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Determinação da microdureza de uma peça de

alumínio pelo Teste de Dureza de Vickers e tratamento


da mesma com H3PO4
António Monteiro 1, Lara Duarte 2, Márcio Marques3, Rodrigo Baptista 4
1
ESTGV-DEMGI - aluno nº 22140 ; 2ESTGV-DEMGI - aluno nº 23040 ;
3
ESTGV-DEMGI-aluno nº18494 ; 4ESTGV-DEMGI-aluno nº 23915
Palavras-chave: dureza, teste de Vickers, microestrutura, deformação, ácido fosfórico, corrosão,
ductilidade

Resumo
Neste trabalho, pretendeu-se analisar a dureza de um material - o alumínio, e a sua reação
com o ácido fosfórico. Com este objetivo, começámos por lixar a peça, seguido do teste
de dureza de Vickers e tratamento com o ácido mencionado. Por fim, com a finalidade de
examinar a sua microestrutura, a peça foi observada com recurso a um microscópio

Introdução
Descoberto em 1925, o alumínio é um elemento químico maleável, dúctil e apto para
mecanização e fundição. O alumínio e as suas ligas são caraterizadas por uma densidade
relativamente baixa (2,7 g/cm3, em comparação com 7,9 g/cm3 para o aço), considerável
resistência à corrosão e facilmente conformado. Uma vez que o alumínio apresenta uma
estrutura CFC, a sua ductilidade é retida, mesmo a baixas temperaturas. Outra
característica importante destes materiais é a sua resistência mecânica específica, que é
quantificada pela razão resistência à tração-massa específica. Ainda que esta seja inferior
à de um material mais denso, em termos de peso ela será capaz de suportar uma carga
superior. [1]
A dureza é a capacidade de um material em resistir a indentação permanente. Esta
propriedade mecânica é de enorme relevância, e ao longo dos anos têm vindo a ser
desenvolvidos testes de dureza, tal como o executado. O ensaio de dureza de Vickers
consiste em exercer uma força de compressão contra uma peça.[2]
O alumínio pode ser sujeito a tratamento químico com ácidos, que promovem o polimento
do metal (por corrosão), evitando a oxidação do mesmo. Um exemplo é o tratamento com
ácido fosfórico (H3PO4), usado para criar uma camada protetora de óxido, através do
método de anodização – isto vai estabilizar a superfície do metal e impedir a sua
oxidação.[3]

Materiais e Métodos
Materiais:
• Amostra de alumínio
• Lixas com diferentes granulometrias: 80, 120, 140, 500, 800 e 1200
1
• Polidora Struers LaboPol-5
• Microdurómetro HMV-2000 Shimadzu
• Microscópio Ótico de Reflexão
• Solução de ácido fosfórico – 10 ml de ácido fosfórico, 90 ml de água

Métodos:
1. Para eliminar imperfeições existentes, começou-se por polir a peça de alumínio
com a ajuda da Polidora Struers LaboPol-5 (representada na figura 1). Alternou-
se a granulometria das lixas entre 80 e 1200. Este procedimento foi executado
com muito rigor, tendo em consideração que a peça deve estava segura com
firmeza, de modo a se conseguir um polimento homogéneo por toda a peça; depois
de usar cada lixa, a orientação da peça foi rodada 90º, de modo a possibilitar a
observação dos vários polimentos de cada lixa.

Figura 1 - Polidora Struers LaboPol-5

2. De seguida, mediu-se a dureza do alumínio, recorrendo ao Microdurómetro


HMV-2000 Shimadzu (representado na figura 2), tendo sido aplicada uma força
de 500 kgf. Utilizou-se um indentador de diamante, em forma de pirâmide
quadrangular, com um ângulo de 136º entre as faces opostas da pirâmide.
Procedemos de acordo com as seguintes etapas:
• Focagem da superfície com a lente 50x;
• Posicionamento do indentador;
• Início do ensaio, tendo o devido cuidado de não perturbar a leitura;
• Mudança para a objetiva de 50x;
• Medição das diagonais.

