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Marília Bilemjian Goulart

Pós Graduação em Design Gráfico e Digital


1o semestre - 2022
Senac SP

Fichamento de O Livro Ideal (1893) - Willian Morris

Considerado um pioneiro do design moderno, Willian Morris foi fundador da Kelmscott


Press e tinha com objetivo de adicionar qualidade e “valor moral” as obras impressas,
combatendo os “resultados duvidosos” da produção em massa.

No artigo O Livro Ideal (1893) Morris apresenta considerações do que para ele
representa um bom livro sobre o aspecto visual, ou arquitetônico, da obra.

Segundo o autor, o livro ideal não deve ser limitado por questões comerciais de preço,
mas devemos poder “(...) fazer com ele o que quisermos, segundo aquilo que sua
natureza, como livro, exigir da Arte.” (p. 1). Morris entende o livro como uma obra de
arte independentemente da temática ou sofisticação do livro, basta que se dê
adequada atenção ao tipo e à organização geral da obra. Ainda que sem ornamentos
ou ilustrações, o que confere aspecto artístico ao livro está no escopo do design: “seus
trabalhos, sem nenhum outro ornamento a não ser os derivados do design e da
disposição das letras, são verdadeiras obras de arte.” (p. 1).

Dessa forma, um livro comum, ou “despojado” pode parecer belo, desde que possua
um arranjo arquitetonicamente adequado. Esse arranjo não implica um preço mais
caro, mas sim em composição e posicionamento correto dos elementos

Morris destaca alguns pontos para a adequação da arquitetura do livro: páginas claras
e de fácil leitura, tipos bem projetados e margens devidamente proporcionais à
mancha.

Para que a leitura esteja clara, Morris destaca os seguintes pontos que devem ser
respeitados:

- Letra deve ter o corpo adequado, com pequenos espaços brancos entre elas.
Como exemplo negativo cita a letra romana, com condensação lateral qie
acarreta o adelgaçamento da forma
- Manter espaçamento entre as palavras, mas sem exagero: “Não pode haver
mais branco entre as palavras além do estritamente necessário para separá-las
entre si; se o branco for maior do que isso, a tendência é tanto a ilegibilidade
como a página ficar feia.” (p. 2).

- Bom design de letra. O autor cita uma série de bons e maus exemplos, como “a
sufocante letra Bodoni” - a mais ilegível, segundo o autor, ou a elegante Casion,
relativamente espingarda. Aqui o que importa não é a beleza, mas sim a
legibilidade: a letra English Back-Letter, embora “seja uma letra bonita e
imponente, ela não apresenta boa leitura, é muito condensada, muito pontuda e,
por assim dizer, muito premeditadamente gótica”. Morris explica que a
dificuldade de ler tipo gótico vem das “(...) inúmeras contrações nele existentes,
uma herança do método dos escribas, e, em menor grau, ao excesso de letras
unidas (...)” (p. 3) - problemática ausente nos tipos modernos semigóticos.

Morris destaca também que o livro deve ser pensado com 02 páginas abertas, “só de
vez em quando vemos uma página por vez” (p. 4). Dessa forma, a margem interna
(encadernada) deve ser a menor das margens e as seguintes maiores, aumentando
gradativamente entre superior, externa e inferior. Ainda nessa sessão desta ainda que
a leitura de livros grandes pode ser tão confortável quanto a dos livros pequenos.

Sobre a qualidade do papel de um livro ideal aponta que deve ser evitado o papel
industrial, sobretudo os que imitam os papéis artesanais. Em seu lugar um bom papel
artesanal deve ser usado, optando por papel espesso para livros grandes para facilitar
o manuseio.

Como citado no início, o autor considera que os elementos de desing podem ser
considerados como ornamentos: “o ornamento precisa fazer parte da página da mesma
forma que o próprio tipo, senão perderá seu objetivo” (p. 5). Para resultar em um
ornamento, é preciso que se siga alguns pontos e “tornar-se arquitetônico”:

uma simples imagem em preto e branco, por mais interessante que seja, pode
estar longe de ser um ornamento em um livro, enquanto, de outro lado, um livro
ornamentado com imagens que são adequadas a ele, e só a ele,pode tornar-se
uma obra de arte que nada fica a dever a nenhuma outra, com exceção de uma
bela estrutura devidamente decorada ou uma bela obra literária.

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