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O Projeto Gráfico do livro “O Pequeno Príncipe”: Análise de Edições

Brasileiras sob a ótica do Design Editorial

The Graphic Project of the book “Le Petit Prince”: Analysis of Brazilian
Editions from the perspective of Editorial Design

Lucas Leon
Melissa Haag
Universidade do Vale do Itajaí, Balneário Camboriú, SC

RESUMO
O design gráfico de um livro, mais do que a elaboração de uma capa e uma
diagramação adequadas, influencia a forma como o texto será circulado e recebido
pelo leitor. O objetivo deste trabalho é analisar e comparar o projeto gráfico do livro
"O Pequeno Príncipe" a fim de refletir sobre as escolhas gráficas e visuais de
diferentes editoras para um clássico da literatura mundial. A metodologia consiste em
pesquisa bibliográfica e em uma coleta de dados através da observação e análise
comparativa do design de duas edições do livro de editoras diferentes. O design
destas obras foi analisado atentando-se para aspectos do projeto gráfico (ilustração,
relação texto e imagem e tipografia) e da produção gráfica (formato, papel, cores,
impressão e acabamento). Como referencial teórico foram adotados os estudos de
Hendel (2006), Haslam (2007) e Haluch (2013). O resultado reflete quais aspectos do
design editorial estão sendo utilizados com mais ênfase pelas editoras brasileiras com
a finalidade de se destacar entre os similares.

PALAVRAS-CHAVE: Design Gráfico. Livro. Literatura Infantojuvenil.

ABSTRACT
The graphic design of a book, more than the elaboration of an adequate cover and
layout, influences the way the text will be circulated and received by the reader. The
objective of this work is to analyze and compare the graphic design of the book "Le
Petit Prince" in order to reflect on the graphic and visual choices of different publishers
for a classic of world literature. The methodology consists of bibliographic research
and data collection through observation and comparative analysis of the design of two
editions of the book from different publishers. The design of these works was analyzed
paying attention to aspects of graphic design (illustration, text and image relationship
and typography) and graphic production (format, paper, colors, printing and finishing).
As a theoretical framework, the studies of Hendel (2006), Haslam (2007) and Haluch
(2013) were adopted. The result reflects which aspects of editorial design are being
used with more emphasis by Brazilian publishers in order to stand out among similar
ones.

KEY-WORDS: Graphic Design. Boook. Children’s Literature.

1 INTRODUÇÃO

O design gráfico de um livro, mais do que a elaboração de uma capa e uma


diagramação adequadas, influencia a forma como o texto será circulado e recebido
pelo leitor. E quando se trata do design de um livro de literatura clássica, estamos
falando de dar uma forma a um conteúdo muito especial.
Ao pensarmos em clássico da literatura, poderíamos discorrer a respeito desta
definição sobre diversos aspectos. Entretanto, este estudo se limitará a pensar em
um clássico pelo viés do pensamento de Ítalo Calvino. Segundo o autor,

Os clássicos são livros que, quanto mais pensamos conhecer por ouvir dizer,
quando são lidos de fato mais se revelam novos, inesperados, inéditos. [...]
os clássicos não são lidos por dever ou por respeito, mas só por amor. Exceto
na escola: a escola deve fazer com que você conheça bem ou mal um certo
número de clássicos dentre os quais (ou em relação aos quais) você poderá
depois reconhecer os seus clássicos. A escola é obrigada a dar-lhe
instrumentos para efetuar uma opção: mas as escolhas que contam são
aquelas que ocorrem fora e depois de cada escola. (CALVINO, 1993,
p.12/13).

Neste sentido, a adoração do leitor pela obra pode ser algo que determine sua
conservação de geração a geração. O mesmo passaria a agir como incentivador que

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motivaria uma obra a ser apreciada como clássica. Não obstante, Calvino adverte que
as leituras feitas na escola não são fundamentalmente aquelas que causam esse laço
entre o leitor com os livros que serão considerados como “os seus clássicos”. Essa
escolha é imbuída, antes de tudo, por espontaneidade, e de acordo com o autor,
jamais acontecem de forma arbitrária.
Ora, sabendo-se que é na fase escolar que o ser humano passa a identificar
algumas obras como preferidas, tornando-as como clássicos para si, é fundamental
pensar em como aproximar o leitor dessas obras. Assim, apelar visualmente para o
leitor, dá subsídios para que o escritor chegue mais facilmente ao público,
transmitindo por meio do design escolhido para a obra, a alma dos personagens, os
quais passarão a se comunicar “instantaneamente” com aquele que apreciar a
história. De acordo com Fabiarz, Reis e Novaes (2016, p. 17)

O design, como atividade inter/multidisciplinar, deve ter uma visão total do


objeto e capacidade para pensá-lo à luz de diferentes aspectos e saberes,
tornando-se o elo conciliador dessas visões. No design, tanto a
representação do objeto como uma estratégia para criá-lo são importantes.
[...] Esse processo autoral em Design se desenvolve como um processo de
reflexão-na-ação. Isto é, de reflexão sobre o projeto durante o processo de
construção do mesmo.

