtos como cartões de crédito,
bancário”, revela. sem anuidade, e contas digitais gra-
De acordo com o website do Nu- tuitas, elas também oferecem trans-
bank, o êxito das startups bancárias ferências interbancárias gratuitas e De acordo com o professor da Fun-
ocorre em razão de oferecerem “solu- geração de boletos digitais (com a dação Getulio Vargas (FGV), Caio
ções financeiras inéditas, menos bu- finalidade de depósito ou recebimen- Ramalho, há uma conjunção de
rocráticas, mais intuitivas e práticas” to de pagamentos) sem custo para o fatores sociais e econômicos que,
— tudo pode ser resolvido pelo smar- cliente. juntos, resultaram no sucesso das
tphone. Porém, outro fator de atração As fintechs também estimulam empresas 100% digitais. Uma delas
são os baixos custos de manutenção seus clientes a investirem em solu- seria a entrada da ‘geração Z’ (nas-
da conta bancária. ções de aplicação, como a tradicio- cidos entre 2001 e 2010) no mercado
De acordo com o “Tarifômetro”, nal poupança e, também: em renda de trabalho.
ferramenta de medição de taxas do fixa, ações (em bolsas de valores), e O professor lista, ainda, outros
Banco Inter, o brasileiro economiza, previdência privada. O grande apelo fatores para o êxito das fintechs, tais
por ano, cerca de R$ 1 bilhão com taxas comercial é, no entanto, a facilidade como a democratização dos disposi-
e tarifas bancárias, ao utilizar servi- de o cliente resolver tudo pelo app ou tivos de comunicação — em especial
ços das novas instituições financeiras. site, sem ter de sair de casa. os smartphones —, a fluidez de infor-
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 31 Nº 134 JANEIRO/FEVEREIRO 2020

39

Há muitas fintechs
sendo compradas
por grandes bancos,
mas existem também
parcerias. De um lado,
os bancos procuram
obter conhecimento
sobre tendências
digitais e sobre quem
é o público que busca
essas startups.
Daniel Régis Filho,
gerente executivo de negócios
digitais do Banco do Brasil

mações no mundo e a aceleração de música e filmes (via streaming), bem


tecnologias, que melhorou o acesso e a como pesquisam inúmeros assuntos
qualidade dos meios de comunicação. na rede, antes mesmo de terem uma
“Quando eles nasceram, a internet definição clara sobre o objeto que
já existia. Além disso, o cenário trazido buscam. E mais: ainda comerciali-
pela Quarta Revolução Industrial po- zam o tempo — não como meio de
tencializou, em substância (quantidade) serem remunerados por qualquer
e velocidade, os processos que aconte- trabalho, mas como moeda de es-
cem hoje em dia”, explica. cambo (o tempo de um, pelo tempo
A ‘geração Z’ herdou da geração an- de outra pessoa).
terior, a ‘Y,’ a capacidade de ser adaptá- “É realmente um momento ímpar,
vel em ambientes digitais. E eles foram na história da humanidade, o que vi-
ainda além: compram pela internet vemos neste momento. O mais inte-
desde produtos mais simples e portá- ressante é que ninguém se arrisca a
teis (que cabem na palma da mão), até dizer o que vem pela frente, pois os
carros e imóveis. paradigmas estão caindo muito rapi-
Também consomem serviços de damente”, resume o professor.
turismo 40

ENTRETENI-
MENTO QUE
MOVE BILHÕES
Mercado de parques temáticos leva, por ano, mais
visitantes a Orlando, do que ao Brasil inteiro.
Diferença é de cerca de 70 milhões de pessoas
POR PAULO MELO E LEON SANTOS
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 31 Nº 134 JANEIRO/FEVEREIRO 2020

41

F onte de inspiração e sonhos


para bilhões de pessoas, de diferen-
tes idades, a Disney é fenômeno de
'marketing de entretenimento'. Pro-
dutora de desenhos, filmes e dona
do espaço de lazer mais famoso do
planeta, o grupo fatura por ano mais
de US$ 24 bilhões em receita, apenas
com o parque Walt Disney World, lo-
calizado em Orlando - Flórida, nos
Estados Unidos.
De acordo com o instituto de pes-
quisa ‘Statista’, a empresa passou a fi-
gurar entre as maiores do mundo, em
valor de mercado e, também, uma das
mais rentáveis. A companhia atingiu
a marca dos US$ 59 bilhões, em total
de receita, em 2018.
O poderio da Disney é notável na
economia da cidade: tanto na expan-
são econômica quanto no potencial
do mercado de trabalho e de investi-
mentos. Embora a cidade tenha ou-
tros parques temáticos, o termo ‘Or-
lando’ já virou sinônimo de ‘Disney’,
para os brasileiros.
Segundo os últimos dados da As-
sociação de Turismo Oficial de Or-
lando (Visit Orlando), mais de 890
mil brasileiros estiveram por lá em
2018. No total, a cidade recebeu mais
de 75 milhões de turistas naquele ano,
enquanto o Brasil - no mesmo perío-
do - recebeu, em contrapartida, cerca
de 6,5 milhões de pessoas, segundo
Ministério do Turismo.
Um dos diferenciais do local é a re-
de de infraestrutura, construída para
dar suporte aos turistas. O Walt Dis-
ney World conta com rede hoteleira de
resorts, parques temáticos e aquáticos,
e um centro de compras onde é pos-
sível adquirir produtos licenciados.
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 31 Nº 134 JANEIRO/FEVEREIRO 2020

