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104 PSICOLOGIA:
CIÊNCIA E PROFISSÃO,
Deborah Rosária Barbosa
2012, 32 (num. esp.), 104-123

Contribuições para Resumo : Este artigo apresenta alguns dados sobre a história do campo de conhecimento e prática da
Psicologia em sua relação com a educação no Brasil. Este estudo foi conduzido baseado no fundamento
a Construção da epistêmico-filosófico do materialismo histórico dialético e na nova história, utilizando fontes bibliográficas
históricas e cinco relatos orais de personagens da Psicologia educacional e escolar. Os depoimentos e o

Historiografia da material das fontes escritas constituíram o corpus documental, cuja organização seguiu a metodologia da
história oral e da historiografia plural. Foi realizada análise descritivo-analítica compreendida em duas
etapas: a) análise documental (fontes não orais) e b) construção de indicadores e núcleos de significação
Psicologia Educacional e dos registros orais. A partir das análises, compôs-se uma periodização da história da Psicologia educacional
e escolar brasileira por meio de marcos históricos que compreendeu as fases: 1) colonização, saberes

Escolar no Brasil psicológicos e educação (1500-1906), 2) a Psicologia em outros campos de conhecimento (1906-1930), 3)
desenvolvimentismo – a Escola Nova e os psicologistas na educação (1930-1962), 4) A Psicologia educacional
e a Psicologia do escolar (1962-1981), 5) o período da crítica (1981-1990), 6) a Psicologia educacional e
escolar e a reconstrução (1990-2000) e 7) A virada do século: novos rumos? (2000-).
Contributions For The Development Of The
Palavras-chave: Psicologia escolar. Psicologia educacional. História da Psicologia - Brasil.
Historiography Of Educational And School Psychology
In Brazil Abstract: This article presents some data in which the history of the knowledge and practice of educational
and school psychology in Brazil was investigated. This study was carried out based on the new history and
Contribuciones Para La Construcción De La philosophical-epistemological foundation of historical and dialectical materialism; bibliographical references
Historiografía De La Psicología Educacional Y Escolar as well as historical and oral accounts of five living characters of the Brazilian history of Educational and
Perguntas de um
En El Brasil School Psychology were used. The statements of historical sources and the material constituted a corpus of
operário que lê documents whose organization followed the methodology of oral history and pluralistic history. A descriptive
Quem construiu analysis was performed in two steps: a) document analysis (non-oral sources) and b) construction of a core
of indicators from oral records. From the analysis, a timeline of the history of educational school Brazilian
Tebas, a das sete
psychology was built through landmarks comprising: 1) colonization, psychological knowledge and education
portas?
(1500-1906), 2) psychology in other fields of knowledge (1906-1930), 3) “desenvolvimentismo”- the New
Nos livros vem o School and “psicologistas” in education (1930-1962), 4) educational psychology and school psychology
Deborah Rosária (1962-1981), 5) the critics period (1981 - 1990), 6) educational and school psychology and reconstruction
nome dos reis,
Barbosa (1990-2000), 7) the turn of the century: new directions? (2000- ).
Mas foram
Keywords: Educational psychology. School psychology. Psychology history- Brazil.
Universidade de os reis que
São Paulo
transportaram as Resumen : Este artículo presenta algunos datos sobre la historia del campo de conocimiento y práctica

pedras? de la Psicología en su relación con la educación en el Brasil. Este estudio fue conducido basado en el
fundamento epistémico-filosófico del materialismo histórico dialéctico y en la nueva historia, utilizando
(...) Em cada
fuentes bibliográficas históricas y cinco relatos orales de personajes de la Psicología educacional y escolar. Las
década um declaraciones y el material de las fuentes escritas constituyeron el corpus documental, cuya organización siguió
grande homem. la metodología de la historia oral y de la historiografía plural. Fue realizado un análisis descriptivo-analítico
comprendido en dos etapas: a) análisis documental (fuentes no orales) y b) construcción de indicadores y
Quem pagava as
núcleos de significación de los registros orales. A partir de los análisis, se compuso una periodización de la
despesas?
historia de la Psicología educacional y escolar brasileña por medio de marcos históricos que comprendió
Tantas histórias las fases: 1) colonización, saberes psicológicos y educación (1500-1906), 2) la Psicología en otros campos

Quantas de conocimiento (1906-1930), 3) desarrollismo – la Escuela Nueva y los psicologistas en la educación


(1930-1962), 4) La Psicología educacional y la Psicología del escolar (1962-1981), 5) el período de la crítica
perguntas.
o git r A

(1981-1990), 6) la Psicología educacional y escolar y la reconstrucción (1990-2000) y 7) En el cambio de


(Bertolt Brecht, siglo: ¿nuevos rumbos? (2000- ).
1982, p. 156) Palabras clave: Psicología escolar. Psicología educacional. Historia de la Psicología- Brasil.