Assim, pensar e fazer o design de uma obra clássica da literatura é além de


uma forma de facilitar a leitura de um livro, um modo de interagir com a própria obra
e seus mais intrínsecos significados.
Ao longo do tempo da história do livro, diversos padrões de composição
legitimaram-se e passaram a ser considerados sinônimos de conforto e eficácia de
leitura ao usuário – bem como da capacidade técnica dos profissionais do design
editorial. Autores como Hendel (2006), Haslam (2007) e Haluch (2013) evidenciam a
importância do projeto gráfico, observando que este prepara o leitor para a
experiência de leitura que o aguarda. Para Hendel (2006, p. 1), por exemplo, o design
para livro é o que acontece dentro do livro e “irá chamar atenção ou não para si
mesmo, isso vai depender do grau de consciência do leitor”. O designer, como
profissional que elabora uma forma ao conteúdo, precisa compreender o texto e o
público para o qual pretende comunicar para, em seguida definir o melhor design que
resultará na parte visual e material.

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Tendo essas questões em vista, surgiu o interesse em investigar quais formas
e aspectos os designers e editoras estavam dando a um conteúdo já tão visto e que
faz parte da nossa cultura, como o clássico da literatura infantojuvenil "O Pequeno
Príncipe". O livro foi escrito e ilustrado pelo francês Antoine de Saint-Exupéry, e
publicado pela primeira vez em 1943. Desde então, tornou-se um fenômeno mundial,
tendo sido traduzido em mais de 220 idiomas e vendido 134 milhões de cópias,
segundo dados do site oficial da marca
(http://www.opequenoprincipe.com/index.html).
Deste modo, o objetivo geral deste trabalho é analisar o projeto gráfico do livro
"O Pequeno Príncipe" a fim de refletir sobre as escolhas gráficas e visuais de
diferentes editoras para um clássico da literatura mundial.
Como objetivos específicos pode-se citar: estudar os elementos do design
editorial e da produção gráfica que se relacionam com o objeto livro; levantar o
histórico do livro "O Pequeno Príncipe" no Brasil; e analisar edições da obra
publicadas depois que ela passou a ser de domínio público.
Espera-se, com este estudo, contribuir para a compreensão de questões que
envolvem o projeto gráfico e a produção gráfica de livros infantojuvenis no Brasil,
assim como servir como suporte à futuros estudos na área do design.

2 METODOLOGIA

Fontelles (2009), afirma que os procedimentos técnicos adotados em pesquisa


científica, refere-se a qual técnica utilizar para obter os resultados previstos e
imprevistos no projeto. Deste modo, este trabalho, quanto à sua finalidade, é
classificado como exploratório, pois tem como objetivo fornecer uma maior
compreensão acerca do design de livro. Foi realizado um levantamento bibliográfico,
baseado em informações secundárias encontradas em livros, artigos e demais
materiais disponibilizados em bases de dados eletrônicos (GIL, 2010).
A pesquisa, de acordo com Gil (2010) classifica-se como descritiva qualitativa
e busca analisar os principais elementos do design editorial de edições brasileiras
publicadas do livro. A amostra é composta por uma edição do livro "O Pequeno
Príncipe": uma da editora Geração. O livro foi selecionado por critério amostral não

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probabilístico por conveniência em relação à disponibilidade de acesso e publicado a
partir de 2015, após a obra cair em domínio público.
Os critérios para a observação e análise comparativa do design foram definidos
por meio da revisão bibliográfica, elucidados por Hendel (2006), Haslam (2007) e
Haluch (2013). Espera-se como resultado refletir quais aspectos do design editorial
estão sendo utilizados com mais ênfase pelas editoras brasileiras com a finalidade de
se destacar entre os similares.

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 OS ELEMENTOS DO DESIGN EDITORIAL NA PRODUÇÃO DE LIVROS

O projeto gráfico de um livro envolve tanto a parte gráfica quanto a


materialidade do impresso. De acordo com a Associação dos Designers Gráficos do
Brasil, abrange desde “o planejamento das características gráficas e visuais de uma
publicação” até “o detalhamento de especificações para a produção gráfica, como
formato, papel, processos de composição, impressão e acabamento” (ADG, 2012).
Os aspectos gráficos, além de fazer parte do objeto livro, podem interferir
significativamente na leitura e recepção do texto e por isso é relevante estudá-los e
fazer o designer gráfico ciente do seu papel, tendo domínio desses conceitos para
ampliar a experiência estética e a leitura do livro de literatura ilustrado. Em
consonância com esse pensamento, Lourenço Filho (1957) adverte para as funções
da literatura infantil, que para ele seriam: estimular o desenvolvimento da leitura,
exercitar o bom gosto da linguagem, enriquecer os interesses infantis para a boa
formação da personalidade, entre outros. De acordo com o autor, para que a literatura
infantil cumpra com essas funções, é necessário que se pense na utilização de uma
linguagem adequada ao público infantil; além de escolher conteúdos que equilibrem
o imaginário e o real, de acordo com a fase de evolução psíquica da criança; possuir
uma boa apresentação material. Daí o importante papel no design de uma obra
literária infantil.
Nas décadas de 1970 e 1980 houve, no Brasil, um aumento da produção de
literatura infantil e, também, um aperfeiçoamento da indústria gráfica, refletida na
melhora da qualidade visual dos livros (PINHEIRO; TOLENTINO, 2019). Os