turismo 42

Para o administrador Diego da


Costa, diretor de Desenvolvimento
Institucional do CFA e ex-presidente
da Associação Brasileira da Indús-
tria de Hotéis do Sergipe (ABIH-SE),
embora haja parques temáticos — co- OS PARQUES
mo o Beto Carrero World, em Santa
Devemos resguardar Catarina, e o Beach Park, no Ceará —, TEMÁTICOS E
o cliente em todos ao analisar o número de turistas, por AQUÁTICOS
ano, de Orlando (nos EUA) e Brasil,
os cuidados que fica clara a diferença de resultados e NO BRASIL
a ele se refere. onde o País ainda precisa avançar. Se-
gundo Costa, o Brasil precisa reduzir
Aquele momento impostos e melhorar a infraestrutura
- planejado pelos e a segurança, das cidades brasileiras,
para receber os turistas.
visitantes - deverá Costa ainda enfatiza o preparo téc-
ser único e merece nico que os profissionais dos EUA —
sobretudo, aqueles ligados à gestão
ser respeitado. — possuem e que deve ser copiado
pelos brasileiros. Também diz que o
Diego Mariz, mercado de turismo é amplo e deve
ex-colaborador temporário da Disney ser encarado de forma profissional.
“Investidores compram uma ideia
ao perceberem que podem obter re- show, para que a magia dos contos de
tornos expressivos, mas, infelizmente, fadas se tornem reais em cada detalhe
alguns pontos dificultam o processo do parque. Já a eficiência é por colocar
por aqui. Primeiro são as divisas, que todas as chaves, ditas anteriormente,
não ajudam no desenvolvimento do em plena execução”, revela o brasilei-
turismo no Brasil; segundo, é a ques- ro Diego Mariz.
tão profissional (capacitação), pois Ele trabalhou na Disney, após ser
precisamos colocar a gestão no foco aprovado no International College
do turismo”, analisa. Program. Por meio do projeto, cida-
Quem já trabalhou no complexo dãos de diferentes países podem tra-
de diversão ressalta que as diretrizes balhar no parque.
para a excelência do trabalho obede-

O potencial
cem a uma criteriosa regra de desem-
penho. Intitulada “quatro chaves”, a

brasileiro
filosofia organizacional preza pelas
atividades desenvolvidas pelos fun-
cionários e tem como diretrizes: se-
gurança, cortesia, show e eficiência. No Brasil, há quem diga que o resul-
“A segurança, porque devemos tado assertivo da Disney é fruto do
resguardar o cliente em todos os cui- apoio governamental, oferecido pelo
dados que a ele se refere. A cortesia, governo dos Estados Unidos (EUA).
por entender que aquele momento O diretor da Onevox Creative — Agên-
- planejado pelos visitantes - deverá cia de Comunicação, Marketing e
ser único e merece ser respeitado. O Imprensa Multinacional, com sede
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 31 Nº 134 JANEIRO/FEVEREIRO 2020

43
R$ 3 bi
de faturamento por ano
Expectativa
de crescimento

Em 2018, parques

30 mi
de visitantes
temáticos brasileiros
ganharam isenção de
imposto para importação
de equipamentos.

15 mil
empregos diretos
Taxas eram um dos
principais gargalos para
desenvolvimento.
Em Orlando, tudo
100 mil
empregos indiretos
Com a medida, são
esperados investimentos
bilionários no setor.
é pensado para
acolher os turistas
do mundo inteiro:
desde a acolhida
no aeroporto, até a
estrutura de oferta
de hospedagem
e transporte.
Rodrigo Lins,
diretor da Onevox Creative

nos EUA e filiais no Brasil Canadá e segundo Lins.


Portugal —, Rodrigo Lins, concorda. Ele ressalta que se a estratégia
Segundo ele, as cidades dos EUA política e administrativa das cidades
que se propõem a ingressar e investir brasileiras mudassem, e os investi-
no mundo do entretenimento contam mentos aumentassem, o país teria
com facilitação tributária, bem como potencial turístico maior e diferen-
projeto urbanístico e social das cida- ciado. Deste modo, segundo Lins, o
des. Além disso, o governo america- País poderia figurar, em pouco tempo,
no oferece plano de gestão urbana, como um dos mais rentáveis para se
voltado a tornar as experiências mais investir em entretenimento.
atrativas. “Com a criatividade do nosso povo,
“Em Orlando, tudo é pensado para o engajamento e a audiência do merca-
acolher os turistas do mundo inteiro: do de entretenimento no Brasil, cons-
desde a acolhida no aeroporto (nos tataríamos o resultado de que nenhum
idiomas mais falados no planeta), até país do mundo consome tanto o pro-
a estrutura de oferta de hospedagem e duto entretenimento quanto o Brasil.
transporte. A cidade sabe que precisa A prova disso é a posição do Brasil en-
investir para receber mais”, acrescen- tre os cinco países que mais enviam
tou o brasileiro que reside na Flórida. turistas para Orlando”, concluiu.
Diferente dos EUA, o Brasil não Entre os países que mais enviam
tem sido um competidor à altura, no visitantes à cidade de Orlando, de-
quesito mercado de entretenimento. pois dos EUA, estão países como
A relação de estratégia como dife- Canadá, Brasil, Reino Unido e
rencial de negócio ainda é precário, México.
oportu-
nidade 44

MERCADO
DE LUXO
Crescimento do setor nos últimos anos e as projeções
até 2024 são animadores. Conhecer perfil do
consumidor Classe A é requisito para fazer negócios
POR ANA GRACIELE GONÇALVES

Ir e vir com o próprio jatinho e, na ga- A descrição parece roteiro de filme, instalaram no Brasil. Ele explica que,
ragem de casa, poder escolher entre mas não é. Esse é o cotidiano de um pe- até 2015, as vendas evoluíam em ritmo
os carros Bugatti La Voiture Noire ou queno grupo que, apesar da crise, não acelerado.
um Rolls-Royce Sweptail. No closet, deixa de consumir produtos e serviços A alta apresentada nos últimos
ficar em dúvida entre as clássicas bol- de alto padrão. O mercado de luxo é dois anos está, no entanto, abaixo do
sas Birkin, da Hermès, ou o modelo um segmento que tem crescido com esperado, se comparado ao período
Lady Dior, da Christian Dior, ambas vigor, no Brasil e no mundo. Segundo pré-crise. Além das vendas desace-
ícones da moda. estudo feito pela consultoria Euromo- leradas, a queda no crescimento tem
Para completar o visual, quem sabe nitor International, no Brasil, as vendas outras razões.
um look da alta costura da Givenchy somaram R$ 27 bilhões, em 2018, e a “Muitas empresas ainda enfrentam
e, nos pés, um scarpin nude, de Chris- projeção de 2019 foi de R$ 28,5 bilhões. problemas para entender a complexi-
tian Louboutin. Por fim, duas gotas do De acordo com o analista sênior dade do ambiente de negócios local.
Chanel número 5 são suficientes para da indústria de artigos de luxo (Lu- Soma-se a esse fato outros problemas,
marcar presença em jantares de res- xury Goods), da Euromonitor, Elton como a questão alfandegária e o furto
taurantes premiados e, ao final, brin- Morimitsu, mesmo com a melhora do de mercadorias, que acabam encare-
dar com os champanhes Veuve Clic- cenário, o aumento está aquém do que cendo as operações”, explica.
quot, Perrier-Jouët ou Moët Chandon. muitas marcas planejavam quando se Os altos impostos são outro desa-
45

fio que o mercado de luxo encara dia- no exterior — onde o brasileiro, por Mercosul e União Europeia poderá
riamente. Quando comparado aos Es- vezes, vai acabar competindo com os trazer ganhos para o mercado de luxo
tados Unidos ou a países europeus, os clientes locais e estrangeiros”, justifi- nacional.
preços no cenário brasileiro assustam ca o especialista. “Não acreditamos que haja uma
e podem inibir o consumo. Há quem queda significativa de preços com es-