O prese nte ar tigo tem com o obje tivo do histórico da constituição desse campo
apresentar alguns resultados oriundos de de conhecimento no interior da Psicologia
meu trabalho de doutorado(1) que trata da em nosso país. Como objetivos específicos,
1Este trabalho foi
realizado com bolsa história da Psicologia educacional e escolar buscou-se analisar obras publicadas sobre
de doutorado do
no Brasil e que foi defendido no Programa Psicologia e sua relação com a educação,
Conselho Nacional
de Desenvolvimento de Pós-Graduação em Psicologia Escolar e sobre historiografia da Psicologia e o papel
Científico e
do Desenvolvimento Humano do Instituto do psicólogo escolar ao longo do tempo. Um
Tecnológico (CNPq)
sob orientação da de Psicologia da Universidade de São Paulo diferencial da investigação foi a utilização
profa. Dra. Marilene
Proença Rebello de
(IPUSP) (Barbosa, 2011). O estudo teve como da história oral como uma das metodologias
Souza (IPUSP). objetivo geral realizar um levantamento empregadas.

PSICOLOGIA: CIÊNCIA E PROFISSÃO, 2012, 32 (num. esp.), 104-123 Contribuições para a Construção da Historiografia da Psicologia Educacional e Escolar no Brasil
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Deborah Rosária Barbosa Deborah Rosária Barbosa
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A partir de uma inquietação inicial e de subjetividade, seu posicionamento diante do


O processo de escrita da descritivos, descritivo-analíticos e uma infinidade
mundo e daquela realidade que está sendo
pesquisas preliminares, identificou- se de outras formas de historiografia, que também
História – características do por ele descrita. Não há duas narrativas
que são muitos os escritos sobre história passam pelo foco escolhido pelo pesquisador,
trabalho historiográfico de um mesmo acontecimento que sejam
da Psicologia, porém poucos têm como que pode ou não priorizar os personagens, os iguais ou coincidentes. A História é uma