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estudiosos e pesquisadores da literatura infantil da década de 1980, passaram a
defender a liberdade de criação estética neste gênero literário, rompendo com o
padrão moralista predominante em quase todo o século XX. Essa melhora refletiu-se
no aumento do consumo dos livros de literatura infantil. A professora e escritora Fanny
Abramovich (1989) destaca que os livros ilustrados instigam o leitor a entrar no
universo da história, reforçando o caráter ético e estético do texto.
Para Hendel (2003, p. 3),
O design do livro é diferente de todos os outros tipos de design gráfico. O
trabalho real de um designer de livro não é fazer as coisas parecerem
“legais”, diferentes ou bonitinhas. É descobrir como colocar uma letra ao lado
da oura de modo que as palavras do autor pareçam saltar da página. O
design do livro não se deleita com sua própria engenhosidade; é posto à
serviço das palavras. Um bom design só pode ser feito por pessoas
acostumadas a ler – por aquelas que perdem tempo em ver o que acontece
quando as palavras são compostas num tipo determinado.

A observação quanto ao fato do designer necessitar ser um bom leitor, também


está presente no pensamento de Halluch (2013), a qual recomenda aos profissionais
da área,

Precisamos estar por dentro dos novos processos de produção, dos novos
softwares, materiais, enfim, tudo que faça parte do nosso universo de
trabalho. E, no caso do designer de livros e capas, devemos amar os livros,
cultivar o hábito da leitura e da observação desse objeto que nos acompanha
desde pequeninos, que já ajudou a fazer revoluções, que sustenta religiões,
que provoca a ira de alguns... O livro nos faz sonhar por meio de histórias
comoventes, engraçadas, irônicas, assustadoras e nossa responsabilidade
é cultivar o leitor que vai sonhar com todas as histórias que ainda estão por
ser contadas e recontadas. (HALLUCH, 2013, p. 89)

Para Haslan (2017) o designer deve estar por dentro de todo o projeto editorial
da obra, entretanto, não há a necessidade de um maior aprofundamento sobre cada
um dos processos envolvidos no projeto gráfico, conforme observa,

O designer deve adquirir uma visão geral do conteúdo de um texto na reunião


de briefing editorial, buscando apreender a visão do autor, do editor e da casa
editorial. Ele precisa estabelecer a relação entre texto e imagem, mas é
desnecessário que seja um especialista sobre o assunto da obra. Certa
distância objetiva é por vezes providencial quando se busca a estrutura para
um manuscrito.
[...]O projeto gráfico é um conjunto de processos que compõem a produção
gráfica editorial onde todos os seus elementos estão alinhados com o
propósito de impactar a experiência do leitor e também se destacar em meio
a outros volumes disponíveis, sendo um fator muito importante para
despertar o interesse pelo seu conteúdo. (HASLAM, 2017, p. 29)

Ainda, de acordo com Fragoso e Ungaretti (2012),

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A materialidade do livro impresso implica em maiores custos de produção,
em função dos gastos de material, e das limitações ergonômicas impostas
às dimensões e à quantidade de conteúdo possível de incluir em cada
volume. A produção editorial impressa nos solicita levar em conta também o
impacto ambiental do uso do papel, que é um recurso altamente
desperdiçado em um cenário em que milhares de impressos são produzidos,
distribuídos e jogados fora diariamente, com uma porcentagem pouco
significativa de reciclagem. Ainda em decorrência de sua materialidade, o
designer gráfico tem controle muito maior sobre o resultado que chegará às
mãos do leitor do livro impresso.

Diante do referencial teórico, buscou-se estabelecer a pesquisa que segue.

3.1.1 Elementos do projeto gráfico

Elementos técnicos (estruturais) do projeto gráfico:

a) Margens - Cada página do livro impresso possui três margens externas, sendo
elas margem superior, inferior e lateral, e uma margem interna também
chamada de medianiz. Em conformidade com HALUCH (2013) em livros de
leitura contínua, as páginas espelhadas devem ser posicionadas uma em
relação à outra de forma que o leitor pense nelas como uma unidade. Dessa
forma, num design tradicional, a medianiz (margem interna nas duas páginas)
deve ser menor que a margem lateral, de modo que os dois blocos de texto
fiquem próximos e o espaço externo a eles seja maior, como uma moldura. A
margem superior deve ser menor do que a inferior, que é a mais larga de todas.
b) Mancha Gráfica - Serve como um recuo de segurança em relação aos limites
da página e também delimita o local onde será demarcado o conteúdo do livro
na hora da diagramação. Quando a área de impressão ocupa a página inteira
chama-se impressão sangrada. (MARGRAF, 2020)

De acordo com Haluch (2013), precisamos das margens para perceber a


mancha de texto, que não deve ser muito pequena nem ter linhas muito longas.

c) Alinhamento - Segundo HASLAM (2017) “As disposições básicas de texto


são: alinhado à esquerda, alinhado à direita, centralizado e justificado. Um livro
pode usar várias formas de alinhamento diferentes para aplicar à folha de

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rosto, conteúdo, abertura de capítulos, corpo de texto, legendas e índice. Cada
alinhamento possui intensidades que sustentam a leitura de informações
diferentes ou a aparência visual da página.”

Elementos estéticos do projeto gráfico:

a) Relação Texto Imagem - Quando o leitor entra em contato com um livro ou


algo impresso ele faz uma rápida análise pelo objeto, procura por informações,
escritos ou ilustrações, também faz uma rápida leitura imagética e observa o
nome da obra, estabelecendo um parâmetro de análise ao primeiro contato
entre os dois objetos mais chamativos. (IMASTERS, 2022) Ainda, de acordo
com o site, existem quatro tipos de relação texto e imagem que valem destacar,
sendo eles:
b) Redundante - Onde os elementos são reproduzidos de ambas as formas tanto
visualmente quanto verbalmente, porém no mesmo contexto.
c) Complementar - Neste caso, ambos, texto e imagens, apresentam conteúdos
que se diferem necessitando um olhar a parte a cada elemento para que a
ideia principal se alinhe com os dois segmentos.
d) Cenário - Um dos elementos delimita um cenário e aborda uma história ou
situação e o segundo conta uma situação dentro deste cenário que fora
demarcado.
e) Suplementar - Aqui ambos os conteúdos para texto e imagens não se
assemelham. Onde um superintende a ideia principal enquanto o outro serve
de auxílio.

Tipografia e estabelecimento de hierarquia tipográfica

HENDEL (2003) pontua que “entre as muitas maneiras de fazer o design de um livro,
há três abordagens principais: Uma tipografia tão neutra quanto possível, que não
sugira época nem lugar; uma tipografia alusiva, que dê propositadamente o sabor de
um tempo passado; e ainda, uma tipografia nova, que apresente o texto de forma
única.

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Uso de imagens e ilustrações - As imagens são mais que mera decoração. No
design, elas são o gancho que convida o espectador a conectar-se com o público e
causar uma boa impressão antes de que leiam uma única palavra da obra.

Capeller (1998) afirma que o conteúdo da imagem é o responsável por


consentir a ampliação no sentido da obra, uma vez que, a realidade humana excede
o conhecimento prévio das intenções do autor, causando a necessidade da utilização
de uma objetividade interpretante, qual seja, o observador ativo. Assim,

A presença do observador em posição de recuperação do sentido da obra é


que poderá inovar este sentido, fazendo uma síntese entre o experimentado
pela imagem da obra e o experimentado pelo observador, síntese que
inserirá a pessoa na série de repertórios culturais aos quais pertence a
imagem. A nomeação do conteúdo tem caráter informativo; o importante é a
presença da atividade interpretante, atividade desenvolvida pela
apresentação de novas obras, isto é, imagens criadas por indivíduos que
tentaram representar temas por novas sínteses (CAPELLER, 1998, p. 176).

Decorre daí, a importância da imagem na completude do sentido da obra, pois


sempre extrapola a expectativa do ilustrador e do autor.
É inegável que, enquanto a leitura do texto verbal é linear, progressiva e
ordenada previamente (de cima para baixo, ou da esquerda para direita), a leitura de
imagens é descritiva e não possui sequência constituída. Todavia, de um modo geral,
a leitura de imagens proporciona qualidades afins com a leitura verbal. Ora, Leffa
(1996) assevera que

[...] ler é extrair significado do texto (e a imagem é um texto) e sua efetiva


contribuição poderá ser medida depois do término da leitura. O que mais
importa não é o processo dessa significação, como foi construído o
significado, mas o produto final dessa compreensão.

Neste sentido, mais do que procurar imagens de alta qualidade, nítidas, claras
e sem distorções, a escolha da imagem que possa ser mais facilmente compreendida
pelo leitor, é o mais importante. Tendo em vista que, é a imagem que fará a ponte
entre a linearidade do texto e a imaginação de quem a observar.
De outro modo, ao pensarmos apenas nos aspectos técnicos para a seleção
de imagens a compor uma obra, em geral, quanto maiores forem as imagens
escolhidas, mais opções você terá para trabalhar. Uma imagem grande e de alta
resolução sempre pode ser cortada ou reduzida, dependendo das necessidades do
projeto.
Infelizmente o contrário não funciona. Se você ampliar uma imagem pequena, ela

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perderá imediatamente a qualidade, já que a maioria está em um formato Raster, ou
seja, elas são feitas de milhares de pequenos pixels, que são invisíveis no tamanho
original da imagem.
Por outro lado, existem as imagens vetorizadas, que você pode ampliar ou reduzir
seu tamanho, sem perder qualidade. Isso ocorre porque elas são feitas de algo mais
complexo que pixels e são processadas usando uma forma especial de geometria.

Cores – Segundo FONSECA (2008), “As cores possuem, além de seu potencial
psicofísico, uma força simbólica e uma relação definitiva com nossas atividades e
sentimentos”
Podem ser utilizados, ou não, os capitulares e os grafismos.

