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Unimed do Brasil
Orestes Pullin
Presidente
Alberto Gugelmin Neto
Vice-Presidente
Viviane Vieira Malta
Diretora de Administração e Finanças
Darival Bringel de Olinda
Diretor de Desenvolvimento de Mercado
Orlando Fittipaldi Junior
Diretor de Gestão de Saúde
Marcelo Mergh Monteiro
Diretor de Intercâmbio
Paulo Roberto de Oliveira Webster
Diretor de Regulação, Monitoramento e Serviços
Unimed Ciência
Publicação Anual da Unimed do Brasil
Out/2017 - n.2 - vol. 1 - p. 189-304
ISSN impresso: 2525-7331
Tiragem: 2.000 exemplares
Unimed do Brasil
Confederação Nacional das Cooperativas Médicas
Alameda Santos, 1.827 – 10º Andar
São Paulo/SP – Brasil – CEP 01419-909
Telefone: 55 11 3265-4000
www.unimed.coop.br – cas@unimed.coop.br
índice
APRESENTAÇÃO
Um chamado irrefutável
194
Orestes Pullin
Carta ao Leitor
195
Cloer Vescia Alves
A metamorfose do gigante
207
Cloer Vescia Alves, Sheila Mittelstaedt e Silvia Esposito Egidio
Inovação nas condutas da Atenção Integral à Saúde prestadas às gestantes - Unimed Vitória
217
Emilly Sampaio Favaro Colombi, Esvana Quinelato Cipriano e Fernanda Souza Miranda
Plano Viver Mais: modelo pioneiro de Atenção Integral à Saúde na Unimed João Pessoa-PB
237
Andréa Gondim Mendonça, Marcelo Eduardo O. Ugulino de Araújo e Alexandre A. Ramalho Araruna
Para que possa ser considerada eficiente e hu- A inserção da Atenção Integral à Saúde (AIS) é
manizada, a prática médica deve ser sustentável do extremamente necessária. Felizmente, o Sistema
ponto de vista econômico-financeiro e zelar pela Unimed tem correspondido ao irrefutável chama-
qualidade de vida do paciente. Aqui, é importante do e, com a liderança da Unimed do Brasil, imple-
notar que não estamos falando de administração mentado iniciativas que já trazem resultados tanto
de uma doença ou condição pré-existente, mas da no perfil epidemiológico de certas regiões quanto
manutenção da saúde durante toda a vida. na capacidade de as operadoras continuarem a
A perspectiva de envelhecimento populacional existir com solidez em seus respectivos mercados.
nos avisa que os idosos serão uma parte considerá- Neste momento, temos muito a aprender com
vel de nossos beneficiários em um futuro próximo. os exemplos presentes nas páginas a seguir. Que
Cabe a nós, então, ajudá-los a estarem nas melhores eles nos inspirem e sejam a pedra angular de um
condições físicas e psicológicas possíveis, em uma movimento nacional capitaneado por quem, há
troca benéfica a todos e que está totalmente alinha- 50 anos, está na vanguarda da saúde brasileira:
da à vocação da Unimed, que é cuidar de pessoas. a Unimed.
Carta ao Leitor
Cloer Vescia Alves
Coordenador do Comitê de Atenção Integral à Saúde da Unimed do Brasil
Normalmente, as resistências ocorrem, pois, certas nos serviços de AIS é o pagamento por capitação,
práticas, contrárias ao funcionamento do siste- no qual o médico cooperado recebe pela carteira
ma como uma rede organizada com centralidade de clientes vinculados a ele e não pelas consultas
na AIS, são costumeiras e consolidadas nas redes ou procedimentos que realiza.
onde inexiste a AIS. Assim, não é raro que, após re- Em geral, todos os modelos de remuneração
ceber alta de uma internação decorrente de uma têm suas vantagens e desvantagens e o usual é que
crise de asma, o cliente seja encaminhado a um se adote um mix deles como forma de estímulo à
pneumologista, ou que, após procurar um cirurgião formação de uma rede de atenção com desenho
para a realização de uma colecistectomia eletiva, desejado. A adoção dessa fusão de modelos pode
seja solicitado que o cliente procure um cardiolo- se dar tanto no âmbito geral, considerando todos
gista para a realização de uma avaliação pré-ope- os serviços de saúde da cooperativa, como no âm-
ratória. Em ambos os casos, em um sistema orga- bito individual. Assim, um cooperado atuando no
nizado com a presença da AIS, o cliente deveria serviço de AIS pode, por exemplo, ter sua remu-
ser direcionado a esse serviço e não diretamente neração determinada predominantemente per
a outros serviços da rede, pois tratam-se de ações capita, mas acrescida de uma proporção menor
naturalmente contempladas no escopo de atuação de pagamento por procedimentos, enquanto que
da AIS. A experiência nas cooperativas que já de- um cooperado atuando em um serviço de prope-
senvolvem produtos organizados com centralida- dêutica por imagem ou no setor de internação de
de na AIS é de que exemplos como esses ocorrem um hospital pode ter seu rendimento determinado
com frequência, em geral por desconhecimento do predominantemente por produção.
modo como o produto deve funcionar ou por se- A sensibilização dos médicos cooperados quan-
rem práticas enraizadas. to à importância da AIS para a cooperativa e as ca-
Algumas estratégias podem facilitar a forma- racterísticas das redes de atenção centradas na AIS
ção de uma rede de atenção na estruturação da também são estratégias interessantes. Isso pode
AIS. Modelos de remuneração variável, com va- se dar em assembleias, cursos, seminários, mídias
loração de consultas e procedimentos realizados e espaços voltados aos cooperados em geral. Da
com clientes encaminhados pelo serviço de AIS, mesma forma, é conveniente incentivar a comu-
é uma dessas estratégias. A valoração de proce- nicação e o intercâmbio de conhecimentos entre
dimentos e cuidado a doenças mais específicas os serviços de AIS e o restante da rede de serviços,
de determinada especialidade em detrimento ao seja por meio de atividade de educação continua-
cuidado de condições de escopo mais generalista da, seja com o auxílio de sistemas de informação
também pode ser interessante. Nesse modelo de que facilitem a referência e a contra-referência de
remuneração, deveria tornar-se mais interessan- paciente ou por outras medidas similares.
te a um cardiologista, por exemplo, acompanhar
uma carteira de pacientes com cardiopatias mais O quantitativo de médicos de família
complexas, encaminhados a ele pelo médico de Segundo a diretora-geral da Organização Mun-
família, do que manter uma carteira de pacientes dial de Saúde entre 2007 e 1º de julho de 2017,
com hipertensão arterial leve e sem complicações, Margaret Chan, “a oferta e a sustentação de cui-
que poderiam manter seu acompanhamento no dados de atenção primária à saúde exigem vários
serviço de AIS sem nenhum prejuízo à saúde. Uma elementos principais, tais como, boa governança,
alternativa à remuneração por procedimento par- financiamento adequado e sustentável e uma for-
ticularmente apropriada para cooperados atuando ça de trabalho capaz e motivada. Um componente
importante desse último item é a medicina de fa- necessários 25 mil médicos de família. E, nesse
mília”. De fato, a formação generalista, com forte ponto, é interessante destacar que a busca pela
direcionamento para as características epidemio- transformação do modelo de atenção e pelo de-
lógicas e organizacionais peculiares dos serviços senvolvimento de serviços de AIS é uma tendência
de atenção primária, faz do médico de família e co- geral na saúde suplementar, não um fenômeno que
munidade o especialista apropriado para atuar na vem ocorrendo apenas dentro do Sistema Unimed.
AIS. Entretanto, o quantitativo de médicos de fa- Em países como Canadá, Espanha e Portugal,
mília no País pode não ser suficiente para atender onde ocorreram reformas do sistema de saúde
à demanda pelas mudanças de modelo de atenção para se criar uma estrutura com centralidade na
no Sistema Unimed. atenção primária à saúde, em um período relativa-
A formação de médicos de família no Brasil mente curto de tempo, também houve uma escas-
vem se desenvolvendo significativamente nos úl- sez relativa de médicos de família. Cenários desse
timos anos. O número de vagas em programas de tipo são facilmente compreensíveis, pois, enquan-
residência em medicina de família e comunidade to as mudanças estruturais nos sistemas de saúde
passou de pouco mais de 500 por ano para mais podem ser conduzidas de forma relativamente
de 2.500 por ano, ao longo da última década. É rápida, o processo de formação de médicos espe-
um crescimento substancial, mas que, em termos cialistas é bastante longo e qualquer mudança que
proporcionais, ainda não é representativo, pois o se faz necessária nesse processo só terá resultados
número de vagas de residência nessa área ainda é observáveis após alguns anos. A solução à qual
de pouco mais de 10% do total. Além disso, o nú- muito frequentemente se recorre nessas situações
mero de vagas que permanecem ociosas é alto, tor- – a mesma adotada nos países citados – é desen-
nando baixo o número de especialistas formados, volver processos temporários de reconversão de
de tal modo que a quantidade de brasileiros com especialistas, oferecendo, usualmente a pediatras
essa especialidade ainda é pequena. Dados do es- e a clínicos gerais, formações que os habilitem a
tudo Demografia Médica, do Conselho Federal de uma prática plena e à titulação como médicos de
Medicina, apontam que os médicos de família re- família. Essa é uma alternativa possível dentro do
presentam apenas 1,2% do total de especialistas no Sistema Unimed, caso a estruturação de serviços
Brasil, somando pouco mais de 4 mil médicos. A de AIS esteja de fato prejudicada pela falta de es-
título de comparação, em países com um sistema pecialistas com as competências necessárias para
de saúde robusto e estruturado com centralidade esses serviços. A Unimed Belo Horizonte e a Uni-
na atenção primária, como Inglaterra, Holanda ou med Vitória, bem como outras cooperativas que já
Canadá, a proporção de médicos de família entre desenvolveram produtos estruturados na AIS, têm
todos os especialistas é da ordem de 40% ou mais. realizado cursos e treinamentos introdutórios para
Naturalmente, proporções muito semelhantes são os cooperados que atuarão em seus serviços de
encontradas entre as vagas de residência médica. AIS. Por hora, essa capacitação não tem o objetivo
Estudos da Organização para Cooperação e de promover reconversão de especialistas e nem
Desenvolvimento Econômico apontam que, em seria suficiente para tal.
países com sistemas de saúde centrados na aten- Uma alternativa razoável para fomentar a for-
ção primária existe, em média, aproximadamen- mação de médicos de família é a aproximação com
te um médico de família para cada 2 mil pessoas. os programas de residência médica na especialida-
Se utilizarmos essa razão aproximada como refe- de. A participação nas atividades didáticas do pro-
rência, apenas para a saúde suplementar seriam grama de residência para tratar de temas como o
modelo de atenção centrado na AIS. Dessa forma, a características do modelo de atenção predomi-
solução passa por encontrar o equilíbrio exato en- nante na saúde suplementar, como o livre acesso
tre o crescimento dos produtos centrados na AIS e a diferentes especialidades e serviços, sejam forte-
a transição de gerações dos médicos cooperados. mente valorizadas no nicho de mercado da saúde
As estratégias de reconversão de especialistas suplementar.
e, principalmente, as estratégias de reformulação Historicamente, o modelo de produto comer-
do modelo de remuneração citadas anteriormente cializado tem sido aquele fundamentado no cader-
podem facilitar esse processo de transição de ge- no com a rede de profissionais e serviços disponí-
rações e deveriam ocorrer de forma concomitante. veis ao cliente. No Sistema Unimed, esse fenômeno
No que se refere à remuneração, devem ser agrega- é amplamente conhecido e frequentemente ex-
dos fatores que estimulem a qualidade da atenção, plorado em campanhas publicitárias. Diante disso,
a resolutividade e a indução da rede com coorde- é esperado que produtos pautados na mudança do
nação de cuidados nos serviços de AIS em detri- modelo de atenção, com centralidade na AIS, sejam
mento meramente do volume de produção. pouco atrativos ao nicho de mercado da saúde su-
plementar. As vendas de produtos de AIS também
O mercado assumem características próprias. As equipes de
Atualmente, cerca de 50 milhões de brasileiros vendas estão habituadas com o modelo de produ-
têm acesso a planos de saúde, número que repre- to predominante na saúde suplementar, e é menos
senta a grosso modo um quarto da população do dispendioso ao vendedor apresentar um produto
País. Após um período de crescimento na última que se pauta meramente no caderno com a relação
década, notou-se uma leve redução nesse número de profissionais e serviços aos quais o cliente terá
nos anos mais recentes, o que podemos entender acesso do que discorrer sobre o conceito do cuida-
como um sinal de que, dada a situação econômica do à saúde e a ciência por trás do modelo de aten-
atual do Brasil, este deve ser o patamar que deter- ção centrado na AIS.
mina o nicho para a saúde suplementar. É funda- Essa peculiaridade do nicho de mercado da
mental compreendermos as características desse saúde suplementar deve ser vista como um dos
mercado para planejarmos adequadamente as mu- principais entraves à expansão dos produtos de
danças pretendidas no modelo de atenção à saúde. AIS no Sistema Unimed. Certamente é possível
Ao contrário do que se vê na saúde suplementar, mudar essa característica do mercado, mas, para
o modelo de atenção predominantemente adotado isso, é necessário que os produtos de AIS se tornem
nos serviços públicos de saúde brasileiros é forte- o padrão para os produtos comercializados. Natu-
mente centrado na atenção primária. O modelo de ralmente que, para isso, serão necessárias mudan-
atenção primária adotado no País, a Estratégia de ças substanciais na estrutura e nas características
Saúde da Família, e a sua expansão na última dé- das cooperativas, como a mudança nas proporções
cada têm considerável destaque internacional pe- de especialistas citadas anteriormente. Especifica-
los resultados positivos obtidos frente aos poucos mente na questão das vendas, são de extrema im-
recursos disponíveis. Devemos assumir, portanto, portância os treinamentos e o suporte permanente
que é notório às pessoas que possuem um plano às equipes, além de reestruturação dos modelos de
de saúde o fato de que isso significa ter acesso a bonificação e remuneração a essas equipes.
um produto que adota um modelo de atenção à Enfim, é preciso reconhecer que o modelo de
saúde distinto do que elas reconhecem nos servi- atenção predominante atualmente no Sistema
ços públicos. Assim, é esperado que determinadas Unimed e o modelo de atenção centrado na AIS
Referências
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pensamento crítico deficiente, falta de profissiona- se fazer check-ups. Estas considerações não têm
lismo, prática centrada na doença e não na pessoa); nada a ver com redução de custos ou racionamen-
diretrizes clínicas são produzidas com conflitos de to de cuidados em saúde, mas com o fato de que
interesse e descontextualizadas; o sistema de saú- até mesmo intervenções preventivas podem cau-
de gira em torno de especialistas focais, o que leva sar danos. É muito mais fácil de compreender que
a cuidados descoordenados e pouco resolutivos, uma medicação prescrita de forma inadequada ou
tanto na atenção primária, como nos cuidados hos- uma cirurgia desnecessária podem causar danos,
pitalares, levando a excessos; a medicina defensi- mas é contraintuitivo dizer (e difícil de entender)
va leva os profissionais a realizarem intervenções que uma singela intervenção para prevenir alguma
desnecessárias com a falsa ilusão de que, desta coisa possa causar mal4. O fato é que estas inter-
forma, estarão imunes a erros e, por conseguinte, venções podem e causam prejuízo às pessoas. Em
processos legais; por fim, a forma de pagamento, geral, o que acontece é que um achado alterado
muitas vezes, estimula os excessos. em um exame qualquer tem o potencial de gerar
Os excessos de intervenções médicas desneces- uma série de consequências, incluindo ansiedade
sárias ocorrem em todos os âmbitos da assistência do paciente pela alteração encontrada, o fenômeno
à saúde, desde a atenção primária até as unidades da rotulação (labelling em inglês, com todas as suas
de terapia intensiva. Entretanto, são particular- consequências deletérias para a qualidade de vida),
mente comuns, e possivelmente mais graves, no o desencadeamento de uma cascata diagnóstica
contexto das atividades preventivas. A maioria das cada vez mais invasiva que por si só pode causar
atividades preventivas relacionadas a intervenções dano, o achado de resultados falso-positivos que
biomédicas, estimuladas pelos sistemas de saúde mantêm e intensificam a cascata diagnóstica, o
e pelos profissionais da saúde, carece de boas evi- achado de incidentalomas, que também levarão
dências científicas que sustentem sua execução. a outras cascatas diagnósticas e, por fim, o achado
Nos últimos tempos, prevenção em saúde tem se de sobrediagnósticos5 (“doenças reais” do ponto de
reduzido à realização de uma série de exames com- vista da definição patológica ou laboratorial, mas
plementares, comumente chamados de check-up, com comportamento não evolutivo, não patológi-
utilizados com a finalidade teórica de encontrar co – em outras palavras, encontra-se uma condição
alguma alteração assintomática (subclínica, laten- que nunca teria se manifestado se não tivesse sido
te, não manifesta) que leve ao diagnóstico precoce descoberta). Todas estas considerações podem
de alguma condição mórbida (doença) que, por sua ocorrer num cenário em que o benefício potencial
vez, seria passível de tratamento, de forma a alterar do achado precoce de uma doença grave (condi-
sua história natural e melhorar o prognóstico do ção evolutiva grave) tampouco está comprovado
paciente (tanto em termos de reduzir a mortalida- (há mais evidências mostrando que a maioria des-
de como em termos de reduzir morbidade e me- tas intervenções não melhora nenhum desfecho
lhorar qualidade de vida). É o que se chama de pre- de saúde do que evidências de que algumas delas
venção secundária, de acordo com Leavell e Clark3. produzem um modesto benefício).
