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1.1.

Objetivo De Medição

A medição tem o objetivo a determinação quantitativa dos trabalhos a executar numa dada obra,
que destina-se a diversos fins relacionados com a gestão de obras ou seja administração da obra,
nomeadamente:

 Orçamentação (determinação do valor total da obra);

 Planeamento (determinação da duração das actividades);

 Determinação das quantidades de recursos (mão-de-obra, materiais e equipamentos);

 Elaboração de autos de medição;

 Controlo da facturação;

 Controlo de quantidades dos recursos;

 Controlo económico de obras.

1.2. Erros De Medições

Os erros de medições acarretam consequências financeiras para os Donos de Obra, para os


Projectistas e para o Empreiteiro.

1.2.1. Para os donos de obra:

 Impedir a execução da obra prevista por insuficiência de créditos já anteriormente


calculado e obtido;

 Produzir prejuízos por avaliação excedente dos montantes a consumir na obra.

1.2.2. Para os Projectistas:

 Necessidade de remodelação do projecto pelo facto do custo real ultrapassar o limite


fixado pelo Dono de Obra.

1.2.3. Para os Empreiteiros:


 Provocar prejuízos consideráveis que podem pôr em risco a viabilidade da empresa ou
levar à falência.

É de salientar, contudo, que sendo as medições uma parte do processo da obra, o prejuízo (ou os
custos acrescidos) recai sobre quem por ela é responsável. Normalmente será o Dono da Obra,
ou o Projectista se este for o responsável pela sua elaboração e for e puder ser responsabilizado.
Neste caso o Empreiteiro só não terá qualquer culpa ou responsabilidade, como poderá lucrar
financeiramente com o facto, se tiver um bom preço nos artigos em que há erros por defeito que
facturará em maior quantidade.

As medições dos trabalhos de uma obra são em geral elaboradas em mapas tipo como o que se
apresenta, a título de exemplo:

Para se proceder à medição dos trabalhos de uma obra é necessário estabelecer regras visando a
uniformização dos métodos e critérios a adoptar para a realização dessas medições.

1.3. Regras De Medição


O estabelecimento dessas regras é uma exigência da regulamentação de obras públicas que
obriga à definição nos cadernos de encargos dos métodos e critérios de medição a utilizar em
cada obra.

Por outro lado, o formulário de caderno de encargos (sem carácter vinculativo) para
procedimentos de formação de contratos de empreitada de obras públicas indica a seguinte
ordem de normas a observar na medição de trabalhos:

- Normas oficiais de medição que se encontre em vigor;

- Normas definidas no projecto de execução;

- Normas definidas pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil;

- Critérios geralmente utilizados ou os que forem acordados entre o dono da obra e o empreiteiro.

NOTA: Atualmente não existem normas oficiais de medição, nem normas do Laboratório
Nacional de Engenharia Civil, pelo que é recomendável que nas cláusulas técnicas gerais dos
cadernos de encargos se estabeleçam as regras de medição a aplicarmos diferentes trabalhos que
constituem a obra.

1.3.1. Tipos de regras de medição

As regras de medição podem subdividir-se em:

- regras gerais;

- regras específicas.

1.3.1.1. Regras Gerais

No que respeita às regras gerais, referem-se a seguir a ordem por que devem ser indicadas as
medições e os arredondamentos a considerar, os quais são definidos na norma portuguesa NP-37
em função das unidades de medição utilizadas. Assim, na medição de qualquer trabalho em que
se pretenda determinar uma área ou volume, a ordem recomendada é a seguinte:

- Comprimento, Largura, Altura ou Profundidade ou Espessura.

Tratando-se da medição de pilares considera-se na medição a sua altura em primeiro lugar, isto é,
considerando esta como o comprimento do elemento pilar. Relativamente aos arredondamentos a
considerar nas medições, indicam-se no quadro a seguir o que se dispõe na referida norma
portuguesa.