Cenário é
prefira fazer as compras fora do país, se acordo. As marcas trabalham com
mas, segundo Morimitsu, a maioria políticas de precificações em que, por

promissor
dos consumidores, no Brasil, gosta vezes, os fatores que pesam não são
de ser mimado. “Ser atendido pelo aqueles referentes à legislação tribu-
seu nome, tomar uma taça de cham- tária local”, pondera.
panhe e participar de eventos mais Apesar da desaceleração, a pesquisa Elton afirma, no entanto, que o
intimistas acabam sendo um gran- da Euromonitor prevê que, para 2024, acordo pode aumentar a eficiência
de chamariz para que o consumidor as vendas do mercado de luxo alcan- das operações locais. Isso poderá
passe a fazer suas compras no lugar cem R$ 32 bilhões no Brasil. “A recente atrair maior número de marcas a ex-
em que mora. Consumir localmente melhora econômica vem ajudando a plorarem o mercado brasileiro, bem
pode trazer mais regalias aos clientes, tornar o cenário mais positivo”, afirma como maiores investimentos em ope-
quando comparado a compras feitas Elton, ressaltando que o acordo entre rações existentes.
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO

oportu-
ANO 31 Nº 134 JANEIRO/FEVEREIRO 2020

nidade 46

Consumo QUER ATUAR NO


MERCADO DE LUXO?
Upper Class
VEJA O PERFIL DO
Os consumidores de luxo (upper PROFISSIONAL
class), no Brasil e no mundo, têm algo QUE ATUA NESSE
Ser atendido pelo seu em comum: eles têm muito dinheiro. SEGMENTO:
nome, tomar uma Porém, não basta saber que esse pú-
blico tem uma conta bancária robusta.
taça de champanhe e É preciso entender a dinâmica cultu-
n Profissional com rica
bagagem cultural e
participar de eventos ral de cada um deles. A pesquisadora educacional;
da ESPM-RJ e professora de pós-gra-
mais intimistas duação em ‘Luxo e Marcas Premium’, n Possui inteligência
acabam sendo um Lilyan Berlim, explica que o brasileiro emocional bastante
tem um comportamento diferente dos
grande chamariz para consumidores de outros países.
sofisticada;

que o consumidor “Aqui, o consumo de luxo é uma es- n Conhece a história do


pécie de marca social. No Brasil, esses
passe a fazer suas bens são consumidos por pessoas que
produto e está muito
antenado com o contexto
compras no lugar em precisam ostentar status. É um pú- social;
blico que consome mais a questão da
que mora. marca e não se importa tanto com o n Fala duas línguas, no
produto em si”, explica. mínimo, fora a língua
Elton Morimitsu, analista sênior da
De acordo com a professora, as bra- portuguesa;
indústria de artigos de luxo (Luxury Goods),
sileiras têm um jeito diferente de lidar
da Euromonitor
com suas bolsas: elas gostam de quan- n Transmite confiança e a
tidade e variedade. Ao contrário das sensação de ser ético.
francesas, que têm no closet em média
três bolsas, as consumidoras no Brasil
acumulam dezenas do acessório em
seus armários.

Ostentar com
O luxo também pode ser visto não
como ostentação de uma marca em si,

moderação
mas com o fato de um cliente buscar
experiência diferenciada e que esti-
mule o prazer. E há diferentes tipos de
perfis entre o público endinheirado. Boa parte dos consumidores de luxo
“Temos, em todos os países, milio- foca, principalmente, na questão de
nários que consomem luxo nas formas alta qualidade e exclusividade que
mais simples. Uma pousada em uma o produto ou serviço pode oferecer.
ilha selvagem, na costa indiana, por Entretanto, há aqueles que consomem
exemplo; onde é oferecido curso de itens de alto padrão simplesmente
mergulho e práticas esportivas. Pare- para ostentar.
ce simples, mas o luxo, nesse caso, está Lilyan conta que esse é um perfil
na experiência do extraordinário”, re- típico de países do hemisfério sul, tal
lata a autora do livro ‘Moda e Susten- como o Brasil. É um consumidor que,
tabilidade, uma Reflexão Necessária’. segundo ela, segue uma linha compor-
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 31 Nº 134 JANEIRO/FEVEREIRO 2020

47

Aqui, o consumo de
luxo é uma espécie
de marca social. No
Brasil, esses bens
são consumidos
por pessoas que
precisam ostentar
status. É um público
que consome
mais a questão
da marca e não se
importa tanto com
o produto em si.
Lilyan Berlim, pesquisadora da
ESPM-RJ e professora de pós-graduação
em ‘Luxo e Marcas Premium’

tamental típica dos norte-americanos. atrás da última jaqueta que o Neymar


“Há essa necessidade de expor a mar- usou, por exemplo”, diz a professora.
ca que está consumindo, e não neces- Já Elton diz que a tendência de os-
sariamente o produto em si”, relata. tentação diminuiu nos últimos anos.
Com as redes sociais, a ostentação Ele revela que a situação econômica
cresceu exponencialmente, e ela não dos últimos anos contribuiu para que
é positiva, na visão de Lilyan. Segun- esse movimento perdesse fôlego.
do a pesquisadora, o ideal é consumir “Não é coerente a pessoa ostentar,
produtos por sua qualidade, e não pe- enquanto as notícias que saem sobre
lo preço da marca. a situação do Brasil têm um tom mais
“O consumo de luxo por parte da- negativo. Muitas vezes, elas refletem
queles que valorizam o produto — per- questões como desemprego e sobre a
manência, durabilidade — está muito dificuldade de as pessoas manterem
mais próximo do consumo conscien- suas contas em dia”, reflete o analista
te, do que aqueles que estão sempre da Euromonitor.
documentos 48
49

GESTÃO
DOCUMENTAL
Segmento é considerado estratégico dentro das organizações,
por administrar conteúdos sensíveis e conter
informações vitais para as empresas
POR LEON SANTOS
documentos 50