característica ouvir os próprios partícipes locais, as mudanças, o que permaneceu, todos construção, construção essa que pode
A História existe independentemente de ter maior ou menor compromisso com a
dessa história. Como no poema de Brecht, esses aspectos ou outro elemento da história que
qualquer escrita; porém, quando se adentra evidência, mas na qual existe sempre uma
havia o interesse desta pesquisadora em ir está sendo investigada. O historiador escolhe em carga indiscutível de subjetividade (Prestes,
no universo da historiografia, é importante
além do que tradicionalmente é descrito, que irá lançar luz ou enfatizar em sua produção. 2010, p. 91)
entender que são várias as formas de se narrar
ir também às fontes reais que contribuíram Desse modo, quando se fala em historiografia,
uma história, sempre sabedores que não se trata
para personificar essa história. Nesse sentido, há uma gama extensa de possibilidades que Para realizar este estudo, inicialmente, foi
da História propriamente dita e nem da única
corroborando a proposição marxista de que a se abrem para aquele que deseja realizar escolhido o recorte espacial de circunscrever a
forma de contá-la. A História (com h maiúsculo),
História é feita pelos homens e pelas mulheres um trabalho nesse campo. O ditado popular investigação à história da Psicologia educacional
ou conjunto de produções ou transformações
diz sabiamente que “quem conta um conto, e escolar no Brasil. Essa escolha deveu-se,
que a compõem (Marx, 1888/1977; Marx & empreendidas pela humanidade ao longo
aumenta um ponto”, e isso traduz a forma sobretudo, à observação de que muitas
Engels, 1845/2007), esta pesquisa teve como do tempo, pode ser descortinada a partir de
como cada pesquisador pode empreender a produções no campo da história da Psicologia
peculiaridade a produção, a organização e recortes que os historiadores fazem. Nesse
narrativa de uma história (que inclusive pode privilegiam o enfoque da história dessa
a publicidade dos depoimentos de pessoas sentido, o que se produz a partir desses
até nem ser uma narrativa). Assim, por trás de ciência a partir de referenciais estrangeiros,
que viveram parte da história da Psicologia, recortes são várias histórias (com h minúsculo)
toda história, existe aquele que conta a história, especialmente estadunidenses.
em especial, personagens da Psicologia que nos fazem compreender fragmentos
e que, portanto, dá a ela o seu matiz, a sua
educacional e escolar. Assim sendo, foram da realidade por meio dos referenciais
configuração. Como recorte temático, a prioridade foi a busca
realizadas gravações de entrevistas orais com escolhidos pelo pesquisador. Portanto, as
Os historiadores pela constituição da Psicologia relacionada
cinco pioneiros/protagonistas dessa história, e escolhas que o historiador empreende são
são como surdos, Essas considerações têm o intuito de ressaltar à educação, que é muitas vezes nomeada
o resultado dos depoimentos, assim como o de suma importância para delimitar qual
dizia Tolstoi, que o trabalho aqui apresentado corresponde Psicologia educacional e/ou escolar, e que foi,
respondem levantamento das obras escritas ao longo do será sua contribuição na constituição de uma
a uma das possíveis formas de se contar então, conceituada na tese, do ponto de vista
perguntas que século XX, contribuíram para a composição determinada história.
ninguém lhes fez a história da Psicologia educacional e histórico, como um campo de conhecimento
de uma proposta de periodização do histórico
(Bosi, 2003, p. escolar no Brasil. Os resultados exibidos
Geralmente, para balizar esse pensamento, que tem como foco a relação da Psicologia com
67). dessa área em nosso território.
não devem ser encarados como a história
utilizam-se recursos como os recortes a educação. Verificou-se que alguns teóricos
dessa área da Psicologia, mas sim, como uma
Essa periodização foi construída a partir temporais , de espaço , de tema e ou de denominam esse campo de conhecimento
contribuição para a historiografia da Psicologia,
fontes a serem utilizadas. Empregando como subárea ou subcampo da Psicologia, assim
da identificação de marcos históricos
especialmente no que se refere à sua relação
da área, e compreendeu as etapas: 1) exemplo a história da Psicologia, pode se como aparecem as nomenclaturas Psicologia da
com a educação em nosso país. A investigação
colonização, saberes psicológicos e educação querer estudá-la em um período de tempo educação, Psicologia educacional e Psicologia
traz, então, as marcas dos recortes feitos ao
(1500-1906), 2) a Psicologia em outros específico, os últimos cinquenta anos (recorte 2 Não é objetivo escolar e outras de forma indiscriminada.
longo da pesquisa (temáticos, temporais,
deste artigo a Optou-se por utilizar o termo área ou campo
campos de conhecimento (1906-1930), 3) temporal), ou a história da Psicologia nos
discussão das espaciais e de fontes), assim como as dos
desenvolvimentismo – a Escola Nova e os Estados Unidos, no Brasil, em Pernambuco ou mudanças das de conhecimento e a terminologia Psicologia
nomenclaturas
matizes escolhidos para serem enfatizados ao
psicologistas na educação (1930-1962), 4) em outro lugar (recorte espacial), a história da educacional e escolar. A partir da tese,
pelas quais passou longo de sua construção, descritos a seguir.
área de Psicologia do trânsito, da psicoterapia a Psicologia foi possível constatar que, longe de essas
a Psicologia educacional e a Psicologia do
educacional e
escolar (1962-1981), 5) o período da crítica ou da área escolar (recorte temático); e ainda escolar e de como diferenças serem apenas denominações
essas transformações
Apresentando a pesquisa:
(1981-1990), 6) a Psicologia educacional e investigá-la a partir de fontes bibliográficas correlatas ou formas diferenciadas de nomear
dizem respeito a aspectos teóricos e
escolar e a reconstrução (1990-2000) e 7) como livros ou revistas científicas produzidas várias compreensões o mesmo fenômeno, elas ensejam concepções
teóricas e históricas metodológicos
a virada do século: novos rumos? (2000-). ao longo do tempo ou materiais como sobre a área; para
diversas quanto ao objeto de interesse, às

Neste artigo, optou-se por expor o modo documentos históricos e/ou eventos (recorte os interessados, finalidades, aos métodos de investigação e
indico a leitura Como é sabido, não existe História neutra
de construção da tese no que tange aos definido por fontes). do item Psicologia ou História que seja mera reprodução de aos conceitos primordiais dessa área (2). Em
educacional ou fatos ocorridos em determinado momento
processos metodológicos empreendidos e a outras palavras, a opção por uma ou outra
escolar: uma questão
histórico. (...) Na verdade, o fato histórico
uma explanação panorâmica sobre cada uma Além desses aspectos, há também a decisão de nomenclatura?, denominação tem raízes políticas, sociais,
no capítulo VII
é sempre uma escolha do historiador,
das fases em questão. quanto ao modo de apresentação dos dados um recorte feito por ele e que reflete sua históricas e principalmente ideológicas que
da referida tese
historiográficos, que podem ser analíticos, (Barbosa, 2011). marcaram a história dessa área.