Convirá referir que, na prática corrente, nem sempre se segue esta norma portuguesa resultando
situações díspares nos critérios de arredondamentos em diferentes obras para os mesmos
trabalhos. Em geral, durante a execução de uma obra na medição dos trabalhos para efeitos de
pagamento aos empreiteiros, utilizam-se os arredondamentos (número de casas decimais)
considerados no mapa de quantidades de trabalhos que serviu de base ao concurso dessa obra.

No quadro a seguir apresentam-se algumas dessas unidades mais utilizadas na pratica corrente.
Essas unidades podem ser acompanhadas por prefixos cuja simbologia é apresentada no quadro a
seguir.
1.3.2. Regra Especifica

As regras de medição específicas de cada tipo de trabalho são naturalmente numerosas,


recomendando-se para tal a consulta de manuais para uma informação detalhada sobre diversos
tipos de trabalhos, em particular, tratando-se da construção de grandes importâncias.

Apesar dessa recomendação, referem-se a seguir apenas algumas das regras de medição que
surgem com muita frequência na construção.

1.3.2.1. Movimentos de terras

 A unidade de medição a considerar é, em geral, o m² para profundidades de escavação


 0.25 metros e o m3 para profundidades de escavação > 0.25 metros.

 A medição deve ser efectuada por classes de terreno, sendo corrente, para esse efeito, a
utilização da seguinte classificação:

Classe A - Terra branda (areias soltas, solos coerentes moles); .

Classe B - Terra dura (areias compactas, solos coerentes duros); . Classe C - Rocha branda
(rochas alteradas, solos coerentes muito duros); .

Classe D - Rocha dura (rochas sãs ou pouco alteradas). - A medição deve ser efectuada por
camadas de 1.50 m de profundidade a partir das formas geométricas indicadas no projecto, sem
considerar empolamentos.

1.3.2.2. Betões

 A unidade de medição é, em geral o m3 e o m², na medição de betões em


camadas, (por exemplo, no caso de massames, camadas de betão de limpeza,
etc.).

 A medição deve ser efectuada de forma discriminada segundo as características


do betão indicadas no projecto (tipo, classe, qualidade).
 A medição deve ser realizada a partir das formas geométricas definidas no
projecto, não sendo deduzidos os seguintes volumes:

(i) Armaduras;
(ii) Aberturas até 0.10 m3;
(iii) Reentrâncias até 0.15 m de comprimento do perfil;
(iv) Chanfros até 0.10 m de comprimento do perfil. Na medição do volume de betão de
cada elemento de construção devem ainda considerar-se as seguintes principais
regras:

Sapatas e vigas de fundação - decomposição em figuras geométricas simples.


Muros de suporte e paredes - alturas medidas entre as faces superiores das lajes ou vigas de
betão.
Lajes maciças - medição entre as faces das vigas, lintéis, pilares e paredes em que se inserem.
Escadas - medição deve incluir volumes de patins, patamares, lanços de degraus e cortinas das
guardas.
Pilares - alturas medidas entre as faces superiores das lajes ou das vigas de betão.
Vigas, lintéis e cintas - comprimentos medidos entre as faces dos pilares ou vigas.

1.3.2.3. Cofragens

 A unidade de medição é, em geral, o m².

 A medição deve ser feita por tipos de cofragem (corrente, especial) e de acordo com a
sua natureza (madeira, metálicas).

 A medição deve ser efectuada a partir das formas geométricas das superfícies de
moldagem indicadas no projecto.

 Nas lajes e vigas com inclinação superior a 15° deve considerar-se a moldagem das
superfícies superiores.

 As aberturas até 0.50 m² não devem ser deduzidas na medição.


 As superfícies de cofragem são obtidas de acordo com as regras estabelecidas para os
betões.

1.3.2.4. Armaduras

 A unidade de medição é, em geral, o kg. - A medição deve ser efectuada por tipos de
armaduras (varões, redes electrossoldadas, perfilados), por classes de aço (A400,
A500) e, no caso de varões, por diâmetros.

 Não devem considerar-se percentagens para quebras não indicadas no projecto.

