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SINOPSE

Monstro. Perseguidor. Mas de agora em diante... vou chamá-lo de ma-


rido.

Pensei que Cillian O'Rourke fosse meu amigo, mas era tudo uma mentira
distorcida.

Ele é o executor brutal e filho bastardo de uma notória família criminosa e


nada além de uma alma fria e vazia, alguém que manipula os outros e invade
meu apartamento à noite para me ver dormir.

Meu pai poderia ter me protegido, mas em vez disso ele me ofereceu para
se salvar. Agora estou presa no mundo de Cillian e me tornando tão depravada
quanto ele, porque na escuridão, quando ele finge ser o homem que pensei que
ele era, e não o monstro que ele realmente é, eu me rendo completamente.

Ele é assustador e lindo, mas não posso me apaixonar por ele. Isso não é
real... e meu novo marido é incapaz de me amar de volta.
AVISO DO CONTEÚDO
Herói obsessivo/predatório, perseguição, consentimento duvidoso, não
consentimento consensual, sexo explícito, incluindo um caso de somnofilia1, o
que alguns considerarão um relacionamento doentio ou tóxico, abuso infantil
(emocional e físico, fora da página), assassinato, armas, violência.

1 A somnofilia é um tipo de parafilia em que a excitação sexual e/ou o orgasmo são obtidos ao inte-
ragir sexualmente com um indivíduo em estado de sono.
Capítulo Um
Cillian

Ela tinha o sono pesado.

Sophia não acordou quando entrei em seu apartamento, ou quando tirei o


livro de sua mão para ver o que ela estava lendo esta semana.

Coloquei o livro de volta com cuidado e peguei o frasco de loção corporal


que estava na mesa de cabeceira, depois tirei a tampa e respirei. Baunilha e
canela. Sua favorita. Coloquei-o de volta e estudei-a deitada ali.

Minha mãe lia contos de fadas para meu irmão quando ele era pequeno. Eu
costumava sentar-se do lado de fora do quarto dele e ouvir. Eu realmente não
os entendia. Eu não era de caprichos. Eu não gostava de nada quando se tra-
tava das nuances mais sutis da emoção, mas passei a pensar em Sophia Bren-
nan como minha pequena Bela Adormecida.

Quando Seamus me pediu para descobrir tudo o que havia para saber sobre
ela, fiz o de sempre: seu endereço, detalhes sobre a segurança de seu prédio,
os lugares que ela frequentava regularmente, as pessoas com quem ela pas-
sava o tempo. Ela trabalhava em casa como designer gráfica, o que manteve
curta sua lista de conhecidos pessoais. Eu também subornei a recepcionista do
consultório médico dela e consegui uma cópia de seus registros médicos.

Entreguei todas as informações para Seamus. Tarefa concluída.

Mas então, eu voltaria, repetidamente, apenas nessas vezes enquanto ela


estava aqui. Enquanto ela dormia.

Ela choramingava enquanto dormia, a perna balançando e o braço recu-


ando. O som me agarrou profundamente, meu corpo reagiu como se ela tivesse
feito o som só para mim.
Sophia sofria de distúrbio comportamental do sono REM, o que significava
que ela frequentemente representava fisicamente seus sonhos e pesadelos, se
debatendo, gritando, falando, chorando, gemendo durante o sono. Toda aquela
inquietação resultou num distúrbio secundário: hipersonolência. Ela precisava
dormir mais do que os outros, dormia por períodos mais longos, às vezes preci-
sava de cochilos e, no caso de Sophia, muito pesadamente.

Ela choramingou novamente e me aproximei.

Eu não sabia por que continuava voltando ao quarto dela semana após se-
mana. Eu não fiz coisas assim. Estudei seu rosto, como sempre fazia, como se
ela pudesse de alguma forma me dar as respostas. Sua cabeça estava inclinada
para o lado, suas bochechas rosadas e coradas. O cabelo loiro nas têmporas
estava úmido. Ela sempre usava muitas cobertas. Retirei uma, como fazia sem-
pre que vinha aqui. Nas noites em que não fui visitá-la, me perguntei se ela es-
tava com muito calor ou se ela havia se debatido tanto que se machucou. Por
quê? Eu não fazia ideia. Eu não sabia por que pensei nela.

