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Guia de Boas Práticas

para Cooperativas de Catadores e Pequenos e Médios Recicladores de Alumínio


Ficha técnica

Publicação: Recicla Latas

Coordenação: Polen - Solução e Valorização de Resíduos

Elaboração: Recicle, Reutilize, Plante

Apoio Institucional: ANCAT

Maio / 2022 - 1 ª Edição


Agradecimentos

A Recicla Latas agradece a todos os leitores e espera que as orientações deste Guia de Boas Práticas

sejam úteis para melhorar cada vez mais os processos e a gestão de resíduos.

Um agradecimento ao apoio institucional da Associação Nacional de Catadores e Catadoras de Materiais

ANCAT)
Recicláveis ( neste Guia de Boas Práticas para Cooperativas e Pequenos e Médios Recicladores de

Alumínio.

Agradecemos em especial ao Ayrton Filleti e à Viviane Alves por todo o conhecimento transmitido à

equipe que elaborou o presente Guia de Boas Práticas.


Apresentação

ª edição do Guia de Boas Práticas da Recicla Latas tem o objetivo de fornecer informações que
A 1

contribuam para a melhoria da gestão, condições de saúde, segurança e das relações com os parceiros e

colaboradores no dia a dia de cooperativas e pequenas e médias empresas recicladoras. Além disso, o Guia

busca criar oportunidades de aprimoramento para atingir melhores resultados nos campos social, ambiental

e econômico e servir de apoio nas tomadas de decisões.

Para alcançar resultados positivos, é necessário que princípios de governança e conformidade sejam

seguidos por todos os elos da cadeia.

A Recicla Latas espera colaborar para a melhoria da qualidade ambiental urbana de nosso país, por meio

da promoção de um ambiente favorável à implantação da logística reversa e gestão de resíduos sólidos em

todo o Brasil.

Eunice Lima - Presidente da Recicla Latas


Índice

Introdução...........................................................................................................................................06-07
O valor da reciclagem de alumínio.............................................................................................................07

1.Objetivos de Desenvolvimento Sustentável….................................................................................08-10


- ODS na cadeia recicladora......................................................................................................................10

2.Ética e boas práticas..........................................................................................................................11-15


- Orientações: O que deve ser evitado.......................................................................................................13

- Orientações: O que recomendamos........................................................................................................15

3.Legislação sobre resíduos sólidos................................................................................................17-32


- Política Nacional de Resíduos Sólidos.......................................................................................................18

- Logística reversa........................................................................................................................................19

- Os papéis de cada um para a logística reversa acontecer....................................................................20

- Prioridade na contratação de cooperativas e associações de catadores..............................................21

- Programa de Coleta Seletiva Cidadã.....................................................................................................22

- Como agir?! ............................................................................................................................................23

- Como se cadastrar no SINIR...................................................................................................................25

- Novidades.................................................................................................................................................26

- Legislação Federal sobre efluentes, emissões atmosféricas e ruídos (para recicladoras e

cooperativas)..............................................................................................................................................29
- Legislação Federal sobre efluentes, emissões atmosféricas e ruídos (para recicladoras).......................30

- Sobre ruídos ..............................................................................................................................................31

- Atenção aos ruídos..................................................................................................................................32

- Penalidades pra quem não cumpre a lei................................................................................................33

- Demais legislações sobre o tema.............................................................................................................34

4.Cooperativas: Saúde e segurança...............................................................................................35-44


- Saúde e Segurança do Trabalho - dia a dia em uma organização de catadores...................................36

- Riscos ocupacionais..................................................................................................................................37

- Riscos ocupacionais - Galpão de triagem de resíduos recicláveis..........................................................38

- Medidas de Prevenção..............................................................................................................................39

- Medidas de Proteção...............................................................................................................................40

- EPIs em cooperativa de catadores...........................................................................................................41

- Equipamento de Proteção Coletiva.........................................................................................................43

- Vamos entrar em ação?!..........................................................................................................................44

5.Pequenos e Médios Recicladores de Alumínio - Medidas de Controle.....................................45-49


- Boas práticas de prevenção à poluição...................................................................................................46

- EPIs de proteção contra o fogo................................................................................................................47

- Controle nos processos de fusão de sucatas de alumínio.......................................................................48

Considerações finais................................................................................................................................50
Bibliografia............................................................................................................................................51-52
Introdução
Reciclabilidade é a palavra usada para caracterizar um material que pode ser

facilmente reciclado em um processo ou sistema que tem como objetivo diminuir ao

máximo o uso de matérias primas virgens para a fabricação de produtos, bem como

garantir que elas permaneçam em uso pelo maior tempo possível.