 A medição deve considerar, nos casos aplicáveis, os levantamentos, ganchos de


amarração e as sobreposições assinaladas no projecto.

 A medição deve ser efectuada em metros (ou m² no caso das redes electrossoldadas) e
convertida em kg de acordo com os respectivos pesos nominais.

 Nas redes electrossoldadas não se deduzem aberturas  0.50 m².

1.3.2.5. Elementos pré-fabricados de betão


Lancis, Degraus, Peitoris, Soleiras, Ombreiras, Vergas.

 A unidade de medição é, em geral, o metro

 A medição deve ser feita de acordo com a maior dimensão das superfícies
aparentes, indicando-se a secção dos elementos.

Escadas e Asnas - A unidade de medição é, em geral, à unidade genérica por peça - A medição
deve indicar o comprimento do vão da asna ou o desenvolvimento da escada e as suas
características tipológicas.
Lajes Aligeiradas - A unidade de medição é, em geral, o m² - A medição deve ser efectuada
entre as faces das vigas, lintéis, pilares e paredes em que se inserem. - A medição deve indicar a
espessura da laje e as suas características tipológicas.
1.3.2.6. Alvenarias

 A unidade de medição é, em geral, o m² no caso de paredes com espessura 


0.35 m e o m3 tratando-se de paredes com espessura > 0.35 m.

 As aberturas  0.50 m² não devem ser deduzidas.

 As paredes constituídas por dois ou mais panos de alvenaria são medidas em


m² para cada conjunto dos panos.

2. ORÇAMENTO

“Orçamento é o cálculo dos custos para executar uma obra ou um empreendimento, quanto mais
detalhado, mais se aproximará do custo real.” (SAMPAIO, 1989, p. 17).

Sendo parte integrante do projeto básico, o orçamento é considerado como elemento


imprescindível em qualquer licitação.

O orçamento, de acordo com a definição descrita, demonstra ser uma ferramenta de unânime
importância para abordar os custos relacionados à realização de uma obra, sendo necessário
efetuar o levantamento de dados com exatidão para que o orçamento seja o mais real possível.
Tisaka (2011) afirma que o orçamento, ao ser elaborado, deverá conter todos os serviços a serem
executados na obra, compreendendo o levantamento dos quantitativos físicos do projeto e da
composição dos custos unitários de cada serviço, das leis sociais e encargos complementares
apresentados em planilha.

2.1. Estimativa De Custo E Orçamento Da Obra

Na lista de peças escritas do projecto, um dos elementos a apresentar pelos projectistas é a


estimativa de custo da obra ou o orçamento da obra consoante a fase em que se encontra o
projecto. Para a definição destes valores, os autores dos projectos utilizam em geral os seguintes
métodos:

 Custo unitário de área de construção

 Custo unitário dos trabalhos a realizar

O primeiro destes métodos (custo unitário de área de construção) é aplicável nas

fases preliminares de elaboração do projecto quando não se dispõe ainda das medições

dos trabalhos a realizar. São assim utilizados valores por unidade de área de construção de obras
semelhantes realizadas pelo projectista ou outros valores existentes determinados com base em
estudos estatísticos efectuados por especialistas sobre amostras significativas.

Este método conduz em geral a valores aproximados que a evolução do projecto

poderá confirmar com base na elaboração de medições detalhadas dos trabalhos efectivamente a
realizar.

Assim, por exemplo, tratando-se da construção de edifícios considera-se em geral uma

estimativa do custo médio por m2 de construção corrente na zona onde será executado o edifício.
No caso de obras de abastecimento de água, rede de esgotos, rede podem considerar-se, por
exemplo, valores médios do custo por metro da respectiva rede.