P or vezes relegada a segundo


plano em empresas e instituições pú-
blicas, a gestão documental é de vital
importância para as organizações. Ela
é responsável por catalogar e facilitar
a consulta de documentos (impres-
sos e eletrônicos), onde é requerido
o compartilhamento de informações.
Na prática, o segmento dá suporte
aos processos de negócio nas institui-
ções. Entre os documentos gerencia-
dos pelo setor estão a guarda de rela-
tórios contábeis, controles de fluxo de
caixas, balancetes e demonstrativos
de resultado de exercício (DREs).
A catalogação de acordos, notas
fiscais, contratos e comprovantes de
operações financeiras também são re-
alizadas pela gestão documental, que
em algumas empresas mantém em
seu âmbito o protocolo das informa-
ções. Até mesmo contas de água, luz e
telefone, bem como guias de recolhi- mentos que não tem valor histórico e privados. As normas de controle e
mento e manuais (de diversos tipos e ou administrativo”, explica. posse são pautadas nos pressupos-
segmentos da empresa) estão sob a No âmbito das instituições, os tos da Lei Brasileira de Arquivos, n.º
posse do departamento documental. documentos provam, legitimam e 8.159/1991, que prevê procedimentos
É no setor onde ocorre a digitali- testemunham as atividades desem- e operações técnicas, referentes à pro-
zação de documentos e os processos penhadas pela empresa, de acordo dução, tramitação, uso, avaliação e
de envio e armazenamento de infor- com a legislação vigente. Também arquivamento de documentos.
mações, de interesse das organiza- são essenciais para a tomada estraté- A lei ainda contém procedimentos
ções. De acordo com a coordenadora gica, célere e segura de decisões, pois sobre a eliminação de arquivos — caso
do curso de Gestão de Documentos são registros históricos para a própria não tenham valor administrativo ou
da Faculdade Unyleya, Ana Claudia instituição e para a sociedade. histórico — e controla o recolhimento
Dias, na prática, o segmento assegu- “Para que estejam disponíveis para para guarda permanente, quando são
ra de forma eficiente a administra- a pessoa certa e na hora certa, devem avaliados como históricos.
ção, manutenção e destinação dos estar devidamente organizados, se-

Dia a dia
documentos. gundo as atividades e procedimen-
Ela destaca que o departamento tos previstos na política institucional
documental é o maior centro de in- de gestão de documentos”, explica a
formação de uma empresa, pois de lá professora da Faculdade de Ciências O arquivista, profissional dedicado à
saem todos os dados catalogados para da Informação, da Universidade de gestão de documentos, dedica-se às
tomada de decisão. “O setor garante Brasília (UnB), Angélica Marques. atividades de planejamento, orienta-
que a informação esteja disponível O setor ainda colabora com a exe- ção das atividades e procedimentos
quando e onde seja necessária, além cução e supervisão da política nacio- do gerenciamento documental, expli-
de assegurar a eliminação dos docu- nal de gestão de documentos públicos ca a professora da Faculdade de Ciên-
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 31 Nº 134 JANEIRO/FEVEREIRO 2020

51

O setor garante
que a informação
esteja disponível
quando e onde
seja necessária,
além de assegurar
a eliminação dos
documentos que
não tem valor
histórico ou
administrativo.
Ana Claudia Dias,
cias da Informação, da Universidade fase pela qual passa ou chega o docu- coordenadora do curso de Gestão de
de Brasília (UnB), Angélica Marques. mento, o arquivista deve participar Documentos da Faculdade Unyleya
O gestor define as espécies ou da elaboração, execução e supervisão
classificações mais adequadas, para da política institucional de gestão de
cada tipo de documento, tais como: documentos”, diz Marques.
formulários, ofícios, memorandos e Em termos de potencial de cresci-
relatórios. Também elabora plano de mento, de acordo com coordenado-
classificação de informações, que fun- ra Ana Claudia Dias, da Faculdade
ciona como instrumento para identifi- Unyleya, o mercado está em amplo
car todos os tipos de conteúdos docu- crescimento. Ela diz que cada vez mais
mentais protocolados (produzidos e as empresas se conscientizam da ne-
recebidos), pela instituição, em razão cessidade de não perder tempo e que
de suas atividades. o gerenciamento eficiente de infor-
Outra função desempenhada pelo mações pode oferecer vantagens e be-
gestor documental é definir tabela de nefícios financeiros às organizações.
temporalidade de títulos. Ela funcio- “Os profissionais que atuam no se-
na como um instrumento de contro- tor devem se especializar, aprendendo
le em que há definição de prazos de novas técnicas e procedimentos para
guarda e destinação final de todos os atender a essa demanda. A gestão
documentos. de documentos ainda tem muito a
“Independentemente do supor- evoluir; e novas pesquisas, técnicas e
te (meio de registro da informação: procedimentos podem proporcionar
papel, magnético, digital, etc.) e da ganhos ainda maiores”, conclui.
52

TRABALHO
HUMANO
A tecnologia está presente
em quase tudo que fazemos ou to-
camos hoje em dia. Mesmo objetos
ardo Wolkan, devido ao desenvol-
vimento tecnológico tardio – em
relação à Quarta Revolução
mais simples - como lápis, mesa ou Industrial–, somente agora, o
cadeira - são fabricados por meio de Brasil começou a sentir efei-
vasta cadeia de produção que inclui tos mais consistentes da
maquinários, computadores e, ago- nova onda que já tomou
ra, com mais frequência, até robôs no boa parte do mundo.
processo. Ele conta que em
Em meio a tantas mudanças, o tra- países da Europa
balho humano ficou mais fácil com a (como Alema-
inserção de ferramentas que aumen- nha, Inglater-
taram as taxas de produtividade e a ra, França);
velocidade dos processos. Mas até da Ásia
onde a tecnologia pode ir, e qual é o (China,
futuro do trabalho humano? Japão,
Para o administrador e fundador
do site “Transformação Digital”, Edu-
53

TECNOLOGIA
Inteligência Artificial ameaça futuro da mão de obra humana? Especialistas falam
sobre o assunto e apontam dicas que todo profissional do futuro deve saber
POR LEON SANTOS

