Você está na página 1de 5

Cesar School

Disciplina: História do Design 2


Docente: Tatalina Cristina Silva de Oliveira
Discentes: Clara Santana, Luiza Brito e Micaela Krölls

FICHAMENTO DE CITAÇÃO

Referência:

UMA ANÁLISE visual de O Auto da Compadecida: o design de produção na caracterização


do Nordeste. Blucher Design Proceedings, [S. l.], v. 6, n. 4, p. 0-19, 11 nov. 2019. DOI
10.5151/9cidi-congic-6.0059. Disponível em
:https://www.proceedings.blucher.com.br/article-details/uma-anlise-visual-de-o-auto-da-
compadecida-o-design-de-produo-na-caracterizao-do-nordeste-33846. Acesso em: 24
ago. 2022.

“Com o intuito de contribuir para a discussão, realizaremos uma análise visual


de O Auto da Compadecida com atenção aos elementos do design de produção [...]”.
(Eloy, M.R. & Souza, E p. 2655).

“Com isso, evidenciamos como os artefatos de design são utilizados como


informação no universo narrativo do cinema, concebendo o filme como uma articulação
de elementos para criar uma visão de mundo.” (Eloy, M.R. & Souza, E p. 2655).

“O Auto da Compadecida é, em sua essência, uma obra de caráter crítico; as


encrencas em que os personagens principais se envolvem são a principal motivação para
desenrolar da narrativa.” (Eloy, M.R. & Souza, E p. 2655).

“Lançado em 2000 pela Globo Filmes, O Auto da Compadecida, dirigido por


Guel Arraes, foi gravado em Cabaceiras, no sertão da Paraíba. O filme é uma versão
editada para cinema da microssérie produzida e exibida pela Rede Globo em 1999,
dividida em quatro episódios.” (Eloy, M.R. & Souza, E p. 2655).

“Ela é dividida em três atos, com influências de autos medievais e reconhecida


por ter relação forte com elementos populares.” (Eloy, M.R. & Souza, E p. 2655).

“A visualidade do filme pode ser analisada de diversas maneiras. Aqui,


enfatizamos elementos de design de produção: 1) os principais cenários que influenciam
a construção da narrativa, e; 2) a caracterização dos personagens, evidenciando as
relações entre eles e o ambiente com que interagem.” (Eloy, M.R. & Souza, E p. 2656).

Figura 1: Paróquia Matriz Nossa Senhora da Conceição (disponível em mapio.net).

“Embora o exterior da construção seja branco (Figura 1), as cenas internas são,
em sua maioria, escuras. A igreja é palco de uma das cenas mais significativas do filme: o
julgamento. Nela, o altar se torna um céu e uma de suas portas abre espaço para o
inferno.” (Eloy, M.R. & Souza, E p. 2656).

Dado o contexto do texto, as autoras dividem a análise do filme o auto da


Compadecida separando duas vertentes: personagens e cenários. Elas começam
retratando as cenas feitas na igreja, que, como dito na citação feita acima pelas autoras,
são escuras, palco de uma cena muito importante para o desenrolar do filme que é a da
julgamento. Aqui, as autoras analisam que os diretores do filme utilizam da troca de
céu/inferno com um jogo de luz, onde as cenas mais claras retratam o céu e as mais
escuras, na penumbra, as cenas do inferno.
“A padaria divide a fachada com a casa do padeiro e pode ser considerada um
dos ambientes mais desprovidos de cor do filme, sem destaque das casas da cidade.”
(Eloy, M.R. & Souza, E p. 2657).

A segunda cena analisada aqui é a padaria e a casa do padeiro, esta tendo


como característica destaque a falta de cores, talvez para se livrar de uma importância, os
diretores utilizaram da falta de cores ao ser comparada com as outras cenas e cenários do
filme.
“A padaria é visualmente associada aos personagens Chicó e João Grilo, onde
passam a trabalhar e morar, enquanto a casa do padeiro possui cores e objetos
decorativos – é o local onde moram o padeiro Eurico e Dona Dora e reflete seu estilo de
vida. Embora dividam a fachada, a distinção entre os locais caracteriza visualmente a
classe social dos indivíduos associados a eles.” (Eloy, M.R. & Souza, E p. 2658).

Por conseguinte, as autoras passam a analisar os personagens e suas relações,


levando em conta suas características mais marcantes para adequar a sua produção, ou
seja, querendo coletar visualmente o design de produção do filme. Os primeiros
personagens que chamam a atenção são, claro, os mais cativantes e protagonistas: João
Grilo e Chicó.

