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Depois de 1 ano de altos e baixos, Persephone decide deixar sua prima Arya, que

estava bem melhor. Ela sabia que Arya gostaria de ficar mais tempo sozinha, e que
Perse já havia se incomodado o suficiente, então partiu para casa com o objetivo de
achar uma nova missão. No caminho, Perse recebeu uma carta da guilda, com uma
missão estranha: estude os arredores da cidade de Permelgreen e fique de olho em
Salazar.
A carta não possuía muitos detalhes, apenas a descrição do homem e o mapa contendo
a localização da cidade. Persephone achou estranho, já que não parecia ser uma
missão relacionada à corrupção, mas não contestou pois poderia ter algo que nem
mesmo eles sabiam e ela precisava confirmar. Determinada, ela cancelou sua ida até
sua cidade natal e partiu para Permelgreen.
Toda essa situação causava 3 sentimentos em Persephone: medo, alívio e culpa. Ela
estava aliviada pois teria mais tempo para resolver seus problemas pessoais, mas se
sentia culpada por eles e tinha medo sobre como eles se desenrolariam. Apesar de
não ter tido recaídas há 2 meses e ter conseguido permanecer estável, o medo em seu
coração era constante. Persephone nunca desejaria aquilo de novo, mas se voltasse,
como ela esconderia quando voltasse? Como todos reagiriam quando descobrissem? Ela
não gostaria de preocupar ninguém, principalmente Copelia, Arya e Hades. Em seu
coração, Persephone hesitava, e com a corrupção em seu corpo isso só piorava, mas
ela tentava ser positiva dentro do possível, tentando afastar todas as coisas ruins
com pensamentos nostálgicos de sua casa.
Durante a viagem, Persephone escreveu algumas letras para ajudar a acalmar seu
coração, mas sua inquietude nunca cessava.
- Você acha que algo vai dar certo dessa vez? - Ela perguntava com os olhos tristes
para Totoku
- Acho que você é uma pessoa muito forte, mas eu tenho medo do que vem a seguir...
- Totoku sempre foi enigmático, mas também muito companheiro, ele queria poder
contar tudo a Persephone o que ele sabia, mas claramente não podia. Ela nunca se
importou muito com isso, ela entendia seu lado e até preferia não saber o que viria
a seguir.
- Eu tenho minhas dúvidas sobre isso, mas irei tentar, afinal de contas tenho você
comigo - ela disse com um sorriso triste, porém ainda genuíno. Totoku sentia falta
dos sorrisos de Persephone, principalmente aqueles que ela tinha quando criança
inocente. Ele se sentia culpado de algumas formas, mas ela sempre o confortava
dizendo que se era para acontecer, o que ele poderia fazer? Por mais que doesse,
aquele era o destino dela, e os 2 deveriam aceitá-lo.
A cidade de Permelgreen era mal desenvolvida por estar em um canto afastado, as
tecnologias ali demoravam a chegar, parecia um lugar tranquilo do interior, mas
Persephone sabia a verdade que pairava ali. Ela não era mais uma criança inocente,
sabia ver os perigos que espreitavam na esquina, sabia influenciar as pessoas para
conseguir o que precisava. Usando sua imagem de "menina de ouro", coletou
informações sobre o local antes de chegar, e foi em busca das confirmações ou
anulações das informações.
Aquela cidade era o lar da mentira, ignorância e imbecilidade. Os moradores
tentavam esconder todos os problemas que ali haviam, os que a controlavam eram os
mais puros ignóbeis manipuladores, que se aproveitavam da falta da educação e do
isolamento que a própria cidade fazia para encher as pessoas com ideias falsas e
sem sentido, que eram adotadas como fatos irrefutáveis. Um verdadeiro circo sem
picadeiro a céu aberto.
A corrupção parecia apenas espreitar a cidade, estava em seus primeiros passos, mas
logo tomaria conta, pelo menos era o que Perse achava. Totoku ficou inquieto a
semana toda enquanto Persephone andava pela cidade buscando Salazar.