Sim, ela era linda, você não precisava possuir uma grande variedade de
emoções para ver isso, mas havia muitas mulheres bonitas nesta cidade. Ela
tinha um bom corpo; belos seios, uma bunda redonda que balançava quando
ela andava e uma cintura apertada que imaginei envolvendo minhas mãos en-
quanto a fodia por trás.

Mas eu não estava desesperado. Se quisesse foder, havia muitas mulheres


que se ofereceriam para mim. Mesmo que me olhassem com medo, eu tinha
status e dinheiro, e isso foi o suficiente para fazê-las abrir as pernas para mim.
E outras só queriam saber como era foder um monstro. Eu não pensei nelas,
porém, em nenhuma mulher até que tivesse necessidade de uma. Quando ter-
minei, não pensei duas vezes nelas.

Então, por que Sophia Brennan ficava entrando na minha cabeça em horá-
rios aleatórios do dia e da noite?
Seus cílios pousaram em suas bochechas, seus olhos se movendo por trás
das pálpebras com qualquer sonho que ela estava tendo. Seus lábios estavam
carnudos e um pouco inchados durante o sono. E me perguntei, não pela pri-
meira vez, quão macios eles seriam contra os meus. Não pensei nos lábios de
uma mulher, exceto na forma como ficariam esticados à volta do meu pau.

Sophia parou de repente, tanto que não consegui ouvir sua respiração. Ela
também fazia isso às vezes, ficando tão quieta, tão quieta que poderia estar
morta. Segurei as costas da minha mão na frente de sua boca até sentir seu
hálito quente roçar meus dedos. Minha frequência cardíaca aumentou instanta-
neamente.

Havia apenas três coisas que faziam meu coração bater mais rápido: malhar,
foder e Sophia Brennan. Meu pulso nem sequer acelerou quando explodi a ca-
beça de alguém.

Então, o que havia nela que teve esse efeito em mim? Não havia explicação
lógica para essa obsessão, mas encontrei uma palavra para isso online. Lime-
rência: estado de obsessão involuntária por outra pessoa. Os sintomas incluíam
pensamentos obsessivos sobre aquela pessoa, um forte desejo de reciproci-
dade e uma imagem idealizada do objeto da obsessão, eu tinha todos eles.

Ela rolou, fazendo um pequeno barulho que causou arrepios em meus bra-
ços, então ela enrijeceu, seu corpo se curvando antes de abrir a boca e gritar.
Seus braços voaram para fora, suas pernas chutando sob as cobertas. Ela
quase não sentiu falta da mesa de cabeceira. A almofada que ela colocara ali
antes de dormir havia caído. Se ela batesse na mesa com força suficiente, po-
deria quebrar o braço ou a mão; se ela caísse da cama, poderia bater a cabeça,
apesar das almofadas e colchas extras que ela havia espalhado pela cama para
proteção.

Dei um passo à frente e fiz o que era necessário, o que ela precisava que eu
fizesse, embora ela não tivesse ideia de que eu fazia isso regularmente. Subi em
sua cama e passei meus braços em volta dela, prendendo-a para que ela não
se machucasse, segurando-a com força até que o sonho passasse e ela se
acalmasse.

Fiquei ali deitado enquanto ela se debatia em meus braços, até que seus
gritos e gemidos finalmente pararam, então enterrei meu nariz em seu pescoço,
em seu cabelo, e ouvi sua respiração se estabilizar, respirando seu perfume
viciante.

Uma vez, entrei no apartamento dela e a encontrei gemendo e se balan-


çando. Alguém estava transando com ela em seus sonhos, eu tinha certeza
disso. Eu nunca tinha visto nada parecido e tive o desejo irracional de assassinar
quem quer que ela estivesse sonhando. Naquela época e agora, pensei em
como seria fácil deslizar para baixo das cobertas com ela, ficar bem aqui, ela
nunca saberia. Mas eu queria mais. Eu queria que ela olhasse nos meus olhos
enquanto o monstro O'Rourke a reivindicava como sua.

Por enquanto, isso tinha que ser suficiente.

Qualquer que fosse esse sentimento dentro de mim, a lógica pela qual eu
vivia não se aplicava e, aparentemente, estava bem com isso.
Capítulo Dois
Sophia

Oito meses depois

O olhar de Brian desceu pelo meu corpo e voltou para cima. Meu rosto es-
quentou. Eu realmente gostaria de não corar tão facilmente. Ele estava man-
dando mensagens de texto enquanto eu estava em casa com minha família
neste fim de semana, e conversamos sobre sair para um encontro.

