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Isabella Soares de Assis

Emenda Constitucional

Bela Vista de Minas - MG

2022
Introdução : O presente artigo tem por objetivo o estudo dos impactos da Emenda
Constitucional 103/2019 no benefício previdenciário de aposentadoria especial, com o foco
na frustração da expectativa de direito dos segurados do Regime Geral de Previdência
Social frente à regra de transição instituída pela nova legislação. Tendo em vista os avanços
das atividades laborais e suas especificidades durante a evolução humana, o tema
abordado neste artigo foi recentemente discutido nas casas legislativas, além de possuir
presença forte na doutrina e jurisprudência, qual seja: aposentadoria especial. Atualmente o
benefício previdenciário da aposentadoria especial está previsto na Constituição Federal,
bem como na Lei nº 8.213/91 e no Decreto 3.048/99, os quais instituem a aposentadoria
especial para os segurados que laboram durante determinado período expostos a agentes
nocivos que prejudicam a sua saúde ou integridade física

Desenvolvimento : É de conhecimento de todos que a Emenda Constitucional (EC) 103,


publicada em 13 de novembro de 2019, trouxe várias alterações sobre a contagem de
tempo de contribuição, idade para direito e concessão para aposentadoria dos servidores
públicos. A EC 103/2019 atingiu todos os servidores, inclusive os que já estavam na ativa,
quando a Emenda foi publicada.

No entanto, a regra do Direito Adquirido estabelece que o servidor, que já tinha cumprido os
requisitos para concessão de aposentadoria voluntária antes da publicação da emenda, tem
assegurada a observância aos critérios da legislação vigente na data em que foram
atendidos os requisitos, isto é, tem direito adquirido à regra anterior à promulgação da
Emenda.

A EC 103/2019 revogou a EC 41/2003 e EC 47/2005, ressalvados os casos de direito


adquirido (adquiridos antes da publicação da EC103/2019). As EC 41 e 47 eram as
emendas vigentes até 13 de novembro de 2019. Segundo Laura Cunha, da Coordenadoria
de Controle Funcional da Diretoria de Gestão de Pessoas, é comum os servidores citarem
ambas EC revogadas quando solicitam simulação de sua aposentadoria. “Porém, vale
ressaltar, que ambas foram revogadas pela EC 103/2019”.

A EC 103 determina que os proventos serão equivalentes à totalidade da remuneração do


servidor no cargo efetivo em que se der a aposentadoria com o preenchimento de requisitos
específicos (idade e tempo de contribuição), para o servidor que tenha ingressado no
serviço público, em cargo efetivo, até 31 de dezembro de 2003 e não tenha migrado para a
previdência complementar (Funpresp).

As regras de aposentadoria aplicáveis ao servidor público federal, previstas na EC


103/2019, são as seguintes: Artigo 4º (regra dos pontos), Artigo 10 (regra do requisito da
idade) e Artigo 20 (regra do pedágio).

Artigo 4º
O Art. 4º trata da regra dos pontos para a aposentadoria. Neste caso, o servidor público
federal que tenha ingressado no serviço público em cargo efetivo até 13 de novembro de
2019 poderá se aposentar, voluntariamente quando preencher, cumulativamente, os
seguintes requisitos: 56 anos de idade, se mulher, e 61 anos de idade, se homem,
observado o disposto no parágrafo (§) 1º; 30 anos de contribuição, se mulher, e 35 anos de
contribuição, se homem; 20 anos de efetivo exercício no serviço público; cinco anos no
cargo efetivo em que se der a aposentadoria; e somatório da idade e do tempo de
contribuição, incluídas as frações, equivalente a 86 pontos, se mulher, e 96 pontos, se
homem, observado o disposto nos parágrafos 2º e 3º.

O parágrafo 1º deste artigo determina que a partir de 1º de janeiro de 2022, a idade mínima
a que se refere o inciso I do caput será de 57 anos de idade, se mulher, e 62 anos de idade,
se homem.

Já o parágrafo 2º estabelece que a partir de 1º de janeiro de 2020, a pontuação a que se


refere o inciso V do caput será acrescida a cada ano de um ponto, até atingir o limite de 100
pontos, se mulher, e de 105 pontos, se homem.

A idade e o tempo de contribuição serão apurados em dias para o cálculo do somatório de


pontos a que se referem o inciso V do caput e o § 2º.

