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ARTIGOS
R ESU M O
O tema da homossexualidade vem ocupando diversos campos da ciência na tentativa de desvendar
as raízes da escolha homossexual. Situada entre o normal e o patológico pela medicina psiquiatra
oitocentista, que compartilhava seu usufruto com o sistema eclesiástico e político, a
homossexualidade perdurou no campo da perversão sexual durante décadas. Freud, que para além da
visão de sua época preocupava-se com o sujeito e seu sofrimento, traçou um percurso durante toda
sua obra a respeito da diversidade sexual do ser humano; contudo, a escolha homossexual, ainda
hoje, se apresenta como questão. Logo, será a partir da ruptura freudiana e dos benefícios dessa
herança, trazidos a nós por Lacan, que pretendemos analisar o tema da homossexualidade, abrindo
espaço para novas reflexões a respeito da prática clínica, desvinculada da abordagem sinonímica
entre homossexualidade e perversão.
A BST R A C T
The issue of homosexuality has been occupying many fields of science in an attempt to uncover the
roots of the homosexual choice. Located between the normal and pathological medicine by the
eighteenth psychiatrist who shared their enjoyment with the cleric and politician, homosexuality
continued in the field of sexual perversion for decades. Freud, who, in beyond to the vision of his
epoch, worried about the subjects and their suffering, set a course through his work about the human
sexual diversity; but, the homosexual choice, even today, is presented as a matter. So, it is from the
rupture freudian and the benefits of this inheritance, brought to us by Lacan, which we want to
examine the issue of homosexuality, opening space for new reflections about the clinical practice,
detached approach synonymy between homosexuality and perversion.
,
Pós-graduada em Psicologia Médica pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Mestre em Psicanálise, Saúde e
Sociedade pela Universidade Veiga de Almeida, Doutoranda em Psicanálise pela Universidade do Estado do Rio de
Janeiro. lu_rmarques@yahoo.com.br Î tel: 9965-7729
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O tema da sexualidade, tão fundamental para a Psicanálise, ainda gera, apesar de Freud, uma
abordagem da homossexualidade inegavelmente preconceituosa. Desconsiderando os aportes
freudianos e muitas vezes, calcados em posições pessoais que revelam atitudes homofóbicas em
relação aos sujeitos e suas escolhas, verificamos, ainda hoje, desvios teóricos e técnicos que
distorcem a doutrina freudiana. No presente artigo, proponho revisarmos o tema da
homossexualidade na Psicanálise a partir de um rápido levantamento dos movimentos ocorridos na
época de Freud, a fim de marcarmos sua posição em relação à sua época e, assim, contrapor a
essência de sua teoria da sexualidade com posições completamente diversas que alguns pós-
freudianos assumem em relação a esse tema. O intuito maior é reafirmarmos o lugar da Psicanálise
enquanto teoria calcada sob a ética do desejo.
A É poca de F reud
Dando início ao nosso percurso, salientamos que, de maneira geral, os cientistas do fim do
século XIX passaram a se preocupar com a questão da sexualidade como uma determinação
fundamental do comportamento humano. Antes do termo ÐhomossexualidadeÑ ser criado, em 1860,
pelo médico austro-húngaro Karoly Maria Benkert (1824-1882), o uso de nomenclaturas
diferenciadas variava de acordo com as épocas, culturas e discursos vigentes: sodomitas, invertidos,
doentes mentais ou perversos, dentre outros.
Benkert definia a expressão criada, explicando<" ÐAlém do impulso sexual normal dos
homens e das mulheres, a Natureza, do seu modo
soberano, dotou à nascença certos indivíduos
masculinos e femininos do impulso homossexual. [...]
Esse impulso criaria, de antemão, uma aversão direta ao
sexo oposto.Ñ" *DGPMGTV." 3:82." ekvcfq" rqt NAPHY,
2006, p. 220). A partir de então, entre 1870 e 1910, o
termo impôs-se progressivamente nesta acepção em
todos os países ocidentais, substituindo as antigas
denominações que caracterizavam essa forma de
relacionamento. Neste mesmo período, surge então a
ÐugzqnqikcÑ"qw"Ðek‒pekc"fq"ugzwcnÑ"c"rctvkt"fqu"vtcdcnjqu"
dos três pais fundadores da doutrina: Krafft-Ebing
(psiquiatra austríaco: 1840-1902), Albert Moll (médico
alemão: 1862-1939) e Havelock Ellis (médico e escritor
inglês: 1859-1939). (ROUDINESCO & PLON, 1998).
Embora a base em comum de seus estudos fosse
a sexualidade, as ideias e as abordagens utilizadas para
tratar o tema apresentavam-se bastante divergentes.