— Soph, ei. — Ele me deu um abraço, me apertando contra ele.

— Ei. — Eu o apertei de volta.

Ele sentou-se na cabine, movendo-se em minha direção, e deslizou uma be-


bida em minha direção. — Trouxe uma vodca com Coca para você.

— Obrigada. — Tomei um gole e olhei em volta. O bar estava lotado e a


música alta. Isso era exatamente o que eu precisava. Depois do fim de semana
que tive, estava com vontade de dançar, de me livrar do peso que a volta para
casa sempre me deixava.

Tommy era a única coisa boa naquela casa. Meu irmãozinho era a única
coisa de que sentia falta quando não estava lá. Meu pai estava sempre ocupado,
mas estava mais distraído e irritado do que de costume. Celeste, sua esposa,
tinha sido tão horrível como sempre. Eu tentei ajudar em casa e com Tommy,
tanto quanto pude, para facilitar as coisas para os dois, mas não consegui fazer
nada certo.

Não é como se estivéssemos passando bons momentos com a família jun-


tos, nem sei por que papai insistiu... não, exigiu que eu voltasse para casa no
fim de semana. Estremeci. Seamus O'Rourke e seu filho nojento, Adam, passa-
ram pela casa no sábado, e o humor de meu pai piorou ainda mais. Mas então
meu pai não era mais ele mesmo desde que meu tio morreu e ele se tornou o
chefe da família. Ele nunca disse em voz alta quem era nossa família, mas tudo
que você precisava fazer era pesquisar nosso nome on-line e estava tudo lá,
pelo menos especulação, sobre nossa família e os O'Rourke.

Ele estava obviamente lutando com suas novas responsabilidades. Não


muito bem quando você estava no comando de uma das maiores famílias crimi-
nosas de Chicago.

Fiona sentou-se no banco à minha frente, ao lado de Steve, e ele passou um


braço em volta dos ombros dela. Ela o conheceu em um aplicativo de namoro e
eles estavam namorando há cerca de um mês. Olhei para Brian. Eu o conheci
no café onde levei meu laptop quando precisei de uma folga do meu aparta-
mento. Continuamos nos encontrando e ele finalmente me convidou para sair e
eu recusei. Namorar quando você vinha de uma família como a minha não era
fácil. Adicione a isso meus distúrbios do sono e desisti de ter um relacionamento.
Ele não ficou chateado quando recusei e nos tornamos amigos. Começamos a
sair, e ele e Steve fizeram amizade, o que tornou divertido quando todos saímos
como esta noite.

Mas recentemente, Brian estava pressionando por mais, e neste fim de se-
mana, enquanto trocávamos mensagens de texto, eu meio que cedi. Eu era uma
virgem de 24 anos, pelo amor de Deus, e estava seriamente cansada de ficar
sozinha.

Brian apertou minha perna por baixo da mesa e meu rosto esquentou. —
Senti sua falta. — Ele disse e umedeceu os lábios quando olhou para mim. —
Então... quando vamos sair?

Minha barriga tremeu. — Estou alucinando... ou não estamos, de fato, fora


agora.

Ele riu. — Espertinha. Eu quis dizer só nós dois. Um encontro de verdade.


— Certo. Se você insistir em me ter só para você, estarei livre ainda esta
semana. — Eu deveria jogar com calma? Não parecer muito ansiosa? Como
diabos eu saberia? Estava longe de ser legal. Brian era fofo e legal, e tínhamos
muito em comum. Primeiro éramos amigos e isso foi uma boa base para um
relacionamento. Porém, uma vez que ele descobrisse sobre minha família, ele
provavelmente fugiria para as montanhas.

Ele sorriu e deu outro aperto na minha perna. — Legal. Que tal quinta à
noite? Jantar e um filme?

Mais palpitações na barriga. — Parece bom.

Uma música que Fiona adorava tocou, e minha melhor amiga deu um pulo,
agarrou minha mão e me puxou da cadeira. Brian balançou os dedos em um
aceno bobo enquanto ela me puxava para a pista de dança.

— Droga, garota, Brian quer muito você. — Ela gritou por cima da música.

Eu ri, sentindo-me leve e feliz pela primeira vez em muito tempo. — Você
pensa?

— Eu o vi limpar a baba do queixo.

