Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo
Introdução
A citação acima nos esclarece uma premissa básica da imagem fotográfica. Falar em fotografia é
falar em memória, pois são registros “da aparência dos cenários, personagens, objetos, fatos;
documentando vivos ou mortos, é sempre memória daquele preciso tema, num dado instante de sua
1
Trabalho apresentado no GT História das Mídias Audiovisuais, integrante do XIV Encontro Nacional de História da Mídia.
2
Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Mídia e Cotidiano (2023) na Universidade Federal Fluminense
(UFF). Mestre em Ciências Sociais e graduado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Campina Grande
(UFCG). E-mail: aeltonjuniormelo@gmail.com
existência/ocorrência” (KOSSOY, 2007, p. 131). E é pensando na fotografia enquanto registro do
“mundo”, que pensaremos, aqui, a imagem e sua relação com a criação e/ou manutenção de
imaginários.
De tal modo, nesta pesquisa iremos trabalhar com o que chamaremos de “fotos de elenco” de
produtos culturais audiovisuais. Fotos essas que são lançadas nas mídias antes do lançamento do
filme, da novela, do seriado etc. Elas são um vislumbre do que virá, uma tentativa de acomodar o
olhar ao novo, na tentativa de começar a narrativa antes mesmo dela ser apresentada.
Essas fotografias, costumam trazer atores/atrizes emprestando seus corpos aos personagens que
estão interpretando no material audiovisual. As fotos podem ser um corte do material gravado, um
frame estático, ou, normalmente, o elenco posando em estúdio fotográfico. E uma das vastas
utilidades, dessas fotos, é tentar contar através de elementos visuais características da narrativa
daquele personagem. A forma de estar em cena, as vestimentas utilizadas, os objetos que compõem
o cenário ou que interagem com o ator, e tantos outros elementos simbólicos, são pontos que podem
ajudar a contar antecipadamente a narrativa.
São variados os formatos de “fotos de elenco”, mas o que atentaremos nesta pesquisa, é para a
questão do imaginário e do simbólico (SANTAELLA e NOTH, 1998) na construção de sentidos
sobre o feminino através dessas fotos, aliás recortando melhor a temática, nos debruçamos sobre as
representações de “ser mulher” que possivelmente estão impressas em fotografias de elenco. Como
recorte de pesquisa, escolhemos três fotografias de três personagens da narrativa seriada Rensga
Hits, lançada em 2022 pela plataforma de streaming Globoplay.
As imagens escolhidas, apresentam as atrizes interpretando suas personagens, posando em
estúdio de fundo neutro, e trazendo em seus corpos características simbólicas diversas que
representam imaginários e induzem a determinados sentidos, colaborando, assim, para o que alguns
pesquisadores de gênero chamam de performances de “ser mulher” (FIRMINO e PORCHAT, 2017;
BUTLER, 2018; BEAUVOIR, 1949). Assim, as poses, as vestimentas, a atuação, e os objetos em
cena, por exemplo, carregam imaginários discursivos sobre que tipo de mulheres buscou-se
representar com nessas personagens.
Desta forma, o questionamento central que irá orientar nosso debate é o seguinte: quais os
imaginários simbólicos e discursivos, sobre formas de “ser mulher”, são possivelmente acionados
para a construção de sentidos narrativo-imagéticos, sobre o feminino, nas fotografias de elenco da
série Rensga Hits?
Com tal observação, podemos compreender, então, que esses dois domínios conceituam o que se
entende por signo, que é a representação de algo. E é nesse estudo das representações visuais
(materiais) e mentais (imateriais) que se encontra os estudos da semiótica, logo o conceito de
representação é conceito-chave nos estudos das imagens.