De forma geral, a maioria dos sexólogos desta
época abordava o comportamento sexual misturando
estreitamente a bissexualidade, a homossexualidade, o
hermafroditismo e os fenômenos do travestismo. Na
realidade, o discurso da ciência, atrelado com a religião
e a política, inventava seu vocabulário, a fim de adotar
woc" fghkpk›«q" Ðekgpv hkecÑ" rctc" egtvcu" rt vkecu" ugzwcku" Parada Orgulho GLBT ‐ São Paulo
ditas patológicas.
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Com F reud
Freud, com seu espírito curioso, prematuramente teve sua atenção despertada para a
importância da sexualidade na constituição das neuroses. As fases de investigação Î a transição da
hipnose para a catarse e da catarse para a associação livre Î ocorreram gradativamente em sua
construção e compreensão da histeria. Com o passar dos anos, Freud se via ainda mais compelido
pelos resultados de suas investigações a dar importância aos fatores sexuais na etiologia, e os anos
seguintes apenas confirmaram e ampliaram suas conclusões.
A idéia de sexualidade, que alicerça toda a construção da doutrina psicanalítica, foi abordada
por Freud de maneira cuidadosa e inovadora. Fazendo dela uma disposição psíquica universal e
inerente à atividade humana, Freud encarregou-se de romper com o discurso biologizante sustentado
pela sexologia, que, a partir da noção de instinto, reduzia o sujeito a um padrão fixo de
comportamento e classificava de perversa toda e qualquer conduta sexual que não conduzisse à
preservação da espécie.
Foi com o discurso da pulsão, enquanto primeiro eixo diferenciador do pensamento até então
vigente, que Freud perverteu o saber da época ao nos apresentar sua pwdnkec›«q" fg" ÐVt‒u" gpuckqu"
uqdtg" c" vgqtkc" fc" ugzwcnkfcfgÑ" *FREUD, 1905/1996). Afirmando que a Psicanálise se recusa a
considerar os homossexuais possuidores de características especiais, Freud revela o caráter
revolucionário da sexualidade humana com o conceito de pulsão e sua inerente plasticidade:
pulsões parciaiu." tgxgnc" c" Ðfkurquk›«q" rgtxgtuq-rqnkoqthcÑ" gpswcpvq" eqorqpgpvg" egpvtcn" fc"
organização sexual infantil e concebe a criança como um ser capaz de todas as transgressões
possíveis para se satisfazer.
A partir de então, ao nos apresentar a sexualidade atrelada a uma essência polimorfa e
aberrante, Freud coloca todos os sujeitos em igualdade Î da criança ao adulto Î e estabelece uma
nova ponte entre o normal e o patológico.
Eqpvwfq." g" godqtc" Htgwf" lcocku" vgpjc" gortgicfq" c" rcncxtc" ÐkpuvkpvqÑ" rctc" ug" tghgtkt" u"
pulsões, estas ainda aparecem marcadas por alguma obscuridade que constantemente gera a
aproximação sinonímica entre pulsão e instinto e, consequentemente produz equívocos entre os
psicanalistas que corroboram para a difusão dos desvios teóricos.
A pulsão, apontada por Lacan como um dos quatro conceitos fundamentais da Psicanálise, e
resgatada juntamente com a essência da teoria freudiana, ao ser abordada de forma reducionista,
promove o alicerce para toda uma série de versões biologizantes da sexualidade humana.
Este alicerce, que destacamos como o primeiro grande desvio da pulsão, pode ser constatado
na tradução pela qual James Strachey optou ao transcrever a Trieb freudiana como instinct, na
tradução inglesa das obras completas de Freud. Sua desastrosa escolha do termo não só favoreceu a
biologização do conceito, como também revelou a própria tradução como um desvio. A
aproximação entre pulsão e instinto, (re)promovido a partir de então, reforçou os desvios teóricos e
recobriu a amplitude da teorização freudiana advinda da riqueza do termo em alemão.
Trieb, um termo antigo dotado de uma ampla gama de sentidos, sempre estará correlacionada
eqo" wo" p¿engq" d ukeq<" Ðrtqrwnu«qÑ." Ðeqnqect" go" oqxkogpvqÑ0" Wvknk|cfq" rqt" Htgwf." vcn" swcn" uwc"
característica em alemão, o termo evoca a idekc" fg" Ðhqt›c" rqfgtquc" g" kttgukuv xgn" swg" korgngÑ"
(HANS, 1996, p.338). Com a criação do conceito e a escolha do termo para tratar especificamente
da sexualidade humana, Freud marca a pulsão enquanto conceito único e sem correlatos.
A pulsão é uma Konstant Kraft, uma força constante cujo impulso parte de uma excitação
interna que tende à satisfação, através de um objeto inespecífico escolhido, tão somente, por prestar-
se com mais eficiência na contingência de uma dada situação.
É essa constância de Drang (pressão/força pulsional) que nos indica que este quantum de
Reiz, de excitação concernente à pulsão, não pode ser extinto, e que, por sua vez, sua relação com
Ziel (alvo da pulsão) acarreta a restrição de uma satisfação sempre parcial, devido à impossibilidade
de eliminação do estímulo vindo da fonte.