Para o titular do cargo de professor que comprovar exclusivamente tempo de efetivo


exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio,
os requisitos de idade e de tempo de contribuição de que tratam os incisos I e II do caput
serão: 51 anos de idade, se mulher, e 56 anos de idade, se homem; 25 anos de
contribuição, se mulher, e 30 anos de contribuição, se homem; e 52 anos de idade, se
mulher, e 57 anos de idade, se homem, a partir de 1º de janeiro de 2022. Este é o teor do
parágrafo 4º.

O § 5º determina que o somatório da idade e do tempo de contribuição de que trata o inciso


V do caput para as pessoas a que se refere o § 4º, incluídas as frações, será de 81pontos,
se mulher, e 91pontos, se homem, aos quais serão acrescidos, a partir de 1º de janeiro de
2020, um ponto a cada ano, até atingir o limite de 92 pontos, se mulher, e de 100 pontos, se
homem.

O parágrafo 6º diz que os proventos das aposentadorias concedidas nos termos deste
artigo corresponderão à totalidade da remuneração do servidor público no cargo efetivo em
que se der a aposentadoria, observado o disposto no § 8º, para o servidor público que
tenha ingressado no serviço público em cargo efetivo até 31 de dezembro de 2003 e que
não tenha feito a opção de que trata o parágrafo 16 do Art. 40 da Constituição Federal,
desde que tenha, no mínimo, 62 anos de idade, se mulher, e 65 anos de idade, se homem,
ou, para os titulares do cargo de professor de que trata o § 4º, 57 anos de idade, se mulher,
e 60 anos de idade, se homem; ao valor apurado na forma da lei, para o servidor público
não contemplado no inciso I.

O preenchimento dos requisitos para esta regra são que os proventos de aposentadoria
sejam calculados da seguinte forma: 60% da média aritmética simples dos salários de
contribuição, com acréscimo de 2% para cada ano de contribuição que exceder o tempo de
20 anos de contribuição, exceto para o servidor que tenha ingressado no serviço público em
cargo efetivo até 31 de dezembro de 2003 e que não tenha optado pelo Regime de
Previdência Complementar, caso em que o valor dos proventos de aposentadoria
corresponderão à totalidade da remuneração no cargo efetivo em que se der a
aposentadoria.
Artigo 10
O parágrafo 1º do Artigo 10 prevê que os servidores públicos federais serão aposentados
voluntariamente, observados, cumulativamente, os seguintes requisitos: 62 anos de idade,
se mulher, e 65 anos de idade, se homem; e 25 anos de contribuição, desde que cumprido
o tempo mínimo de 10 anos de efetivo exercício no serviço público e de cinco anos no cargo
efetivo em que for concedida a aposentadoria; por incapacidade permanente para o
trabalho, no cargo em que estiverem investidos, quando insuscetíveis de readaptação,
hipótese em que será obrigatória a realização de avaliações periódicas para verificação da
continuidade das condições que ensejaram a concessão da aposentadoria; ou
compulsoriamente, na forma do disposto no inciso II do parágrafo 1º do Art. 40 da
Constituição Federal.

Já o parágrafo 2º determina que os servidores públicos federais com direito a idade mínima
ou tempo de contribuição distintos da regra geral para concessão de aposentadoria na
forma dos parágrafos 4º-B, 4º-C e 5º do Art. 40 da Constituição Federal poderão
aposentar-se, observados os seguintes requisitos: o servidor público federal cujas
atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos
prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracterização por categoria
profissional ou ocupação, aos 60 anos de idade, com 25 anos de efetiva exposição e
contribuição, 10 anos de efetivo exercício de serviço público e cinco anos no cargo efetivo
em que for concedida a aposentadoria; o titular do cargo federal de professor, aos 60 anos
de idade, se homem, aos 57 anos, se mulher, com 25 anos de contribuição exclusivamente
em efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino
fundamental e médio, 10 anos de efetivo exercício de serviço público e cinco anos no cargo
efetivo em que for concedida a aposentadoria, para ambos os sexos.

O preenchimento dos requisitos nesta regra estabelece que os proventos de aposentadoria


serão calculados da seguinte forma: 60% da média aritmética simples dos salários de
contribuição correspondentes à todo o período contributivo, com acréscimo de 2% para
cada ano de contribuição que exceder o tempo mínimo de contribuição.

Artigo 20
O segurado ou o servidor público federal que se tenha filiado ao Regime Geral de
Previdência Social ou ingressado no serviço público em cargo efetivo até a data de entrada
em vigor da Emenda Constitucional 103 poderá aposentar-se voluntariamente quando
preencher, cumulativamente, os seguintes requisitos: 57 anos de idade, se mulher, e 60
anos de idade, se homem; 30 anos de contribuição, se mulher, e 35 anos de contribuição,
se homem; para os servidores públicos, 20 (vinte) anos de efetivo exercício no serviço
público e cinco anos no cargo efetivo em que se der a aposentadoria; período adicional de
contribuição correspondente ao tempo que, na data de entrada em vigor da EC, faltaria para
atingir o tempo mínimo de contribuição referido no inciso II.

O parágrafo 1º do Artigo 20 diz que para o professor que comprovar exclusivamente tempo
de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental
e médio serão reduzidos, para ambos os sexos, os requisitos de idade e de tempo de
contribuição em cinco anos.
O parágrafo 2º refere-se ao valor das aposentadorias concedidas nos termos do disposto. E
corresponderá: em relação ao servidor público que tenha ingressado no serviço público em
cargo efetivo até 31 de dezembro de 2003 e que não tenha feito a opção de que trata o § 16
do Art. 40 da Constituição Federal, à totalidade da remuneração no cargo efetivo em que se
der a aposentadoria, observado o disposto no § 8º do Art. 4º; e em relação aos demais
servidores públicos e aos segurados do Regime Geral de Previdência Social, ao valor
apurado na forma da lei.Já o parágrafo 3º faz referência ao reajuste desses valores.
Conforme estabelece, o valor das aposentadorias concedidas nos termos do disposto neste
artigo não será inferior ao valor a que se refere o parágrafo 2º do Art. 201 da Constituição
Federal e será reajustado: de acordo com o disposto no Art. 7º da Emenda Constitucional nº
41, de 19 de dezembro de 2003, se cumpridos os requisitos previstos no inciso I do § 2º;
nos termos estabelecidos para o Regime Geral de Previdência Social, na hipótese prevista
no inciso II do § 2º.

Os proventos de aposentadoria serão calculados da seguinte forma: 60% da média


aritmética simples dos salários de contribuição correspondentes a todo o período
contributivo, com acréscimo de 2% para cada ano de contribuição que exceder o tempo
mínimo exigido, exceto para o servidor que tenha ingressado no serviço público em cargo
efetivo até 31 de dezembro de 2003 e que não tenha optado pelo Regime de Previdência
Complementar. Neste caso, os proventos de aposentadoria corresponderão à totalidade da
remuneração no cargo efetivo em que se der a aposentadoria.

Lembrando que as aposentadorias de magistério, caso dos professores EBTT, que reduz
em 5 anos, para ambos os sexos, a idade e tempo de contribuição, deverão ser de efetivo
exercício nas funções de magistério, ou seja, todo e qualquer afastamento das funções de
magistério, será descontado do efetivo exercício, exceto exercício de funções de Direção,
consideradas como tempo de magistério. Os afastamentos descontados no tempo de
efetivo exercício para essa aposentadoria são Afastamento para Estudo Exterior com ônus,
Afastamento Missão Exterior com ônus, Afastamento Missão Exterior com ônus limitado,
Afastamento participação Programa de Pós-graduação Stricto Sensu no País com ônus,
Afastamento no País com ônus – Doutorado/ Mestrado, Licença capacitação, Afastamento
estudo no exterior com ônus limitado, e Licença prêmio por assiduidade.

Conclusão : A Reforma da Previdência trouxe significativas mudanças para quando você


for pedir o seu benefício ao INSS, e isso não é apenas a criação da idade mínima para
aposentar-se, pois ela trouxe mudanças na pensão por morte, benefícios por incapacidade,
aposentadoria por tempo de contribuição e suas regras de transição. A primeira principal
mudança é o aumento na idade mínima requerida para aposentadoria. Antes os homens
poderiam se aposentar com 65 anos e as mulheres com 60. Hoje, com a reforma, os
homens continuam se aposentando a partir dos 65 anos, já as mulheres irão se aposentar a
partir dos 62.

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