A economia circular, uma das mais importantes ferramentas para a reciclabilidade, tem

como objetivo o desenvolvimento de um processo que vai desde a escolha dos

materiais que vão compor um produto, o seu desenho pensado para a reciclagem e o

desenvolvimento de um processo encadeado desde a fabricação até a reciclagem

deste produto, fazendo o melhor uso dos recursos naturais. Ou seja, gerar menos

resíduos e desperdícios no ciclo de vida de um produto e aumentar o uso de materiais

reciclados para fortalecer a cadeia recicladora, gerando o menor impacto possível.

Assim é com as latas de alumínio para bebidas. Feitas de um material 100% reciclável,

elas são pensadas para serem recicladas e tem sua cadeia de fabricação e reciclagem

inteiramente conectadas, fazendo com que uma latinha seja fabricada, consumida e

reciclada em 60 dias em nosso país. Este guia tem o objetivo de aumentar ainda mais a

eficiência dessa cadeia para que esse sistema se torne cada vez melhor e sirva de

exemplo aos demais setores da reciclagem em nosso país.

06
Foto: Polen.
O valor da
reciclagem de
alumínio
A sucata de alumínio é o resíduo mais

reciclado do Brasil e a reciclagem desse

material reduz em até 95% o consumo de

energia e as emissões de CO 2 , quando

comparada com o metal virgem.

Em 2021, a reciclagem de latinhas de


alumínio no Brasil atingiu o índice de 98,7%,
sendo referência em todo o mundo!

O alto índice de reciclagem das latas só é

possível por causa de uma indústria que

investe em reciclagem! São mais de 800 mil

catadores de resíduos sólidos que

desempenham papel fundamental dentro de

um sistema organizado de logística reversa,

com 36 centros de coleta distribuídos em 18

estados, e com 25 fábricas de latas de

alumínio em 13 estados do Brasil.


07

Objetivos de
Desenvolvimento
Sustentável
(ODS)
ODS
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

da Organização das Nações Unidas (ONU) foram

criados para servirem como diretrizes para as

tomadas de decisões nas esferas pública e privada

em todo o planeta.

São 17 objetivos que abordam os principais desafios

de desenvolvimento enfrentados no mundo todo.

Ter esses ODSs como diretrizes é caminhar em uma

única direção junto a todos os países, tomando as

melhores decisões para o meio ambiente, a

sociedade e, consequentemente, a economia.

A reciclagem impacta de forma positiva vários desses

ODSs e, por isso, a importância de sua presença aqui

neste guia de boas práticas. Veremos alguns deles a

seguir.

09
ODS na Cadeia Recicladora
O Brasil assumiu o compromisso com os ODSs, por isso é importante que nossas ações estejam alinhadas a

estes objetivos.

As cooperativas de catadores(as) de materiais recicláveis e indústrias recicladoras em suas atividades

ajudam a atingir as metas brasileiras por meio dos ODSs destacados abaixo:

O capítulo a seguir, de ética e boas práticas, trará exemplos de como podemos contribuir.
10
2

Ética &
Boas Práticas

Foto: Polen.
Ética &
Boas Práticas

A reciclagem por si só já desempenha um papel

muito positivo para a natureza, a sociedade e a

economia. Com isso, o foco aqui é o cuidado

com as relações.

As atividades devem ser executadas com o

cuidado que as pessoas merecem e para isso é

essencial manter um bom ambiente de trabalho

e uma comunicação clara entre parceiros,

colaboradores e cooperados(as).