Contribuições para a Construção da Historiografia da Psicologia Educacional e Escolar no Brasil Contribuições para a Construção da Historiografia da Psicologia Educacional e Escolar no Brasil
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Deborah Rosária Barbosa Deborah Rosária Barbosa
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A partir dessas considerações, a Psicologia até os anos 2000, de modo que, mesmo deveu, sobretudo, ao fato de os depoentes história oral, as referências de Meihy (2000),
educacional e escolar é aqui entendida sucintamente, são apontados os marcos terem atuado sobretudo no Estado de São Thompson (2002) e Portelli (1997).
como um campo de conhecimento ou históricos de cada período compreendido Paulo e terem participado do período da
área da Psicologia cujo compromisso é a nesse espaço temporal. profissionalização. As referências escritas e Após as etapas a) e b) de interpretação
relação com a educação. Corroboramos os diários de campo das visitas cumpriram, dos elementos construídos a partir do
a definição de Tanamachi e Meira, que Quanto às fontes, a partir da metodologia da assim, o papel de cobrir informações de corpus documental, procurou-se reunir esses
afirmam que esse campo é uma “(...) área história oral, priorizou-se encontrar pessoas tempos longínquos, de personagens falecidos fragmentos em uma narrativa descritivo-
de estudo da Psicologia e de atuação/ que pudessem dar depoimentos sobre a sua e de fornecer elementos sobre a Psicologia analítica de forma a articular os depoimentos e
formação profissional do psicólogo, que participação na constituição da história da educacional e escolar em alguns dos Estados as fontes escritas. Foi através dessa articulação
tem no contexto educacional – escolar ou Psicologia educacional e escolar no Brasil. do território nacional. (triangulação) dos elementos investigados que
extra-escolar, mas a ele relacionado –, o foco Foram selecionados alguns critérios para a se construiu uma proposta de periodização da
de sua atenção (...)” (Tanamachi & Meira, escolha desses testemunhos que deveriam Feitos os recortes espacial, temático, temporal história da Psicologia educacional e escolar
2000, p. 11). Também como as autoras ter, sobretudo, o caráter de pioneiros ou e de fontes, foi possível a construção de um no Brasil que abrange as sete fases ou etapas
asseveram, o profissional identificado com de protagonistas na área. Além disso, cada corpus documental que foi interpretado anteriormente citadas e que serão melhor
essa área, mesmo que não atue diretamente depoimento deveria abarcar, na medida de forma descritivo-analítica com base explicitadas a seguir.
no contexto escolar, tem um compromisso do possível, um período específico dessa nos pressupostos da nova história e d o
3Os depoentes teórico e prático com as questões da escola história, ou de acontecimentos marcantes, materialismo histórico e dialético. Como Para uma história da Psicologia
assinaram Termo
de Consentimento e da educação como um todo. Ao estudar de modo a mapear o tempo estudado em Resgatar o foram utilizados vários referenciais para
Livre e Esclarecido
educacional e escolar no Brasil
ou produzir referências (ciência) ou atuar passado tal
questão. Nesse sentido, os cinco participantes orientar o trabalho, bem como diferentes tipos
para realização da como se
pesquisa e também (profissão) nesse campo, não deve limitar-se foram escolhidos por terem: a) realizado de fontes, análises e formas de apresentação Resgatar o passado tal como se deu na sua
deu na sua
um Termo de
aos conhecimentos nem da Psicologia, nem publicações expressivas na área, b) atuado totalidade não é dos resultados, entendeu-se que se poderia totalidade não é completamente possível,
Autorização Livre
completamente nem é tarefa que consiga chegar a ser um
e Esclarecido para da educação, nem de outro campo, mas na área, c) sido docentes; e/ou d) participado denominar a metodologia principal como
uso do depoimento. possível, nem produto acabado. Deve-se procurar, no
Ambos os termos
utilizar como base as inúmeras e fecundas de órgãos/instituições da área. Os depoentes sendo a história pluralista ou a abordagem
é tarefa que entanto, juntar os elementos disponíveis,
compreendem a produções de outras áreas que também consiga chegar plural, esta coaduna diferentes possibilidades organizá-los, buscando compreender suas