Sobre a semiótica a seguinte citação abaixo, de Umberto Eco, nos é sucinta e até curiosa, pois,
foi posta por Santaella e Noth (1998) no capítulo em que articulam sobre como as imagens podem
“mentir”:
A semiótica se refere a tudo que pode ser considerado como um signo. Um signo é
tudo que pode ser tomado como substituto significante de algo mais. Este algo mais
não tem que necessariamente existir ou verdadeiramente estar em algum lugar no
momento em que um signo o substitui. Assim, a semiótica é em princípio a disciplina
que estuda tudo que pode ser utilizado com o objetivo de mentir. Se algo não pode ser
usado para mentir, inversamente, não pode ser utilizado para dizer a verdade: não
pode ser utilizado, de fato, para dizer nada. (ECO apud. SANTAELLA e NOTH,
1998, p. 195)
Voltando a falar sobre o conceito de “representação”, diferentes estudos e autores vão vir a
conceituar sob diferentes perspectivas. Mas a seguinte passagem do livro dos autores supracitados,
nos parece uma boa definição:
Trazendo Foucault ao debate, compreende-se sobre signos, que estes não se “encontram mais no
próprio sistema dos signos, mas ‘no exterior da representação, além da sua aparição imediata, num
tipo de mundo anterior, mais profundo e denso que ele mesmo’ (Foucault 1966: 252)”
(SANTAELLA e NOTH, 1998, p. 24).
Com esse breve desenvolvimento, talvez seja possível dizer que quando se produz narrativas
através das imagens, a produção de imaginários está de modo “retroalimentar”, ou melhor dizendo,
quem produz a narrativa ou fotografia está desenvolvendo imaginários e o faz sob determinadas
cargas simbólicas e imaginárias anteriores que já circulam na sociedade.
As representações correspondem aos sistemas de valores e ideias que se cristalizaram no
ambiente social de determinadas épocas (MOTTA, 2013). E compreender as narrativas, a histórias
que estão sendo contadas é, também, compreender como nós humanos criamos representações do
nosso mundo. E pensando nas imagens, o funcionamento é equivalente, ou seja, “as fontes
iconográficas (...) carregam em si informações sobre certos fatos e sobre a mentalidade de uma
época” (KOSSOY, 2007, p. 104), bem como desenvolvem novas informações.
Então, quando olhamos para as “fotos de elenco”, elas podem funcionar como signos na intenção
de representar algo? Bom, essas fotos exalam sentidos! As imagens que foram registradas, por
maquinário fotográfico, estão compostas de signos, e estes por sua vez possuem sentidos e
imaginários, como também são compostos por tantos outros imaginários.
O imaginário é, sem dúvida, o registro que mais proximamente se localiza dos
problemas da imagem. Esse é basicamente o registro psíquico correspondente ao ego
(ao eu) do sujeito, cujo investimento libidinal foi denominado por Freud de
narcisismo. (SANTAELLA e NOTH, 1998, p. 188)
Logo, podemos compreender que as “fotos de elenco”, narram para nós determinados
significados de mundo, e nós só os percebemos, os compreendemos e temos um processo de
comunicação sem aparentes falhas, pois, somos capazes de compreender o sentido das
representações que estão sendo postas.
Trazendo os postulados de Lacan – feitos a partir de uma leituras das obras de Freud –, do que
seriam as estruturas do funcionamento da psique humana: o real, o imaginário e o simbólico,
Santaella e Noth (1998), realizam um paralelo comparativo entre esses três conceitos com os “três
paradigmas da imagem”: A) o paradigma pré-fotográfico (que se refere as imagens artesanais, como
a pintura); B) o paradigma fotográfico (que é conexão entre a imagem do objeto e o objeto “real”);
C) o paradigma pós-fotográfico (imagens sintéticas, elaboradas com algoritmos em computador).
De forma extremamente sucinta, podemos apontar que o imaginário, é a percepção mental do
mundo, os sentidos desenvolvidos pelo “eu”. No universo da fotografia, o imaginário estaria para o
paradigma pré-fotográfico.
Não há imagens como representações visuais que não tenham surgido de imagens na
mente daqueles que as produziram, do mesmo modo que não há imagens mentais que
não tenham alguma origem no mundo concreto dos objetos visuais. (SANTAELLA e
NOTH, 1998, p. 15)
O Real não é necessariamente o que conhecemos por “realidade”, “o real lacaniano mais
propriamente emerge como aquilo que do imaginário inevitavelmente sobra como resto e que o
simbólico é impotente para capturar” (SANTAELLA e NOTH, 1998, p. 190). Logo “o real é o
impossível, impossível de ser simbolizado, sendo impermeável ao sujeito do desejo pela o qual a
realidade é inteiramente fantasmática” (SANTAELLA e NOTH, 1998, p. 190). Logo o paradigma
fotográfico está para o conceito lacaniano de “real”.
A fotografia, então, somente realiza um corte, uma fatia do tempo-espaço que buscou capturar e
representar, é um olhar sobre o social, visto pelos olhos de um sujeito que o enquadrado através de
um aparelho maquinário fotográfico.
