Você está na página 1de 19

MISTÉRIO DO MUNDO ESPIRITUAL

O Mundo Espiritual é realmente extraordinário e misterioso e, pelo senso


comum do homem contemporâneo, é difícil compreendê-lo. Escreverei sobre
como o pensamento [o sonen] do ser humano influencia o Mundo Espiritual.

Uma vez que o Mundo Espiritual é o mundo do sonen [sentimento, vontade


e razão], o Nada gera a existência e a existência volta ao Nada, o que resulta
em infinitas variações. Imaginemos, por exemplo, que uma divindade seja
retratada em forma de uma pintura ou escultura. O espírito da divindade ou
buda que assentará nessa imagem se diferenciará naturalmente de acordo
com a personalidade do artista que produziu a obra. Se a personalidade deste
for elevada, assentará um espírito de divindade de alto nível correspondente.

No entanto, se a personalidade do artista for de baixo nível, mesmo que outra


obra tenha forma idêntica, assentará, correspondentemente, um espírito
representante daquela divindade ou uma divisão sua, em conformidade com
o caráter do artista.

Outro exemplo da influência do sonen é a manifestação plena da força da


divindade quando a pessoa ora perante uma imagem com toda a seriedade.
Caso a pessoa expresse seu sonen apenas formalmente, sem o devido
respeito e makoto, a força manifestada pela divindade ficará reduzida. Outra
observação é que quanto maior o número de pessoas que oram diante dessa
imagem, mais intensa será a manifestação da Luz e da força desse espírito
de divindade.

Há um antigo provérbio que diz: “Ter fé até em cabeça de sardinha”. Qual


será o sentido dessas palavras?

Suponhamos que uma pessoa qualquer produza uma imagem de divindade e


passe a divulga-la, utilizando-se de hábeis métodos de propaganda. Se
muitas pessoas cultuarem a imagem durante algum tempo, por força do
sonen dessas pessoas, cria-se a forma dessa divindade no Mundo Espiritual.
Assim, ela passará a manifestar considerável poder e até a conceder graças
aos seus seguidores. Trata-se de uma materialização resultante do sonen do
ser humano, o que é de fato um mistério. Por um período, apresentam-se
resultados, mas que não são verdadeiros. Por serem produtos da imaginação
temporária, em algum momento desaparecem. Todos sabem que tais casos
ocorrem com frequência. Os conhecidos deuses da moda são desse tipo.

Acima referi-me aos espíritos de divindades, mas gostaria de falar também


sobre os demônios.

É realmente grande o número de perversos que, por ambição, causam


aborrecimentos e sofrimentos às pessoas, levando-as à infelicidade.
Conforme tenho dito sempre, é claro que isso é consequência do
pensamento materialista, que não acredita no invisível.
Do ponto de vista espiritual, trata-se de algo bizarro e realmente
assustador. Como fazem os outros sofrer, os prejudicados infalivelmente
sentem raiva, rancor, ódio e desejo de vingança. Tal sonen é enviado aos
perversos por meio dos elos espirituais. A expressão espiritual da ira e do
rancor é tão pavorosa, que se pudesse vê-la, até a mais malvada das
pessoas se renderia sem resistência.

Quando as pessoas prejudicadas não são apenas uma ou duas, mas


milhares ou milhões, a somatória do sonen dessas pessoas faz surgir
criaturas sobrenaturais horripilantes que, assumindo diversos aspectos,
circundam os perversos, sem cessar, a fim de destruí-los. Nesse caso,
mesmo que estes sejam muito poderosos ou grandes heróis, acabam
perecendo em meio a um destino trágico. [...]

Ao contrário, as pessoas que praticam boas ações, recebem o sonen de


gratidão e de alegria dos beneficiados, o qual, se transformando em luz,
passa a envolvê-las, tornando-as ainda mais virtuosas e felizes porque os
espíritos malignos temem essa luz e não conseguem aproximar-se dos que
praticam o bem. A auréola que se vê nas imagens das divindades e budas
simboliza essa luz.

Pelo exposto, creio que puderam compreender o quanto devemos levar a


sério o sonen do ser humano.

Por Meishu-Sama, em 25 de outubro de 1949


Trechos Extraídos do livro Alicerce do Paraíso, vol. 4
SOL E LUA
Gostaria de explicar a respeito do Sol e da Lua do ponto de vista religioso.
Por ser um assunto profundamente misterioso, os leitores poderão achar que
eu esteja forçando uma interpretação. Todavia, o que eu vou expor é a
Verdade por esse motivo, peço que leiam com a máxima atenção.

