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Arte Clássica
Estudos Clássicos
2022/23
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Índice
Introdução ...................................................................................................................... 3
Conclusão....................................................................................................................... 7
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Introdução
Laocoonte e os seus dois filhos estão à beira da morte devido ao ataque de duas cobras que os
atacam, enviadas pelos deuses que desejavam a vitória dos gregos sobre os troianos e se
enfureceram com Laocoonte, sacerdote troiano de Apolo, por este ter tentado avisar os
Gotthold Ephraim Lessing usa como exemplo Laocoonte, que foi perpetuado na arte literária
por Vergílio na Eneida e na arte visual pelos mestres Atanodoro (referido por Plínio como
presumivelmente de Apolodoro.
entre as duas obras que utiliza como ponto de partida para estabelecer as diferenças entre a
poesia e a escultura.
mesma situação de modo idêntico, em virtude da grande diferença entre aquelas duas formas
Lessing começa por afirmar que, contrariamente ao Laocoonte que imaginamos ao ler
a obra de Vergílio, o Laocoonte de mármore não apresenta uma boca suficientemente aberta
para corresponder a um grito medonho, mas sim a um gemido, que não seria suficientemente
intenso para transmitir ao espetador a dor que a personagem mitológica estaria a sentir no
momento retratado. No entanto, o autor considera que o facto de o escultor que concebeu esta
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obra não ter representado a dor tal como a vemos na sua forma mais crua revela uma grande
Na sua busca de uma tentativa de explicar o porquê de o artista não ter representado a
dor que Laocoonte estaria a sentir, Lessing exclui a possibilidade de esta escolha poder ser
atribuída à essência do povo grego, pois segundo as evidências que permaneceram, os gregos
sofrimento revelasse uma “alma pequena” e acreditando que essa expressão constituía um
atributo que distanciava os povos civilizados dos que não o eram. Pelo que os motivos do
Lessing chegou à conclusão que o artista, limitado pelas condições que a sua arte lhe
poema de Vergílio, de forma a manter a beleza da sua escultura. Uma vez que caso o escultor
tivesse permitido que a boca de Laocoonte expressasse mais do que um gemido, com o
decorrer do tempo iria deixar de ser uma figura que suscita misericórdia para se transformar
grito que não representou e preservando ao mesmo tempo a beleza efémera da sua
composição.
Se descrever um grito não implica uma forma visual desagradável, não lhe sendo
As influências de Vergílio
Lessing julga que existe uma possibilidade de os escultores gregos terem representado
o pai e os filhos porque foram influenciados por Vergílio, discordando de Montfaucon, que
acredita que o poeta se foi influenciado pela arte. Lessing argumenta que foram os artistas
que seguiram Vergílio, considerando que se estes tivessem enlaçado os braços de Laocoonte
com as duas enormes cobras isso causaria no espetador a ideia de uma rigidez associada à
morte, o que acabaria por prejudicar o dinamismo que podemos observar na estátua.
não subjugadas pelo veneno que causa a anestesia dos músculos da figura, tendo alguns
escultores optado, por essa razão, por não incluir quaisquer voltas das cobras no torço ou no
pescoço do sacerdote e por representar essas voltas apenas na parte inferior do corpo.
Outra divergência que é possível notar é a ausência de roupas na escultura, Lessing irá
justificar que isto ocorreu pois, enquanto para a obra poética é possível ter uma personagem
que se encontra de alguma forma coberta sendo ainda assim o sofrimento de Laocoonte
afetando de forma igual o leitor, na obra escultórica apenas uma faixa sacerdotal arruinaria a
escultura, o inverso é verdade. Lessing crê que caso Vergílio tivesse procurado inspiração nas
esculturas, este não seria capaz de impor limites sobre si mesmo, uma vez que a poesia não
Apesar disso Lessing não foi encontrou uma razão para Vergílio ter alterado a forma
como as cobras se enrolavam sobre Laocoonte e os seus filhos, pelo que afasta a
Para Lessing existem dois tipos de imitação, “Ou um faz da obra do outro o real
objeto da sua imitação, ou ambos têm os mesmos objetos da imitação e um deles toma de
Este segundo tipo de imitação mencionado por Lessing na citação anterior, quando é
praticado pelo poeta, leva-nos a desconsiderar os seus feitos e capacidades, mas não tem o
mesmo efeito sobre nós quando é praticado pelo escultor, argumentando que tal ocorre
porque, comparativamente com o poeta, o trabalho do escultor é mais difícil e impõe mais
limitações com as quais este deve respeitar. Isto conduz-nos a ser consideravelmente mais
Os mestres de Laocoonte
Magno. No entanto, apesar de Plínio não explicitar a época em que viveram os mestres,
Lessing confia que ele muito provavelmente preferiria colocar estes mestres entre os mais
modernos. Tendo em consideração que Plínio situa outros artistas modernos nessa época,
os seus trabalhos na Grécia, dificilmente a sua obra seria mencionada apenas por Plínio, e que
tal seria muito mais provável no caso de os artistas tiverem trabalhado em Roma.
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Pelo que Lessing não concorda com Winckelmann não considerando que os mestres
Conclusão
Desta obra podemos concluir que, para Lessing que a poesia e a escultura são duas
artes cujas características relevantes são em quase tudo distintas. Sendo as diferenças mais
evidentes: os seus pontos de partida, as influências que escolhem, o que podem emular de
outras artes e da própria natureza, a maneira de expressar o que observam e o que consideram
Todas estas diferenças culminaram num poema e numa escultura que, apesar de
representarem o mesmo mito, constituem duas obras únicas que produzem impressões
significativamente diferentes nos seus leitores e observadores. Duas obras que, embora de
Bibliografia
Antígona.