12
Orientações:
O que deve ser evitado

As cooperativas e recicladores devem evitar:

constrangimentos;

insultos;

intimidações;

discriminação étnica, por deficiências e/ou limitações físicas, de

idade, nacionalidade, regionalidade, orientação sexual ou religião;

corrupção *;

fraude - ato de enganar uma pessoa ou empresa a fim de obter

benefícios como dinheiro, propriedades ou serviços.

13

*(Lei 12.846/13)
Orientações:
O que deve ser evitado

Não deve ser aceito:

suborno;

propina;

comissão ou vantagens indevidas por pessoas na esfera pública ou

privada;

qualquer tipo de atividade clandestina.

14
Orientações:
O que recomendamos
Toda e qualquer interação com a administração pública,

agentes públicos, órgãos reguladores, autoridades e políticos

deve acontecer de forma:

transparente;

alinhada aos interesses públicos;

respeitando os princípios da impessoalidade, lealdade,

confiança, profissionalismo, colaboração e boa fé.

15

Orientações:
O que recomendamos

Organização: manter planilhas com suas transações comerciais

e relatório anual financeiro em dia;

Transparência: levar ao conhecimento de superiores e/ou

colegas de trabalho os fatos e situações em que se perceba um

conflito de interesses;

Nunca punir funcionários que relatem ou denunciem maus

comportamentos no local de trabalho;

Adotar as orientações desse manual sobre segurança e saúde

de cooperativas e recicladoras e redução de impactos

ambientais.

16
3

Legislação
sobre
resíduos
sólidos
Política Nacional de Resíduos Sólidos
º 12.305/2010) é considerada a lei mais
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS - Lei Federal n

importante sobre resíduos sólidos, com princípios e diretrizes que buscam incentivar a gestão adequada dos

resíduos. Destacamos:

reconhecer o resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social, que

gera trabalho, renda e cidadania.

priorizar a participação das cooperativas e associação de catadores na implementação da lei e da


responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos.

não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos e disposição final

ambientalmente adequada dos rejeitos.

incentivo à indústria da reciclagem e o uso de matérias-primas e insumos derivados de materiais


recicláveis e reciclados.

18
Logística Reversa

É um dos principais instrumentos criados pela

PNRS para realizar a coleta dos resíduos após o

uso pelo consumidor e devolvê-los para a

reciclagem ou outra destinação final

ambientalmente adequada, sem fazer uso do

serviço público de limpeza urbana.

Quem é responsável?

Todos somos responsáveis!

19

Os papéis de cada um para a


logística reversa acontecer
Fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes
Implementar a logística reversa de forma

independente dos serviços

públicos e na proporção dos produtos que forem colocados no mercado;

Consumidor
Devolver aos comerciantes ou distribuidores

os produtos e embalagens

após o uso;

Municípios
Estabelecer sistemas de coleta seletiva e dar disposição final adequada

aos resíduos e rejeitos descartados nos serviços públicos de limpeza

urbana;

Setor empresarial
Atuar em parceria com cooperativas de

catadores e recicladores de

materiais reutilizáveis e recicláveis para implantação da logística reversa.

20
Prioridade na contratação de
cooperativas e associações de catadores
O papel do governo e O papel dos O papel dos


programas de
das políticas públicas municípios logística reversa

Priorizar a participação
das cooperativas e
associações de catadores
na coleta seletiva
Incentivar o Cooperativas e
municipal, garantindo
funcionamento de associações de
prioridade para receber
cooperativas e catadores que estiverem
recursos do governo
associações, inclusive legalmente constituídas,
federal e viabilizar sua
por meio de cadastradas e

legalização

e
financiamentos e habilitadas poderão
formalização. Desenvolver
incentivos fiscais para integrar os sistemas de
e implementar campanhas
estruturação de seus logística reversa, com a
de educação ambiental
galpões e equipamentos assinatura de um
visando a separação, o
necessários à suas contrato ou acordo com
descarte correto e o
atividades. a empresa ou entidade
engajamento dos
gestora para a prestação
cidadãos para a coleta
de serviços.
seletiva.

