Você está na página 1de 104

PSICOLOGIA

EDUCACIONAL E SUAS
CONTRIBUIÇÕES PARA O
ENSINO E APRENDIZAGEM

Autora: Fernanda Germani de Oliveira Chiaratti

UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090

Reitor: Prof. Hermínio Kloch

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol

Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof.ª Cláudia Regina Pinto Michelli

Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz
Prof.ª Cláudia Regina Pinto Michelli
Prof.ª Kelly Luana Molinari Corrêa
Prof. Ivan Tesck

Revisão de Conteúdo: Kelly Luana Molinari Correa

Revisão Gramatical: Iara de Oliveira

Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Copyright © UNIASSELVI 2016


Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
UNIASSELVI – Indaial.

370.15
C532p Chiaratti, Fernanda Germani de Oliveira
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o En-
sino e Aprendizagem/ Fernanda Germani de Oliveira Chiarat-
ti. Indaial : UNIASSELVI, 2016.
104 p. : il.

ISBN 978-85-69910-20-6

1. Psicologia Educacional
I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
Fernanda Germani de Oliveira Chiaratti

Possui graduação em Psicologia, pela


Universidade do Vale do Itajaí (2000), mestrado
em Educação pela Universidade Federal do Paraná
(2003) e doutorado em Educação: Psicologia da
Educação, pela Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo (2009). Atualmente, é professora dos Cursos de
Psicologia e Pedagogia do Centro Universitário de Brusque
(UNIFEBE) e coordenadora e professora do curso de
Psicologia da Faculdade Avantis. Na EAD, publicou vários
materiais didáticos, tais como: Psicologia da Educação;
Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem;
Fundamentos da Ludopedagogia.
Sumário

APRESENTAÇÃO.......................................................................7

CAPÍTULO 1
Surgimento e Definição da Psicologia Educacional
no Brasil....................................................................................9

CAPÍTULO 2
Implicações Práticas da Psicologia Educacional ao
Processo Ensino e Aprendizagem........................................39

CAPÍTULO 3
A atuação do Psicólogo Educacional.................................71
APRESENTAÇÃO
Caro(a) pós-graduando(a)!

Bem-vindo(a) à disciplina de psicologia educacional e suas contribuições


para o ensino e aprendizagem. Este caderno de estudos foi organizado com o
objetivo de contribuir para a realização dos seus estudos e para a ampliação
de seus conhecimentos a respeito da importância da Psicologia Educacional no
desenvolvimento e aprendizagem escolar.

Convidamos para que adentre no universo das definições, contribuições


e ações do psicólogo educacional, conhecendo sua história, sua prática no
contexto educacional, suas teorias e as contribuições no processo de ensino e
aprendizagem.

O objetivo da disciplina é conhecer as contribuições do psicólogo educacional


no processo de ensino e aprendizagem para o exercício do magistério de nível
superior. Para isso, os conteúdos estão divididos em 3 capítulos.

O Capítulo 1, surgimento e definição da Psicologia Educacional no Brasil,


tem como finalidade apresentar a origem e o desenvolvimento da Psicologia
Educacional no Brasil, suas concepções e funções na escola.

No Capítulo 2, implicações práticas da Psicologia Educacional no processo


ensino e aprendizagem, articulam-se as analogias e as insinuações da Psicologia
Educacional na aprendizagem e a atuação do psicólogo nas diferentes áreas.

Já no Capítulo 3, a atuação do psicólogo educacional, buscamos


compreender as distinções de cada campo de atuação do profissional psicólogo
educacional. Também nele, identificamos e analisamos a instrumentalização
técnica do psicólogo escolar: entrevista, observação, estudo de caso, dinâmica
de grupo, aconselhamento, testes, sociograma, avaliação psicodiagnóstica e
encaminhamentos no processo de ensino e aprendizagem.

Os capítulos foram constituídos de forma didática e complementar. Eles


apresentam o texto, com atividades de estudo, e indicam outras referências que
podem ser consultadas a fim de complementar seus estudos.

Desejamos a você um bom trabalho e que aproveite ao máximo as matérias


dos temas tratados nesta disciplina. Bons estudos e sucesso na sua vida
acadêmica!
C APÍTULO 1
Surgimento e Definição da
Psicologia Educacional no Brasil

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

 Conhecer as informações relacionadas aos fundamentos da Psicologia Edu-


cacional.

 Compreender como o conhecimento da Psicologia é aplicado na educação


escolar.

 Conhecer os aspectos históricos e teóricos que determinam os fenômenos


ligados a Psicologia Educacional.

 Analisar as ações que preservam o profissional psicopedagogo.

 Identificar e diferenciar os campos de atuação do profissional que se relacio-


nam à educação e ao processo de ensino e aprendizagem.
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

10
Capítulo 1 Surgimento e Definição da Psicologia
Educacional no Brasil

Contextualização
A Psicologia como ciência vem se desenvolvendo desde 1875, com o
abandono das ideias abstratas e espiritualistas, desconsiderando os estados
subjetivos na compreensão do homem e suas relações. Visto que a Psicologia é a
“[...] ciência que estuda o comportamento, tem por objetivo compreender e prever
o comportamento, o que pode resultar em ajuda para que as pessoas se realizem
através das suas atividades.”. (PATTO, 1984, p. 18).

A Psicologia Escolar, assim como a Psicologia Clínica, ainda não tem sua
atuação compreendida intimamente. Devido à construção histórica e à forma de
surgimento dessas ciências, elas refletem, na atualidade, conceitos sociais um
pouco negativos sobre as respectivas profissões. Conceitos esses advindos da
época dos seus surgimentos, nos quais realmente não se tinha uma compreensão
do sujeito, diferente do que essas profissões compreendem hoje. Para elucidar
os motivos desses profissionais ainda serem vistos como identificadores de
problemas e patologias, é necessário fazer um retrospecto histórico.

Assim, esse tópico tem como finalidade apresentar a origem e o


desenvolvimento da Psicologia Educacional no Brasil, bem como suas concepções
e funções na escola.

A Psicologia Educacional no Brasil


O estudo da história da Psicologia vai fornecer os alicerces, as raízes
em que será construído esse conhecimento científico da Psicologia. Assim
como em qualquer ciência, ela deve ver e observar com novos olhares, novos
conhecimentos, novas respostas para perguntas ainda não respondidas. Essa
nova ciência, a Psicologia, observou e registrou o desenvolvimento das crianças
e dos jovens, conhecimento necessário ao desenvolvimento das
A Psicologia
novas concepções de educação, descrevendo o desenvolvimento da
Educacional tem
criança, seu aprendizado, sua capacidade e inteligência, bem como a a sua origem na
sua possibilidade de produção do ensino e aprendizagem. crença racional e
na argumentação
Patto (1984, p. 19) traz a informação de que “[...] a primeira de que a educação
função desempenhada pelos psicólogos junto aos sistemas de ensino e o ensino
podem melhorar
no Brasil, foi a de medir habilidades e classificar crianças quanto à
sensivelmente como
capacidade de aprender e progredir pelos vários graus escolares.”. consequência da
utilização correta
A Psicologia Educacional tem a sua origem na crença racional dos conhecimentos
e na argumentação de que a educação e o ensino podem melhorar psicológicos.

11
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

sensivelmente como consequência da utilização correta dos conhecimentos


psicológicos. A partir dos estudos sobre o papel da Psicologia como ciência e
profissão, é possível compreender a trajetória histórica da Psicologia Escolar.

É importante destacar que o desenvolvimento do capitalismo instaurou uma


nova forma de relação social, marcada pelas relações de produção no século XIX,
que impactaram as relações no âmbito da família, especialmente em relação ao
papel da mulher nos espaços sociais.

Psicologia Escolar: a Psicologia Escolar define-se pelo âmbito


profissional e refere-se a um campo de ação determinado, isto é, a
escola e as relações que aí se estabelecem; fundamenta sua atuação
nos conhecimentos produzidos pela psicologia da educação, por
outras subáreas da psicologia e por outras áreas de conhecimento.
(BARBOSA; SOUZA, 2012, p. 165).

Psicologia Educacional: a Psicologia Educacional pode ser


considerada como uma subárea da psicologia, o que pressupõe
esta última como área de conhecimento. Entende-se área de
conhecimento como corpus sistemático e organizado de saberes
produzidos de acordo com procedimentos definidos, referentes a
determinados fenômenos ou conjunto de fenômenos constituintes
da realidade, fundamentado em concepções ontológicas,
epistemológicas, metodológicas e éticas determinadas. (BARBOSA;
SOUZA, 2012, p. 165).

Patto (1984, p. 18) afirma que “[...] a análise da constituição histórica e da


essência da psicologia científica é imprescindível, pois nos permitirá entender
mais a fundo o significado de sua participação nas escolas.”. Ao longo da história a
relação da Psicologia com a Educação no Brasil passou por mudanças, no entanto,
ainda há muito por se fazer nessa área. Nesse contexto, na atualidade, observa-
se uma perspectiva crítica sobre a Psicologia Escolar, pois ao mesmo tempo em
que a comunidade escolar espera pela atuação desses profissionais, ela olha com
desconfiança para o trabalho deles. Nesse sentido, a comunidade escolar espera
que o psicólogo contribua para a construção de um processo educacional que
seja capaz de socializar o conhecimento historicamente acumulado e de contribuir
para a formação ética e política dos sujeitos.

No que se refere aos fundamentos da Psicologia Educacional, desde


o seu início no final do século XIX, marco da ligação da Psicologia com a
Educação, foram elaborados quatro modelos (psicométrico, clínico, preventivo e
compensatório) com base em posturas de atendimento psicológico nos ambientes
educativos escolares. Coll (1980, apud COLL 2000) afirma que, ainda hoje, há

12
Capítulo 1 Surgimento e Definição da Psicologia
Educacional no Brasil

influências desses modelos no trabalho de psicólogos e pedagogos responsáveis


pela elaboração de políticas educacionais.

“O modelo psicométrico, que mede, classifica e segrega, pois na proporção


que os jovens e crianças são classificados e rotulados, corre-se o risco de
aprisionar a diferença num sistema negativo e comparativo.”. (BOCK, 2001, p.
63). O segundo modelo, clínico, que situa os problemas de aprendizagem nas
influências ambientais, mais especificamente no desajuste familiar, e concomitante
ao processo de biologização do comportamento, que favorece a patologização
desses, tinha um terreno fértil para a disseminação da prática psicológica de
psicoterapia e orientação familiar, frente a problemas de aprendizagem e à
atribuição de rótulos.

O terceiro é o modelo preventivo, surgido na pós-primeira guerra, que deu


início à fase da industrialização brasileira e ao surgimento do movimento de
higiene mental. O profissional de Psicologia, naquela época, deveria adiantar-se
aos problemas e cuidar do controle do bem-estar social e individual da nação. As
crianças eram classificadas e preparadas para a indústria, com o objetivo de obter
um indivíduo capaz de produzir. A Psicologia sempre esteve ligada aos interesses
dos grupos dominantes:

[...] de forma a permitir o aumento do controle sobre os grupos


sociais, a ampliação da capacidade produtiva dos trabalhadores,
a distribuição de crianças de forma homogênea ou heterogênea
nas classes, para garantir o aprendizado e disciplina, a seleção
do homem certo para o lugar certo, a higienização
moral da sociedade, o controle do comportamento, Segundo Patto
a classificação e diferenciação. (BOCK, 2001, p. (1984), o trabalho do
25). psicólogo consistia
no diagnóstico das
O quarto é o modelo compensatório, quando, a partir da década deficiências dos
de 70, chegaram ao Brasil as ideias produzidas nos Estados Unidos, carentes por meio de
cuja necessidade era de conter as tensões geradas pelos movimentos testes psicológicos,
reivindicatórios das minorias raciais, relatadas em diversos trabalhos classificar a
incapacidade ou não
que explicavam a discrepância escolar observada entre crianças dos
da criança, e, com
vários níveis socioeconômicos. (MARTINEZ, 2009). outros profissionais
da educação,
Segundo Patto (1984), o trabalho do psicólogo consistia programar meios
no diagnóstico das deficiências dos carentes por meio de testes psicopedagógicos e,
psicológicos, classificar a incapacidade ou não da criança, e, com assim, possibilitar o
aprendizado dessas
outros profissionais da educação, programar meios psicopedagógicos
crianças.
e, assim, possibilitar o aprendizado dessas crianças.

13
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

Segundo Reger (1980 apud PATTO, 1989, p. 68), o objetivo básico do


psicólogo escolar é:

[...] ajudar a manter a qualidade e a eficiência do processo


educacional através da aplicação dos conhecimentos
psicológicos [...]. Enquanto educador comprometido com
a identidade do acadêmico, o psicólogo escolar pode tentar
ensinar outros profissionais no sistema escolar.

O crescimento da Psicologia Educacional no Brasil é realmente interessante.


O número de psicólogos escolares no país aumentou, provavelmente, mais do
que 100% na última década. Esse crescimento pode ser percebido pelo aumento
no número de estudantes que estão procurando especializar-se como psicólogos
escolares, seja em pós-graduação, seja em mestrado, seja em doutorado.

A Associação Brasileira de Psicologia Escolar (ABRAPEE) tem servido como


ímã, atraindo os psicólogos escolares de todo o país preocupados em melhorar a
qualidade e a natureza dos serviços psicológicos. A fundação oficial da ABRAPEE,
em 1991, sinalizou o nascimento de um movimento nacional de profissionais que
visam à melhoria dos serviços em Psicologia Escolar.

Oakland e Sternberg (1981, apud GUZZO; ALMEIDA; WECHSLER, 1993, p.


2), afirmam que “[...] a preparação em psicologia, incluindo a psicologia escolar,
é influenciada, em parte, e especialmente pela história, cultura e economia de
cada país [...]”, apontando como fundamentais as diferenças internacionais na
distribuição de serviços da área.

É conhecido como marco inicial da chamada Psicologia Escolar o trabalho


de Wilhelm Maximilian Wundt (1832-1920), que após a criação do laboratório
experimental de psicologia, no ano de 1879, deixa de ser apenas uma ramificação
da filosofia para ser reconhecida como ciência. Nesta época, século XIX, no
contexto social, ocorre a consolidação do capitalismo como forma de organização
econômica nas sociedades ocidentais. Também é uma época regida pelo
liberalismo, em que a sociedade feudal era substituída pela burguesia, o que
possibilitava a superação do estado de servidão e a ascensão social obtida
por méritos pessoais. Em paralelo, a atividade científica caminha em busca de
conhecimento sobre as formas de adaptação dos variados organismos ao meio;
à psicologia experimental delega-se a função de determinar os padrões de
comportamento normais e anormais, como um modelo. (MARTINEZ, 2009).

Ao final do século XIX, os ideais da sociedade burguesa não haviam sido


alcançados, ou seja, a existência de uma sociedade livre e justa em que o homem
ascenderia por seu mérito pessoal por meio da igualdade social. A educação era
vista como provedora de recursos para o desenvolvimento desse homem, mas

14
Capítulo 1 Surgimento e Definição da Psicologia
Educacional no Brasil

o que aconteceu, na verdade, é que a igualdade tão desejada não chegou a ser
alcançada por causa das diferenças individuais que hoje reconhecemos em cada
pessoa e que, na época, não foi considerada. (MARTINEZ, 2009).

Segundo Guzzo e Wechsler (1993, p. 43), “[...] a psicologia escolar no Brasil


teve seu início marcado mais pela psicometria. Era uma atuação marcadamente
remediativa, com nuances do modelo médico dentro da situação escolar.”.

Martinez (2009) reforça que, no Brasil, o caminho da Psicologia Escolar


inspirou-se no modelo europeu existente, influenciado nos princípios do século XX
pela criação do gabinete de Psicologia Científica da Escola Normal Secundária de
São Paulo, no ano de 1914, cuja produção teórica baseava-se na psicofísica e
psicometria.

Psicofísica: é “[...] uma ciência exata das relações entre o


mundo físico e o mundo psíquico, consolidando o estudo experimental
e a mensuração das sensações, destacando-os da fisiologia para
isto que ele chamou de psicofísica.”. (PASQUALI, 1999, p. 34).

Psicometria: representa a teoria e a técnica de medida dos


processos mentais, especialmente aplicada na área da Psicologia e
da Educação. Ela se fundamenta na teoria da medida em ciências
em geral, ou seja, do método quantitativo que tem, como principal
característica e vantagem, “[...] o fato de representar o conhecimento
da natureza com maior precisão do que a utilização da linguagem
comum para descrever a observação dos fenômenos naturais.“.
(PASQUALI, 1999, p. 34).

A Psicologia Escolar surgi para solucionar problemas de fracasso


A Psicologia Escolar
escolar na década de XX, inicialmente como uma estratégia política. surgi para solucionar
Os problemas educacionais existiam muito antes disso, contudo, problemas de
eram tratados com demérito. Grande parte da população brasileira fracasso escolar
era analfabeta, algo que não importava nem para a própria população na década de XX,
e nem para os governantes, uma vez que o trabalho no Brasil era inicialmente como
uma estratégia
quase que totalmente agrário. Entretanto, com o processo de
política.
democratização no país, sentiu-se a necessidade de alfabetizar essa
população. Esse processo educacional intimidava os políticos, pois uma parte da
população que teve o privilégio de frequentar a escola, com o passar dos anos,
apresentava-se contra o governo. (SOUZA, 1992 apud SOUZA, 1998).

Para Nunes (2014), o marco inicial da chamada Psicologia Escolar é o


laboratório de psiquiatria do estatístico Francis Galton (1822-1911), nos anos
noventa do século XIX, quando os pesquisadores europeus da área estavam

15
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

estudando questões relacionadas com as chamadas diferenças individuais


e o desenvolvimento da inteligência e da personalidade. Os famosos testes
psicológicos surgiram da necessidade de criar instrumentos que permitissem a
mensuração e análise daqueles objetos de estudo.

Francis Galton era primo e discípulo de Charles Darwin.

Na mesma época, na França, o pedagogo e psicólogo Alfred Binet (1857-


1911) e o psicólogo e psicometrista Théodore Simon (1872-1961) desenvolvem
o seu famoso teste para detectar na população escolar as crianças que deveriam
receber um tratamento diferenciado a pedido do governo.

Teste de inteligência: Em 1905, o psicólogo francês, Alfred


Binet, criou o primeiro teste de inteligência, a Escala de Inteligência
Binet-Simon. Seu primeiro objetivo foi o de criar um instrumento
que possibilitasse a identificação do perfil cognitivo dos alunos que
necessitavam de ajuda especial. Binet sugeria que, quando o aluno
apresentasse resultados prejudicados na escala de inteligência,
isso poderia evidenciar uma necessidade de maior intervenção
dos professores para facilitar a aprendizagem desse mesmo aluno.
(ANASTASI, 1977, p. 74).

Foi assim, portanto, que a Psicologia Escolar nasceu, de mãos dadas com a
psicometria, desenvolvendo, a partir daí, por mais de meio século, um conjunto de
atividades das quais se destacavam a avaliação da prontidão, a organização de
classes/diagnóstico e o encaminhamento das crianças-problemas.

No Brasil, o quadro não foi diferente. A Psicologia como profissão se


desenvolveu inspirada no modelo dos grandes centros, principalmente os
europeus, ou seja, um profissional autônomo-liberal, com atividades centradas no
consultório particular, no rastro do prestígio social construído pela medicina.

Além disso, tal tipo de atuação profissional se desenvolveu teoricamente


impregnado pelas ideias do chamado médico, segundo o qual o comportamento
(interno ou expresso) é determinado basicamente por fatores subjacentes ao
indivíduo, ou seja, como na medicina, em que um problema comportamental é
entendido como sintoma de uma causa subjacente ao indivíduo. Enquanto tal
causa não for tratada, não ocorrerá a “cura”. Nesse modelo, o papel do ambiente,
embora considerado, é visto como secundário.

16
Capítulo 1 Surgimento e Definição da Psicologia
Educacional no Brasil

Esse conjunto de fatores acabou determinando as principais diretrizes em


torno das quais a Psicologia como profissão se desenvolveu, caracterizada por
uma ação remediativa (atuar depois que o problema apareceu), uma grande
preocupação com a patologia (visa curar o indivíduo), buscando prioritariamente
no indivíduo as causas de seus problemas psicológicos. Tais características
marcaram a Psicologia em todas as suas áreas de atuação, inclusive, a chamada
Psicologia Educacional.

Para aprofundar mais os estudos sobre o tema apresentado,


leia a seguinte obra:

BALBINO, V. C. R. Psicologia e psicologia escolar no Brasil.


São Paulo: Summus, 2008.

Na abordagem internacional, o desenvolvimento da Psicologia Escolar é um


fenômeno recente cujas origens estão no desenvolvimento social e profissional do
psicólogo e da educação.

Nesse sentido, para Fagan (1988, p. 65):

Os serviços psicológicos emergiram das atividades de Lightner


Witmer, na clínica psicológica (1a nos EUA) que fundou na
Universidade da Pensylvânia em 1896, tendo, por isso, sido
considerado por muitos como o pai da psicologia clínica e
escolar.

Nas décadas seguintes, cresce o número de credenciamentos de


profissionais. Há um certo reconhecimento profissional e um aumento no volume
de publicações que evidenciam, inclusive, a confusão de papéis e problemas
de identidade profissional, ou seja, uma lacuna nos conceitos de Psicologia e
Psicologia escolar.

Nesse mesmo período, tornando-se mais abrangentes as linhas


de evolução histórica da Psicologia Escolar, deve-se considerar que o A Psicologia Escolar
exercício profissional se modifica em sua história e desenvolvimento e a Psicologia
da Educação
de sociedade para sociedade. (ARBUÉS; LOIS, 1979 apud GUZZO;
ocupam campos
ALMEIDA; WECHSLER, 1993). diferenciados em
sua ação, ou seja,
Na Espanha, por exemplo, a Psicologia é reconhecida como a primeira é mais
profissão há pouco tempo, mesmo considerando a contribuição presente na atuação
de estudiosos de renome e propulsores da psicologia científica e prática e a segunda
é utilizada com mais
aplicada. Seu desenvolvimento ocorre de forma descompassada,
frequência no meio
como consequência das guerras civis que o país vivenciou ao longo acadêmico.
de sua história. (ARBUÉS; LOIS, 1979 apud GUZZO; ALMEIDA;
WECHSLER, 1993).
17
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

Nesse país, a Psicologia Escolar e a Psicologia da Educação ocupam campos


diferenciados em sua ação, ou seja, a primeira é mais presente na atuação prática
e a segunda é utilizada com mais frequência no meio acadêmico. Os profissionais
envolvidos em tarefas educacionais, por sua vez, são chamados “psicólogos
educativos” ou simplesmente por psicólogos, sem outras denominações.

Para aprofundar seus estudos sobre ao assunto, indicamos a


leitura da seguinte obra. Veja:

MALUF, M. R. (Org.) Psicologia educacional: questões


contemporâneas. São Paulo: Casa do psicólogo, 2004.

