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FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA

Frequência de Direito Constitucional II- Turma A- Dia


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I

Responda, sucintamente, a apenas três das seguintes questões (2 valores


cada)
a) Compare o posicionamento das correntes do constitucionalismo moralmente
reflexivo e do positivismo inclusivo em matéria de conceção do poder constituinte
e relevância jurídica dos princípios normativos como parâmetros de decisões de
inconstitucionalidade.
b) Assinale na história constitucional portuguesa as Constituições que concederam
um maior reforço ao poder executivo ou governativo, justificando a resposta.
c) Refira-se à incidência de critérios estruturantes das relações entre leis
suscetíveis de afastar a aplicação do critério da cronologia.
d) Mencione exceções previstas na Constituição ao primado do princípio da
tipicidade da lei.
e) Distinga o chamado “nível integral da reserva legislativa parlamentar de
densificação total” relativamente ao “nível básico” da reserva legislativa
parlamentar
f) Em que termos é que o princípio do pedido, em sede dos processos de
fiscalização abstrata sucessiva pode incidir na declaração da inconstitucionalidade
consequente das normas.

II
1. No dia 22 de outubro de 2015 a Assembleia da República, por iniciativa da
assembleia legislativa regional da R. A. da Madeira aprovou, mediante o voto da
maioria absoluta dos deputados e sob a forma de lei orgânica X, uma alteração à
lei de bases da segurança social, aditando-lhe, segundo a sua própria
terminologia, duas bases gerais:
Base XXXI. Atentos os custos de insularidade e a situação económica da região, o
valor do rendimento social de inserção, a fixar por decreto-lei, é majorado num
mínimo de 50% para os cidadãos oriundos da Região Autónoma da Madeira, em
relação ao valor base fixado para os demais cidadãos.
Base XXXII. O Ministro das Finanças revoga a atribuição do rendimento social de
inserção a todos os cidadãos aos quais o mesmo rendimento seja atribuído e
tenham sido ou venham ao ser condenados a pena de prisão por decisão judicial,
sendo estabelecida por portaria do mesmo Ministro, o elenco de crimes suscetíveis
de fundamentar essa decisão revogatória.
2. Enviado ao Presidente da República para promulgação no dia 2 de novembro,
este solicitou no dia 14 desse mesmo mês o controlo preventivo da
constitucionalidade da base XXXI, ao Tribunal Constitucional, mas o Presidente do
Tribunal, não admitiu, em definitivo, o pedido. O Presidente da República
promulgou a lei X no dia 2 de dezembro.
3. No dia 15 de maio de 2016, A, condenado em primeira instância a pena de 6
meses prisão por injúrias a um agente policial e a quem, por esse facto, o Ministro
das Finanças tinha revogado, ao abrigo da Base XXXII da lei X, o rendimento social
de inserção, impugna o ato revogatório do Ministro num tribunal administrativo
de primeira instância. Tendo o referido tribunal negado provimento ao recurso, A
recorreu para um tribunal de segunda instância que confirmou a decisão do
tribunal recorrido, tendo a sentença transitado em julgado. A, recorreu desta
última decisão para o Tribunal Constitucional. Contudo, este Tribunal, indeferiu
liminarmente o recurso.
4. O Provedor de Justiça, impugnou, no dia 12 de dezembro a Base XXXII em
controlo abstrato sucessivo e o Tribunal Constitucional, três meses depois, julgou
a inconstitucionalidade da mesma norma, com força obrigatória geral.
Responda, justificadamente, às seguintes questões
1. Que fundamentos poderiam ter sido invocados pelo Presidente da República
para impugnar junto do Tribunal Constitucional a Base XXXI da Lei X?
2. Concorda com a conduta do Presidente do Tribunal Constitucional expressa no
nº 2 do caso prático? Justifique.
3. A norma da base XXXII da Lei X é uma base geral? Justifique.
4. Aprecie a conduta processual de A e a decisão do Tribunal Constitucional,
referidas no nº 3 da Hipótese.
5. Responda, em alternativa, a apenas uma, das seguintes questões:
a) A base XXXII é inconstitucional?
b) Que efeito teria a declaração de inconstitucionalidade referida no nº 4 da
Hipótese, na situação jurídica de A ?.

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