A foto aparece dessa maneira, no sentido forte como uma fatia, uma fatia única e
singular de espaço-tempo, literalmente cortada ao vivo. (...). Quanto mais um aparelho
ou máquina se aperfeiçoa no registro mimético dos objetos e situações, mais evidente
se torna sua impossibilidade de ser igual àquilo que registra. (...) A febre da vida não
cabe em imagens. Sob as vestes da imagem, algo cai. Esse algo é o real, que resiste na
sua irredutibilidade (ver Santaella 1996a: 180). (SANTAELLA e NOTH, 1998, p.
191)
E por fim o paradigma pós-fotográfico está para o simbólico. Pois é a imagem sendo
representada por uma outra coisa que não é de fato uma captura recortada do real, mas uma
simbologia que possui sentido. Podemos dizer, então, que o “real” é inominável, impossível de
capturar em essência. Logo, há sempre uma forma de simbolizar esse “real”, e no processo de
produção de sentido, de crença que a simbolização do “real” que está a questão do imaginário.
As fotos em análise
Como já dito, nosso objeto de estudo, são fotografias de três personagens do seriado Rensga
Hits, lançado na plataforma de streaming Globoplay em 2022, fotos nas quais as personagens
representam três tipos distintos de performances do feminino. E como mencionado na introdução de
nosso debate, essas representações do feminino conduzem o entender três formas de “ser mulher”.
Mas o que queremos dizer com essa expressão?
Dentro dos debates feministas, compreende-se que “ser mulher” é uma construção social, como
dirá Simone de Beauvoir em seu livro “O Segundo Sexo” (1949), essa construção é feita através do
discurso. Beauvoir ganha notoriedade na “segunda onda feminista”, ao debater as categorias de
sexo e gênero, como fatores não naturais, compreendendo-os como construções socioculturais.
Logo, “ser mulher” é ter-se tornado “mulher”, o que não é necessariamente uma questão de
escolha/livre arbítrio, mas sim uma questão de normas e construções sociais impostas – maneiras de
falar, de se vestir, quem ou o que devesse desejar etc. Logo até poder-se-ia escapar “do
determinismo biológico, mas não da compulsão cultural que utiliza o sexo como referência”
(FIRMINO e PORCHAT, 2017, p. 06).
Judith Butler, avançando o pensamento de Beauvoir, compreenderá que não é a anatomia do
corpo que define o seu gênero, apesar dos traços anatômicos pré-estabelecerem a separação de
gêneros (WARMLING, 2020). Mas compreenderá que o gênero diz respeito às performances de
gênero. O gênero é performativo, pois, há regimes que regulam as diferenças de gênero. Logo, o
indivíduo que foge dessas “regras”, ou seja, que não se encaixa nas normas de masculinidade e
feminilidade, sofreram represálias sociais (BUTLER, 2018).
Mas, e a mídia onde entra nessa questão em nosso estudo? É justamente na problemática sobre
“representação” através da imagem, ou melhor, nosso estudo debruça-se em discutir sobre o
simbólico e sobre o imaginário nas fotografias que de algum modo registram e representam
determinadas construções sociais sobre o gênero feminino.
E a imagem (seja estática ou em movimento) colabora no processo de circulação das construções
sociais de gênero, “divulgando” determinadas performatividades de “ser mulher”, que podem ser
bastante conservadoras ou emancipatórias, tudo vai depender do quem domina a circulação da
informação, ou no caso de quem domina a narrativa (MOTTA, 2013).
Sem mais tantas delongas teóricas e conceituais, por hora já podemos mergulhar
metodologicamente, de forma descritiva e analítica, em nosso objeto de estudo. Abaixo, estão em
conjunto as três fotografias de elenco que escolhemos para desenvolver o presente estudo:
Imagem 01 – Fotos de elenco
Na imagem acima, há em texto somente a marca do seriado e marca que regista tal produto como
“Original Globoplay”, não há qualquer menção ao tipo de mulher que estão sendo representadas,
mas já é possível perceber sentidos a partir dos imaginários que constroem “representações” na
forma que as atrizes estão vestidas, posicionadas, como se expressão, e com o que interagem.