No contexto escolar da época não foi diferente, pois os psicólogos que


atuavam estavam voltados para a questão da quantificação dos problemas
de aprendizagem. Esse olhar individualista dos processos e problemas
escolares fez com que a Psicologia, dentro da escola, fosse mal interpretada
tanto pela sociedade (famílias dos alunos e a comunidade onde a escola está
inserida) quanto pelos profissionais da educação (professores e coordenadores
educacionais), enfim, por todo o contexto escolar. (DAZZANI, 2010).

O processo de escolarização no Brasil, assim como em outros países,


foi decorrente de leis que instauraram a escola para todos, gerando um
grande problema. No início, o fazer da Psicologia Escolar estava voltado para
readaptar os alunos que eram considerados problemáticos, fazendo com que se
“encaixassem” dentro do sistema educacional, aspecto decorrente principalmente
do fazer clínico da Psicologia da época. Os professores, de forma mais ampla a
escola, encaminhavam os alunos para a sala do psicólogo escolar para resolver o
problema e recolocar o aluno dentro de sala de aula. (DAZZANI, 2010).

Devido à inserção do psicólogo no contexto escolar pelas teorias da


aprendizagem, esse posicionamento levou à patologização de todas as
dificuldades de aprendizagem dos alunos, sem recorrer a medidas voltadas
para a própria gestão da escola e seu posicionamento ético-político-pedagógico.
(DAZZANI, 2010).

Ora, se antigamente o fazer era individualizado, os alunos eram os


responsáveis pelo seu próprio fracasso, e o psicólogo, utilizando métodos
de avaliação de desempenho, avaliação dos processos psicológicos
básicos, diagnosticando os alunos-problemas para a realização de trabalhos
individualizados, retirava a responsabilidade da escola em que estavam inserido,

18
Capítulo 1 Surgimento e Definição da Psicologia
Educacional no Brasil

bem como dos profissionais que nela atuavam, como, hoje, a Psicologia Escolar
pode intervir de maneira que contemple todos os aspectos sociais, culturais, com
responsabilidade ética e política em todos os processos do contexto escolar? Essa
pergunta é decorrente, em grande parte, desde pensamento reflexivo que se deu
a partir das novas concepções construídas durante a década de 1980, quando
produções de artigos, livros e materiais científicos a respeito do modo como o
psicólogo estava inserido nesse contexto começaram a trazer grandes críticas
sobre a prática que se utilizava. Foi então que começou um grande processo de
desmistificar o próprio fazer da Psicologia dentro da escola. A escola, por sua vez,
acostumada com o modelo clínico por parte dos psicólogos, resistiu e ainda resisti
às novas propostas da Psicologia Escolar. (GUZZO; WECHSLER, 1993).

As propostas da Psicologia Educacional, que tiveram grande destaque nos


últimos anos, foram voltadas para uma escola democrática. (DAZZANI, 2010).
Tal questionamento é decorrente de anos do temido fracasso escolar, em que os
métodos utilizados, tanto pela escola quanto pelos psicólogos, contribuíram de
maneira significativa para que os alunos-problemas não se adaptassem ao meio,
devido a uma idealização de alunos perfeitos.

A crise de identidade da profissão do psicólogo escolar foi propulsora para a


criação da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE),
ocorrida no início da década de 90. Ela é responsável por avaliar, orientar e
reestruturar práticas, além de auxiliar a divulgar um novo profissional, que pode
contribuir de maneira significativa no desenvolvimento da educação brasileira.
Acerca da atuação nesse novo cenário que está sendo construído, o psicólogo
escolar busca sintonizar todos os envolvidos no processo de aprendizagem em
prol de uma formação com qualidade, não se sobrepondo a esse processo, mas
contribuindo para escolarização. (MARINHO-ARAÚJO, 2001, apud MARINHO-
ARAÚJO, 2009).

Atividade de Estudos

1) Indique e comente os principais núcleos de trabalho e de pesquisa


em torno dos quais nasce e se desenvolve a Psicologia da
Educação durante as três primeiras décadas do século XX.
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________

19
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

Como vimos, foram apresentadas as questões históricas da Psicologia


Educacional, as quais tratam do estudo e da análise das mudanças de
comportamento que se refletem nas pessoas como uma consequência de sua
participação nos diferentes tipos de situações ou atividades educativas.

Caro(a) pós-graduando(a), no próximo item estudaremos as tendências da


Psicologia educacional, ou seja, independente do espaço social e da área de
atuação que o psicólogo escolar esteja ocupando, as bases filosóficas e teóricas
nas quais assenta seu trabalho são as mesmas, desde que elas lhe garantam a
compreensão e a possibilidade de intervenção crítica e competente em contextos
educativos.

AsTendênciasDominantesnoEstudoda
Psicologia Educacional
Hoje, sabemos que a aprendizagem ocorre sob a ação de inúmeros
fatores, os quais a Psicologia Educacional procura estudar e explicar.
Conceber o trabalho
da Psicologia Conceber o trabalho da Psicologia Educacional como um estudo de
Educacional como dados objetivos, é primar pela observação do comportamento e das
um estudo de dados manifestações psíquicas como resposta dos organismos e de suas
objetivos, é primar estruturas a estímulos gerados pelo meio.
pela observação do
comportamento e
A metodologia da abordagem objetiva analisar as leis naturais
das manifestações
psíquicas como que determinam as ações humanas. O efeito depende de uma causa
resposta dos exterior e se realiza no organismo, na matéria e em normas de validade
organismos e de geral, o mais independente possível do caráter do sujeito. Como
suas estruturas a resultado da observação, o homem se torna um modelo que pode ser
estímulos gerados analisado de modo geral e imparcial. O propósito de tal observação
pelo meio.
é a planificação do comportamento visando à sua previsão e ao seu
controle.

Na escola, a preferência pela objetividade gerou uma série de experimentos


em laboratório, centrados na medição, nos testes e nos planos de aprendizagem
encadeados sequencialmente. Tal análise do comportamento fragmenta
a realidade, sendo a soma dos elementos parciais insuficiente para uma
compreensão do fenômeno como um todo.

De seu lado, o enfoque da subjetividade sustenta que a relação homem/


sujeito observador predomina sobre a relação homem/objeto da observação. Mais
que isso, sustenta que o sujeito é capaz de modificar e transformar o objeto. O
indivíduo possui características intimistas que o impulsionam à ação. Essa visão

20
Capítulo 1 Surgimento e Definição da Psicologia
Educacional no Brasil

intimista dilui a influência externa, aliena o sujeito com relação ao meio social e
histórico, ou seja, temos aqui um modelo abstrato de homem.

As repercussões dessa concepção de homem na escola conduziram a


estudos centrados no comportamento do aluno e do professor em sala de aula.
A utilização de técnicas não-diretivas, a ausência de sistematização, o abandono
radical da experimentação quantitativa acabaram criando um outro tipo de
fragmentação da realidade.

A Psicologia Educacional deve, assim, estabelecer um sistema de relações


constantes entre sujeito e objeto. A ação do sujeito, estruturada por dados
internos e externos, constitui e determina o motivo da observação. Isso significa
que o estudo do homem se viabiliza quando consideramos a mediação recíproca
entre sujeito e objeto, isto é, quando consideramos esses aspectos em interação
constante.

O papel do psicólogo educacional permite ter uma atuação


O papel do psicólogo
preventiva e educativa. Esse direcionamento pode neutralizar educacional permite
influencias negativas apresentadas pela escola, integração do corpo ter uma atuação
docente, compartilhamento dos saberes para que as informações preventiva e
cheguem a todos, levando em consideração a singularidade de educativa.
cada realidade escolar, buscando harmonizar esses elementos. As
técnicas, os planos de ação e quaisquer outros tipos de estratégias podem mudar
de instituição para instituição, justamente por conta da singularidade que cada
uma apresenta, contudo, sem perder o centro de sua prática, o qual deve sempre
associar-se aos objetivos educacionais.

Nessa perspectiva, o trabalho desenvolvido pelo psicólogo tem um caráter


social, visando à integração e à participação dos docentes, alunos, pais e a própria
comunidade, pois a escola, além do processo de formação educacional, está
diretamente envolvida na formação de cidadãos. Sendo assim, sua atuação busca
fazer uma reflexão de que todos têm suas responsabilidades nesse processo
formador do aluno, desfazendo a imagem de culpado por suas dificuldades.
Aqui evidencia-se que adaptação e medição não são mais o resultado único da
atuação, podendo servir de complemento dentro de um amplo plano de ação.
(DEL PRETE, 1993).

Compreendendo a nova formação do psicólogo educacional, a


multidisciplinaridade favorece suas práticas na escola, as quais podem abarcar
elementos sociotransformadores. Essa formação habilita o psicólogo a desenvolver
ações, como oficinas de orientação profissional, sexualidade e drogas; avaliar
o plano pedagógico e, se necessário, readaptá-lo para melhor compreensão,
relacionamento de professores e gestão administrativa, além de observar outras

21
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

demandas existentes em cada instituição. Com a família, desenvolver projetos


de orientação ou promoção de atitudes práticas no desenvolvimento do aluno,
tornando-o mais participativo. (GUZZO, 1993).

Atividade de Estudos

1) Neste momento, cabe levantar algumas questões no âmbito


da Psicologia Educacional, como, por exemplo, como integrar
interesses, expectativas, desejos e motivações, tanto do sujeito-
aluno como da instituição-escola? Como o aluno responde
à pergunta “quem sou eu”? Como a escola pode ajudá-lo a
responder a essa e a outras questões de sua existência?
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________

Prezado(a) pós-graduando(a), neste tópico foram apresentados o


desenvolvimento da Psicologia Educacional e, em seguida, serão apresentadas
as tendências e as concepções atuais do psicólogo na educação.

As Concepções Atuais da Psicologia


Educacional
A Psicologia Escolar, um dos mais recentes campos da Psicologia, deve,
pois, trabalhar num sentido de atualizações, vislumbrando que a compreensão
dos fundamentos psicológicos do processo educacional era necessária para levar
a bom termo a teoria e a prática da educação, como visto anteriormente.

22
Capítulo 1 Surgimento e Definição da Psicologia
Educacional no Brasil

Figura 1 - O psicólogo educacional

Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/1HF1G8>. Acesso em 26 de abr. 2016.

Na concepção de Pfromm Netto (1980 apud WECHSLER, 1995, p. 131-132):

São antigas, íntimas e fecundas as relações entre psicologia


e escola. Hoje em dia, acha-se mais ou menos conciliada
a diferenciação entre psicologia educacional e psicologia
escolar, muito embora essas especialidades tenham muita
coisa em comum [...].

Mas há autores, como Almeida (2003), que consideram Psicologia Escolar


e Educacional como equivalentes à Psicologia Educacional, área mais geral
e teórica, que se refere à investigação e à formação de professores e agentes
educativos, enquanto a Psicologia Escolar focaliza a intervenção e a atuação dos
profissionais psicólogos.

Del Prete (1993, p. 126), traçando um paralelo entre Psicologia Educacional


e Educação, menciona que:

Com base em algumas considerações sobre a história das


relações entre psicologia e educação, defende-se que a
identidade do psicólogo, pelo menos no contexto educacional
brasileiro, deveria estar vinculada à sua autodenominação
enquanto psicólogo escolar/educacional. As relações entre
psicologia escolar e educação têm sido abordadas geralmente
em um sentido unidirecional de contribuições da primeira
à segunda, requeridas e/ou propostas antes Ribeiro e Guzzo
mesmo do surgimento da psicologia como
ciência. (1987, p. 88)
afirmam que “[...]
Ribeiro e Guzzo (1987, p. 88) afirmam que “[...]o psicólogo o psicólogo escolar
deve ter objetivos
escolar deve ter objetivos mais amplos do que remediar problemas
mais amplos do que
individuais.”. Se o trabalho do psicólogo na escola se restringir remediar problemas
ao atendimento do aluno-problema, estará não só limitando sua individuais.”.

23
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

atuação, a qual poderia de outra forma atingir um número maior de estudantes,


como também estará contribuindo diretamente para a manutenção do modelo
educacional vigente e que é a origem e a causa de muitos dos problemas
encontrados nas escolas.

Pela exposição histórica descrita acima, entende-se até que ponto os


esforços dedicados à tarefa de proporcionar uma base científica à educação
e ao ensino adotam formas diferentes. Essas formas respondem, de fato, às
diferentes concepções, quando não claramente divergentes, das relações entre
o conhecimento psicológico de um lado e a teoria e a prática educativa de outro.

Se é aceitável o princípio de que em todas as situações educativas intervêm


uma série de variáveis e de processos de natureza psicológica, que deve ser
considerada para compreendê-la e explicá-la, a questão consiste em determinar
que função possuem essas variáveis e esses processos, de natureza não
psicológica e presentes na situação educativa.

Consiste, também, em escolher um procedimento adequado para que sua


análise e sua apreciação conduzam efetivamente a uma melhor compreensão
e interpretação da situação educativa no seu conjunto e, eventualmente, a
formulação de propostas concretas para intervir com o objetivo de modificá-la ou
orientá-la para uma determinada direção.

Abaixo segue um quadro que descreve as convergências e divergências das


diferentes escolas psicológicas atuais na educação.

Quadro 1 – Escolas psicológicas


Escolas psicológicas Aplicação à educação escolar
• Levar a criança a aprender e dominar os seus instintos.
• Seria impossível dar a liberdade sem nenhuma restrição
para a criança desenvolver os seus impulsos.
A teoria psicanalítica freudiana
• Entender as fases de desenvolvimento dos alunos,
assim como a formação da personalidade e do próprio
desenvolvimento e suas limitações.
• A ausência de restrições e de orientações pode produzir
delinquentes, em vez de crianças saudáveis.
• Necessário encontrar o equilíbrio entre o proibido e a
permissão.
• Tudo deve ser bem trabalhado, porque a repressão
excessiva dos impulsos pode dar origem a distúrbios
neuróticos.

24
Capítulo 1 Surgimento e Definição da Psicologia
Educacional no Brasil

• As agências educacionais usam do reforço para treinar,


para exercícios e para toda a prática escolar.
• Trabalham para a aquisição do comportamento e sua
manutenção.
• As famílias são os reforçadores primários, depois outras
agências, também educacionais, prosseguem como refor-
çadores secundários.
A psicologia behaviorista: Skinner • O reforço é uma constante e os comportamentos são
condicionados ao longo de nossas vidas.
• Criou a instrução programada e as máquinas de ensinar.
• Ênfase à estimulação dos sentidos.
• Certos estímulos produzem determinadas respostas num
organismo, pois basta aplicá-los corretamente.
• Para fixar um comportamento, basta apresentar um
estímulo correto, e, para refutar, basta desestimular.

• A preocupação é com a totalidade do comportamento


do educando, deixando em segundo lugar as respostas
isoladas e específicas.
• As experiências anteriores determinam em grande parte
o desenvolvimento da aprendizagem.
• Acreditam que a principal maneira de aprender seja pelo
insight.
• As forças sociais atuam para a formação do psicológico,
aceitam, também, a participação do domínio afetivo no
desenvolvimento da aprendizagem.
A Gestalt ou psicologia da
• O professor deve ter a sensibilidade suficiente para
configuração
entender os sentimentos e as atitudes respectivas da faixa
etária.
• O professor não consegue transmitir conceitos prontos, a
estimulação é interna e diferente em cada um.
• Há preocupação com a profundidade, com a solução de
problemas, com a visão holística quando uma alteração, mesmo
pequena, no todo ou nas partes, pode alterar tudo.
• Parte da ideia de que quando a criança adquire uma
nova percepção de si mesma e do mundo que a rodeia,
muda o comportamento.

25
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

• O professor deve seguir as etapas de desenvolvimento


da criança.
• Currículo e metodologia que trabalham o desenvolvi-
mento integral da criança, em que a auto realização ocupa
um espaço importante.
• Divide o conhecimento em áreas, criando os centros de
vivência, começando pela educação infantil.
• Acredita que o homem tem um potencial que pode ser
A psicologia humanista: Maria Montes- desenvolvido naturalmente e o professor pode facilitar,
sori e Carl Rogers criando condições, clima favorável, evitando o castigo e o
constrangimento.
• O material pedagógico deve ser significativo e relevante;
o respeito aos sujeitos é obrigatório; a escola deve ser
aberta, livre e satisfazer as necessidades dos alunos.
• Aceita o fracasso, mas propicia novas experiências,
aprendendo com ação, autoconfiança, autocrítica, em sala
ambiente, com um currículo flexível, sem guias curriculares,
em que todos são responsáveis.

Fonte: Adaptado de Francisco Filho (2002, p. 30-35).

Enriqueça seus conhecimentos sobre o tema realizando a leitura


do seguinte livro:

FRANCISCO FILHO, G. A psicologia no contexto


educacional. Campinas: Átomo, 2002

A atuação dos Destacamos, também, a preocupação com a interdisciplinaridade


psicólogos na escola e o aprofundamento dos estudos sobre o cognitivismo
educacionais tem
piagetiano e o sociointeracionismo de Vygotsky. Esses estudos
defendido a escola
em sua função social tomaram corpo no seio da Psicologia Educacional na vaga
e política como construtivista da década de 80. Somente a partir da década de 1990 é
espaço marcado que a grande diversidade do trabalho do psicólogo educacional, para
por diversas além dos muros da escola, trouxe reflexões mais críticas acerca da
contradições, mas formação e atuação desse profissional.
também como
possibilidade de
criação de uma Essas últimas décadas foram marcadas por novos encontros
sociedade mais entre Psicologia e Educação, assumindo um direcionamento dialético
justa. (MARINHO- da compreensão do desenvolvimento humano e não apenas das
ARAÚJO, 2001 apud dificuldades de aprendizagem e comportamento, mas que perpassam
MARINHO-ARAÚJO, ambientes mais amplos do contexto educacional, como, por exemplo,
2009).
espaços comunitários, núcleos, associações, entre outros.

26
Capítulo 1 Surgimento e Definição da Psicologia
Educacional no Brasil

A atuação dos psicólogos educacionais tem defendido a escola em sua


função social e política como espaço marcado por diversas contradições, mas
também como possibilidade de criação de uma sociedade mais justa. (MARINHO-
ARAÚJO, 2001 apud MARINHO-ARAÚJO, 2009).

Atividade de Estudos

1) Sabe-se que, teoricamente, a atuação da Psicologia está


voltada para a área da Educação e destinada à realização de
pesquisas diagnósticas e intervenções psicopedagógicas em
grupo ou individuais, levando em consideração programas de
aprendizagem e as diferenças dos indivíduos. Diante disso, no
que consiste a atuação do psicólogo na escola?
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________

Neste capítulo, conhecemos um pouco das concepções atuais da Psicologia


educacional. A seguir, vamos conhecer a questão da identidade da Psicologia
Educacional, Pedagogia e Psicopedagogia.

Psicologia Educacional, Pedagogia e


Psicopedagogia
Definir as fronteiras de qualquer disciplina é um sério problema teórico.
A Psicologia Educacional é considerada, por muitos autores, como ciência
multidisciplinar. Já a Psicologia Escolar é vista como disciplina aplicada, ao lado
da Psicologia do ensino.

A Psicologia Educacional compreende as noções psicológicas


A Psicologia
conectadas com a educação. Ela veio mostrar ao mundo que o ensino Educacional
não pode ser baseado na vontade do professor, nem da escola, nem compreende as
do programa, mas sim na capacidade da criança. A criança passa noções psicológicas
a ser medida do ensino, segundo suas capacidades, natureza, conectadas com a
desenvolvimento mental e maturidade, para verificar se há condições educação.
ou não de aprender determinada coisa.

27
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

A Psicologia Educacional deve trabalhar no sentido de atualizações,


vislumbrando que a compreensão dos fundamentos psicológicos do processo
educacional era necessária para elevar o bom termo, a teoria e a prática da
Educação. Não bastava, portanto, compreender as mudanças que ocorrem no
psiquismo do ser em desenvolvimento, pois o processo educacional teria que
ser concebido pelos psicólogos na sua complexidade, como interação constante
entre a atividade educacional do professor e a personalidade em formação do
aluno, avaliando novas ideias, teorias e técnicas que possam ser transferidas
para a situação escolar, aproveitando os conhecimentos dos diversos campos da
Psicologia para vitalizar o processo de ensino, tornando-o mais objetivo e com
resultados progressivos.

Esse campo é uma ciência aplicada aos comportamentos escolares ou


conjunto de conhecimentos psicológicos relacionados com situações que são
peculiares nas instituições de ensino. Seu objetivo é dar suporte a atuação
profissional do psicólogo como membro de uma equipe de educadores.

É preciso, portanto, salientar dois aspectos dessa realidade: teoria e prática,


dinamicamente integradas, constituindo uma unidade de práxis. A Psicologia
Educacional deve ser práxis reflexiva e criadora, o que implica, por parte do
profissional de Psicologia, um grau elevado de consciência e a procura constante
de soluções para seu trabalho, seja para adaptar-se a novas situações, seja para
satisfazer a novas necessidades.

O psicólogo O profissional consciente será capaz de conhecer a realidade


educacional, para e nela interferir buscando alternativas transformadoras. Então, o
exercer seu trabalho psicólogo educacional, para exercer seu trabalho com competência,
com competência, precisa saber e saber ser. (LIBÂNEO, 1994).
precisa saber
e saber ser.
(LIBÂNEO, 1994). “Saber” se refere ao desenvolvimento do conhecimento,
que permite uma análise crítica da realidade e, a partir dela,
estabelecer com clareza seus objetivos; compreender o fenômeno educação,
seus determinantes históricos, suas relações com o sistema social, com a
vida dos alunos/professores e com a sua própria, para adequar e selecionar
ações psicológicas de intermediação, as quais utilizará visando aos objetivos
educacionais maiores, relacionados à formação da cidadania.

O “saber ser” envolve aspectos sociais e inter-relacionais na escola, ou


seja, o comprometimento será na direção de contribuir com a retomada da
aprendizagem para si e para todos os que integram a escola. Para isso, ele deverá
comprometer-se, também, com uma proposta educacional que caminhe nesta
direção libertadora e que estará formando pessoas capazes de, constantemente,
num trabalho de descoberta, análise e formação de consciência, contribuir para

28
Capítulo 1 Surgimento e Definição da Psicologia
Educacional no Brasil

a transformação da realidade em que vivem, na direção da maior justiça social e


realização das pessoas.

É preciso direcionar o seu ser na escola para relações não autoritárias,


procurando interrogar os sintomas que a escola apresenta, as situações
repetitivas que parecem ser naturais, mas que não respondem às necessidades,
pesquisando as razões pelas quais não se consegue mudar o cotidiano, sempre
por meio de um questionamento intenso com todos os integrantes da instituição.

Assim, cada situação escolar precisará ser enfrentada com o saber e o


saber ser nas alternativas de atuação – o fazer – decididas por meio da análise
cuidadosa da realidade, da utilização adequada do conhecimento teórico e da
conservação dos compromissos e objetivos maiores.