21

Programa de Coleta
Seletiva Cidadã
O programa estabelece que órgãos da administração pública federal

devem separar os resíduos reutilizáveis e recicláveis, e destiná-los,

prioritariamente, às associações e às cooperativas de catadores.

Para participar é preciso cumprir 4 pontos importantes:

1 - ser formalmente constituídas por catadores de materiais reutilizáveis e


recicláveis;

2 - possuir infraestrutura para realizar a triagem e a classificação dos


resíduos recicláveis descartados;

3 - apresentar o sistema de rateio entre



os associados e os cooperados;

4 - estar regularmente cadastradas e habilitadas no Sistema Nacional de


Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (SINIR).

22

Como Agir?!

Incentivos às indústrias de reciclagem

As organizações podem acessar ao Fundo de

Investimentos para Projetos de Reciclagem

(ProRecicle) para levantar recursos. Eles serão

destinados à projetos de reciclagem e a instituição da

Comissão Nacional de Incentivo à Reciclagem com o

objetivo de:

propor diretrizes;

acompanhar e avaliar as políticas de incentivo à

reciclagem;

conceder incentivos fiscais, financeiros ou

creditícios a indústrias e entidades dedicadas à

reutilização, ao tratamento e à reciclagem de

resíduos sólidos.

23

Cadastro no SINIR

O Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos

Sólidos (SINIR) é um dos Instrumentos da PNRS.

Todos os geradores, transportadores e receptores de resíduos devem

se cadastrar. Empresas localizadas em estados que possuam sistemas

similares ao SINIR, podem utilizar o sistema estadual existente desde

que o mesmo já esteja integrado ao SINIR.

Através desse sistema, Estados, Distrito Federal e Municípios

conseguem disponibilizar todos os anos as informações relacionadas

aos resíduos sólidos gerados de forma eficiente e sistematizada,

facilitando o monitoramento dos avanços na gestão dos resíduos de

acordo com cada região geográfica, gerando assim diagnósticos

mais transparentes da situação dos resíduos sólidos no País.

Dentre todos esses registros que devem ser feitos no SINIR, as

empresas precisam incluir na sua lista de responsabilidades o

Manifesto de Transporte de Resíduos (MTR), documento que passou a

ser obrigatório a partir de 01 de Janeiro de 2021.

24

Para se cadastrar acesse: https://sinir.gov.br/

clique em Novo Usuário;


preencha os campos com os dados solicitados;

clique em solicitar acesso.

No email cadastrado você receberá a senha para acesso. Para acessar

informe:

CNPJ;

CPF do usuário;

senha que recebeu no email.

Agora já pode fazer o primeiro Manifesto de Transporte de Resíduos (MTR)

no ícone Manifesto.

Cadastre-se! clique aqui

25

Novidades

Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PLANARES)*


Propõe metas para a melhoria da gestão de resíduos

sólidos no Brasil e apresenta diretrizes relacionadas à

responsabilidade compartilhada.

*Clique aqui para ler o Decreto Federal nº 11.043/22

26

Novidades

Dentre as principais novidades deste ano estão a atualização do SINIR e o

lançamento do Recicla+, programa do governo que institucionaliza o

certificado de crédito de reciclagem. Essa é uma importante ferramenta para

comprovação da logística reversa em todo o país e traz algumas obrigações

para empresas que desejam participar.

A principal atenção aqui deve ser dada à emissão dos MTRs e às notas fiscais

de venda dos resíduos pelas cooperativas e outros operadores reconhecidos

pelo Decreto Recicla+, às quais competem a coleta seletiva municipal e a

emissão do certificado de destinação final (CDF) pelos recicladores.

Com a emissão do MTR, da nota fiscal de venda dos materiais recicláveis e

com a emissão dos CDFs, temos todos os documentos necessários à emissão

do Recicla+.

Por isso, é fundamental a conexão e parceria entre cooperativas e indústrias

recicladoras e suas melhores práticas, estimuladas nesse guia.

A seguir explicaremos um pouco mais sobre a Recicla+.