Coréia do Sul) e nos Estados Uni- de crédito, tudo de forma indepen-


dos, há empresas que já possuem dente, sem a presença de um caixa
lojas físicas sem vendedores. (pessoa)”, relata.
“Em uma de minhas via- Wolkan acredita que embora exista
gens recentes ao exterior, a tendência de a tecnologia mudar
entrei em uma grande rede radicalmente o mundo, nos próximos
de supermercados e per- anos, o mais provável é que surjam
cebi que havia caixas empregos diferentes dos que existem
autônomos. Nela, o na atualidade. O principal desafio, se-
cliente passava os gundo ele, seria “fazer a transição para
produtos pelo có- um novo patamar, ajudando a popula-
digo de barras ção desempregada a capacitar-se para
e depois pa- exercer novas funções”.
gava tudo O assunto também é alvo de estu-
com seu do e abordagem da administradora
ca r t ão e pesquisadora da MMurad, Neidy
Christo. Segundo ela, a Inteligência
Artificial (IA) e as transformações
nerd 54

Ao invés de procurar
quais profissões
irão acabar, o
profissional deve
procurar aquelas
que vão surgir,
baseado nas
necessidades
dos segmentos
existentes.
Anna Cherubina,
professora da Fundação
Getulio Vargas (FGV)

atuais não devem ser motivo para de- máquinas; o que tornaria os negócios
sespero, principalmente, para aque- insustentáveis, do ponto de vista de
les que estão atentos às mudanças e sua lucratividade e existência.
tendências do mercado de trabalho.

O que fazer?
Em sua opinião, os novos recursos
e máquinas não substituirão a huma-
nidade, pois o mercado precisará de
profissionais com habilidades especí- Com a velocidade dos acontecimentos,
ficas para comandar as máquinas. “A impulsionados pelas novas tecnolo-
tecnologia, em especial a inteligência gias, o ensino das formações acadêmi-
artificial, terá papel estratégico na ge- cas tem sido rapidamente superado, de
ração de negócios e na obtenção de acordo com a pesquisadora e adminis-
lucro nesta nova era”, diz. tradora, Neidy Christo. Por isso, além
Tanto Wolkan quanto Neidy tam- de capacitar-se de forma contínua, o
bém são unânimes ao analisar um ce- profissional precisa estar disposto a
nário hipotético, em que as máquinas adquirir e fortalecer novas habilidades,
substituíssem a mão de obra humana. disseminar informação, bem como in-
Na visão dos dois, haveria um exér- centivar e praticar a inovação.
cito de desempregados. Com isso, Ela enfatiza que para se aperfeiço-
não haveria clientes para consumir ar, o administrador do futuro também
produtos e serviços produzidos pelas deverá ser criativo, curioso e flexível
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 31 Nº 134 JANEIRO/FEVEREIRO 2020

55

A tecnologia,
em especial
a inteligência
artificial, terá papel
estratégico na
geração de negócios
e na obtenção de
lucro nesta nova era.
Neidy Christo,
administradora e pesquisadora
da MMurad

às novas mudanças. Àqueles que pro- estratégicos e, na maior parte das ve-
curam colocação profissional — ou zes, realiza o que chamou de ativida-
para quem já está no mercado, porém des relacionais. Por isso, permanece
meio atordoado com tantas mudan- como profissão do futuro.
ças — Neidy recomenda a autorrefle- De acordo com a professora An-
xão sobre como cada um está lidando na Cherubina, da Fundação Getulio
com o novo cenário. Vargas (FGV), no campo da admi-
Já Wolkan orienta os profissionais a nistração, fazer uma análise de ten-
aprenderem novas tecnologias que sur- dências pode ajudar o administrador
giram em sua área de atuação, as que a prever quais áreas têm potencial
ele não conhece, mas precisa aprender. de surgimento ou de crescer. Desta
E, além disso, se existe a possibilidade forma, ela recomenda ir na direção
de sua profissão desaparecer. contrária.
“Se alguma parte do seu trabalho “Ao invés de procurar quais profis-
pode ser sistematizada e tem uma sões irão acabar, o profissional deve
lógica ou padrão de atuação defini- procurar aquelas que vão surgir, base-
do, há grande probabilidade dessa ado nas necessidades dos segmentos
parte do trabalho ser automatizada existentes, ou as que têm surgido e
no futuro”, revela. buscar nelas a qualificação e ex-
Wolkan ressalta, no entanto, que a periência desejada pelo mer-
área de administração presta serviços cado de trabalho”, define.
CFA 56

CONSELHÃO ARTICULA
NOVA REDAÇÃO
PARA PEC 108
Conselhos redigirão nova proposta de PEC
para garantir direitos da sociedade
POR LEON SANTOS
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 31 Nº 134 JANEIRO/FEVEREIRO 2020

57

D esde que foi eleito coordenador


do “Fórum dos Conselhos Federais de Pro-
fissões Regulamentadas”, conhecido como
zar esta fiscalização que os poderes executi-
vo e legislativo autorizaram, por lei, a criação
dos conselhos”, questiona.
Conselhão, o presidente do CFA, Mauro De acordo com o idealizador da PEC 108,
Kreuz, tem dividido seu tempo entre as fun- o ministro da Economia Paulo Guedes, a ini-
ções na autarquia e a negociação de um con- ciativa tem como objetivo diminuir os gastos
senso entre os demais membros do grupo. A públicos federais. No entanto, os conselhos
iniciativa tem como objetivo evitar aprova- não recebem verbas federais e sobrevivem
ção da Proposta de Emenda Constitucional das arrecadações providas pelas anuidades.
(PEC) n.º 108, na forma como está redigida A PEC também desvincula os conselhos
atualmente. profissionais do poder público, o que lhes
Entre os 31 conselhos profissionais exis- impede de aplicar sanções a quem cometer
tentes no Brasil, 29 já fecharam questão para ilicitudes, tais como praticar exercício ilegal
elaborar um novo texto para a PEC, sem pôr da profissão.
em risco as suas próprias existências. Segun-