Voltando para Imagem 01, a primeira foto é da personagem Rayssa. Vemos na fotografia, uma
mulher posicionada de frente, segurando um violão e trazendo em suas vestimentas características
simbólicas que remetem ao universo da música country americana, como as botas de couro e a
camisa xadrez, porém, em um contexto brasileiro tais acessórios de vestimenta, são associados ao
universo da música sertaneja – tais vestimentas em outro contexto narrativo poderiam obter o
sentido de festa junina da cultura nordestina brasileira, mas que não vem a ser o caso em nosso
objeto de análise. Logo os imaginários sobre tais elementos visuais, podem nos fazem acessar o
sentido de que se trata de uma jovem cantora, e por estar em um posicionamento corporal menos
posado, quase como se estivesse desajeitada em frente a câmera que lhe fotografa, com os cabelos
soltos sem forma, o sentido possível, que nos passa, é o de que ela é uma cantora em aspiração, que
ainda não se adequou ao universo de estrelato.
A segunda fotografia, na Imagem 01, é a personagem Glaúcia. Aqui já é possível observar uma
outra forma de performance do feminino. Posando de forma imponente, confiante, o sentido que ela
3
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=KYA4W0ezz_E Acesso em: 19/04/2023
exala é o de ser uma mulher forte que sabe as capacidades que tem, mas que é, também, uma
mulher “tipicamente feminina”, que possivelmente já está acostumada a fama, que sabe chamar
atenção através de sua beleza física e de suas vestimentas que esbanjam brilho. Seu largo sorriso
mostrando os dentes, nos convida a ficar hipnotizados pelo que ela tem a mostrar. Glaúcia é sexy, na
foto sua silhueta é demarcada pela pose que a atriz faz, ela marca a cintura com as mãos, seu
vestido curto também complementa esse sentido, ao dar destaque para as pernas e calçando um salto
alto plataforma. É possível diz que sua narrativa é efetivamente contada através da imagem.
A terceira fotografia, temos a personagem Thamyres. Por ser um corpo de uma mulher negra,
inúmeros imaginários políticos e sociais já a circundam, representando assim uma outra
performatividade de gênero mulher. Sua pose e expressividade, nos remete o sentido de ser uma
mulher muito sisuda, que sabe muito bem o lugar que ocupa. Seus braços levemente abertos, podem
nos passar a ideia de “presença de palco”, algo como imponência.
Falando sobre a mulher negra no audiovisual, CANDIDO (2019) cataloga em sua pesquisa sete
tipos de representações de mulheres negra no cinema brasileiro: (1) mulata; (2) favelada; (3) crente;
(4) trombadinha; (5) revoltada ou militante; (6) empregada; e, (7) batalhadora.
Os sete estereótipos listados até agora, quando ponderados apenas do ponto de vista
das questões raciais, apresentam a regularidade do que Stuart Hall (1997) chamou de
“regime racializado de representação”, que consiste na repetição de imagens que
atribuem significados aos grupos em virtude de sua raça. (CANDIDO, 2019, p. 09)
Esses estereótipos não aparecem necessariamente isolados, por vezes alguns personagens podem
apresentar mais de um ponto. E com base na pesquisa da autora supracitada, conseguimos
identificar na narrativa da personagem Thamyres, as categorias 5 e 7 (militante e batalhadora). Pois,
em sua trama há narrativas de revolta contra situações opressoras, com forte apelo político-social, o
que por vezes ativa o imaginário da mulher preta raivosa ou temperamental. Já o estereótipo de
mulher batalhadora, aparece na personagem juntamente com o ponto 5, ao reivindicar seus direitos
enquanto mulher, ela também se mostra uma mulher que busca construir uma carreira, que enfrenta
as adversidades cotidianas.
Será que podemos identificar, também, esses estereótipos na pré-narrativa proporcionada pela
“foto de elenco”? Acreditamos que sim, ao olharmos para a foto, o que se destaca é sua expressão
sisuda, sua postura confiante, sendo possível lhe reconhecer como uma mulher batalhadora.
Voltando a análise dos elementos da fotografia da personagem Thamyres, a vemos segurando um
microfone, que automaticamente é possível a reconhecer como uma cantora. Ela veste um macacão
brilhante, que acrescenta ainda mais imponência à sua iconicidade, e que apesar do decote no busto,
ela é a única das três que está de calças, talvez numa ideia de que como artista a sua voz deve ser o
grande foco.
