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O ÂNGULO DE ELEVAÇÃO DO SOL E A ENERGIA SOLAR
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Antonio da Silva Gomes Júnior , José Paulo Rodrigues da Silveira, Thatiane de Almeida Oliveira,
Eugenia Brunilda Opazo Uribe
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campus de Três Lagoas. E‐mail: antonio_3lagoas@hotmail.com.
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Bolsista do Grupo PET Conexões de Saberes – Matemática/CPTL/UFMS
RESUMO
O trabalho apresenta resultados de um estudo sobre o texto “A Geometria do Globo Terrestre”
que foi desenvolvido como parte das atividades do projeto Grupos de Estudo em Ensino de
Matemática, vinculado às disciplinas de Prática de Ensino de Matemática, com o objetivo de
entender o conceito de ângulo de elevação do Sol e sua relação com a intensidade relativa solar,
como aplicações de conceitos de Geometria e Trigonometria. Foram estudados alguns conceitos
geográficos importantes para o desenvolvimento do trabalho, bem como a leitura de mapas. Em
seguida, foram determinados o ângulo de elevação do Sol e a intensidade relativa do Sol nos dias
de Equinócios e de Solstícios, reproduzindo primeiro os dados apresentados pelo autor do texto e
em seguida foram determinados dados de outras cidades de diferentes latitudes, para estabelecer
comparações.
Palavras‐chave: Ângulo de Elevação do Sol, Intensidade relativa do Sol, Ensino de Matemática
INTRODUÇÃO
O trabalho apresenta resultados de um estudo sobre o texto “A Geometria do Globo
Terrestre” produzido para a II Bienal de Matemática e que foi disponibilizado para utilização em
nível de Iniciação Científica. O texto é desenvolvido em 6 capítulos e explora segundo o seu autor
“a geometria da esfera que encontra na Geografia uma natural contextualização por meio do
estudo do globo terrestre e dos vários assuntos a ele relacionados” (Alves, 2009). Este trabalho foi
desenvolvido como parte das atividades do projeto Grupos de Estudo em Ensino de Matemática,
que busca desenvolver conteúdos de Matemática do Ensino Básico, complementados por
aplicações e exemplos motivadores e está vinculado às disciplinas de Prática de Ensino de
Matemática. O objetivo do presente trabalho é entender os conceitos de ângulo de elevação e
intensidade relativa solar e a relação existente entre eles, como aplicações de alguns conceitos de
Geometria e Trigonometria.
Para desenvolver o presente trabalho houve a necessidade de desenvolver um trabalho
teórico, fazendo uma revisão de vários conceitos de Geometria, como por exemplo, a superfície
esférica e seus elementos, posições relativas de um plano em relação a uma superfície esférica,
bem como posições relativas de uma reta em relação a uma superfície esférica e posições relativas
entre duas superfícies esféricas (Gerônimo, 2010). Em seguida, foram estudados com bastante
atenção alguns conceitos de Geografia, necessários ao desenvolvimento do trabalho, como as
METODOLOGIA
O trabalho é resultado de uma pesquisa teórica desenvolvido em grupo como parte das
atividades do projeto Grupos de Estudo em Ensino de Matemática, vinculado às disciplinas de
Prática de Ensino de Matemática. O trabalho incluiu uma etapa de leitura e discussão do texto,
divisão dos tópicos, desenvolvimento das atividades propostas e a tabulação dos resultados
obtidos. Foi realizada uma atividade experimental no Laboratório de Ensino de Matemática do
Campus de Três Lagoas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. O estudo e as atividades
desenvolvidas foram avaliados através da apresentação de seminários de discussão.
RESULTADOS
Desenvolvimento Teórico
Em primeiro lugar foi necessário fazer a leitura e discussão do texto de Alves (2009), para
entender os conceitos de ângulo de elevação e sua relação com a intensidade relativa solar. Para
isto, consideraremos uma circunferência C, um ponto P do globo terrestre representando uma
localidade qualquer e uma reta t tangente a C em P. O ângulo de elevação ao meio‐dia solar em P,
será o menor ângulo formado pelos raios solares e pela reta t, como representado na figura 1.
Figura 1. Ângulo de Elevação do Sol Alves (2009).
Estamos interessados em calcular a intensidade relativa solar que alcança a superfície da
Terra, para isto precisamos do conceito apresentado por Alves (2009) e, entenderemos
intensidade relativa como a razão da intensidade de radiação solar incidente na superfície pela
intensidade de radiação se os raios incidissem perpendicularmente à superfície (ângulo de
elevação igual a 90 ). Quanto mais próximo de 90 a medida deste ângulo estiver, maior a
intensidade da radiação solar.