Este paradoxo da satisfação parcial, que nos remete à categoria do impossível, é retomado
por Lacan:
A idéia de que a função do princípio do prazer é de se satisfazer pela alucinação está aí para
ilustrar isto Î é apenas uma ilustração. A pulsão apreendendo seu objeto, aprende de algum
modo que não é justamente por aí que ela se satisfaz. Pois se se distingue, no começo da
dialética da pulsão, o Not e o Bedürfnis, a necessidade e a exigência pulsional Î é justamente
porque nenhum objeto de nenhum Not, necessidade, pode satisfazer a pulsão. (LACAN,
1964/1998, p.159)
Esta satisfação, obtida primeiramente através do seio materno, marca, na realidade, a busca
por um objeto perdido que nunca foi tido. A busca da pulsão, que tem como objeto um vazio, ou
como trazido por Lacan, o seio em sua função de objeto, a causa do desejo, indica que a pulsão o
eqpvqtpc<" ÐVtcvc-se então, para nós, no Drang da pulsão, de algo que é, e que só é, conotável na
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relação à Quelle, na medida em que a Quelle (fonte) inscreve na economia da pulsão essa estrutura
de borda.Ñ"*NCECP."3;86/1998, p.162).
Portanto, este contorno da pulsão ao objeto eternamente faltante, com sua saída e seu retorno
através da borda erógena que satisfaz essencialmente pela alucinação, estrutura o caráter circular do
percurso pulsional e marca o sujeito de que trata a Psicanálise: o sujeito do desejo.
Logo, a cada objeto que vem ocupar o vazio, revela-se o fato de não ser nele que a pulsão
encontrará a satisfação plena, marcando o impossível do reencontro e justificando a afirmativa
freudiana, fundamental para todo nosso posterior desenvolvimento a respeito da escolha
homossexual, de que o Objekt (objeto) é o que há de mais variável na pulsão.
Contudo, a posição freudiana em relação à questão não obteve consenso entre os analistas e,
em 1921, a Associação Psicanalítica Internacional, através de uma decisão tomada no seio de seu
ÐComitê SecretoÑ, passou a proibir, definitivamente, que a profissão de psicanalista fosse exercida
por homossexuais.
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Em resposta ao protesto, e após uma revisão sobre a questão da homossexualidade que durou
mais de 1 ano, a Associação Psiquiátrica Americana, em 1973, removeu a homossexualidade do
DSM, influenciando outras grandes organizações de saúde mental.
Na sequência da decisão da APA, as atitudes começaram a deslocar-se ao longo do mundo.
Nos EUA, a partir da aprovação da Comunidade Internacional de Saúde Mental, a
homossexualidade foi retirada do Manual de Classificação Internacional de Doença (CID). Em
1981, o Conselho da Europa emitiu uma resolução proibindo aos países membros da Comunidade
Europeia a criminalização da homossexualidade e instituindo direitos iguais. E, por fim, em 1991, a
Organização Mundial de Saúde também deixa de considerar a homossexualidade como doença.
Contudo, e por mais incrível que possa parecer, não poderia deixar de mencionar que, antes
da remoção ser formalmente implantada pela Associação Psiquiátrica Americana, os analistas da
Associação Psicanalítica Internacional (IPA) que haviam argumentado contra a mudança, fizeram
um manifesto e apresentaram uma petição à APA, contestando a decisão do Conselho. O pedido,
proveniente de uma reunião ocorrida na Associação Psicanalítica Americana (APsaA), incluía a
assinatura de 200 membros que se
posicionavam contra a retirada da
homossexualidade da lista de doenças.
Felizmente, a decisão final do Conselho
para remover a homossexualidade foi
(re)confirmada por uma maioria de 58%
dos membros votantes da APA.
(DRESCHER, 2008)
De fato, a comunidade
psicanalítica demorou mais tempo do que
os outros para adotar esta perspectiva.
Foi só em 1989, que a Academia
Americana de Psicanálise adotou a
política de não discriminação da
orientação sexual, abrindo caminho para
que, em 1991, em resposta a um processo por ameaça de discriminação, a Associação Psicanalítica
Americana também aprovasse a política de não discriminação relativa à seleção de candidatos que,
em 1992 Î ao ser revista Î, passou a incluir a seleção de professores, bem como a formação de
analistas1 (DRESCHER, 2008).
Pq" gpvcpvq." guvc" Ðtgitc ukngpekqucÑ" ckpfc" tgxgnc-se em distorções técnicas e teóricas,
promovidas pela homofobia, muitas vezes escamoteada, mas ainda presente no discurso de analistas
e na prática de instituições.