O problema é que esta hipótese, embora plausível A percepção de que intervenções sanitárias po-
e muito apreciada por todos, também deveria ser dem causar mais danos que benefícios vem pro-
comprovada mediante bons ensaios clínicos para duzindo inúmeras iniciativas ao redor do mun-
sabermos se, de fato, funciona e vale a pena imple- do. Algumas em periódicos científicos, como a
mentá-la, e a maior parte dos estudos que abordou Too Much Medicine, do British Medical Journal; o
esta questão mostrou que não há benefício em Less is More, do Journal of the American Medical
Association (Jama); e o Teachable Moment, do Jama “de não fazer” ou “evitar”. Estas orientações de-
Internal Medicine; outras associadas a sistemas de vem, necessariamente, partir dos profissionais que
saúde universais como o National Institute for He- executam as intervenções ou procedimentos em
alth and Care Excellence (Nice), o National Health questão, quase como uma autocrítica da prática
Service (NHS) Britânico, que já tem mil recomen- excessiva. As recomendações devem focar em in-
dações Do Not Do, o Recomendaciones No Hacer, tervenções/procedimentos/tratamentos popular-
da Espanha, as Forças-Tarefas de Serviços Preven- mente realizados ou prescritos, mas cujo benefício
tivos Canadenses e Norte-americanas (Canadian ou custo-efetividade sejam duvidosos. Em outras
Task Force on Preventive Health Care e US Pre- palavras, intervenções comumente utilizadas, mas
ventive Services Task Force); além de outras ini- provavelmente desnecessárias, à luz das melho-
ciativas independentes ou vinculadas a fundações res evidências científicas. Para iniciar uma lista
e universidades como a prevenção quaternária, o CW, geralmente se estabelece um pequeno grupo
movimento Slow Medicine italiano, várias confe- (uma força-tarefa) dentro da sociedade médica
rências internacionais (preventing overdiagnosis, em questão. Este grupo comumente realiza uma
disease mongering, avoiding avoidable care, selling revisão da literatura e produz uma lista ampla de
sickness), blogs independentes (Show More Spine, procedimentos/intervenções que deveriam ser
Less is More Medicine) e, por fim, o Choosing Wisely. evitados, embasados em boas evidências, acei-
A ideia central do Choosing Wisely é iniciar con- tas de forma geral. Esta lista é, então, submetida
versas entre médicos e pacientes sobre atividades ao conjunto dos membros da sociedade de espe-
sanitárias de baixo valor, o que inclui exames, pro- cialistas para votação nas cinco ou dez recomen-
cedimentos, intervenções e tratamentos que são dações principais. Elas são, então, publicadas ofi-
comumente utilizados, mas que possivelmente cialmente pela sociedade médica e passam a ser
trazem pouco ou nenhum benefício ao paciente. uma orientação geral a todos os especialistas. O
O mote do CW é Things that doctors and patients processo de escolha das recomendações deve ser
should question (“coisas que médicos e pacientes completamente documentado e disponibilizado
devem questionar”). A ideia é promover uma dis- publicamente. Atualmente, mais de 70 sociedades
cussão sobre fazer a coisa certa no momento certo de especialistas em 18 países já lançaram reco-
para o paciente certo, evitando a prestação de cui- mendações Choosing Wisely.
dados de saúde desnecessários, e potencialmente O sistema de saúde no Brasil tem grande poten-
prejudiciais. Para que esta discussão seja frutífera e cial de se beneficiar das recomendações CW, par-
produza os efeitos desejados, médicos e pacientes ticularmente o sistema de saúde suplementar. Sa-
precisam ter conversas francas sobre que cuidados bemos que há um grande excesso de intervenções
são necessários e apropriados, e estas conversas médicas desnecessárias e isso se perpetua, em par-
precisam estar embasadas em boas evidências e te, pela falsa ideia de que, no sistema suplementar,
ter a chancela das sociedades médicas que, por sua por não haver restrição financeira, os exames po-
vez, têm papel fundamental sobre a atuação dos deriam ser solicitados de forma indiscriminada e
médicos6. Entidades da sociedade civil também sem restrições; e qualquer tentativa de racionalizar
devem participar desta conversa, por meio de boas a utilização de intervenções médicas teria como
informações na mídia numa tentativa de modifi- objetivo primordial a redução de custo. Parte-se
car a cultura do “mais é melhor”. Para embasar as do pressuposto equivocado de que a tecnologia
conversas, a campanha CW estimula as sociedades médica é inequívoca e sempre benéfica, de forma
médicas a produzirem listas de recomendações que sua restrição estaria sempre ligada a algum
tipo de racionamento. Esta crença é muitas vezes complexos e multifatoriais. O CW deve ser com-
compartilhada por profissionais e gestores de saú- preendido como uma ferramenta para auxiliar na
de, o que torna a mudança da cultura do “mais é comunicação entre médicos e pacientes sobre ser-
melhor” ainda mais difícil. Para piorar a situação, viços adequados e necessários. Ele deve partir dos
em geral, a população tem a falsa crença de que o profissionais de saúde e suas sociedades médicas,
sistema suplementar é o ideal de saúde e o Siste- além dos pacientes e suas entidades representa-
ma Único de Saúde (SUS) seria apenas um sistema tivas da sociedade civil. Não é, e não deveria ser,
ruim para pessoas de baixa renda, fazendo que, uma iniciativa de agências reguladoras, ou de ins-
muitas vezes, as demandas para o SUS, por parte tituições ou seguradoras de saúde. O CW não deve
dos conselhos gestores e da população, sejam para ser entendido como diretrizes, mas, sim, como um
mais exames e mais intervenções, à semelhança movimento de autocrítica, baseado em boas evi-
do que ocorre, de forma equivocada, no sistema dências e compartilhado com os pacientes. Tam-
suplementar. É interessante notar que, paradoxal- bém não deve ser entendido como um instrumen-
mente, o SUS, em virtude de seu subfinanciamen- to de gestão para reduzir os custos com a saúde,
to crônico, muitas vezes protege seus usuários dos muito embora, possivelmente, serviços de saúde
danos causados pelos excessos de intervenções coordenados, longitudinais, integrais, de melhor
médicas desnecessárias. qualidade, centrados na pessoa e racionais sejam
A campanha CW não deve ser entendida como mais baratos que os atualmente prestados no Bra-
uma panaceia para os excessos da medicina. Não sil, onde imperam a descoordenação, a falta de lon-
há soluções simples e únicas para problemas gitudinalidade e os excessos.
Referências
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A metamorfose do gigante
Cloer Vescia Alves
Coordenador do Comitê de Atenção Integral à Saúde da Unimed do Brasil
Sheila Mittelstaedt
Gerente de Gestão de Saúde da Unimed do Brasil
O Sistema Unimed avançou de modo marcante A Unimed tornou-se a maior cooperativa de saú-
e surpreendente ao longo de cinco décadas desde de do mundo, diversificou suas atividades e criou
a fundação da Unimed Santos, em São Paulo, no complexos cooperativos empresarias com atuação
ano de 1967. Figura como Top of Mind na saúde há em diferentes nichos, da saúde aos seguros, além de
mais de 20 anos e se mantém entre as marcas mais fomentar o desdobramento de organizações voltadas
valiosas do Brasil, chamando a atenção também ao crédito no setor financeiro. Originariamente, orga-
por ter conseguido gerar cooperação entre médi- nizou-se a partir de cooperativas Singulares de médi-
cos, cuja formação se alinha mais à atuação isolada cos cooperados, Federações e Confederação, aumen-
e individual. tando a complexidade ao longo do tempo (figura 1).
O Sistema Unimed
1
94 mil
Confederação
Nacional
empregos diretos 1 15
Presente em
Confederação Federações
293
84%
Regional Institucionais
Unimeds como
348
Operadora*
114 mil do território 1 18
Nacional Central Federações
cooperados
31%
Nacional Operadoras
Cooperativas
de beneficiários
312 38
Singulares
Singulares
Prestadoras
19
Hospitais
Hospitais-Dia
94 Laboratórios
5.628 Previsão para 2018
118 Centros de Diagnósticos
Laboratórios
3 novos e 586 leitos novos
93 Farmácias 2.030
8.561 Leitos
Centros de Diagnósticos Sem previsão de finalização
Ainda que atuante em outras áreas, o Sistema vista financeiro, essas transações representaram,
Unimed desenvolveu-se fortemente no segmento em 2016, cerca de R$ 14,8 bilhões, conforme dados
de saúde suplementar, e responde atualmente por publicados pela Unimed do Brasil.
cerca de 40% desse mercado, pois conta com uma No entanto, ainda que essas transações sejam
carteira que chega a 18 milhões de beneficiários, de grande porte, isso não significa dizer que a pu-
com predomínio de planos empresariais. Há um jança desse Sistema se reflita em termos de susten-
portfólio variado de serviços ofertados e supor- tabilidade. Nesse sentido, o que chama a atenção
te de cerca de 114 mil médicos cooperados, com é justamente a elevada sinistralidade média (85%)
presença em 84% do território nacional, segun- nas carteiras de beneficiários, cujo aumento cres-
do dados da Confederação, a Unimed do Brasil. A cente pode inviabilizar muitas operadoras e acele-
magnitude da estrutura disponível para sustenta- rar o processo de fusão entre elas, para melhor sal-
ção dos planos de saúde é gigantesca e contempla vaguardar as garantias estabelecidas pela Agência
a segunda maior rede hospitalar privada do País Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
(figura 2). Cabe, portanto, a pergunta: por que a sustenta-
Dentre os maiores destaques da Unimed estão bilidade está ameaçada? Trata-se de uma questão
a capilaridade e a capacidade de a rede de serviços complexa, sendo que se identifica que há, de ma-
operar sob o modo de Intercâmbio, no qual o clien- neira geral, uma dissintonia entre o cenário que se
te de uma cooperativa pode ser atendido por outra, apresenta à saúde no século 21 e o modelo de aten-
de acordo com as premissas contratuais. Os núme- ção praticado pelas operadoras, cujo desenho foi
ros decorrentes dessas operações entre as opera- concebido em meados do século passado, quando
doras da rede assistencial Unimed são igualmente diversos panoramas – seja demográfico, epidemio-
gigantescos: 857 mil internações, 44,3 milhões de lógico, tecnológico, econômico ou social – eram
exames e 22,7 milhões de consultas. Do ponto de bastante diferentes dos atuais.
essa percepção. Daí já decorre um realinhamento encontra-se respaldada fortemente pela liderança
estratégico que propõe a aproximação das diversas política e, sobretudo, alicerçada na representação
áreas internas relacionadas à saúde, refletindo no institucional da Unimed do Brasil.
modelo de governança a mesma estratégia adotada Há um longo caminho a se percorrer, mantendo-
pela Atenção Integral à Saúde, o que significa tam- se as conquistas de 50 anos de história, reafirman-
bém forte convergência e sinergia de propósitos. do-se a melhoria contínua, sob a ótica do Institute
Da mesma forma, a recente ativação da gerência for Healthcare Improvement (IHI), pelo triplo cuida-
de Gestão de Saúde demonstra inequivocamente a do: melhor experiência do cuidado aos indivíduos,
declaração positiva da Diretoria Executiva da Con- melhoria da saúde da população e custo sustentável
federação ao priorizar as ações voltadas à AIS. para a saúde. A Unimed se transforma – metaforica-
Os desafios são imensos e proporcionais à mag- mente – utilizando as melhores práticas adaptativas,
nitude da Unimed, sendo que os avanços – em apostando que “não é o mais forte da espécie que
diferentes estágios – são promissores (figura 3) e sobrevive, nem o mais inteligente; é aquele que me-
que a base técnica e científica desse movimento lhor se adapta às mudanças” (Charles Darwin, 1838).
Quem nunca saiu de uma consulta com uma lis- medicalização, seja diagnóstica ou terapêutica. Em
ta interminável de exames a serem realizados? Às reforço a essa abordagem, o médico generalista
vezes, esse pode até ser o resultado de uma visita de espanhol, Juan Gérvas, enfatizou a importância de
rotina ao médico, sem que haja qualquer menção a se atenuar ou evitar as consequências do interven-
algum sintoma. Por outro lado, existe a preocupação, cionismo médico excessivo que implica atividades
tanto do profissional de saúde quanto do paciente, médicas desnecessárias. De forma contínua, direta
de poder prevenir um possível quadro crônico ou, e simples, a prevenção quaternária busca detectar
quem sabe, uma doença que esteja “escondida”. indivíduos em risco de tratamento excessivo, de
Outro acontecimento comum nos tempos atu- forma a protegê-los de intervenções inapropria-
ais é o surgimento de patologias relacionadas ao das, a partir de abordagens que sejam eticamente
uso excessivo de medicamentos – prescritos ou aceitáveis. Sob esse enfoque, menos intervenção
por meio de automedicação. significa mais saúde.
Ambos os cenários são reconhecidos hoje pelo O conceito foi adotado, em 2003, pela Organi-
que os especialistas chamam de sobrediagnóstico zação Mundial de Colégios Nacionais, Academias
e hipermedicalização (originários dos termos em e Associações Acadêmicas de Médicos Gerais/Mé-
inglês overdiagnosis e overmedicalization) e po- dicos de Família (Wonca) e amplamente discutido
dem acabar provocando iatrogenia – doença com durante o 4º Congresso Nacional Unimed de Aten-
efeitos e complicações causadas como resultado ção Integral à Saúde, realizado em junho de 2017,
de um tratamento médico, afetando tanto a quali- em Gramado (RS).
dade quanto a segurança do cuidado. Especialista no assunto, a médica de família e
O argumento de tratar as pessoas da melhor ex-presidente do Royal College of General Prac-
forma possível parece não justificar o uso indiscri- titioners, a escocesa Maureen Baker, fez uma pa-
minado de remédios e exames. Para entender esse lestra sobre a prevenção quaternária no evento e
problema, que afeta a sociedade como um todo, a destacou a importância da participação do próprio
Organização das Nações Unidas divulgou que, em paciente nas definições do que é realmente im-
2016, o consumo abusivo de medicações controla- portante em seu tratamento. “O paciente ou sua
das superou o de heroína, ecstasy e cocaína juntos. família é quem deve decidir se vai aceitar, ou não,
Em um movimento contrário a esses excessos, determinado tratamento. Para fazer essa escolha,
está a prevenção quaternária, que visa proteger os ele precisa ter o suporte de profissionais de saúde
pacientes da intervenção médica desnecessária e e informações baseadas em evidências. Os profis-
prevenir iatrogenias. O conceito nasceu em 1999, sionais, por sua vez, devem usar técnicas de deci-
com a contribuição do belga Marc Jamoulle, mé- são compartilhada para explicar os benefícios e
dico de família e comunidade que apontou a ne- os malefícios dos procedimentos que estão sendo
cessidade de melhor se definir os vários critérios e indicados”, esclarece ela, acrescentando que é pre-
propostas para manejar o excesso de intervenção e ciso haver uma relação de confiança entre médico
e paciente, para que este saiba que o profissional holística. E um jeito de se colocar isso em prática é
está agindo a favor dele. tendo clínicos gerais focados justamente na obser-
De acordo com a especialista, muitos dos siste- vação do indivíduo como um todo.”
mas de saúde existentes hoje mundo afora foram No Sistema Unimed, cerca de 50 cooperativas
desenvolvidos para tratar doenças isoladamente, o já têm atendimentos voltados à prática da atenção
que, em muitos casos, acarreta sobrediagnósticos e à saúde. A Agência Nacional de Saúde Suplementar
uso excessivo de remédios. Para ela, além do em- (ANS) também possui uma iniciativa com o objetivo
poderamento do próprio paciente, a inserção do de estimular uma participação mais proativa de pa-
modelo de Atenção Integral à Saúde, com o aten- cientes e usuários desse sistema em relação à tomada
dimento de clínicos gerais na porta de entrada, é a de decisão em saúde. O projeto Sua Saúde tem foco
solução prática para essa questão. “Os sistemas de na informação de qualidade compartilhada com os
saúde devem ter uma aproximação mais genera- outros responsáveis pelo cuidado do paciente, como
lizada, na qual as pessoas sejam tratadas de forma médicos, enfermeiros e demais profissionais de saúde.
Paulo Magno do Bem Filho1, Paula Athayde Braga Machado2 e Kamilla Duarte Siqueira3
UNIMED VITÓRIA
RESUMO
Os profissionais de saúde da atenção primária precisam estar capacitados para acompanhamento e condu-
ção dos casos de transtornos mentais, devido à alta prevalência deles na população em geral. Esse tipo de
serviço tem potencial para detectar e tratar seus clientes de forma resolutiva e, consequentemente, evitar
internações psiquiátricas e encaminhamentos à especialidade focal sem real necessidade. Essa resoluti-
vidade é possível, em razão de a atenção primária atuar como porta de entrada do sistema de saúde e do
princípio da longitudinalidade, que permite maior contato e estabelecimento de vínculo entre profissional
e cliente. Dessa forma, enfermeiros, médicos e psicólogos da equipe do produto Unimed Personal foram
capacitados e contaram com apoio matricial em saúde mental de profissional qualificado por seis meses.
Com base em um estudo prévio do processo de trabalho e nos recursos disponíveis, foram feitos workshops
com temas prevalentes, discussões de casos em grupos, consultas compartilhadas e discussões por tele-
medicina. Após esse período, foram comparados dados sobre número de internações psiquiátricas e enca-
minhamentos à psiquiatria, antes e depois do programa. A conclusão deste estudo foi que o treinamento e
o apoio matricial colaboraram para a redução do número de internações psiquiátricas e encaminhamentos
à especialidade focal. Com o resultado obtido, podemos concluir que houve aumento de resolutividade dos
casos de saúde mental no nível de atenção primária à saúde após capacitação da equipe e apoio matricial.
1. Médico graduado pela UFMG, cooperado e Gestor Médico Unimed Personal. E-mail: pmfilho@unimedvitoria.com.br
2. Médica graduada pela UFMG, Médica de Família e Comunidade, cooperada e de referência Unimed Personal Vitória. E-mail:
pmachado@unimedvx.com.br
3. Enfermeira graduada pela Faculdade Multivix, Coordenadora de unidade Unimed Personal. E-mail: ksiqueira@unimedvx.com.br
42571
41251
42131
35379
36
semanal e mensalmente, por meio do Portal SAS 50000 40
29044
28673
28
Unimed Vitória, ferramenta usada para gerar rela-
25043
25043
40000 25 30
27858
co meses anteriores e cinco meses posteriores ao 20000 19
25043
18
10
início da capacitação (outubro 2106). 10000
0 0
mai/16
jun/16
jul/16
ago/16
set/16
out/16
nov/16
dez/16
jan/17
fev/17
4. Resultados e discussão
Conforme mostra o Gráfico 1, a partir de no- Vidas Encaminhamentos
vembro de 2016, segundo mês de apoio matricial,
apesar de aumento do número total de vidas, hou- Fonte: Portal SAS/Intramed Unimed Vitória.
ve queda do número total de internações psiquiá-
tricas do produto. 5. Conclusão
O estudo evidenciou que o apoio matricial pode
Gráfico 1. Internações psiquiátricas nos meses de ser uma ferramenta facilitadora da interação entre
maio/2016 a fevereiro/2017 os níveis de atenção e contribuir para a diminuição
do número de internações psiquiátricas e encami-
Número de vidas X Internações psiquiátricas
nhamentos à especialidade focal.
Apesar de os autores considerarem o número
35379
42571
42131
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50000 10
de internações e de encaminhamentos à psiquia-
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28673
25043
25043
40000 8
tria bons indicadores para avaliação da eficácia do
30000 7 9 6
6 6
7
7 7
programa implementado, considera-se uma limi-
20000 5 4
4 tação do estudo não ter sido avaliada a efetividade
3
10000 2
do tratamento realizado pelo médico generalista.
0 0
Como proposta futura, os autores pretendem
mai/16
jun/16
jul/16
ago/16
set/16
out/16
nov/16
dez/16
jan/17
fev/17
Referências
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tricial. Ciênc Saúde Coletiva. v. 18, n. 7, p. 2157-2166, 2013.
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WORLD HEALTH ORGANIZATION. WHO Mental Health Gap Action Programme. 2016. Disponível em: <http://www.
who.int/mental_health/mhgap/en/>: Acesso em: 10 jul. 2017.
Emilly Sampaio Favaro Colombi1; Esvana Quinelato Cipriano2 e Fernanda Souza Miranda3
UNIMED VITÓRIA
RESUMO
O objetivo deste trabalho é avaliar como a inovação implantada na atenção integral à saúde de gestantes
da Unimed Vitória, por meio de central de telessaúde e plataforma digital de gestão de cuidado, contribuiu
para o cumprimento do plano de ação proposto pelo Ministério da Saúde, visando ao melhor prognóstico
obstétrico e ao bem-estar para o binômio mãe-filho. Foram avaliadas retrospectivamente 2.599 gestantes.