No Japão, desde os tempos remotos, existem três objetos considerados


sagrados: uma pedra, uma espada e um espelho. A pedra simboliza o Sol; a
espada, a Lua; o espelho, a Terra. A pedra tem a forma do Sol; a Espada
assemelha-se à Lua crescente, e o Espelho é octogonal. Cada lado representa
uma das 8 direções, ou seja, os pontos cardeais e colaterais: Norte, Sul,
Leste, Oeste, Nordeste, Noroeste, Sudeste, Sudoeste. Desses três elementos
simbólicos, a Terra, evidentemente, dispensa comentários, pois já a
conhecemos. Uma vez que o Sol e a Lua têm significado profundo, vou
explicá-lo a seguir.

Para uma melhor compreensão, valho-me por uma interpretação dada pela
Igreja Tenrikyo. Segundo ela, o som em japonês das palavras Sol e Lua são,
respectivamente, “ri” e “tsuki”, que remetem a duas ações: recuar e
enfrentar. Considero interessantíssima esta interpretação.

No Mundo da Noite, em qualquer situação, as pessoas apreciam os


enfrentamentos. Em grande escala, existe confronto entre países, que nada
mais é do que a guerra. O choque de interesses também é uma forma de
enfrentamento. Todos sabem que, antigamente, a guerra era feita com
espadas. O espírito da palavra tsuki também está presente na palavra
japonesa tsukiai, que designa o relacionamento entre as pessoas. Existe,
ainda, a expressão tsukissussumu (enfrentar e superar), que tem a conotação
de vencer. De fato, essa é a atuação da Lua, que representa a Era da Noite.

Em contrapartida, o espírito da palavra hiki se relaciona a: atrair para si,


recuar a tropa, render-se, ceder e, ainda, “contrair resfriado”, que
consideramos algo positivo. Estas são ações opostas às da Lua. Com base
nisso, na Era do Dia, tudo ocorre sob a atuação do espírito da palavra hiki;
portanto, perder é uma coisa boa. Em termos de comportamento humano,
significa ser humilde. Seguindo essa lógica, se os seres humanos cederam
uns aos outros, não existirá qualquer possibilidade da ocorrência de atritos.

O objetivo da nossa religião é a construção de um mundo sem doença,


pobreza e conflito. Pelo exposto acima, consideramos possível a eliminação
do conflito.
Na nossa obra, a ação do Sol, ou seja, do elemento fogo predomina e, por
esse motivo, ao invés da ação da Lua, devemos agir tendo em mente a ação
de ceder e aproximar. Dessa forma, muitas e muitas pessoas serão atraídas.
Além disso, uma vez que o Sol tem o formato de uma bola, é natural que
devamos ser pacíficos e agradáveis, com atitudes suaves e flexíveis.

Alicerce do Paraíso vol. 3, 30 de janeiro de 1950


O PRAGMATISMO RELIGIOSO
O pragmatismo, apresentado inicialmente pelo conhecimento filósofo norte-
americano Charles Sanders Peirce, tornou-se uma filosofia de âmbito mundial
propagada por William James que, hoje, chega a ser considerado seu criador.
No Japão, o termo pragmatismo é comumente traduzido como utilitarismo ou
praticismo; no entanto, parece-me mais adequado chama-lo de “teoria em
ação”.

Penso ser desnecessário falar minuciosamente a esse respeito, porque se


trata de uma teoria que todos que se interessam por filosofia já conhecem.
No momento, desejo discorrer sobre o pragmatismo religioso. Já me referi
anteriormente a seu respeito, mas torno a abordá-lo, para uma compreensão
mais aprofundada.

Quando se menciona pragmatismo religioso, temos a impressão de que todas


as religiões tradicionais o estejam adotando. Sabemos que elas realizam, por
exemplo, a divulgação por meio de textos, sermões, orações, rituais,
abstinências e práticas ascéticas. Lamentavelmente, não chegam a
influenciar o cotidiano, que é o mais importante. Falando francamente, elas
mão passam de uma espécie de aprimoramento espiritual, distante da vida
real. Já o pragmatismo filosófico busca introduzir a filosofia na vida prática,
objetivando torna-la útil, o que demonstra claramente o estilo americano.
Pretendo fazer algo semelhante; porém, mais do que introduzir a religião na
vida prática, desejo estabelecer entre ambas uma relação indissociável.

Ao contrário dos religiosos tradicionais, deixemos de ser intolerantes, isolados


ou idealistas. Abandonemos a visão de distanciamento do mundo e sejamos
iguais às pessoas comuns, buscando eliminar qualquer indício de fé que
cheire a mofo. Ajamos sempre de acordo com o senso comum em todos os
aspectos, tornando nossa fé imperceptível aos outros. Creio que a fé deva ser
incorporada a esse ponto. Ou seja, trata-se de agir com flexibilidade e
adequação.

