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Publicado em NOVA ESCOLA 07 de Março | 2018

Astronomia

Um céu propício para trabalhar


Ciências
Três fenômenos astronômicos serão vistos no céu deste dia 31: superlua, lua
azul e lua de sangue. Entenda e saiba como levar o tema para sua turma
Laís Semis

Foto: NASA

O 31 de janeiro deste ano é marcado por um raro encontro de fenômenos celestes: o eclipse da
“Superlua Azul de Sangue”. Este é o nome dado pela Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço
(NASA), agência espacial americana, para a junção da superlua, Lua azul e Lua de sangue que ocorrerão
simultaneamente no último dia de janeiro.

LEIA MAIS Por que o homem não voltou mais à Lua

América do Norte, Oriente Médio, Ásia, Rússia Oriental, Austrália e Nova Zelândia terão oportunidade
de presenciar o encontro astronômico. Na maior parte do Brasil, o raro eclipse não será visível (confira
aqui o mapa global de onde ele terá visibilidade), com exceção de algumas localidades do extremo
norte do país. Embora seja difícil fazer a distinção a olho nu, as outras áreas deverão apenas ver a Lua
mais brilhante e maior do que o normal, já que ela se encontrará no ponto mais próximo da Terra.
Para quem se encontra fora da área de visibilidade do evento, a NASA transmitirá o fenômeno pelo site
www.nasa.gov/nasalive às 8:30 da manhã (Brasília, horário brasileiro de verão).

Ainda assim, a ocasião traz uma oportunidade para as aulas de Ciências e até interdisciplinar com
Geografia, Matemática e Física. Temas conectados aos fenômenos astronômicos costumam despertar
a curiosidade das pessoas (e de seus alunos também). Um exemplo disso foi o eclipse solar ocorrido
em 21 de agosto de 2017. No momento do evento, a audiência da Netflix despencou em 10% nos
Estados Unidos.

Hey, just wondering why 10% of you chose to watch a giant rock cover a giant ball of gas
when I HAVE ALWAYS BEEN THERE FOR YOU.

— Netflix US (@netflix) 22 de agosto de 2017

Em tradução livre: “Ei, apenas imaginando por quê 10% de vocês preferiram olhar uma pedra gigante
cobrindo uma bola gigante de gás enquanto nós sempre estivemos lá por vocês?”.

Rodolfo Langhi, especialista em ensino de astronomia da Departamento de Física da Faculdade de


Ciências da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp/Bauru), indica que o tema
pode ser trabalhado em todas as etapas da Educação Básica. “Embora seja complexo, é sempre
possível adaptar para os pequenos com a simplificação da linguagem, por exemplo”, indica Rodolfo. “É
muito importante que o professor explique os termos popularmente divulgados pela mídia, mas use
termos específicos e mais corretos do ponto de vista de Ciências e explique porque eles acontecem.
“Na cabeça dos menores, essas expressões podem gerar muitas ideias, como a Lua de sangue, que não
tem sangue de verdade, é apenas nome-fantasia”, pondera.

A Lua é vista a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) Foto: NASA

ENTENDA OS FENÔMENOS

Eclipse lunar: acontece quando o Sol, a Terra e a Lua se encontram alinhados. Com a Terra entre os
dois corpos celestes, a sombra do planeta oculta a Lua, provocando um eclipse lunar total. O
fenômeno só acontece se a Lua estiver na fase cheia. Anualmente, ele ocorre pelo menos duas vezes.

Lua de sangue: durante o eclipse lunar, a Lua adquirirá uma coloração avermelhada e perceptível a
olho nu. O efeito é gerado pela luz do Sol na atmosfera, que incide na Lua com tons de vermelho.
Apenas durante os eclipses lunares totais é possível vê-la assim.

Superlua: é o termo usado quando a Lua cheia chega no ponto mais próximo da Terra. A proximidade
entre as duas faz com que a Lua aparente estar maior e também mais brilhante do que a média de sua
fase cheia. O termo correto seria dizer que a Lua cheia está próxima ao perigeu. O evento do dia 31
integra a trilogia das superluas (esta é a terceira ocorrência em dois meses), que será a última de 2018.

Lua azul: apesar do nome, não há alteração na cor do satélite. A expressão é usada para designar a
segunda Lua cheia de um mesmo mês, o que ocorre em intervalos de mais ou menos dois anos. Isso
acontece porque o tempo entre duas fases em que ela se encontra cheia é de 29,5 dias, pouco menos
do que um mês por ciclo.

Garota observa fenômeno da superlua nos Estados Unidos Foto: Getty Images

ENSINANDO A ESCALA DE DANJON

Um bom ponto de partida é relacionar os conhecimentos prévios dos alunos com conhecimentos
básicos de Astronomia. Um exemplo de como esse tema pode ser explorado é o trabalho desenvolvido
por Felipe Bandoni, professor de Ciências da Educação de Jovens e Adultos e colunista de NOVA
ESCOLA. Em 2012, Felipe foi Educador Nota 10 com o projeto “Lua de São Jorge”. Confira o plano de
aula do professor e inspire-se com o teaser do projeto:

Vídeo: https://www.youtube.com/embed/m9CtgSEqdTQ

A última vez em que a superlua coincidiu com um eclipse foi em 1982. Além disso, essa lua cheíssima
têm outras razões para ser especial. Ela é a última de uma série de três superluas nos últimos dois
meses (as duas primeiras aconteceram em 3 de dezembro e 1º de janeiro). Esta é também a segunda
Lua cheia do mês, fenômeno intitulado de Lua azul (apesar do nome, não há alteração na cor do
satélite).

Rodolfo destaca que é bom estar atento à essas oportunidades antes delas acontecerem para planejar
com antecedência atividades. “Assim é possível preparar os alunos para a observação e ao que podem
se atentar para fazer registros. Uma atividade interessante a partir da observação do eclipse lunar é a
Escala de Danjon”, diz. A escala vai de 0 a 4 e é usada para medir a densidade de partículas na
atmosfera. É essa quantidade de partículas que define a cor do eclipse. Quanto menor, mais difícil é
enxergar o corpo celestial. “O astrônomo André-Louis Danjon inventou essa escala para fazer uma
medição rápida da quantidade de partículas na atmosfera”, explica o especialista.

Embora o interesse pelo tema ganhe destaque quando ocorrem fenômenos raros, esses eventos
podem ser resgatados ao longo do ano nas aulas, considerando que conhecimentos astronômicos,
como eclipses e fases da Lua, fazem parte dos currículos. Confira alguns materiais que podem auxiliar
a levar esse tema para a sua turma:
Para trabalhar em Ciências, Matemática e Geografia

Astronomia a olho nu

Para trabalhar em Ciências:

Investigações sobre a Lua

Plano de aula para relacionar conceitos básicos de Astronomia com o conhecimento prévio dos
alunos

Como explicar os movimentos da Lua em sala de aula

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