Destas, 1.097 foram acompanhadas de janeiro a dezembro de 2016 e 1.502 não participaram do programa,
tornando-se o grupo controle. Com esse resultado podemos observar que as gestantes acompanhadas pelo
Viver Bem tiveram 74,1% do cumprimento do cuidado perfeito preconizado pelo Ministério da Saúde, en-
quanto as não acompanhadas tiveram 52,5%.
dados clínicos relevantes para melhor coordena- aparelhos esfignomanômetro e glicosímetro para
ção do cuidado e intervenção nas tomadas de deci- monitorização da pressão arterial e glicemia, res-
sões, visando a um melhor prognóstico obstétrico pectivamente, de forma integrada à plataforma di-
e ao bem-estar para o binômio mãe-filho. gital por meio de dispositivos médicos móveis, en-
tendendo ser esse um cuidado fundamental para
3. Metodologia o melhor prognóstico obstétrico. Diante de alte-
Foram avaliadas retrospectivamente 2.599 ges- rações nos parâmetros de normalidade, o sistema
tantes identificadas na carteira da Unimed Vitória; dispara alertas clínicos para que imediatamente
destas, 1.097 foram captadas de janeiro a dezem- seja realizado contato de teleorientação e, quando
bro de 2016 e 1.502 não participaram do programa, necessário, encaminhamento para o médico de re-
compondo o grupo controle. Os dados do presen- ferência ou para o pronto-atendimento.
te estudo foram retirados da análise de utilização Os indicadores de monitoramento definidos fo-
da carteira e da plataforma de gestão do cuidado ram avaliados mensalmente durante a gestação e
implementada. Para análise dos resultados foi cal- no período pós-parto, para mensuração de resulta-
culado o P-valor a partir do teste qui-quadrado, dos e da qualidade do serviço oferecido.
considerando um nível de significância de 5%. As
gestantes foram cuidadas por uma equipe multi- 4. Resultados/Discussão
profissional e por coach em saúde. Das 1.502 gestantes que não participaram do
A captação foi realizada por meio de uma cen- programa Viver Bem, 87,5% realizaram o exame
tral de telessaúde, na qual as clientes inseridas de glicose em jejum, 91,1% realizaram hemograma,
na plataforma digital Healthmap foram avaliadas 63,2% realizaram o ABO-RH e 11,3%, coombs indi-
quanto ao risco, com elaboração de plano de ação reto. Em relação aos exames laboratoriais, 87% rea-
personalizado, teleorientação mensal/trimestral lizaram o de sífilis, 84,9% o de HIV, 85,4%, o de EAS
de acordo com o risco e período gestacional, dicas e 10,5%, a urocultura. Quanto às ultrassonografias,
de saúde específicas, alertas clínicos e gerencia- 81,4% realizaram a translucência nucal e 85,1%, a
mento da execução das ações. O sistema também morfológica. Em relação às consultas, 70,4% tive-
permite empoderamento das gestantes no cuida- ram menos de seis consultas obstétricas e 29,6%
do ofertado, por meio de interface on-line por chat compareceram a seis ou mais. Os partos tiveram
com a coach em saúde e de acesso às funcionali- proporção de 9,8% de partos normais e 90,2% ce-
dades voltadas para gestão do cuidado oferecidas, sáreas. Dos recém-nascidos, 0,67% teve internação
por meio da web e de aplicativos mobile. em UTIN, com motivos desconhecidos (Tabela 1).
As ações oferecidas para as gestantes acompa- Das 1.097 gestantes participantes do Viver Bem,
nhadas foram: Curso de Gestantes e avós; Oficina 94,3% realizaram o exame de glicose em jejum,
de Parto; Cuidados com o Bebê; Grupo de Gestan- 95,1% realizaram hemograma, 68,3% realizaram
tes; Consultas Individuais de Nutrição, Enferma- ABO-RH e 12,2% realizaram coombs indireto. Em
gem, Psicologia e Fisioterapia; visita de enferma- relação aos exames laboratoriais, 94% realizaram
gem domiciliar pós-parto (Baby Care) e avaliação o de sífilis, 94,3%, o de HIV e EAS, e 89,3% reali-
da satisfação do cliente com os serviços prestados zaram urocultura. Quanto às ultrassonografias,
(metodologia Net Promoter Score). Além disso, a 87,6% realizaram a translucência nucal e 92,9%, a
Unimed Vitória propicia um acompanhamento morfológica. Em relação às consultas, 64,2% com-
diferenciado às gestantes classificadas como de pareceram a menos de seis consultas obstétricas
risco, diabéticas e hipertensas, disponibilizando os e 35,8% compareceram a seis ou mais. Com esse
resultado podemos observar que as gestantes tiveram proporção de 22,6% de partos normais e
acompanhadas pelo programa tiveram 74,1% do 76,4% de partos cesárea. Um total de 0,64% dos
cumprimento do cuidado perfeito preconizado recém-nascidos tiveram internação em UTIN de-
pelo Ministério da Saúde, enquanto as gestan- vido a prematuridade, insuficiência respiratória,
tes não acompanhadas tiveram 52,5%. Os partos hipoglicemia ou icterícia intensa (Tabela 1).
GESTANTES GESTANTES
PROTOCOLO PRECONIZADO PELO Qui-Quadrado
PARTICIPANTES NÃO PARTICIPANTES
MINISTÉRIO DA SAÚDE (P-Valor)
VIVER BEM (%) VIVER BEM (%)
Glicemia de Jejum 94,3 87,5 0,0000*
Hemograma (Hemoglobina/Hematócrito) 95,1 91,1 0,0001*
ABO-RH 68,3 63,2 0,0070*
Coombs indireto 12,2 11,3 0,4497
Sífilis 94 87 0,0000*
HIV 94,3 84,9 0,0000*
EAS 94,3 85,4 0,0000*
Cultura 89,3 10,5 0,0000*
US Translucência Nucal 87,6 81,4 0,0000*
US Morfológica 92,9 85,1 0,0000*
Parto Normal 22,6 9,8 0,0000*
Consultas Obstétricas ≥ 6 35,8 29,6 0,0007*
Além disso, pode-se observar melhor coordena- digital por meio de glicosímetro oferecido, forne-
ção do cuidado entre as gestantes acompanhadas, cendo uma média de quatro aferições diárias. Os re-
pois todas foram classificadas quanto ao risco e ge- sultados alcançados com o monitoramento das dia-
renciadas quanto ao controle da doença por meio béticas foram: 81,1% permaneceram controladas e
de questionário de estratificação e monitoramento 18,9% não foram controladas. Em relação a infecção
específico: 72,4% foram consideradas habituais e urinária, 18,5% apresentaram na gestação, e 100%
27,6%, de risco. Destas, 5,3% eram hipertensas (20,7% dos casos foram tratados.
não foram controladas e 79,3% obtiveram o controle A longitudinalidade do cuidado pela platafor-
da pressão arterial); e 22,3% tinham diabetes, sendo ma digital permitiu em relação ao grupo controle
5,5% de diabetes mellitus (DM) e 16,8% de diabe- melhor avaliação da assistência prestada, tendo
tes gestacional (DG), sendo que 15,5% das gestantes sido obtidos 75% de cumprimento do plano de
com maior descompensação clínica tiveram a gli- cuidado traçado de acordo com o risco encontra-
cemia acompanhada pelo uso de dispositivos mé- do; 69,6% foram avaliadas no puerpério, sendo que
dicos móveis que se integravam com a plataforma 4,5% apresentaram alterações na ferida operatória;
86% dos RNs estão em amamentação exclusiva, desenvolvem DG; de acordo Iser et al. (2015), a po-
11,8%, em amamentação complementar e 1,4%, em pulação feminina apresenta 7% de DM.
amamentação artificial; 40% das gestantes realiza- O gerenciamento do DM/DG e de HAS con-
ram contatos orientativos com a coach em saúde siste principalmente em orientação para mudan-
por meio do chat, o que demonstra bom nível de ças de hábitos de vida, permitindo ganho de peso
engajamento; 98% relataram satisfação quanto à adequado e controle metabólico e pressórico, de
assistência prestada pelo programa (Tabela 2). modo a reduzir as morbidades decorrentes de
complicações agudas e crônicas e a alta taxa de
hospitalizações e de mortalidade, que gera signi-
Tabela 2. Resultados clínicos avaliados no ficativos danos econômicos e sociais. Dessa forma,
sistema de gestão do cuidado das gestantes recomenda-se o monitoramento das glicemias
acompanhadas pelo Viver Bem capilares de quatro a sete vezes por dia, pré e pós-
Percentual encontrado -prandial, especialmente nas gestantes que usam
Resultados Clínicos
( %) insulina, e aferição de pressão arterial três vezes ao
Classificação de Risco 100 dia (SBD, 2015).
Habitual 72,4 Para o sucesso na implementação de um acom-
Controle 27,6 panhamento durante o período gestacional é im-
Hipertensas 5,3 portante a gestante ser informada e orientada du-
Controladas 79,3 rante as consultas de pré-natal quanto à realização
Não Controladas 20,7 dos exames laboratoriais e de imagem e o esquema
Diabéticas 22,3 vacinal, de forma a evitar a transmissão vertical,
Controladas 81,1 identificar fatores de risco ou realizar o diagnóstico
Não Controladas 18,9 de doenças que possam alterar a evolução normal
Infecção Urinária 18,5 da gravidez, constituindo-se um instrumento es-
Controladas 100 sencial para a melhoria dos índices de morbimorta-
Cumprimento do plano de ação 75 lidade e das complicações materno-fetais.
Avaliação Puerpério 69,6 Refletindo a eficiência das intervenções realiza-
Ferida Operatória 4,5 das a partir da plataforma de gestão de cuidados, os
Amentação exclusiva 86 resultados expostos foram possíveis devido à facili-
Amamentação complementar 11,8 dade de exportação dos dados, evidenciando a qua-
Amamentação Artificial 1,4 lidade dos RES; conforme comprovado pelo estudo
Uso da interface com o Coach 40 de Kern et al. (2015), as benfeitorias na documenta-
Satisfação com o serviço prestado 98 ção têm relevância clínica e na tomada de decisão.
Fonte: Sistema Healthmap
5. Conclusão
Baseando-se na necessidade de dados clínicos
Concordando com os resultados encontra- para melhor gerenciamento da saúde das clientes,
dos no presente estudo, a pesquisa de Rodrigues fez-se necessário inovar e investir em tecnologias
(2016) salienta que a hipertensão arterial (HAS) que visem às premissas da atenção integral, como
está presente em aproximadamente 7,5% das ges- coordenação do cuidado, longitudinalidade, inte-
tações. E, segundo as diretrizes da Sociedade Bra- gralidade e acessibilidade. A nova forma de cui-
sileira de Diabetes (2015), de 3 a 25% das gestantes dar da saúde da gestante da Unimed Vitória busca
satisfação das clientes por meio de atendimento saúde das gestantes, contribuindo para uma relação
personalizado e de qualidade. personalizada entre o coach em saúde e a coachee,
A remodelação da atenção integral prestada às gerando corresponsabilidade do cuidado, incentivan-
gestantes com as ferramentas de inovação que rela- do o cumprimento das ações e ajudando a reduzir as
cionam a Central de Telessaúde com o uso da plata- ineficiências na prestação de cuidados, a melhorar o
forma digital de gestão de cuidados permitiu melhor acesso, a aumentar a qualidade e a tornar a abordagem
mapeamento de risco individual e da assistência à da medicina preventiva mais acessível e eficiente.
Referências
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UNIMED VITÓRIA. Viver Gestante Healthmap. Disponível em: <http://vivergestante.healthmap. com.br>. Acesso em:
18 abr. 2017.
RESUMO
A prevenção quaternária é um conjunto de medidas tomadas para prevenir, diminuir e/ou eliminar os
danos causados pelas atividades médicas excessivas, desnecessárias ou inapropriadas, considerando que
além de nocivas à saúde elas levam ao uso indevido dos planos de saúde e ao aumento dos custos assis-
tenciais. O objetivo deste estudo foi verificar o impacto da prevenção quaternária na utilização do plano de
saúde por idosos acompanhados no Programa de Atenção Integral à Saúde Viver Bem da Unimed Belém.
A população estudada foi constituída por 21 clientes idosos assistidos pela equipe multiprofissional, con-
siderando o período que compreende o início do acompanhamento em comparação com o último mês
anterior à pesquisa. A comparação realizada entre os indicadores de monitoramento no período estuda-
do demonstra os resultados obtidos como impacto da prevenção quaternária: redução de consultas com
médicos generalistas fora do programa, diminuição de consultas realizadas com diversas especialidades
médicas, diminuição da frequência de idas à emergência e uma constante nula de internações hospitala-
res. Por se tratar de resultados iniciais, em um período de apenas seis meses, conclui-se que o impacto da
adoção do conceito de prevenção quaternária já apresenta bons resultados para a cooperativa médica e
para os beneficiários em estudo, na medida em que houve melhora na qualidade da assistência prestada,
mudança de hábitos e racionalização da utilização do plano. Torna-se evidente que esse modelo preventi-
vo pode trazer muitos resultados positivos a longo prazo, possibilitando a mensuração do impacto no cerne
da prevenção quaternária: no manejo adequado dos excessos de intervenções e na medicalização.
1. ENFERMEIRA, Programa Viver Bem da Unimed Belém. Especialista em Enfermagem do Trabalho e Saúde Mental. Mestre em
Saúde na Amazônia. E-mail: jessica.martinho@unimedbelem.com.br
2. ADMINISTRADORA, Líder Administrativa do Programa Viver Bem da Unimed Belém. E-mail: thais.almeida@unimedbelem.
com.br
3. MÉDICO, Coordenador do Programa Viver Bem da Unimed Belém. Especialista em Medicina de Família e Comunidade, Geriatria
e Gerontologia, Fisiologia do Exercício e Saúde Coletiva. Mestre em Clínica Médica. Doutor em Doenças Tropicais. E-mail: yuji.
ikuta@unimedbelem.com.br
Gráfico 1. Mudança no perfil de utilização do plano por idosos acompanhados no Programa Viver Bem,
no período de setembro de 2016 a fevereiro de 2017
252,30%
177,90%
166,60%
97,40%
Set/16 Fev/17
Fonte: Elaboração própria com base nos indicadores monitorados eletronicamente via FormSUS.
Referências
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sociedade e para a sustentabilidade do setor. Rio de Janeiro: ANS, 2016.
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v. 25, n. 9, p. 2012-2020, 2009.
RESUMO
O Programa APS - Disseminação e Qualificação do Modelo APS do estado do Paraná foi apresentado como
uma forma de apoio da Unimed Federação Paraná às Singulares aderentes, na implantação e qualificação
de centros de Atenção Primária à Saúde, desde um estudo de viabilidade até a execução do projeto, ofe-
recendo uma equipe de apoio multissetorial que acompanha todas as etapas e disponibiliza profissionais
que capacitam as diversas áreas da Singular que irão desenvolver o projeto nesse novo modelo assisten-
cial. O programa teve início em 2015 e desenvolveu uma metodologia de implantação e qualificação que
possibilita a todas as Singulares uma modelagem de processos que atenda às demandas necessárias para
a implantação de centros APS, oferecendo consultorias planejadas que orientam as Singulares aderentes
com relação a estrutura física, equipamentos, habilitações, plano de comunicação, desenvolvimento de
competências em recursos humanos, gestão de rede, mercado – na definição de público-alvo, na forma-
ção de produtos e sua comercialização e na sensibilização dos envolvidos –, colaboradores e cooperados.
A metodologia possibilita um acompanhamento da Federação às suas Federadas, facilitando a troca de
experiências e uma padronização desse modelo de atendimento por meio de protocolos sistematizados e
disseminados para toda a equipe que realiza o atendimento nos centros APS. O programa é composto por
seis projetos, que envolvem áreas distintas; cada projeto é patrocinado por um diretor da Unimed Paraná,
tendo como patrocinador do projeto maior o presidente da cooperativa, Dr. Paulo Roberto Fernandes Faria.
Os demais projetos são descritos a seguir com os respectivos patrocinadores:
1. Profissional com graduação em Enfermagem e especialização em Gestão de Instituições de Saúde, Administração Hospitalar,
Mapeamento e Gestão de Processos. Responsável técnica da área de Gestão de Atenção à Saúde Serviços da Unimed Federação Paraná.
Tem experiência na área de Saúde Coletiva, com ênfase em Medicina Preventiva, Gestão de Projetos em Saúde, Gestão de Promoção
e Prevenção – com consultoria para Singulares e Implantação da metodologia MAS e APAS no estado. Coautora da Metodologia da
Atenção à Saúde das Unimeds do PR. Membro do GT1 – Grupo Técnico eixo 4 do Comitê de Atenção Integral à Saúde da Unimed
Brasil. E-mail: amendes@unimedpr.coop.br
2. Profissional com formação em Enfermagem e especialização em Gestão Empresarial da Saúde. Gerente da Atenção à Saúde na Unimed
Federação do Paraná. Tem experiência na área de Saúde Coletiva, com ênfase em Medicina Preventiva, Gestão de Projetos em Saúde,
Gestão de Promoção e Prevenção, Gerenciamento de Doenças Crônicas e Gestão de Serviço de Atenção Domiciliar. Coautora da
Metodologia da Atenção à Saúde das Unimeds do PR. Membro do GT1 – Grupo Técnico eixo 1 do Comitê de Atenção Integral à Saúde da
Unimed Brasil. Coautora do Manual de Atenção Integral à Saúde da Unimed do Brasil, 2013, v. 1. E-mail: pfranqui@unimedpr.coop.br
1. Projeto 1 - Qualificar o Centro APS patrocinado pelo Dr. Faustino Garcia Alferez;
2. Projeto 2 - Gestão do Conhecimento APS patrocinado pelo Dr. Willian Procópio;
3. Projeto 3 - Assessorar e apoiar as Singulares do estado frene ao modelo APS patrocinado pelo pre-
sidente Dr. Paulo Roberto Fernandes Faria;
4. Projeto 4 – Estruturação e operação de rede de referência para APS patrocinado pelo Dr. Faustino
Garcia Alferez
5. Projeto 5 – Comercializar novo produto com base no modelo APS patrocinado pelo Dr. Sergio O.
Ioshii;
6. Projeto 6 – Apoiar a implantação e qualificação da APS nas Singulares patrocinado pelo Dr. Luis
Francisco Costa.