Eu ri, balançando a cabeça enquanto ela me girava, então estávamos can-


tando o refrão da música a plenos pulmões. A música era tão boa que ficamos
lá para a próxima música também.

Fiona se inclinou. — Você tem um admirador. — Ela mordeu o lábio. — Ele


não tirou os olhos de você desde que chegamos aqui.

Ela deu uma pequena volta, então trocamos de lugar, e olhei por cima do
ombro dela, esperando ver Brian.

Não era Brian.


Um cara encostou-se em um dos pilares que margeavam a sala. Ele era alto
e forte, mas não com o corpo volumoso de uma academia. Ele usava jeans e
uma camiseta escura. Seus braços tatuados estavam cruzados sobre o peito e
seus bíceps esticavam as mangas. Seu olhar encontrou o meu e respirei fundo.
Seus olhos eram do verde mais brilhante que já vi. Meu olhar mergulhou. Sua
barba estava aparada rente, cercando uma boca que parecia ter sido esculpida
pelos deuses. Arrepios surgiram em mim.

Fi estava certa, ele definitivamente estava me observando, e quando meus


olhos encontraram os dele novamente, ele levantou o queixo.

O calor percorreu minhas veias tão rápido que meus membros ficaram fra-
cos. Fiona me girou novamente e ri sem fôlego. Tentei não olhar para trás e
consegui por alguns minutos, mas quando finalmente cedi, ele havia sumido.

Brian e Steve se juntaram a nós, dançando como idiotas ao som da próxima


música, e parei de procurar o Sr. Olhos Verdes na sala.

Dançamos e bebemos pelas próximas horas, e Brian me puxou para perto


para duas músicas e dançamos lentamente, algo que eu nunca tinha feito antes,
o que era embaraçoso, mas com o quão controlador meu pai era, nunca houve
uma oportunidade. Mesmo depois de ele ter permitido que eu me mudasse para
minha própria casa há um ano, segui as regras, as regras dele, como se ainda
estivesse na casa dele. Fiona levou seis meses para me convencer a sair com
ela, e um ano inteiro para finalmente concordar em sair e dançar lentamente
com um cara bonito.

Brian sorriu para mim e me puxou para perto, e eu imediatamente passei


meus braços em volta de seu pescoço, me sentindo mais ousada agora, graças
a várias vodcas e Cocas. Mais de uma vez esta noite, pensei que ele poderia
me beijar, mas até agora não o fez.

— Você é realmente linda, Soph. — Ele disse, olhando para mim.

— Você acha?
Ele assentiu, seu olhar mergulhando em meus lábios.

Invoquei toda a minha coragem. — Então por que você não me beijou?

Seu olhar voltou para o meu. — Eu não tinha certeza se você iria querer...

— Beije-me. — eu disse.

Seus lábios se curvaram em um sorriso arrogante, então ele segurou o lado


do meu rosto e pressionou seus lábios nos meus. Eu já tinha sido beijada duas
vezes antes. Ambas as vezes foram em festas que meu pai deu. Meu primeiro
beijo foi com Ethan McGory, filho de um amigo do papai. O outro foi com um
cara que ele contratou para trabalhar no bar alguns anos depois, seu nome era
Luke. Aqueles beijos foram bons, nada de excepcional. Eu tinha grandes espe-
ranças em Brian, mas quando seus lábios se moveram sobre os meus, não
houve formigamento ou faíscas, então me senti culpada por pensar nisso.

Apertei meus braços em volta de seu pescoço e deslizei minha língua sobre
a costura de seus lábios. Ele gemeu, sua língua empurrando minha boca como
um dardo apontando para minhas amígdalas, então ela se enroscou nas minhas,
mas estava muito molhada e muito desleixada.

Eu me afastei e ele olhou para mim calorosamente antes de dar outro beijo
suave em meus lábios.

Precisei de tudo para não arrastar as costas da mão sobre a boca bem na
frente dele. — Já volto. — gritei por cima da música. — Banheiro feminino.

Virei-me para agarrar Fi, mas ela e Steve estavam chupando cara um do
outro, e do jeito que minha amiga estava basicamente escalando ele, o prédio
poderia desabar ao nosso redor e nenhum deles notaria.