Um claro exemplo em relação à distorção técnica é o da NARTH (The National Association
for Research and Therapy of Homosexuality). A Associação Nacional de Pesquisa e Terapia da
Homossexualidade afirma ser capaz de modificar a orientação sexual das pessoas com base na teoria
psicanalítica. Esta organização, fundada em 1992 e inicialmente presidida por Charles Socarides,
embora não tenha nenhuma ligação direta com a IPA, é composta por vários psicanalistas que são
membros da Associação Psicanalítica Americana.
A posição oficial da NARTH é que a homossexualidade é um transtorno tratável e, segundo
Uqectkfgu."Ðqu"jqoquugzwcku."p«q"korqtvc"q"ugw"p xgn"fg"cfcrvc›«q"g"fg"hwpekqpcogpvq"go"qwvtcu"
tgcu" fc" xkfc." u«q" ugxgtcogpvg" fghkekgpvgu" pc" tgc" ocku" xkvcn<" cu" tgnc› gu" kpvgtrguuqckuÑ=" q" swg"
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justifica seu entendimento de que a orientação homossexual, não só precisa como deve ser
modificada, já que, segundo ele, o movimento gay é um destruidor dos direitos da sociedade
(BERGGREN).
Não é de se espantar que este procedimento homofóbico e contaminado por crenças
importadas de uma moral sexual social, receba apoio, inclusive financeiro, de membros da direita
radical religiosa, demonstrando a dificuldade, ainda existente, de se desvincular a teoria psicanalítica
da crença pessoal que é formulada por esses discursos.
Em geral, parece-nos que o cerne da questão dos desvios promovidos não repousa
exclusivamente no mal-entendido da homossexualidade, mas antes e principalmente, na noção
psicanalítica da sexualidade humana.
Este panorama desviante, que apontamos com o caso da NARTH, é também encontrado, ou
até embasado, no contexto de produções teóricas. Ao interpretarem as bases conceituais da
Psicanálise de forma, senão homofóbica, no mínimo reducionista, alguns pós-freudianos ajudam a
propagar o quadro de distorções encontradas na literatura analítica atual e promovem inúmeras
versões para a noção psicanalítica de homossexualidade que acabam alicerçando a difusão de novas
distorções técnicas.
Com a proposta não só de denunciarmos, mas
principalmente desfazermos tais equívocos, selecionamos duas
versões da homossexualidade capazes de nos servir como
exemplos de afirmativas teóricas incompatíveis com a
Psicanálise. Lançarei mão, primeiramente, da versão
reducionista da homossexualidade enquanto perversão proposta
por Patrick Valas2 Î membro da Escola de Psicanálise Sigmund
Freud em Paris Î para em seguida, apresentar a versão
biologizante da sexualidade, tal como compreendida por
Waldemar Zusman3 Î membro da Associação Psicanalítica Rio
3.
Tomado como primeiro exemplo, Patrick Valas, em seu
livro F reud e a Perversão, nos relata ter seguido, passo a passo,
a ordem cronológica dos textos freudianos com o intuito de contribuir para o conhecimento da
gênese da perversão. No entanto, o autor parece-nos não ter percebido a essência estrutural do
conceito e, após esse extenso trabalho, confunde escolha de objeto com escolha de estrutura,
identificando a homossexualidade atrelada à perversão.
Valas, ao promover um recorte de dois textos freudianos Î As teorias sexuais infantis
(FREUD, 1908/1996) e Leonardo Da Vinci e um a lembrança de sua infância (FREUD, 1910/1996)
Î conclui seu livro constituindo a base da perversão a partir da feminilização do sujeito por
identificação à mãe fálica e sua consequente escolha de objeto homossexual:
O objeto é escolhido em função da relação do sujeito com a castração, cuja sorte é decidida
na dialética edipiana. Quando a castração é desmentida, o objeto é marcado pelo traço deste
desmentido: mãe fálica, à qual se substitui a mulher falicizada pelo fetiche, ou então o
próprio objeto é portador do pênis falicizado, ele é um duplo narcísico do sujeito
homossexual. (VALAS, 1990, p.112)
enquanto geradora de angústia em todos os sujeitos Î sejam eles homens ou mulheres Î e recorre à
anatomia para entender a perversão. Na mão contrária à de Freud, o que Valas propõe é uma
substituição do desmentido da castração Î próprio da estrutura clínica da perversão Î por um
discurso que, utilizando o imaginário do corpo, identifica o pênis do objeto escolhido pelo sujeito
como aparato fálico capaz de desmentir a castração e sustentar toda homossexualidade masculina
enquanto perversa.