O segundo método (custo unitário dos trabalhos a realizar) aplica-se na fase do projecto de
execução cujo detalhe permite a realização de medições dos trabalhos. Com base nesta lista de
medições aplicam-se os respectivos preços unitários correspondentes a trabalhos da mesma
natureza e a executar nas mesmas condições. Tal lista de preços unitários é muitas vezes
estabelecida com base nos preços apresentados pelos empreiteiros em obras semelhantes
executadas em prazo recente. Esta lista de preços é corrigida para valores actuais com base na
aplicação de um coeficiente que traduza a evolução dos custos da construção desde a data em
que foram estabelecidos e a data de elaboração do orçamento.
Para as obras particulares, algumas Câmaras Municipais exigem no processo de licenciamento
que essa estimativa de custo seja estabelecida com base em valores fixados pelo município em
função do tipo de construção. A estimativa de custo ou orçamento da obra determinada da forma
indicada é utilizada muitas vezes pelo dono da obra para servir de base à previsão da dotação
orçamental necessária para a realização da obra. Para tal previsão há que considerar para além
daquele valor previsto de custo da obra os seguintes adicionais:

 Valor previsível para erros e omissões do projecto;

 Valor previsível para trabalhos a mais;

 Valor previsível para a revisão de preços;

 Valor correspondente ao Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA).


Utilizar os grupos de habilitações descritos no quadro a seguir tendo em conta o Alvará de
Construção exigido (habilitação principal e habilitações acessórias), conforme definido no
(Sistema de Qualificação). Caso o Alvará de Construção exigível ou necessário seja apenas de
uma habilitação principal, esta coluna e o quadro a seguir não são necessários.

2.2. Erros E Omissões

A previsão do valor de erros e omissões depende da qualidade do projecto, sendo muitas vezes
considerada uma estimativa correspondente a 5% do custo da obra. Tal valor resulta da inclusão,
por vezes, de cláusulas nos contratos para elaboração de projectos prevendo por vezes
penalizações nos honorários dos projectistas quando o valor dos erros e omissões ultrapassam em
conjunto um determinado valor (ex. 5%).

Relativamente ao valor previsível para trabalhos a mais (incluindo nestes quer os trabalhos da
mesma espécie dos previstos quer os de espécie diferente), uma estimativa deste valor depende
do grau de pormenor do programa preliminar efectuado pelo dono da obra e do acompanhamento
que este dispensa durante a fase de elaboração do projecto. O valor daqueles trabalhos será tanto
menor quanto maior for o grau de acompanhamento do projecto, o qual traduz, neste caso, uma
correcta definição dos objectivos fixados no programa preliminar com as eventuais correcções
introduzidas durante a evolução do projecto. Uma estimativa corrente em obras públicas para o
valor destes trabalhos, pode considerar-se, por exemplo, da ordem de 5% do custo da obra.

2.3. Revisão De Preços

No que respeita ao valor previsível para a revisão de preços, depende da evolução dos preços da
mão-de-obra e dos materiais empregues na obra, dos prazos de adjudicação, da consignação e de
execução da obra. Uma estimativa do valor de revisão de preços deve por isso ser efectuada
atendendo aos referidos factores determinando a evolução dos preços citados através, por
exemplo, do conhecimento da evolução recente quer dos preços de mão-de-obra quer das de
materiais. Em alternativa, poder-se-á estimar este valor admitindo que o período de realização da
obra (desde a data de apresentação das propostas até à sua conclusão) abrangeu um período
homólogo do ano anterior. Caso nesse período não sejam ainda conhecidos os índices de revisão
de preços, poder-se-á, para esse efeito, recuar no tempo um ou mais anos. Assim, por exemplo,
considere-se que a data de apresentação das propostas de uma dada obra foi 15 de Fevereiro do
ano X, a consignação teve lugar em 1 de Abril do mesmo ano e o prazo de execução de 6 meses
(conclusão prevista no final de Setembro do ano X). Admitindo ainda que são já conhecidos os
índices de revisão de preços relativos a todo o ano anterior (ano X-1), poder-se ia considerar para
efeitos de estimativa do valor de revisão de preços que a data de apresentação das propostas era
Fevereiro do ano X-1, e a da consignação Abril do ano X-1. Dependendo da conjuntura em cada
momento, admite-se muitas vezes um valor médio da revisão de preços, por exemplo, 2% do
custo total da obra, incluindo neste, o valor da revisão de preços relativo aos erros e omissões e
aos trabalhos a mais.