Com essa explicação, creio que puderam entender, em linhas gerais, o que
vem a ser o pragmatismo religioso.
Jornal Eiko n° 106, 30 de maio de 1951
PRATICAS DE HUMILDADE
Desde antigamente, fala-se sobre práticas de humildade. Para se viver bem
em sociedade, elas são deveras importantes, sobretudo para quem cultiva a
fé. Tenho visto, com certa frequência nas organizações religiosas, atitudes
que denotam falta de humildade entre os mestres que divulgam sua doutrina.
Os velhos provérbios: “O falcão inteligente oculta as garras” e “Quanto mais
carregada de grãos, mais se curva a espiga de arroz” referem-se à humildade.

Desejos egocêntricos tais como o de querer se exibir, de se mostrat


importante ou conhecer de tudo, de se vangloriar etc. produzem efeito
contrário. O ponto fraco do ser humano é gostar de “se mostrar” tão logo
comece a se destacar. Por exemplo, quando uma pessoa que, até então,
exercia uma profissão comum, levava uma vida igual aos outros, ou mesmo
uma pessoa menos favorecida socialmente que, repentinamente, passa a ser
chamada por algum título, como “professor”, “doutor”, irá indagar-se: “Será
que sou mesmo assim tão importante”? De início, ela se sentirá feliz e
agradecida. Como passar do tempo, no entanto, ficará cada vez mais ansiosa
por ver reconhecida sua importância, e isso se passa com a maioria. Até então
tudo ia bem, mas daí em diante, a situação piora, e a pessoa torna-se
impertinente, embora dificilmente tome consciência disso..

Deus abomina a vaidade. Tanto a virtude da modéstia quanto a humildade


são realmente inestimáveis, principalmente na vida civilizada.

O comportamento de querer o melhor lugar nas conduções e em locais de


grande concentração de pessoas, empurrando-as, revela uma espécie de
pensamento exclusivista, digna de reprovação.

Criar uma sociedade agradável de forma harmoniosa expressa o ideal


democrático, e é algo que não mudou no passado e não se altera, um mínimo
sequer, no presente.
Coletânea Assuntos sobre fé, 5 de Setembro de 1948
PARAÍSO TERRESTRE
Quão agradável sensação nos traz a expressão “Paraíso Terrestre”! Além
dela, não há nenhuma outra que inspire mais luz e esperança. No entanto, a
maioria das pessoas considera o Paraíso Terrestre uma utopia, algo sem
qualquer possibilidade de realização. Quanto a mim, estou convicto de sua
concretização e sinto-a bem próxima.

Precisamos meditar profundamente no porquê da grande advertência do


Santo Cristo de Nazaré: “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos
céus”. Cristo, a principal figura do cristianismo, cujos ensinamentos
influenciaram boa parte do mundo e constituíram a grande religião existente
até os dias de hoje, não pode ter proferido palavras sem fundamento.

Creio que todos queiram saber o que seja o Paraíso Terrestre. Assim sendo,
vou descrevê-lo como imagino.

Resumidamente, o Paraíso Terrestre é o mundo dos felizes, um mundo de


civilização elevada, isento de doença, pobreza e conflito. Portanto, é nossa
grande tarefa encontrar uma forma de transformar em paraíso este atual
mundo em que a humanidade vive aflita em meio a inúmeros sofrimentos
como a doença, a pobreza e o conflito.

Inicialmente, precisamos descobrir como eliminar a doença, uma vez que ela
é a principal causa dos três grandes infortúnios. Em seguida, vem a pobreza,
que também tem como causa primária a doença, enquanto a ideologia
equivocada, a pobreza política, a organização social deficiente são causas
secundárias. A ideologia que tende para o conflito, é motivada pelo estado
selvagem de que a humanidade ainda não conseguiu se libertar. Por
conseguinte, a questão fundamental é como eliminar esses três grandes
infortúnios. Vou apresentar os fatos mais simples que me fizeram adquirir
confiança na sua solução.

Para a surpresa de todos, aqueles que ingressam em nossa Igreja, à medida


que seguem seus ensinamentos, têm seu espírito e matéria purificados,
tornam-se verdadeiramente saudáveis, conseguem libertar-se, pouco a
pouco, da pobreza e tomam aversão ao conflito.

Inúmeros fatos têm provado que a maioria dos fiéis, com o correr dos anos,
está obtendo crescente felicidade.

Não aprecio salientar os defeitos alheios, mas permitam-me que eu faça


referência às pessoas que, embora possuam fé, tombam nas garras de
doenças graves ou sofrem com a pobreza, porém satisfeitas e contentes.