Patrocinador
Dr. Paulo Faria
Programa Disseminar e qualificar o modelo de APS
1 2 3 Assessorar e apoiar 4 5 6
Ciência da melhoria Apoiar a
Gestão do operacionalmente Estruturaçào e Comercializar novo
na prática - implantação e
Conhecimento - as Singulares do operação de rede de produto com base
Qualificar Centro qualificação da APS
APS estado frente ao referência para APS no modelo APS
APS FDPR nas Singulares
modelo APS
Responsável
Construir Fabiano Pereira
Implantar e
metodologia
qualificar o Responsável
multisetorial de Oclair Custódio
modelo de APS
consultoria APS
nas Singulares do
padronizada no Responsável
estado
estado Bruna Gamas
Responsável
Adilson da Silva
Noroeste do Campo
Paraná Mourão Responsável
Josiany Rolo
Responsável
Cristina Castro
Responsável
Liége Mazanek
Responsável
Mônica Garanhani
FOZ DO IGUAÇU
NOROESTE DO
APUCARANA
RIO MAFRA
LONDRINA
APS
CASCAVEL
OESTE DO
MARINGÁ
PIONEIRO
CURITIBA
MOURÃO
PARANÁ
PARANÁ
CAMPO
NORTE
Implantada O X X O X X X
Pré projeto O O
Sensibilização O O
Qualificação O
8. Acompanhamento das execuções operacio- de doenças e que, por fim, após a implantação e utili-
nais e diretivas, etapa a etapa. zação do serviço, é positiva a surpresa dos usuários e
9. Construção de programa de inauguração. da gestão quanto ao verdadeiro impacto do modelo
10. Acompanhamento operativo. no atendimento dos beneficiários e nas perspectivas
11. Validação dos processos implantados. de resultados da coordenação do cuidado.
12. Acompanhamento de gestão e indicadores. Dentre as Singulares do estado, cinco realizaram
13. Encerramento. implantação sem apoio do Programa APS. Uma
evoluiu para a adesão em busca de qualificação.
4. Discussão e resultados Sete Singulares aderiram ao programa APS, das
O Programa APS mostrou na sua evolução a real quais duas já possuem unidade implantadas e atu-
importância do papel Federativo da Unimed Paraná antes; outras cinco estão em fase de planejamento.
diante de suas Federadas para a viabilização e o su-
porte de implantação de unidades APS no estado. 5. Conclusão
Diante da novidade, desde a sua fase de sensibi- Com a disseminação do projeto, verificou-se que:
lização diretiva até a implantação da unidade APS, • Houve sensibilização das diretorias das Singu-
percebeu-se que há receio quanto ao investimento; lares, facilitando a adesão ao programa;
que há rompimentos de paradigmas que atingem vá- • Avançou em todo o estado o número de cursos
rios níveis das Operadoras; que o serviço precisa ter e capacitações de colaboradores e cooperados
gestão e acompanhamento diferenciado pela fragi- quanto ao conceito da APS;
lidade de ser corrompido e visto como ambulatório; • Singulares aderentes ao programa recebem
que há necessidade de alinhamento com as áreas já informações que proporcionam uma maior as-
atuantes de promoção, prevenção e gerenciamento sertividade na sua implantação;
Referências
ORGANIZAÇÃO PAN–AMERICANA DA SAÚDE. Renovação da Atenção Primária à Saúde nas Américas. Brasília:
OPAS/OMS, 2008.
SHIMMAZAKI, M. E. A Atenção Primária à Saúde. Belo Horizonte: ESPMG, 2009.
STARFIELD B. Atenção Primária à Saúde. Brasília: Unesco/Ministério da Saúde, 2002.
RESUMO
Um dos grandes desafios para as operadoras de saúde é a centralização e unificação das informações ad-
ministrativas e médicas. Como uma oportunidade de melhoria para o desencontro de informações e a
fragmentação dos dados e registros, foi desenvolvido um módulo para registro eletrônico na Atenção Per-
sonalizada à Saúde da Unimed Paraná. Trata-se de uma solução que permite aos profissionais e gestores
realizar o acompanhamento e a classificação de seus pacientes, o levantamento de dados para indicadores,
além de monitoramento e avaliação das atividades realizadas pelas equipes. É um recurso capaz de poten-
cializar a busca de conhecimento. O objetivo deste trabalho é descrever as principais funções do modelo
de registro eletrônico desenvolvido e implantado na APS com foco na integração dos dados e na melhoria
da experiência do cuidado. O método de desenvolvimento utilizado foi a programação em orientação a
objetos, realizada por meio da estruturação em camadas Model-View-Controller (MVC). A principal contri-
buição dessa ferramenta foi oportunizar a integração dos processos da APS com os Programas da Atenção
à Saúde, fortalecendo a coordenação do cuidado dos pacientes assistidos por meio de dados integrados
e personalizados, o que permite a análise da gestão para tomada de decisões dos profissionais da saúde.
1. Profissional com Bacharelado em Sistemas de Informação. Analista de Tecnologia da Informação responsável pelo Suporte do
Sistema na Atenção à Saúde da Unimed Federação do Paraná. E-mail: erodrigo@unimedpr.coop.br
2. Profissional com formação em Enfermagem e especialização em Estomaterapia. Analista Sênior responsável pela Gestão da
Atenção à Saúde Operadora da Unimed Federação do Paraná. Membro do GT1 – Grupo Técnico eixo 1 do Comitê de Atenção
Integral à Saúde e Membro do Subcomitê da Atenção Domiciliar da Unimed Brasil. E-mail: lsantos@unimedpr.coop.br
3. Profissional com formação em Enfermagem e especialização em Gestão Empresarial da Saúde. Gerente da Atenção à Saúde
na Unimed Federação do Paraná. Tem experiência na área de Saúde Coletiva, com ênfase em Medicina Preventiva, Gestão de
Projetos em Saúde, Gestão de Promoção e Prevenção, Gerenciamento de Doenças Crônicas e Gestão de Serviço de Atenção
Domiciliar. Coautora da Metodologia da Atenção à Saúde das Unimeds do PR. Membro do GT1 – Grupo Técnico eixo 1 do Comitê
de Atenção Integral à Saúde da Unimed Brasil. Coautora do Manual de Atenção Integral à Saúde da Unimed do Brasil, 2013, v. 1.
E-mail: pfranqui@unimedpr.coop.br
artigos originais2017
artigos originais2017
artigos originais2017
Referências
ROSSETTI, A. G.; MORALES, A. B. T. O papel da tecnologia da informação na gestão do conhecimento. Ci. Inf., Brasília,
v. 36, n. 1, p. 124-135, jan./abr. 2007.
JUNIOR, A. P. O papel do Registro Eletrônico em Saúde RES para instituições de saúde. Anais do XV Congresso Brasi-
leiro de Informática em Saúde P. 173, nov. 2016;
RESUMO
Os maiores atributos da Atenção Primária à Saúde (APS) são os conceitos da acessibilidade, integralidade,
coordenação do cuidado e longitudinalidade. Esse nível de sistema de serviço de saúde, que se estrutura
na atenção centrada na pessoa ao longo do tempo e que está voltado para as necessidades e os problemas
mais comuns, tem características como responsabilidade do acesso, qualidade e custos, além da atenção à
prevenção, ao tratamento e à reabilitação. Por isso, a atenção primária é vista como solução e perspectiva
para equilibrar e tornar possível a perenidade da cooperativa médica no Brasil diante do contexto atual.
Essa estratégia associa qualidade e efetividade na promoção da saúde. Assim, o Plano Viver Mais da Uni-
med João Pessoa incorpora esse padrão de atenção integral à saúde e impulsiona mudanças na forma de
prover a saúde, inicialmente para os seus colaboradores e dependentes. Com o objetivo de apresentar e
aprimorar os resultados obtidos nesse plano, este relato descritivo apresenta indicadores do período de
setembro de 2016 a março de 2017, como também expõe as dificuldades apresentadas até o momento.
1. Coordenadora e pediatra do Plano Viver Mais da Unimed João Pessoa - PB. Especialista em Gastroenterologia infantil. Pós-
graduanda em Gestão de Cooperativas de Saúde (MBA). E-mail: andrea.gondim@unimedjp.com.br
2. Gerente de Provimento e Serviço de Saúde da Unimed João Pessoa - PB. Fisioterapeuta. Pós-graduando em Gestão de Cooperativas
de Saúde (MBA). E-mail: marcelo.araujo@unimedjp.com.br
3. Gestor de Provimento e Serviço de Saúde da Unimed João Pessoa - PB. Especialista em Pneumologia. E-mail: alexandre.araruna@
unimedjp.com.br
artigos originais2017
1. Introdução 3. Metodologia
Os maiores atributos da Atenção Primária à Trata-se de um texto descritivo de relato da
Saúde (APS) se estruturam nos conceitos da aces- experiência na implantação do modelo de saúde
sibilidade, integralidade, coordenação do cuidado assistencial de Atenção Integral na Unimed João
e longitudinalidade. A associação desses atributos Pessoa, implementado em setembro de 2016 para
com os resultados – a efetividade – da atenção so- aproximadamente 5.000 beneficiários, todos eles
bre a saúde da população repercute na crescente colaboradores ou seus dependentes. A captação foi
associação entre melhores desfechos de saúde e feita de maneira automática com migração plena
maior presença e extensão dos atributos da Aten- de todos os clientes, os quais foram convidados a
ção Primária à Saúde (BRASIL, 2010). A APS, nível conhecer a equipe do Viver Mais e ter sua saúde
de sistema de serviço de saúde que se estrutura coordenada por ela, por meio de palestras, da in-
na atenção centrada na pessoa ao longo do tempo tranet, do hotsite, de cartazes e de SMS.
e que está voltada para as necessidades e os pro- A equipe na unidade é composta por cinco
blemas mais comuns, tem características como médicos com carga horária de 20 horas semanais
responsabilidade do acesso, qualidade e custos, cada, sendo três com formação em Clínica Médica
além da atenção à prevenção, ao tratamento e à e dois com formação em Pediatria; duas enfermei-
reabilitação (STARFIELD, 2002). Por isso, a atenção ras com 44 horas semanais; duas recepcionistas e
primária é vista como solução e perspectiva para uma supervisora administrativa. Os médicos rece-
equilibrar e tornar possível a perenidade da coo- bem R$ 8,00 por vida da carteira de beneficiários,
perativa médica no Brasil diante do contexto atual sendo fixada a quantidade empírica de 1.000 vidas
(UNIMED DO BRASIL, 2013). Essa estratégia asso- por médico (remuneração fixa) independentemen-
cia qualidade e efetividade na promoção da saúde. te de ter havido captação plena ou de o número da
Assim, o Plano Viver Mais incorpora esse padrão carteira ser superior ou inferior a esse número, e há
de atenção integral à saúde e impulsiona mudan- variável de até 50% desse valor de acordo com o
ças na forma de prover a saúde, inicialmente a seus alcance de indicadores pré-definidos, o que seria a
colaboradores e dependentes mas com pretensões remuneração variável.
de expansão e comercialização do plano. O prontuário eletrônico usado é o MedicineO-
ne, que auxilia inclusive no controle dos indicado-
2. Objetivo res que são considerados no controle do produto
Este relato tem como objetivo apresentar o mo- e na remuneração da equipe médica. Os indicado-
delo de atenção integral à saúde que, por meio de res são o adequado preenchimento do item “S” do
princípios como acessibilidade, integralidade, lon- SOAP/CIAP 2, a porcentagem de encaminhamen-
gitudinalidade e coordenação do cuidado, foi im- tos para médicos especialistas (exceto oftalmolo-
plementado na Unimed João Pessoa, incorporan- gistas, que são liberados dessa via), a porcentagem
do gradativamente novas formas de prestação de de consultas no pronto-atendimento do hospital
serviços e metodologias inovadoras de pagamento da rede, o acesso a consulta médica em 48 horas,
aos prestadores e médicos cooperados. Trata-se de o acompanhamento do desenvolvimento infantil
um modelo de atenção à saúde racional e sustentá- em crianças menores de um ano (exclusivo para
vel, que viabiliza a ampliação do portfólio de pro- a Pediatria – considera peso, estatura e perímetro
dutos da cooperativa de acordo com as exigências cefálico) e o preenchimento do VES 13 (exclusivo
atuais do mercado. para a Clínica Médica).
artigos originais2017
4. Resultados/Discussão 8%
7% 7% 7%
6% 6% 6%
Durante o período de setembro de 2016 a março 6%
5% 5% 5% 5% 5%
de 2017, foram realizados 7.929 atendimentos aos 4%
beneficiários, o que corresponde a uma cobertura
2%
de aproximadamente 77,35% da carteira em sua to-
talidade (Gráfico 1). O percentual médio de absen- 0%
Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março
teísmo nesse período foi de 21%. Deve-se enfatizar
que, para o cálculo de absenteísmo, foram consi- Pediatria Clínica Médica
100%
Consultas agendadas Consultas realizadas
83%
80% 75% 71,89% 73%
artigos originais2017
inerentes ao projeto devem ser descritas, como a horário comercial, estando em discussão a viabi-
resistência dos beneficiários quanto à aceitação lidade de determinar horário para atender a essas
de novo modelo de atenção à saúde mesmo com a demandas dentro da agenda médica.
divulgação e as palestras esclarecedoras, pois ain-
da persiste a cultura de consultas de corredor no 5. Conclusão
hospital da rede, que descaracterizam a visão do A implantação de programas de Atenção Primá-
paciente em sua integralidade. Também pode ser ria nas operadoras de saúde surge como uma alter-
ressaltado o desinteresse e desconhecimento do nativa viável que as torna mais competitivas na atual
plano por parte dos próprios cooperados. conjuntura econômica e financeira, além de permitir
Alguns outros problemas diagnosticados foram um cuidado integral e coordenado ao beneficiário, o
a dificuldade de acesso por meio de transportes que se traduz em qualidade do serviço prestado e
coletivos à unidade de Atenção Primária à Saúde sustentabilidade. Assim, a Unimed João Pessoa ade-
(APS), o tempo prolongado para o agendamento de re a esse programa e, apesar das dificuldades iniciais
consulta eletiva – que ainda é superior a 15 dias – e operacionais, apresenta resultados que permitem
a demanda excessiva dos beneficiários pelos mé- perspectivas positivas para a projeção do Plano Vi-
dicos no celular coorporativo por meio de aplica- ver Mais. Desse modo, é possível prever expansão e
tivo de mensagens (WhatsApp) ou ligações fora do comercialização desse produto no mercado.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção em Saúde. Departamento de Atenção Básica. Manual do instru-
mento de avaliação da atenção primária à saúde: primary care assessment tool pcatool. Brasília: Ministério da Saúde,
2010. 80 p.: il. (Série A. Normas e Manuais Técnicos).
UNIMED DO BRASIL. Comitê de Atenção Integral à Saúde (Org.). Manual de Atenção Integral à Saúde do Sistema
Unimed. v. 1. São Paulo: Unimed, 2013.
STARFIELD, B. Atenção primária: Equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, 2002.
RESUMO
Este projeto tem como objetivo realizar o monitoramento dos beneficiários atendidos em um modelo de
Atenção Primária, com cuidado integral e coordenado. Por meio de um painel de indicadores é possível
realizar o monitoramento das condições clínicas dos beneficiários e o rastreamento das condições clínicas
e dar suporte ao médico para condução do atendimento, pautado na coordenação do cuidado e na longi-
tudinalidade, características centrais do modelo de atenção integral à saúde.
1. Médica especialista em medicina da família e comunidade e acupuntura, que atua como médica de família no Programa de
Atenção Integral à Saúde na Unimed Grande Florianópolis.
2. Gestora de Pessoas, Coordenadora de Promoção à Saúde na Unimed Grande Florianópolis.
3. Administradora, Gerente de Atenção à Saúde da Unimed Grande Florianópolis.
artigos originais2017
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4.1.3 Uso de instrumento de planejamento Por meio desse instrumento, a equipe realiza a
A equipe de Saúde Integral da Unimed Gran- comunicação sobre informações e dados prioritários
de Florianópolis utiliza um instrumento impresso, que auxiliarão e subsidiarão o planejamento de ações
elaborado em conjunto pelos membros da equipe, durante a consulta, fornecendo posteriormente os
para organizar o planejamento do atendimento dia dados de atualização de informações para o painel.
a dia, priorizando informações de alerta e protoco- Por meio do prontuário eletrônico, a equipe uti-
los clínicos estabelecidos. liza informações que serão preenchidas no painel.
Data: / / Médico:
PROBLEMAS: EXAMES:
( ) Laboratoriais __________ ( ) Av. Cardio ______________
CONTROLES
( ) Mamografia ___________ ( ) Eco ___________________
HAS ( ) bom ( ) ruim ____________ mmHg
( ) Dens. Óssea ___________ ( ) TE ____________________
DM ( ) Hemoglicada data _________
( ) Preventivo ____________ ( ) ECG ___________________
Dislipidemia ( ) CTT ______ HDL ______ data _________
( ) Colono _______________ ( ) Exame dos pés ___________
( ) Creatinina _______________
Consulta com oftalmo no ano ( ) _________________________
Medicação controlada (tipo): ______________________________
artigos originais2017
TIPO DE
RASTREAMENTO POPULAÇÃO ALVO PERIODICIDADE MÉTODO
RASTREAMENTO
Homens e mulheres
Colorretal com 50 anos ou mais, A cada 10 anos Colonoscopia
até 75 anos
Mulheres entre 50 a
CÂNCER Mama Bianual Mamografia
74 anos
Mulheres sexualmente
Exame citopatológico
ativas com cérvice
Colo de útero Bianual do colo do útero
(priorizar faixa etária
(Papanicolau)
entre 25 a 59 anos)
Pessoas acima de 18
CONDIÇÃO DE RISCO Tabagismo Não definida Questionamento
anos
Pessoas acima de 18
Sedentarismo Não definida Questionamento
anos
Rastreamento da
Exame de colesterol e
Dislipidemia em Pacientes hipertensos Anual
frações
Hipertensos
Rastreamento
Cardiológico em Pacientes hipertensos Teste ergométrico ou
Anual
Hipertensos e e/ou diabéticos Eletrocardiograma
Diabéticos
Rastreamento
AGRAVOS EM PACIENTES da Função Renal Pacientes hipertensos
Anual Exame de creatinina
CRÔNICOS em Hipertensos e e/ou diabéticos
Diabéticos
Rastreamento de
Exame de sensibilidade
Neuropatia Periférica Pacientes diabéticos Anual
dos pés
em Diabéticos
Consulta oftalmológica
Rastreamento de
Pacientes diabéticos Anual para exame de
Retinopatia Diabética
fundoscopia
Aferição de pressão
Controle Pressórico
Pacientes hipertensos arterial em consultório
em Hipertensos e Definida pelo médico
ACOMPANHAMENTO DE e/ou diabéticos ou MAPA ou controle
Diabéticos
CONTROLE DE DOENÇAS domiciliar
EM PACIENTES CRÔNICOS Definida pelo médico,
Controle Glicêmico em Exame de hemoglobina
Pacientes diabéticos com mínimo de 12
Diabéticos glicada
meses
Fonte: Painel de indicadores do Programa de Atenção Integral à Saúde, Unimed Grande Florianópolis, 2016.
artigos originais2017
em painel possuem maior adesão à realização de Análise: comparativo entre mulheres elegíveis
exames preventivos, como exemplo os exames de monitoradas e não monitoradas pelo Programa de
mamografia e colpocitológico. Atenção Integral que realizaram exame de mamo-
grafia nos últimos dois 2 anos (04/2015 a 03/2017).
Gráfico 1. Rastreamento de câncer de mama
em mulheres na faixa etária de 50 a 69 anos, Gráfico 3. Rastreamento de câncer de colo de
monitoradas no painel de indicadores útero em mulheres na faixa etária de 20 a 59
anos, com cérvice uterina, monitoradas no painel
72
de indicadores
211
49
68% realizaram
o exame
98
12% realizaram
o exame
3 12% realizaram
o exame
Fontes: Business Intelligence, Sistema de Gestão Unimed Grande Total de mulheres Total de mulheres
Florianópolis e painel de indicadores, 2017. elegíveis elegíveis que
realizaram o exame
artigos originais2017
Referências
STARFIELD, B. Atenção primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: UNESCO/
Ministério da Saúde, 2002.
UNIMED DO BRASIL. Comitê de Atenção Integral à Saúde. Manual de Atenção Integral à Saúde do Sistema Unimed.
[s.l.]: [s.n.], 2013.
RESUMO
Com as mudanças sociodemográficas e a inversão da pirâmide populacional brasileira, percebe–se a ne-
cessidade de realizar mudanças na estratégia do atendimento aos idosos, pautadas na coordenação do
cuidado de forma efetiva. O cuidado ao idoso passa a ser realizado de forma contínua e integral, com maior
acesso, e a ser coordenado pelo médico de família e comunidade, o qual não atua apenas de forma curativa,
mas também, e principalmente, de forma preventiva. O objetivo deste estudo é proporcionar um cuidado
continuado, com redução de procura por múltiplas especialidades, idas ao PA, internações e reinternações.
Acredita-se que o papel do coordenador e da equipe multiprofissional seja imprescindível na execução, na
continuidade e na garantia de qualidade assistencial para a população idosa.
1. Médica, formada pela Faculdade de Medicina de Barbacena, gerente de Provimento de Saúde. E-mail: albertinacunha@
unimedceara.com.br
2. Médica, formada pela Faculdade de Medicina de Juazeiro do Norte, especialista em Medicina de Família e Comunidade,
coordenadora do Provimento de Saúde. E-mail: kellinebringel@unimedceara.com.br
3. Enfermeira, formada pela Universidade de Fortaleza, pós-graduanda em Saúde do Idoso, responsável técnica de Enfermagem.
E-mail: kellyaraujo@unimedceara.com.br
artigos originais2017
artigos originais2017
2. Objetivo 5. Conclusão
Proporcionar um cuidado integral e coorde- Vários estudos e a prática médica têm demons-
nado, com redução da procura por múltiplas es- trado que o atual modelo assistencial é fragmenta-
pecialidades, de idas ao PA, de internações e rein- do e que com ele não se tem observado melhoras
ternações; promover o autocuidado e, por vezes, nos indicadores em saúde; pelo contrário, as esta-
diminuir o índice de vulnerabilidade do idoso. tísticas mostram piora nos indicadores, especial-
mente nos de doenças ou mortes evitáveis. Há ele-
3. Metodologia vação contínua de custos assistenciais, ao mesmo
Como procedimento metodológico foi realiza- tempo em que aumenta a insatisfação dos benefi-
da uma pesquisa de abordagem qualitativa quan- ciários, principalmente pela dificuldade de acesso.
titativa. Foram selecionados os 137 clientes que Para resolver a complicada equação que pos-
apresentaram maior índice de vulnerabilidade da sibilite acessibilidade, qualidade de atendimento,
carteira atualmente atendida na clínica. resultados eficientes e eficazes e custos compa-
tíveis, que não onerem beneficiários nem amea-
4. Resultados cem a sustentabilidade de prestadores e de ope-
radoras, a alternativa que tem sido encontrada é
Quadro 1. Comparativo dos indicadores de o resgate da Atenção Primária à Saúde (APS). Ela
Qualidade* responde aos problemas comuns e inespecíficos
responsáveis pela grande maioria das necessida-
Indicadores de Ago. a dez. Ago. a dez.
Comparativo
qualidade 2015 2016 des de saúde da população.
Consultas com
327 335
Aumento de Ao servir de porta de entrada, alivia a atenção
especialistas 2,44%
secundária (conhecimento médico mais especia-
Diminuição de
Procura por PA 78 66 lizado) e a atenção terciária (os casos mais raros
15,38%
Internações 70 22
Diminuição de e complexos), colaborando para o resultado final
68,57%
nessas três dimensões de atenção. Os sistemas de
Índice de
satisfação
- 90% - atenção à saúde, com forte orientação para a APS,
Fonte: Elaboração própria.
apresentam índices que demonstram os bons re-
* Filtro realizado com os mesmos clientes no mesmo período. sultados desse modelo assistencial.
Avaliações produzidas por numerosos estudos
O quadro acima mostra os primeiros resulta- realizados em grande número de países e regiões
dos da Clínica APS, que mantêm consonância permitem concluir que há evidências robustas, na
com o benchamark com modelos nacionais e in- literatura internacional, sobre os resultados positi-
ternacionais, consolidando o modelo assistencial vos da APS nos sistemas de atenção à saúde. Ela
proposto. O número de consultas eletivas sofreu é mais efetiva por ser a única forma de enfrentar
um aumento, devido processo de mudança cultu- a situação epidemiológica de hegemonia das con-
ral dos clientes. dições crônicas e por impactar significativamente
O UnitedHealth Group (MINNETONKA, 2016) os níveis de saúde da população. Além disso, apre-
publicou um estudo que mostrou uma diminui- senta menores custos e reduz procedimentos mais
ção de 6% de procura por PS, redução de 22% de caros. Tem maior qualidade porque coloca ênfase
artigos originais2017
na promoção da saúde e na prevenção das doenças baseadas em evidências científicas, sempre ampara-
e porque oferta tecnologias mais seguras para os do pelo trabalho de equipe multiprofissional.
usuários e para os profissionais de saúde. É notória a repercussão positiva do modelo de
Com o entendimento de que o modelo assis- assistência que vem sendo ofertado. O desafio se
tencial baseado em atenção primária à saúde traz torna maior por se tratar de um benefício e não
diversas vantagens, a Unimed Ceará decidiu ofere- uma obrigatoriedade, mas com o serviço de qua-
cer esse modelo assistencial aos seus clientes. Para lidade da clínica, o plano de cuidado individuali-
isso foi necessário projetar uma estrutura física in- zado e o acesso facilitado tem sido possível que
tegradora e multidisciplinar que pudesse compor- os pacientes por livre escolha tenham a clínica de
tar todos os elementos indispensáveis a um atendi- atenção personalizada à saúde como sua porta de
mento baseado em APS. entrada no sistema.
Passou a ser oferecido um serviço de promoção, A experiência da implantação aqui relatada
prevenção, assistência e reabilitação na área de saú- mostra que o trabalho conjunto, com uma base só-
de, com garantia de acesso à demanda agendada e/ou lida de conhecimento e um projeto bem elaborado,
espontânea, seguindo protocolos clínicos e diretrizes produz resultados surpreendentes e gratificantes.
Referências
ALBUQUERQUE, S. M. R. L. Qualidade de Vida do Idoso: a assistência domiciliar faz a diferença? São Paulo: Casa do
Psicólogo, 2003.
AYRES, J. R. C. M. O cuidado, os modos de ser (do) humano e as práticas de saúde. Saúde e Sociedade, v. 13, n. 3, p. 16-29,
set./dez. 2004.
AZEVEDO, R. et al. Atividade física e doença de Parkinson. Efdeportes - Revista Digital, Buenos Aires, v. 11, n. 101, Oct.
2006. Disponível em: < www.efdeportes.com/efd156/atividade-fisica-e-doenca-de-parkinson.htm >. Acesso em: 24
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nistério da Saúde, 2004. 726 p.
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo avaliar o gerenciamento do cuidado prestado aos clientes portadores de
condição crônica não transmissível da Unimed Vitória, realizando comparativo entre os resultados dos
indicadores de qualidade dos clientes assistidos pela plataforma digital implantada no novo modelo do
cuidado perfeito e os assistidos no prontuário convencional. Foram analisados retrospectivamente 1.280
pacientes inseridos no novo sistema de gestão do cuidado, no período de dezembro/2016 a março/2017,
900 do sexo feminino e 380 do sexo masculino. Comparou-se também a quantidade de internações e idas
ao pronto-socorro desses clientes em relação aos clientes assistidos no prontuário eletrônico utilizado
anteriormente, os quais totalizam 4.434 pacientes. Foi apresentada uma redução de 6% na utilização do
PS e de 10% nas internações, e uma média de 81% na resolutividade dos atendimentos de intercorrência e
de 87% na efetividade do tratamento de feridas no domicilio, evitando assim internações, idas ao pronto-
socorro desnecessárias e agravamento do quadro clínico no grupo assistido pelo novo modelo, devido à
funcionalidade de alertas clínicos e à efetividade da nova ferramenta de inovação no gerenciamento do
plano de cuidados. Dessa forma, houve uma economia de 34,16% dos clientes assistidos pelo programa na
utilização da operadora. Além disso, a satisfação dos clientes com os atendimentos do PGC foi de 94,5%.
artigos originais2017
artigos originais2017
meio de uma plataforma digital de gestão do cuida- intercorrências no período de até 48 horas; inter-
do, na qual foi implementada a captação e avaliação nações e idas ao pronto-socorro; eficácia no trata-
de risco em saúde com o objetivo de identificar a mento de feridas no domicilio; economia gerada
necessidade de atendimento ambulatorial ou domi- com custo anterior e superior acima de R$ 1.200,00
ciliar. Após a identificação do perfil clínico, os clien- – seis meses antes e depois da entrada no PGC.
tes são avaliados pelo enfermeiro do programa, de Também é feita pesquisa de satisfação trimestral
forma presencial, em uma consulta domiciliar, para dos atendimentos do PGC no modelo NPS.
confirmação dos critérios de elegibilidade, orienta-
ções em saúde e direcionamento para atividades. O 4. Resultados/Discussão
questionário de avaliação inicial é composto pelo Foram gerenciados 1.280 portadores de doenças
Índice de Vulnerabilidade Clínico Funcional (IVCF crônicas, dos quais 32,3% apresentaram risco am-
20) – que classifica o idoso em robusto, com risco bulatorial e 67,7%, risco domiciliar. Na classificação
de fragilização e frágil –, do teste Timed Up and Go do IVCF, 14,9% foram classificados como robustos,
(TUG) e da mensuração da circunferência da pantur- 31,4%, com risco de fragilização e 38%, como frá-
rilha, para avaliação do risco de queda. geis. Foi medida a circunferência da panturrilha:
De acordo com a classificação de risco é traçado 76,8% apresentaram eutrofia e 23,2%, risco de queda.
o plano de cuidado centrado no paciente, persona- Além disso, foi realizado o TUG apenas com os 458
lizado, a fim de definir o cronograma das ativida- pacientes elegíveis ao teste, excluídos os acamados
des. O idoso robusto é atendido no ambulatório e semiacamados, dos quais 16,9% apresentaram-se
pela equipe multidisciplinar e pelo médico assis- como indivíduos adultos independentes e sem alte-
tente, e os com risco de fragilização e frágeis rece- ração no equilíbrio, 44,5%, como idosos frágeis/de-
bem a visita de enfermagem com frequência que pendentes em transferências básicas e 38,6%, como
varia de mensal a trimestral. Todos os pacientes de idosos dependentes em muitas atividades da vida di-
alto risco recebem visitas bimestrais de médicos e, ária, mobilidade diminuída e grande risco de quedas.
quando necessário, atendimentos de intercorrên- Foi realizado um comparativo entre os clientes
cias. As consultas de nutrição são realizadas por assistidos pela gestão de cuidados com a plataforma
demanda mediante solicitação dos enfermeiros/ digital e os inseridos apenas no prontuário eletrô-
médicos conforme a necessidade do cliente. nico convencional. Apresentou-se uma redução de
Com esse novo modelo de gestão do cuidado 6% na utilização do PS e de 10% nas internações, ou
por meio da plataforma digital, é possível realizar seja, um total de 1.797 internações e 8.477 idas ao PS
a extração de dados clínicos em tempo real, e as- nos clientes do novo modelo de cuidado perfeito em
sim ter um melhor gerenciamento dos dados para comparação com 7.984 internações e 36.204 idas
tomada de decisão referente a condutas clínicas e ao PS no grupo da antiga forma de gerenciamento.
a adequação de plano de ação. Também é realizado Além disso, obteve-se uma média de 81% na resolu-
pelo enfermeiro o gerenciamento dos alertas clíni- tividade dos atendimentos domiciliares de intercor-
cos e da execução das ações propostas. Além disso, rências (Tabela 1) e de 87% na eficácia no tratamento
por meio de acesso individual é realizada interface de feridas (Tabela 2), sem a necessidade de encami-
on-line para empoderamento do paciente no cui- nhamento para assistência domiciliar, nos clientes
dado, por meio de chat com o coach em saúde, para assistidos no novo modelo de gestão. Dessa forma,
esclarecimentos, sempre que solicitado. houve uma redução de custo dos clientes assistidos
Os indicadores avaliados mensalmente são: pelo programa, gerando uma economia de 34,16%
resolutividade nos atendimentos domiciliares de que correspondeu ao valor de R$ 6.790.745,96 após
artigos originais2017
o início da participação no programa (Gráfico 1). A de 14 vezes na probabilidade de sofrer alguma que-
satisfação dos clientes com os atendimentos do PGC da nos idosos com idade entre 75 e 84 anos, devido
foi de 94,5% (Gráfico 2). à necessidade de auxílio em algumas atividades de
Percebe-se que o envelhecimento está associado vida diária. Além disso, segundo Gawryszewsk et al.
ao processo de fragilização. Entretanto, é inadequa- (2004), o fator queda está entre os primeiros lugares
do utilizar apenas a idade como um preditor de fra- nas causas de internações em idosos acima de 60
gilidade, uma vez que o processo de envelhecimento anos. Com isso, nota-se a importância de a enferma-
segue padrão heterogêneo. O termo fragilidade é co- gem atuar com medidas preventivas para detectar
mumente utilizado para representar o grau de vul- os fatores de risco físicos e ambientais por meio da
nerabilidade do idoso a desfechos adversos, como consulta domiciliar e da realização do teste de IVCF-
declínio funcional, quedas, internação hospitalar, 20 como um instrumento de triagem da fragilidade,
institucionalização e óbito (MORAES et al., 2016). Na do teste de TUG e da circunferência da panturrilha, a
população acima de 60 anos, as quedas são mais fre- fim de identificar o risco de queda nos idosos e ava-
quentes e há muito tempo são aceitas como decor- liar a capacidade de transferência inter-relacionada
rências “naturais” do envelhecimento. No Brasil, pelo com o equilíbrio dinâmico. O objetivo é intervir pre-
menos 30% dos idosos sofrem um episódio de que- cocemente por meio de orientações, modificações/
da por ano, em frequência um pouco maior nas mu- adaptações dos espaços e fisioterapia dirigida, para
lheres se comparadas aos homens da mesma faixa que assim haja diminuição do grau de suscetibilida-
etária. Segundo Pereira et al. (2001), há um aumento de de quedas na população idosa.
artigos originais2017
Gráfico 1. Economia gerada com custo anterior e superior a R$ 1.200,00 - 6 meses antes e após entrada
no PGC
Custo total dos clientes 6 meses antes e 6 meses depois de serem inseridos no Programa de Gerenciamento de Crônicos
R$ 5,0
R$ 4,5
R$ 4,0
R$ 3,5
R$ 3,0
R$ 2,5
R$ 2,0
R$ 1,5
R$ 1,0
Custo 6 meses antes Custo 6 meses depois
R$ 0,5 R$ 19.879.088,11 R$ 13.088.342,15
R$ 0,0
6 meses 5 meses 4 meses 3 meses 2 meses 1 mês Mês de 1 mês 2 meses 3 meses 4 meses 5 meses 6 meses
antes antes antes antes antes antes entrada depois depois depois depois depois depois
Gráfico 2. Pesquisa de Satisfação Trimestral dos pois implica riscos de imobilidade, infecções hos-
Atendimentos do PGC no modelo NPS pitalares, incontinência, desnutrição, depressão, de-
100 94,5 senvolvimento de comorbidades, declínio cognitivo,
90 deterioração da capacidade funcional e até mesmo
80
óbito (WERNER; KUNTSCHE, 2000). Com isso, nota-
70
60 se a importância da resolutividade das intercorrên-
50 cias e dos tratamentos de lesões no domicilio para
40
30
que sejam evitados esses agravamentos.
20 De acordo com Vieira (2013), destacam-se
10
como vantagens do registro eletrônico em saú-
0
Março Junho Setembro Dezembro de a possibilidade de padronização e completude
Grau de recomendação Meta dos dados registrados; a diminuição do risco de
Fonte: Sistema Incoway e plataforma Healthmap
perda das informações; a redução da ilegibilidade
e de extravios e a ampliação das possibilidades
O idoso é mais suscetível a adquirir infecções, de cruzamentos de informações para a tomada
devido às alterações fisiológicas do envelhecimento, de decisão clínica. Com o presente trabalho, veri-
ao declínio da resposta imunológica e à realização fica-se que há uma facilidade no acesso, no arma-
de procedimentos invasivos. A hospitalização acima zenamento e na análise dos dados clínicos que
de 60 anos, embora necessária, em muitos casos re- foram registrados eletronicamente. A parametri-
presenta alto risco para a saúde dos idosos, podendo zação realizada nos campos dos dados das con-
gerar agravamento do quadro clínico do paciente, sultas domiciliares mostrou-se nítida e prática,
artigos originais2017
uma vez que os riscos de saúde realizados auto- Dessa forma, percebe-se que houve uma redu-
maticamente, conforme as respostas registradas ção na utilização do PS e na internação quando
dos protocolos, provavelmente auxiliam na orga- comparados o grupo de clientes gerenciados na
nização do atendimento e do plano de ação tra- plataforma digital e o que permanece no prontuá-
çado para cada cliente. Os resultados do estudo rio eletrônico antigo, mostrando assim a efetivida-
demonstram a utilidade do registro eletrônico de da nova ferramenta de inovação na coordenação
com o objetivo de melhorar a qualidade do regis- do cuidado por abordar de forma prévia os riscos e
tro clínico e provavelmente melhorar a qualidade intercorrências, incentivando melhor acesso; redu-
da assistência prestada ao usuário. ção de custos, internações e idas ao pronto-socorro
desnecessárias; aumentando a qualidade do servi-
5. Conclusão ço prestado e tornando a medicina preventiva um
A abordagem integral e coordenada pela equipe suporte indispensável para o alcance dos princípios
interdisciplinar, incluindo a promoção da saúde, a da atenção primária. Além disso, mostrou efetivida-
prevenção dos fatores de risco, as complicações e o de no acompanhamento das feridas em domicílio
tratamento das enfermidades crônicas, são os prin- pela própria equipe do Viver Bem, evitando agrava-
cipais pontos para o gerenciamento da saúde de mento no quadro clínico do cliente e o direciona-
pacientes idosos. Esses indivíduos são os que mais mento dele para o serviço de assistência domiciliar.
sofrem os efeitos de sua própria fragilidade e, por Nota-se, ainda, alta satisfação com o serviço presta-
conseguinte, os que mais desejam serviços de quali- do pela operadora, mostrando que a sua ampliação
dade e necessitam de eficiência no setor saúde. ajudará na sustentabilidade da cooperativa.
artigos originais2017
Referências
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WERNER, H.; KUNTSCHE, J. Infection in the elderly: what is different? Z Gerontol Geriatr, v. 33, p. 350-358, 2000.
artigos originais2017
RESUMO
O presente trabalho foi desenvolvido com a finalidade de avaliar o perfil de clientes internados em 2015
com patologias sensíveis à intervenção específica em domicílio, assim como o perfil dos cuidadores e a
relação destes com as equipes assistenciais. Para chegar à população elegível para o estudo, foram utiliza-
das as informações dos bancos de dados da Unimed Belo Horizonte. No período de avaliação havia 7.822
clientes inscritos em atendimento domiciliar; entre eles, 667 clientes foram responsáveis por 779 hospita-
lizações. Optou-se por trabalhar com pacientes cujas patologias tinham maior incidência e que eram pas-
síveis de tratamento e acompanhamento domiciliar: infecção do trato urinário e pneumonia. Assim, 236
clientes eram elegíveis ao estudo e foram avaliados 167 pacientes, o que corresponde a 71% da amostra.
Dos 29% não avaliados, 14% evoluíram a óbito, 11% não foram avaliados por dificuldade de agendamento
para visita do auditor na residência, 2% receberam alta do programa e os outros 2% estavam hospitalizados
no período da coleta de dados. Nos pacientes avaliados, observou-se uma prevalência do sexo feminino
(71,6%) e de idade igual ou superior a 71 anos (90%); 61% apresentavam dificuldade para se locomover ne-
cessitando de auxílio humano ou de dispositivo (bengala ou andador) e os outros 39% eram acamados. Em
relação à classificação por nível assistencial, 72% dos pacientes estavam classificados em nível interme-
diário; os demais 28% estavam classificados no nível avançado do programa. Verificou-se que 68% foram
hospitalizados por infecção do trato urinário (ITU) e 32% foram hospitalizadas por pneumonia (PNM). O
atendimento domiciliar mostrou-se efetivo para a maioria das condições sensíveis à atenção primária. As
hospitalizações (relacionadas a ITU e PNM e sensíveis à intervenção específica em domicílio) foram ne-
cessárias por se tratar de pacientes com doenças de base e idade avançada, o que agravou o seu quadro e
tornou necessário o encaminhamento à unidade hospitalar para tratamento.
1. Enfermeira, Bacharel em Enfermagem, Supervisora da Coordenação da Auditoria Assistencial da Unimed Belo Horizonte. E-mail:
graziela.ribas@unimedbh.com.br
2. Médica, Coordenadora da Auditoria Assistencial, Gestão de Relacionamento com Serviços de Saúde da Unimed Belo Horizonte.
E-mail: annemarie@unimedbh.com.br
artigos originais2017
1. Introdução 3. Justificativa
A difusão da Atenção Domiciliar (AD) ocorre Este estudo se justifica por poder contribuir
tanto no setor privado quanto no setor público, fa- com a mensuração da efetividade e dos impactos
zendo parte da pauta de discussão das políticas de positivos do tratamento com AD de pacientes com
saúde; a pressão dos altos custos das internações duas patologias descritas na lista de internações
hospitalares motiva que se busquem saídas para por condições sensíveis à atenção primária (ICSAP)
uma melhor utilização dos recursos financeiros – pneumonias e infecções do trato urinário –, en-
(ALBUQUERQUE, 2016). riquecendo assim os estudos referentes à atuação
Para o tratamento das infecções agudas no âm- da atenção primária à saúde na redução da hospi-
bito domiciliar foi criado o programa de interven- talização e no acompanhamento dos clientes em
ção específica, que contempla a administração de atendimento domiciliar.
medicação injetável (antibióticos e soroterapia)
com duração predeterminada. A indicação para 4. Metodologia
realização dessas intervenções específicas pode Trata-se de um estudo com abordagem quanti-
ser a desospitalização, para dar continuidade ao qualitativa, uma vez que essas abordagens, não ex-
tratamento no ambiente domiciliar ou para evi- cludentes e sim complementares, permitem uma
tar internação hospitalar nos pacientes que já são análise mais extensa e profunda do conteúdo a ser
acompanhados no domicílio. analisado.
Este trabalho visa a avaliar os casos de interna- O estudo foi realizado levando-se em conta os
ções hospitalares por dois grupos de doenças pas- clientes que receberam atendimento domiciliar
síveis de tratamento domiciliar (pneumonia e in- da Unimed BH durante o ano de 2015, residem na
fecção urinária) e a traçar o perfil epidemiológico Região Metropolitana de Belo Horizonte e foram
desses pacientes. hospitalizados nesse período.
Em 2015, 7.822 clientes da Unimed BH estavam
inseridos no atendimento domiciliar nos seguintes
2. Objetivos
programas: Gerenciamento de Casos Adulto, Geren-
ciamento de Casos Pediátrico, Ventilação Mecânica,
2.1. Objetivo geral Cuidados Paliativos, Reabilitação, Intervenção Es-
Avaliar o perfil de pacientes internados em 2015 pecífica, Acordo, Liminar Judicial e Curativo. Nesse
com CID (Classificação Internacional de Doenças) universo, foram registradas 779 hospitalizações por
sensível à intervenção específica em domicílio (in- CID sensível à intervenção primária de 667 clientes
fecção do trato urinário e pneumonia). em atendimento domiciliar, uma vez que 20 desses
clientes tiveram duas ou mais internações.
2.2. Objetivos específicos A amostra do estudo foi extraída dos Indicado-
• Avaliar o perfil dos cuidadores dos clientes em res Globais e Estratégicos da Unimed BH, medidos
atendimento domiciliar; pela Gestão de Avaliação Estratégica e Desenvol-
• Avaliar a relação entre a equipe assistencial, o vimento (GAED) e monitorados pela Gestão de
cuidador/a família e o paciente; Atenção à Saúde (GEAS) para que se chegasse aos
• Mensurar a efetividade do programa de ge- números citados a seguir.
renciamento de casos na prevenção e no trata- Das 779 internações optou-se por trabalhar com
mento das duas patologias selecionadas. dois principais grupos, por ser tratar de condições
artigos originais2017
sensíveis à intervenção específica: infecção do tra- Em relação ao grupo de doenças elegíveis para
to urinário (190 hospitalizações) e pneumonia (91 o estudo, 68% foram hospitalizadas por infecção
hospitalizações), totalizando 281 hospitalizações. do trato urinário e 32%, por pneumonia.
Essas 281 hospitalizações ocorreram em 256 clien- Observou-se que 64% dos clientes hospitalizados
tes: 20 clientes tiveram duas hospitalizações, e dois eram hipertensos, 15% estavam em tratamento para
clientes tiveram três hospitalizações no período; os insuficiência cardíaca, 14% eram portadores de do-
demais tiveram uma hospitalização. ença pulmonar obstrutiva crônica, 6% eram diabéti-
Dos 256 clientes elegíveis ao estudo, 20 evolu- cos e 40% eram portadores de doenças neurológicas.
íram para óbito ou receberam alta do programa.
Dessa forma, o número final de pacientes do es- Gráfico 1. ICSAP
tudo foi de 236, os quais estão concentrados nos
Condições sensíveis a Atenção Primária
programas de Gerenciamento de Casos Adulto e com atendimento hospitalar
Ventilação Mecânica Adulto.
Dos 236 clientes elegíveis para o estudo, 71% fo-
ram avaliados, o que corresponde a 167 pacientes.
32%
Os demais 14% evoluíram a óbito, 11% não foram
avaliados por dificuldade de agendamento da vi-
sita do auditor na residência, 2% receberam alta do 68%
artigos originais2017
O principal motivo identificado para a procura em domicílio foram necessárias por estarem asso-
do serviço de pronto-atendimento (PA) foi o enca- ciadas a patologias de base em paciente com idade
minhamento pelo próprio prestador de AD, repre- avançada, o que agravou os quadros e tornou ne-
sentando 45% da amostra. Os encaminhamentos cessário o encaminhamento à unidade hospitalar
foram realizados por telefone (26%) ou presencial- para a devida propedêutica.
mente (74%). Do total de clientes, 41% declararam Observou-se neste estudo que a AD favorece a
não ter realizado contato com o prestador, procu- estabilidade clínica do paciente no domicílio, sen-
rando o PA por conta própria. A ausência e/ou de- do um fator que contribui para a redução de hos-
mora no retorno do prestador foi relatada por 9% pitalizações. Além disso, possibilita maior giro de
dos clientes avaliados. E 5% informaram dificulda- leitos hospitalares por meio da continuidade do
de em estabelecer contato com a equipe. tratamento em programa de intervenção específi-
ca, reduzindo consequentemente os riscos para o
Gráfico2. Justificativa de ida ao PA
paciente e os custos para a operadora.
O estudo constatou que alguns cuidadores não
5%
Dificuldade de contato possuem autonomia para a tomada de decisão, ape-
9%
Ausência/demora no sar de estarem presentes e inseridos nos cuidados
retorno do prestador com o paciente, ficando a cargo da família a decisão
45%
Não realizado contato de encaminhar ou não o cliente à unidade hospitalar.
41% com o prestador
Foi identificada também a necessidade de uma
Encaminhamento do
prestador abordagem mais efetiva da equipe assistencial da
AD a fim de suprir as necessidades e demandas do
Fonte: Elaboração própria.
cuidador/da família em relação ao paciente. Faz-
se necessária a intensificação de esforços no senti-
6. Conclusão do de amparar e integrar a família no processo do
O atendimento domiciliar mostrou-se efetivo cuidado e aumentar o vínculo com a equipe mul-
no tratamento da maioria das condições sensíveis tiprofissional da AD, além de reforçar com a equipe
à atenção primária. As hospitalizações relaciona- assistencial a importância do seu papel como refe-
das a ITU e PNM sensíveis à intervenção específica rência no atendimento ao cliente/à família.
Referências
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artigos originais2017
Anexo 1
QUESTIONÁRIO PARA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE ASSISTENCIAL
Data da visita: / /
PACIENTE:
Masculino Feminino
GEAD
Data de nascimento: / / Idade:
CAPTAMED
NUTRICE
RESPONDENTE: Cuidador Familiar Paciente
Nível de escolaridade:
Analfabeto Auxiliar de Enfermagem Técnico de Enfermagem
Alfabetizado Curso de Cuidador
Possui experiência na área? Sim Não
artigos originais2017
4.1 Cuidador orientado quanto aos cuidados e fatores que predispõem a uma ITU? Sim Não
4.2 Cuidados
Hidratação
Troca de fraldas
Higiene íntima
4.3 Fatores
Sinais de alerta (febre, odor, coloração, confusão mental, prostração, disúria)
Sondagem vesical
Incontinência urinária
Uso de fraldas
Insuficiência renal
5. PNEUMONIA
5.1 Cuidador orientado quanto aos cuidados e fatores que predispõem a uma PNM? Sim Não
5.2 Cuidados
Cabeceira elevada e/ou paciente assentado durante e após alimentação
Consistência adequada dos alimentos
Uso de espessante
Higiene oral adequada
Instituição de longa permanência
5.3 Fatores
Sinais de alerta (tosse persistente durante alimentação, engasgos e febre)
Rapidez na administração da dieta oral e enteral
Paciente acamado
Tabagismo
DPOC
Utilização de sonda nasoentérica ou gastrostomia
artigos originais2017
Célia Regina Malvezi Mugayar1, Vivian Cristina Barbon Perassi2 e Maria Luiza Camuri Machado3
UNIMED SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
RESUMO
Este trabalho apresenta a implantação de um programa de Gestão da Atenção em Saúde, por meio do tele-
monitoramento de pacientes com doença crônica e de alta frequência de utilização, objetivando a amplia-
ção da cobertura da massa de clientes da operadora em programas preventivos, a capacitação da equipe
para resultados e a redução da sinistralidade. A metodologia utilizada para a implantação do programa foi
o desenvolvimento de um projeto estratégico, em parceria com empresa referência do setor, para aquisição
de know-how na gestão preventiva e monitorada, na implementação do sistema de gestão já utilizado pela
empresa, assim como na internalização de todo o conhecimento de gestão da equipe própria multidisci-
plinar. Para a seleção dos clientes foi utilizada uma ferramenta de business intelligence (BI) com metodo-
logias de gestão de saúde populacional a partir dos critérios risco de saúde, alta frequência de utilização e
alta sinistralidade. Utilizando o conceito estatístico de análise de regressão desenvolvido pela instituição
americana Population Health Alliance (PHA), com o monitoramento de 3.421 vidas pelo período médio
de sete meses, foi evidenciado como resultado uma economia líquida de R$ 6,85 milhões, retorno sobre
investimento (ROI) de 6,18 e queda de frequências da maioria dos eventos no período posterior. Constatou-
se ainda que a tendência de crescimento de custos apresentou forte redução; quando comparado o custo
real com o custo projetado, demonstrou-se que o programa teve papel importante na melhora de saúde
dessa população e, por consequência, no controle de custos, contribuindo para a melhora da sinistralidade
do ano seguinte.
artigos originais2017
artigos originais2017
acompanhamento;
Original Cost
• As análises para possíveis altas iniciam-se a Trajectory
cana Population Health Alliance (PHA), pioneira Fonte: Population Health Alliance Outcomes, v. 5, p. 87, 2010
artigos originais2017
Gráfico 1. Custo médio anual (R$) – Projeção apurou um ROI de 6,18, com economia líquida
regressão vs. realizado de R$ 6,85 milhões. As frequências dos eventos
R$ Médio anual - Projeção regressão vs. realizado
de saúde apresentaram quedas significativas. A
sinistralidade da operadora em 2016 reduziu-se
1000 em 6,25% pontos percentuais em relação ao ano
+10%
+12%
800 +13% 686,31 de 2015, fechando o ano em 82,58% em relação ao
619,54
C
u 600 485,55
551,88
ano anterior.
s
t
o 400
439,66
s
200
5. Conclusão
A análise identificou uma queda de frequência
0
Ano-3 Ano-2 Ano-1 Ano1 em todos os tipos de eventos no período posterior,
Custo projetado Custo real exceto as internações obstétricas, resultado do
Fonte: Base de dados Unimed SJRP. acompanhamento e da conscientização dos par-
ticipantes de como utilizar de forma adequada os
Tabela 3. Resultado serviços do plano de saúde. Observa-se que a ten-
Resultado (3.421 Participantes) Ano1
dência de crescimento dos custos apresentou forte
PMPM Total
redução quando comparou-se o custo real com o
Custo Projetado R$ 686,31 R$ 22.775.225,15 custo projetado pela regressão linear, conforme a
(-) Custo Real R$ 439,66 R$ 14.589.952,38 metodologia apresentada. A economia líquida esti-
= Economia R$ 246,66 R$ 8.185.272,77 mada nessa mediação, com 11 meses de programa
(-) Custo Operacional R$ 39,94 R$ 1.325.331,00 implantado, foi de mais de R$ 6,85 milhões e ROI
= Economa Líquida Transição R$ 206,72 R$ 6.859.941,77 de 6,18. Isso demonstra que programa tem papel
ROI (Econ. / Invest) Transição 6,18 importante na melhora de saúde dessa população
Fonte: Base de dados Unimed SJRP. e, por consequência, no controle dos custos, contri-
buindo para a melhora da sinistralidade de 2016.
mundial em Gestão de Saúde Populacional, pode-
mos projetar por meio de uma linha de tendência Gráfico 2. Sinistralidade
o custo assistencial da população acompanhada
Sinistralidade 2016
com boa precisão, e com isso mensurar o retorno
100%
sobre investimento (ROI) do programa.
90%
Para apuração dos resultados foi realizada aná-
80%
lise de contas médicas no período de setembro de
70%
2013 até novembro de 2016. Toda a análise foi con- 60%
siderada pela data de atendimento. 50%
Foram monitoradas 3.421 vidas, com tempo 40%
médio de monitoramento de sete meses, no perí- 30%
odo de fevereiro a novembro de 2016. 20%
ro de 2016.
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Referências
AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR (ANS). Caderno de Informação da Saúde Suplementar: beneficiá-
rios, operadoras e planos. Rio de Janeiro: ANS, 2011.
CARE CONTINUUM ALLIANCE. Population health improvement: a market research survey. Washington: Care Conti-
nuum Alliance, 2010.
PORTER, M. E.; TEISBERG, E. O. Repensando a saúde: estratégias para melhorar a qualidade e reduzir os custos. Porto
Alegre: Artmed, 2009.
VERAS, R. P. Envelhecimento populacional contemporâneo: demandas, desafios e inovações. Rev Saúde Publica, v. 43,
n. 3, p. 548-554, 2009.
Letícia Motta dos Santos1, Marcelo Amaro dos Santos2 e Priscila M. Franqui3
UNIMED PARANÁ
RESUMO
Um dos princípios do modelo assistencial de atenção primária à saúde é a coordenação do cuidado. No
Centro de Atenção Personalizada à Saúde (APS), o serviço apresentava em 2015 o índice de 15% dos pa-
cientes crônicos com coordenação do cuidado efetiva. Com o projeto de melhoria na prática do Institute
for Healthcare Improvement, obteve-se a coordenação do cuidado aos pacientes crônicos com registros
de plano de cuidados em prontuário com foco no paciente, melhorando a experiência do cuidado e opor-
tunizando a gestão do custo.
Palavras-chave: Atenção Primária. Doente crônico. Coordenação do cuidado. Ciência da Melhoria da Prática.
1. Profissional com Bacharelado em Enfermagem e especialização Lato Sensu em Estomaterapia. Responsável técnica da área de
Gestão de Atenção à Saúde Operadora da Unimed Federação Paraná. E-mail: lsantos@unimedpr.coop.br
2. Profissional com bacharelado e licenciatura em Enfermagem e especialização Lato Sensu em Enfermagem do Trabalho,
responsável técnico pela unidade APS da Unimed Paraná. E-mail: mamaro@unimedpr.coop.br
3. Profissional com Bacharelado em Enfermagem e especialização Lato Sensu em Gestão Empresarial da Saúde. Gerente da Atenção
à Saúde na Unimed Federação do Paraná. E-mail: pfranqui@unimedpr.coop.br
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70%
60%
Percentual de pacientes
50%
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Início do projeto
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Mês
artigos originais2017
Figura 4. Gráfico percentual de consultas em pronto-socorro por causas sensíveis à Atenção Primária à Saúde
Percentual de consultas em pronto-socorro por causas sensíveis à Atenção Primária da Saúde
durante o horário de atendimento do Centro de Atenção Personalizada à Saúde
80%
70%
60%
50%
Percentual
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Início do projeto
30%
20%
10%
0%
or
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ja
ju
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m
m
m
di
In
Mês
5. Conclusão
O presente trabalho resultou em dois aprendi- segundo lugar, o aprendizado da metodologia da
zados e benefícios: o primeiro relaciona-se à coor- Ciência da Melhoria da Prática possibilitou uma
denação do cuidado com benefícios aos pacientes, mudança com impacto duradouro sob a ótica do
que tiveram melhor atenção à sua saúde com base Triple Aim: foco no paciente, melhoria da experi-
nos princípios da Atenção Primária à Saúde. Em ência do cuidado e gestão do custo.