Dessa forma, a Psicologia Educacional, em seu sentido mais amplo,


investiga os fundamentos psicológicos e as características do processo de
educação. Na educação formal, estuda o processo bipolar da interação entre a
atividade educacional do educador e a personalidade em desenvolvimento do
aluno. Na educação informal, abrange todas as situações em que a educação, em
seu sentido mais abrangente, ocorre, como, por exemplo, abrigos de crianças e
jovens, clubes e meios sociais. Nessa perspectiva, a Psicologia Escolar pode ser
designada como Psicologia Escolar/Educacional. Surge, assim, uma Psicologia
Educacional conectada ao processo, visto em sua complexidade, sustentado no
reconhecimento da natureza social do comportamento humano, na convivência
com a pluralidade metodológica e no reconhecimento das bases culturais da
aprendizagem e do desenvolvimento psicológico.

A Psicologia Educacional é um âmbito da atuação profissional


que começa a se configurar nas primeiras décadas do século XX em
torno da dimensão projetiva ou tecnológica e da dimensão técnica
ou prática da Psicologia da Educação e do Ensino. Estabeleceu-
se, progressivamente, nos sistemas educativos das sociedades
ocidentais, a partir dos anos 50. Ela constitui, na atualidade, o âmbito
de intervenção psicoeducativa mais importante, porque se refere à
educação escolar.

A Psicopedagogia pode ser definida como uma nova área


de atuação profissional, que busca uma identidade e requer
uma formação de nível interdisciplinar. Estuda a aprendizagem
humana normal e patológica, buscando reintegrar o processo de
construção do conhecimento do sujeito que apresenta problemas de
aprendizagem. (RUBINSTEIN, 2012).

29
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

A Pedagogia e a Educação, igualmente, é uma descoberta, uma


invenção, como área do conhecimento, que tem uma especificidade
e que sintetiza a necessidade do ser humano de transmitir aos seus
descendentes um conjunto de técnicas ou de informações, sem o
que a vida ou uma melhor qualidade de vida estará constantemente
ameaçada. (FERREIRA, 2004).

Figura 2 - O trabalho do pedagogo

Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/Ev5Au9>. Acesso em: 25 de abr. 2016

Aprofunde seus estudos, realizando a leitura da seguinte obra:

RUBINSTEIN, E. Psicopedagogia: uma prática, diferentes


estilos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2012.

Alguém dirá que os problemas de aprendizagem são exclusividade dos


psicólogos, sendo uma disciplina obrigatória na sua formação profissional. Os
problemas de aprendizagem podem ser considerados em três perspectivas:
específica, genérica e circunstancial.

A específica é exclusividade dos psicólogos, pois eles sabem, melhor


do que qualquer outro profissional, lidar, por exemplo, com os problemas da
relação professor-aluno que, independente da matéria, dificultam ou inibem a
aprendizagem escolar da criança.

Em sua perspectiva genérica, os conhecimentos da Psicologia não


pertencem aos psicólogos. Assim, faz parte da identidade da Psicopedagogia

30
Capítulo 1 Surgimento e Definição da Psicologia
Educacional no Brasil

definir as teorias e as técnicas psicológicas que, com as devidas transformações,


são necessárias para cumprir seu papel. E se essas teorias e técnicas, como
sempre é o caso, vierem a se modificar totalmente, em função dessas novas
utilizações, faz parte do compromisso do psicopedagogo registrar essa gênese e
saber analisar a razão e as consequências dessas atualizações.

O psicopedagogo, como profissional, compromete-se com


O psicopedagogo,
analisar e se possível intervir nos aspectos que dificultam ou, como profissional,
eventualmente, favorecem a aprendizagem de conteúdos escolares, compromete-se
tanto em termos gerais (como estudar e se organizar para as tarefas com analisar e se
escolares) quanto em termos específicos (alfabetização e matemática), possível intervir
em uma perspectiva individual ou clínica, coletiva ou institucional, ele nos aspectos
que dificultam ou,
só pode fazê-lo em uma perspectiva genérica e circunstancial desse
eventualmente,
processo. favorecem a
aprendizagem de
Numa perspectiva genérica porque mesmo voltada para uma conteúdos escolares
área particular, por exemplo, dificuldade de aprendizagem, busca, em
certos aspectos, que a criança possa ser devolvida ao contexto do aproveitamento
escolar em sala de aula. Além disso, genérica porque pode trabalhar com
instrumentos, jogos ou conteúdos específicos, quando no contexto escolar todos
esses elementos e muitos outros completam os requisitos da programação de
uma disciplina.

Já a perspectiva circunstancial se dá porque, como acontece em todas as áreas


clínicas, a Psicopedagogia só é requerida quando, em uma perspectiva individual ou
coletiva, algo não vai bem na aprendizagem escolar da criança ou da classe, bem
como quando se quer incrementar ou aprofundar aspectos dessa aprendizagem e o
contexto normal da sala de aula não pode dar conta disso.

A tarefa do psicopedagogo é interpretar o processo de aprendizagem,


verificar o que está por trás da linguagem, da organização, do universo de
significações, de representações, de desejo daquele que não aprende. No
trabalho psicopedagógico procura-se a relação do sujeito com o conhecimento e o
significado que o aprender tem para ele.

31
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

Figura 3 - O trabalho do psicopedagogo

Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/LG5Asy>. Acesso em: 25 de abr. 2016.

E a escola será sempre, tanto no plano individual quanto coletivo, a instituição


socialmente designada para transmitir os conhecimentos científicos necessários
à cidadania plena. No Brasil, as denominações psicólogo escolar, psicólogo
educacional e psicopedagogo têm sido utilizadas para expressar a atuação
profissional que aplica conhecimentos oriundos da Psicologia às questões
educacionais, sobretudo na escola.

Segundo Teixeira (1992, p. 110):

A psicopedagogia surge no Brasil como uma das respostas ao


grande problema do fracasso escolar, preocupando-se com
a criança que não aprende, que mal aprende, que não quer
aprender, que não gosta de estudar, enfim multirrepetentes
com dificuldades de aprender.

A prática psicopedagógica surge da interação entre Psicologia


A prática e Pedagogia com a intenção de trabalhar as dificuldades de
psicopedagógica
aprendizagem, tendo em vista a interação inadequada de vários
surge da interação
entre Psicologia e aspectos, como, por exemplo, cognitivo, afetivo e social, reconhecidos
Pedagogia com a como sintomas das dificuldades de aprendizagem. Define-se
intenção de trabalhar psicopedagogia como “[...] a aplicação da psicologia experimental à
as dificuldades de pedagogia [...]” (FERREIRA, 1993, p. 141) ou como “[...] pedagogia
aprendizagem. baseada cientificamente na psicologia da criança.”. (PIERON, 1981,
p. 41).

32
Capítulo 1 Surgimento e Definição da Psicologia
Educacional no Brasil

A Psicopedagogia implica a possibilidade de empregar na Pedagogia os


resultados de pesquisas realizadas na Psicologia, o que permite a possibilidade
de recorrer aos dados levantados pela Psicologia nos processos de ensino e
aprendizagem. Os profissionais psicopedagogos se dedicam a quatro estratégias
básicas, que envolvem: a) orientação de estudos; b) trabalho sobre conteúdos
escolares; c) desenvolvimento de raciocínio; d) atendimento de crianças
deficientes ou comprometidas. Ainda, utilizam trabalhos corporais e artísticos,
derivados de linhas de atendimento como a Psicanálise e o Psicodrama.

Conforme Teixeira (1992), o psicólogo educacional, atuando como


psicopedagogo, desenvolve seu trabalho atendendo profissionais da escola e
crianças que apresentam problemas de aprendizagem, podendo optar por um
trabalho individual ou grupal, propício para troca de experiências e a reelaboração
dos modelos de aprendizagem. Pode-se dizer que a visão psicopedagógica
permite ampliar a atuação do psicólogo na área escolar e é necessária sempre
que puder ou precisar considerar as características psicológicas do sujeito que
aprende.

Figura 4 - O trabalho do psicólogo educacional

Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/9jDZfJ>. Acesso em: 25 de abr. 2016.

Macedo (1987, PFROMM NETTO et al., 1992) menciona, ainda, que o papel
do psicopedagogo só se faz necessário na medida em que a escola passa a não
cumprir seu papel de ensinante e não consegue transmitir o saber, gerando o
encaminhamento de crianças para profissionais diversos, como tentativa de sanar
sua dificuldade, transferindo a responsabilidade para a criança. Quando se trata
de crianças com baixo nível socioeconômico, com notas baixas, desatentas,
sem aproveitamento adequado, temos um encaminhamento a classes especiais,
atualmente denominado atendimento especializado, repetência, exclusão ou
evasão; já para as classes média e alta, são encaminhadas ao psicólogo ou
psicopedagogo.

33
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

O quadro a seguir demonstra a formação e as competências de cada


profissional. Veja:

Quadro 2 – Competências profissionais

Profissional Formação Competências

Oferecer condições de desenvolvimento e


adequação a contextos que se modificam cons-
Psicólogo Graduação em Psicologia
tantemente, possibilitando-lhes agir de forma
reflexiva diante da diversidade de situações.

O primeiro que provavelmente irá perceber e


identificar que a criança está com variações de
Pedagogo Graduação em Pedagogia
comportamento ou dificuldades pertinentes ao
desenvolvimento no seu aprendizado.

Identifica e faz as intervenções no âmbito das


Pós-graduação em Psicope-
Psicopedagogo dificuldades de aprendizagem e propõe estraté-
dagogia
gias para minimizá-las.

Fonte: O autor.

Atividade de Estudos

1) A Psicopedagogia implica a possibilidade de empregar na


Pedagogia os resultados de pesquisas realizadas na Psicologia,
o que permite a possibilidade de recorrer aos dados levantados
pela Psicologia nos processos de ensino e aprendizagem. Diante
disso, descreva e explique as quatro estratégias básicas que
envolvem os profissionais da área da Psicopedagogia.
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________

Neste tópico, pós-graduando(a), estudamos sobre a questão da identidade


da Psicologia Educacional, Pedagogia e Psicopedagogia. Não se esqueça das
leituras complementares sugeridas ao longo desse capítulo.

34
Capítulo 1 Surgimento e Definição da Psicologia
Educacional no Brasil

Algumas Considerações
Neste capítulo, foi possível compreender como o conhecimento da Psicologia
é aplicado na educação escolar, uma vez que o sistema educacional no Brasil,
da educação Infantil ao Ensino superior, apresenta inúmeros problemas e graves
consequências sociais, como, por exemplo, crianças fora da escola, violência,
marginalização, distorção da idade/série, dificuldades de aprendizagem e evasão.

Mudar o enfoque na compreensão, avaliação e intervenção dentro desse


sistema, significa construir uma nova proposta de formação profissional capaz de
capacitar o psicólogo em seu campo de atuação. O psicólogo educacional deverá
ajudar a construir a revolução educacional, ou seja, aquela que devolverá à escola
o seu verdadeiro papel de espaço institucional para o desenvolvimento integral.

A importância do psicólogo escolar se destaca na compreensão do ser


humano como um todo, independente do espaço social e da área de atuação que
esteja ocupando, as bases filosóficas e teóricas nas quais assenta seu trabalho
são as mesmas, desde que elas lhe garantam a compreensão e a possibilidade
de intervenção crítica e competente em contextos educativos.

Referências
ALMEIDA, S. F. (Org.). Psicologia escolar: éticas e competências na formação
e atuação profissional. Campinas: Alínea, 2003.

ANASTASI, A. Testes psicológicos. São Paulo: Editora pedagógica e


universitária Ltda., 1977.

ARBUÉS, A. E; LOIS, M. F. Apuntes sobre la situación de la psicología escolar


en España. In: GUZZO, R. S. L.; ALMEIDA, L. S.; WECHSLER, S. M. (Org.).
Psicologia escolar: padrões e práticas em países de língua espanhola e
portuguesa. Campinas: Átomo, 1993.

BARBOSA, M. A.; SOUZA, M. A psicologia no Brasil: leitura histórica de sua


constituição. São Paulo: EDUC, 2012.

BOCK, A. A psicologia sócio-histórica: uma perspectiva crítica em psicologia.


São Paulo: Cortez, 2001.

35
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

COLL, C. Concepções e tendências atuais em psicologia da educação. In:


COOL, C.; PALÁCIOS, J. Desenvolvimento psicológico e educação. Porto
Alegre: Artmed, 2000.

DAZZANI, M. V. M. A psicologia escolar e a educação inclusiva: uma leitura


crítica. Psicologia: ciência e profissão, Brasília, v. 30, p. 362-375, 2010.

DEL PRETTE, Z. A. Psicologia, educação e LDB: novos desafios para velhas


questões. In: GUZZO R. S. (Org.). Psicologia escolar: LDB e educação hoje.
Campinas: Alínea, 1993.

FAGAN, T. K. Compulsory schooling, child study, clinical psychology, and


special education: origins of school psychology. Memphis State Universal:
American psychologist, 1988.

FERREIRA, A. B. H. Dicionário Aurélio da língua portuguesa. 3. ed. Nova


Fronteira: 1993.

FERREIRA, F. F. A intervenção da psicopedagogia em atividades lúdicas


como prática pedagógica no processo ensino aprendizagem. 2004. 37f.
Dissertação (Mestrado em Projeto Voz do Mestre) - Universidade Candido
Mendes, Rio de Janeiro, 2004.

FRANCISCO FILHO, G. A psicologia no contexto educacional. Campinas:


Átomo, 2002.

GUZZO, R. S. L; WECHSLER, S. O psicólogo escolar no Brasil: padrões,


práticas e perspectivas. Campinas: Átomo, 1993.

LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 5. ed.


Goiânia: Alternativa, 1994.

MACEDO, l. Para uma identidade psicopedagógica. In: PFROMM NETTO, S. et


al. Psicologia escolar: identidade e perspectivas. São Paulo: Átomo, 1992.

MARINHO-ARAÚJO, C. M. Psicologia escolar na educação superior: novos


cenários de intervenção e pesquisa. In: MARINHO-ARAÚJO, C. M. Psicologia
escolar: novos cenários e contextos de pesquisa, formação e prática. Campinas:
Alínea, 2009.

MARTINEZ, A. Psicologia escolar e educacional: compromissos com a educação


brasileira. Psicologia escolar e educacional, v. 13, n. 1, p. 169-177, dez. 2009.

36
Capítulo 1 Surgimento e Definição da Psicologia
Educacional no Brasil

NUNES, L. L. et al. Contribuições da perspectiva crítica de base histórico-cultural


para a produção científica em psicologia educacional. Educação e pesquisa, v.
40, n. 3, p. 667-682, fev. 2014.

OAKLAND, T.; STERNBERG, A. Psicologia escolar: uma visão internacional.


In: GUZZO, L.; ALMEIDA, S.; WECHSLER, D. Psicologia escolar: padrões e
práticas em países de língua espanhola e portuguesa. Campinas: Átomo, 1993.

PASQUALI, L. (Org.). Instrumentos psicológicos: manual prático de


elaboração. Brasília: LABPAM/IBAPP, 1999.

PATTO, M. H. S. Psicologia e ideologia: uma introdução crítica à psicologia


escolar. São Paulo: Queiroz, 1984.

PFROMM NETTO, S. As origens e o desenvolvimento da psicologia escolar. In:


WECHSLER S. M. (Org.). Psicologia escolar: pesquisa, formação e prática.
Campinas: Alínea, 1995.

PIERON, H. Dicionário de psicologia. Rio de Janeiro: Globo, 1981.

REGER, R. Psicólogo escolar: educador ou clínico? In: PATTO, M. H. S.


Introdução à psicologia escolar. São Paulo: T. A. Queiroz, 1989.

RIBEIRO, P. R.; GUZZO, R. S. Afinal, o que pode fazer o psicólogo


escolar? Estudos de psicologia, v. 2, n. 4, p. 89-93, set. 1987.

RUBINSTEIN, E. Psicopedagogia: uma prática, diferentes estilos. São Paulo:


Casa do psicólogo, 2012.

SOUZA, M. P. R. A queixa escolar e o predomínio de uma visão de mundo. In:


SOUZA, M.P. R. A. (Org.). Psicologia escolar: em busca de novos rumos. São
Paulo: Casa do psicólogo, 1998.

TEIXEIRA, M. L. G. Modelos alternativos de atuação em psicologia: escola e


visão pedagógica. In: PFROMM NETTO, S. et al. Psicologia escolar: identidade
e perspectivas. São Paulo: Átomo, 1992.

37
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

38
C APÍTULO 2
Implicações Práticas da Psicologia
Educacional ao Processo Ensino e
Aprendizagem

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

� Compreender como o processo de ensino e aprendizagem e a Educação se


relacionam com os princípios psicológicos.

� Distinguir a atuação do psicólogo nas diferentes áreas profissionais.

Conhecer as contribuições do psicólogo educacional no processo ensino e



aprendizagem.
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

40
Capítulo 2 Implicações Práticas da Psicologia Educacional ao
Processo Ensino e Aprendizagem

Contextualização
Há muitos séculos, as escolas e outras instituições parecem ter se
transformado em templos de aprendizagem, mas uma coisa muito importante, a
qual devemos ter presente e da qual frequentemente nos esquecemos, é que a
aprendizagem escolar constitui apenas um tipo muito particular de aprendizagem
entre muitos outros e, embora hoje ocupe um lugar de destaque, nem sempre
foi dessa forma, porque na maior parte das sociedades não haviam escolas e as
pessoas aprendiam mesmo antes que aparecesse a instituição escolar.

Nós, seres humanos, aprendemos muito e os outros ajudam-nos


poderosamente nessa tarefa. Porém as coisas que aprendemos são inúmeras
e variadas, assim como as conjunturas nas quais aprendemos. A aprendizagem
humana não pode reduzir-se a um só tipo de ensino.

Assim, para entender o que acontece na instituição escolar, qual é a potência


da aprendizagem e quais são suas limitações, é preciso analisar a aprendizagem
humana em seu conjunto, pois os indivíduos aprendem de diversas formas em
função de seus interesses, de suas possibilidades e das situações em que se
encontram.

Entre os professores, muitas ideias falsas sobre o processo de ensino e


aprendizagem, ou seja, do processo educativo, já estão sendo supridas por outros
modelos. Hoje, não basta punir ou recompensar o aluno para que ele aprenda;
despejar informações sobre os acadêmicos não é o mais relevante; apenas falar
a matéria na aula é insuficiente; não basta que o aluno memorize as informações
para que empregue na prática.

A aprendizagem ocorre sob a ação de inúmeros fatores, os quais a Psicologia


Educacional procura estudar e explicar. Às vezes, o aluno “[...] não aprende por
razões simples, como, por exemplo, o acontecimento de ter permanecido em casa
por causa da chuva, ou o fato de os pais não darem muita importância à escola, e
assim por diante.”. (ANTUNES, 2000, p. 47).

Assim, as informações sobre o comportamento, oferecidas pela Psicologia,


podem ajudar o trabalho do professor. Neste capítulo, descreveremos sobre as
analogias e insinuações da Psicologia Educacional na aprendizagem e a atuação
do psicólogo nas diferentes áreas.

41
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

As Relações Entre a Psicologia


Educacional e a Aprendizagem
Conforme aponta Antunes (2000), ao longo da nossa história a
A Psicologia tornou-
Psicologia tornou-se parte constitutiva do pensamento educacional
se parte constitutiva
do pensamento brasileiro. Isso significa que é possível localizar, com maior ou menor
educacional grau de clareza e importância, diferentes contribuições da Psicologia
brasileiro. provenientes de variadas tendências teóricas nos processos
constitutivos dos ideários pedagógicos que fundamentam práticas e
propostas educacionais no Brasil.

Assim, se é verdade que os conhecimentos psicológicos podem efetivamente


contribuir para “[...] a elaboração de propostas mais sólidas que brotem em
progressos do processo ensino-aprendizagem, é fundamental que o psicólogo
escolar compreenda e domine tanto os referenciais da psicologia, quanto da
educação.”. (SALVADOR et al., 2000, p. 43).

“A finalidade principal da psicologia educacional é utilizar e


aplicar os conhecimentos, os princípios e os métodos da psicologia
para a análise e o estudo dos fenômenos educativos.”. (SALVADOR
et al., 2000, p. 44).

A Psicologia Educacional, no decorrer das duas primeiras décadas do


século XX, identifica-se com as tentativas de utilizar e aplicar na educação todos
os conhecimentos potencialmente relevantes, proporcionados pelas pesquisas
desenvolvidas no âmbito da Psicologia científica nascente. (SALVADOR et al.,
2000).

Contudo, existem três áreas ou campos da pesquisa psicológica que se


sobressaem entre outros. Por seu interesse potencial na educação escolar
chegam a constituir, além da diversidade comentada, o núcleo da Psicologia
Educacional durante esse período: “[...] o estudo e a medida das diferenças
individuais e a elaboração de testes, a análise dos processos de aprendizagem e
a psicologia da criança.”. (DEL PRETE; DEL PRETE, 2001, p. 34).

Em relação aos processos de aprendizagem, podemos destacar as


influências dos primeiros psicólogos da educação: Edward L. Thorndike e Charles

42
Capítulo 2 Implicações Práticas da Psicologia Educacional ao
Processo Ensino e Aprendizagem

H. Judd. Entre as leis de aprendizagem formuladas por Thorndike, a lei do efeito


“[...] é talvez a que teve maior repercussão para o desenvolvimento posterior da
psicologia da aprendizagem.”. (PILETTI, 1994, p. 20).

Lei do efeito: segundo essa lei, as condutas aprendidas são as


que satisfazem um determinado impulso, positivo ou negativo, ou
seja, as que atendem uma necessidade e evitam um perigo, enquanto
as condutas que impedem a satisfação de uma necessidade do
organismo ou que o atemorizam não se aprendem.

Fonte: Piletti (1994, p. 20).

Devemos a Thorndike a primeira sistematização consistente do estudo da


aprendizagem. Em 1905, publica elements of psychology, obra em que:

Estabelece uma série de leis de aprendizagem que são


fruto das pesquisas realizadas no laboratório, tanto com
seres humanos como com animais. O seu livro educational
psychology, publicado no ano de 1903, é uma das primeiras
tentativas de definir e delimitar o campo de trabalho da
psicologia educacional. (PILETTI, 1994, p. 22).

Desejável seria que as teorias repercutissem na educação,


A Psicologia vem
tornando mais eficiente o trabalho dos educadores e influindo na a contribuir na
prática escolar. Felizmente, alguns pesquisadores da aprendizagem Educação, no estudo
têm oferecido conclusões a que chegam diretamente aos professores. das diversas fases
E a Psicologia vem a contribuir na Educação, no estudo das diversas de desenvolvimento
fases de desenvolvimento das pessoas e no estudo da aprendizagem das pessoas e
no estudo da
e das qualidades que a tornam mais eficiente e mais fácil.
aprendizagem e
das qualidades
Em nossos dias, tal é a importância da Psicologia Educacional que a tornam mais
e da aprendizagem que todos necessitam pensar sobre o seu eficiente e mais fácil.
significado.

No capítulo 1, estudamos sobre a Psicologia Educacional. Agora,


vamos compreender o que é aprendizagem e a sua relação com esta área do
conhecimento.
A aprendizagem
“A aprendizagem é um fenômeno, um processo bastante é um fenômeno,
complexo. Hoje existem muitas teorias que falam sobre a um processo
aprendizagem. Elas são analisadas pela psicologia educacional.”. bastante complexo.
(PILETTI, 1994, p. 29). Hoje existem
muitas teorias
que falam sobre a
aprendizagem.

43
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

Hilgard (apud CAMPOS, 1987) define a aprendizagem como um processo


pelo qual uma atividade tem origem ou é modificada pela reação a uma situação
encontrada, desde que as características da mudança de atividade não possam
ser explicadas por tendências inatas de respostas, maturação ou estados
temporários do organismo, por exemplo, fadiga ou drogas.

Coelho e José (1999) definem aprendizagem como o resultado da


estimulação do ambiente sobre o indivíduo já maduro, que se expressa, diante
de uma situação-problema, sob a forma de uma mudança de comportamento em
função da experiência.

A aprendizagem envolve o uso e o desenvolvimento de todos


os poderes, capacidades e potencialidades do homem, tanto físicas
quanto mentais e afetivas. Isso significa que a aprendizagem não
pode ser considerada somente um processo de memorização,
tampouco que emprega apenas o conjunto das funções mentais ou
unicamente os elementos físicos ou emocionais, pois todos estes
aspectos são necessários. (COELHO; JOSÉ,1999).

Podemos descrever a aprendizagem como sendo “[...] um processo de aqui-


sição e assimilação, mais ou menos consciente, de novos padrões e novas formas
de perceber, ser, pensar e agir.”. (PILETTI, 1994, p. 31). Agora que definimos o que
é aprendizagem, vamos conhecer as especificidades da Psicologia Educacional.

A Psicologia Educacional busca prevalecer-se dos princípios e dos co-


nhecimentos que as pesquisas psicológicas oferecem acerca do com-
A Psicologia
portamento humano para tornar mais eficiente o processo de ensino e
Educacional busca
prevalecer-se dos aprendizagem.
princípios e dos
conhecimentos A contribuição da Psicologia Educacional compreende dois
que as pesquisas aspectos fundamentais, segundo apresenta Piletti (1994):
psicológicas
oferecem acerca
a) Compreensão do aluno: compreensão de suas
do comportamento
humano para tornar necessidades, suas características individuais e seu desenvolvimento
mais eficiente o nos aspectos físico, emocional, intelectual e social. É uma pessoa
processo de ensino concreta, com qualidades e preocupações.
e aprendizagem.
b) Compreensão do processo educativo: para o educador,
não é suficiente conhecer o aluno. É necessário que ele saiba como funciona
o processo de aprendizagem, quais os fatores que promovem ou atrasam a
aprendizagem, como o aluno pode aprender de maneira mais eficiente, além
de outros aspectos ligados à situação de aprendizagem envolvendo o aluno, o

44
Capítulo 2 Implicações Práticas da Psicologia Educacional ao
Processo Ensino e Aprendizagem

professor e a sala de aula.

A Psicologia Educacional deve estabelecer um sistema de relações


constantes entre sujeito e objeto. A ação do sujeito, estruturada por fenômenos
internos e externos, compõe e determina o motivo da observação, isso
A Psicologia
significa que o estudo do homem se viabiliza quando consideramos Educacional deve
a mediação recíproca entre indivíduo e objeto, ou seja, quando estabelecer um
analisamos esses aspectos em interação constante. sistema de relações
constantes entre
A principal finalidade da Psicologia Educacional é, segundo sujeito e objeto.
Salvador et al. (2000, p. 12), “ [...] analisar os processos mentais
mediante os quais a criança assimila esse sistema de experiência social
acumulada, que são as disciplinas incluídas no currículo escolar.”.

É útil aos professores “[...] conhecer as teorias predominantes desenvolvidas


pelos psicólogos da aprendizagem, para que entendam a orientação do ensino
nas escolas atuais e optem pela prática escolar que desejarem.”. (ALMEIDA,
2003, p. 58).

Entendemos, assim, que “[...] as contribuições fundamentais da psicologia


educacional a prática pedagógica, a aprendizagem, são aquelas que podem
lançar luz sobre alguns aspectos do ensinar e aprender.” (MARTINEZ, 2009, p.
171).

Será que, se o educador explicar certinho, o sujeito aprende? Como explicar


as coisas para uma criança? E, se a deixarmos agir, montar quebra-cabeças,
brincar com pedrinhas, estará aprendendo? O que ela estará aprendendo? E, se
a criança não aprende, será sinal de algum distúrbio?

É sobre essas questões que a Psicologia Educacional pode pensar, uma vez
que, no transcorrer de sua história, ela tem enfocado, como objeto de estudo, o
desenvolvimento humano, os processos de ensino e aprendizagem,
Psicologia
que certamente contribuem para a compreensão do processo de Educacional e
apropriação e elaboração do conhecimento. aprendizagem são
importantes “[...]
Portanto, estudar Psicologia Educacional e aprendizagem para construir uma
são importantes “[...] para construir uma prática pedagógica que prática pedagógica
que possa garantir
possa garantir a todas as crianças um processo de aprendizagem
a todas as crianças
significativa.”. (MARTINEZ, 2009, p. 170). um processo de
aprendizagem
Aprendemos desde coisas aparentemente triviais, mas significativa.”.
essenciais, como atravessar a rua, preparar um ovo frito ou evitar os (MARTINEZ, 2009,
objetos muitos quentes, até as coisas mais importantes, como o amor, p. 170).
a solidariedade ou o respeito aos outros.
45
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

Aprender a desenvolver-se no meio físico, a manejar as coisas, a procurar o


que se necessita para viver, a evitar os perigos, a alcançar atos eficazes, trata-se
de uma informação técnica sobre a natureza e sobre como podemos desenvolver-
nos nela, maximizando nossas possibilidades de sobrevivência.

Para sobreviver no meio, os sujeitos necessitam julgar uma série de


atributos, começando com a maneira como devem comportar-se eficazmente
diante dele. Por exemplo, a criança precisa descobrir propriedades dos objetos e
do espaço, saber que há objetos leves e pesados, que a maioria cai quando não
tem base de sustentação e não é colocada sobre uma superfície, e todo um vasto
conhecimento para capacitá-la a agir sobre as coisas. Além disso, deve adquirir
técnicas relativas a como agir para procurar alimento, para preparar os lugares de
descanso.

Nas sociedades primitivas, as crianças adquirem estratégias básicas que


os adultos dessa sociedade detêm e que, geralmente, são diferentes entre os
dois sexos. Em nossa sociedade, acontece o mesmo com as adequações à
modificação de ambiente: instrui-se a movimentar-se em uma casa, a atravessar
a rua, a abrir um pacote de bolachas, a atender o telefone, a ligar uma televisão e
a preparar uma sopa. (DELVAL, 2001).

Embora esse tipo de aprendizagem seja muito importante, a maior parte das
sociedades presta atenção à aquisição das capacidades sociais, às formas de
conduta social, às regras sociais de todo tipo, morais ou jurídicas, que tornem
possível o intercâmbio entre os indivíduos, motivo que faz com que se apresente
um cuidado especial na obtenção das formas de conduta estabelecidas e aceitas
por todos.

Assim, estamos falando da aprendizagem das formas de conduta social,


do modo como portar-se com os outros, do que se deve fazer em cada situação
social, de como devemos nos dirigir a outras pessoas e tratá-las, de qual é o
nosso lugar na sociedade.

A esses conhecimentos, que parecem mais concretos e que se manifestam


na conduta observável, podemos descrever um tipo de aprendizagem que versa
sobre os aspectos mais gerais da vida para dar sentido a ela e entender a ordem
da natureza e a ordem social. Trata-se de representar a forma como chegamos
ao mundo, o porquê de as coisas serem de uma determinada maneira, qual é a
sua origem, o significado da vida humana e suas relações com a ordem geral do
mundo. Também se relaciona com as crenças religiosas que existem em todas

46
Capítulo 2 Implicações Práticas da Psicologia Educacional ao
Processo Ensino e Aprendizagem

as sociedades e com as lendas constitutivas da sociedade, mesmo que não se


reduza à religião e seja mais amplo. (DELVAL, 2001).

A esse conhecimento acrescenta-se o conhecimento escolar, um tipo de


conhecimento que, durante séculos, segundo Almeida (2003, p. 65):

Esteve reservado a poucos, mas que, desde finais do século


XIX, começou a generalizar-se, primeiramente nos países
ocidentais e depois no resto do mundo, embora ainda haja
crianças sem escolarização. O conhecimento escolar tem
peculiaridades que o diferem dos outros conhecimentos, que
podemos chamar de espontâneos ou cotidianos.

O quadro a seguir mostrará, de forma resumida, os tipos de aprendizagem.


Veja:

Quadro 3 – Tipos de aprendizagem

Tipos Características Exemplos Veículo principal


Como se desenvolver na Caminhar, atravessar a Atividade guiada
realidade. rua, preparar a comida, pelos adultos. Com-
A prática.
Como funcionam as colocar armadilhas e panheiros. Atividade
coisas. caçar. própria.
Tratar com os outros.
Atividade social. Ati-
Como se relacionar com Regras de cortesia.
A vida social. vidade guiada pelos
os outros. Moral, direito. Rituais,
adultos. Narrações.
práticas sociais.
Explicações sobre
o mundo, a vida, o
Explicações sobre o Narrações. Rituais
O significado da vida. sentido da organização
porquê das coisas. sociais.
social. A história oficial
do grupo. Religião.
Conhecimento universal A flutuação dos corpos. Atividades na escola.
Teorias científicas. e sistemático, buscando A evolução das espé- Transmissão de
as causas. cies. A ciência em geral. outros. Leitura.

Fonte: Adaptado de Delval (2001, p.58)

Os adultos criam ambientes adequados para que as crianças possam


vivenciar o mundo sem riscos demasiados. Geralmente, elas permanecem em
contato muito direto com suas mães ou cuidadores. Assim, as formas de aquisição
dessas habilidades variam de algumas sociedades para outras. Por exemplo,
em algumas, a intervenção dos adultos é pequena e favorece a aprendizagem
autônoma; em outras, os pequenos aprendem com outros companheiros maiores,
com pouca intervenção dos adultos.

47
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

Portanto, Delval (2001, p. 46) afirma que:

As formas de aquisição são muito variadas entre as diferentes


sociedades e vão desde um ensino com intervenções muito
diretas dos maiores a uma aprendizagem mais autônoma, em
que, no entanto, os adultos ou os indivíduos mais experientes
costumam atuar de alguma forma quando se torna necessário.

Já sobre o conhecimento do mundo social, Delval (2001, p. 47) expõe:

Realiza-se através da participação dessa vida social, as


crianças incorporam-se pouco a pouco as atividades do grupo,
à medida que seu desenvolvimento permite, e participam
delas, observam o que acontece, recebem instruções e
também escutam narrações sobre o que é correto ou incorreto.

As condutas não-desejáveis são reprovadas ou, inclusive,


As condutas castigadas, ao passo que as condutas desejáveis são reforçadas.
não-desejáveis
são reprovadas A aprendizagem autônoma existe, mas não é a mais importante,
ou, inclusive, nem a mais utilizada. Curiosamente, não é a aprendizagem produzida
castigadas, ao passo no indivíduo que está menos socializado, nem no indivíduo que
que as condutas
está nos primeiros níveis da aprendizagem, mas sim o contrário: a
desejáveis são
reforçadas. aprendizagem autônoma pode acontecer em sujeitos que já tenham
alcançado uma boa capacidade de aprender por meio do contato com
outros.

A escola surgiu para transmitir habilidades instrumentais, produto:

Da acumulação cultural, como a escrita, a leitura, mas foi


passando cada vez mais a ocupar-se do conhecimento
científico, que é o conhecimento abstrato, baseado em
princípios gerais. Isto foi possível graças aos enormes
progressos que a ciência realizou a partir do Renascimento e,
posteriormente, ao sucesso de suas aplicações tecnológicas
que mudaram a forma da sociedade. (ALMEIDA, 2003, p.34).
O conhecimento
científico é aquele O conhecimento científico é aquele que os cientistas buscam,
que os cientistas com métodos que variam de uma ciência para outra. É um
buscam, com conhecimento que tenta encontrar as causas e os princípios gerais e
métodos que variam
está em contínuo desenvolvimento, motivo pelo qual seus resultados
de uma ciência para
outra. são vistos sempre como provisórios. (DELVAL, 2001).

O conhecimento construído na escola é ordenado, organizado, fundamentado


em princípios universais e, muitas vezes, oposto ao conhecimento cotidiano,
porque se fundamenta em hipóteses que, aparentemente, contradizem a
experiência imediata. Um exemplo, se a criança experimenta a sensação de que,
quando se desloca, a lua a segue e movimenta-se com ela, pode pensar que

48
Capítulo 2 Implicações Práticas da Psicologia Educacional ao
Processo Ensino e Aprendizagem

também seguirá outras crianças, mas isso a leva a uma contradição, pois, se
os sujeitos caminham em direções opostas, a lua teria de deslocar-se também
simultaneamente em direções opostas. Portanto, o sujeito conclui que não é
possível e trata-se apenas de uma aparência, de uma ilusão.

Em outras palavras, a aprendizagem não ocorre apenas no plano cognitivo.


Além da inteligência, a aprendizagem abrange os aspectos orgânicos corporais,
afetivos e emocionais. Por exemplo, o objetivo da escola, para a criança
com dificuldade na aprendizagem, é auxiliá-la no desenvolvimento de suas
potencialidades. Todo comportamento implica um aspecto impetuoso ou cognitivo,
uma vez que a vida afetiva e a vida cognitiva são intrínsecas.

Atividades de Estudos

Após ter estudado este tópico, responda às seguintes questões:

1) O que é aprendizagem escolar?


___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________

2) Qual a principal finalidade da Psicologia da Educação?


___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________

Caro(a) pós-graduando(a), no próximo item, estudaremos as atuações


profissionais em Educação nos fenômenos psicológicos, ou seja, independente
do espaço social e da área de atuação que o psicólogo escolar esteja ocupando,
as bases filosóficas e teóricas nas quais assenta seu trabalho são as mesmas,
desde que elas lhe garantam a compreensão e a possibilidade de intervenção
crítica e competente em contextos educativos.

49
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

Atuação Profissionalem Educação nos


Fenômenos Psicológicos
Segundo Santos (2009, p. 14), “[...] as práticas psicológicas têm como áreas
de atuação: psicologia educacional, psicologia do trabalho e das organizações,
psicologia clínica, hospitalar, jurídica, esporte, comunitária, trânsito, entre outras.”.

Observe, então, na figura que segue, os locais de atuação da Psicologia


como ciência e profissão:

Figura 5 - Psicologia em todos os lugares com qualidade e ética

Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/sK5AVK>. Acesso em: 28 abr. 2016.

É importante ressaltar que a Lei n. 4.119, de 1962, reconhece a existência


da Psicologia como profissão no Brasil. Para ser certificado a praticar a profissão,
o profissional deve ter o curso de graduação em Psicologia e registrar-se no
Conselho Regional de Psicologia - CRP.

AS ATIVIDADES DO PSICÓLOGO

O psicólogo pode trabalhar sozinho ou em equipe com outras


profissões. O que caracteriza o trabalho próprio do psicólogo é o
uso de métodos e técnicas desenvolvidos pela ciência psicológica
e privativos deste profissional. Na prestação de seus serviços, o

50
Capítulo 2 Implicações Práticas da Psicologia Educacional ao
Processo Ensino e Aprendizagem

psicólogo não trabalha com adivinhações nem com promessas de


resultados. O psicólogo investiga e trabalha, em conjunto com as
pessoas, as suas necessidades. O psicólogo pode fazer uso de
recursos auxiliares como a hipnose e a acupuntura, desde que tenha
feito uma formação adequada para tal.

Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/s7J3CF>. Acesso em: 28 abr. 2016.

Prezado(a) pós-graduando(a), a seguir, serão apresentadas as áreas de


atuação do psicólogo, conforme o Conselho Federal de Psicologia.

ÁreasdeAtuaçãoConformeoConselho
Federal de Psicologia - Atribuições
Profissionais do Psicólogo no Brasil
A contribuição do Conselho Federal de Psicologia ao Ministério do Trabalho
para integrar o catálogo brasileiro de ocupações, enviada em 17 de outubro de
1992, é:

O Psicólogo, dentro de suas especificidades profissionais,


atua no âmbito da educação, saúde, lazer, trabalho,
segurança, justiça, comunidades e comunicação com o
objetivo de promover, em seu trabalho, o respeito à dignidade
e integridade do ser humano.
O psicólogo desempenha suas funções e tarefas profissionais
individualmente e em equipes multiprofissionais, em
instituições privadas ou públicas, em organizações sociais
formais ou informais, atuando em: hospitais, ambulatórios,
centros e postos de saúde, consultórios, creches, escolas,
associações comunitárias, empresas, sindicatos, fundações,
varas da criança e do adolescente, varas de família, sistema
penitenciário, associações profissionais e/ou esportivas,
clínicas especializadas, psicotécnicos, núcleos rurais e nas
demais áreas onde as questões concernentes à profissão
se façam presentes e sua atuação seja pertinente. (BRASIL,
1992).

ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS DO PSICÓLOGO NO


BRASIL

a) Psicólogo clínico:

• Realiza avaliação e diagnóstico psicológicos de entrevistas,


observação, testes e dinâmica de grupo, com vistas à prevenção e
ao tratamento de problemas psíquicos;
51
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

• Realiza atendimento psicoterapêutico individual ou em grupo,


adequado às diversas faixas etárias, em instituições de prestação
de serviços de saúde, em consultórios particulares e em instituições
formais e informais;

• Realiza atendimento familiar e/ou de casal para orientação ou


acompanhamento psicoterapêutico;

• Realiza atendimento a crianças com problemas emocionais,


psicomotores e psicopedagógico;

• Participa da elaboração de programas de pesquisa sobre


a saúde mental da população, bem como sobre a adequação das
estratégias diagnósticas e terapêuticas à realidade psicossocial da
clientela;

• Cria, coordena e acompanha, individualmente ou em equipe


multiprofissional, tecnologias próprias ao treinamento em saúde;

• Participa e acompanha a elaboração de programas educativos


e de treinamento em saúde mental, ao nível de atenção primária, em
instituições formais e informais como: creches, asilos, sindicatos,
associações, instituições de menores, penitenciárias, entidades
religiosas, etc.;

• Atua junto às equipes multiprofissionais no sentido de levá-


las a identificar e compreender os fatores emocionais que intervêm
na saúde geral do indivíduo, em unidades básicas, ambulatórios
de especial idades, hospitais gerais, prontos-socorros e demais
instituições;

• Atua como facilitador no processo de integração e


adaptação do indivíduo à instituição. Orientação e acompanhamento
da clientela, dos familiares, dos técnicos e demais agentes que
participam, diretamente ou indiretamente dos atendimentos.

b) Psicólogo do trânsito:

• Desenvolve pesquisa científica no campo dos processos


psicológicos, psicossociais e psicofísicos relacionados ao problema
do trânsito;

• Realiza exames psicológicos de aptidão profissional


em candidatos à habilitação para dirigir veículos automotores
(“psicotécnicos”);

• Participa de equipes multiprofissionais voltadas à


prevenção de acidentes de trânsito;

52
Capítulo 2 Implicações Práticas da Psicologia Educacional ao
Processo Ensino e Aprendizagem

• Desenvolve, na esfera de sua competência, estudos e


projetos de educação de trânsito;

• Estuda as implicações psicológicas do alcoolismo e de


outros distúrbios nas situações de trânsito;

• Avalia a relação causa-efeito na ocorrência de acidentes


de trânsito, levantando atitudes-padrão nos envolvidos nessas
ocorrências e sugerindo formas de atenuar as suas incidências;

• Aplica e avalia novas técnicas de mensuração da


capacidade psicológica dos motoristas;

• Colabora com a justiça e apresenta, quando solicitado,


laudos, pareceres, depoimentos, etc.

c) Psicólogo jurídico:

• Assessora na formulação, revisão e execução de leis;

• Colabora na formulação e implantação das políticas de


cidadania e direitos humanos;

• Avalia as condições intelectuais e emocionais de crianças


adolescentes e adultos em conexão a processos jurídicos, seja por
deficiência mental e insanidade, testamentos contestados, aceitação
em lares adotivos, posse e guarda de crianças ou determinação da
responsabilidade legal por atos criminosos;

• Atua como perito judicial nas varas cíveis, criminais, justiça


do trabalho, da família, da criança e do adolescente, elaborando
laudos, pareceres e perícias a serem anexados aos processos;

• Elabora petições que serão juntadas ao processo, sempre


que solicitar alguma providência, ou haja necessidade de comunicar-
se com o juiz, durante a execução da perícia;

• Eventualmente participa de audiência para esclarecer


aspectos técnicos em Psicologia que possam necessitar de maiores
informações a leigos ou leitores do trabalho pericial psicológico
(juízes, curadores e advogados);

• Elabora laudos, relatórios e pareceres, colaborando não só


com a ordem jurídica, como com o indivíduo envolvido com a Justiça,
por meio da avaliação das personalidades destes e fornecendo
subsídios ao processo judicial, quando solicitado por uma autoridade
competente, podendo utilizar-se de consulta aos processos e coletar
dados considerar necessários a elaboração do estudo psicológico;

53
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

• Realiza atendimento psicológico por meio de trabalho


acessível e comprometido com a busca de decisões próprias na
organização familiar dos que recorrem a Varas de Família para a
resolução de questões;

• Realiza atendimento a crianças envolvidas em situações


que chegam às Instituições de Direito, visando à preservação de sua
saúde mental, bem como presta atendimento e orientação a detentos
e seus familiares.

d) Psicólogo do esporte:

• Realiza atendimento individual ou em grupo de esportistas,


visando à preparação psicológica no desempenho da atividade física
em geral;

• Acompanha, assessora e observa o comportamento


dos esportistas, visando ao estudo das variáveis psicológicas que
interferem no desempenho de suas atividades específicas (treinos,
torneios e competições);

• Orienta pais ou responsáveis visando facilitar o


acompanhamento e o desenvolvimento dos esportistas;

• Realiza atendimento individual ou em grupo com esportista,


visando à preparação psicológica no desempenho da atividade física
em geral;

• Realiza estudos e pesquisas individualmente ou em


equipe multidisciplinar, visando ao conhecimento teórico-prático do
comportamento dos esportistas, dirigentes e públicos no contexto da
atividade esportiva;
• Elabora e participa de programas e estudos educacionais,
recreativos e de reabilitação física, orientando a efetivação de um
trabalho de caráter profilático ou corretivo, visando ao bem-estar dos
indivíduos;

• Colabora para a compreensão e mudança, se necessário,


do comportamento de educadores no processo de ensino e
aprendizagem;

• Elabora e emite pareceres sobre aspectos psicológicos


envolvidos na situação esportiva, quando solicitado.

Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/9IqR7T>. Acesso em: 08 maio 2016.

54
Capítulo 2 Implicações Práticas da Psicologia Educacional ao
Processo Ensino e Aprendizagem

Neste item, trabalharemos mais com a Psicologia Educacional, Psicologia


Organizacional e a Psicologia Social Comunitária. A evolução da Psicologia
Educacional, tendo como referência o conhecimento de uma área que “[...] se
propunha a estudar questões relacionadas à educação escolar e a compreensão
do homem, em sua dimensão histórica, social e organizacional.”. (LEITE, 1992, p.
45).

Além disso, a evolução proporcionou o surgimento do psicólogo educacional


com a função de resolver problemas escolares, bem como o objetivo principal de
“ajudar” com vistas a aumentar a qualidade e a eficiência do processo educacional,
por meio dos conhecimentos psicológicos.

De acordo com Leite (1992, p. 46), a Psicologia Educacional começa a se


expandir no:

País como área por volta dos anos setenta, insere-se,


principalmente nas escolas, em substituição ao Orientador
Educacional, ou ao Coordenador de Disciplina, ou ainda
no lugar de profissionais que estavam presentes na escola
para regulamentar o comportamento de seus alunos ou
para resolver aqueles casos dos “alunos-problema”: alunos
indisciplinados, agressivos, “hiperativos” ou que fugiam das
regras indicadas pela escola para o bom convívio e melhor
aprendizagem.

Essa foi uma das heranças históricas que resultou em expectativas


deturpadas sobre o psicólogo escolar.

Por outro lado, a função clínica, relacionada ao papel do


psicólogo, também se coloca como expectativa dentro da escola. A função clínica,
relacionada ao
Piletti (1994, p. 56) nos mostra alguns exemplos sobre essa questão:
papel do psicólogo,
também se coloca
“Pedrinho não se concentra na aula, chamem
o psicólogo!”; “Aninha está muito desobediente
como expectativa
não consigo discipliná-la, vou encaminhá- dentro da escola.
la para o SOPP (Serviço de Orientação
Psicopedagógica)!”; a professora comenta perante a sala:
“Vocês estão muito agressivos, vou encaminhá-los para a
sala de Psicologia, lá eles sabem o que fazer”. Estas são falas
imaginárias, mas que refletem a realidade vivida por muitos
profissionais que veem suas salas lotadas pelos problemas
individuais de cada sala de aula e a resultante expectativa
enquanto solucionante destes problemas.

Leia-se como aluno-padrão aquele que não questiona, “engole” todas as


informações que lhe são dadas e corresponde “do modo como o professor espera”
junto às avaliações concretizadas. Este é o sujeito-modelo! Quem segui-lo terá
sucesso até o fim de sua vida escolar. Mas questionamos: terá sucesso na vida?
Será alguém feliz e realizado consigo mesmo? Será que cabe ao psicólogo agir
de forma a acatar às expectativas da escola e padronizar os alunos ou trazer-lhes
de volta o direito à subjetividade, à criatividade, à imaginação? 55
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

Atender às expectativas da escola seria afirmar que esse é o papel do


psicólogo educacional quando na verdade não o é. Pertence ao psicólogo
educacional evidenciar e esclarecer quais os nossos potenciais e a maneira
de atuarmos nessa área, sem programarmos pequenos robôs, nem sermos
designados como aqueles que resolvem tudo, que “dão jeito” a todos os problemas
ou, como psicólogos, detentores de todo saber e verdade, os quais, sozinhos,
isolados em nossas salas, poderão dar fim a angústia de um professor que não
consegue ver o seu aluno aprendendo.

Como se pode ver, há muito a ser questionado. Como sanar estas falsas
expectativas? Como desenvolver um trabalho efetivo, envolvendo-se com a
realidade do processo de ensino e aprendizagem, mas sem atender a uma
demanda equivocada? Retirar a carga da responsabilidade do sucesso escolar do
aluno é tarefa que nos cabe.

Contextualizar é necessário. Analisar cada caso e apontar as direções


necessárias, orientar as famílias (os pais) em como proceder junto a seus filhos,
convidar os professores a um desafio: aprender com seus alunos. Assim, novos
desafios surgirão e os psicólogos escolares estarão lá, construindo juntos o que
chamamos hoje de futuro. Desse modo, o elemento de estudo da Psicologia
Educacional é a relação entre a Psicologia, a escola e a sociedade.

Mas o que os psicólogos educacionais podem fazer? Vejamos:

a) Consultoria:

• Orientar professores, pais e equipe da instituição escolar (escola) sobre


problemas de aprendizagem e comportamento social;

• Auxiliar na compreensão do desenvolvimento infantil em diferentes


situações e suas relações com a aprendizagem;

• Melhorar as relações de trabalho entre educadores, pais e comunidade.

b) Formação:

• Fornecer instruções educacionais para o manejo com a classe,


capacidades parentais, abuso de drogas, crianças especiais, estratégias
de ensino e aprendizagem, dentre outros tópicos.

56
Capítulo 2 Implicações Práticas da Psicologia Educacional ao
Processo Ensino e Aprendizagem

c) Avaliação:

• Trabalhando próximo a pais e professores, o psicólogo pode considerar


capacidades acadêmicas, aptidões para aprendizagem, habilidades
sociais, autoajuda, desenvolvimento emocional, de personalidade,
necessidades especiais e interesses profissionais.

d) Pesquisa:

• Efetividade de programas acadêmicos ou outros propostos pela escola;

• Identificar elementos necessários para o conhecimento da realidade e


grupo envolvido.

e) Intervenção:

• Programa/atendimento direto à família ou aos estudantes;

• Solução de conflitos ou problemas de ajustamento e aprendizagem;

• Programas preventivos a desajustamentos psicossociais e de


aprendizagem;

• Intervenção em crise, ajudando famílias a lidarem com problemas,


dificuldades de separações ou perda.

Onde os psicólogos educacionais podem trabalhar? Vejamos:

a) Instituições educacionais públicas ou privadas de todos os


tipos e níveis (creches, pré-escolas, ensino fundamental, ensino médio e
universidades);

b) Agências comunitárias ou sistema de ensino (delegacias e


secretarias educacionais);

c) Instituições organizacionais e sociais.

57
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

Figura 6 - Psicólogo educacional

Fonte: <http://goo.gl/mCdP1i>. Acesso em: 29 junho 2016.

DESCRIÇÃO DA OCUPAÇÃO DO PSICÓLOGO


EDUCACIONAL – DETALHAMENTO DE ATRIBUIÇÕES

a) Colabora com a adequação, por parte dos educadores, de


conhecimentos da Psicologia que lhes sejam úteis na consecução
crítica e reflexiva de seus papéis;

b) Desenvolve trabalhos com educadores e alunos,


visando à explicitação e à superação de entraves institucionais ao
funcionamento produtivo das equipes e ao crescimento individual de
seus integrantes;

c) Desenvolve, com os participantes do trabalho escolar (pais,


alunos, diretores, professores, técnicos, pessoal administrativo),
atividades visando prevenir, identificar e resolver problemas
psicossociais que possam bloquear, na escola, o desenvolvimento
de potencialidades, a autorrealização e o exercício da cidadania
consciente;

d) Elabora e executa procedimentos destinados ao


conhecimento da relação professor-aluno, em situações escolares
específicas, visando, por meio de uma ação coletiva e interdisciplinar,
à implementação de uma metodologia de ensino que favoreça a
aprendizagem e o desenvolvimento;

e) Planeja, executa e/ou participa de pesquisas relacionadas


à compreensão do processo ensino e aprendizagem e conhecimento
das características psicossociais da clientela, visando à atualização
e à reconstrução do projeto pedagógico da escola, relevante
para o ensino, bem como suas condições de desenvolvimento e

58
Capítulo 2 Implicações Práticas da Psicologia Educacional ao
Processo Ensino e Aprendizagem

aprendizagem, com a finalidade de fundamentar a atuação crítica


do psicólogo, dos professores e usuários e de criar programas
educacionais completos, alternativos ou complementares;

f) Participa do trabalho das equipes de planejamento


pedagógico, currículo e políticas educacionais, concentrando
sua ação naqueles aspectos que digam respeito aos processos
de desenvolvimento humano, de aprendizagem e das relações
interpessoais, bem como participa da constante avaliação e do
redirecionamento dos planos e práticas educacionais implementados;

g) Desenvolve programas de orientação profissional, visando


a um melhor aproveitamento e desenvolvimento do potencial
humano, fundamentados no conhecimento psicológico e numa visão
crítica do trabalho e das relações do mercado de trabalho;

h) Diagnostica as dificuldades dos alunos dentro do


sistema educacional e encaminha, aos serviços de atendimento
da comunidade, aqueles que requeiram diagnóstico e tratamento
de problemas psicológicos específicos, cuja natureza transcenda
à possibilidade de solução na escola, buscando sempre a atuação
integrada entre a escola e a comunidade;

i) Supervisiona, orienta e executa trabalhos na área da


Psicologia Educacional.

Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/9IqR7T>. Acesso em: 10 maio 2016.

Nesse item, conhecemos um pouco mais do papel do psicólogo educacional,


bem como suas áreas de atuação. Independente do espaço social e da área de
atuação que o psicólogo escolar esteja ocupando, as bases filosóficas e teóricas
nas quais assenta seu trabalho são as mesmas, desde que elas lhe garantam a
compreensão e a possibilidade de intervenção crítica e competente em contextos
educativos, organizacional e social.

Assim, os tópicos, a seguir, contribuirão para que possamos conhecer as


áreas do psicólogo escolar dentro do contexto organizacional e social.

59
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

A Psicologia Organizacional e do
Trabalho
Os psicólogos A Psicologia Organizacional e a Psicologia do Trabalho têm
organizacionais e do o seu aparecimento no final do século XIX, devido à demanda da
trabalho ajudam a afinidade entre os caminhos de produção e o contexto. Os psicólogos
organizar e legitimar organizacionais e do trabalho ajudam a organizar e legitimar a
a compreensão que compreensão que as pessoas e as instituições sociais requerem para
as pessoas e as
funcionar.
instituições sociais
requerem para
funcionar. Bom, começamos nossos estudos por meio das definições de
Psicologia Organizacional e Psicologia do Trabalho. Veja:

Psicologia organizacional: Segundo Banov (2011, p. 4), “[...] a


psicologia organizacional tem por objetivo a utilização dos princípios
científicos do comportamento humano nas organizações.”.

Psicologia do trabalho: “Estuda a natureza dos processos


de organização do trabalho e seus impactos psicossociais,
especialmente sobre a qualidade de vida e a saúde do trabalhador
tanto individual, quanto coletivamente.”. (ZANELLI et al., 2004, p.
484).

De acordo com Spector (2010, p. 07):

O campo da psicologia organizacional contém duas divisões


principais: a industrial, ou seja, recursos humanos e a
organizacional. Ela se preocupa com pontos de ação no plano
de tarefas, seleção e treinamento de funcionários e avaliação
de desempenho.

A Psicologia Organizacional, segundo Spector (2010, p. 13), tem um campo


de aplicação menor do “[...] que a psicologia clínica. Os psicólogos organizacionais
executam diferentes tipos de trabalhos em uma enorme variedade de ambientes.”.

60
Capítulo 2 Implicações Práticas da Psicologia Educacional ao
Processo Ensino e Aprendizagem

Figura 7 - Psicólogo organizacional

Fonte: <http://goo.gl/9aI463>. Acesso em: 10 maio 2016.

As atividades práticas submergem o uso de princípios psicológicos para


resolver problemas do mundo real, como o estresse excessivo no trabalho ou um
fraco desempenho.

Como um dos principais objetivos nessa área é auxiliar o Um dos principais


funcionamento das organizações de maneira mais eficaz, eles objetivos nessa
enfocam os diversos aspectos que podem melhorar a execução do área é auxiliar o
funcionamento das
trabalho, incluindo a seleção e treinamento de pessoas, a criação de
organizações de
tarefas mais adaptadas que funcionem melhor. maneira mais eficaz,
eles enfocam os
Os psicólogos organizacionais e do trabalho buscam mudar diversos aspectos
as organizações para que elas ofereçam um ambiente mais que podem melhorar
agradável para os sujeitos, mesmo que isso não gere basicamente a execução do
trabalho.
eficácia organizacional. O foco principal do trabalho do psicólogo
organizacional, de acordo com Spector (2010), é:

a) Conduzir uma análise para determinar a solução de um problema


organizacional;

b) Fazer/realizar uma pesquisa sobre sentimentos e opiniões dos


funcionários;

c) Projetar sistemas de seleção de funcionários e programas de treinamento;

d) Desenvolver testes psicológicos;

e) Avaliar a eficácia de uma atividade ou prática, como um programa de


treinamento;

61
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

f) Implementar mudanças organizacionais, por exemplo, como um novo


sistema de bonificação e gratificação para os funcionários que têm bom
desempenho.

Observe, na figura a seguir, as interfaces pertinentes ao campo de atuação


da Psicologia Organizacional e do Trabalho. Veja:

Figura 8 - Interfaces pertinentes ao campo da


psicologia organizacional e do trabalho

Fonte: Adaptado de ZANELLI et al. (2004).

O PSICÓLOGO DO TRABALHO

Atua individualmente ou em equipe multiprofissional, onde


quer que se deem as relações de trabalho nas organizações sociais
formais ou informais, visando à aplicação do conhecimento da
Psicologia para a compreensão, intervenção e desenvolvimento das
relações e dos processos intra e interpessoais, intra e intergrupais
e suas articulações com as dimensões política, econômica, social e
cultural.

g) Planeja, elabora e avalia análises de trabalho


(profissiográfico, ocupacional, de posto de trabalho, etc.), para
descrição e sistematização dos comportamentos requeridos no

62
Capítulo 2 Implicações Práticas da Psicologia Educacional ao
Processo Ensino e Aprendizagem

desempenho de cargos e funções, com o objetivo de subsidiar ou


assessorar as diversas ações da administração.

a) Participa do recrutamento e seleção pessoal, utilizando


métodos e técnicas de avaliação (entrevistas, testes, provas
situacionais, dinâmica de grupo, etc.), com o objetivo de assessorar as
chefias a identificar os candidatos mais adequados ao desempenho
das funções;

b) Elabora, executa e avalia, em equipe multiprofissional,


programas de treinamento e formação de mão de obra, visando à
otimização de recursos humanos;

c) Participa, assessora, acompanha e elabora instrumentos


para o processo de avaliação pessoal, objetivando subsidiar
as decisões, tais como: promoções, movimentação de pessoal,
planos de carreira, remuneração, programas de treinamento e
desenvolvimento, etc.;

d) Planeja, coordena, executa e avalia, individualmente ou em


equipe multiprofissional, programas de treinamento, de capacitação
e desenvolvimento de recursos humanos;

e) Participa do processo de movimentação pessoal,


analisando o contexto atual, os antecedentes e as perspectivas
em seus aspectos psicológicos e motivacionais, assessorando na
indicação da locução e integração funcional;

f) Participa de programas e/ou atividades na área de


segurança do trabalho, subsidiando-os quanto a aspectos
psicossociais;

g) Participa e assessora estudos, programas e projetos


relativos à organização do trabalho e à definição de papéis
ocupacionais: produtividade, remuneração, incentivo, rotatividade,
absenteísmo e evasão em relação à integração psicossocial dos
indivíduos e grupos de trabalho;

h) Promove estudos para identificação das necessidades


humanas em face da construção de projetos e equipamentos de
trabalho (ergonomia);

i) Participa de programas educacionais, culturais, recreativos


e de higiene mental, com vistas a assegurar a preservação da saúde
e da qualidade de vida do trabalhador.

Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/9IqR7T>. Acesso em: 10 maio 2016.

63
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

Figura 9 - Psicólogo do trabalho

Fonte: Disponível em: <http://fortalezarh.com.br/>. Acesso em: 10 maio 2016.

Conhecemos o papel do psicólogo organizacional e do trabalho, agora vamos


compreender o papel do psicólogo no contexto social e comunitário. Lembrando
que o psicólogo escolar pode trabalhar dentro desses novos contextos.

A Psicologia Social Comunitária


Desde meados da década de 60, no Brasil, o uso de teorias e métodos da
Psicologia em trabalhos feitos em comunidades de baixa renda, visando, por um
lado, deselitizar a profissão e, de outro, procurar o avanço das qualidades de vida
da população trabalhadora, constitui o espaço teórico e prático do que passamos
a denominar de Psicologia Comunitária ou Psicologia na comunidade. (FREITAS,
1994).

Segundo Bomfim (1987), a perspectiva da Psicologia Social Comunitária


enfatiza:

a) Em termos teóricos, a problematização da relação entre a produção


teórica e a aplicação da informação, parte-se da pressuposição de que
a informação se produz na interação entre o profissional e os sujeitos da
investigação;

b) Em termos de metodologia, utiliza-se, principalmente o método da


pesquisa participante, na qual o pesquisador e os sujeitos da pesquisa
trabalham juntos na busca de explicações para os problemas colocados, e
na idealização e desempenho de programas de modificação da realidade
vivida;
64
Capítulo 2 Implicações Práticas da Psicologia Educacional ao
Processo Ensino e Aprendizagem

c) Em termos de valores, os trabalhos de Psicologia Comunitária enfatizam,


sobretudo, a ética da solidariedade, da qualidade de vida da população
focalizada.

Góis (1993, p. 78) define a Psicologia Comunitária como uma área da


Psicologia Social que:

Estuda a atividade do psiquismo decorrente do modo de


vida do lugar/comunidade; estuda o sistema de relações
e representações, identidade, níveis de consciência,
identificação e pertinência dos indivíduos ao lugar/
comunidades e aos grupos comunitários.

Figura 10 - Psicólogo na comunidade

Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/qMiFHF>. Acesso em: 10 maio 2016.

Góis (1993) enfatiza que o psicólogo na comunidade trabalha


O psicólogo na
fundamentalmente com a linguagem e representações, com relações
comunidade trabalha
grupais – vínculo essencial entre o indivíduo e a sociedade – e com as fundamentalmente
emoções e afetos próprios da subjetividade, para exercer sua ação em com a linguagem e
nível de consciência, viver em verdadeira comunidade. Vamos, nesse representações, com
momento, pós-graduando(a), conhecer o papel do psicólogo social, relações grupais
quem ele é, suas contribuições no processo do desenvolvimento do
ser humano.

O Psicólogo Social O psicólogo social é


aquele que entende
o sujeito desde
O psicólogo social é aquele que entende o sujeito desde uma
uma perspectiva
perspectiva histórica, atendendo à constante conexão entre sujeito histórica, atendendo
e o social. Nesse sentido, operar como psicólogo social significa à constante conexão
desenvolver um trabalho desde esta perspectiva de homem e da entre sujeito e o
sociedade, possibilitando atuar em qualquer área da Psicologia. social.

65
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

ATRIBUIÇÕES DO PSICÓLOGO SOCIAL

a) Promove estudos sobre características psicossociais de


grupos étnicos, religiosos, classes e segmentos sociais nacionais,
culturais, intra e interculturais;

b) Atua junto a organizações comunitárias, em equipe


multiprofissional, no diagnóstico, planejamento, execução e avaliação
de programas comunitários, no âmbito da saúde, lazer, educação,
trabalho e segurança;

c) Assessora órgãos públicos e particulares, organizações de


objetivos políticos ou comunitários, na elaboração e implementação
de programas de mudança de caráter social e técnico, em situações
planejadas ou não;

d) Atua junto aos meios de comunicação, assessorando


quanto aos aspectos psicológicos nas técnicas de comunicação e
propaganda.

Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/9IqR7T>. Acesso em: 10 maio 2016.

A seguir, para finalizar o capítulo, o quadro que segue apresenta,


resumidamente, algumas das atividades exercidas pelos psicólogos em algumas
subáreas da prática psicológica. Veja:

Quadro 4 - Subáreas da psicologia prática

Realiza diagnóstico (avaliação e intervenção) dos problemas psicológi-


cos. Atua na promoção do bem-estar físico e emocional das pessoas e
Psicólogo clínico na busca do autoconhecimento e do desenvolvimento pessoal. Temas
de interesse: o estudo do comportamento normal e psicopatológico, so-
frimento psíquico e saúde mental, formas de tratamento e intervenção.
Busca interagir junto ao educando nos contextos intra e extraescolar,
bem como desenvolver ações educativas que favoreçam o desenvolvi-
mento e a promoção da saúde mental de todos os agentes envolvidos
Psicólogo educacional no espaço educativo. Como avaliar problemas de aprendizagem, pro-
blemas de adaptação escolar e integrar a família, a escola e a socie-
dade. Busca trabalhar as relações interpessoais no ambiente escolar e
pode intervir na avaliação dos planos e práticas educacionais.

66
Capítulo 2 Implicações Práticas da Psicologia Educacional ao
Processo Ensino e Aprendizagem

Atua nas organizações para melhorar a discrição e eficiência do


trabalho e promover ações no sentido de melhorar a autoestima dos
Psicólogo organizacional e
funcionários, desenvolver liderança e trabalho em equipe. Desenvolve
do trabalho
os programas de treinamento e desenvolvimento, recruta e seleciona
trabalhadores.
Interage junto aos movimentos sociais, às comunidades, às associa-
ções, entre outros, para a promoção e a construção da cidadania,
dos relacionamentos interpessoais. Está interessado em temas como
Psicólogo comunitário
a questão dos direitos humanos, noções de igualdade e diferença,
estabelecimento dos processos organizacionais, influências sociais no
público e no privado, entre outros.
Realiza a avaliação psicológica em diferentes contextos do hospital:
Psicólogo hospitalar pediatra, oncologia, obstetrícia, neonatologia, cirurgias. Acompanha o
paciente antes, durante e depois da internação.
Trabalha no âmbito da justiça, nas instituições governamentais e não
Psicólogo jurídico governamentais, colaborando no projeto e cumprimento de políticas de
cidadania, direitos humanos e prevenção da violência.

Fonte: Adaptado de Santos (2009).

Atividade de Estudos

1) Descreva a função do psicólogo na escola, apontando as


características da área da prevenção e do processo educativo.
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________

Neste tópico, pós-graduando(a), estudamos sobre as áreas de atuações


do psicólogo, conforme o Conselho Federal de Psicologia. Não se esqueça das
leituras complementares sugeridas ao longo desse capítulo.

67
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

Algumas Considerações
Analisar a aprendizagem na Psicologia Educacional nos remete ao
compromisso de articular esse tema com aspectos intrínsecos à sociedade atual,
marcada pela velocidade das mudanças e avanços da tecnologia da informação.

Del Prette e Del Prette (2001) asseguram que a constituição do conhecimento


no ambiente escolar, em sala de aula, depende da competência do professor e do
interesse do aluno em aprender.

Para o acadêmico, apenas falar o conteúdo da disciplina em sala de


aula é escasso; não satisfaz que o aluno memorize os conhecimentos para
que os utilize na prática; não adianta criar situação agradável na sala de aula,
se o acadêmico demonstra desinteresse em aprender. O professor precisa
desenvolver sensibilidade na observação dos seus alunos, capacidade de
perceber os progressos reais e possíveis destes. Assim, os conhecimentos
sobre o comportamento, oferecidos pela Psicologia, podem ajudar o trabalho do
professor.

Referências
ALMEIDA, S. F. (Org.). Psicologia escolar: éticas e competências na formação
e atuação profissional. Campinas: Alínea, 2003.

ANTUNES, M. A. M. Psicologia e educação em periódicos brasileiros anteriores a


1962. Psicologia Escolar e Educacional, v. 6, n. 2, p. 193-2000, jul./dez. 2000.

BANOV, M.R. Psicologia no Gerenciamento de Pessoas. São Paulo: Atlas,


2011.

BOMFIM, E. M. Em torno da psicologia social. Belo Horizonte: Publicação


autônoma, 1987.

BRASIL. Conselho Federal de Psicologia.1992. Atribuições profissionais do


psicólogo no Brasil. Disponível em: <http://goo.gl/9IqR7T>. Acesso em: 08 maio
2016.

CAMPOS, D. M. de S. Psicologia da aprendizagem. Petrópolis: Vozes, 1987.

68
Capítulo 2 Implicações Práticas da Psicologia Educacional ao
Processo Ensino e Aprendizagem

COELHO, M. T; JOSÉ, E. A. Problemas de aprendizagem. São Paulo: Ática,


1999.

DEL PRETTE, A.; DEL PRETTE, Z. Psicologia das relações interpessoais:


vivências para o trabalho em grupo. Petrópolis: Vozes, 2001.

DELVAL, J. Aprender na vida e aprender na escola. Porto Alegre: Artmed,


2001.

FREITAS, M. F. Q. Psicologia comunitária: professores de psicologia falam


sobre os modelos que orientam a sua prática. 1994. 123f. Tese (Doutorado em
Psicologia) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 1994.

GOIS, C. W. L. Noções de psicologia comunitária. Fortaleza: UFC, 1993.

LEITE, S. A. S. Atuação do psicólogo na educação: controvérsias e


perspectivas. Campinas: Átomo, 1992.

MARTINEZ, A. Psicologia escolar e educacional: compromissos com a


educação brasileira. São Paulo: Cortez, 2009.

PILETTI, N. Psicologia educacional. 2. ed. São Paulo: Ática, 1994.

SALVADOR, C. C. et al. Psicologia do ensino. Porto Alegre: Artmed, 2000.

SANTOS, M. S. (Org.). Psicologia do desenvolvimento: teorias e temas


contemporâneos. Brasília: Liber Livro, 2009.

SPECTOR, P.E. Psicologia nas organizações. São Paulo: Saraiva, 2010.

ZANELLI, J. C. et al. Psicologia, organizações e trabalho no Brasil. Porto


Alegre: Artmed, 2004.

69
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

70
C APÍTULO 3
A atuação do Psicólogo Educacional

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

� Identificar cada campo de atuação do profissional psicólogo educacional.



� Intervir de maneira contemplativa, em todos os processos de ensino e
aprendizagem, nos quais o sintoma aparente seja o fracasso escolar.

Apontar as principais contribuições da atuação do psicólogo nas escolas.



Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

72
Capítulo 3 A atuação do Psicólogo Educacional

Contextualização
Os limites do campo de estudo e de atuação da Psicologia são extensos e
se compõem por uma intricada ligação de conceitos e teorias, que se diferenciam
muito mais pela diversidade do que pela homogeneidade.

Em seus primórdios, na busca de reconhecimento como ciência, a Psicologia


centralizou-se no método experimental: isolava-se cada variável – usualmente,
um aspecto do comportamento – para estudo. Com o tempo, a abrangência da
complexidade do comportamento humano ensejou o surgimento de diversas
escolas ou perspectivas de Psicologia, muitas nos últimos 50 anos. Todas
possuem pontos em comum e, em lugar de se contradizerem, complementam-se.

O psicólogo aparece, para muita gente, como uma espécie de adivinho,


que desvenda ligeiramente quem somos e produz mudanças mágicas no nosso
jeito de ser. É importante que todos tenham conhecimento dos problemas e das
dificuldades do psicólogo em entender sua própria ciência e sua própria pessoa.
Aí, talvez, esperem menos dele.

Então, pós-graduando(a): quem é o psicólogo educacional? Qual o seu


papel? Que funções exerce? A identidade do psicólogo parece ser algo ainda em
definição ou, poderíamos dizer, em construção? Vamos descobrir na leitura desta
unidade!

A Atuação do Psicólogo nas Escolas


Durante muito tempo, permaneceu a ideia de que a prática do psicólogo
escolar deveria estar pautada na avaliação de crianças e jovens com dificuldades
de aprendizagem por meio de instrumentos psicológicos que medissem a
capacidade dos alunos, separando os aptos dos não aptos para a aprendizagem.
(PATTO, 1990).

Para dar conta dessa tarefa, o psicólogo deve compreender de forma mais
aprofundada tanto as maneiras pelas quais o trabalho educativo produz nos
sujeitos singulares a humanidade que é determinada histórica e coletivamente
pelo conjunto dos homens, desempenhando o papel de atividade mediadora entre
a esfera da vida cotidiana e as esferas não-cotidianas de objetivação do gênero
humano, quanto as funções e a natureza social do desenvolvimento cognitivo,
dos afetos e emoções no processo de humanização desses indivíduos pela via da
apropriação da cultura. (SAVIANI, 1991; DUARTE, 1995).

73
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

Para Marinho-Araújo (2009), um levantamento realizado pelo Conselho


Federal de Psicologia, no ano de 2004, demonstrou que apenas 11% dos
psicólogos inscritos exerciam atividades relacionadas à Psicologia Escolar.

O psicólogo educacional é aquele profissional que se aplica em ter


capacidade, competência e conhecimento no setor da Educação, utilizando os
conhecimentos especializados da Psicologia.

O psicólogo educacional trabalha com pessoas sobre problemas


que ocorram diretamente nas escolas, problemas apresentados por
alunos de todas as idades, professores, especialistas em educação,
pais e a comunidade em que vivem.

Fonte: Meira e Antunes (2003, p. 45).

Segundo Novaes (1980, p. 58):

Não é tarefa fácil definir as funções do psicólogo escolar que


possam ser aplicadas a todos os casos e situações escolares,
pois variam de acordo com a natureza das composições
escolares, das propriedades da população escolar, da
qualificação profissional dos técnicos dos serviços de
psicologia e de orientação.

Cabe, assim, ao psicólogo educacional a aplicação dos “[...] princípios da


psicologia da aprendizagem, da motivação, do desenvolvimento e do ajustamento
para o estudo do comportamento da criança escolar e do seu meio educacional
[...]”, com o objetivo de facilitar a aprendizagem e o desenvolvimento humano,
por meio de prevenção, identificação, avaliação e reeducação dos problemas
educacionais nos diversos níveis de escolaridade. (NOVAES, 1980, p. 58).

A realidade da escola pública brasileira é muito distinta da realidade da escola


particular. É na escola pública que se estuda a quase totalidade das crianças
brasileiras. As expectativas de intervenção do psicólogo na rede pública vêm
evidenciando que a sociedade ainda credita no profissional a função de ajustar
os estudantes ao sistema e, ao responder a esse tipo de demanda, o psicólogo
se envolve com a reprodução das semelhanças estabelecidas e funciona como
legitimador da desumanização do homem, quando seu trabalho reproduz ou
mantém a exclusão. (BRANCO, 1998).

74
Capítulo 3 A atuação do Psicólogo Educacional

Com relação à atuação do profissional de Psicologia no campo educativo, de


acordo com Maluf (1994, p. 71), “[...] é preciso levar em conta uma multiplicidade
de aspectos que passam por uma análise da realidade de maneira ampla e crítica,
envolvendo um corpo de conhecimento não apenas da psicologia [...]”, mas de
outras áreas de saberes e práticas, como a Filosofia, a História, a Pedagogia, etc.

Em 2007, o Conselho Federal de Psicologia reconheceu a Conselho Federal


Psicologia Escolar como uma especialidade, sem que nenhum de Psicologia
passo tenha sido dado para o reconhecimento da importância do reconheceu
psicólogo dentro das escolas, sobretudo, pelos educadores. Com a Psicologia
esse reconhecimento, fica marcado o modelo de atuação do psicólogo Escolar como uma
especialidade.
no âmbito da educação formal, “[...] com a realização de pesquisas,
diagnóstico e intervenção preventiva ou corretiva em grupo e individualmente,
como se fosse possível uma mudança da realidade apenas por uma resolução
tirada no âmbito da entidade da categoria profissional.”. (GUZZO, 1999, p. 131).

Guzzo (1999, p. 132) aponta que traçar um perfil da atuação do psicólogo


escolar no Brasil tem sido muito complicado, tendo em vista que existe uma
distância entre:

O papel atribuído ao psicólogo no campo teórico e as


demandas que se espera sejam atendidas no cotidiano da
escola. Portanto, há a necessidade de se contextualizar a
ação do psicólogo na realidade educacional e social brasileira,
ao mesmo tempo em que se institui sua regulamentação para
atuação nos espaços educativos.

O psicólogo educacional desempenha um papel importante no processo


educacional, uma vez que pode colaborar de modo eficaz para a melhoria das
condições que favorecem a educação dos indivíduos.

Contudo, dada a complexidade das suas atribuições profissionais, é


imprescindível que a sua gênese seja cuidada, pois deve estar devidamente
capacitado para enfrentar problemas para os quais ora é solicitado como um
árbitro ou juiz entre professores e alunos, pais e alunos, e ora como um mago
que necessitará encontrar soluções utópicas que farão desaparecer de súbito os
problemas e conflitos apresentados.

A escola, assim como os outros estabelecimentos educacionais, é um


lugar onde pode haver várias problemáticas. É relevante que os membros das
instituições saibam o real trabalho de um psicólogo, bem como as contribuições de
seu papel. Um psicólogo educacional trabalha na escola, analisando as demandas
e contribuindo para melhorias na qualidade do ensino, tanto para funcionários da
escola quanto para alunos e pais.

75
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

A escola é uma instituição neutra que visa a realizar um


projeto de socialização dos imaturos e prepará-los para a vida
em sociedade, concebida, em seus aspectos estruturais e
funcionais, como algo natural, dado que abrange instituições
empenhadas em beneficiar a todos e a cada um de seus
membros, independentemente da origem social, da cor, do
credo e do sexo. (PATTO, 1997, p. 13).

Para muitos professores, o papel do psicólogo se resume em


O papel do psicólogo auxiliar na mudança de comportamento dos alunos que causam
se resume em problemas e atrapalham o andamento das aulas ou na ajuda de
auxiliar na mudança
educandos com deficiência. Na verdade, segundo Davis e Oliveira
de comportamento
dos alunos que (2007), o psicólogo deve atender à comunidade escolar, indo além
causam problemas dos apelos quanto aos “alunos-problema” ou com dificuldades de
e atrapalham o aprendizagem.
andamento das
aulas ou na ajuda O trabalho desse profissional é satisfatório quando a comunidade
de educandos com
escolar recebe bem as sugestões, participa delas e contribui de forma
deficiência.
interdisciplinar para a melhoria da escola.

Defende-se como essencial para a inclusão efetiva de


todos os alunos o desenvolvimento de parcerias com os
demais profissionais inseridos na instituição educativa,
conscientizando-os da multideterminação dos fenômenos
educativos e envolvendo todos no sucesso do processo de
escolarização. (DAVIS; OLIVEIRA, 2007, p. 21).

O corpo docente das escolas (professores) possui formação em suas áreas


específicas, no caso dos anos finais, e pedagogos, nos primeiros anos. Muitos
deles não têm informação sobre saúde mental, transtornos, síndromes, entre
outras temáticas, e sobre as quais o psicólogo possuí um vasto conhecimento,
podendo propor:

Formação continuada para os professores, pois a aquisição


de conhecimentos psicológicos como, por exemplo, os de
mediação e relação entre desenvolvimento e aprendizagem,
contribuiria para o desenvolvimento profissional destes
agentes. (DAVIS; OLIVEIRA, 2007, p. 21).

Para Foschiera (2010), as crianças precisam de um professor orientado


psicologicamente, para, assim, aproveitar o máximo de suas potencialidades.
Segundo esse autor:

A função básica do psicólogo educacional é tornar mais


evidente na escola a necessidade de auxiliar o aluno a viver
uma vida plena e sadia, tanto no que se refere à aquisição do
conhecimento teórico como dos processos de ajustamento que
precisa fazer para poder viver em sociedade. (FOSCHIERA,
2010, p. 8).

76
Capítulo 3 A atuação do Psicólogo Educacional

Foschiera (2010, p. 69) relata, ainda, que o psicólogo tem o papel de auxiliar
os envolvidos da escola a alocar em coletivo novas pautas pertinentes à realidade
que está sendo vivenciada, para que surjam no grupo “[...] novas formas de
avaliação dos processos do contexto escolar, como meios de aprendizagem,
organização da instituição, formas de avaliar os alunos, entre outros aspectos
importantes para a decisão dos educadores.”.

É de extrema importância que o psicólogo educacional trabalhe com todos


os envolvidos da escola, pois, segundo Patto (1996, p. 41), o fracasso escolar
“[...] não é um problema do aluno somente, mas sim um processo construído
das relações escolares, em todo o contexto escolar, bem como, problemas
institucionais, de ensino, avaliativos e outras demandas deste contexto.”.

Atividade de Estudos

1) O psicólogo, inserido na escola, parte do princípio de que


educar significa auxiliar o indivíduo no desenvolvimento de suas
potencialidades, bem como acompanhá-lo em seu processo de
transformação. No que tange à atuação do psicólogo na escola,
qual é o papel do psicólogo educacional?
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________

Neste tópico, tivemos como finalidade apresentar a atuação do psicólogo


nas escolas, bem como sua função no processo educativo. A seguir, estudaremos
sobre o fracasso escolar. Vamos conhecer esse novo conceito?

A Produção do Fracasso Escolar


O conceito de fracasso escolar é algo mutável e está profundamente
conectado com os conhecimentos demandados pela sociedade em um período
histórico específico. Uma criança que fracassa é alguém que, em algum tempo
e na avaliação da escola, não consegue aprender o que a instituição espera que
aprendam os alunos da sua idade, necessitando de:

77
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

Medidas concretas para corrigir a situação. Isso demonstra


que o fracasso escolar não se limita apenas ao não aprender
por parte do aluno. É também o reconhecimento oficial, a
legitimação desse não aprender, é o que diz a escola a esse
aluno ou o que faz a escola a esse respeito. (MARCHESI; GIL,
2004, p. 23).

Grisay (1998 apud MARCHESI, 2004, p. 78) descreve o fracasso escolar


como um “[...] fenômeno historicamente recente e ligado, em nossa sociedade,
ao surgimento da instituição escolar, especialmente a partir do século XIX com
o advento da revolução industrial.”. Segundo Patto (1996, p. 12), a bibliografia
sobre o fracasso escolar, em 1981, continua a escrever a mesma afirmação que
encontramos na metade da década de setenta, em que o “[...] professor idealiza,
mas não encontra nas salas de aula, um aluno sadio, com uma família organizada,
cuidadosos aos seus problemas pessoais e com prontidão para aprender.”.

Para Marchesi e Gil (2004, p. 24) a expressão fracasso escolar “[...] é a mais
conhecida e difícil de ser substituída [...]”, embora seja um termo excludente, por
não deixar nuances. Esses autores afirmam, também, que se fala em fracasso
escolar de uma maneira global, como se o “[...] aluno fracassasse em sua
totalidade, ou seja, como se não progredisse em nada durante os anos escolares,
no que tange aos seus conhecimentos ou seu desenvolvimento pessoal social.”.

Uma das elucidações para o fracasso escolar se fundamenta no estado de


prontidão da criança. A constatação ou ausência da prontidão pode ser verificada
a partir da aplicação das atividades e avaliações.

A escola leve em É de suma importância que a escola leve em consideração


consideração a visão a visão de mundo do aluno, pois, caso contrário, o professor não
de mundo do aluno, consegue transpor o conhecimento, ensinando para a realidade do
pois, caso contrário, aluno, levando, assim, ao fracasso escolar.
o professor não
consegue transpor
o conhecimento, Instaurou-se na escola uma cultura do fracasso que tem sido
ensinando para a justificada sob diferentes perspectivas: falta de prontidão da criança,
realidade do aluno, carência cultural, diferença cultural, reprodução das desigualdades
levando, assim, ao sociais, diferentes níveis de compreensão da natureza simbólica
fracasso escolar. da escrita, distância entre a variedade escrita e a variante oral das
crianças, conflito entre o contexto cultural familiar e a cultura da
escola. (PATTO, 1996).

Visto que ao chegar na escola o aluno já traz suas experiências, atitudes,


valores, hábitos de linguagem, que refletem o seu meio social e de sua família,
é preciso levar em consideração a real condição do professor e do aluno. O
fracasso escolar não recai sobre uma realidade social, ele nos proporciona as

78
Capítulo 3 A atuação do Psicólogo Educacional

distintas realidades sociais, que necessitam ser trabalhadas e valorizadas pela


escola. Charlot (2000) lembra outros aspectos, a questão do fracasso escolar
remete para muitos debates: sobre o aprendizado, com obviedade, mas ainda
sobre a potência dos educadores, sobre o serviço público, sobre a igualdade das
“chances”, sobre os recursos que o país deve investir em seu sistema educativo,
sobre a “crise”, sobre os modos de vida e os trabalhos na sociedade de amanhã,
sobre as formas de cidadania.

Alguns estudos focalizam a estrutura escolar como responsável pela


produção do fracasso e colocam uma afinidade entre a história do fracasso
escolar e a história do sistema seriado e disciplinar. Propõem uma revisão das
grades curriculares, sistema de avaliação e organização, com a finalidade de
edificar uma cultura do sucesso. Propõem, ainda, que a escola tenha um projeto
político voltado para as reais necessidades dos alunos.

Assim, o combate ao fracasso escolar passa pela reestruturação da escola,


para que ela atenda aos interesses e necessidades da grande parcela de sua
clientela que fracassa.

Patto (1996, p. 69) afirma que o fracasso escolar é o resultado inevitável de


um sistema educacional congenitamente gerador de obstáculos à “[...] realização
de seus objetivos, como um processo psicossocial complexo.”. Mas a crença
na incompetência das pessoas é generalizada, mesmo alguns pesquisadores,
quando se voltam para a escola e o ensino, e identificam inúmeras condições que
podem por si explicar as taxas de reprovação, continuam a defender a tese da
teoria da carência cultural.

Procura-se considerar esse aluno que fracassa não como um


São as
sujeito separado, mas centrado num contexto, fruto de uma classe
circunstâncias
social. Acredita-se ser possível a mediação entre o individual e o escolares
social. que indicam
as condições
Patto (1996) descreve que são as circunstâncias escolares que para termos os
indicam as condições para termos os educandos com dificuldades. As educandos com
dificuldades.
pendências existentes entre as vidas privadas de cada aluno, família e
comunidade, é o que garante toda a troca de conhecimentos.

Um fator decisivo de combate ao fracasso escolar é a qualidade


do docente, por isso, dizemos que fracasso escolar não é culpa do
professor, mas é, certamente, problema dele.

79
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

Ao estudarmos a educação nos seus aspectos sociais, políticos e


econômicos, deparamo-nos com uma questão muito ampla, que ocorre na
sociedade: a formação profissional, teórica e prática dos professores, ou seja, a
prática educativa.

Para Libâneo (1994, p. 16), “[...] a prática educativa é um fenômeno social e


universal, sendo uma atividade humana necessária à existência e funcionamento
de todas as sociedades.”. A escola é o campo específico para a ação da prática
educativa, pois é lá que o professor auxilia os alunos a desenvolverem suas
capacidades intelectuais diante de todo um contexto social variado, adquirindo,
assim, ações críticas e criativas.

A prática educativa permite a assimilação e a aquisição de informações por


meio das afinidades sociais. No ambiente escolar, essa aquisição ocorre sob a
orientação do professor e deve ter como foco o tipo de homem que se quer formar
e o tipo de sociedade a que se aspira.

Portanto, as condições da aprendizagem se referem às atividades práticas


de aprendizagem e instrução. Pozo (2002) diferencia entre condições externas ao
aluno (a quantidade e a organização do material de aprendizagem) e condições
internas (motivação e conhecimentos prévios).

As condições são o que podemos manipular e fazer variar,


independente das características e obrigações do educando.
Idealmente, as qualidades de aprendizagem precisam se subordinar
aos processos e resultados, com o objetivo de mobilizá-los mais
eficazmente.

Em muitas situações de aprendizagem tal relação de dependência não


ocorre. Daí que, inevitavelmente, apareçam dificuldades de aprendizagem. Se as
condições vão por um lado e os processos por outro, os resultados são escassos.
Porém um bom projeto institucional é aquele que aborda os diferentes elementos
da aprendizagem, em vez de distanciar uns de outros ou deixar que funcione cada
um por sua conta. Mínimas condições de justaposição entre dois estímulos podem
causar uma aprendizagem emocional, muito difícil de modificar ou desaprender.

Muitas aprendizagens simples são adquiridas com algumas condições


mínimas, e, inclusive, alcançam-se algumas aprendizagens complexas, como a
aquisição da linguagem, formação de teorias implícitas e representações sociais,
sem uma planificação deliberada de condições de aprendizagem.

80
Capítulo 3 A atuação do Psicólogo Educacional

Pozo (2002) ressalta que não há um só tipo de prática eficaz para todas as
aprendizagens. Muitos professores, com vontade de melhorar sua prática docente
ou instrucional, lançam-se na busca de uma alternativa didática. “Há muitos tipos
diferentes de prática, cujo êxito dependerá das metas da aprendizagem e dos
processos que os alunos possam pôr em marcha.”. (POZO, 2002, p. 91).

A quantidade de prática é uma modificação essencial de qualquer


aprendizagem. Quanto mais exercitamos algo, mais provável será que o
aprendamos. Muitos processos de instrução fracassam porque não asseguram ao
aluno a prática necessária, principalmente quando está entrelaçado a algum tipo
de aprendizagem procedimental, que costuma requerer enormes quantidades de
prática para alcançar um nível de perícia.

A aprendizagem, no entanto, não se vê afetada apenas pela


A aprendizagem,
quantidade, mas também, e principalmente, pelo tipo de prática.
no entanto, não se
Embora se possam estabelecer várias dimensões para analisar a vê afetada apenas
natureza qualitativa da prática, a mais importante, sem dúvida, é o tipo pela quantidade,
de processos de aprendizagem que ela ativa. Uma prática repetitiva mas também, e
fomenta uma aprendizagem reprodutiva ou associativa, enquanto principalmente, pelo
uma prática reflexiva, em que o aluno deve compreender o que tipo de prática.
está arranjando, provocará uma aprendizagem mais construtiva ou
significativa.

Não podemos nos esquecer de que nas situações de instrução há


um componente essencial: o caráter social e cultural de toda atividade de
aprendizagem, que provoca uma influência mútua entre os participantes, alunos e
professores.

Hoje, há tipos distintos de professores trabalhando em situações muito


diferentes, desde o instrutor de autoescola até o monitor de natação, embora os
professores mais frequentes e mais conscientes da complexidade de sua atividade
profissional continuem vinculados ao sistema educativo em seus diversos níveis.

Pozo (2002) descreve cinco personagens em busca de um professor que


os assuma, respondendo à necessidade de aprendizagens marcadas, em
desempenho da idade dos alunos, das metas da instrução e das condições sociais
e institucionais em que essa se produz:

a) O professor provedor, que proporciona aos alunos informação, fatos e


dados, mas que também dá instruções ou administra prêmios e castigos.
É o professor que tem as respostas de que o aluno necessita;

81
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

b) O professor modelo, que ilustra modos de comportamento, atitudes


ou habilidades motoras,por meio de seu comportamento, atitudes ou
habilidades. É o espelho em que os alunos olham para saber o que têm
de fazer. Com muita frequência, é um papel mais implícito que explícito;

c) O professor treinador, que fixa em detalhe o que os alunos devem fazer,


quando, como e onde, como um médico com seus pacientes. Fixa o
tratamento e o aluno deve se limitar a cumpri-lo, custe o que custar. É
um papel complementar ao de provedor. Pode-se prover informação sem
treinar para o seu uso, mas não o contrário;

d) O professor tutor ou guia, que deixa os alunos assumirem parte da


responsabilidade de sua aprendizagem, mas depois que lhes fixou bem
as metas e os meios para alcançá-las. O tutor diz o que é preciso fazer
e como, mas deixa que os alunos organizem sua própria prática, que ele
acompanha e regula. Pergunta aos alunos em vez de lhes dar respostas;

e) O professor assessor ou diretor de pesquisa, que deixa que os alunos


fixem seus próprios objetivos concretos e planejem sua própria
aprendizagem, a partir de um marco geral previamente estabelecido.

Como você pode notar, existe um processo gradual de cessão de


responsabilidade ou autonomia aos educandos. Desse modo, os últimos papéis
serão apropriados em ocasiões de formação aberta, por exemplo, formação
de formadores, de diretores ou, inclusive, formação científica na educação
obrigatória, enquanto os primeiros predominarão em contextos de treinamento
muito diretivos, nos quais existam metas específicas a serem alcançadas.

Esses múltiplos personagens que se escondem – muitas vezes de forma


implícita – dentro de cada professor, para um bom e equilibrado desenvolvimento,
requerem não só técnicas concretas de intervenção como alguns princípios que
guiem esse magistério, de forma que a pluralidade de papéis não derive num lance
esquizofrênico, que confunda ainda mais os alunos.

O educador tem a obrigação de ser o articulador, proporcionando a interação,


promovendo trabalhos que estimulem os alunos e propiciando o desenvolvimento
de um ambiente afetivo e integrador. (FREINET, 1991).
Tanto o professor
como o educando
Tanto o professor como o educando conseguem produzir mais e
conseguem produzir
mais e melhor melhor quando há um clima de tranquilidade e afetividade. Assim, o
quando há um clima bom entendimento, a afetividade entre professor e aluno em sala de
de tranquilidade e aula só permitirá que a aprendizagem seja melhor.
afetividade.

82
Capítulo 3 A atuação do Psicólogo Educacional

Na ação pedagógica, no ato de ensinar e aprender, há que se


considerar a afetividade do aluno como uma dimensão inseparável
da inteligência. Ao trabalhar a relação afetiva pretende-se alcançar o
objetivo de promover o desenvolvimento. (CATANIA; SOUZA, 1999).

A sala de aula é o espaço onde se dá a formação básica do aluno. É nela que


o professor exerce diariamente sua prática, seleciona conteúdos e passa posições
políticas e ideológicas. Também transmite e recebe conhecimento, valores e afeto.
(BARNARD; ERICKSON, 1986).
A afetividade é
uma necessidade
A afetividade é uma necessidade básica da criança, indispensável
básica da criança,
e inseparável das atividades realizadas por ela. Dantas (1992) afirma indispensável e
que, ao estabelecer um vínculo afetivo positivo, as atividades fluem inseparável das
com mais intensidade e os resultados de aprendizagem são mais atividades realizadas
significativos. por ela.

Por isso mesmo, pensa-se em colocar ao professor ou, mais amplamente,


à escola, o dever de não só respeitar os saberes dos educandos, mas também
de discutir com os alunos a razão de ser de alguns desses saberes em relação
ao ensino de conteúdo. Por que não aproveitar a experiência que têm os alunos?
(FREIRE, 2003).

Como afirma Freire (2003), o afeto é como um espelho: quando demonstra


afetividade por mim, a pessoa torna-se meu espelho e eu me torno o dela; e
refletindo um no sentimento de afeto do outro, desenvolve-se o forte vínculo de
amor, essência humana em matéria de sentimento. Nesta interação
afetiva se desenvolvem nossos sentimentos positivos ou negativos e A escola deve
se constrói a nossa autoimagem. sempre considerar
os aspectos afetivos
e emocionais
Ao desempenhar o seu papel fundamental, a escola deve no processo de
sempre considerar os aspectos afetivos e emocionais no processo de construção do
construção do conhecimento. conhecimento.

A transmissão de conhecimento ocorre por meio da interação entre as


pessoas, portanto, cada vez mais, confirma-se a importância das relações
afetivas na escola. Consequentemente, na relação professor/aluno o afeto deverá
encontrar-se atuante para alicerçar o processo de aprendizagem.

Para exemplificar a atuação do psicólogo educacional junto à demanda de


queixa escolar, Meira e Antunes (2003, p. 14) descrevem:

83
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

Situamos o psicólogo educacional como mediador no processo


de elaboração das condições necessárias para a superação
da queixa escolar, uma demanda frequentemente presente em
nosso trabalho. Para tanto, defendemos a aprendizagem dos
conceitos cotidianos e científicos como a atividade principal
da criança para garantir o seu processo de humanização,
uma vez que ela possibilita e movimenta o processo de
desenvolvimento do pensamento, tendo a linguagem, a
consciência e as emoções como mediadoras desta ação.
Assim, podemos tomar como objeto de estudo/intervenção da
psicologia educacional, o modo como esta atividade da criança
é determinada pela educação em geral e/ou escolar, além da
descoberta das leis psicológicas que regem este processo.
No que compete à ação do psicólogo, propomos a descrição
e análise da relação entre o processo de produção da queixa
escolar e os processos de subjetivação/objetivação dos
indivíduos nele envolvidos, como uma mediação necessária à
superação das histórias de fracasso escolar.

Atividade de Estudos

1) Na prática educativa, podemos afirmar que identificar um erro


nem sempre justificaria o fracasso ou o insucesso, seja na
aprendizagem, seja no ensino ou seja por incompetência do
aluno. Nesse sentido, conceitue o fracasso escolar.
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________

Caro(a) pós-graduando(a), no próximo item estudaremos as práticas em


Psicologia Escolar: habilidades e implicações no processo de aprender, ou seja, o
papel do psicólogo escolar no processo de intervenção e diagnóstico no processo
de ensino e aprendizagem.

A Prática em Psicologia Escolar:


HabilidadeseImplicaçõesnoProcessode
Aprender
A Psicologia Escolar é aqui percebida como área de estudo da Psicologia
e de atuação, formação profissional do psicólogo, o qual tem, no contexto
educacional, escolar ou extraescolar, o foco de seu cuidado, e, na revisão crítica

84
Capítulo 3 A atuação do Psicólogo Educacional

das informações aglomeradas pela Psicologia como ciência, pela Pedagogia e


pela Filosofia da Educação, a possibilidade de contribuir para a superação das
indefinições teórico-práticas que ainda se colocam nas relações entre Psicologia
e a Educação.

Meira (1980 apud TANAMACHI; PROENÇA; ROCHA, 2000) defende que


o melhor lugar para o psicólogo escolar é o lugar possível, seja dentro ou fora
de uma instituição escolar, desde que ele se deposite dentro da educação e
assuma um compromisso teórico e prático com as questões da escola, já que,
independente do espaço profissional que possa estar ocupando, deve constituir-
se no foco principal de sua reflexão.

Andaló (1984) valoriza muito a atividade do psicólogo na escola e Andaló (1984)


justifica pelo fato de ser aquele profissional que ocasiona um conjunto valoriza muito
de referência psicológica às dificuldades da educação, do ensino e da a atividade do
adaptação escolar, pressupondo que tenha uma concepção unitária psicólogo na
do ser humano, dinâmica relativa ao seu desempenho e integrativa no escola e justifica
pelo fato de ser
que pertence ao seu ajuste e adaptação social.
aquele profissional
que ocasiona
Ainda, segundo Andaló (1984, p. 45): um conjunto
de referência
O psicólogo deve partir do princípio de que psicológica às
educar um indivíduo pressupõe transformá-lo dificuldades da
e ajudá-lo a desenvolver suas potencialidades;
deve considerar que a prevenção ativa das
educação, do ensino
perturbações escolares, sociais ou afetivas dos e da adaptação
alunos e a melhoria do ambiente escolar e familiar escolar.
resultam em benefício da própria sociedade.

A seguir, serão apresentadas algumas competências do psicólogo escolar


propostas por Del Prette (1991 apud GUZZO,1999):

a) Assessorar a elaboração, implementação e avaliação permanente do


projeto pedagógico, norteado por objetivos claramente definidos por todos
os setores da unidade escolar;

b) Assessorar a execução de instrumentos e procedimentos para avaliação


dos alunos, de acordo com o projeto pedagógico da unidade escolar;

c) Auxiliar na preparação de programas especiais de ensino para as


atividades regulares de sala de aula, inclusive relacionados às propostas
de atendimento e integração dos portadores de necessidades educativas
especiais;

85
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

d) Assessorar a elaboração de programas e atividades complementares,


em áreas pertinentes à consecução do projeto educativo, como
desenvolvimento emocional, relações interpessoais, orientação
profissional e preparação para o trabalho, orientação sexual, prevenção
de uso de substâncias psicoativas, criatividade, etc.;

e) Analisar e propor alternativas de reestruturação das relações funcionais


entre os setores da escola, promovendo maior participação de todos
nas tomadas de decisões e na avaliação e monitoramento das ações e
resultados;

f) Avaliar e intervir sobre a qualidade das interações de sala de aula, para


que as relações professor-aluno, entre alunos e dos alunos com outros
agentes educativos sejam bem aproveitadas;

g) Analisar e dinamizar os espaços e eventos educativos da escola, visando


à melhor exploração educativa, superando o ritualismo das ações e
arranjos ambientais;

h) Desenvolver e conduzir programas para os responsáveis pelas


crianças/jovens, para promoção de condições de aprendizagem e de
desenvolvimento integral do aluno e na prevenção de deficiências
funcionais, bem como programas complementares para os cuidadores de
alunos portadores de necessidades educativas especiais;

i) Participar na orientação, treinamento e desenvolvimento técnico-


profissional dos educadores, com ênfase na assimilação e na aplicação
das metodologias de ensino, dos alicerces psicológicos da educação e na
aplicação do compromisso e da identidade positiva do educando em seu
próprio papel de cidadão, intelectual e profissional;

j) Diagnosticar e encaminhar problemas relacionados às queixas escolares.

Para Reger (1984 apud PATTO, 1989), o psicólogo escolar seria um elo entre
o mundo acadêmico e o sistema escolar, poderia atender a dois objetivos: ajudar a
superar o descompasso entre educação e aplicação de resultados de pesquisa e
encorajar atividades de pesquisa nas escolas, servindo como elemento de ligação
para os acadêmicos que queiram fazer contato com indivíduos que falem a sua
linguagem nas escolas. “O psicólogo educacional experiente poderia exercer com
facilidade os papéis de consultor, orientador, professor e pesquisador.”. (REGER,
1984 apud PATTO, 1989, p. 15).

86
Capítulo 3 A atuação do Psicólogo Educacional

Psicólogo Educacional: Qual a sua


Função no Contexto Escolar?
É preciso reconhecer que a Psicologia convive com paradigmas diversos,
inspirados por diferentes concepções, e contribui na mediação e no encontro
entre os sujeitos e a Educação, cuja finalidade central de trabalho deve ser de
ajudar na construção de um processo educacional capaz de socializar o contexto
historicamente acumulado e influenciar na formação ética e política dos sujeitos.

Figura 11 - Atuação do psicólogo

Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/CF344j>. Acesso em: 23 maio 2016.

A atuação do psicólogo escolar deve estar voltada e


A atuação do
comprometida com a transformação, sendo a formação sustentada psicólogo escolar
por um conjunto de conceitos úteis, que priorizam e legitimam visões deve estar voltada e
de homem e de mundo calcadas em posições dialógicas entre saúde comprometida com a
e doença, indivíduo e sociedade, sujeito e objeto e, por fim, teoria e transformação.
prática.

É nesse campo de reflexão e de atuação junto à escola que se insere o


psicólogo escolar. É nas propostas direcionadas à escola, com todo o seu universo,
que se engaja o profissional da Psicologia. Recupera o que é mais valioso no
ser humano: a sua história, a sua subjetividade, nesse mundo que se desenrola
num contínuo processo de aprender a aprender e que implica a compreensão do
homem na sua integridade, como ser objetiva e subjetivamente construído, sujeito
dotado de uma cultura, e, em primeiro plano, um sujeito social.

87
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

Cabendo à Psicologia e às instituições parceiras e preocupadas com o


desenvolvimento e a educação de indivíduos e todo o universo presente nesse
processo resgatar a especificidade do contexto escolar, os aspectos motivadores
que fortalecem os elos afetivos de cada sujeito em relação ao aprender, que
implica, por sua vez, não somente a intimidade do sujeito com o conteúdo, mas
todas as trocas possíveis de relacionamento que promovam o processo de ensino
e aprendizagem de forma mútua e efetiva.

Vamos descrever o papel do psicólogo educacional no contexto escolar?


“O psicólogo escolar atua como um mediador dos processos de ensino-
aprendizagem, das relações sociais e da socialização que se passa na escola.”.
(MARINHO-ARAÚJO, 2009, p. 65).

O psicólogo Além disso, o Conselho Federal de Psicologia - CFP determina


educacional que o psicólogo educacional deve aplicar conhecimentos psicológicos
deve aplicar na escola concernentes ao processo ensino e aprendizagem,
conhecimentos
em análises e intervenções psicopedagógicas referentes ao
psicológicos na
escola concernentes desenvolvimento humano, às relações interpessoais e à integração
ao processo ensino família-comunidade-escola, para promover o desenvolvimento integral
e aprendizagem. do ser.

Segundo Andaló (1984, p. 45), destacam-se as seguintes possibilidades de


atuação do psicólogo educacional:

a)aplicar conhecimentos psicológicos na escola, concernentes


ao processo ensino-aprendizagem, em análises e intervenções
psicopedagógicas; referentes ao desenvolvimento humano,
às relações interpessoais e à integração família-comunidade
escola, para promover o desenvolvimento integral do ser;
b) analisar as relações entre os diversos segmentos do
sistema de ensino e sua repercussão no processo de ensino
para auxiliar na elaboração de procedimentos educacionais
capazes de atender às necessidades individuais.

Mas o que é a Psicologia Educacional?

“É a especialidade da psicologia que se interessa pelo modo como a


escolaridade afeta as crianças em geral e o aluno em interação com uma escola
específica.”. (COSTA; SOUZA; RONCAGLIO, 2000, p. 14). A especialidade
necessita de conhecimentos, pesquisas que envolvam o educando e outros
indivíduos, os quais estão inseridos em instituições escolares.

A função da
A função da Psicologia Educacional possui caráter preventivo e
Psicologia
Educacional possui educativo. Na área da prevenção, é possível dizer que:
caráter preventivo e
educativo.

88
Capítulo 3 A atuação do Psicólogo Educacional

Sua ação pode ser direcionada a neutralização das influências


negativas de certas condições sociais e educacionais; a
integração e mobilização dos recursos técnicos e humanos
dentro da instituição; a informação ou diferenciação de linhas
de ação ou elementos influenciáveis numa determinada
situação escolar. (COSTA; SOUZA; RONCAGLIO, 2000, p.
14).

Na área de caráter educativo, “[...] atua na busca de soluções para problemas


já diagnosticados, visando transformar as situações deficitárias em formas que
beneficiem o cumprimento dos objetivos educacionais.”. (COSTA; SOUZA;
RONCAGLIO, 2000, p. 14).

Segundo Costa, Souza e Roncaglio (2000, p. 15), a atuação como psicólogo


educacional abrange as seguintes atividades:

a) Na orientação de pais em situações em que houver necessidade de


acompanhamento e encaminhamento do aluno para outros profissionais,
como o psicólogo clínico, entre outros.

Figura 12 - Psicólogo com pais

Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/kYA5CS>. Acesso em: 23 maio de 2016.

b) Orientação, capacitação e treinamento de professores sobre como


trabalhar em sala de aula, levando em consideração aspectos
educacionais, implementando a metodologia de ensino que favoreça a
aprendizagem e o desenvolvimento intelectual, social e emocional do
aluno.

89
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

Figura13 - Psicólogo com professor em sala

Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/5tmgvv>. Acesso em: 23 maio 2016.

c) Desenvolver orientação vocacional profissional, aplicando sondagem de


aptidões, para contribuir com a melhor adaptação do aluno no mercado
de trabalho e a sua consequente autorrealização. Executar oficinas
pedagógicas em sala de aula, elaboradas e realizadas em conjunto com
professores, de acordo com a demanda de cada sala de aula.

Figura 14 - Psicólogo com aluno

Fonte: <http://goo.gl/e1fcjg>. Acesso em: 23 maio 2016.

d) Coordenar grupo operativo com família e equipe de profissionais


da escola. Auxiliar na construção e execução de projetos de ordem
multidisciplinar realizados na instituição de ensino. Realizar tarefas de

90
Capítulo 3 A atuação do Psicólogo Educacional

ordem institucional como recrutamento e seleção de pessoal, elaboração


de planos de cargos e salários, avaliação de desempenho, entre outros.
Atuar como facilitador das relações interpessoais da equipe escolar.

Figura15 - Psicólogo com grupo de pessoas

Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/WznFFq>. Acesso em: 23 maio 2016.

Lembre-se de que na escola o psicólogo educacional não realiza o


atendimento clínico, no entanto, a visão ainda é de um clínico trabalhando
dentro de uma escola. A diferença está na ausência de um enfoque curativo
individualizado, mas sim preventivo.

Meira e Antunes (2003) descrevem que a sistemática de trabalho do psicólogo


educacional envolve quatro momentos principais: avaliação da realidade escolar
e ou institucional; discussão dos resultados preliminares com todos os segmentos
da instituição educacional; elaboração do plano de intervenção; execução do
plano de intervenção.

A seguir, é apresentado um estudo de caso, segundo Meira e Antunes (2003,


p. 17), para ilustrar a atuação do psicólogo educacional.

91
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO COMO EXPRESSÃO DO PENSAMENTO

Herbert não quer falar, nem vivenciar qualquer situação que se


assemelhe à escola. Quando os temas se referem a outras situações
de seu dia a dia, ele esbofeteia os bonecos, xinga a psicóloga, diz
que ela não sabe de nada e que não vai fazer nada porque está
com sono. Diz que não sabe ler nem escrever. Outras vezes diz
que vai à escola para aprender... A psicóloga insiste para que ele
faça um desenho, conte uma história, leia ou ouça a leitura de um
livrinho, escreva o seu nome ou alguma letra que conhece, brinque
de escolinha. Embora irritado com esta condição insuportável que
todos (pais, escola, a psicóloga e ele próprio, que não consegue
ver sua realidade de outro modo, já que impedido de vivenciá-la...)
insistem como sendo a única possibilidade... (se conhecessem
outras formas de análise talvez tivessem elementos para romper
com estas já cristalizadas)... Herbert vai à aula, acredita que é lá que
irá aprender, quando a professora passa atividades iguais às dos
colegas, ele se empenha e participa ao menos. Quando a psicóloga
diz que ele não precisa fazer a atividade, mas que ela vai realizá-la...
e joga com os pais adotivos, ou lê e escreve... ele entra na atividade
e mostra tudo o que já é capaz de fazer... Herbert adora encontrar os
irmãos biológicos. Ele quer ir na casa deles... ver os pais biológicos...
A escola e os pais adotivos não querem que isso ocorra... mas
não falam sobre isso... A mãe adotiva tem medo de perdê-lo... A
professora acha que desconcentra... Os irmãos adotivos e o pai
acham que tem que ir e ficar... A psicóloga não sabe a hora exata
de suas intervenções. Como contar esta história a todos? Esquece-
se que a história poderia ser elaborada por todos, desde que cada
um deixasse de entender que esta é tarefa exclusiva dele... Herbert,
sem conhecer estas expectativas e análises, só quer ficar com todos,
quer desfrutar da riqueza de possibilidades que sua condição de vida
lhe permite. Impedido, se irrita... A professora desiste, a mãe está
cansada e não sabe mais o que fazer. O pai e as irmãs adotivas
acham que deve voltar para a família biológica. Um dia a mãe adotiva
viajou, ele quis bater numa das irmãs adotivas, ela ficou brava e ele
fugiu e foi parar na casa da família biológica.

Disponível em: <https://goo.gl/Yy0OQT>. Acesso em: 23 maio 2016.

Segundo Machado (2000, p. 68):

A avaliação e a intervenção não podem se pautar por métodos


que visem encontrar nos indivíduos a explicação para a
“queixa”. Não se trata de desfocar a criança, para culpabilizar
a família e/ou a escola. Mudamos a pergunta, em vez de
nos dirigirmos a pessoas ou situações isoladas – o que tem
efeito paralisador – buscamos as circunstâncias, porque estas
podem ser transformadas.
92
Capítulo 3 A atuação do Psicólogo Educacional

Trata-se de buscar, com todos os envolvidos, as ações, os


acontecimentos, as concepções que “produziram” a “queixa” e
O profissional da
“motivaram” seu encaminhamento. Psicologia auxilia o
professor a pensar
Machado (2000, p. 68) afirma, ainda, que: soluções para os
tais problemas de
A avaliação aqui adquire caráter investigativo aprendizagem, sem
e não classificatório, do que concluímos que a necessariamente
base de nossa avaliação é o resgate histórico das culpabilizar as
situações concretas que permitiram a existência
da “queixa”. Identificar as possibilidades crianças por eles,
concretamente existentes para a superação mas, sim, pensar no
dessa condição, constitui-se no desafio da sistema educacional
intervenção. como um sistema
muitas vezes não
E o profissional da Psicologia auxilia o professor a pensar acessível a essas
soluções para os tais problemas de aprendizagem, sem crianças.
necessariamente culpabilizar as crianças por eles, mas, sim, pensar
no sistema educacional como um sistema muitas vezes não acessível
a essas crianças.

O psicólogo educacional, como um agente facilitador, deve estar


sempre atento a real condição do educador e do educando, entendendo
seu olhar à vida como um todo consciente de que intervir implica
sensibilidade e objetividade, até mesmo para que haja a construção do
vínculo. (DEL PRETTE, 1991 apud GUZZO, 1999).

