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A venturosa viagem do Explorador de Mapas

Ana Luíza Sathler

Alfenas, MG. 2020.

Este trabalho está licenciado sob uma Licença


Creative Commons Atribuição-NãoComercial-
SemDerivações 4.0 Internacional
Aos que viajam sem mapas, relativizam a Verdade e
perseguem caminhos incertos sob o pretexto de uma
grande aventura. Sábios aos seus próprios olhos, que
desconhecem as trilhas e menosprezam o bom guia.

Mas também àqueles prudentes, que não desprezam


a sabedoria e o ensino. Que zelam pelo
conhecimento, pela prudência e pela instrução.
Para aprender a sabedoria e o ensino; para entender as
palavras de inteligência;
para obter o ensino do bom proceder, a justiça, o juízo e
a equidade;
para dar aos simples prudência e aos jovens,
conhecimento e bom siso.
Ouça o sábio e cresça em prudência; e o instruído
adquira habilidade
para entender provérbios e parábolas, as palavras e
enigmas dos sábios.
O temor do Senhor é o princípio do saber, mas os loucos
desprezam a sabedoria e o ensino.

Provérbios 1:2-7
Os dois viajantes
Não há tanto tempo assim
Em terras próximas daqui
Dois jovens viajantes
Muito bem eu conheci

Eram muito diferentes


No porte e temperamento
Um franzino, outro imponente
Opostos em comportamento

O “Desbravador de Trilhas”
Assim queria ser chamado
Impulsivo e inconsequente
Por aventura apaixonado

O “Explorador de Mapas”
Era bem mais cauteloso
Planejava os seus trajetos
Ponderado e estudioso

Sobre esses dois rapazes


Uma história eu vou contar
Fique atento e aprenda
Muito podem lhe ensinar

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O Desbravador de Trilhas
Guiado por seus instintos
Viajava sem roteiro
Explorava densas selvas
Sem saber seu paradeiro

Caso ele se perdesse


Pediria informação
A qualquer desconhecido
Pra encontrar a direção

“De mapas não necessito


Gosto de me aventurar
Pois se a Terra é redonda
Devo apenas caminhar
Por rota qualquer que seja
Ao destino vou chegar”

Quantos dias levaria


Impossível de saber
Passou por alguns apuros
Por não ter o que comer
E por confiar na sorte
Faltou água pra beber

Tinha fé na própria força


A coragem, sua vanglória
Sem saber o seu percurso
Numa certeza ilusória

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O Explorador de Mapas
Já o outro viajante
Era um rapaz prudente
Um conhecedor de mapas
Detalhista e inteligente

Dominava por completo


Mapas da Ordem Real
Seguidor de indicações
Da estrada oficial

Se algo parecia incerto


Consultava um ancião
Que já havia viajado
Bem naquela direção

Anotava onde os Guias


Poderia encontrar
Caso se equivocasse
Não iria se arriscar

Planejava em segurança
Com mapas a orientar
Calculava o percurso
Pra comida não faltar

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Grande anúncio
“Nasceu meu amado filho”
O bom rei anunciou
Haveria grande festa
Todo o povo se alegrou

Pois era mui generoso


Pelo povo estimado
Conhecida sua bondade
Neste reino governado

Para a festa convidara


Tanto nobres e senhores
Quanto os humildes servos,
Artesãos e agricultores

Recebidos no castelo
Sem que houvesse distinção
Quão feliz o convidado
Desta comemoração

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O convite do Rei
O mais belo dos convites
Pelo Rei foi enviado
Que presente precioso
Ser pra festa convidado

Feito em papel de linho


O mais branco e fino, enfim
Escrito em letras douradas
No envelope carmesim

Expediu aos escolhidos


Com o anel Real selados
Convocando pro banquete
Os seus servos arrolados

Recebidos com alegria


Ó que dádiva aprazível!
E um detalhe importante:
“Pessoal e intransferível”

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A chegada do mensageiro
TOC, TOC, TOC
Quem seria?
Jamais imaginaria
Nem visita, nem carteiro
Mas do Rei um mensageiro

Trouxe a correspondência
Numa simples residência
Do jovem estudioso
Com mapas, habilidoso

Para somar à animação


Mais um para a coleção
Um mapa bem detalhado
Para cada convidado

Traçou sua trajetória


Não uma rota aleatória
Usou o mapa enviado
Pra não chegar atrasado

Pegou melhor vestimenta


Nem um pouco opulenta
Era o moço sem riqueza
Mas iria, com certeza

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Rota infalível
Foi pela estrada certa
Que o Rei pavimentou
Pela rota infalível
Cujo mapa apontou

Se lembrou do que ouvira


De um zeloso ancião:
“No caso de algum percalço
Não se turbe o coração
Nem se encha de temor
Por qualquer situação
Chame a Guarda Real
Que é atenta à petição”

Nesta trilha agradável


Veredas de grande paz
Sobre as pedras no caminho
Foi seguro o bom rapaz
Não o guiou a intuição
Que atitude perspicaz!

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Trilha incerta
Já o outro viajante
Não foi tão agraciado
Mas mesmo sem o convite
Partiu todo animado

Tão certo de sua virtude


Esperteza e valentia
Quando fosse anunciado
Vislumbrava honraria

Guiado pelo instinto


Caminhava para o norte
Ia rumo ao castelo
E à sua própria sorte

Sem buscar por uma estrada


Adentrava em mata densa
Riu-se quando avisado
“Perigoso em chuva intensa”

Poucos se arriscariam
Adotar essa passagem
Foi, pois ele acreditava
Ser tal prova de coragem

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Caminho enganoso
"Isso não está correto
Será que me enganei?
E já estou todo sujo
Nessa chuva me encharquei”

Como era esperado


O provável aconteceu
O moço desnorteado
Numa vila apareceu

Questionou onde estaria


Totalmente envergonhado
Debocharam quando disse
Ser do Rei um convidado

“Com essas roupas?


Tem certeza?
E bem longe tu estás
O castelo é do outro lado
Muito tarde chegarás”

Orgulhoso, retirou-se
Escolheu uma outra via
Ali nunca mais foi visto
Depois dessa zombaria

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O herdeiro
Mesmo não sendo o mais forte
O Explorador chegou
Ao destino esperado
No tempo que imaginou

Adentrando o castelo
O convite apresentou
O vestiram como nobre
E iguarias degustou

“Saúdem Vossa Majestade”


Todo salão se inclinou
Deram glórias de alegria
Quando o Filho apresentou:

“Este é meu filho amado


Sua razão de estar aqui
O herdeiro do Reinado
Que já reina sobre ti”

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Lições graciosas
O Rei, que é Soberano
Exerceu sua vontade
E por graça convocou
Alguns pra solenidade

O percurso a seguir
Ele bem determinou
Estabeleceu caminho
E estradas desenhou

Quem segui-las, certamente


Tendo posse do convite
Chegará à grande festa
De alegrias sem limite

É certo, o caminho existe


Fardo leve a carregar
Diante de muitos motivos
Que há pra se contentar

Não procure por atalhos


Tão cheios de imprecisão
Digo, pois, seja prudente
E ouve a sã instrução

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