27

Novidades
Recicla+
(para recicladoras e cooperativas)
É um documento que comprova o retorno das embalagens ao ciclo produtivo, na mesma
quantidade que foram colocadas no mercado, via compensação ambiental através dos
créditos de reciclagem*.
O rastreamento do certificado Recicla+ será feito por meio das notas fiscais, que
podem ser emitidas por:

cooperativas ou associação de catadores;


titulares dos serviços públicos de limpeza urbana;
consórcios públicos;
operadores públicos ou privados de pontos de entrega voluntária;
empresas privadas que realizem coleta e triagem de produtos ou de embalagens,
dentre outros.

Benefícios gerados:
aumento da renda dos catadores;
aumento da eficiência na reciclagem;
impacto positivo na saúde da sociedade e meio ambiente.

*Crédito de reciclagem = uma tonelada de material reciclável, comprovadamente


destinada à reciclagem ou à recuperação energética.

Clique aqui para ler o decreto 11.044/22


28

Legislação Federal sobre efluentes,


emissões atmosféricas e ruídos
(para recicladoras e cooperativas)

A seguir alguns cuidados importantes relacionados a efluentes, emissões atmosféricas e

ruídos, para evitar danos ao meio ambiente e a aplicação de penalidades.

Emissões atmosféricas
A Resolução CONAMA nº 382/2007 estabelece limites máximos de emissão de poluentes

atmosféricos para fontes fixas e a Resolução CONAMA nº 391/2018, que dispõe sobre

padrões de qualidade do ar.

Ruídos
Os níveis de ruídos gerados pela atividade industrial a serem observados são aqueles

º 10.151 e 10.152 da Associação Brasileira de Normas Técnicas


constantes nas Normas de n

(ABNT). A Resolução CONAMA nº 01/1990 estabelece critérios e padrões para a emissão

de ruídos nas atividades industriais, no que se inclui atividades de reciclagem e a

Resolução CONAMA n º 02/1990, que institui o Programa Nacional de Educação e


Controle de Poluição Sonora – Silêncio. Além disso, a legislação municipal pode

estabelecer limites de ruídos locais.

29

Legislação Federal sobre efluentes,


emissões atmosféricas e ruídos
(para recicladoras)

Efluentes
Somente poderão ser lançados diretamente nos corpos hídricos após o devido

tratamento e desde que obedeçam a legislação. A disposição de efluentes no solo,

mesmo quanto tratados, não poderá causar poluição ou contaminação.

Para saber mais, acesse os links abaixo:

Lei Federal nº 14.026/20: novo marco legal do saneamento básico;

Resoluções CONAMA n º 357/2005;

Resolução CONAMA n º 430/2011: sobre condições e padrões de lançamento de

efluentes;

30

Sobre ruídos
Os níveis de ruídos gerados pelas atividades

relacionadas à reciclagem são aqueles

constantes nas Normas de n º 10.151 e 10.152 da


Associação Brasileira de Normas Técnicas

(“ABNT”). Conforme a NBR 10151, os limites de

horário para o período diurno e noturno podem

ser definidos pelas autoridades de acordo com os

hábitos da população. Porém, o período noturno

não deve começar depois das 22h00min e não

deve terminar antes das 07h00min do dia

seguinte.

Se o dia seguinte for domingo ou feriado o

término do período noturno não deve ser antes

das 09h00min. Assim, em regra, teríamos período

noturno entre as 22h00min até as 07h00min e

aos sábados, domingos, feriados e vésperas de

feriado entre as 22h00min e 09h00min.

31

Atenção aos ruídos


Abaixo os níveis de ruídos a serem observados conforme a NBR 10151, com valores mais rígidos para período

noturno:

Tipo de área Diuno Noturno

Áreas de sítios e fazendas 40 35

Área estritamente residencial urbana ou hospitais ou de escola 50 45

Área mista, predominantemente residencial 55 50

Área mista, com vocação comercial e administrativa 60 55

Área mista, com vocação recreacional 65 55

Área predominantemente industrial 70 60

Além disso, a legislação municipal costuma estabelecer limites de ruídos com base na lei de uso e ocupação

do solo (zoneamento), sempre em consonância com o disposto em âmbito estadual e federal.