Esta situação pode ser representada através de uma atividade experimental sugerida por
(Alves, 2009), que foi reproduzida pelos autores no Laboratório de Ensino de Matemática e que é
facilmente reproduzível em sala de aula, utilizando duas folhas de papel e uma lanterna. Esta
atividade oferece um bom modelo para quantificar a relação entre a medida do ângulo de
elevação do Sol e a intensidade relativa da radiação solar recebida por uma cidade particular. Em
primeiro lugar, escurecemos o local e acendemos uma lanterna sobre um papel branco A e em
seguida sobre um papel branco B, como indicado na figura 2. Como resultado, observamos através
da sombra que B projeta em A, que ao inclinarmos o papel B, diminui a sombra mostrando que a
quantidade de luz que incide sobre B também diminui. A quantidade de energia luminosa recebida
pelo papel inclinado é a mesma recebida por C, que é paralelo a A. Neste modelo, o papel
representa uma área da Terra e o ângulo do papel representa o ângulo de elevação do Sol.
Figura 2. Modelo experimental para quantificar a relação entre a medida do ângulo de elevação do
Sol e a intensidade relativa solar (Alves, 2009).
A figura 3 apresenta uma ilustração da visão lateral do modelo experimental. De esquerda
para direita, mostra como diminui a energia luminosa recebida pelo papel a medida que o ângulo
de elevação do Sol (α) é reduzido.
Figura 3. Ilustração da visão lateral do modelo experimental (Alves, 2009).
Considerando o triângulo retângulo da figura 3, observamos que podemos obter uma
medida da intensidade relativa da luz solar, através da razão entre o comprimento de C e o
comprimento de B, que representa sen . Se o comprimento de B é tomado como 1, então
sen C 1 C . Por exemplo, se B é perpendicular à direção da luz solar, isto é, 90 , a
O Ângulo de Elevação do Sol e a Intensidade Relativa Solar nos Equinócios
Determinaremos a medida do ângulo de elevação do Sol ao meio‐dia solar, isto é, o
momento em que o Sol está mais alto no céu, nos dias de equinócios de primavera e outono, para,
com estes dados, obter a intensidade relativa solar. Em primeiro lugar reproduzimos os resultados
apresentados por Alves (2009) para a cidade de Porto Alegre e em seguida, efetuamos o mesmo
desenvolvimento para obter e apresentar resultados para outras cidades, de diferentes latitudes
mostrando a variação dos valores obtidos tanto para o ângulo de elevação como para a
intensidade relativa solar.
Consideremos a cidade de Porto Alegre localizada a 30° de latitude sul e representada na
figura 4 pelo ponto P. Nesta mesma figura, a reta PB é tangente a Terra no ponto P e o ponto O
representa o centro da Terra. Observamos que m(BOP) m(APC ) 30 , pois as retas AP e
BO são paralelas aos raios solares. Logo m(APB) 60 , considerando que m(BPC ) 90 .
Assim, o ângulo de elevação do Sol ao meio‐dia solar, durante os equinócios de primavera e
outono, na cidade de Porto Alegre mede 60°, o mesmo acontece com outras cidades que tenham
a mesma latitude. Como vimos anteriormente, a intensidade relativa da radiação solar será dada
por sen60 , isto é, aproximadamente 0,8660, indicando que a intensidade de Sol em Porto Alegre
nos dias de equinócios é aproximadamente 86% da que seria se os raios solares incidissem
perpendicularmente à superfície.
Figura 4 ‐ Representação do ângulo de elevação do Sol para a cidade de Porto Alegre nos
Equinócios (Alves 2009).
Analogamente, podemos calcular a intensidade relativa da radiação solar que incide em
qualquer cidade cuja latitude seja conhecida. Com a utilização de mapas obtivemos dados
aproximados de latitude de algumas cidades, para as quais foi calculada a intensidade relativa da
radiação solar ao meio‐dia solar nos dias de equinócios. Foram escolhidas cidades de diferentes
latitudes, para observar as variações dos valores obtidos, os resultados são apresentados na tabela
1. Por exemplo, a cidade de Três Lagoas em Mato Grosso do Sul (Brasil), está localizada a 20° de
latitude sul. Portanto, o ângulo de elevação do Sol ao meio‐dia solar nos dias de equinócios mede
90 20 70 . Indicando que a intensidade relativa da radiação solar que a cidade recebe nesses
dias, é aproximadamente de 94%. Observamos que a cidade de João Pessoa no Brasil ( 07 S) tem
a maior intensidade relativa solar, aproximadamente 99%, enquanto a cidade de Nuuk na
Groenlândia de latitude 64 N, tem a menor intensidade relativa solar, aproximadamente 44%.
Tabela 1. Ângulo de Elevação do Sol e Intensidade Relativa Solar nos Equinócios
Cidade Latitude Ângulo de Elevação do Sol Intensidade Relativa
Três Lagoas 20 S 70 S 0.9397
João Pessoa 07 S 83 S 0.9925
Ushuaia 54 S 36 S 0.5878
Nuuk 64 N 26 N 0,4384
O Ângulo de Elevação do Sol e a Intensidade Relativa Solar nos Solstícios
Agora iremos calcular a medida do ângulo de elevação do Sol ao meio‐dia solar nos dias de
solstício do mês de junho. Nesse dia os raios solares incidem perpendicularmente sobre o Trópico
de Câncer, aproximadamente a 23°30’ N de latitude.