foram os professores Doutores Samuel
afirmação de que
contribuem para pensar sobre as questões a ser um produto contradições e a dinâmica de seu movimento
seus nomes não Pfromm Netto, Geraldina Porto Witter, Arrigo de configuração no campo da historiografia.
acabado” e, fundamentalmente, tentar, com a limitação
seriam omitidos educativas como a Filosofia, a Sociologia, a Leonardo Angelini, Raquel Souza Lobo Guzzo (Antunes, 1996,
na citação de seus inerente ao olhar do presente, mais se
depoimentos. Eles Antropologia, etc. Em resumo, a Psicologia e Maria Helena Souza Patto(3). Cada um p. 95). De modo geral, o processo de análise aproximar do passado e compreendê-lo a
concordaram com
educacional e escolar é um campo de desses depoimentos foi gravado, transcrito e dos resultados foi organizado da seguinte partir dos sinais que permaneceram. Melhor
a exposição de suas
conhecimento que abarca as dimensões compreendendo o passado e seu processo
identidades, bem transcriado a partir do que foi indicado por maneira: cada depoimento e fonte foi
como autorizaram de construção, certamente se tornará
teóricas e práticas e, sobretudo, práxicas Meihy (2000). Os entrevistados puderam analisado em separado e em conjunto,
a publicação dos mais límpida a compreensão do presente,
depoimentos (que de compromisso ético político com as conferir seus testemunhos e revisá-los, o que inter-relacionando ao corpus documental. no qual o passado se encontra como
foram revisados
questões educacionais, escolares e com a se transformou na versão final que foi exposta As análises e a discussão dos resultados uma determinação e base de sustentação
pelos mesmos) e
que estão na íntegra sua melhoria, utilizando-se das interfaces de compreenderam duas etapas: (a) análise (Antunes, 1996, p. 95)
na íntegra na tese(4).
na tese.
conhecimentos produzidos pelas ciências documental (fontes não orais) e (b) construção
4 A primeira lista de humanas. Quando se fala que a Psicologia está fazendo
Além dos depoimentos orais, serviram de indicadores e núcleos de significação dos
possíveis depoentes
compreendia como fontes documentos escritos, visitas registros orais. Para instrumentalizar esse cinquenta anos no Brasil, é porque está se
entrevistas com
Como recorte temporal da tese, escolheu-se a centros de documentação e História e, processo, foram utilizadas as referências de usando como marco inicial a legislação de
vários outros
pioneiros ou inicialmente o período pós-profissionalização, especialmente, obras com temas que se análise de conteúdo de Bardin (1995), de criação da profissão de psicólogo, a Lei nº
protagonistas,
que principia com a criação da profissão de relacionam à Psicologia educacional e escolar análise documental de Pimentel (2001), e de 4.119, que foi aprovada em 27 de agosto
contudo, devido
ao tempo exíguo psicólogo, em 1962. Porém, no decorrer cuja escolha se deu por serem representativas análise e construção de indicadores e núcleos de 1962 (Brasil, 1962). Também por isso
do doutorado,
não foi possível
da construção da pesquisa, optou-se pela de determinado período histórico. A busca de significação de Aguiar e Ozella (2006). se comemora o Dia do Psicólogo em 27 de
realizá-las. Isso não ampliação do período em questão para Além destas, foram de suma importância agosto. Além dessa lei, é importante destacar
por essas referências também priorizou
causou prejuízo
aos objetivos do abarcar os primeiros conhecimentos oriundos conhecer os personagens que marcaram essa para nortear todo o processo de construção a Resolução de 19 de dezembro de 1962,
trabalho dado a da relação Psicologia e educação que que estabeleceu o currículo mínimo para
história, inclusive aqueles falecidos, além de e discussão dos dados as orientações quanto
riqueza de detalhes,
informações e podem ser identificados no período colonial buscar abranger referenciais de várias partes à produção historiográfica de Marx e Engels os cursos de formação de psicólogos (Brasil,
abrangência dos
através dos relatos da educação jesuítica. Os do Brasil, não se limitando a um determinado (1847/1977, 1845/2007), Hobsbawm (1998), 1962), e o Decreto nº. 53.464, de 21 de
depoimentos
realizados. dados construídos permitiram um avanço Estado da Federação. Essa preocupação se Paulo Netto (1998), e, especificamente, sobre janeiro de 1964, que regulamentou a Lei nº.

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Bonfim, que funcionou até 1919, quando foi em 1932, no Laboratório de Psicologia da e o ensino de Psicologia em Cursos Normais
4.119 (Brasil, 1964). Esse decreto descreve
extinto. Colônia de Psicopatas de Engenho de Dentro, (Clio-Psyché, 2010).
as funções desse profissional bem como as
características do seu exercício profissional e no Rio de Janeiro, coordenado por Waclaw
Em 1909, Clemente Quaglio criou também Radecki. Esse psicólogo polonês propôs a Assim eram formados os chamados
formação. O Conselho Federal de Psicologia
um gabinete de Psicologia Experimental no transformação desse laboratório em Instituto psicologistas, que foram os primeiros
(CFP), por sua vez, foi criado pelo Decreto
Grupo Escolar de Amparo em São Paulo, e, de Psicologia e passou a oferecer um curso de profissionais a praticar a Psicologia no Brasil até
nº. 79.822, de 17 de julho de 1977 (Brasil,
posteriormente, contribuiu com Ugo Pizzoli formação em Psicologia. Entretanto, após sete que aqui pudesse se formar psicólogos, algo
1977), e, na sequência, foram criados os
para a instalação do Laboratório de Psicologia meses de funcionamento, o curso foi fechado que ocorreu somente após a regulamentação
Conselhos Regionais.
na Escola Normal da Praça da República, em por várias razões (Centofanti, 1982). da profissão (Bernardes, 2004). A Universidade
São Paulo. Conforme Antunes (2001) e Waeny de São Paulo também contribuiu para a
Essas delimitações legislativas que marcam a
e Azevedo (2009), foi na gestão de Oscar Sabe-se que Radecki havia sido colaborador formação desses primeiros profissionais graças
história da Psicologia contam especificamente
Thompson, então diretor da Escola Normal de Claparède e diretor do Laboratório a cursos criados nas cátedras de Psicologia e
do processo de profissionalização, pois os
de São Paulo, que foi contratado o italiano de Psicologia da Universidade Livre da de Psicologia Educacional da Faculdade de
saberes da Psicologia e mesmo algumas
Ugo Pizzoli, catedrático da Universidade de Cracóvia, e que o curso projetado por Filosofia, Ciências e Letras (FFCL). Em 1945,
práticas têm origens anteriores. Se, como
Modena, na Itália, como responsável por ele teria duração de seis meses, com foram criados cursos de Psicopatologia e de
fazem os historiadores estrangeiros da
organizar o laboratório. Esse laboratório, após disciplinas como Metodologia do Trabalho Psicologia Clínica, por iniciativa de Annita
Psicologia, fôssemos considerar como marco
o de Bonfim, foi um dos principais centros Experimental em Psicologia e Problemas Cabral, na cátedra de Psicologia. Em 1947, por
inicial a criação do primeiro laboratório, a
de produção de estudos e de pesquisas Fundamentais do Psicopedagogo, entre ação de Noemy da Silveira Rudolfer, a cátedra
exemplo do laboratório criado por Wundt em
psicológicas ainda em um tempo em que outras. Caso tivesse sido levada adiante, essa de Psicologia Educacional ofereceu um curso
1875(5) em Leipzig na Alemanha, teríamos
não havia a profissão de psicólogo no Brasil; seria uma primeira experiência em termos de Psicologia Educacional (depoimento de
outra data de comemoração. O primeiro
também contribuiu para formar profissionais de formação em Psicologia ainda nos anos Arrigo Angelini para Barbosa, 2011).
laboratório brasileiro foi instituído em 1906,
que, em sua maioria, atuariam com Psicologia 30, inclusive com nuances de ensino de
no Rio de Janeiro (Penna, 1985; Antunes,
no ensino das Escolas Normais. É por essa Psicologia educacional e escolar. Esse panorama oferece um emaranhado
2001; Centofanti, 2006) no interior do
razão que Pfromm Netto (1996) chama de construções paralelas e diferenciadas
Pedagogium, instituição criada como museu
a primeira fase da Psicologia educacional Helena Antipoff também organizou, no que contribuíram para erigir a Psicologia