2
Figura 2 – Microdurómetro HMV-2000 Shimadzu

3. Posteriormente, realizou-se o ataque químico com H3PO4, estando a reação


ilustrada na figura 3. Este procedimento consistiu na revelação da microestrutura
da peça de alumínio. Devido aos inúmeros contactos com o oxigénio e a idade da
solução química, foram perdidas algumas propriedades deste químico. Então, o
que seria um ensaio de cinco minutos, teve o seu tempo prolongado para o dobro
(10 minutos).

Figura 3 - Reação entre o químico utilizado e a peça de alumínio

4. Através do Microscópio Ótico de Reflexão (figura 4) procedeu-se


à observação da microestrutura da peça de alumínio.

3
Figura 4 - Microscópio Ótico de Reflexão

Resultados e Discussão

Tabela 1 | Dados colhidos através da medição no indentador. (D1 – diagonal 1; D2 –


diagonal 2; HV – dureza de Vickers).
ENSAIOS D1 D2 HV HV(MÉDIA)
1 87.3 91.5 116
2 90.7 91.2 112
3 120.9 117.6 65.2 94.56
4 111.2 117.8 74.6
5 96.9 90.5 105

A determinação da dureza de Vickers foi feita a partir da expressão:


136
2𝐹 𝑠𝑖𝑛( 2 )
𝐻𝑉 =
𝑑2
sendo F a força aplicada (em Newton) e d a média de D1 e D2 para cada ensaio (em mm).

4
140
116 112
120 105
Dureza de vickers, HV
100
74,6
80 65,2
60
40
20
0
0 1 2 3 4 5 6
Ensaio

Gráfico 1 | Dureza de Vickers, HV, obtida para cada ensaio.

Como se pode observar através do gráfico 1, existem dois valores (relativos aos ensaios
3 e 4) que se desviaram dos restantes – uma possível explicação terá sido um
manuseamento inadequado do aparelho, o que levou a que os valores de D1 e D2 fossem
consideravelmente superiores. Consequentemente os valores de dureza de Vickers foram
bastante diferentes dos restantes. No entanto, seria necessário proceder à realização de
mais ensaios de forma a tirar conclusões mais robustas. Ainda assim, os resultados obtidos
foram semelhantes com outros reportados para o alumínio puro – o valor obtido para HV
foi igual a 94.56, em comparação com 97, reportado por Ammar et al. [4], em condições
experimentais semelhantes. Este resultado poderá indicar que a peça utilizada terá poucas
impurezas. Em suma, os resultados dos ensaios foram satisfatórios.

Relativamente ao tratamento químico com ácido fosfórico, o polimento do alumínio


através da lixagem permitiu uma melhor reação com o ácido, uma vez que, após a
lixagem, o metal passa a estar em contacto direto com o ácido, originando melhores
resultados e uma análise mais fidedigna. Observou-se que, ao reagir com ácido fosfórico,
o alumínio foi corroído uniformemente na zona intergranular, resultando numa perda de
refletividade, o que por sua vez facilitou a sua observação ao microscópio.

Conclusões
Apesar dos poucos ensaios, determinou-se que a dureza da amostra de alumínio foi
semelhante à de ensaios documentados na literatura. Por este motivo, infere-se que a
amostra tinha um grau de pureza elevado (pois apresentou um valor de dureza próximo
da do alumínio puro).
O ácido corroeu o alumínio, a nível intergranular, de forma uniforme, evidenciando as
impurezas, que não foram corroídas.

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Referências
[1] Callister, W.D. Materials Science and Engineering – An Introduction. John Wiley &
Sons, Inc. New York, NY. (1991)
[2] Smith, R.L. & Sandland, G.E. ‘An Accurate Method of Determining the Hardness of
Metals, with Particular Reference to Those of a High Degree of Hardness’. Proceedings
of the Institution of Mechanical Engineers, vol I, 623-641. (1922)
[3] Deepa, P., & Padmalatha, R. Corrosion behaviour of 6063 aluminium alloy in acidic
and in alkaline media. Arabian Journal of Chemistry, 10, S2234–S2244.
doi:10.1016/j.arabjc.2013.07.059. (2017)
[4] Ammar, H., Khalil, K., Sherif, E. 'Thermally Stable Nanocrystalline Aluminum
Alloys Processed by Mechanical Alloying and High Frequency Induction Heat Sintering'.
World Academy of Science, Engineering and Technology, Open Science Index 97,
International Journal of Materials and Metallurgical Engineering, 9(1), 154 - 164. (2015)

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