- Esse tipo de atitude não combina com você, o que foi? - Persephone perguntou
firme enquanto andava pelo centro. Apesar de estar falando sozinha, não parecia que
alguém estava notando sua presença ou sua fala. Totoku não respondeu, apenas olhou
para baixo apreensivo. - Vai ficar tudo bem, talvez essa seja a última missão antes
de voltar, logo estaremos em casa, ok?
Ela não sabia mais se estava dizendo aquilo para seu amigo ou si mesma, mas
continuou seu caminho. Ela conseguiu achar Salazar, e estava o seguindo por aí,
definindo sua rotina para começar suas anotações para enviar a guilda. Perse
resolveu mandar atualizações de mês em mês, mas nunca recebeu resposta, ela ficava
cada vez mais perdida e não sabia se era para voltar, continuar ou o que procurar.
Depois de 2 meses sem resposta, Persephone ficou sem esperança de receber algo, e
sua conexão com Copelia foi cortada de vez pela distância enorme entre as duas
cidades. Colocar Cucuia para viajar tão longe era inumano, e as cartas demoravam
semanas para chegar, então Persephone estava isolada junto com todos daquela
cidade. Não era solitário, já que estava com Totoku, mas era triste de qualquer
forma para ela. Depois de 4 meses, ela começou a duvidar de tudo, e pensamentos
negativos invadiam sua mente constantemente. No quinto mês, Persephone achava que
tinha sido mandada para aquele fim de mundo de propósito para morrer ou ser
esquecida por todos, e isso a deixava irada. Aos poucos, sua existência foi
colocada de novo em questionamento. Ela não conseguia fazer nada direito ao ponto
de colocarem ela para morrer em um fim de mundo qualquer? Ela era tão inútil que a
mandaram numa missão assim para não terem que lidar com ela?
Esses pensamentos só pioravam conforme ela descobria mais sobre Salazar, que era
apenas um cara de 46 anos, possui uma filha, divorciado de sua esposa, tinha um
caso com sua vizinha, trabalha em 2 empregos para se manter. De manhã saia as 6
horas para entregar jornal para a cidade toda, de tarde trabalhava numa loja como
caixa, e buscava sua filha na escola no fim do dia às 18, levava ela para tomar
sorvete de vez em quando, mas sempre parava no parque todo dia para deixá-la
brincar com seus amigos. 20 horas estava em casa, fazia coisas simples como
limpeza, comida, tomava banho, etc. Dormia às 23 e tudo começava novamente.
Obviamente não tinha nada de interessante nesse homem, então Persephone começou a
correr atrás de quem tinha influência na cidade. Depois de investigar durante mais
6 meses após desistir de Salazar, totalizando 11 meses de estadia na cidade,
Persephone já havia feito algumas redes de contato. Ela havia se aproximado
bastante das pessoas certas, e sabia todos os passos que a cidade tomava a partir
dali, tendo controle de tudo que a cercava. Apesar do bom trabalho, ela se sentia
mais inquieta do que antes, e não conseguia mais aguentar e teve sua primeira
recaída no mês 7. A ladeira continuou, seus pensamentos eram péssimos, sua mente
não a deixava descansar, e Totoku havia sumido nas últimas semanas. Ela estava
sozinha, como sempre achou que deveria ser, ou pelo menos fadada a estar. Isso doía
demais, mas conseguiu permanecer focada na missão de alguma forma, já que era a
única coisa que a fazia manter a razão no momento.
Persephone estava com pé atrás com todo mundo, mas depois de algumas semanas
sozinha com seus pensamentos, ela não aguentava mais, e começou a ter um "amigo".