Objetivo
do a redação original da PEC 108, o registro
em conselhos profissionais — que atualmen-
te é obrigatório — tornar-se-á facultativo.
Caso a medida seja aprovada, ela traria O fórum tem a finalidade de elaborar propos-
risco à existência das autarquias, e não ha- ta, a fim de obter entendimento junto ao go-
veria quem fiscalizasse as atuações no mer- verno federal de que é possível os conselhos
cado de trabalho. Na prática, profissionais se sustentarem apenas com arrecadação de
de qualquer segmento poderiam atuar em suas anuidades. Além disso, propõe que os
carreira distinta de sua formação e capaci- funcionários de tais estruturas estejam su-
tação original. jeitos ao regime da Consolidação das Leis
“Imagina se alguém gostaria de ser expos- do Trabalho (CLT).
to ao atendimento de outra pessoa que se diz Ao propor que os conselhos se tornem
médico, mas não tem sequer o curso superior instituições de direito privado, a medida mu-
em medicina. Ou de outro que constrói uma dará o conceito de autarquia. Entes da admi-
ponte, mas não tem formação em engenha- nistração pública indireta, elas são criadas
ria civil. E de alguém que tenha o poder de por lei específica e possuem personalidade
decisão em áreas de gestão, sem ter qualquer jurídica de Direito Público Interno.
formação nas áreas da administração, ima- Também desempenham atribuições típi-
gina o risco e o prejuízo social!”, diz Kreuz. cas do poder público, tais como a prestação
A proposta do governo também retira o de serviço público e atividade de polícia ad-
poder de fiscalização das autarquias, assim ministrativa. Foram criadas com a função de
como autoridade de cobrança — em que ofe- descentralizar o poder estatal.
rece o risco de o inadimplente ter o nome ins- Tanto o Conselho Federal de Adminis-
crito na dívida ativa da união. O presidente tração quanto os demais conselhos já for-
do CFA, e coordenador do fórum, explica que malizaram apoio quanto à economia de
a PEC 108 representa insegurança jurídica gastos públicos. “Temos feito a nossa par-
e institucional ao Brasil, na medida em que te no tocante à economicidade e a não ne-
ela tira a fonte de renda dos conselhos, o que cessitarmos de verba pública federal para
inviabilizaria a existência das autarquias. sobreviver. Entretanto, mudar o regime de
“Se os conselhos deixarem de existir, por direito público para privado nos tira comple-
não conseguirem se sustentar financeira- tamente o nosso poder de executar a nossa
mente, quem fará a fiscalização das profis- atividade finalística, que é justamente fisca-
sões, o governo? Foi exatamente para reali- lizar”, conclui Kreuz.
CFA 58

ADM
ENTREVISTA
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 31 Nº 134 JANEIRO/FEVEREIRO 2020

59

S érie de destaque do Conselho


Federal de Administração, o ADM
Entrevista tem conquistado público
que busca informações, não apenas
das autarquias federal e estaduais,
mas também do mundo da adminis-
tração. Apresentado pelos jornalistas
Elisa Ventura e Paulo Melo, o pro-
grama faz parte do canal do CFA, no
Youtube, o CFAPlay.
Para o diretor da Câmara de De-
senvolvimento Institucional, Diego
da Costa, o programa foi um marco
para a TV do CFA, pois trata de temas
de interesse de toda a comunidade de
profissionais da administração. Ele
conta que a atração tem formato de
bate-papo e promove interação entre
apresentador, convidado e internautas.
“No ADM Entrevista, o público po-
de enviar perguntas e comentários
sobre o conteúdo abordado naquela
edição, tudo em tempo real, ao vivo. A
ideia é trazer o internauta para perto
do Sistema CFA/CRAs, fazê-lo sentir
que está dentro do estúdio e propor-
cionar entendimento ainda mais pro-
fundo sobre o assunto abordado”, diz.
As entrevistas realizadas pelo pro-
grama são feitas com especialistas
do Sistema, e também do mercado
de trabalho e do mundo acadêmico.
Eles falam sobre conteúdos ligados ao
segmento em que atuam e são esco-
lhidos de acordo com sua experiência
e conhecimento.
Já os temas são escolhidos de acor-
do com sua relevância e respeitam
critérios como: tendências e assun-
tos que estão em alta no mercado de
Programa é destaque na programação do trabalho e na sociedade. O teor ex-
plicativo e a possibilidade de sanar
CFAPlay. Ele traz entrevistas, ao vivo, com nomes dúvidas, ao vivo, são dois diferenciais
de destaque no mercado e no setor público que trazem personalidade ao progra-
ma e ajuda a obter retorno positivo do
POR LEON SANTOS público que o assiste.
CFA 60

Além de trazer novidades sobre o


mundo da administração, o programa
também conscientiza os telespecta-
dores sobre a importância do registro
profissional e da capacitação contínua.
Traz, ainda, abordagens de interesse
da comunidade estudantil, tais como
novos conceitos, discussões e infor-
mações sobre novas áreas de atuação.

Conteúdo
O ADM Entrevista traz novidades e
agrega conhecimento sobre mercado
de trabalho e administração pública.
Em sua proposta de conteúdo, ele dis-
ponibiliza notícias sobre áreas e su-
báreas da administração, bem como
questões de interesse público que tam-
bém estejam vinculados ao segmento.
Na edição mais recente, o assunto
abordado foi “compras públicas”, com
o auditor federal da Controladoria Ge- João Luiz Domingues conversou com a jornalista
ral da União (CGU), João Luiz Domin- Elisa Ventura sobre Compras Públicas
gues. Durante a entrevista, além de
comentar as diretrizes legais que as
compras públicas precisam respeitar,
presentes na Lei de Licitação e Con-
tratos (Lei n.º 8.666, de 1993), ele tam- to de governança e a define como pos- e precavendo contra possíveis proble-
bém explicou qual o vínculo o tema suidora de um tripé, formado pelos mas no futuro”, diz.
possui com as áreas de governança, itens liderança, estratégia e controle.
compliance e integridade. A liderança, segundo ele, está relacio-
Segundo o auditor federal, todo o nada à natureza humana, à capacida-
processo de compras públicas deve de e habilidade do servidor em criar Acesse o QR
seguir as regras de licitação, previstas ambiente favorável para que as coisas Code e confira a
em lei. E o processo de governança aconteçam. entrevista
está associado a instrumentos ou me- A estratégia, por sua vez, está re-
canismos que possam trazer os resul- lacionada às partes interessadas. Ela

Gestão de carreira
tados esperados. ajuda a obter resultados, a partir da
“A intenção é atender aquela ne- avaliação e monitoramento — de obje-
cessidade, de forma mais eficiente tivos, indicadores e metas. Já o contro-
possível. Em resumo, busca-se um le está conectado à integridade que, Outro exemplo dos conteúdos apre-
bom resultado, e você não consegue na prática, seria agir conforme a lei sentados no ADM Entrevista foi a
obter um bom resultado se não tiver — um dos princípios da governança. entrevista com Leonardo Prudente,
governança”, sentencia. “Todos esses itens são fundamen- gestor de carreira e mestre em admi-
Ainda de acordo com Domingues, tais para que o processo de compra nistração. Ele deu dicas sobre proces-
o decreto n.º 9.203/2017 traz o concei- ocorra com sucesso, respeitando a lei sos seletivos, planejamento de carrei-
61