Em primeiro lugar, foram reproduzidos os dados apresentados por Alves (2009) para as
cidades de Cleveland e Porto Alegre. Em seguida, apresentamos resultados para outras cidades,
como no caso dos equinócios. A figura 5 (esquerda) mostra o ângulo de elevação do Sol em
Cleveland, localizada a 41 N e representada pelo ponto P. A reta PB é tangente a Terra em P, O
representa o centro da Terra. Como AP e BO são paralelas aos raios solares, temos que
m(APC ) m(BOP) m(EOP) m(EOB) 41 23 30´ 17 30´ .
Figura 5 ‐ Representação do ângulo de elevação do Sol para as cidades de Cleveland e Porto
Alegre, respectivamente, no solstício de junho (Alves 2009).
Como BPC 90 , segue que APB , que é o ângulo de elevação do Sol ao meio‐dia
solar, tem medida 90 1730´ 7230´ . Assim, Cleveland e outras cidades localizadas a 41° de
latitude norte recebem o maior brilho solar direto do ano durante o dia de solstício de junho,
quando o ângulo de elevação do Sol mede 72°30’ ao meio‐dia solar, indicando que Cleveland
recebe cerca de 95% da radiação solar que incidiria se o ângulo fosse de 90° ao meio‐dia
no solstício de junho.
De maneira análoga, utilizando a figura 5 (direita), podemos reproduzir o desenvolvimento
para o caso da cidade de Porto Alegre; obtemos que
m(BOP) m(EOP) m(EOB) 30 23 30´ 53 30´ , assim m(APC ) 53 30´ , portanto o
ângulo de elevação do Sol ao meio‐dia solar mede 36 30´ . Assim, Porto Alegre recebe o menor
brilho solar direto do ano durante o dia de solstício de junho, quando o ângulo de elevação do Sol
mede 36 30´ , indicando que Porto Alegre recebe cerca de 59% da radiação solar que incidiria se o
ângulo fosse de 90 ao meio‐dia no solstício de junho.
Seguindo o mesmo raciocínio, determinamos estes mesmos dados para as cidades
consideradas anteriormente no caso dos equinócios, os resultados estão registrados na tabela 2.
Tabela 2. Ângulo de Elevação do Sol e Intensidade Relativa Solar Solstício Junho
Cidade Latitude Ângulo de Elevação do Sol Intensidade Relativa
Três Lagoas 20 S 4330´ S 0.7254
João Pessoa 07 S 3030´ S 0.8616
Ushuaia 54 S 7730´ S 0.2164
Nuuk 64 N 4030´ N 0,7604
O solstício de junho marca o início do inverno no hemisfério sur e o início do verão no
hemisfério norte. Os dados da tabela 2 mostram que, a cidade de Ushuaia na Argentina, recebe a
menor intensidade relativa solar, aproximadamente 22%, enquanto a cidade de Nuuk na
Groenlândia recebe aproximadamente 76%. Através de raciocínio análogo podemos obter
resultados para o caso do solstício de dezembro.
DISCUSSÃO
Foram obtidos resultados para o ângulo de elevação do Sol e para a intensidade relativa
solar nos dias de equinócios, bem como para o solstício de junho em várias cidades, de diferentes
latitudes, o que permitiu fazer comparações entre os resultados obtidos. Os dados obtidos são
aproximados, devido à aproximação dos dados utilizados para a latitude, que é utilizada nos
cálculos.
CONCLUSÃO
Através do trabalho foram obtidos resultados que permitem calcular o ângulo de elevação
do Sol e intensidade relativa do Sol nos dias de Equinócios e Solstícios, a partir do conhecimento
da latitude de uma cidade. O trabalho oferece uma oportunidade para o desenvolvimento de
projetos multidisciplinares, vinculando conceitos utilizados em Geometria e Trigonometria com
conceitos da Geografia.
REFERÊNCIAS
ALVES, S. A geometria do Globo Terrestre. Programa de Iniciação Científica OBMEP. No. 6. 2009.
GERÔNIMO, J.R. FRANCO, V.S. Geometria Plana e Espacial: Um Estudo Axiomático. 2ª. Ed. Editora
da Universidade Estadual de Maringá.2010.
GRIMM, A.M. Radiação Solar e Terrestre. Balanço de Calor. Notas de Aula de Meteorologia Básica.
Universidade Federal do Paraná. 1999. Disponível em:
<http://fisica.ufpr.br/grimm/aposmeteo/index.html>. Consultado em: 16/09/2012.
SILVA, J.F.C. Notas de Aula de Cartografia. Capítulo V. Universidade Estadual Paulista. Faculdade
de Ciência e Tecnologia. 2010. Disponível em:
<http://docs.fct.unesp.br/docentes/carto/JoaoFernando/EngCart/>. Consultado em: 22/09/2012.
UNIVERSIDADE DE LISBOA. O Nosso Sistema Solar. PRISMA: À Luz da Física. CFTC – Centro de
Física Teórica e Computacional. Disponível em: