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Espera-se que os alunos percebam o passar do tempo, ideia reforçada no verso “Contra
a foice do Tempo é vão combate”. Para construir o sentido do soneto, é usado um
conjunto de palavras que contribuem para que o leitor visualize o passar do tempo: “A
prata a preta têmpora assedia” - cabelos ficando grisalhos; “barba hirsuta e branca” - a
barba agora farta e completamente branca; “sem folha o antigo tronco” - a árvore que
antes tinha uma sombra que abrigava o rebanho, não tem mais folhas; O trigo, antes
verde no campo, já se encontra colhido e amarrado em feixes. Da mesma forma o
tempo atua sobre a beleza da amada e a perpetuação desta acontece nos filhos, que
são uma continuação, enfrentando assim “a foice do Tempo”.
Rio verde
Lenilde Freitas, do livro A
Corça no Campo (2010)
Para melhor compor as m adrugadas
também os galos acordavam cedo.
Ov ento a o passar pela varanda
contava à folhagem um segredo.
A hora era imensa e tão pouca
ó rastro da manhã que já desanda
no tempo, despetalando sim cada
palavra frágil flor de nossa boca.
Os colibris voavam bailarinos
sobre as sépalas verdes do futuro.
A brisa prenuncia assim os finos
dedos da chuva fria sobre o muro.
Então o relógio para, a vida zera.
Desfaz-se a neblina de quimera.
Espera-se que os alunos percebam que o poema constrói gradativamente o evoluir da
madrugada para o amanhecer (“A hora era imensa e tão pouca”). Lenilde inclui vários
elementos para compor sua imagem poética da madrugada: galos, vento, colibris,
sépalas, chuva.