Por último, o valor correspondente ao Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA) resulta da
aplicação da taxa legal em vigor ao valor total dos trabalhos a executar (trabalhos previstos, erros
e omissões, trabalhos a mais e revisão de preços). Esta taxa é actualmente de 17%, havendo, no
entanto casos em que se aplica a taxa reduzida, como, por exemplo, em empreitadas executadas
pelas autarquias locais.

2.4. Calculo Do Valor Final Orçamental

Do exposto, verifica-se que a dotação orçamental a considerar para a realização de uma obra
(valor previsível no final da obra) para os casos correntes pode ser determinada com base nas
seguintes expressões:

Onde:

Vf (s/IVA e c/IVA) - Valor final da obra (sem IVA e com IVA);

Vadj - Valor de adjudicação da obra, admitindo no início que este será igual ao valor estimado ou
valor orçamentado pelo projectista;

V eo - Valor previsível para erros e omissões;

Vtm - Valor previsível para trabalhos a mais;

V rp - Valor previsível para revisão de preços;

%IVA – IVA expresso em %.


2.5. Planejamento Orçamental

A elaboração de um orçamento, segundo Cordeiro (2007), necessita de planejamento que


compreende as possibilidades e limitações técnicas, além do cálculo dos custos de uma série de
tarefas sucessivas e ordenadas, através de informações obtidas que direciona o desenvolvimento
do orçamento. Ao estudar determinado projeto, o orçamento é uma das primeiras informações
que o empreendedor deseja conhecer.

2.6. Escopo Do Orçamento

Através do orçamento, conforme afirma Sampaio (1989), é possível analisar a viabilidade


econômico-financeira do empreendimento, efetuar o levantamento dos materiais e dos serviços e
mão de obra necessária para cada etapa de serviço, elaborar o cronograma físico e efetuar o
acompanhamento sistemático da aplicação da mão de obra e materiais no empreendimento.

O escopo do orçamento envolve desde o estudo do projeto que direciona os serviços a serem
executados até a composição dos custos que compreendem o fechamento do orçamento. Os
estudos estabelecem as metas que auxiliam a elaboração do planejamento, onde a junção dessas
funções determinam os resultados do empreendimento que deseja alcançar.

2.7. Orçamento De Projeto

A interpretação do projeto, de acordo com Cordeiro (2007), corresponde à análise do projeto


com o objetivo de extrair todos os dados que compõem o orçamento, de modo a identificar se o
projeto está completo ou se há ausência de projetos específicos.

2.8. Tipos De Orçamento

De acordo com a Norma Técnica nº 01/2011 para elaboração de orçamento de obras de


construção civil, os tipos de orçamento podem ser por estimativa de custo, orçamento preliminar,
orçamento analítico ou detalhado e orçamento sintético ou orçamento resumido.
2.8.1. Estimativa de custo

Para Mattos (2006), a estimativa de custo é expedida pela avaliação realizada com base em
custos históricos e comparação com projetos similares. Mattos (2006) afirma que a representação
do custo da construção por m² realizada pelo Custo Unitário Básico da Construção (CUB) é um
dos indicadores mais utilizados para estimativa de custos

2.8.2. Orçamento preliminar

Segundo Sampaio (1989), o orçamento preliminar corresponde à avaliação de custo obtida


através de levantamento e estimativa de quantidades de materiais e de serviços e pesquisa de
preços médios, efetuada na etapa do anteprojeto.

2.8.3. Orçamento analítico ou detalhado

Compreende a avaliação do custo através da composição de custos unitários, com nível de


precisão adequado obtido através do levantamento de quantidades, materiais, serviços e
equipamentos, realizado na etapa de projeto. O orçamento analítico ou detalhado, inclui todos os
custos diretos, despesas indiretas, tributos e o lucro do construtor.