32

PENALIDADES pra quem não cumpre a lei

A lei prevê que qualquer pessoa física (cidadão) ou jurídica (empresas,

associações, poder público, etc.) que direta ou indiretamente cause danos

ao meio ambiente ou não cumpra a legislação poderá ser responsabilizado

em três tipos de esferas:

civil - indenizações ou recuperar o meio ambiente degradado;

criminal - prisão ou restritivas de direito, como a prestação de serviços


comunitários;

administrativa - multas e embargos.

33

Demais
legislações sobre
RR

o tema AP

AM
PA
MA CE RN

PI PB
PE
RO TO
AL
AC
MT BA SE

GO

DF
MG

MS ES

SP
Cada Estado tem as suas próprias normas
PR RJ
sobre o assunto.

Para acessar a legislação do seu Estado, SC

clique na sua sigla. RS

34

Cooperativas:
Saúde &
Segurança

Foto: Polen.
Saúde e Segurança do
Trabalho - dia a dia em
uma organização de
catadores
Um ambiente saudável e seguro é essencial para garantir o bem estar no

dia a dia do trabalho.

Você sabia que existem diversos riscos ocupacionais em uma

cooperativa ou associação de catadores de materiais recicláveis?

Conhecer esses riscos e adotar as medidas de proteção é essencial para

garantir a segurança de todos os cooperados e prezar por aqueles que

estão lado a lado, durante o trabalho.

A seguir, apresentaremos os principais riscos associados às atividades

realizadas em uma cooperativa de catadores e as medidas de

prevenção.

36
Riscos ocupacionais
O que é o risco ocupacional?

É a combinação da probabilidades de ocorrer lesão ou agravo à saúde causados por um evento perigoso,

exposição a agente nocivo, exigência da atividade de trabalho e da severidade dessa lesão ou agravo à

saúde.

Os riscos podem acontecer em qualquer atividade e são classificados em 5 principais categorias:

Físico

Químico

Biológico

Ergonômico

Acidente

mecânico


Esforço físico Arranjo


físico
Ruídos

Poeiras

Vírus

Intenso inadequado

Levantamento e Máquinas e
Vibrações

Fumos

Bactérias

transporte

equipamentos
manual de peso sem proteção

Radiações Exigência de Ferramentas


Névoas

Protozoários


Ionizantes postura inadequadas


inadequada ou defeituosas

37

Riscos Ocupacionais - Galpão de triagem de


resíduos recicláveis
Observe abaixo os principais riscos presentes no dia a dia de trabalho em um galpão de triagem e

manuseio de resíduos recicláveis:

Ruído ou pressão sonora (causado pelo barulho das máquinas utilizadas e


Riscos físicos

movimentação dos resíduos), calor, ou radiação excessiva (locais abertos).

Contaminação: pelo contato direto com a pele e/ou por inalação dos vapores
Riscos químicos

de algum produto químico.

Contaminação: por material contaminado como agulhas e infectado por vírus,


Riscos biológicos

bacilos, protozoários, fungos, etc.

Esforço e/ou movimentos repetitivos, levantamento de peso, postura


Riscos ergonômicos

inadequada, etc.

Cortes: por resíduos perfuro cortantes – Tipo: vidros, metais, material hospitalar
(Bisturi e agulhas); incêndios: causados por curto-circuitos em máquinas ou no
Riscos de acidentes

sistema elétrico; cortes, esmagamentos e lesões durante o manuseio de


máquinas como as prensas.

38

Medidas de
Prevenção

Prevenção: “conjunto de medidas que tem por


objetivo evitar, eliminar, minimizar ou controlar

os riscos ocupacionais.”

Agora que já conhecemos os riscos, é preciso

criar formas de reduzir esses riscos.

Uma das formas de prevenção é a utilização

das medidas de proteção como equipamentos

de proteção individual, os EPIs.

39

Medidas de Proteção
Proteção individual

Seguir os procedimentos de segurança e

fazer uso dos Equipamentos de Proteção

Individual (EPIs).

Proteção coletiva

separação adequada dos resíduos;

exaustores para calor e umidade;

sinalização dos resíduos;

sinalização das áreas de trabalho com

as cores de segurança;

sinalizando da área de carga e

descarga de materiais;

sinalização dos locais onde se

encontram os extintores de incêndio.

40

EPIs em cooperativas de catadores


Confira abaixo os EPIs para a saúde e segurança dos trabalhadores em um galpão de triagem:

1.

Mangote - para ser


1.
utilizado quando se usa
camisa de manga curta;

2. Luvas - de látex com forro


2.
de algodão, para a maioria
das atividades, e luva de
couro para manipulação de
perfurocortantes, como vidro
(não deve ser molhada no
manuseio);

Foto:https://www.seikiluvas.com.br/mangote-algodao 3. Óculos de proteção

4. Camiseta de algodão -
manga curta ou longa e
calça de de brim grosso
ou jeans (não usar calças
justas);

3. 4.

41
EPIs em cooperativas de catadores

Bota de segurança - com biqueira de


1.
pvc para uso comum e com biqueira de
aço para o setor de vidros;

2. Protetor auricular - do tipo plug de


silicone e do tipo concha (são mais
higiênicos) para serem utilizado pelos
operadores de máquinas, como: prensa,
triturador de vidro, triturador de papel;

Máscara de proteção facial e


3.
1. 2.
máscara de proteção - pode-se usar
máscaras de algodão (reutilizáveis),
N95 ou PFF2 (máscaras de uso único)
que protegem contra a entrada de vírus
5.
e bactérias pela boca e nariz;

4. Avental impermeável - para evitar o


contato com líquidos contaminantes.

5. Capacete de segurança - para


3. 4.
evitar impactos de objetos sobre o
crânio e choques elétricos.

42

Equipamento de
Proteção Coletiva

Um dos principais e essenciais equipamentos de proteção coletiva

em uma central de triagem é o extintor de incêndio.

Eles são obrigatórios para se retirar o alvará do Corpo de Bombeiros

e servem para controlar princípios de incêndio.

Por isso fique sempre atento ao prazo validade e troque sempre que

for necessário!

Saber como e quando utilizá-los é essencial para a redução dos

incêndios.

43

Vamos entrar em
ação?!

Para preservar a saúde e a segurança dos

trabalhadores:

mapeie os riscos envolvidos no trabalho;

utilize corretamente os equipamentos de

segurança;

cheque a validade dos extintores de

incêndio.

44

Pequenos e
Médios
Recicladores de
Alumínio -
Medidas de
Controle
Foto: GNA Alutech Inc.
Boas práticas de prevenção à poluição
Para evitar que suas atividades gerem poluição fique atento aos seguintes

cuidados:

Armazenar as sucatas de alumínio e rejeitos em locais protegidos do tempo

(da chuva, do vento, etc) e com o piso impermeabilizado;

Obter licenciamento para a realização das atividades;

Operar e manter adequadamente sistema de exaustão e tratamento de

emissões de gases poluentes;

Realizar coleta seletiva, destinar corretamente os recicláveis e rejeitos

gerados no local da atividade;

Monitorar e controlar ruídos e efluentes sanitários e industriais.

Além de todas essas medidas, é necessário realizar capacitação sobre


coleta seletiva, meio ambiente, saúde e segurança do trabalho para toda
a equipe.
46

EPIs de proteção contra o fogo


Profissionais que trabalham em recicladoras e que ficam expostos ao fogo e altas temperaturas necessitam

de EPIs específicos. Confira abaixo:

1. 2. 3.

1. Cabeça: Capuz aluminizado;

2. Tronco: Avental aluminizado;

3. Mãos: Luva mista térmica;

4. Pernas: Calça aluminizada;

4. 5. 6. 5. Pernas: Perneira aluminizada;

6. Pés: bota para riscos térmicos

ISO 20349-1 ou ISO 20349-2;

Fotos: supremaluvas.com.br/epi-aluminizado

47
Controle nos processos de fusão de
sucatas de alumínio
Fusão em fornos rotativos
Durante o processo de fusão das sucatas de alumínio, sais são usados para evitar a oxidação do

metal.

O sal líquido que sobra no final do processo, conhecido como borra preta é um resíduo perigoso! Por
isso siga o passo a passo abaixo:

1. retire a borra preta;

2. armazene em caçambas em áreas cobertas até se

solidificar para não gerar gases poluentes;

3. destine para aterro industrial Classe I em caminhão


lonado.

A utilização de filtros manga, com adição de cal ou

bicarbonato, e o uso de gás natural para combustão são

igualmente importantes para diminuir as emissões geradas

nessa atividade.

48
Foto: ABAL, Reciclagem do Alumínio, 2021

Fusão em forno de revérbero com


decoater
Esse é o modelo de forno que gera menor

impacto ambiental, pois não utiliza sais no

processo de fusão.

- Remoção da tinta
O decoater é capaz de remover a tinta, antes

de realizar a fusão das sucatas de alumínio.

Os gases poluentes produzidos durante a

remoção da tinta são destruídos em

temperaturas de 9000 °C e em seguida

passam por um sistema de filtros manga com

bicarbonato para eliminar qualquer tipo de

poluente.

- Fusão das sucatas


A geração de escória ou borra branca é

mínima e pode ser reprocessada nos fornos

rotativos.

49

Foto: https://www.djfornos.com.br/forno-reverbero

Considerações finais
Esse guia de boas práticas tem por objetivo fornecer

diretrizes gerais para a melhoria de processos de

cooperativas e recicladores da cadeia de alumínio.

A Recicla Latas espera que as orientações aqui

apresentadas sejam úteis para a qualificação da

cadeia recicladora e para a gestão adequada de

resíduos de maneira geral, protegendo a todos que

atuam diariamente para que a reciclagem de latinhas

aconteça e continue sendo referência no Brasil e no

mundo!

50

Bibliografia:

ABAL, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO ALUMÍNIO, Reciclagem do Alumínio, 2021

CAVALCANTE l.P.S., LIMA V.L.A., SILVA M.M.P., Gestão integrada de resíduos sólidos e risco que estão expostos catadores de materiais recicláveis, p.

62 - 270, 2018.

CONCEIÇÃO R. S., Saúde Ambiental: Riscos ocupacionais enfrentados por catadores de materiais recicláveis cooperativados, 2021.

FEAM - DPED - GPROD - RT 5/2014, Plano de ação para adequação ambiental do setor de fundição de ferro e alumínio no Estado de Minas Gerais,

2015.

KACHAR F. Z., A arte da reciclagem , 2015.

MIRANDA M.C.A., SIMAN R.R., ESTEVAM R., DUTRA R.M.S., CALIXTO L.M., III-088 - Análise quali-quantitativa de risco ocupacionais na organizações de

catadores de materiais recicláveis - Espirito Santo: Uma evolução implementada pela PNRS, 2018.

RAJÃO J. C., Riscos e estratégias de prevenção na triagem de materiais recicláveis, 2018.

RECICLA LATAS, Relatório anual de desempenho - ano 01 - Termo de compromisso para o aperfeiçoamento do sistema de logística reversa de latas de

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ZECHIN V. M., Levantamento dos riscos ambientais em uma cooperativa de triagem de resíduos sólidos, 2011.

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Bibliografia:

Referência em sites: Referência em vídeo:


​https://brasil.un.org/pt-br/sdgs
https://www.youtube.com/watch?v=OTgAtbNEqEQ

https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-
https://www.youtube.com/watch?v=BW4OxM19NRU
br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-

trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/normas-
https://www.youtube.com/watch?v=iZ-5US2ek60
regulamentadoras/nr-06.pdf

https://www.youtube.com/watch?v=2RBSEEIEndw
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-549-de-9-

de-marco-de-2022-384843026
https://www.youtube.com/watch?v=aIhFZt58m7k

https://supremaluvas.com.br/entenda-a-nr-14-e-saiba-quais-

sao-os-epis-para-trabalho-em-fornos/

https://supremaluvas.com.br/voce-sabe-quais-sao-os-epis-

usados-na-industria-da-fundicao/

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