Certamente, o autor, assim como ocorre nas sociedades patriarcais, transforma o falo Î
enquanto significante da falta Î em símbolo de poder e completude. Contudo, foi justamente para
sanar este corrente intrincamento que Lacan alertou para a definição do falo como significante que
marca a distância existente entre o símbolo e sua encarnação imaginária; ou seja, a anatomia Î
suporte imaginário presente na fantasia Î não deve ser confundida com o estatuto simbólico das
funções e das posições de desejo em relação ao significante fálico:
O falo é aqui esclarecido por sua função. Na doutrina freudiana, o falo não é uma fantasia,
caso se deva entender por isso um efeito imaginário. Tampouco é, como tal, um objeto
(parcial, interno, bom, mau etc.), na medida em que esse termo tende a prezar a realidade
implicada numa relação. E é menos ainda o órgão, pênis ou clitóris, que ele simboliza. [...]
Pois o falo é um significante [...] ele é o significante destinado a designar, em seu conjunto,
os efeitos de significado, na medida em que o significante os condiciona por sua presença de
significante. (LACAN, 1966/1998, p.696-697)
Não nego o fato de que, ao recortarrmos a obra freudiana, possamos correr um grande risco
de entendermos certos conceitos de forma incompleta e equivocada; no entanto, o que na presente
versão chama maior atenção, e por isso questionamos, é o porquê de o autor, que se propôs a fazer
um levantamento da obra freudiana sobre a perversão, sequer ter citado o texto sobre o Fetichismo
(FREUD, 1927/1996), em que Freud não só conclui seu entendimento da estrutura, como afirma
ecvgiqtkecogpvg"swg"q"hgvkejg"fi"woc"fghguc"eqpvtc"c"jqoquugzwcnkfcfg<"Q"hgvkejg"Ðvcodfio"ucnxc"q"
fetichista de se tornar homossexual, dotando as mulheres de características que as tornam toleráveis
eqoq"qdlgvqu"ugzwckuÑ"*HTGWF."3;49/1996, p.157).
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Seja o que for que o ego faça em seus esforços de defesa, procure ele negar uma parte do
mundo externo real ou busque rejeitar uma exigência pulsional oriunda do mundo interno, o
seu sucesso nunca é completo e irrestrito. (FREUD, 1940[1938]/1996, p.217)
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assim, sustenta sua crença de que a homossexualidade seria um desvio da norma por não ter se
subordinado à primazia genital (ZUSMAN, 1997).
Freud, ao nos apresentar a concepção psicanalítica de sexualidade, lançou mão da pulsão e
do inconsciente para caracterizar a especificidade do ser humano. Lacan, em seu retorno a Freud,
estruturou o inconsciente como linguagem e marcou a pulsão como efeito da demanda do Outro
sobre o sujeito. A partir de então, qualquer redução da pulsão ao instinto desloca a questão da
sexualidade para um campo que não é o campo da Psicanálise.
Esta é a proposta de Zusman ao igualar o ser humano aos animais, articular a Psicanálise a
um campo biológico que submete o sujeito às fases de maturação do organismo necessárias para a
condução do órgão genital ao objeto do sexo oposto para a procriação.
Desfaçamos os equívocos: a libido, tal como apresentada por Freud, é uma energia sexual
que impulsiona (a pulsão) a partir do desejo. As fases de desenvolvimento pelas quais ela passa
(oral, anal etc.) referem-se à ação da linguagem sob determinada região corporal descrita por Freud
como zona erógena. As zonas erógenas, por sua vez, só se tornam erógenas pela ação da linguagem
em determinado orifício corporal, swg."nqpig"fg"ug"Ðhkzct"rcvqnqikecogpvgÑ."gurcnjc-se por todo o
corpo e o transforma num corpo pulsional.
Ao ser humano, enquanto sujeito dividido pelo efeito da linguagem, o que importa é a
dimensão do Outro: ÐNão há nenhuma relação de engendramento de uma das pulsões parciais à
seguinte. A passagem da pulsão oral à pulsão anal não se produz por um processo de maturação,
mas pela intervenção de algo que não é do campo da pulsão Î pela intervenção, o reviramento, da
demanda do Outro0Ñ (LACAN, 1964/1998, p.171).
Não havendo nenhuma metamorfose natural de uma pulsão à outra, Lacan enfatiza que é na
circularidade, no vaivém do movimento pulsional Î que sai através da borda e a ela retorna como
sendo seu alvo depois de ter contornado o objeto a Î que se situa a dimensão do Outro. Será nesta
dialética pulsional, marcada pela falta de objeto, que o sujeito fará sua entrada na linguagem através
da apreensão dos significantes da mãe que nomeiam e permitem sua inserção no mundo simbólico
dos seres falantes. O sujeito nasce no que, no campo do Outro, surge o significante.
Sob esse prisma, também se esclarece que a atividade-passividade atribuída por Freud à
pulsão é justamente a constância desse movimento pulsional, e não uma passividade respectiva a
uma fixação da pulsão anal, como propõe o autor.