Você pode conhecer mais sobre a técnica de trabalho do


psicólogo educacional por meio do texto intitulado Novos Paradigmas
na Prática do Psicólogo Escolar, da autora Edla Grisard Caldeira de
Andrada, disponível no seguinte endereço eletrônico: <http://www.
scielo.br/pdf/prc/v18n2/27470.pdf>.

Para aprofundar seus conhecimentos sobre o assunto exposto,


leia o documento intitulado Referências Técnicas para Atuação de
Psicólogos nos Centros de Referência Especializado de Assistência
Social – CREAS, disponível no seguinte endereço eletrônico: <http://
goo.gl/CYeUAo>.

93
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

Agora, vamos conhecer um pouco sobre a instrumentalização técnica


do psicólogo escolar: entrevista, observação, estudo de caso, dinâmica de
grupo, aconselhamento, testes, sociograma, avaliação psicodiagnóstica e
encaminhamentos.

A entrevista, por ser um “[...] instrumento de investigação e avaliação, auxilia


na coleta de dados gerais ou específicos, na comprovação ou não de hipóteses e
na devolutiva de resultados e orientações.”. (COSTA, 2011, p. 61).

Costa (2011) descreve diferentes tipos de entrevista com a clientela que


busca, que utiliza e que faz o serviço na instituição escolar:

a) Entrevista com a família e/ou responsável: visa ao ajustamento escolar


do educando e seu melhor nível de aprendizagem, busca, por meio de
contatos diversos com a família e a instituição, ter o maior número de
dados e informações que possam favorecer o bom resultado de seu
objetivo maior;

b) Entrevista com funcionários: aqui se faz necessário assinalar a importância


da recepção e acolhida para todos os envolvidos na organização escolar.
Todos são educadores, todos estão envolvidos e inseridos num espaço e
processo educativo;

c) Entrevista com o aluno: o aluno é o personagem principal, protagonista


do processo e no processo educativo. Na sua aprendizagem e na sua
adaptação escolar é que estará concentrada toda uma equipe especialista
em educação. E essa relação se inicia na chegada, porta de entrada para
um longo caminhar.

O segundo item seria a observação, que consiste na atenção concentrada


de fenômenos, nas condições em que eles ocorrem, objetivando o conhecimento
de sua causa, leis, propriedades entre outros. Costa (2011, p. 69) descreve que,
por essas razões, é a “[...] técnica mais utilizada para recolhimento de dados e
subsídios para a ação acertada de todos os profissionais da educação.”.

Bleger (1980) comenta que a execução da técnica da observação necessita


de treino e experiência, pois um bom observador deve possuir determinados
requisitos pessoais, tais como: bom senso, equilíbrio, calma, capacidade de
registrar rapidamente os dados, ser imparcial, evitando a subjetividade.

A observação pode ser: ocasional e /ou assistemática,


quando se origina no cotidiano, sem regras e nenhum controle,
pois surge inesperadamente; sistemática, quando segue um
roteiro delimitado, fazendo parte de um projeto cientifico, com

94
Capítulo 3 A atuação do Psicólogo Educacional

variáveis controladas como o tempo, local, o fenômeno ou


acontecimento a ser estudado; observação simples – com
participação do observador requer ou não o disfarce desse,
que insere-se no grupo a ser observado, assumindo com ele
seus objetivos, registrando os dados obtidos; observação
simples não participante – o observador tem seu papel bem
definido, é um estranho no grupo. Requer, para minimizar as
inferências na ação a ser realizada, que inicialmente sejam
dadas ao grupo as necessárias explicações e apresentações
da tarefa a ser executada. (COSTA, 2011, p. 70).

Qualquer tipo de observação deve ser utilizado após avaliar as condições


de sua aplicação com as da situação a ser observada. A escolha do tipo de
observação deve ser meticulosamente refletida para serem obtidos os dados
esperados. O psicólogo escolar deve aplicá-la quando sentir-se seguro de que,
por meio dela, conseguirá informações relevantes para seu trabalho. Para tanto,
deverá planejar o que deve ser observado especificamente, não se perdendo na
situação, registrando aspectos irrelevantes.

Já o estudo de caso, Costa (2011) cita como uma técnica não privativa do
psicólogo escolar, sendo utilizada largamente pelo orientador educacional e por
diversos profissionais de recursos humanos dentro das empresas. Ela consiste no
estudo minucioso, profundo e individualizado de um determinado educando, que
apresente sintomas anormais de comportamento na escola, família ou no meio
social.

Por meio dela, o psicólogo escolar detém um quadro mais


Lembre-se, pós-
completo do educando, pois dirige-lhe toda a atenção para poder graduando(a), de
socorrê-lo. Abrange o histórico do desenvolvimento, seus êxitos que para atingir
e fracassos. O objetivo principal da técnica é “[...] auxiliar o aluno os objetivos dessa
a vencer as suas dificuldades de ajustamento, pois informa todo técnica o psicólogo
o passado e o presente do mesmo, os recursos e as dificuldades escolar deve sempre
proporcionar um
coletivas e das influências dos diversos ambientes em que vive.”.
clima de segurança
(COSTA, 2011, p. 76). e disponibilidade
recíproca.
Lembre-se, pós-graduando(a), de que para atingir os objetivos
dessa técnica o psicólogo escolar deve sempre proporcionar um clima
de segurança e disponibilidade recíproca.

O quarto item refere-se à dinâmica de grupo. Por se tratar de uma realidade


heterogênea e complexa, o psicólogo escolar deve conhecer a dinâmica de
grupo para poder intervir de forma acertada quando houver necessidade; ou
preventivamente para não haver necessidade.

A escola, na condição de instituição que propicia e necessita da socialização


dos indivíduos para poder existir, favorece a existência de diversos grupos, desde

95
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

os informais (aqueles que casualmente se formam, apenas para responder a uma


necessidade imediata, como os grupos de gincanas, times de esportes, grupos
formados pelos professores) e os formais (aqueles que possuem maior afinidade,
com objetivos mais precisos e duradouros, com elementos de semelhantes
características).

Bleger (1980) afirma ser importante que o psicólogo escolar atente para cinco
aspectos relevantes, existentes na dinâmica de grupo na escola:

• Comunicação: entre os elementos do grupo e do grupo com outros grupos,


que se não for bem processada poderá acarretar conflitos e prejuízos para
toda a escola, devendo-se conhecer e intervir consequentemente nesse
processo, buscando clarificar as intenções para se atingir os objetivos
comuns a todos;

• Identidade social: ela se dá diferentemente para cada pessoa, pois


algumas identificam-se com características individuais de pessoas e/ou
com a instituição como um todo;

• Controle: para se fazer parte de um dado grupo, tem-se que respeitar


os padrões de comportamento, os valores que o grupo apregoa como
corretos. Na escola, existem instrumentos, como o Regimento Escolar
e o Regulamento Interno, que norteiam as ações de todos, servindo
como parâmetro para o controle dos excessos que seus variados grupos
possam cometer;

• Assimilação: processo em que os indivíduos de quaisquer grupos se


inserem para se adaptarem a eles, assumindo seus valores sociais,
culturais e morais;

• Participação: sem ela não há interação, pois pressupõe um compromisso


dos indivíduos com a existência do grupo.

Lembre-se de que Lembre-se de que todo ser humano é um ser social, o qual
todo ser humano é necessita viver em grupo, pois ele lhe propiciará a socialização, a
um ser social, o qualmaturidade social e, por que não dizer, a saúde mental. Mas ninguém
necessita viver em
apenas se submete ao grupo, não é apenas passivo, pois, ao
grupo.
mesmo tempo em que recebe influências deste, o influencia, numa
reciprocidade contínua. Sem interação não há dinâmica em um grupo, pois ele é
um constante ser e pertencer.

96
Capítulo 3 A atuação do Psicólogo Educacional

O aconselhamento é um dos recursos que pode ser utilizado pelo psicólogo


na instituição escolar. Scheeffer (2005, p. 45) sintetiza aconselhamento como “[...]
uma relação face a face de duas pessoas, na qual uma delas é ajudada a resolver
dificuldades de ordem educacional, profissional, vital e a utilizar melhor os seus
recursos pessoais.”.

Sabemos que aconselhamento e psicoterapia se confundem nas suas


finalidades e, por isso, o psicólogo na escola deve tomar o cuidado para
ficar no aconselhamento e não psicoterapeutizar. Quando em sessões de
aconselhamento, percebe-se a necessidade de atuar em nível mais profundo,
para ajudar o indivíduo desajustado ou neurótico a reestruturar sua personalidade,
devemos encaminhá-lo para tratamento psicoterápico em clínicas psicológicas.

Lembre-se, a escola não é um espaço clínico. Na escola, o aconselhamento


tem por fim promover um melhor ajustamento do aluno para que ele possa
desenvolver as suas potencialidades.

Na escola, o aconselhamento envolve aspectos emocionais e cognitivos.


Trabalha com indivíduo frente à situação da realidade em que está inserido.
Costa (2011) descreve que o aconselhamento na escola pode acontecer de forma
individual e em grupo. Devido à questão tempo, o aconselhamento em grupo é
bastante utilizado. O que determina a formação do grupo são os pontos comuns
entre os alunos e ele se desfaz na medida em que cada aluno se sente atendido
nos seus propósitos.

Vamos agora estudar um tema cheio de mitos e ritos: o teste. Como qualquer
técnica, pressupõe planejamento de ação, tendo com clareza os objetivos, para
que se possa utilizar bem as informações colhidas.

Existem diversos tipos de testes e diversas formas de aplicação, com


diferentes objetivos, recursos, enfim, diferentes procedimentos e técnicas.

Para aprofundar seus conhecimentos sobre a possibilidade do


uso de testes na escola, busque o seguinte livro:

NOVAES. M. H. Psicologia escolar. Petrópolis: Vozes, 1986.

Novaes (1986, p. 56) cita que os testes da escola:

97
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

[...] possibilitarão medir o desenvolvimento e o progresso dos


alunos em relação aos objetivos educacionais, diagnosticar
suas áreas positivas e negativas de aprendizagem, fazer o
levantamento dos perfis das aptidões acadêmicas, permitindo,
assim, a avaliação do próprio ensino e os programas
escolares.

A citada autora ressalta que cada comunidade escolar, dependendo de sua


estrutura e necessidade, poderá ter seu programa de testes. Enfatiza, ainda, que
os testes psicológicos padronizados não devem substituir a avaliação educacional
planejada pelo professor, pela equipe pedagógica, enfim, pela escola, para avaliar
e controlar o rendimento escolar.

Costa (2011) descreve que a eficácia do processo dependerá da correta


seleção de testes, aplicação/correção e criteriosa utilização dos resultados obtidos.
Podemos concluir, portanto, que os testes podem ter diferentes finalidades:
medir habilidades mentais ou aptidões, medir interesses e preferências, medir
características de personalidade.

O sociograma é um “[...] instrumento de sondagem que ajuda o profissional


da educação a perceber a estrutura e a dinâmica de um determinado grupo, além
de verificar a posição e a qualidade das relações que um indivíduo ou todos os
elementos deste grupo possuem.”. (COSTA, 2011, p. 98).

Novaes (1986) define o sociograma como o teste sociométrico mais utilizado


na instituição escolar. O psicólogo escolar deve utilizá-lo quando necessitar:

• Conhecer aspectos do relacionamento de cada classe, ou uma em


específico, intervindo para melhorar as dificuldades das relações
interpessoais;

• Socorrer a tempo os educandos desajustados ou rejeitados;

• Melhorar a comunicação e as relações entre professores e educandos,


educandos entre si, da classe como grupo;

• Melhorar o rendimento, a disciplina e a organização das classes.

Sociometria: instrumento de medida que estuda as estruturas


em função das atrações e repulsas manifestadas no seio de um
grupo.

Fonte: Novaes (1986, p. 78).

98
Capítulo 3 A atuação do Psicólogo Educacional

O psicólogo escolar, por meio do sociograma, consegue detectar


O psicólogo
o que é e a quem os membros do grupo preferem, rejeitam ou são escolar, por meio
indiferentes. Nesse sentido, a partir da representação gráfica, que é do sociograma,
o sociograma propriamente dito, ele percebe se a classe é composta consegue detectar o
por subgrupos, grupinhos fechados, duplas inseparáveis, a posição que é e a quem os
de cada aluno em relação à turma, os mais populares e os mais membros do grupo
preferem, rejeitam
impopulares, os esquecidos e os rejeitados.
ou são indiferentes.

Segundo Soeiro e Aveline (1982), a vantagem dessa técnica é


que ela é um instrumento de avaliação que oferece uma base para o A vantagem dessa
diagnóstico grupal. É uma técnica de autocontrole. Serve como ponto técnica é que ela
é um instrumento
de partida para a pesquisa, recuperação preventiva ou terapêutica
de avaliação que
grupal. oferece uma base
para o diagnóstico
Além dessas vantagens, Costa (2011) descreve que o psicólogo grupal.
escolar deve se conscientizar de que as informações ou dados obtidos
por meio de sociograma não são completas nem definitivas, tratando-se de um
determinado momento vivido por um grupo específico.

Por fim, vamos conversar sobre a avaliação psicodiagnóstica e


encaminhamentos. Na escola, consiste em utilizar-se recursos, meios e
processos técnicos com o objetivo de conseguir uma descrição e compreensão
mais clara possível da personalidade do educando e suas relações com a
aprendizagem e o meio em que está inserido para podermos encaminhá-lo para o
tratamento necessário e adequado.

Novaes (1986, p. 67) cita que sua função no espaço escolar é de “[...]
localizar, analisar e identificar causas das dificuldades dos alunos em todas as
suas áreas de atividades e ainda, de identificar e avaliar áreas de aprendizagem e
ajustamento tanto positivas quanto negativas.”.

O processo psicodiagnóstico pode dar-se em quatro momentos:

No primeiro, contato e entrevista inicial, na escola, é recomendável que


a entrevista inicial seja semidirigida, pois permite que o campo psicológico
configurado pelo psicólogo e educando se estruture em função de vetores
assinalados pelo educando. O psicólogo pode intervir para assinalar alguns
vetores quando o entrevistado não sabe como começar ou continuar. Nessa
entrevista, é necessário extrair certos dados que nos permitam formular hipóteses,
planejar a bateria de testes e, posteriormente, interpretar com maior precisão os
resultados. (CUNHA, 2000).

99
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

O segundo, aplicação de testes e técnicas, serve para selecionar os testes


e técnicas que deverão ser aplicadas em cada caso. Devemos estar atentos à
idade, ao nível de escolarização e à dificuldade apresentada. Na bateria, devem
constar testes projetivos; testes de nível intelectual; nas primeiras séries, testes
de aptidões básicas para aprendizagem e, nas séries mais adiantas, podem ser
incluídos testes de interesse e aptidões específicas. (COSTA, 2011).

Atenção: é Atenção: é importante determinar a sequência em que serão


importante aplicados os testes escolhidos. Para isso, devem ser observados dois
determinar a fatores – a natureza do teste e a do caso em questão.
sequência em que
serão aplicados os A entrevista de devolução é o terceiro item. Costa (2011)
testes escolhidos.
descreve que nesse momento o objetivo é a transmissão das
Para isso, devem
ser observados dois informações, obtidas por meio de todo o processo diagnóstico aos
fatores – a natureza pais e ao aluno em comunicação verbal discriminada e dosada.
do teste e a do caso
em questão. Na entrevista de devolução na escola, é muito importante o
psicólogo escolar lembrar que esta criança ou adolescente será
Lembre-se, a encaminhado, se necessário, para tratamento clínico. Lembre-se, a
linguagem utilizada linguagem utilizada deverá ser clara e com sínteses compreensivas à
deverá ser clara medida que novos dados são apresentados.
e com sínteses
compreensivas
E, por último, os encaminhamentos, que deverão ser realizados
à medida que
novos dados são no final da entrevista de devolução. O fato de ter encaminhado a
apresentados. criança ou adolescente não significa que seu trabalho com esse aluno
encerrou. Ele deve verificar se foi solicitado, foi aceito e acompanhar
os devidos tratamentos, mantendo contato com os profissionais e com o
aluno, observando-o em diferentes momentos, na escola, conversando com os
professores e orientadores para buscar informações sobre a eficácia do trabalho
interdisciplinar. (CUNHA, 2000).

Para finalizar, Reger (1989) descreve que o psicólogo escolar seria um elo
entre o mundo acadêmico e o sistema escolar, poderia atender às pesquisas nas
escolas, servindo como elemento de ligação para os acadêmicos que queiram
fazer contato com indivíduos que falem sua linguagem nas escolas.

100
Capítulo 3 A atuação do Psicólogo Educacional

Atividade de Estudos

1)
A Psicologia Educacional é uma ciência aplicada aos
comportamentos escolares ou conjunto de conhecimentos
psicológicos relacionados às situações que são peculiares nas
instituições de ensino. Seu objetivo é dar suporte à atuação
profissional do psicólogo como membro de uma equipe de
educadores. Diante disso, descreva algumas competências do
psicólogo escolar.
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________

Neste tópico, pós-graduando(a), estudamos sobre a atuação do psicólogo


educacional. Não se esqueça das leituras complementares, sugeridas ao longo
do capítulo.

Algumas Considerações
Compreendendo a nova formação do psicólogo educacional, a
multidisciplinariedade favorece suas práticas na escola, que podem abarcar
elementos transformadores sociais. Esta formação habilita o psicólogo a
desenvolver ações, como oficinas de orientação profissional, sexualidade e
drogas, avaliar o plano pedagógico e, se necessário, readaptá-lo para melhor
compreensão, relacionamento de professores e gestão administrativa, além
de observar outras demandas existentes em cada instituição. Com a família,
desenvolver projetos de orientação ou promoção de atitudes práticas no
desenvolvimento dos alunos, tornando-os mais participativos.

A importância do psicólogo educacional se destaca na compreensão do ser


humano com um todo, assim, também, nos fenômenos que se apresentam durante
seu processo de formação, visualizando o todo e compreendendo a origem e as
consequências. Diante dos fenômenos escolares, segue o mesmo princípio,
compreender o aluno e o fenômeno que o cerca, evitando, assim, laudos e rótulos
desnecessários, que marcam o desenvolvimento humano. Com a perspectiva
apresentada sobre este profissional, compreende-se que sua atuação pode auxiliar
no desenvolvimento do ser humano e toda uma instituição.

101
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

Referências
ANDALÓ, C. S. A. O papel do psicólogo escolar: psicologia, ciência e
profissão. Brasília, 1984.

BARNARD, K.; ERICKISON, M. Como educar crianças com problemas de


desenvolvimento. 2. ed. Rio de Janeiro: Globo, 1986.

BLEGER, J. Temas em psicologia – entrevistas e grupos. São Paulo: Martins


Fontes, 1980.

BRANCO, M. T. C. Que profissional queremos formar? Psicologia, ciência e


profissão, Brasília, v. 4, n. 18, p. 28-35, set. 1998.

CATANIA, C.; SOUZA, D. G. Aprendizagem: comportamento, linguagem e


cognição. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 1999.

CHARLOT, B. Da relação com o saber, elementos para uma teoria. Porto


Alegre: Artmed, 2000.

COSTA, C. R. da; SOUZA, I. E. R. de; RONCAGLIO, S. M. Momentos em


psicologia escolar. Rio de Janeiro: Juruá, 2000.

COSTA, C. R. Momentos em Psicologia Escolar. Curitiba: Juruá, 2011.

CUNHA, J. A. Psicodiagnóstico V. Porto Alegre: Arte medicas, 2000.

DANTAS, H. Para conhecer Wallon: uma psicologia dialética. São Paulo:


Brasiliense, 1992.

DAVIS, C.; OLIVEIRA, Z. de M. R. de. Psicologia na educação. São Paulo:


Cortez, 2007.

DEL PRETTE, Z. A. Psicologia, educação e LDB: novos desafios para velhas


questões? In: GUZZO, R. S. L. (Org.) Psicologia Escolar: LDB e educação hoje.
Campinas: Alínea, 1999.

DUARTE, N. A educação escolar e a teoria das esferas de objetivação do gênero


humano. Revista paulista de psicologia e educação, Araraquara, v. 1, n. 1, p.
95-114, ago. 1995.

102
Capítulo 3 A atuação do Psicólogo Educacional

FOSCHIERA, R. Psicologia da educação: inclusão e autenticidade. Canoas:


Salles, 2010.

FREINET, C. Pedagogia do bom senso. Lisboa: Estampa. 1991.

FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra,


2003.

GRISAY, A. Repetir o ano ou adequar o currículo. In: MARCHESI, A.; GIL, C. M.


Fracasso escolar: uma perspectiva multicultural. Porto Alegre: Artmed, 2004.

GUZZO, R. S. L. Psicologia escolar: LDB e educação hoje. Campinas: Alínea,


1999.

LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.

MACHADO, M. A. de M. Desafios a serem enfrentados na capacitação de


gestores escolares. Em aberto, Brasília, v. 17, n. 72, p. 97-112, fev./jun. 2000.

MALUF, M. R. Formação e atuação do psicólogo na educação: dinâmica de


transformação. In: ACHCAR, R. (Coord.). Psicólogo brasileiro: práticas
emergentes e desafios para a formação. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1994.

MARCHESI, A.; GIL, C. M. Fracasso escolar: uma perspectiva multicultural.


Porto Alegre: Artmed, 2004.

MARINHO-ARAÚJO, C. M. Psicologia escolar na educação superior: novos


cenários de intervenção e pesquisa. Campinas: Alínea, 2009.

MEIRA, M. E. M.; ANTUNES, M. A. M. Psicologia escolar: práticas críticas. São


Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.

MEIRA, M. E. M. Psicologia escolar: pensamento crítico e práticas profissionais.


In: TANAMACHI E. R.; PROENÇA M.; ROCHA M. L. (Org.). Psicologia e
educação: desafiosteórico-práticos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000.

NOVAES, G. de. Psicologia, personalidade e liberdade. 4. ed. São Leopoldo:


Rotermund,1980.

______. Psicologia Escolar. Petrópolis: Vozes, 1986.

PATTO, M. H. S. A produção do fracasso escolar. São Paulo: Casa do


Psicólogo, 1990.

103
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
Ensino e Aprendizagem

_______. A produção do fracasso escolar. São Paulo: T. A. Queiroz, 1996.

_______. Psicologia e ideologia: uma introdução crítica à psicologia escolar.


São Paulo: T. A. Queiroz, 1997.

POZO, J. I. Aprendizes e mestres: a nova cultura da aprendizagem. Porto


Alegre: Artmed, 2002.

REGER, R. Psicólogo escolar: educador ou clínico? In: PATTO, M.H.S.


Introdução à psicologia escolar. São Paulo: T. A. Queiroz, 1989.

SAVIANI, D. Educação e questões da atualidade. São Paulo: Cortez, 1991.

SCHEEFFER, R. Aconselhamento psicológico. São Paulo: Editora Fundo de


Cultura, 2005.

SOEIRO, l.; AVELINE, S. Avaliação educacional. Porto Alegre: Sulina, 1982.

104

Você também pode gostar