Comparando-as com os descrentes, pode ser que estejam salvas


espiritualmente, mas somente o espírito está salvo, e não a matéria. Ou seja,
a salvação foi feita pela metade. A verdadeira salvação deve abranger o
espírito e o corpo físico. É preciso que a pessoa se torne saudável, livre-se da
pobreza e sua família seja plenamente feliz. Até hoje, porém, todas as formas
de salvação tinham o poder de salvar apenas o espírito. Sem opção, as
pessoas resignavam-se, considerando que a fé se limitava à salvação do
espírito.

A comprovação disso está nos religiosos que afirmam que a fé que busca
graças recebidas nesta vida é de nível inferior. Trata-se de uma concepção
estranha, pois não há quem não aspire a graças nesta existência. E ainda, se
alguém se queixa dos sofrimentos da doença, é estranho dizer-lhe que o ser
humano deve superar a vida e a morte. Ora, ninguém é capaz de tal
superação. Admitir que conseguiu tal coisa é enganar a si próprio.

Um episódio relacionado à história do mestre Souho Takuan, monge zen-


budista, é bem ilustrativo. Quando ele estava à beira da morte, cercado de
pessoas, alguém lhe solicitou que redigisse suas últimas palavras. Deram-lhe
papel e pincel, e Takuan escreveu: “Não quero morrer de jeito nenhum”.

Acho realmente admirável e nobre sua atitude, pois em igual circunstância,


seria presumível escrever algo como: “Vida e morte: por que me preocupar”?
O mestre, porém, abandonou todo falso orgulho e revelou francamente seus
sentimentos. Isso merece consideração porque um monge célebre,
comumente, não agiria assim.

Na sociedade, há muitas pessoas que, almejando salvar o próximo, fazem


autopropaganda, apesar de ainda não viverem livres dos três infortúnios:
doença, pobreza e conflito. A intenção pode ser boa, mas não é a forma ideal.
Isto porque, somente após termos conseguido nossa salvação e felicidade é
que devemos pensar em conduzir à fé outras pessoas que vivem uma vida
infernal, para que também se tornem felizes como nós. Dessa forma, a
divulgação surte cem por cento de efeito, pois nossos semelhantes sentir-se-
ão atraídos ao presenciar nosso estado de felicidade. Eu mesmo não tinha
coragem de difundir a fé messiânica antes de me encontrar em boas
condições. Após ter sido abençoado com inúmeras graças Divinas e
conseguido me tornar verdadeiramente feliz, tomei coragem para divulgar os
Ensinamentos.

Se considerarmos que o Paraíso Terrestre é o mundo dos felizes,


concluiremos que, no lugar onde as pessoas se reúnem e se tornam felizes,
está estabelecido o Paraíso Terrestre.

Coletânea Assuntos sobre Fé, 5 de setembro de 1948


OBEDIÊNCIA AO CAMINHO PERFEITO
Em poucas palavras, a essência da fé é a obediência ao Dori [Caminho
Perfeito]. O termo dori é constituído do ideograma do, que também pode ser
lido como miti, cujo significado é “caminho”, e do ideograma ri, que quer
dizer “lógica”. Não existe palavra tão significativa quanto miti [caminho]. Pela
ciência do espírito das palavras, a palavra miti pode ser subdividida em duas
partes: mi [água, matéria] e ti (sangue, espírito). Mi é também mulher, e ti,
homem, e também yin e yang, respectivamente. O ideograma miti é
constituído pela partícula kubi [pescoço] e por um sinal chamado shinnyu, o
qual indica a ideia de “caminho” ou de “percurso”. Por exemplo, o pescoço é
a parte mais importante do corpo humano; mesmo que os braços ou as
pernas sejam extirpados, ele permanece vivo. Se o pescoço for cortado, a
pessoa morre. É interessante o costume de se dizer “Cortaram-lhe o pescoço”
quando alguém perde o emprego. O acréscimo do referido sinal ao ideograma
tão importante torna a palavra miti extremamente significativa.

O caminho [miti] liga todas as coisas entre si. Os meios de transporte, as


ondas elétricas, os raios luminosos, o vaivém das pessoas também dependem
de um caminho. Até mesmo o Sol, a Lua e as estrelas possuem uma órbita
definida, isto é, um caminho no qual se movimentam. Sendo assim, o
caminho é a base de todas as coisas e, por conseguinte, podemos concluir
como é errado desviar-nos dele.