Parte textual (fólio, título corrente, títulos, entretítulos de um ou mais níveis,


eventuais legendas e notas de rodapé)

Título Corrente - (HASLAM, 2007) pontua que “Os títulos correntes são geralmente
colocados no topo da página, embora também possam ser encontrados ao longo da
borda exterior do bloco de texto ou na margem inferior da folha, como título de pé de
página ou rodapé.”

Fólio - (HASLAM, 2007) Os fólios são geralmente localizados em cada página distinta
do livro. A sequência da numeração começa com o número "um", situado na página
da direita. Os números “dois" e "três" formam a primeira página espelhada dupla da
publicação. O padrão de inserção de números pares nas páginas da esquerda e
números ímpares nas da direita continua ao longo do livro.

Notas de Rodapé - (HASLAM, 2007) As notas de rodapé são aplicadas ao pé da


página e as notas de margem são colocadas nas bordas laterais da página da
publicação.

Parte pré-textual – é composta pelos seguintes itens: falsa folha, folha de rosto, e
sumário. Este último refere-se à enumeração dos capítulos, seções ou partes da obra,
na ordem em que aparecem no texto. Se a obra for apresentada em mais de um
VOLUME, em cada um deles deve constar o SUMÁRIO completo da obra. Deve ser
apresentado em página distinta, após a Folha de rosto, a Dedicatória, os
Agradecimentos, a Epígrafe e o Prefácio. (Letra Capital, 2019)

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Parte pós-textual - inexistente, ou restrita ao colofão, ou eventualmente com
outros componentes, que podem ser:
Glossário: Lista com os termos e palavras contidas no texto do trabalho que
não têm um significado de conhecimento comum.
Referência: As referências constituem uma lista ordenada das obras citadas
pelo Autor no texto.
Anexos
Índice: É a relação detalhada dos assuntos, nomes e títulos, em ORDEM
Alfabética, que aparece no final do documento, do livro.

Todos esses elementos podem ser melhor observados pela figura abaixo:

Figura 1 – Elementos gráficos do design de um livro

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3.1.2 Elementos da produção gráfica

Elementos da produção gráfica:

a) Tipo de Papel: Segundo HASLAM (2010, p. 191) O papel compõe a forma


física do bloco do livro, a superfície impressa e as páginas, portanto é a base
do projeto gráfico e também influencia diretamente no custo de produção. A
escolha do papel correto serve como base e também pode ser considerado
como o diferencial que irá valorizar a peça gráfica.

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Para HALUCH (2013) os mais utilizados são o altaprint, o offset, a linha pólen
da Suzano, os couchés (para livros que necessitem de uma alta qualidade de
impressão como os livros ilustrados).

b) Características do Papel - HASLAM (2010, p. 191) afirma que "O papel tem
sete características-chave: o formato, a gramatura, o corpo, o sentido da fibra,
a opacidade, o acabamento e a cor" Suas características devem estar claras
para o designer sendo estas a considerar além do tipo de textura, espessuras,
cores e entre outros aspectos.
c) Formato - De acordo com HENDEL (2006, p. 34) “O design começa com a
forma física do livro. Para o autor, o retângulo vertical se tornou um padrão
devido à praticidade, ainda que os livros possam assumir variados formatos.
Quanto mais próximos estiverem o tamanho do formato do livro, mais baratos
serão os custos de impressão.
d) Gramatura - Se trata do peso do papel. HASLAM (210, p. 196) pontua que

No Brasil, o peso do papel é expresso em gramas por metro quadrado (g/m2).


O sistema métrico considera uma folha medindo um metro quadrado (AO). É
mais fácil comparar o peso do papel em gramas, a despeito do formato da
folha, visto que todos os papéis são medidos na mcsr na escala, por exemplo,
50 g/m2 será sempre um papel muito leve, enquanto 240 glrn2 será muito
mais pesado independentemente do formato da folha.

A gramatura é um fator predominante a respeito dos custos do impresso tanto


na impressão quanto na distribuição. (X-Pression Gráfica, 2022)
e) Tipo de impressão - Para HASLAM (2006, p. 210) os processos são
impressão são definidos em quatro tipos “relevo, no qual a tinta é depositada
na superfície em alto-relevo da fôrma ou do clichê; planográfico, no qual a tinta
é depositada na superfície da matriz; entalho, no qual a tinta preenche células
abaixo da superfície da matriz e; estêncil, no qual a tinta é forçada a passar
através de uma tela”.
f) Acabamentos - Conforme a dimensão do projeto executado existem
possibilidades de acabamentos a seguir, cada qual de acordo com o porte do
projeto e da editora da qual se está trabalhando. Sendo eles desde a
laminação, que tem como desígnio fornecer maior durabilidade à capa além de
um bom acabamento, sem envolver custos altos. A laminação brilhante que
tem como sua finalidade realçar cores e imagens usadas na capa. E a

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laminação fosca que serve para realçar a textura de papel da capa ademais
prover um efeito mais agradável ao toque. Além da laminação, o relevo
também é um recurso com um resultado elegante e caracterizado. Entre eles
existe também o hot stamping que nada mais é que a aplicação de uma tira
metálica que, com ação do calor, transfere a superfície metálica para o papel.
Sendo muito utilizado em títulos de livros pelo seu aspecto brilhante. E por fim
as facas especiais, um recurso de alto custo que serve para agregar valor à
capa. Pode ser utilizada no verso das orelhas para criar efeito de cor e volume.
Preferencialmente usado em tiragens especiais ou limitadas. (HALUCH, 2013)