2.8.4. Orçamento sintético ou resumido

Compreende o resumo do orçamento analítico expresso através das etapas com valores parciais
ou grupos de serviços a serem realizados, com seus respectivos totais e o preço do orçamento da
obra, conforme descreve Tisaka (2011).

2.9. Cotação De Preço

Consiste na coleta de preços de mercado para os diversos insumos da obra. Mattos (2006)
esclarece que a cotação de preço dos materiais é uma tarefa que requer cuidado, devendo
considerar algumas particularidades e comparar as cotações entre os fornecedores. No processo
de compra existem aspectos que influenciam no preço de aquisição do material, como:

a) Especificações técnicas – descreve a qualidade do material;


b) Unidade e embalagem – tipo de embalagem em que o material vem acondicionado;

c) Quantidade – analisar a disponibilidade que o fornecedor possui;

d) Prazo de entrega – período compreendido entre o pedido e a entrega do material;

e) Condições de pagamento – programar desembolso, se à vista ou a prazo, com ou sem


entrada, com ou sem desconto;

f) validade de proposta – verificar se o início da obra, ou a época provável de compra são


atendidos pelo prazo da proposta;

g) Local e condições de entrega – se na obra, na fábrica ou depósito;

h) Despesas complementares – caso o vendedor não se comprometer a entregar a


mercadoria.

Outro fator importante de avaliação da cotação de preço é a comparação obtida entre dois ou
mais fornecedores, analisando nem sempre o menor preço, mas sim o melhor preço, verificando
os aspectos acima mencionados, conforme Mattos (2006).

A importância de obter os preços dos produtos é fundamental para auxiliar na lucratividade da


empresa, sendo este relacionado com as compras mais representativas adequadamente
controladas. Para o setor de compras, dois principais objetivos relacionados na cotação de preço
são: as compras de materiais ou insumos mais baratos obedecendo ao padrão de qualidade e a
negociação das melhores condições de pagamento.

2.10. Etapas Do Orçamento

Para a elaboração do orçamento é necessário obter informações que expressem os custos para a
realização do empreendimento, com o objetivo de absorver informações exatas com relação aos
valores que serão estabelecidos. Segundo Mattos (2006), o orçamento engloba três etapas de
trabalho, como: estudo das condicionantes, composição de custos e determinação do preço.
1ª Etapa: Estudo Das Condicionantes

É o estudo das condicionantes quem norteia o orçamentista conforme afirma Mattos (2006),
auxiliando na identificação das condições da obra através da leitura e interpretação do projeto
composto por:
a) Plantas baixas;

b) Cortes;

c) Vistas – fachadas, perfis;

d) Perspectivas – isométricas cavaleiras;

e) Notas esclarecedoras;

f) Detalhes – em escala que permita melhor observação;

g) Diagramas – croquis;

h) Gráficos – perfis de sondagem, curvas cota-volume;

i) Tabelas – de elementos topográficos, curvas granulométricas;

j) Quadros – de ferragem, de cabos.

Além da interpretação do projeto, o orçamentista necessita avaliar as especificações técnicas que,


segundo Mattos (2006), são documentos de texto de natureza mais qualitativa do que
quantitativa, como:

a) Descrição qualitativa dos materiais;

b) Padrão de acabamento;

c) Tolerâncias dimensionais dos elementos estruturais e tubulações;

d) Critério de aceitação de materiais;

e) Tipo de quantidade de ensaios a serem feitos;

f) Grau de compactação exigido para aterro;

g) interferências com tubulações enterradas.

Após a compreensão do projeto, o orçamentista avalia o edital através de leitura de modo a


interpretar as regras do projeto para a elaboração do orçamento. Mattos (2006) esclarece que o
edital é o documento que rege as licitações no caso de a obra ser objeto de uma concorrência. O
edital informa as condições necessárias para a elaboração do orçamento, como:

a) Prazo da obra;

b) Penalidade por atraso no cumprimento do prazo;

c) Critérios de medição, pagamento e reajustamento;

d) Regime de preço;

e) Limitação de horários de trabalho;

f) Critérios de participação na licitação;

g) Documentação requerida para habilitação;

h) Seguros exigidos.