pedagógico, e ficou a cargo de Manoel
brasileira de fase normalista. Esse autor realizou Laboratório de Psicologia da Escola de brasileira. E complica-se mais um pouco,
Bomfim. Esse estabelecimento de datas
importante contribuição para a historiografia Aperfeiçoamento de Professores de Belo ao pensarmos que, além dessas referências,
se complica um pouco, porque o próprio
da Psicologia educacional e escolar no Brasil a Horizonte, em Minas Gerais, cursos para que dizem respeito à institucionalização e
Pedagogium foi instituído antes em 1890,
partir do texto As origens e o Desenvolvimento divulgação de conhecimentos psicológicos à profissionalização da Psicologia, devemos
e em sua origem, no Decreto nº. 981, de
da Psicologia Escolar (Pfromm Netto, 1996). trazendo psicólogos estrangeiros, como Leon recuar um pouco mais no tempo e encontrar
8 de novembro de 1890, Regulamento da
Em sua análise, a Psicologia escolar passa por Walther e Theodore Simon, para minisrtrá- contribuições anteriores a essas, como nos
Instrucção Primária e Secundária do Districto
três fases: a primeira, entre 1830 e 1940, que los. Alguns cursos foram ministrados nos anos têm mostrado os estudos de Massimi (1984,
Federal, já se pressupunha a existência denominou período normalista, a segunda, 50 com características de especialização 1990) e Massimi e Guedes (2004) sobre
de laboratórios práticos, o que se efetivou entre 1940 a 1962, corresponde à fase para graduados; essa iniciativa merece os saberes psicológicos desde o tempo do
posteriormente (Brasil, 1890). universitária, e a terceira fase inicia-se com o relevo primeiro, por ser uma formação Brasil-colônia.
5 A data da criação ensino de Psicologia escolar na graduação em especializada, e segundo, porque ainda não
do Laboratório O Pedagogium, criado inicialmente para Psicologia, a partir da criação da profissão de
de Psicologia estava estruturada a profissão de psicólogo, Nesse sentido, é necessário que o pesquisador
Experimental na servir de museu e ter em sua organização psicólogo, em 1962. nem as graduações em Psicologia no País, em História esteja certo de quais serão os
Universidade uma exposição permanente de materiais
de Leipzig, na muito menos as pós-graduações. Esses cursos recortes e as delimitações que irão balizar
Alemanha, criado educacionais, também tinha como função O referencial usado pelo autor supracitado é foram importantes espaços de formação seus estudos, de modo a poder realizar uma
por Wundt é
promover cursos, conferências e intercâmbio balizado por marcos da institucionalização da
referida por alguns nesse sentido. Um outro exemplo se deu em contribuição para a historiografia da Psicologia
historiadores da com laboratórios similares estrangeiros, Psicologia, seja via Escola Normal, universidade 1956: o Instituto Superior de Educação Rural que considere essa diversidade. Além disso,
Psicologia como
tendo ocorrido em entre outras atividades. Em 1906, quando ou graduação de psicólogos. Caso quiséssemos – ISER, na Fazenda do Rosário, em Ibirité é necessária uma bússola que oriente suas
1875, e, por outros, foi reorganizado, o Pedagogium se tornou determinar o período inicial da Psicologia
em 1879 (Ver:
(Minas Gerais), por iniciativa de Antipoff, investigações, que possa determinar o que
Shcultz & Schultz, um centro de cultura superior, e, nesse ano, com base na criação dos primeiros cursos de organizou um curso do professor André Rey irá focalizar, assim como e de que forma irá
2002; Araújo, 2007;
foi instalado o Laboratório de Psicologia formação de psicólogos, teríamos então outros de Psicologia experimental, cujo conteúdo poder descortinar esse conjunto imenso de
Figueiredo & Santi,
2004; Goodwin, Experimental, coordenado por Manoel referenciais, como a organização de um curso abordou a avaliação de crianças e adultos informações multifacetadas.
2005).