No ADM Entrevista,
o público pode
enviar perguntas e
comentários sobre o
conteúdo abordado
naquela edição,
tudo em tempo real,
ao vivo. A ideia é
trazer o internauta
para perto do
Sistema CFA/CRAs.
Diego da Costa,
diretor de Desenvolvimento Institucional

ra e, até mesmo, sobre como utilizar mercado, que avalia de forma positiva
ferramentas tecnológicas, como o quando um funcionário teve passa-
Linkedin, para conseguir emprego gem por muitas empresas.
ou alavancar a vida profissional. Segundo Prudente, a gestão de
Prudente disse que é preciso fa- carreira deve ser feita a todo instante.
zer planejamento de carreira e estar Ele disse que há um paradigma que
sempre atento às inovações e às mu- também mudou ao longo do tempo.
danças de comportamento do merca- “No passado, a pessoa entrava em
do. Desta forma, o profissional pode um emprego e ficava nele, ou naque-
administrar os elementos que são a la empresa, para sempre. Mas, hoje, as
favor de seus objetivos profissionais. pessoas tem uma outra perspectiva
Perguntado sobre o que fazer, ca- em relação a isso”, diz.
so a pessoa tenha entrado em uma
empresa e esquecido de gerenciar a Assista a
própria carreira, ele explicou que o entrevista
procedimento deve ser feito a todo completa
instante, não apenas quando alguém acessando o QR
quer mudar de emprego. E foi além, Code ao lado
ao revelar o novo comportamento do
CFA 62
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 31 Nº 134 JANEIRO/FEVEREIRO 2020

63

Evento expõe números, dificuldades e


diretrizes para melhorar fiscalização
POR LEON SANTOS
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 31 Nº 134 JANEIRO/FEVEREIRO 2020

CFA 64

Juntamos
R ealizado nos dias 6 e 7 de
fevereiro, em Brasília-DF, o “Encon-
tro Nacional de Fiscais do Sistema
vo concretizar o processo de plane-
jamento e gestão, realizados no ano
anterior. Destacou que a principal
hoje todos os CFA/CRAs” (Enaf) reuniu — além missão do Sistema CFA/CRAs é
dos fiscais — os presidentes e con- disciplinar e fiscalizar o exercício da
presidentes, selheiros federais do Conselho Fe- profissão.
conselheiros deral de Administração (CFA) e de “O mérito desse evento é que es-
27 regionais (CRAs). Diretores de tamos juntando todas as peças: os
federais, diretores Fiscalização e Registro também es- agentes envolvidos na fiscalização.
de Fiscalização tiveram no evento. Juntamos hoje todos os presidentes,
Na abertura do encontro, o presi- conselheiros federais, diretores de
e fiscais, a fim dente do CFA, Adm. Mauro Kreuz, Fiscalização e fiscais, a fim de pro-
de promover afirmou que o aperfeiçoamento das mover integração e fazer todo mun-
atividades de fiscalização é uma das do conversar e afinar o discurso, ter
integração e fazer prioridades de sua gestão. Kreuz des- um ideal comum para fazer as coisas
todo mundo tacou, também, que o Conselho Fede- acontecerem”, explicou.
ral irá tratar, de forma profissional e O diretor da CFR destacou a neces-
conversar e afinar metódica, o monitoramento das ativi- sidade de alinhamento e sensibiliza-
o discurso. dades que envolvem, ainda, o registro ção de todos os presentes, em relação
e a cobrança da dívida ativa. ao questionamento da sociedade e do
Carlos Alberto Ferreira “Nós existimos por lei para fisca- governo federal sobre a importância
Junior, diretor de Fiscalização e lizar o exercício legal da profissão. É e finalidade dos conselhos profissio-
Registro do CFA sobre isso que vamos nos debruçar, nais. Para evitar que isso aconteça,
pois este é nosso core business, além ressaltou as ações efetuadas para me-
é claro do registro”, proferiu. lhorar a fiscalização.
Tema principal do evento, a Fisca- Carlão revelou que o Sistema CFA/
lização foi abordada em números, por CRAs está em processo de terceiriza-
meio de inspeções e autuações reali- ção de serviços que ajudarão na busca
zadas. Os dados foram apresentados por irregularidades. Entre as ativida-
pelo diretor de Fiscalização e Registro des a serem realizadas estarão a leitura
do CFA, Carlos Alberto Ferreira Jú- de diários oficiais (da União, estados e
nior, conhecido como Carlão. municípios) e o acompanhamento de
Na oportunidade, Carlão explicou licitações e concursos públicos, para
que na edição anterior do Enaf, os re- verificar quem tem atuado nas áreas
gionais se prontificaram a estabelecer da administração, sem a permissão
suas próprias metas de crescimento: prevista na Lei n.º 4.769/1995.
tanto em relação ao número de pesso- Haverá, ainda, a contratação de no-
as físicas (PF) e jurídicas (PJ) a serem vo sistema de Big Data, que permitirá
fiscalizadas, quanto à quantidade de a fiscalização prospectiva. Segundo
novos registrados. Por isso, afirmou o diretor, desta forma, será possível
que era necessário respeitar o identificar com mais precisão quem
que ficou pré-estabelecido. são as pessoas físicas e jurídicas que
Para 2020, ele revelou que atuam nos campos da administração,
o evento tinha como objeti- mas não possuem registro.
FRANCISCO COSTA UDENIR SILVA
presidente do CRA-TO (Norte) presidente do CRA-DF (CO)
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 31 Nº 134 JANEIRO/FEVEREIRO 2020
“Ao ter a presença não apenas “Enfrentamos muitas dificulda-