Assim, quando tomamos os corpos das três personagens que escolhemos para análise, não
estamos somente observando aos seus corpos físicos enquanto matéria, mas, também, os corpos
femininos enquanto “corpos imaginados”, no sentindo de corpo publicado. Desse modo, há
intensões de mensagens e sentidos com a iconografia dessas personagens. Logo publica-se, a partir
destes corpos, imaginários sobre o feminino, reforça-se determinadas construções sociais,
determinados sentidos e imaginários sobre representações de “ser mulher”, ou seja, formas
performáticas do feminino se apresentar em sociedade.
As imagens que escolhemos para o debate, possuem elementos simbólicos que exalam sentidos
discursivos, bem como representam imaginários, mas, só fazem sentido uma vez que estamos em
uma realidade contemporânea ocidental, em que tais elementos podem ser lidos de tal forma.
Possivelmente, em uma outra conjuntura temporal ou espacial, os sentidos das imagens podem vir a
serem outros, pois os sentidos são mutáveis, bem como os imaginários, não estão cristalizados de
forma permanente. Pois, “os estereótipos são práticas de representação e, portanto, adquirem
sentido no interior dos contextos culturais, sociais e políticos em que são produzidos” (CANDIDO,
2019, p. 02).
As vestimentas, os objetos, as poses e expressões das atrizes, são os principais pontos simbólicos
que carregam sentidos e imaginários das imagens escolhidas para estudo, que por sua vez narram
algo para quem ver as imagens. Mas essa narração não é única e exclusiva da imagem, a narrativa é
completada pelo receptor que está, a partir de suas “cargas de mundo”, dando sentido a imagem ou
mesmo validando os sentidos que buscou-se representar imageticamente. Logo sem haver um
receptor que reconheça o que está sendo representado, a narrativa não faria sentido e haveria uma
falha de comunicação.
Conclusão
Iniciamos a pesquisa, nos concentramos em introduzir o objeto de estudo que são as "fotos de
elenco", especificamente as fotografias de três personagens da série Rensga Hits (Globoplay -
2022). Após estabelecermos o significado dessas fotografias e sua regular utilidade para narrativas
audiovisuais de massa, buscamos explanar, de forma concisa, alguns conceitos que fundamentaram
nosso debate, principalmente a questão sobre o simbólico e imaginário. Nesse sentido, recorremos
ao livro "Imagem, Cognição, Semiótica, Mídia" (1998) de Santaella e Noth, no qual são abordados
os principais conceitos, autores e temas relacionados aos estudos das imagens.
Posteriormente, ao aprofundarmos a explanação sobre os objetos em análise, levantamos
hipóteses e questionamentos, porém, sem realizar uma análise aprofundada dos pontos levantados.
Isso se deve ao fato de não termos explorado a fundo as conexões entre a pré-narrativa fotográfica,
a narrativa completa do material audiovisual e a efetivação dos diversos significados que as
narrativas e representações, sobre o feminino, da série podem oferecer.
Dessa forma, podemos encerrar nosso debate destacando como a imagem carrega imaginários,
sentidos e nos contam narrativas sem necessariamente depender de complementos textuais, pois, as
diversas simbologias dos elementos que compõem as fotografias, já nos transmitem informações
sobre o que está sendo retratado. Estudar esses elementos (símbolos, imaginários, sentidos e
possíveis narrativas) nos permite compreender em que circunstâncias o meio social está organizado,
afinal, o cotidiano atual é repleto de imagens (SANTAELLA e NOTH, 1998).
Assim, nessa pesquisa, buscamos realizar reflexões analíticas iniciais sobre os objetos de estudo
escolhidos. Cabendo, a posteriore, um maior aprofundamento nas questões que envolvem a
produção, a circulação e a forma interpretativa da audiência, afim de verificar como a narrativa e as
representações femininas da série são articuladas, e como os sentidos propostos pela produção são
efetivamente ativados.
Referências:
MOTTA, Luiz Gonzaga. Análise crítica da narrativa. Brasília: Editora UnB, 2013.
SANTAELLA, Lucia; NÖTH, Winfried. Imagem: cognição, semiótica, mídia. Iluminuras, 1998.
WARMLING, Diego Luiz. Butler leitora de Beauvoir: o gênero como ato performativo. Griot:
Revista de Filosofia, v. 20, n. 3, p. 16-38, 2020.