A visita técnica no local da obra é um item indispensável para complementar o estudo das
condicionantes, sendo possível efetuar o levantamento de dados importantes para o orçamento,
avaliar o estado das vias de acesso e disponibilidades de itens necessários para à realização do
empreendimento na região.

2ª Etapa: Composição Dos Custos

A composição de custo compreende em primeiro plano a identificação dos serviços integrantes


da obra. Cada serviço identificado preciso ser quantificado. De acordo com Mattos (2006) este
levantamento de quantitativo é a principal tarefa do orçamentista.

Encargos sociais e trabalhistas

Segundo Mattos (2006), os encargos sociais e trabalhistas são definidos pelo percentual a ser
aplicado na mão de obra. Envolve impostos que incidem sobre a hora trabalhada e os benefícios
que tem direito os trabalhadores e que são pagos pelo empregador. Este mesmo autor afirma que
os encargos em sentido estrito são os mais utilizados pelos orçamentistas, baseia-se nos encargos
sociais, trabalhistas e indenizatórios previstos em lei e ao qual o empregador está obrigado a
arcar.

Composição e cálculo do BDI

O cálculo do BDI é definido pela própria empresa, efetuando a relação entre as despesas
operacionais e o faturamento alcançado. O cálculo do BDI é realizado após a apuração dos
custos diretos. Enquanto o Custo Direto representa todos os valores constantes da planilha, o
BDI é a margem que se adiciona ao Custo Direto para determinar o valor do orçamento,
conforme descreve Tisaka (2011).

Uma vez que compreendidos os materiais, é necessário trabalhar os custos que envolvem a mão
de obra representada pelo salário dos trabalhadores, acrescidos dos encargos sociais, onde a
remuneração ocorre por horas trabalhadas. Ainda, conforme Tisaka (2011), é preciso calcular as
despesas de alimentação, transporte e equipamento de proteção individual (EPI) e as ferramentas
de uso pessoal.

Calculo de PV segundo Tisaka (2006) representa, figurativamente, o BDI da seguinte


maneira:

“Em termos práticos, o BDI é o percentual (varia de 20 a 40%) que deve ser aplicado sobre o
custo direto dos itens da planilha da obra para chegar ao preço de venda ou orçamento final.”
(MATTOS, 2006, p. 235).
3ª Etapa: Fechamento Do Orçamento

O fechamento do orçamento é estabelecido com a definição do lucro baseado no levantamento


dos custos do empreendimento.

O fechamento do orçamento é demonstrado em planilha que formaliza a discriminação de cada


item do empreendimento, preço unitário de material, preço unitário de mão de obra, preço total
dos materiais e mão de obra, incluindo os custos diretos, custos indiretos, preço de venda e BDI.
Para Mattos (2006), no fechamento do orçamento o construtor define a lucratividade que deseja
obter na obra, considerando os fatores de concorrência e risco do empreendimento.

Planilha orçamentária

A planilha orçamentária é o documento que reúne todos os serviços de forma discriminada


correspondente aos custos diretos especificados nos projetos, suas unidades de medições,
quantidades e seus respectivos preços unitários e totais.

Segundo Cardoso (2009), é importante que a planilha do orçamento compreenda as composições


de custos dos serviços que a compõe, demonstrando correta e integralmente todas as atividades
da construção, de modo a listar todos os materiais que serão aplicados no empreendimento.
Bibliografia

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Nacional de Engenharia Civil - Lisboa, 1997.

PISSLaxton’s Building Price Book. Major & Small Works. V. B. Johnson LLP. 2008. Spon’s
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Santos, Ana Paula Santana dos; Silva, Nilmara Delfina da; Oliveira, Vera Maria de S233o
Orçamento na construção civil como instrumento para participação em processo licitatório:
Alfini Engenharia e Construção Ltda EPP / Ana Paula Santana dos Santos; Nilmara Delfina da
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