Atravessei a sala e, assim que tive certeza de que estava fora da vista de
Brian, limpei a boca com a manga e corri para o banheiro.
A decepção me encheu. Não entre em pânico. Talvez ele estivesse mais
bêbado do que eu pensava? Nós nos encaixamos bem. Tínhamos tudo isso em
comum: filmes, livros, e ambos gostávamos de cozinhar. Eu só tinha que dar
uma chance a ele. Saíamos na quinta-feira. Eu o deixaria me beijar novamente
e tinha certeza de que seria melhor. Finalmente encontrei coragem; isso não
poderia ser em vão. Não poderia. E se eu nunca mais encontrasse coragem? E
se eu nunca conhecesse ninguém que pudesse me tirar, me tirar da minha vida.

E se…

Eu bati a porta com esses pensamentos. Estava em uma espiral, indo a lu-
gares que não precisava ou não queria ir.

Usando rapidamente o banheiro, lavei as mãos e estava arrumando o cabelo


quando a mensagem de Fiona tocou no meu telefone, me dizendo para me
apressar, que uma boa música estava tocando. Eu sorri. Eu precisava ser mais
parecida com minha melhor amiga. Divertida e livre. Mas você não é livre, você
nunca será livre. Balançando a cabeça e tirando esses pensamentos da minha
mente, empurrei a porta e corri de volta, batendo direto em uma parede.

Não, não é uma parede, um homem. E eu não apenas esbarrei nele, minha
frente literalmente bateu contra a dele. Tentei voltar e, oh meu Deus, minha mão
roçou seu traseiro. Inclinei a cabeça para trás, meu rosto em chamas. Merda.
Não qualquer homem, era o cara com tatuagens e lindos olhos verdes.

— Hum, eu... desculpe.

Ele deu um sorriso que fez meu interior derreter. — Sem problemas.

Sua voz era profunda e tinha uma qualidade rouca que causou arrepios na
minha cabeça e nos meus braços.

— Eu ah... vi você... antes.

Ele me estudou por vários longos segundos. — Sim.


Ele ainda estava perto, muito perto. Os nervos explodiram na minha barriga,
e quando fiquei nervosa foi aí que aconteceu a diarreia verbal. Eu sabia, odiava,
mas não havia como parar, e o álcool não estava ajudando. — Estou aqui ape-
nas com amigos. Eu precisava dançar, tomar uma bebida. Passei o fim de se-
mana com minha família e, bem, você sabe como pode ser uma família? — Meu
rosto estava tão quente agora que tive que me impedir de abanar as bochechas.
— Quero dizer, se você tem uma família, eu não deveria ter simplesmente pre-
sumido. Desculpe, isso foi... Deus, desculpe... — Eu me encolhi e fechei a boca.

— A família pode ser difícil. — disse ele, aqueles olhos verdes me estudando
de uma forma que provocava pequenas faíscas por toda a minha pele.

Eu balancei a cabeça. Estava certa, seus lábios eram esculpidos com per-
feição. — Desculpe, tenho o hábito de balbuciar quando estou nervosa.

— E pedindo desculpas.

— O que? Oh sim. Eu também faço isso.

— Por que você está nervosa? — ele perguntou.

— Hum...— Porque você é tão incrivelmente gostoso que estou tendo pro-
blemas para ficar em pé.

Seu olhar meio que escureceu. — Aquele cara com quem você está, você
o conhece bem?

Pisquei para ele. — Sim. — Sussurrei. Por que ele me perguntou isso? E por
que estava sussurrando? Provavelmente porque de repente isso pareceu estra-
nhamente íntimo.

— Você deixou seu copo com ele. — Seu olhar escuro percorreu meu rosto
e estremeci visivelmente. — Você não deveria fazer isso. Você precisa ter mais
cuidado.
Ele estava me observando, não apenas enquanto eu dançava? Eu abri minha
boca-...

— Soph! — Fiona correu. — Estamos indo embora... — Sua cabeça inclinou


para trás, olhando para o cara parado ao meu lado. — Ei.

Ele assentiu.

— Eu tenho que ir. — Eu disse ao sr. olhos Verdes e me encolhi interiormente


novamente. O cara provavelmente estava apenas tentando voltar para o bar
depois de usar o banheiro masculino, ou, meu Deus, tentando ir para o banheiro
masculino, e eu estava agindo como se estivéssemos em alguma tragédia de
Shakespeare. Separação é uma tristeza tão doce!

Sua boca se curvou para um lado. — Tudo bem. — disse ele.