Referências
INSTITUTE FOR HEALTHCARE IMPROVEMENT. Science of Improvement: Testing Changes. Disponível em: <http://
www.ihi.org/resources/Pages/HowtoImprove/ScienceofImprovementTestingChanges.aspx> Acesso em: 17 agosto de
2016.
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Renovação da Atenção Primária à Saúde nas Américas. Brasília:
OPAS/OMS, 2008.
SHIMMAZAKI, M. E. A Atenção Primária à Saúde. Belo Horizonte: ESPMG, 2009.
STARFIELD B. Atenção Primária à Saúde. Brasília: Unesco/Ministério da Saúde, 2002.
RESUMO
Este artigo objetiva relatar a premissa do uso de indicadores de saúde no desenvolvimento e cuidado da
gestão de um serviço de saúde com modelo de Atenção Personalizada à Saúde, por meio de metodologia
de pesquisa exploratória descritiva, concluindo apela necessidade de se utilizarem instrumentos de coleta
e análise para o desempenho do que é proposto.
1. Enfermeira do Centro de Atenção Personalizada à Saúde da Unimed Noroeste do Paraná, pós-graduanda em Atenção Primária à
Saúde pela Fundação Unimed, residente de Umuarama–PR. E-mail: enfermagemaps@unimedumr.com.br
artigos originais2017
artigos originais2017
Foram utilizados os principais atributos dos in- obter o efeito que se deseja; e por último de efetivi-
dicadores de gestão: dade, definida como a capacidade de transformar
a) Facilidade de apuração: quanto menos com- uma realidade (impacto) a partir do objetivo esta-
plexo for o método de apuração, maior a chan- belecido e sua continuidade ao longo do tempo.
ce de que seja apurado com correção e a tem- Deve-se responder a três perguntas: o modo de
po; além disso, será menos oneroso; execução está correto? Está sendo feita a coisa cer-
b) Confiabilidade: é necessário que a informação ta (atendimento à necessidade do cliente)? Está se
oferecida seja confiável, representando sem- fazendo bem o que deveria ser feito (satisfação do
pre com fidelidade a característica ou o fenô- cliente ao longo do tempo)? (ELIAS; SOUZA, 2006).
meno controlado;
c) Existência de padrões para comparação: com 5. Conclusão
referências externas, ou outras fontes que sir- Ao tratar de um modelo de atenção inovador,
vam de referências; é necessário que haja gestão eficaz do sistema, a
d) Uso efetivo na atividade de gestão: é neces- fim de prevenir falhas e incentivar a melhoria da
sário utilizar plano de ação após a coleta de qualidade para fidelização do modelo, e respeito
dados para o indicador, aliando teoria e prá- aos atributos básicos, a fim de garantir o cuidado
tica, pois, se o uso de indicadores não provocar integral ao paciente. Esse é um atributo essencial
ações, acaba caindo em descrédito. do modelo de atenção, por isso a utilização de in-
Para a escolha dos indicadores também são im- dicadores é uma ferramenta imprescindível para
portantes os conceitos de eficiência, que é a capa- a gestão do sistema, contudo o pequeno volume
cidade de obter o efeito que se deseja ou se espera de literatura a respeito do tema torna necessários
empregando os melhores meios (recursos) possí- mais estudos com aprofundamento das institui-
veis; eficácia, que é definida como a capacidade de ções que já o praticam para contribuições futuras.
Referências
ELIAS, F. S.; SOUZA, L. Indicadores para monitoramento de pesquisa em Saúde no Brasil. CI. Inf., Brasília, v. 35, n. 3, p.
218-226, set./dez. 2006.
MARIN, H. F. Sistemas de informação em saúde: considerações gerais. J Health Inform., v. 2, n. 1, p. 20-24, jan./mar. 2010.
SAMPAIO, L. F. R. Debate sobre o artigo de Conill. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 24, supl. 1, p. S19-s21, 2008.
STARFIELD B. Atenção primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: UNESCO/Mi-
nistério da Saúde; 2002.
TAKEDA, S. A organização de Serviços de Atenção Primária à Saúde. In: DUNCAM, B. et al. Medicina Ambulatorial:
Condutas de Atenção Primária Baseadas em Evidência. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.
VACAVA, F. et al. Uma metodologia de avaliação do desempenho do sistema de saúde brasileiro. Rev C S Col, v. 9, n. 3,
p. 711-724, 2004.
RESUMO
Segundo o Vigitel 2012, 24,3% da população brasileira possui hipertensão arterial (HA), patologia que é im-
portante fator de risco para doenças cardiovasculares. Na carteira de beneficiários da Unimed de Ourinhos,
com 31.513 vidas, a estimativa é que em torno de 7.500 beneficiários sejam hipertensos com risco cardio-
vascular. O Viver Bem atende beneficiários portadores de moléstias cardiovasculares, porém não havia um
acompanhamento eficaz na realização das ações de cuidado estabelecidas e o número de frequentadores
do projeto era pequeno para a estrutura oferecida. O projeto tem como objetivo incluir 20% dos beneficiá-
rios no programa cardiovascular de uma população de 4.350 indivíduos residentes na cidade de Ourinhos,
aumentando o percentual de realização de todas as ações do protocolo do programa Cardiovascular da
Unimed de Ourinhos de 0% para acima de 40% até dezembro de 2016. O projeto foi iniciado em janeiro
de 2016, com a adoção da metodologia da Ciência da Melhoria na Prática do Institute for Healthcare Im-
provement (IHI). Para as ações estabelecidas foram definidos indicadores a serem acompanhados por meio
de gráficos de tendência. Os resultados preliminares do trabalho demonstraram que o cuidado centrado
nos pacientes possibilitou um aumento no número de beneficiários incluídos no programa cardiovascular,
pelo qual se realizaram todas as ações necessárias para o cuidado perfeito, e um aumento na satisfação dos
beneficiários. Os indicadores puderam ser permanentemente verificados, possibilitando mudanças para
disseminar melhoria.
1. Coordenadora do Núcleo Viver Bem – Medicina Preventiva e Atenção Domiciliar da Unimed Ourinhos, enfermeira, agente de
melhoria em cuidado de Saúde pelo Institute for Healthcare Improvement (IHI).
2. Enfermeira, Agente de melhoria em cuidado de Saúde pelo Institute for Healthcare Improvement (IHI), supervisora do cuidado
da Medicina Preventiva da Unimed Ourinhos.
3. Enfermeira de Atenção Primária, Agente de melhoria em cuidado de Saúde pelo Institute for Healthcare Improvement (IHI).
artigos originais2017
artigos originais2017
resultado e de equilíbrio, que são acompanhados da rotina de feedback com informações sobre
por meio de gráficos de tendência. seus pacientes;
• Adoção de questionário de satisfação sobre o
5. Resultados/Discussão serviço oferecido;
Foram realizadas as seguintes mudanças: • Criação do instrumento para orientação refe-
• Definição do plano de cuidados ideal para o rente às vacinas preconizadas de acordo com
portador de moléstia cardiovascular em equipe; o perfil do indivíduo, contendo os pontos de
• Definição do fluxo e de critérios de captação do be- aplicação.
neficiário com perfil para participar do programa;
• Estabelecimento das portas de entrada para 6. Análise dos indicadores
busca ativa na rede credenciada e no sistema Para o acompanhamento das ações estabeleci-
de informação; das foram definidos indicadores que demonstra-
• Adoção do protocolo para aferição da pressão ram que os cuidados já existentes foram melho-
arterial preconizado pelo Ministério da Saúde rados em relação ao período anterior ao projeto,
(BRASIL, 2013); indicando crescimento na realização das ações
• Comunicação do plano de cuidados aos mé- propostas e aumento no número de beneficiários
dicos cardiologistas cooperados e definição incluídos no programa cardiovascular.
Meta: 20%
Semana de 18/1/2016
projeto
Início do
Semana de 25/1/2016
Semana de 1/2/2016
Semana de 8/2/2016
Semana de 15/2/2016
Semana de 22/2/2016
Semana de 29/2/2016
Semana de 7/3/2016
Semana de 14/3/2016
Domiciliar
Semana de 21/3/2016
Semana de 28/3/2016
Unimed e Atendimento
Captação na Farmácia da
Semana de 4/4/2016
moléstias cardiovasculares
Semana de 11/4/2016
hipertensão arterial
Evento da Semana da
Semana de 4/7/2016
Linha de base
Semana de 15/8/2016
Semana
Semana de 22/8/2016
Captação ativa
Semana de 29/8/2016
de listas CIDs
através de lista dos
frequentadores do PA
Semana de 5/9/2016
Meta %
Semana de 10/10/2016
Semana de 17/10/2016
Semana de 24/10/2016
Semana de 31/10/2016
Semana de 7/11/2016
de ligação
Semana de 14/11/2016
Semana de 21/11/2016
Instituído protocolo
Semana de 28/11/2016
Semana de 5/12/2016
Semana de 12/12/2016
% de beneficiários incluídos no programa cardiovascular (N=4350)
Semana de 19/12/2016
Semana de 26/12/2016
Semana de 2/1/2017
Semana de 9/1/2017
Semana de 16/1/2017
Semana de 23/1/2017
Semana de 30/1/2017
Semana de 6/2/2017
Semana de 13/2/2017
Semana de 20/2/2017
Semana de 27/2/2017
Semana de 6/3/2017
Semana de 13/3/2017
Gráfico 1. Percentual de beneficiários incluídos no Programa Cuidado Perfeito para portadores de
Semana de 20/3/2017
Semana de 27/3/2017
Semana de 3/4/2017
Semana de 10/4/2017
0,03
Semana de 17/4/2017
279
Análise: Ocorreu um aumento no número de beneficiários incluídos por meio da busca ativa, que anteriormente não
artigos originais2017
Cuidado perfeito aos portadores de moléstias cardiovasculares da Medicina Preventiva da Unimed de Ourinhos
Cecília Sá Rodrigues Alves, Ana Carolina Fernandes e Karla Daiane Gianetti
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120,00
110,00
100,00 Instituído protocolo
90,00 de ligação
Migração de beneficiários
80,00 de outros programas
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%
59,53
50,00
40,00
30,00 Inclusão de beneficiários
Início do
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Período Mensal
Mediana Meta %
Gráfico 3. Percentual de beneficiários que realizam consulta com a enfermeira pelo menos uma vez por ano
110,00
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Início do
90,00 projeto
80,00
70,00
75,76
%
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Instituído protocolo
30,00 de ligações
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Período Mensal
Mediana Meta %
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Gráfico 4. Percentual de beneficiários que realizam consulta com educador físico pelo menos uma vez por ano
110,00
100,00 Mudança no fluxo
Início do de atendimento
90,00 projeto
80,00
70,00
60,00
62,83
%
50,00
40,00
30,00
Iniciado atendimento Férias do
20,00 em grupo profissional
10,00
0,00
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Período Mensal
Mediana Meta %
Gráfico 5 – Percentual de beneficiários que realizam consulta com o cardiologista pelo menos uma vez por ano
110,00
Início do
100,00
projeto
90,00
80,00
70,00
60,00
55,73
%
50,00
40,00
30,00
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Mediana Meta %
282
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
100,00
110,00
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
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110,00
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Meta: 40%
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P1 - Jan - 2016 P1 - Jan - 2016
de atendimento
Mudança no fluxo
P2 - Mai - 2016 P2 - Mai - 2016
Mediana
Mediana
P1 - Jun - 2016 P1 - Jun - 2016
P2 - Jun - 2016 P2 - Jun - 2016
P1 - Jul - 2016 P1 - Jul - 2016
Período Mensal
Período Mensal
Cecília Sá Rodrigues Alves, Ana Carolina Fernandes e Karla Daiane Gianetti
Meta %
P2 - Ago - 2016 P2 - Ago - 2016
em grupo
P1 - Set - 2016 P1 - Set - 2016
Iniciado atendimento
P2 - Set - 2016 P2 - Set - 2016
Férias do
profissional
P1 - Mar - 2017 P1 - Mar - 2017
P2 - Mar - 2017 P2 - Mar - 2017
P1 - Abr - 2017 P1 - Abr - 2017
73,33
93,32
Gráfico 6 – Percentual de beneficiários com exames laboratoriais do protocolo cardiovascular realizados
Análise: Houve aumento do percentual de consultas da nutricionista realizadas após a implantação do projeto, de 8%
Cuidado perfeito aos portadores de moléstias cardiovasculares da Medicina Preventiva da Unimed de Ourinhos
artigos originais2017
60,00
50,00
46,30
40,00
Iniciado protocolo de
30,00
%
10,00 Início do
projeto Iniciada
orientação verbal
0,00
P1 - Jan - 2016
P2 - Jan - 2016
P1 - Fev - 2016
P2 - Fev - 2016
P1 - Mar - 2016
P2 - Mar - 2016
P1 - Abr - 2016
P2 - Abr - 2016
P1 - Mai - 2016
P2 - Mai - 2016
P1 - Jun - 2016
P2 - Jun - 2016
P1 - Jul - 2016
P2 - Jul - 2016
P1 - Ago - 2016
P2 - Ago - 2016
P1 - Set - 2016
P2 - Set - 2016
P1 - Out - 2016
P2 - Out - 2016
P1 - Nov - 2016
P2 - Nov - 2016
P1 - Dez - 2016
P2 - Dez - 2016
P1 - Jan - 2017
P2 - Jan - 2017
P1 - Fev - 2017
P2 - Fev - 2017
P1 - Mar - 2017
P2 - Mar - 2017
P1 - Abr - 2017
Período Mensal
Mediana Meta %
63,00
60,00
57,00
54,00
51,00
Início do
48,00 projeto
46,84
%
45,00
42,00
39,00
36,00
33,00
30,00
27,00
P1 - Out - 2015
P2 - Out - 2015
P1 - Nov - 2015
P2 - Nov - 2015
P1 - Dez - 2015
P2 - Dez - 2015
P1 - Jan - 2016
P2 - Jan - 2016
P1 - Fev - 2016
P2 - Fev - 2016
P1 - Mar - 2016
P2 - Mar - 2016
P1 - Abr - 2016
P2 - Abr - 2016
P1 - Mai - 2016
P2 - Mai - 2016
P1 - Jun - 2016
P2 - Jun - 2016
P1 - Jul - 2016
P2 - Jul - 2016
P1 - Ago - 2016
P2 - Ago - 2016
P1 - Set - 2016
P2 - Set - 2016
P1 - Out - 2016
P2 - Out - 2016
P1 - Nov - 2016
P2 - Nov - 2016
P1 - Dez - 2016
P2 - Dez - 2016
P1 - Jan - 2017
P2 - Jan - 2017
P1 - Fev - 2017
P2 - Fev - 2017
P1 - Mar - 2017
P2 - Mar - 2017
P1 - Abr - 2017
Período Mensal
Mediana Meta %
Meta: 40%
Tipo de indicador: de resultado
Análise: IIndicador considerado controlado; beneficiários com um ano de controle de pressão arterial. Meta atingida.
artigos originais2017
Gráfico 10 – Satisfação do beneficiário com o programa Cuidado Perfeito para portadores de moléstias
cardiovasculares
102
Início do
99 projeto
96
93,55
93
%
90
87
84 Implantação de
novo questionário
81
01 - 2016
02 - 2016
03 - 2016
04 - 2016
05 - 2016
06 - 2016
07 - 2016
08 - 2016
09 - 2016
10 - 2016
11 - 2016
12 - 2016
01 - 2017
02 - 2017
03 - 2017
Mês
Mediana
130
120
110
per capita
100
90
84,54
80
70 Início do
projeto
60
50
01 - 2016
02 - 2016
03 - 2016
04 - 2016
05 - 2016
06 - 2016
07 - 2016
08 - 2016
09 - 2016
10 - 2016
11 - 2016
12 - 2016
01 - 2017
02 - 2017
Mês
Mediana
artigos originais2017
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o
cuidado da pessoa com doença crônica: hipertensão arterial sistêmica / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à
Saúde, Departamento de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2013.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos
não Transmissíveis e Promoção de Saúde. Vigitel Brasil 2012: Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças
crônicas por inquérito telefônico. Brasília: Ministério da Saúde, 2013.
LANGLEY, G. J. et al. Modelo de melhoria: uma abordagem prática para melhorar o desempenho organizacional. Tra-
dução Ademir Petenate. Campinas: Mercado de letras, 2011.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEI-
RA DE NEFROLOGIA. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Arq Bras Cardiol, v. 95, n. 1, supl.1, p. 1-51, 2010.
UNIMED DO BRASIL. Comitê de Atenção Integral à Saúde. Manual de Atenção à Saúde do Sistema Unimed, v. 1. São
Paulo: Unimed, 2013.
Aline Gabrielle de Souza1, Márcia Valéria Vianna Liell2 e Maria Zulma Sancho Moreira3
UNIMED JOINVILLE
RESUMO
Visando a um novo modelo de atenção à saúde, este trabalho teve como objetivo propor a implantação
de um serviço de Atenção Primária por meio de um projeto-piloto da Unimed Joinville para a carteira de
beneficiários do Porto de Itapoá, com cerca de 1.500 vidas, denominado de Atenção Personalizada à Saúde
(APS). Inicialmente ocorreu a escolha da equipe para o projeto, seguida pelo diagnóstico da carteira para
conhecer o perfil dos beneficiários, pela escolha dos indicadores a serem monitorados e pela divulgação do
serviço junto à população-alvo. O início do atendimento ocorreu em oito de novembro de 2016. A procura
tem sido gradativa, consistindo em 49 atendimentos no mês de novembro/2016, 67 em dezembro/2016,
74 em janeiro/2017, 104 em fevereiro/2017 e 109 em março/2017, totalizando 403 atendimentos realizados
por meio de intervenções médicas e de enfermagem nas mais variadas situações, por atendimento eleti-
vo e por demanda espontânea. Alguns beneficiários têm sido acompanhados de forma periódica, sendo
nove gestantes, seis crianças em puericultura e quinze indivíduos com comorbidades crônicas. Entre as
várias formas para comunicação, o aplicativo WhatsApp é um dos recursos que garantem melhor acesso
à equipe, sobretudo na sua ausência. A Atenção Primária se tornou referência como modelo de atenção,
com menor custo e visão abrangente do binômio beneficiário e plano de saúde. A Unimed Joinville deu
um passo importante a favor desse modelo, proporcionando com a Atenção Personalizada à Saúde o aten-
dimento integral ao cliente.