3.2 O CAMINHO DO PEQUENO PRÍNCIPE NO BRASIL

O Pequeno Príncipe é uma obra do escritor, aviador e aristocrata francês


Antoine de Saint-Exupéry, originalmente publicada em inglês e francês em abril de
1943 nos Estados Unidos. De acordo com o Portal Imprensa (2015)

[...] chamada de "Le Petit Prince", a história foi publicada pela primeira vez em 1943,
em francês e inglês, porque o autor e sua esposa viviam nos Estados Unidos desde
1941. Não demorou para o conto infantil ganhar o mundo. No Brasil foram vendidos
cerca de 2 milhões de exemplares do livro. A primeira tradução em português foi feita
em 1954, por Dom Marcos Barbosa. Mais recentemente, em 2014, foi publicada uma
versão de Ferreira Gular, pela editora Agir.

A obra conta a história de um piloto que cai com seu avião em pleno deserto devido
ao pane no sistema e, durante o tempo em que procura maneiras de consertar sua
máquina, ele se depara com a figura de um menino loiro e frágil, o Pequeno Príncipe,
que diz ter vindo de um planeta distante. E dali em diante os dois desenvolvem uma
longa e profunda conversa abordando assuntos intensos e filosóficos da vida.
Após completar sete décadas da morte do autor Antoine de Saint-Exupéry,
toda a sua obra passou a ser de domínio público a partir de 1º de janeiro de 2015. Em
geral, os países tornam uma obra pública no primeiro dia do ano seguinte em que se
completam 50 ou 70 anos da morte do autor. O ano de 2014, por exemplo, marcou
os 70 anos da morte de Antoine de Saint-Exupéry, escritor de "O Pequeno Príncipe".

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De acordo com a legislação brasileira, a obra de Saint-Exupéry entraria em domínio
público em 2015. Mas como o escritor foi um herói de guerra, o governo francês
decidiu prorrogar por mais 30 anos o prazo para que a família dele se beneficie dos
direitos sobre a obra, medida que gerou debates entre os especialistas brasileiros. De
acordo com o Itamaraty, com base na legislação internacional e na brasileira, a obra
já se encontra em domínio público. (JADE, 2015).
Após a autorização para publicação, por meio do domínio público, diversas
editoras passaram a lançar suas versões do “Pequeno Príncipe”, desde o ano de
2015, entre elas: L± Geração Editorial; Agir; Autêntica, entre outras.

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 UM OLHAR SOBRE UMA EDIÇÃO BRASILEIRA

No Brasil, a primeira edição de "O Pequeno Príncipe" chegou no ano de 1945


e, bastou a obra cair em domínio público em 2015, para surgirem diferentes versões
do livro com adaptações e releituras de vários tipos. Nesse contexto, observa-se uma
produção contemporânea de livros de literatura infantil, que apresenta forte diálogo
entre texto escrito, ilustração e criativos projetos gráficos. Para fins de análise foi
escolhida uma edição publicada pela Editora Geração no Brasil nos últimos 7 anos,
desde o domínio público.

Figura 2 - Edição "O Pequeno Príncipe" da Editora Geração (2015)

Fonte: https://www.maisquelivros.com/2015/04/resenha-o-pequeno-principe-antoine-de.html

Análise descritiva do projeto - O livro lançado pela Editora Geração é traduzido Luiz
Fernando Emediato. O design é caracterizado por uma edição luxo, que valoriza os
detalhes: uma capa branca com pontos de luz dourada que brilham conforme a

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movimentação do livro, impresso em formato brochura, com capa dura e resistente;
A robustez do material contrasta com a suavidade das cores, promovendo um convite
à leitura do clássico.

- Formato do Livro - De acordo com Hendel (2006, p. 34) “O design começa com a
forma física do livro - o formato” pois a materialidade do objeto é o primeiro atrativo
para os olhos do leitor. O livro Pequeno Príncipe Edição Luxo (2015) publicado pela
editora Geração tem formato padrão vertical (1.70cm x 16.30cm x 23.50cm) capa dura
e de fácil manuseio. HENDEL (2006, p. 34) afirma que “os livros podem ter qualquer
forma física, mas o retângulo vertical que consideramos normal tornou-se normal
devido tanto ao costume quanto à praticidade”

- A capa: A composição da capa é feita por elementos ornamentais e formas


orgânicas inspiradas na natureza (FONSECA, 2008) juntos promovem fácil
associação a nova tipografia adotada para o título da obra nesta nova edição. Os
mesmos detalhes são perceptíveis em sua lombada. As cores usadas se
complementam de forma harmônica, o amarelo remete ao sol, iluminação e valores
elevados, o branco simboliza a pureza e a verdade enquanto o dourado simboliza a
honra, sabedoria e aspectos místicos do sol (FONSECA, 2008) A hierarquia dos
recursos utilizados para a composição da capa fora distribuído de forma harmônica
com a ilustração do Príncipe.