A seguir, explicarei o sentido espiritual da palavra ri. Baseado na ciência do


espírito das palavras, ri faz parte da sequência ra-ri-ru-re-ro, que tem como
característica a espiral; portanto, manifesta-se em forma de redemoinho.
Este possui um centro e é ele que, dependendo do sentido em que ele se
movimenta, poderá ocorrer tanto expansão quanto contração. Se o
movimento for da esquerda para a direita, torna-se centrípeto; se for da
direita para a esquerda, torna-se centrífugo.

Exemplifiquemos:

O centro de nossa Igreja é Gora, localizado no distrito de Hakone. O go de


Gora significa “cinco” e também “fogo”, e o de ra, que remete à ideia de
redemoinho, quer dizer uma partícula de fogo que se expande em
movimentos centrífugos. Desde os tempos antigos, determinado tipo de
tomo-e encerra um significado realmente profundo e misterioso pelo seu
poder de transformar o movimento centrípeto em centrífugo.

De acordo com a ciência do espírito da palavra, a sequência ra-ri-ru-re-ro


possui característica de atuação do dragão. Assim sendo o termo ryu, ou seja,
dragão, não é senão ri-u [verdade oculta]. Quando o dragão está parado,
toma a forma de redemoinho. O mais interessante é o fato de que a maioria
das pessoas cujo nome possui uma das sílabas da sequência ra-ri-ru-re-ro,
apresenta características de dragão. Observando-as, poderemos constatar
isso.

Uma vez que essas explicações não tem fim, gostaria de deter-me por aqui.
A seguir, vamos analisar a palavra ri. Ela é formada pela junção de dois
ideogramas. O que fica do lado esquerdo e que se lê “ô” e significa “rei”, é
constituído de três traços horizontais que, vistos de cima para baixo,
representam Céu, espaço intermediário e Terra; e também fogo, água e solo.
Esses três traços são unidos por um traço vertical. E o que fica do lado direito,
lê-se sato e significa “rural”. Escreve-se juntando os ideogramas ta e tsuti,
que significam, respectivamente, “arrozal” e “solo”. A configuração do
ideograma arrozal é um círculo com uma cruz no seu interior, e a do solo é
uma cruz sobre um troço, formando o número 11 em japonês, cujo sentido é
“unificação”. Por conseguinte, ri é a ação básica de todas as coisas e significa
“perfeição”. A denominação da Igreja Tenrikyo, constituída também com essa
palavra, é muito apropriada.

A palavra riho[lei] é usada com certa frequência. A propósito, vamos analisar


o ideograma hoo, ou seja, “lei”. Na ciência do espírito da palavra hoo, ho é
fogo, e o é água. E, de acordo com essa ciência, o está incluído em ho; isto
quer dizer que o fogo arde continuamente pela ação da água contida em o.
Graficamente, hoo é constituído de duas partes: a parte esquerda significa
“água” e a direita, “tirar, eliminar”. Uma vez que a água flui horizontalmente,
existe o risco de haver desordem. Portanto, se a ação da água for eliminada
o ideograma hoo [lei] adquire o significado de rigidez absoluta. Daí conclui-
se que hoo, ou seja, a lei, jamais deve ser infringida.

Associando os sentidos acima expostos, creio que o leitor poderá entender o


que vem a ser o Dori [Caminho Perfeito].

Por ser um termo de sentido profundo, deve-se obedecer a ele.


Consequentemente, podemos dizer que Dori é Deus. Assim sendo, obedecer
a ele significa obedecer a Deus. Haja o que houver, o ser humano deve
respeitar, obedecer e jamais desviar do Caminho Perfeito.

Noções sobre a Igreja Messiânica Mundial, 20 de novembro de 1950


CICLOS CÓSMICOS
Nós vivemos num ilimitado e misterioso mas ordenado Universo, que evolui
e reevolui em ciclos. Um ciclo é um período de tempo em que certos aspectos
ou movimentos de corpos celestes se repetem; um período de anos ou eras;
ou períodos recorrentes em que certos fenômenos ocorrem e se inter-
relacionam com toda a vida. Há ciclos de órbitas nos céus, ciclos das estações,
ciclos do dia e da noite. Existem também os ciclos das eras.

As mudanças ocorrem em pequena, média e ampla escala. Ciclos menores


ou maiores podem ocorrer cada dez, mil, três mil, dez mil anos e assim por
diante, repetindo-se continuamente dentro da eterna marcha do tempo. Na
verdade, o Universo é infinitamente misterioso – tão misterioso, que o
entendimento do homem atual ainda não pode compreendê-lo.