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dos fiscais, mas também dos des no dia a dia da fiscalização,
presidentes dos CRAs, dos di- porque nós não temos uma uni-
retores de Fiscalização e conse- cidade de ações. Além disso, a
lheiros federais, faz uma grande nossa legislação não é clara o
diferença. Neste formato, haverá suficiente para que possamos
entendimento comum sobre os exercer, de modo efetivo, o nos-
processos de fiscalização, e será so poder de polícia, em nossa JOCIARA CORREIA
possível alinhar o plano de me- atividade finalística. Por esse presidente do CRA-AL (Nordeste)
tas e estabelecer o alinhamento motivo, o evento vem trazer es-
estratégico, entre os regionais e, sa unicidade que necessitamos e “A nossa fiscalização, em Alago-
também, junto ao CFA”, analisa. um alinhamento, enquanto siste- as, vem acompanhando o ritmo
ma que somos”, avalia. das determinações do CFA para
melhorar nossas práticas. Por
isso, é bastante louvável esse
SERGIO LOBO networking entre os regionais
presidente do CRA-PR (Sul) MAURÍLIO MARTINS neste evento e, também, saber
presidente do CRA-ES (Sudeste) do Conselho Federal quais serão
“A fiscalização é a essência da ati- os próximos passos do planeja-
vidade do Sistema CFA/CRAs, “Precisamos padronizar o ser- mento a serem seguidos neste
por isso nós precisamos defender viço de fiscalização, pois assim ano de 2020, e, provavelmen-
as atividades dos profissionais aumentaremos nossas chances te, nos próximos anos. A nossa
da administração. No Paraná, de êxito e conquistaremos o intenção é a busca por cada vez
temos feito, também, uma forte reconhecimento da sociedade. mais informação para tentarmos
interação junto às instituições Temos, ainda, um grande gargalo acompanhar os grandes regio-
de ensino para trazer futuros que é a negativa de muitos ór- nais nesses quesitos”, destacou.
registrados e para ensiná-los a gãos públicos que, por vezes, não
dar valor à profissão. lém disso, reconhecem que nós estamos ali
trabalhamos para que eles sintam como poder constituído de, sim,
que escolheram a profissão certa, fiscalizar. Isso é garantia para a
que buscaram a profissão que a sociedade, é isso que eles preci-
sociedade precisa”, contou. sam entender”, diz.
endereços
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 31 Nº 134 JANEIRO/FEVEREIRO 2020
CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO
DO RIO DE JANEIRO (CRA-RJ)

CFA 66
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DO ACRE (CRA-AC) DO MARANHÃO (CRA-MA) DO RIO GRANDE DO NORTE (CRA-RN)
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DE ALAGOAS (CRA-AL) DE MATO GROSSO (CRA-MT) CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO
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DA BAHIA (CRA-BA) DO PARÁ (CRA-PA) • INTERVENÇÃO CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO
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CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO
DO CEARÁ (CRA-CE) DA PARAIBA (CRA-PB) CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO
Presidente: Adm. LEONARDO JOSÉ MACEDO Presidente: Adm. GERALDO TADEU INDRUSIAK DA ROSA DE SÃO PAULO (CRA-SP)
Rua Dona Leopoldina, 935 - Centro - 60110-484 - Fortaleza/CE Av. Piauí, 791 - Bairro dos Estados - 58030-331 - João Pessoa/PB Presidente: Adm. ROBERTO CARVALHO CARDOSO
Fone: (85) 3421-0909 - Fax: (85) 3421-0900 Fone: (83) 3021-0296 Rua Estados Unidos, 865/889 - Jardim América
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CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO Horário de funcionamento: das 8h15 às 17h50
DO DISTRITO FEDERAL (CRA-DF) DO PARANÁ (CRA-PR)
Presidente: Adm. UDENIR DE OLIVEIRA SILVA Presidente: Adm. SERGIO PEREIRA LOBO CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO
SAUS Quadra 6, 2º Pav. Conj. 201 - Ed. Belvedere Rua Cel. Dulcídio, 1565 - Água Verde - 80250-100 - Curitiba/PR DE SERGIPE (CRA-SE)
70070-915 - Brasília/DF Fone: (41) 3311-5555 - Fax: (41) 3311-5566 Presidente: Adm. SIDNEY VASCONCELOS ANDRADE
Fone: (61) 4009-3333 - Fax: (61) 4009-3399 E-mail: presidencia@cra-pr.org.br • Site: cra-pr.org.br Rua Senador Rollemberg, 513 - São José
E-mail: presidencia@cradf.org.br • Site: cradf.org.br Horário de funcionamento: das 9h às 18h 49015-120 - Aracaju/SE
Horário de funcionamento: das 9h às 17h Fone: (79) 3214-2229/3214-3983
CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO E-mail: presidencia@crase.org.br • Site: crase.org.br
CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE PERNAMBUCO (CRA-PE) Horário de funcionamento: das 8h às 17h
DO ESPIRITO SANTO (CRA-ES) Presidente: Adm. MAURI VIEIRA COSTA
Presidente: Adm. MAURÍLIO JOSÉ MARTINS INÊS Rua José de Vasconcelos, 93 - Tamarineira CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO
Rua Aluysio Simões, 172 - Bento Ferreira - 29050-632 - Vitória/ES 52110-040 - Recife/PE DE TOCANTINS (CRA-TO)
Fone: (27) 2121-0500 ou 2121-0504 Fone: (81) 3268-4414/3441-4196 - Fax: (81) 3268-4414 Presidente: Adm. FRANCISCO ALMEIDA COSTA
E-mail: craes@craes.org.br • Site: craes.org.br E-mail: cra@crape.org.br • Site: crape.org.br 602 Norte Av.: Teotônio Segurado Cj 01 Lt 06
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DE GOIÁS (CRA-GO) CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO Horário de funcionamento: das 8h às 18h
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Rua 1.137, Nº 229, Setor Marista - 74180-160 - Goiânia/GO Presidente: Adm. ROBERTHY DOS SANTOS BARBOSA
Fone: (62) 3230-4769 - Fax: (62) 3230-4731 Rua Áurea Freire, nº 1349 - Jóquei - 64049-160 - Teresina/PI ATUALIZADO EM 20/02/2020
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Horário de funcionamento: das 12h às 19h
Agenda de eventos do
Sistema CFA/CRAs — 2020

Encontro Regional dos Profissionais de


Administração — ERPA Região Nordeste
12 e 13 de março — Fortaleza/CE

Fórum de Gestão Pública


Fogesp
5 a 7 de maio — Belo Horizonte/MG

Missão internacional à França


Em maio — França

Encontro Regional dos Profissionais de


Administração — ERPA Região Sul
5 e 6 de junho — Foz do Iguaçu/PR

Encontro Regional dos Profissionais de


Administração — ERPA Centro Oeste
20 e 21 de agosto — Bonito/MS

Encontro Brasileiro de Administração


ENBRA
28 a 30 de outubro — Salvador/BA

Informações: cfa.org.br

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