. Contribuições para a Construção da Historiografia da Psicologia Educacional e Escolar no Brasil Contribuições para a Construção da Historiografia da Psicologia Educacional e Escolar no Brasil
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PSICOLOGIA: PSICOLOGIA:
CIÊNCIA E PROFISSÃO, CIÊNCIA E PROFISSÃO,
Deborah Rosária Barbosa Deborah Rosária Barbosa
2012, 32 (num. esp.), 104-123 2012, 32 (num. esp.), 104-123

Para a construção do meu trabalho de à constituição da autonomia da Psicologia portugueses no Brasil e especialmente o
de testes no interior dos laboratórios das
doutorado, que buscou compreender a em relação aos outros campos de saberes e início da missão jesuíta em 1549. Os jesuítas
Escolas Normais, procurando articular-se à
história da Psicologia educacional e escolar, atuação. A Psicologia passa a produzir seus construíram, pela primeira vez nesta terra,
consolidação dos propósitos capitalistas e
utilizei como referencial basilar a divisão próprios conhecimentos e a se erigir como um sistema educativo para catequização dos
do Brasil industrial. Posteriormente, veio a se
organizada por Antunes (1991, 2001) um conhecimento autônomo com objeto índios. Esse ensino incluía os ensinamentos
reconfigurar a partir das críticas a esse tipo
específico, métodos e técnicas específicas e bíblicos e também o ensino de português
quanto à história da Psicologia no Brasil. de orientação, através da prática profissional
também modos diferenciados de atuação. e das operações matemáticas elementares.
A autora a divide em cinco períodos: 1) em escolas com vertentes ora clínicas, ora
Data desse momento a criação, em âmbito Foram criados colégios para ensinar “a ler e a
pré-institucional (período colonial), 2) educativas (Taverna, 2003).
internacional, dos laboratórios de Psicologia escrever” e assim como afirma Massimi (1984,
institucional (século XIX), 3) autonomização
no interior de universidades, assim como no 1990 e 1997), pode-se encontrar nuances de
(1890-1930), 4) consolidação (1930-1962) Antunes (2003, 2008) destaca que a
Brasil inicia-se processo semelhante, como ideias psicológicas nessa educação inicial.
e 5) profissionalização (1962 em diante). Psicologia educacional e escolar é fundante
dito anteriormente sobre os laboratórios do
da própria Psicologia no Brasil, pois foi através
Antunes (2003) afirma que, no período, o
No primeiro período, a Psicologia é Pedagogium, da Escola Normal de São Paulo
especialmente dos primeiros psicologistas da
propósito de aplicação de conhecimentos
compreendida como saberes constituídos e outros símiles.
educação que a Psicologia foi consolidando-
psicológicos tinha como prerrogativa a
que eram disseminados, elaborados e se como ciência e profissão. Em sua opinião,
educação do comportamento, de modo
utilizados no interior de outras áreas de A fase descrita por Antunes (1991, 2001)
nos últimos anos do século XX, essa área
a domar e a moldar as crianças, com a
conhecimento. Segundo Antunes (1991, como consolidação (1930-1962) é a etapa
da Psicologia ampliou e explicitou seu
utilização de prêmios e de castigos para
2001), há uma dupla origem da Psicologia da construção das primeiras associações
compromisso social, contribuindo para
educar. A autora nos conta que Manoel
brasileira que se estabelece a partir dos de Psicologia, como a Sociedade Brasileira
práticas de cunho emancipatório no interior
Andrade de Figueiredo falava da “educação
conhecimentos médicos e educacionais. de Psicologia de São Paulo (1945), a
das políticas públicas educacionais (Antunes,
Antunes (2003, dos meninos rudes” que deveria, por outro
No período colonial, são constituídos Associação Brasileira de Psicotécnica (1950),
2008) destaca 2006, 2011). lado, ser ausente de castigos. Encontram-se
conhecimentos psicológicos no interior a criação das primeiras revistas científicas que a Psicologia
no período obras que ressaltam o papel da
e dos primeiros cursos de formação de educacional
da educação jesuítica, e também estes E foi a partir desses apontamentos que pude,
e escolar é educação moral, física e fórmulas de como
aparecem posteriormente no tratamento de psicologistas. Nesse momento, principia em
fundante da a partir do estudo que realizei no doutorado melhor educar os filhos.
doenças mentais no campo psiquiátrico. grande parte a aplicabilidade da Psicologia própria Psicologia
(Barbosa, 2011), articular as fontes escritas e
em vários campos, como a clínica, os no Brasil, pois
foi através orais e propor uma periodização específica Nesses primórdios, podemos falar apenas em
No século XIX, período denominado pela processos organizacionais, do trabalho e
especialmente de constituição da história da Psicologia saberes psicológicos disseminados no interior
autora de institucional, principiam as também educacionais. É quando há uma dos primeiros
educacional e escolar que compreendesse da educação jesuíta, ainda fortemente
consolidação dos saberes e das práticas psicologistas da
primeiras publicações científicas nos cursos as seguintes etapas: 1) colonização, saberes alicerçados ao propósito da colonização. A
educação que
superiores das faculdades de Direito e de dessa ciência autônoma, que prepara,
a Psicologia foi psicológicos e educação – educando meninos influência do pensamento empirista e das
Medicina. Uma dessas primeiras teses, então, o terreno para a criação da profissão consolidando-se
rudes (1500-1906), 2) a Psicologia em outros teorizações existentes sobre domesticação
de psicólogo no País. como ciência e
intitulada Paixões e Afetos da Alma, de M. campos de conhecimento (1906-1930), 3) por meio de castigos e de prêmios é uma das
profissão.
I. Figueiredo Jaime, defendida na Faculdade desenvolvimentismo – a Escola Nova e os marcas dessa fase.
de Medicina no Rio de Janeiro, em 1836 A fase subsequente inicia-se com a criação
psicologistas na educação (1930-1962), 4)
(ver Pfromm Netto, 1979), cuja temática da lei que regulamenta a profissão de a Psicologia educacional e a Psicologia do Com a criação, em 1906, do primeiro
envolvia assuntos psicológicos. Além disso, psicólogo no Brasil, a partir de 1962, e é escolar (1962-1981), 5) o período da crítica laboratório no interior do Pedagogium,
foi no século XIX que se construíram as denominada período da profissionalização (1981-1990), 6) a Psicologia educacional e conforme dito anteriormente, inaugura-se
primeiras teorizações (ciência) que tinham (1962- em diante). escolar e a reconstrução (1990-2000) e 7) um novo momento: a Psicologia em outros
como tema as práticas higiênicas que a virada do século: novos rumos? (2000- ). campos de conhecimento (1906-1930).
envolviam os conhecimentos de Psicologia, Na mesma linha de raciocínio, Antunes Conforme apontado anteriormente, essa A Psicologia educacional (que ainda não
medicina e educação, e também a entrada (2003, 2008, 2011) escreve sobre a história construção foi possível graças à articulação carrega o título de escolar e que, por vezes,

da Psicologia nos cursos de formação de da relação entre a Psicologia e a educação. A dos elementos obtidos através das fontes orais é denominada educacional), nesta fase é

professores através do ensino nas Escolas autora destaca, por exemplo, como, ao longo e também escritas. inserida em currículos das Escolas Normais.

Normais. do tempo, essa área de conhecimento da É um momento em que há uma exigência


Psicologia passou por transformações, sendo O primeiro período: colonização, saberes de cientifização da educação, e uma das

O período que Antunes denomina inicialmente vinculada a um ideário normativo psicológicos e educação (1500-1906), ciências que vem dar respaldo à educação e

autonomização (1890-1930) corresponde e classificatório, oriundo dos movimentos tem como marco inicial a chegada dos à Pedagogia é a ciência psicológica.

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