Após uma era de aproximadamente três mil anos de relativa obscuridade,


encontramo-nos agora no alvorecer de uma nova Era de Luz. Trata-se de
uma mudança tão sem precedentes, que se torna difícil captar sua integral
importância. É um momento decisivo que nenhum dos nossos antepassados
teve o privilégio de experimentar. Como somos afortunados, nós, que
vivemos neste período de tempo, por podermos entender, ainda que
parcialmente, o verdadeiro significado desta transformação, adquirir os meios
– através do Johrei -, a fim de tornar esta transição mais fácil para cada um
ao servirmos a Deus e à humanidade.
A MISSÃO DO SER HUMANO
Toda pessoa veio à Terra com a missão de auxiliar na concretização das
condições ideais do planeta, de acordo com o Plano Divino.

Quando vivemos em conformidade com esse Plano, a saúde, a felicidade e a


paz serão atributos intrínsecos da vida cotidiana. Elas são nossos direitos
inalienáveis. Esta é a verdade imutável.

Todavia, ninguém está livre das máculas espirituais transmitidas de geração


a geração, bem como das máculas geradas pelos próprios pensamentos e
atos errôneos. Além disso, existem as substâncias artificiais, consciente ou
inconscientemente introduzidas no corpo, que aumentam as máculas e,
consequentemente, o sofrimento. Enquanto cada um de nós não se libertar,
purificando-se através da compreensão e da sabedoria, continuaremos
sofrendo.

Contudo, falando de um modo geral, aqueles cujo pensamento e atos estão


focados na dedicação, não necessitam afligir-se durante o período de
transição da Noite para o Dia, porque são necessários ao Plano Cósmico
evolutivo.
OS MÉRITOS DIVINOS
Algumas vezes, as pessoas desprezam as grandes oportunidades porque
estão demasiadamente ocupadas com os assuntos pequenos e triviais. Isto
impede seu progresso.

As pessoas de mente estreita não conseguem expandir facilmente seu


pensamento. Frequentemente, tornam-se rixentas e criam uma atmosfera de
constrangimentos ao seu redor, em vez de um ambiente de liberdade e boa
vontade. A liberdade mental e a boa vontade são essenciais ao bem-estar
espiritual e ao progresso e estão de acordo com as leis de Deus.

Nossas falhas menores não têm grande significação. Mais importantes são os
atos meritórios. Aquele cujos méritos, sob o ponto de vista cósmico,
ultrapassam sus deméritos, sempre estará à frente, e as bênçãos Divinas
serão proporcionais.

As pequenas questões pessoais desaparecem diante da grande oportunidade


de ajudar na salvação da humanidade neste momento crucial.
O ATO QUE REALIZO SOB O NOME DE JOHREI CONSTITUI
AQUILO A QUE SE DÁ O NOME DE BATISMO PELO FOGO.
(...) Tomando a Bíblia como base e analisando o sentido dos ensinamentos
de Ofudesaki, podemos concluir que nos encontramos na iminência de um
momento realmente crítico e que, para ultrapassá-lo, é preciso ter o coração
imaculado. O homem mau decairá e parecerá por toda a eternidade.
Consequentemente, torna-se imprescindível purificar a alma por meio de uma
fé correta, a fim de que possamos transpor essa fase com segurança.

Entretanto, na sociedade, é comum ouvir que isso é um absurdo, que a s


divindades são apenas fruto da imaginação humana e que, na realidade, não
existem. Os materialistas podem não acreditar, mas quando chegar o
momento decisivo, mesmo que, aflitos, quiseram voltar-se para Deus,
obviamente, será tarde e não haverá mais o que fazer. E isso está bem
evidente. Naturalmente, Deus, com Seu grande amor, salvará o maior
número possível de pessoas. Nós, que encarnamos Sua Vontade, estamos
repetidamente advertindo por meio da palavra oral e escrita.

O seguinte ensinamento da Oomoto tem exatamente o mesmo sentido


daquilo que eu acabei de explicar: “Deus quer salvar os homens; contudo, se
eles não atentarem para as advertências dos ensinamentos, encarando-as
simplesmente como o crocitar do corvo a que estão acostumados a ouvir,
chegará a hora em que, mesmo que se apressem a suplicar a Deus Seu
perdão, Ele não poderá ocupar-se dessas pessoas. Assim, terão de resignar-
se ante a situação que elas mesmas criaram”.

A propósito, falarei resumidamente sobre o Dilúvio.

O fato de ter ocorrido há milhares ou dezenas de milhares de anos, em um


país da antiga Europa, onde vivia um homem chama Noé. Em um estado que
hoje denominamos de possessão por divindade, ele foi avisado sobre a
iminência de um dilúvio e, por isso, deveria alertar seu povo. Seguindo à risca
do que fora dito, anunciou aos homens a ocorrência do referido fato, mas
ninguém acreditou em suas palavras. Alguns anos se passaram, mas,
finalmente, ele conseguiu convencer sete pessoas. Então, Deus lhe ordenou
que construísse uma arca. Essa arca tinha o formato de uma noz e possuía
uma tampa.