“Visualmente, os dois personagens são semelhantes: usam roupas gastas e


desprovidas de cor ou adereços.” (Eloy, M.R. & Souza, E p. 2658).

Novamente as autoras relembram a falta de cores nos personagens principais


e em tudo que os envolve, como a padaria, que foi associada à moradia dos dois rapazes.
Por terem condições sociais desfavoráveis e inferiores ao restante dos outros
personagens, ambos possuem poucas variações em seus figurinos, como bem retrata as
autoras na colocação abaixo.

“Em ambientes externos, usam chapéus; é uma das poucas variações no seu
figurino, que não podem se dar ao luxo de ter peças diferentes.” (Eloy, M.R. & Souza, E p.
2658).
“Chicó é conhecido por suas mentiras, traduzidas no filme por meio de
intervenções gráficas de cenários que remetem aos desenhos tradicionais dos cordéis,
inclusive pouco coloridos.” (Eloy, M.R. & Souza, E p. 2658).
É trazido como elemento característico do filme também a interação dos
personagens com o cenário, tendo uma grande variação de cores e elementos gráficos à
medida que a história é contada.

“Essa capacidade camaleônica desaparece quando são postos em outro local:


na casa do padeiro, por exemplo, Chicó e João Grilo tornam-se corpos estranhos na
composição.” (Eloy, M.R. & Souza, E p. 2659).

“O relacionamento conturbado caracteriza Eurico e Dona Dora, os donos da


padaria. Em contraste com Chicó e João Grilo, desprovidos cor e acessórios, os
empregadores, além de mais coloridos, têm roupas mais limpas e intactas, sem os sinais
de uso que vemos em outros personagens”. (Eloy, M.R. & Souza, E p. 2660).

“Dona Dora é a personagem que detém as cores em boa parte do filme: além
das roupas com estampas, sua marca registrada é o batom vermelho, que reflete a luxúria
característica da personagem, conhecida por cometer adultério”. (Eloy, M.R. & Souza, E p.
2661).

Os personagens de Eurico e Dona Dora são retratados com muitas cores e


roupas mais limpas e arrumadas, isto por causa do fato de que possuem melhores
condições de vida do que os protagonistas; João Grilo e Chicó. Seguindo a linha dos
personagens, as autoras analisam em seguida o Padre e o Bispo.

“O padre João veste apenas a batina, porém sua ganância é mostrada no plano
em que está sentado atrás à mesa com o dinheiro arrecadado com a exibição da Paixão
de Cristo.” (Eloy, M.R. & Souza, E p. 2661).

“De maneira semelhante, no plano em que o Bispo é apresentado, o foco está


em seu anel dourado, uma joia opulenta e símbolo de seu cargo. Logo, vemos que o Bispo
não difere do padre.” (Eloy, M.R. & Souza, E p. 2662).

“O Diabo é representado como um personagem de caráter dúbio, através de


duas expressões visuais.” (Eloy, M.R. & Souza, E p. 2663).

“Ele traja uma armadura prateada que cintila, associando-o ao papel de


soldado, em que age como o promotor da justiça, defendendo que se posiciona ao lado
da lei.” (Eloy, M.R. & Souza, E p. 2663).
“Jesus Cristo surge através de uma sobreposição da imagem do altar da igreja
para o personagem, cercado de anjos”. (Eloy, M.R. & Souza, E p. 2664).

“Entretanto, o Jesus diferencia-se da imagem por ser negro, fugindo ao padrão


na igreja que a figura reproduz. Tem as mãos marcadas por feridas e usa a coroa de
espinhos”. (Eloy, M.R. & Souza, E p. 2664).

“Por último, a compadecida traja o manto tradicional e a coroa sobre a cabeça.


Nas roupas, o vermelho se sobressai, composto por bordados e tecidos que remetem à
cultura regional, dando à personagem um ar familiar e acolhedor.” (Eloy, M.R. & Souza, E
p. 2664).

“Por meio da análise, mostramos que os elementos de design de produção


estão imbricados com os outros aspectos visuais”. (Eloy, M.R. & Souza, E p. 2665).

“Há aspectos de design a serem discutidos na comunicação visual do cinema


digital e buscamos colaborar pensando o filme como um modo de criar discursos de
maneira intencional”. (Eloy, M.R. & Souza, E p. 2665).

Palavras-chave: análise visual, cinema, design de produção, nordeste,

Você também pode gostar