- As ilustrações:

Figura 3 – Ilustrações internas do livro

FONTE: Pesquisa dos autores (2022)

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Nesta versão as ilustrações originais do autor foram preservadas e são usadas
de modo complementar ao texto. Com cores vivas e vibrantes elas se interligam ao
texto.

- Tipografia

Figura 3 – Capa do livro

FONTE: Pesquisa dos autores (2022)

HENDEL (2003) pontua que “Não é somente o que o autor escreve num livro
que vai definir o assunto do livro. Sua forma física, assim como sua tipografia, também
o definem. Cada escolha feita por um designer causa algum efeito sobre o leitor

4.2 ANÁLISE DOS ELEMENTOS DO PROJETO GRÁFICO

4.2.1 ELEMENTOS PRODUÇÃO GRÁFICA:

TIPO DE PAPEL: O tipo de papel utilizado para impressão do livro é o papel pólen
soft.

CARACTERÍSTICAS DO PAPEL: Papel com tonalidade natural, ideal para uma


leitura mais prolongada e agradável. Suas aplicações são indicadas para livros

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instrumentais, ensaios e obras gerais. Suas características ajudam a diminuir o
contraste do preto com o papel, o que reduz o cansaço dos olhos na leitura. O mesmo
possui uma textura agradável. Em alguns livros a cor das ilustrações pode sofrer
alteração, porque o papel não é totalmente branco.

FORMATO: Dimensões: 1.70cm x 16.30cm x 23.50cm. Os livros de capa dura são


mais resistentes, ficam mais bonitos nas estantes, porém, às vezes não são muito
práticos na hora de leitura, por não pararem abertos. Possui lombada quadrada; e
suas folhas são costuradas em cadernos, para somente após esse processo, serem
coladas na lombada. Normalmente edições mais nobres são impressas nesse formato
maior. Nesse caso, por ser uma edição de luxo, a regra se aplica.

GRAMATURA: Peso 503g, pode ser considerado um peso confortável porque não é
pesado e também não é leve; é um livro firme.

TIPO DE IMPRESSÃO: Offset. Este também é o processo mais usual pelas editoras,
porque sai mais barato para impressão de altas quantidades, diferente da impressão
digital.

ACABAMENTOS: Corte refilado (reto). Algumas editoras costumam pintar o corte


(exemplo editora Darkside), contudo nesta edição sob análise, o corte não é pintado.
É perceptível, no livro da editora Geração, as cores das páginas através do corte do
livro. O mesmo não possui abas (ou orelhas) as quais tem como função deixar a capa
do livro mais resistente (sem orelhas, são mais flexíveis), o que, no caso, não foi
preciso tendo em vista que a versão da editora Geração é de capa dura. A capa é de
laminação fosca, o que realça os elementos em dourado, tanto na tipografia, quanto
nos elementos (estrelas) em hot stamping.

4.2.2 ELEMENTOS TÉCNICOS (ESTRUTURAIS) DO PROJETO GRÁFICO:

MARGENS: As margens são bem largas, mais que o "normal", principalmente a


inferior e a superior, buscando valorizar o projeto gráfico. Uma vez que, se trata de
um livro curto, pode ainda ser uma forma de "encorpar" o livro, deixando-o com um
aspecto mais grosso, dando a impressão de possuir mais páginas. As margens
internas têm um tamanho bom, não "comem" o texto. Há, aproximadamente, uns 2,5
cm de margem as laterais, superior, e inferior de 4cm em relação a mancha gráfica.

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As ilustrações e bordas não possuem simetria, ficando diferentes a cada página;
causando um efeito mais dinâmico à leitura, o que a deixa menos monótona, porque
você não sabe como a próxima página vai ser. Porém, se a variação for muito grande,
talvez possa incomodar, ou distrair, quem esteja lendo.

MANCHA GRÁFICA: A fonte da mancha gráfica é grande e o espaçamento entre as


linhas também, deixa a página bem arejada. É um tipo de mancha mais voltada ao
público infantojuvenil. Este formato ajuda a criança a não se perder, com o
espaçamento e fontes maiores, e é mais convidativa que um bloco de texto muito
grande. Já, a mancha gráfica de abertura de capítulo é diferente, pois a fonte é ainda
maior, assim como o tamanho das margens (3,5 cm laterais; e aprox. 7cm inferior e
superior).

ALINHAMENTO: Centralizado e justificado, em algumas páginas ele segue a borda


da imagem proporcionando um efeito de imersão ao leitor. O número de capítulos é
alinhado à direita no topo da página, e a numeração dos mesmos é sempre na página
esquerda.

4.3 ELEMENTOS ESTÉTICOS DO PROJETO GRÁFICO

RELAÇÃO TEXTO IMAGEM: (REDUNDANTE, COMPLEMENTAR, CENÁRIO,


SUPLEMENTAR)

Nesse caso, é redundante, quando se está com ele em mãos, o que chama a atenção
de primeira é o hot stamping na tipografia, seguido das bordas e elementos da capa,
considerando que a capa, em si, não é muito chamativa.

TIPOGRAFIA: A tipografia da capa é em itálico, remetendo a algo antigo. De outro


modo, por dentro do livro fez-se a opção por uma tipografia mais neutra, pois o projeto
em si já é bem chamativo e detalhado, então, optaram por algo mais neutro para ter
um equilíbrio, para um não competir com o outro.