Pouco tempo depois, começou a chover ininterruptamente. Uns dizem que


choveu durante quarenta dias; outros, cem. O certo é que foi um longo
período de fortes chuvas. As águas subiam cada vez mais, inundando as
casas; apenas o cume das montanhas ficava de fora. Os homens contraíram
barcos ou se refugiaram nas montanhas. Todavia, os animais ferozes e as
cobras venenosas, querendo salvar-se, entravam nas embarcações ou
subiam as montanhas. Famintos, eles devoraram todos os homens. Apenas
as oito pessoas que estavam na arca foram poupadas, pois os animais não
conseguiram entrar nela, devido à tampa que a fechava. Elas são
consideradas antepassados da atual raça branca.
No Novo Testamento, consta que João Batista realizava o batismo pela água
e que Cristo fará o batismo pelo fogo. O Dilúvio possui o mesmo significado
que a purificação do espírito pela água, realizada por João. Assim, a
purificação do espírito pelo fogo atribuída a Jesus Cristo só pode ter o mesmo
significado do Juízo Final, que está prestes a chegar.

A água é matéria, e o fogo é espírito, Consequentemente, auilo que estamos


realizando atualmente – o método de purificar o espírito por meio do espírito
-, nada mais é que o batismo pelo fogo. Uma vez que o espírito se reflete na
matéria, creio que a influência desse batismo exercerá sobre ela será uma
mudança sem precedentes. Contudo, precisamos saber que o momento
crítico atingirá apenas o mal e não o bem.

Este artigo, eu ofereço às pessoas sem religião.

Coletânea Alicerce do Paraíso, vol. 1,

“O Juízo Final”, 20 de janeiro de 1950


SEJA QUAL FOR O SOFRIMENTO QUE EU ENFRENTE,
BASEIO-ME NA SINCERIDADE (makoto) E SIGO EM FRENTE,
SEM RECEIOS.
Interlocutor: Fui atingido pelo infortúnio da guerra, em Tóquio, e
atualmente estou residindo em outro local. Venho suportando seguidos
sofrimentos materiais e espirituais e tenho o ardente desejo de trabalhar
bastante em prol do Caminho da Salvação. Contudo, não consigo dedicar
como gostaria. Qual será o motivo?

Meishu-Sama: É porque você possui muitos pecados e impurezas e, também,


porque tem uma grande missão. Quem possui maior missão, precisa de um
polimento maior. Por esse motivo, quando a pessoa tem fé, mesmo tendo
purificações difíceis, Deus, infalivelmente, manifesta milagres e concede
coisas boas para que ela seja capaz de suportar as purificações, sem perder
a esperança. Basta que a fé não se abale para que as coisas comecem a
melhoras gradativamente, sem que seja preciso sofrer tanto.
Consequentemente, devemos entender que se trata de um sofrimento para
melhorar.

Revista Tijo Tengoku, n° 2, 1° de março de 1949


SINTO-ME PROFUNDAMENTE FELIZ E ABENÇOADO
DIANTE DA CURA DE DOENÇAS QUE TRAZEM RISCOS À
VIDA.
Hoje em dia, a crítica mais frequente em relação à nossa religião é que, por
tratar-se de uma instituição religiosa, ela está errada em empenhar-se na
cura de doenças. Entretanto, se pensarmos bem, concluiremos que não há
nada tão sem sentido quanto essa observação. Ela provém do pensamento
inflexível dos críticos, para quem a religião deve ocupar-se apenas da
salvação no âmbito espiritual, não cabendo a ela a parte material. Ainda,
segundo esses críticos, a cura de doenças é uma questão material e, por esse
motivo, ela não compete à religião. Categoricamente, excluem das
atribuições religiosas a salvação material, limitando suas ações ao campo
espiritual. Obviamente, o que eles imaginam como salvação espiritual
consiste, em síntese, na resignação. Até hoje, a concepção da maioria das
pessoas sobre religião é que, por ela não possuir força para salvar as pessoas
do sofrimento através da resignação.

Se a religião excluir a matéria e preocupar-se unicamente com a solução das


questões espirituais, na prática ela não promoverá a salvação. Isso pelo
motivo de que é a crença na possibilidade da solução dos problemas materiais
que nos permite obter, também espiritualmente, a verdadeira tranquilidade.
Quando sentimos fome, por exemplo, só podemos ficar tranquilos se tivermos
a certeza de que alguém nos trará comida; se soubermos que ninguém o
fará, é natural que fiquemos desesperados, temendo morrer de inanição. O
mesmo se dá em relação a doenças, reveses da vida e outros problemas. O
reconhecimento de que tudo isso pode ser solucionado por intermédio da fé
é que nos dá a verdadeira tranquilidade. Dessa forma, é por meio da solução
de ambas as questões, as materiais e as espirituais, que conseguimos a
salvação e alcançaremos o verdadeiro estado de paz interior.