Meu rosto explodiu novamente, as chamas queimando meu rosto.

Felizmente, Fiona me salvou, agarrando minha mão e me puxando para


longe.

Steve e Brian estavam esperando perto da nossa mesa, e Brian pegou minha
mão quando chegamos até eles, mas não consegui evitar me virar enquanto ele
me levava para fora do bar.

O Sr. Olhos Verdes estava bem ali. Ele nos seguiu, e ainda estava me ob-
servando.

Cillian
Sophia foi embora com o filho da puta de aparência formal que a beijou an-
tes, e a vontade de detê-los, de agarrá-lo pela garganta e estripá-lo no meio do
pub foi mais difícil de resistir do que deveria ser.

Saí para a rua enquanto a amiga dela e o outro cara se separavam, entrando
em um Uber. Sophia morava perto, a alguns quarteirões de distância, e não
fiquei surpreso quando ela e seu acompanhante partiram juntos naquela dire-
ção. Eu a segui, ficando para trás, mantendo-me nas sombras.

O filho da puta de cabelos desgrenhados ainda segurava a mão de Sophia


como se ela pertencesse a ele.

Isso não serviria. De jeito nenhum.

A barba funcionou. Eu a deixei crescer quando as negociações sobre uma


aliança esquentaram, caso ela me reconhecesse. Ela não tinha. Não é surpre-
endente. Nas poucas vezes que estive na mesma vizinhança que ela, ela não
me notou entre todos os homens na sala, era como se eu fizesse parte da mo-
bília. Provavelmente porque ela manteve o olhar desviado e a cabeça baixa.
Sábio em uma sala cheia de predadores. Não me importei, era do jeito que eu
gostava. Recuei, preferi observar. Se as pessoas não viram você, não viram
você chegando.

Meu olhar deslizou sobre Sophia. Ela era baixa, quadris arredondados, bar-
riga macia, seios naturais, dava para perceber quando ela se movia que eram
todos dela. Seu corpo, a marca dele, como ele era pressionado contra o meu
enquanto eu segurava seu corpo adormecido e agitado, era uma constante. Seu
cabelo loiro estava um pouco desgrenhado por causa da dança. Eu sabia o
quão macio era, e minha mão se curvou, imaginando enfiar meus dedos nele e
cerrá-lo com força.

Quando ela saiu da casa de sua família, há doze meses, e Seamus me pediu
para obter informações sobre ela, isso não disparou nenhum alarme. Ele gos-
tava de ter esse tipo de informação à sua disposição, especialmente porque o
pai dela era o novo chefe da família Brennan. Fazia sentido. As famílias Brennan
e O'Rourke conduziram negócios lado a lado por mais de trinta anos, cada uma
apoiando os esforços da outra quando necessário, ao mesmo tempo em que
cuidadosamente não pisavam nos pés ou alteravam a balança de poder. Cada
um tinha interesses comerciais específicos e, com as duas famílias trabalhando
tão próximas quanto nós, os irlandeses eram donos de metade de Chicago.

Mas Seamus estava cada vez mais cauteloso em compartilhar, ele estava
procurando uma maneira de unir as famílias no caso de Callum Brennan ter al-
guma ideia para nos ferrar. Seamus finalmente teve sua oportunidade quando
Brennan estragou tudo, invadindo nosso território, e o objetivo final agora era
expulsá-lo e assumir completamente o controle. Brennan devia a Seamus, e Se-
amus agiu neste fim de semana.

Eu tive que esperar e não fazer nada enquanto um acordo era fechado. So-
phia não sabia, mas se as coisas acontecessem como Seamus e seu pai plane-
jaram, meu meio-irmão de merda, Adam, se casaria com Sophia Brennan, mi-
nha preciosa bela adormecida, dentro de seis semanas.

Eu era oito meses mais velho que ele e tinha tanto sangue venenoso de Se-
amus em minhas veias quanto ele, só que minha mãe era a amante e a de Adam
era a esposa. Ninguém falou sobre isso, e o velho nunca reivindicou a mim ou a
meu irmão Declan como seus, mas compartilhamos um sobrenome, minha mãe
foi esperta o suficiente para colocar o nome dele em nossas certidões de nas-
cimento. Seamus disse a todos que éramos primos pobres da Irlanda, mas to-
dos sabiam a verdade.

Eu era o filho mais velho.