Desfazendo E quívocos
Se retornarmos a Freud, que de certa forma também se respaldou na biologia para tentar
esclarecer a distinção anatômica entre os sexos, baseando-se no complexo de Édipo e no complexo
de castração para referir-se à presença ou ausência do pênis como marco referencial de uma
posterior posição subjetiva, verificaremos que, de forma análoga, o autor não desconhece na
ugzwcnkfcfg"cniq"swg"kpfgrgpfg"fc"dkqnqikc0"Q"rt„rtkq" eqpegkvq"fg"rwnu«q."cvtgncfq"cq"Ðeqorngzq"
fq"rt„zkoqÑ."rqfg"pqu"femonstrar que desde os primórdios da infância, o bebê, ao condicionar sua
sobrevivência à mãe, está, na realidade, restringindo sua existência à presença do desejo do Outro
primordial e, assim, conferindo plasticidade à constituição de seu corpo na relação com esse desejo.
Esta questão nos leva a refletir que: se o desejo do sujeito e o corpo biológico do sujeito não
estão intimamente relacionados, isso se dá pela plasticidade pulsional, a qual tem como único
objetivo a satisfação. Desta forma, podemos afirmar que a pulsão não reconhece a anatomia do
corpo e que o desejo se dá independentemente desta.
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Logo, verificamos que a escolha de objeto não tem nenhuma relação com a anatomia do
sujeito e muito menos com a escolha de posição sexuada na partilha dos sexos. Ou seja, um homem
biológico (posse do pênis) que se situa ou se reconhece como homem enquanto sua posição sexuada,
tem como possibilidade de escolha um homem biológico ou uma mulher biológica para ocupar o
lugar de seu desejo de satisfação enquanto objeto de amor. Então, não temos nenhuma relação que
resulte de uma posição feminina ou masculina definida a partir do sexo biológico de seu objeto de
escolha.
Portanto, a partir do reconhecimento do desejo inconsciente, da plasticidade pulsional, da
bissexualidade originária, da fantasia e da falta constitutiva do sujeito, não podemos nos satisfazer
com o apoio anatômico enquanto suporte do pênis/falo como o único responsável pela subjetividade
e pela posição do sujeito enquanto ser de escolhas.
Façamos um retrocesso: por que o falo Î com seu valor simbólico Î é equivalente ao pênis Î
com sua característica anatômica? Este é o ponto que nos parece causar um dos principais equívocos
trazidos por alguns pós-freudianos quando confundem o suporte da diferença fálico/castrado na
relação parental Î claramente descrita por Freud Î e a função dos genitores na procriação Î derivada
do modelo fálico/posse do genital.
Certamente, nas sociedades patriarcais, o falo enquanto marca da falta foi transformado em
símbolo de poder e completude: o homem, enquanto possuidor de um pênis, é também possuidor do
falo. No entanto, temos que ter em mente que a anatomia é o suporte imaginário presente na fantasia
e que esta não deve ser confundida com o estatuto simbólico das funções e das posições de desejo
em relação ao significante fálico.
Portanto, ninguém é possuidor do falo, já que este é da ordem do simbólico, da incompletude
fundamental do ser humano e jamais poderá ser reduzido ao órgão sexual masculino.
Peguemos, então, o gancho e voltemos nossa atenção para o fundamento que nos permite
distinguir as posições masculina e feminina.
Deixemos claro: Freud, ao falar de atividade, refere-se a uma maior quantidade de libido
investida no objeto. Em contraposição, ao falar de passividade, aponta para uma maior quantidade
de libido investida no eu. Assim, podemos começar a concluir que a libido masculina, no homem ou
na mulher, representa um movimento de maior investimento no objeto, independentemente de este
ser homem ou mulher.
Desta forma, se a libido, em si, é ativa, o feminino e o masculino, enquanto pulsionais, estão
sempre presentes em diferentes medidas no homem e na mulher. Ou seja, ao tratarmos de uma
concepção dinâmica, ora nos mobilizamos em direção ao objeto, ora nos fazemos objeto para o
outro.
Sob esse prisma, a busca pela satisfação pulsional em uma ou outra posição será sempre um
movimento de caráter ativo, pois, mesmo se tratando de um gozo da posição passiva, é de uma
passividade ativamente produzida que se trata.
Nesse sentido, deixa de existir a anatomia que privilegiava a mulher feminina e passiva em
oposição ao homem masculino e ativo, passando a operar uma dinâmica pulsional circulante entre as
posições, sem nenhuma restrição quanto ao sexo biológico que ocupará tal lugar em determinado
momento.