Sendo assim, a base da salvação material e espiritual é eliminar as doenças,


tornando as pessoas sadias. Isso porque, por maior que seja nossa fortuna
ou a fartura de alimentos saborosos provenientes do mar e da terra em
nossas refeições, por mais honrarias e status que tenhamos, nada disso terá
sentido se estivermos sofrendo com doenças. Por conseguinte, a primeira
condição para a salvação da humanidade é, antes de mais nada, alcançar a
saúde. Por esta ser a base da salvação, nossa religião tem como meta
indivíduos e sociedade livres de doenças.

Coletânea Alicerce do Paraíso, vol. 1,

“O que é a verdadeira salvação”, 24 de dezembro de 1949


A CIVILIZAÇÃO ATUAL NÃO É CAPAZ DE FAZER O SER
HUMANO FELIZ PORQUE FOI CRIADA PELA MÃOS
HUMANAS.
Ao examinarmos atentamente a civilização atual, notamos que ela
apresenta inúmeras falhas. Entre estas, a principal é o pensamento em
relação à Ciência. Como é do conhecimento de todos, com a exceção dos
religiosos, as pessoas se identificam completamente com a sua supremacia.
Estão convictas que todos os problemas podem ser solucionados por meio
dela. Contudo, existem muitas coisas que a Ciência não consegue resolver.
Apesar disso, sendo totalmente devotadas a ela, essas pessoas não
conseguem enxergar nada mais. Isso se dá porque não percebem que o
nível da cultura atual é por demais inferior. As pessoas que têm seus olhos
ofuscados, sequer conseguem atentar para essa realidade.

Para facilitar a compreensão dos leitores, tecerei alguns comentários a


respeito da civilização, baseado na situação geral. De acordo com o que
pudemos averiguar, via de regra, grande parte das pessoas tenta encontrar
na Religião a solução daquilo que a Ciência não consegue resolver.
Entretanto, existem muitos problemas que a Religião não consegue
solucionar; assim sendo, a maioria procura a Ciência, deixando-se levar
pelas incertezas. Na realidade, ambas possuem certa força, mas o problema
reside no ponto de não conseguirem resolver todas as questões. As de
maior proporção são a guerra, a doença e o crime. Há milhares de anos, a
humanidade veio empregando toda a sua inteligência para solucioná-los.
Até hoje, porém, ainda não se conseguiu sequer vislumbrar a luz da
solução.

Analisando-se dessa forma, sem o surgimento da incógnita X, superior à


Ciência e à Religião, não teremos nenhuma chance de solução. Caso
contrário, será que este mundo de ilusão continuará eternamente, por mais
que nos esforcemos? Obviamente que não, pois, pelo surgimento da
incógnita X, a Luz intensa já está sendo emitida. Não se surpreendam se eu
disser que essa incógnita vem a ser a religião messiânica e que ela não é
senão a Luz do Oriente, tão almejada pela humanidade.

Isso porque nossa Igreja, detentora de um poder de cura de doenças sem


igual, vem salvando um grande número de pessoas infelizes. As que
ingressam nela, evidentemente se tornam saudáveis, são incapazes de
cometer crimes e passam a ter um poder que extermina, de uma vez por
todas, até mesmo a guerra. Para mostrar essa realidade é que a estou
apresentando, fundamentado em fatos. Evidentemente, mais cedo ou mais
tarde, chegará o dia em que ela atrairá a atenção do mundo. Portanto, essa
é uma força inédita na face da Terra e, tal como sugere o título deste
artigo, ela é superior à Religião e à Ciência. Assim sendo, tanto uma como
outra são consideradas partes integrantes da incógnita X e aplicadas de
acordo com o assunto.

Nossa religião é por demais grandiosa e misteriosa para ser compreendida


pela inteligência das pessoas da atualidade. Se eu tivesse que denominá-la,
chamaria de “Força de salvação do mundo”. Por conseguinte, expandindo
essa força, nós nos empenharemos no desenvolvimento da obra de
salvação da humanidade. Desejamos, pois, que, de hoje em diante,
observassem com atenção e interesse redobrados as atividades que
desenvolvermos.

Jornal Eiko, n° 197, “Algo além da religião e da ciência”.

25 de fevereiro de 1953

Você também pode gostar