1. Enfermeira na APS - Porto de Itapoá pela Unimed Joinville. Graduada pela Universidade Regional de Blumenau. E-mail: alineg@
joinville.unimedsc.com.br
2. Enfermeira coordenadora do Núcleo de Atenção à Saúde da Unimed Joinville. Graduada pela Universidade Regional do Alto
Uruguai. Pós-graduada em Gerontologia pela Universidade Regional de Blumenau. E-mail: marciavvl@joinville.unimedsc.com.br
3. Médica coordenadora do Núcleo de Atenção à Saúde da Unimed de Joinville, formada na Faculdade Federal de Santa Catarina
em 1985. Tem residência em Medicina de Família e Comunidade pela Secretaria Municipal de Saúde de Joinville. Email: zulma@
joinville.unimedsc.com.br
artigos originais2017
1. Introdução 3. Metodologia
O modelo de Atenção Primária implantado A Unimed Joinville, entendendo as transforma-
nos serviços de saúde em países industrializados ções do modelo de assistência, foi ao encontro das
ganhou força em meados do século XX e tornou- necessidades do Porto de Itapoá, que precisava ga-
se uma proposta viável para tornar os serviços de rantir um melhor atendimento de saúde a seus co-
saúde mais eficientes, isto é, com mais impac- laboradores, elegendo assim essa carteira de bene-
tos sobre indicadores de saúde, menos custos e ficiários para incluir no projeto-piloto de Atenção
maior satisfação dos atores envolvidos (STAR- Primária à Saúde, denominado de Atenção Perso-
FIELD, 2002). nalizada à Saúde – Porto de Itapoá.
Esse modelo serviu de base para os países or- Inicialmente foi realizado o levantamento de
ganizarem seus serviços de saúde, pois o “modelo dados da carteira, para se obter o diagnóstico de
tradicional de assistência não acompanha a his- saúde desses beneficiários. Foram estudados os
tória natural das doenças” (LEAVELL & CLARK, seguintes dados: demografia, características do
1976, p.744), inclusive nas operadoras de planos território, características socioeconômicas, vulne-
de saúde, nas quais, na maioria das vezes, o bene- rabilidades específicas e uso do plano de saúde,
ficiário é detectado apenas quando já possui um principalmente a frequência de consultas médicas,
agravamento de sua morbidade, gerando compli- a utilização do pronto-atendimento, as internações
cações para o cliente e altos índices de sinistrali- e os diagnósticos registrados. Os dados foram ob-
dade para os planos de saúde. tidos por meio dos sistemas de informação utiliza-
A proposta desse novo modelo se trata de uma dos na Unimed Joinville.
reorganização da assistência médica para que pra- Alguns indicadores foram escolhidos para moni-
tique os princípios ou atributos principais da Aten- torar o processo de trabalho e as ações do serviço, de
ção Primária: porta de entrada do sistema de saúde acordo com os diagnósticos de saúde da população,
(acesso), longitudinalidade do cuidado, coordena- juntamente com a proposta do modelo de atenção.
ção da assistência e integralidade da assistência Para a execução da assistência foi reunida uma
com alta resolutividade. equipe mínima composta por um médico de fa-
Nesse sentido a Atenção Primária à Saúde (APS) mília e comunidade, uma enfermeira generalista
mostrou-se a alternativa mais viável e eficiente, e e uma técnica em enfermagem, todos capacitados
aquela cuja implantação tornou-se uma das metas em Atenção Primária à Saúde. A carga horária da
mais importantes e desafiadoras das grandes ope- equipe para atendimento é de 20 horas semanais,
radoras de planos de saúde no Brasil. sendo 15 horas in loco distribuídas em três dias
na semana e cinco horas para reuniões de equipe,
2. Objetivo discussão de casos e levantamento de dados para
O presente trabalho teve como objetivo implan- monitorar o serviço.
tar um serviço de Atenção Primária à Saúde como A assistência ocorre no primeiro andar do Cen-
projeto-piloto da Unimed Joinville para a carteira tro de Saúde do Porto de Itapoá, na cidade de Ita-
de beneficiários do Porto de Itapoá, composta por poá, onde há uma academia de ginástica no piso
colaboradores e dependentes, totalizando cerca de térreo, uma recepção para os clientes, duas salas de
1.500 vidas com variação mensal conforme as in- atendimento clínico e uma sala para acolhimento e
clusões e exclusões do plano. procedimentos de enfermagem.
artigos originais2017
artigos originais2017
O atendimento para esses beneficiários é re- importante a favor desse modelo, proporcionan-
vezado entre consulta médica e de enfermagem, do por meio da Atenção Personalizada à Saúde o
podendo ser semanal, quinzenal, mensal ou tri- atendimento integral ao cliente com uma condu-
mestral, de acordo com a necessidade e a avalia- ta personalizada para cada indivíduo, realizando a
ção de risco. prevenção quaternária e reduzindo custos com pro-
cedimentos e exames desnecessários.
5. Conclusão Quanto aos beneficiários, é possível concluir que
A Atenção Primária se tornou referência como estão aprendendo sobre essa nova forma de aten-
modelo de atenção, com menor custo e visão abran- dimento e aos poucos estão resgatando a visão de
gente do binômio beneficiário e plano de saúde. ter uma equipe de referência a qual podem acessar
Entendendo a necessidade da reformulação sempre que preciso, promovendo a confiança do
de sua estrutura, a Unimed Joinville deu um passo cuidado e a criação de vínculo entre as partes.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional da Saúde Suplementar. Duas faces da mesma moeda: microrregulação
e modelos assistenciais na saúde suplementar. Rio de Janeiro: ANS, 2005.
CHRISTENSEN, C. Inovação na Gestão da Saúde: soluções disruptivas para reduzir custos e aumentar qualidade. Tra-
dução de André de Godoy Vieira, Mariana Belloli Cunha, Ronaldo Cataldo Costa. Porto Alegre: Bookman, 2009.
ITAPOÁ, SC. Guia cidade de Itapoá. Disponível em: <http://www.itapoa.sc.gov.br/ turismo/guia/listar/358/Unidades+-
de+Sa%C3%BAde > Acesso em: 07 jun. 2016.
LEAVELL, H. & CLARK, E.G. Medicina Preventiva. São Paulo: McGraw-Hill, 1976. 744 P.
PORTER, M. E.; TEISBERG, E. O. Repensando a Saúde: estratégias para melhorar a qualidade e reduzir os custos. Tradu-
ção de Cristina Bazan. Porto Alegre: Bookman, 2007.
ROSE, G. Estratégias da Medicina Preventiva. Porto Alegre: Artmed, 2010.
STARFIELD, B. Atenção primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília, DF: UNES-
CO, Ministério da Saúde, 2002. Disponível em <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ atencao_primaria_p1.pdf>.
Acesso em 15 maio 2016.
O papel do enfermeiro na
Atenção Personalizada à Saúde
Aline Gabrielle de Souza1, Márcia Valéria Vianna Liell2 e Maria Zulma Sancho Moreira3
UNIMED JOINVILLE
RESUMO
Na atenção primária, o enfermeiro assume seu espaço na equipe interdisciplinar, atuando nas necessi-
dades humanas e no planejamento do cuidado. Este trabalho tem como objetivo relatar o papel do en-
fermeiro no projeto da Unimed Joinville de Atenção Personalizada à Saúde (APS) no Porto de Itapoá, por
meio de uma pesquisa quantitativa com análise qualitativa. Entendendo a atualidade do projeto, a Unimed
Joinville deu início a ele em novembro de 2016, com cerca de 1.500 vidas. A equipe é composta por um
médico, uma enfermeira e uma técnica em enfermagem. Dentre as atividades da enfermeira destaca-se a
consulta de enfermagem realizada para demandas de pacientes crônicos como hipertensos e diabéticos
e o acompanhamento à saúde da mulher, à puericultura e à gestação de risco habitual. Os atendimentos
realizados pela enfermeira na APS foram: nove de hipertensos, três de diabéticos, 13 de puericultura, sete
de pré-natal, 31 de saúde da mulher e seis de saúde do homem. Com a abrangência da atuação é possível
perceber que a enfermagem está conseguindo desempenhar seu real papel de assistência na Atenção Pri-
mária, além das questões administrativas já desempenhadas. Fica perceptível a subutilização da mão de
obra da enfermeira, entre outros motivos, pela cultura dos beneficiários, que não estão acostumados com
uma enfermagem tão atuante nesse tipo de atenção. Acredita-se que aos poucos o espaço da enfermagem
será ocupado, criando vínculos e tornando-se referência para a carteira da qual cuida.
1. Enfermeira na APS - Porto de Itapoá pela Unimed Joinville. Graduada pela Universidade Regional de Blumenau. E-mail: alineg@
joinville.unimedsc.com.br
2. Enfermeira coordenadora do Núcleo de Atenção à Saúde da Unimed Joinville. Graduada pela Universidade Regional do Alto
Uruguai. Pós-graduada em Gerontologia pela Universidade Regional de Blumenau. E-mail: marciavvl@joinville.unimedsc.com.br
3. Médica de família e comunidade coordenadora do Núcleo de Atenção à Saúde da Unimed Joinville. Graduada pela Universidade
Federal de Santa Catarina. E-mail: zulma@joinville.unimedsc.com.br
artigos originais2017
artigos originais2017
A escolha do local ocorreu pelo encontro de da Unimed Joinville (Tasy), no período de oito de
necessidades entre a Unimed Joinville e a empre- novembro de 2016 a 31 de março de 2017.
sa Porto de Itapoá, que montaram o local para o
serviço, situado no Centro de Saúde do Porto de 4. Resultados/discussão
Itapoá, junto com uma academia para atividade O número de atendimentos realizados pela en-
física. O atendimento acontece 15 horas/semana fermeira na Atenção Personalizada à Saúde para
in loco e há cinco horas/semana para a discussão os grupos acompanhados foram: nove de hiper-
dos casos pela equipe e as demais demandas ne- tensos, três de diabéticos, 13 de puericultura, sete
cessárias.Na composição da equipe, primou-se de Pré-natal, 31 de saúde da mulher, seis de saúde
por um médico de família e comunidade, uma do homem e 14 de outras demandas.
enfermeira e uma técnica em enfermagem; cada
profissional tem designadas suas funções espe- Gráfico 1 – Atendimentos de enfermagem na APS
cíficas de modo a atender às necessidades da
35
carteira. Pela estruturação do serviço ficou defi- 31
nido que a atuação da enfermeira, dentre outras 30
Outras
demandas
HAS
DM
Puericultura
Pré-natal
Saúde
da mulher
Saúde
do homem
carteira de beneficiários, estruturando a organi-
zação do serviço e levantando os insumos neces-
sários para atendimento. Dentre as atividades da
enfermeira na equipe estão: educação em saúde, Fonte: Sistema de informação Unimed Joinville
coleta da colpocitologia oncótica durante a con-
sulta de enfermagem na saúde da mulher, men- Entre os inúmeros segmentos de atuação da
suração de indicadores e elaboração do perfil enfermeira, a saúde da mulher atrelada à coleta
epidemiológico. do exame citopatológico do colo do útero ganhou
A consulta de enfermagem é realizada em casos destaque, visto que a demanda para a coleta au-
de demandas crônicas como hipertensão e diabe- mentou consideravelmente em novembro e de-
tes, acompanhamento à saúde da mulher, adoles- zembro de 2016 devido ao estímulo realizado pela
centes, puericultura e gestação de risco habitual. empresa para a adesão à campanha de prevenção
O presente trabalho tem como pretensão de- do câncer de colo do útero. Outro fator impor-
monstrar experiências vivenciadas nas atividades tante a ser considerado é a distância geográfica,
que a enfermeira executa na Atenção Personalizada que era um problema pelos horários de trabalho
à Saúde, ocupando seu papel dentro do novo mo- das mulheres na cidade de Itapoá. Para conseguir
delo de atenção, por meio de uma pesquisa quan- atendimento especializado, era preciso que as pa-
titativa com análise qualitativa nos relatórios de cientes se deslocassem até cidades vizinhas ou
atendimento extraídos do sistema de informação que eventualmente procurassem a assistência do
artigos originais2017
Sistema Único de Saúde (SUS), prolongando assim A abordagem do homem enquanto indivíduo
o tempo de busca por assistência. Em consequên- que tem necessidade de ações de prevenção ainda
cia disso, antes acabavam buscando atendimento é muito difícil, cheia de tabus, com necessidade
somente na existência de sintomas ou de doença de novos conhecimentos para que seja vista de
já instalada. maneira natural. Percebe-se que quando feita de
O acompanhamento de puericultura apareceu maneira coletiva é mais aceita.
em seguida com um número menos expressi- Com os dados obtidos e relatos de experiên-
vo, porém relevante, visto que, assim como para cias, é possível perceber que a enfermagem está
as mulheres, o atendimento às crianças, prin- conseguindo desempenhar seu real papel de as-
cipalmente as recém-nascidas ou com poucos sistência na Atenção Primária, em vez de se res-
meses de vida, foi facilitado com a chegada da tringir à resolução de questões administrativas.
APS. Toda a equipe trabalha na conscientização Fica perceptível a subutilização da mão de obra
da importância do acompanhamento regular do da enfermeira, entre outros motivos, pela cultu-
crescimento e desenvolvimento, bem como na ra dos beneficiários que não estão acostumados
busca ativa daqueles que por algum motivo não com uma enfermagem tão atuante nesse tipo de
estão realizando o acompanhamento com a fre- atenção. Acredita-se que aos poucos o enfermeiro
quência necessária. ocupará esse espaço, criando vínculos e tornan-
A enfermeira atua ainda na assistência ao do-se referência para a carteira da qual cuida.
pré-natal de risco habitual, percebendo que mui-
tas gestantes realizam o acompanhamento em 5. Conclusão
dois ou três locais diferentes (no consultório do
Historicamente, a enfermagem busca desem-
obstetra, na unidade de saúde do SUS e na APS).
penhar seu verdadeiro papel dentro da profissão e,
Durante os atendimentos fica perceptível que o
em consequência disso, o reconhecimento do tra-
acompanhamento em diversos segmentos ocor-
balho que desenvolve. Ainda existem muitos ca-
re principalmente pela insegurança da gestante
minhos a serem trilhados, porém cada passo dado
e pela falta de empoderamento do momento em
é uma conquista para a profissão, que tem como
que se encontra, transferindo para cada equipe
pilar a arte de cuidar.
em diferentes situações as dúvidas geradas como
Pode-se concluir que, na Atenção Personalizada
forma de confirmar as orientações repassadas
à Saúde da Unimed Joinville, o enfermeiro tem pa-
pelas outras. Na busca pelos beneficiários com
pel fundamental, atuando em consultas de enfer-
morbidades crônicas, percebeu-se certa resistên-
magem, na educação em saúde e nas orientações
cia na realização dos acompanhamentos periódi-
coletivas e individuais e mantendo as funções ad-
cos. Quando esses pacientes procuram esponta-
ministrativas que também são de sua competência.
neamente o serviço por queixas agudas, há uma
Este é apenas o início do caminho que a enfer-
facilidade maior de inseri-los no programa. Um
magem começou a trilhar para ocupar seu espaço
eixo auxiliar para APS, nas condições crônicas, é
dentro da atenção primária em uma operadora de
a academia disponível para os colaboradores da
plano de saúde. Existe ainda muito a ser realiza-
empresa e seus dependentes gratuitamente.
do e conquistado.
artigos originais2017
Referências
ALMEIDA, M. C. P.; MELLO, D. F.; NEVES, L. A. S. O trabalho de enfermagem e sua articulação com o processo de tra-
balho em saúde coletiva, rede básica de saúde em Ribeirão Preto. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 44, n. 2/3, p.
64-75, 1991.
CEVERA, D. P. P.; PARREIRA, B. D. M.; GOULART, B. F. Educação em saúde: percepção dos enfermeiros da atenção básica
em Uberaba (MG). Ciência e Saúde Coletiva, v. 16, n. 1, p. 1547-1554, 2008.
MATUMOTO, S. et al. A prática clínica do enfermeiro na atenção básica: um processo em construção. Revista Latino-
americana de Enfermagem, v. 19, n. 1, p. 01-08, 2011.
STARFIELD, B. Atenção primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: UNESCO, Mi-
nistério da Saúde, 2002. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ atencao_primaria_p1.pdf>. Aces-
so em: 15 maio 2016.
Maria Luiza Barros Fernandes Bezerra1, Luciana Andrade Mendonça Machado Coelho2
e Yanna Paola Muniz3
UNIMED VALE DO SÃO FRANCISCO
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo apresentar o modelo de transição de cuidado praticado pelo programa
de assistência domiciliar Unimed Lar, da Unimed Vale do São Francisco. Trata-se de um relato de expe-
riência por meio da sistematização do cuidado na transição entre os níveis domiciliar e hospitalar prati-
cada pela equipe do programa. Foram analisados o número de internações hospitalares e o quantitativo
de dias dessas internações, no período de janeiro de 2015 a dezembro de 2016. Os resultados apontaram
uma redução de 12% no número de internações hospitalares, em grande parte ocasionada pela queda do
número de reospitalizações, que correspondeu a 27%, o que indica uma qualificação no gerenciamento de
pacientes crônicos. Foi observada, também, redução do número de dias de internação (28,5%), o que im-
pactou os custos assistenciais, a qualidade de vida e a humanização da assistência prestada aos pacientes.
A atuação sistematizada e coordenada da equipe do programa resultou na redução de iatrogenia, tempo de
internação e reospitalização dos pacientes, evitando a fragmentação do cuidado e, consequentemente, a
realização de procedimentos e abordagens desnecessários. Dessa forma, aponta-se para a necessidade de
organizar e coordenar o cuidado domiciliar para garantir uma atenção ampliada nos diferentes níveis da
assistência, promovendo prevenção terciária e quaternária e garantindo a integralidade e a continuidade
do cuidado, a satisfação do paciente e a sustentabilidade para a operadora.
1. Especialista em Medicina de Família e Comunidade, pós-graduada em Geriatria, mestra em Psicologia. Professora da Universidade
de Brasília (UnB). Médica cooperada e consultora de Medicina Preventiva da Unimed Vale do São Francisco. E-mail: barrosbr@
uol.com.br
2. Especialista em Auditoria em Saúde. Enfermeira Gerente do Espaço Viver Bem da Unimed Vale do São Francisco. E-mail: luciana.
mendonca@unimedvsf.coop.br
3. Graduada em Enfermagem. Coordenadora do Programa Unimed Lar da Unimed Vale do São Francisco. E-mail: coordenação.
unilar@unimedvsf.coop.br
artigos originais2017
artigos originais2017
artigos originais2017
Número de internações
2015 2016 Meta
20
14 14
12
11 10 11 10 12
9 11
8 8 8 8 8 8
9 8 8
7 8 8 8 8 8 8 8 6
7 7
6
5 5 5 4
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Fonte: Sistema PGS Nagis – Programa Unimed Lar Vale do São Francisco
artigos originais2017
Referências
CAMPOS, E. F et al. Desenvolver a Saúde: Modelo cuidador da Federação das Unimeds de Minas Gerais. Belo Horizon-
te: Editora Federação das Unimeds de Minas Gerais, 2008. 432 p.:Il.
JAMOULLE, M.; GOMES, L. F. Prevenção Quaternária e limites em medicina. Rev Bras Med Fam Comunidade, n. 9, v. 31,
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MENDES, E. V. O cuidado das condições crônicas na atenção primária à saúde: o imperativo da consolidação da estra-
tégia da saúde da família. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2012.
OLIVEIRA, M. A. C; PEREIRA, I. C. P. Atributos essenciais da Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família. Rev. Bras.
Enferm, v. 66, set. 2013.
OLIVEIRA, M. et al. Idoso na saúde suplementar: uma urgência para a saúde da sociedade e para a sustentabilidade do
setor. Rio de Janeiro: Agência Nacional de Saúde Suplementar, 2016.
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