USO DE IMAGENS E ILUSTRAÇÕES: Foi preservada a autenticidade das ilustrações


do autor, entretanto, incorporaram aos desenhos do livro de um jeito novo, como por
exemplo, a adoção de texto dentro da ilustração.

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CORES: As cores são bem acentuadas, com nuances mais vivas e vibrantes, às
vezes nas páginas inteiras. A opção por esse estilo, com cores fortes no todo, por
vezes pode ser cansativo para a leitura. Ocorre que, no caso no livro, existem várias
páginas muito coloridas, porém, sempre contrastando com uma página branca.

4.4 PARTE TEXTUAL

TÍTULO CORRENTE: Não possui título corrente. No espaço reservado ao título


corrente contém margens ilustradas.

FÓLIO: O fólio é centralizado, e em algumas páginas do livro eles não aparecem por
conta da ilustração, a qual vai até a sangria.

NOTAS DE RODAPÉ: Não possui notas de rodapé.

4.5 PARTE PRÉ-TEXTUAL:

Guarda: Folha colada na capa, que pertence a folha de guarda, a qual recebe
destaque pela utilização do dourado, com ilustrações de estrelas douradas, o que
forma uma coesão com o resto do projeto.

Falsa folha de rosto: Branca com estrelas e detalhes na dourado; o título da obra na
mesma fonte tipográfica da capa, em tamanho um pouco reduzido, contrastando com
a folha de guarda.

Folha de rosto: Branca com detalhes na cor dourada com o nome do autor na parte
superior. Contém informações sobre a obra, tal como título, nome do autor, editora e
tradutor; e ainda apresenta a mesma ilustração do príncipe, que consta na capa,
contudo, com um cenário mais minimalista, com poucos elementos. Já, no verso,
encontra-se a ficha catalográfica.

4.6 PARTE PÓS-TEXTUAL: É composta por glossário, referência, anexos e índice.


Entretanto, por não ser obrigatória, é inexistente em diversas obras, a exemplo da
edição analisada para este trabalho, onde não se encontram nenhum dos elementos
da parte pós-textual.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante das análises realizadas pode-se perceber uma vasta gama de


semelhanças com entra a obra central da pesquisa e obras convencionais. Ora, se
conforme GONÇALVES; DAMÉ (2013), o livro é um objeto (material) inserido em uma
dinâmica comercial e industrial que mantém características imateriais vinculadas ao
conhecimento e saber disponibilizado pelo autor, seria básico pressupor a obra
seguisse uma tendência de mercado, diferenciada pelos sentimentos da equipe
produtora, com relação à história apresentada.
Analisando o projeto gráfico da edição publicada pela Editora Geração se notou
uma preocupação extrema em valorizar a parte externa do livro – capa, lançando mão
de diversos recursos atrativos (Pontos de luz, cores e formas) para atrair os leitores
à primeira vista. Não menos importantes, os cuidados com o interior das edições,
manteve-se impecável, fazendo com que a cada virada de página, o leitor pudesse
se deleitar diante da beleza dos grafismos e cores, assim como pela beleza dos traços
e escolha adequada para a tipografia de cada página.
Ainda deve-se salientar o cumprimento dos objetivos específicos propostos
para este artigo, sabendo-se que foram estudados os elementos do design editorial e
da produção gráfica relacionados com o objeto livro; pode-se levantar o histórico do
livro "O Pequeno Príncipe" no Brasil; e, também, foi realizar uma breve análise de
uma edição selecionada da obra publicada, depois que ela passou a ser de domínio
público.
Por ser o formato do livro, enquanto objeto, uma decisão exclusiva da versão
impressa, o mesmo passa a se caracterizar como o volume material que o leitor
carrega e manuseia. Diferentemente do meio digital, onde esse objeto é sempre o
dispositivo: no caso, o tablet, cujas dimensões e formatos variam de um exemplar
para outro. Observou-se no caso do livro físico o material utilizado na reprografia da
obra, destacando-se pelo excelente material utilizado para encadernar o exemplar.
Outro aspecto observado foi a sutileza como as cores foram harmonizadas na
parte interna da obra, fazendo um convite ao leitor a virar cada uma das páginas,
viajando nas belíssimas ilustrações dispostas em cada página. Percebeu-se também,
por conta da grandiosidade de detalhes presentes nas obras, quão minuciosa é a

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elaboração de um livro em todas as suas fases, e o quanto as obras de hoje
avançaram em qualidade com relação há duas ou três décadas atrás.
Vale ressaltar que esta pesquisa foi o início de um estudo que pretendeu
compreender o design de uma edição do livro “O Pequeno Príncipe” e seus suportes.
Destarte, fez-se imprescindível a construção de um conhecimento por meio de estudo
teórico sobre o assunto, buscando a identificação dos principais elementos, assim
como da interface e da interação envolvida no design. Assim, espera-se que o artigo
possa ser usado para orientar estudantes, designers e pesquisadores interessados
sobre estas questões e sobre a obra em si, assim como sirva de aporte para estudos
futuros.

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