Lucci foi a primeira pessoa que Persephone conheceu naquela cidade, e se tornou seu
primeiro informante depois de um tempo. Ela o conheceu numa situação deveras
cômica, já que caiu em sua frente e quase o derrubou sem querer, e ela ficou
intrigada pois sua primeira reação foi rir e não brigar. Lucci é alguém alto
astral, sempre rindo de tudo e bem popular entre as mulheres da cidade, que sentiam
certa inveja de Persephone, apesar dela apenas o achar bonito, mas não ver nada de
especial nele. Ela se perguntava se Hades faria sucesso também, já que ele era bem
charmoso tanto quanto Lucci.
Os dois foram ficando próximos, mas nada sério, já que Persephone não conseguia
confiar direito em mais ninguém, eles eram apenas amigos que contavam uma coisa ou
outra sobre sua vida pessoal, mas mantinham tudo o mais profissional possível. Em
troca das informações de Lucci, Persephone o fazia companhia e trazia algumas
coisas de fora da cidade quando ele precisava.
- Você já se apaixonou por alguém? - Persephone se intrigava todo dia com isso, já
que alguém tão desejado poderia conseguir qualquer um.
- Sim, mas eu não consigo me manter apaixonado por muito tempo. Na verdade, eu
consigo me apaixonar muitas vezes, geralmente ao mesmo tempo.
- Isso é interessante, acho que já me ocorreu uma vez...
- É um sentimento estranho, já que só vemos 2 pessoas juntas geralmente, você se
sente culpado... - aquilo parecia uma confissão sobre como ele se sentia com tudo.
- Eu não cheguei a isso, eu era criança, na minha cabeça estava tudo bem amar mais
de uma pessoa e querer protegê-la, parecia certo - Persephone ri feliz.
- Acho que é a primeira vez que eu vejo você sorrir de verdade... - Lucci comenta,
e a realidade cai sobre ela. Realmente, fazia muito tempo que ela não ria feliz
daquela forma, mas o que a mais chocava era o fato dele saber que aquilo era um
verdadeiro sorriso. Como ele sabia qual era o falso?
- Então você nunca caiu no meu disfarce? Ou podemos dizer charme? - ela riu de novo
sem se importar muito, ela sabia que deveria tentar ser mais verdadeira em suas
atitudes, e parar de mascarar tudo como se ainda fosse a antiga Persephone.
- Ora, por favor, eu lido com mulheres todo dia que querem meu corpinho, claro que
eu sei quando alguma está mentindo - ele diz se achando, mas claramente num tom
irônico, rindo do que ele mesmo disse, e fazendo Persephone gargalhar.
- Eu deveria ter pensado por esse lado - ela disse se levantando, eles estavam
sentados no chão conversando há pelo menos uma hora, suas costas pediam um pouco de
socorro - Claramente eu, Lucci, o gostoso do amor de Permelgreen, desejado por
todas, estou fadado a lidar com mulheres e as conheço muito bem, ó que vida cruel -
Ela colocou a mão na testa como se estivesse fazendo drama. Sua voz imitava o tom
do amigo, que ria enquanto levantava também, e começou a gargalhar enquanto
Persephone imitava seus trejeitos.
- Eu não sou assim. Quer dizer, só um pouco. - ele disse fingindo estar bravo, mas
não tinha como negar - Sabe Persephone, você é no fundo a pessoa que você
demonstra, mas ainda sim com algumas coisas diferentes. Me pergunto o que fez você
perder seu brilho que está irradiando agora - ele disse enquanto ela virava para
começar a andar, mas logo parou quando ele citou "o que a fez perder seu brilho".
Lucci começou a se aproximar mais dela enquanto ela estava de costas para ele. -
Você devia voltar a sorrir, assim como fazia com Bellix. - ela se assusta com o
nome da garota sendo citado, e quando vai olhar para trás, Lucci a agarra e coloca
um pano na sua boca. Persephone sabia o que ele estava tentando fazer, e tentou
segurar sua respiração o máximo que conseguia enquanto lutava para ele a soltar.
Depois de 40 segundos, Persephone cedeu e acabou inalando o sonífero, caindo nos
braços de Lucci desacordada.

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