Cnfio" fq" ocku." cq" tggzcokpctoqu" c" swguv«q." rgpucpfq" eqo" Ncecp" c" rctvkt" fcu" ÐH„towncu"
sw¤pvkecu"fc"ugzwc›«qÑ, apresentadas no Seminário 20 - Mais, ainda -, observaremos que o destaque
dado pelo autor ratifica que, na escolha do sexo, não devemos confundir a escolha da posição
sexuada, dentro da partilha dos sexos, com a escolha do objeto enquanto possibilidade de desejar um
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homem ou uma mulher. Esta teorização da diferença sexual separa-se radicalmente da diferença
anatômica, há uma reversão indispensável para nosso entendimento da teoria, pois Lacan faz cair o
ocejq" g" c" h‒ogc" g" pqu" rtqr g" hqtocu" fkuvkpvcu" fg" iq|q<" q" Ðiq|q" h nkeqÑ." swcnkhkecfq" fg"
ÐocuewnkpqÑ." swg" fi" q" iq|q" ugzwcn" rtqrtkcogpvg" fkvq." rctekcn" g" nkokvcfq" rgnq" ukipkhkecpve, para
jqogpu"g"ownjgtgu="g"q"Ðiq|q"hgokpkpqÑ, que está para além do falo.
Portanto, o que precisa ser entendido em termos de definição para que não se possa justificar
fguxkqu" vg„tkequ" eqoq" qu" crtgugpvcfqu" rgnqu" cwvqtgu" cswk" ekvcfqu." fi" swg" qu" vgtoqu" ÐCvkxkfcfgÑ" g"
ÐRcuukxkfcfgÑ" fgukipco" respectivamente a maior quantidade de libido investida no objeto ou a
ockqt" swcpvkfcfg" fg" nkdkfq" kpxguvkfc" pq" gw0" G" qu" vgtoqu" ÐOcuewnkpqÑ" g" ÐHgokpkpqÑ" guv«q"
relacionados à dinâmica pulsional, pela qual o sujeito se posiciona perante o desejo e os objetos,
escolhendo ora o movimento de amar, ora o de ser amado.
Logo, podemos concluir que um indivíduo, homem ou mulher biológico (pênis/vagina),
independentemente de sua escolha de posição sexuada Î enquanto interpretação do desejo do Outro
Î como homem ou mulher, sempre terá uma libido
ativa como força motriz de sua vida sexual,
independentemente de sua finalidade pulsional Î
enquanto dinâmica Î ter um maior objetivo
masculino/amar ou feminino/ser amado por um objeto
biologicamente definido como homem ou mulher.
Assim, a homossexualidade é apenas mais uma
possibilidade de encontro, a partir das múltiplas
escolhas do sujeito, e o que por fim consideramos
necessário ser destacado é o dever da Psicanálise de
mostrar que esse dito saber sexual unificado pelo
sistema de valores morais não corresponde à realidade, já que a pretensa naturalidade desejante
correspondente à anatomia diferencial dos corpos não condiz com o subjetivo inerente a qualquer
escolha do sujeito, já que a relação sexual, enquanto pré-determinada entre pulsão e objeto, não
existe.
Conclusão
Como vimos, no início do século XX, Freud subverteu o saber da época ao apresentar a
publicação do livro Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905). O autor revolucionou a
concepção de sexualidade humana ao indicar a falta de objeto, apontando para o fato de que não há
uma naturalidade desejante correspondente à anatomia diferencial dos corpos e afirmando não haver
nenhuma articulação entre o biológico e o subjetivo nas escolhas do sujeito.
Entretanto, verificamos que o saber psicanalítico apresenta-se, muitas vezes, atravessado por
outros discursos, que, calcados em aspectos ideológicos, acarretam transmissões teóricas que
substituem a ética do desejo pelo imaginário social de uma moral sexual encarnada no casamento
heterossexual, visando à procriação.
Guvc" rqn‒okec" hqk" gxkfgpekcfc" fgufg" c" fgeku«q" fq" ÐEqokv‒" UgetgvqÑ" fc" Cuuqekc›«q"
Psicanalítica Internacional (IPA), liderado por Ernest Jones, em 1921, ao proibir definitivamente que
a profissão de psicanalista fosse exercida por homossexuais. Desde então, nos deparamos com
movimentos que normatizam a análise, o analista e o desejo do sujeito, vindos de diversas escolas de
Psicanálise, que contribuem enormemente para a discriminação da homossexualidade e apontam
para a falta de consenso entre os pós-freudianos a respeito do tema.
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Freud, de fato, nunca separou os homossexuais dos outros seres humanos ou os classificou
como perversos, nem vislumbrou qualquer possibilidade ou necesukfcfg"fg"ÐewtcÑ."cfokvkpfq."rqt"
consequência da bissexualidade constitucional humana, a existência da homossexualidade em estado
latente em todos os heterossexuais. Lacan, por sua vez, também se posicionava contra a homofobia
e, em sua prática clínica, revelou-se um emancipador, ao ser o primeiro psicanalista a permitir que
os homossexuais também se tornassem psicanalistas.
No entanto, nem mesmo a posição de seu fundador foi capaz de repreender a homofobia
promovida pela IPA, inicialmente liderada por Jones e atualmente manifesta em discursos
escamoteados, distorcidos, ou, como sugerido por Elisabeth Roudinesco, denegados, em versões
desviantes promovidas por psicanalistas que Î após a manifestação de 1997, no Congresso de
Barcelona6 Î não mais ousaram confessar sua homofobia: ÐO desagradável é que os psicanalistas
homofóbicos pretendem falar em nome da psicanálise, em nome de Freud ou de Lacan, ao passo que
não fazem senão exprimir sua opinião de cidadão. Daí as críticas que lhes são dirigidas
]000_Ñ0*TQWFKNESCO, 2009, p.67).
Assim, fica claro perceber que o cenário atual revela, cada vez mais, um afastamento do
conjunto de ensinamentos fundamentais de Sigmund Freud que se desencadeiam em consequências
clínicas. É uma roda viva que precisa ser freada, pois estes analistas que difundem discursos
calcados no imaginário pessoal também promovem uma clínica guiada pela moral; e com isso, quem
sofre essa violência homofóbica é o sujeito. É preciso sanar esse movimento no campo da
Psicanálise.
Sem dúvida, esse tema, que suscita uma grande quantidade de questões na prática clínica,
nos exige repensar a responsabilidade do analista frente ao sujeito, que é sempre sujeito de desejo,
mesmo que atravessado pela angústia promovida pela moral sexual difundida no social. Daí se
reforça a necessidade da compreensão psicanalítica da sexualidade humana e de uma clínica
centrada na ética do desejo. Importância também vigorada por Roudinesco: Ð[..] é preciso tomar
partido em prol dos homossexuais contra todas as discriminações das quais são vítimas. Se a
psicanálise quer permanecer freudiana, deve prosseguir a missão civilizadora e emancipadora de que
estava imbuída em sua origem.Ñ (ROUDINESCO, 2009, p.69).
É por acreditarmos que a promoção de versões teóricas desviantes no entendimento da
homossexualidade tem efeitos clínicos na condução do tratamento analítico Î suprimindo a fala do
uwlgkvq."rtqoqxgpfq"c"ÐewtcÑ"fc"jqoquugzwcnkfcfg"g"cwogpvcpfq"q"rtgeqpegkvq"go"tgnc›«q"c"gnc"Î
que nosso objetivo vem se justificar pela desconstrução dos equívocos e desvios que têm como
resultado uma aplicação da Pukecp nkug" eqoq" hqtoc" fg" Ðcfcrvc›«qÑ" g" Ðpqtocvk|c›«qÑ" fq" uwlgkvq;
assim contribuindo para a ruptura da clínica da moral e sustentando a clínica do desejo, baseada na
ética da Psicanálise.
De fato, a resistência à Psicanálise permanece tão viva quanto a necessidade de
denunciarmos e desfazermos os desvios teóricos dela advindos.
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NOTAS
1. Considerações sobre a particularidade norte-americana relativa à formação analítica e ao consórcio psicanalítico
encontram-se amplamente descritas em Lacan e a formação do analista (JORGE, 2006).
2. Na época do lançamento do livro aqui referido, Patrick Valas era membro da Escola da Causa Freudiana em Paris.
3. Na época da publicação do artigo aqui referido, Waldemar Zusman era membro da Sociedade Brasileira de
Psicanálise do Rio de janeiro.
4. As traduções de Verleugnung comumente encontradas são: renegação, recusa da realidade da castração e desmentido.
5. O psicanalista francês Guy Rosolato propôs traduzir ÐVerleugnungÑ"rqt"fguogpvkfq"*désaveu) e, assim, melhor
caracterizar, no campo psicanalítico, a dupla operação Î reconhecimento e recusa Î, típica da estrutura perversa, e que,
até então, havia sido comumente confundida com o conceito de denegação. (ROUDINESCO & PLON, 1998)
6. Congresso onde ocorreu a primeira manifestação de psicanalistas membros da IPA, ao se declararem abertamente
homossexuais.
REFERÊNCIAS:
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Janeiro: Imago. (1925) ÐAlgumas conseqüências psíquicas da distinção anat»okec"gpvtg"qu"ugzquÑ0
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*3;3;+"ÐÒWoc"etkcp›c"fi"gurcpecfcÓ<"woc"eqpvtkdwk›«q"cq"guvwfq"fc"qtkigo"fcu"rgtxgtu gu"ugzwckuÑ.
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(1906[1927_+" ÐMinhas teses sobre o papel da sexualidade na etiologia das neurosesÑ0" *3;42+" ÐA
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uma interpolação na teoria da sexualidadeÑ. (1931) ÐSexualidade femininaÑ. *3;2:+" ÐSobre as
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JONES, E. (1989). A vida e a obra de Sigmund F reud. Rio de Janeiro: Ed. Imago.
JORGE, M. A. C. (2007). A teoria freudiana da sexualidade 100 anos depois (1905-2005). Psychê.
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