Sophia deveria ser minha.

Quando chegaram ao prédio dela, seu acompanhante definitivamente espe-


rava que ela o convidasse para subir, mas ela parou na porta. Claro que ela fez.
Ela ainda não confiaria no mauricinho, não o suficiente para adormecer ao lado
dele, para ser tão vulnerável. Eu não conseguia ouvir o que eles estavam di-
zendo, mas ele se inclinou e a beijou novamente.
O aço frio tocou minha mão. Eu peguei minha arma sem nem perceber.

Os olhos de Sophia estavam fechados e ela estava meio que recuando, mas
ele se inclinou mais para ela, sua mão percorrendo seu lado, indo em direção
ao seu alvo, o peito dela. Agarrei minha arma com mais força.

Ela o empurrou e levantou a cabeça, uma risada tímida borbulhando em seus


lábios. O idiota estava ofegante, o pau duro atrás do zíper da calça, os olhos
selvagens. Eu entendi a reação dele. Ele queria muito transar com ela, mas a
boa menina que Sophia era, ela o faria esperar. Ou isso ou ela simplesmente
não gostava dessa merda desesperada.

Eles trocaram mais algumas palavras e ele saiu correndo.

Ela o observou sair por vários segundos, parecendo corada, então se virou
e correu para dentro, fechando a porta firmemente atrás dela.

Tirei a carteira dela do bolso. Eu a peguei quando ela colidiu comigo. Eu


esperei por ela do lado de fora do banheiro, e ela fez exatamente o que eu es-
perava, além de balbuciar.

Adam não era muito de falar, gostava de mulheres quietas e obedientes,


principalmente porque era fraco.

Sophia era ingênua, e prejudicialmente. Faminta de carinho, desesperada


por aprovação. Seu pai era um pedaço de merda e sua madrasta era uma vadia,
ela não estava recebendo nenhum amor ou gentileza de nenhum deles, e sua
melhor amiga, Fiona, era egocêntrica e mais interessada no cara com quem ela
estava transando do que nela, suposta melhor amiga. Sophia estaria ansiosa
para agradar, desesperada por uma palavra gentil, por carinho. Adam iria comê-
la viva. Ele a quebraria dentro de uma semana. Aquela luz em seus olhos azuis
seria opaca e desbotada quando ele terminasse com ela.
Ao observá-la esta noite, tive a sensação de que minha beldade estava que-
rendo tanto ser fodida que ela estava pensando em deixar algum idiota maurici-
nho fazer as honras. Eu não ia deixar isso acontecer.

Nada disso.

Eu não era muito bom em ler as pessoas, mas reconhecia o interesse


quando o via, e Sophia olhou para mim com bastante interesse. Muito mais do
que o homem que ela beijou naquela pista de dança. Eu conhecia cada faceta
daqueles olhos, cada expressão facial, eu os estudei como se fosse meu traba-
lho de tempo integral.

Normalmente, quando uma mulher me olhava assim, ela queria que eu a


tirasse, e se ela deixasse meu pau duro, eu dava a ela o que ela queria. Mas
nunca uma mulher olhou para mim do jeito que Sophia fez. Ela olhou para mim,
balbuciando, sobre porra sabe o que, toda corada e trêmula, olhos arregalados,
silenciosamente me pedindo algo que ela nem conseguia descrever.

Mas eu sabia.

Eu sabia o que ela queria de mim, mesmo que ela não quisesse.

Porque eu a conhecia.

Eu matei mais pessoas do que conseguia me lembrar, tirar uma vida era
fácil. Sem significado. Durante a maior parte da minha vida estive entorpecido,
não senti nada e não queria nada além de que Declan e eu assumíssemos os
cargos na família O'Rourke que nos eram devidos, até agora.

Tirei meu telefone do bolso e digitei o número de Declan.

— E aí? — meu irmão mais novo respondeu.

— Cansei de esperar.

Houve uma batida de silêncio. — Então nós também.


Desliguei e olhei para o apartamento de canto do segundo andar.

Não, Adam não iria conseguir mais uma porra de coisa que deveria ser mi-
nha.
Capítulo Três
Sophia

Meu telefone tocou quando saí do café, então alguém chamou meu nome
do outro lado da rua antes que eu pudesse tirá-lo do bolso.

Brian correu em minha direção.

Levantei minha bolsa mais alto, lutando contra meus nervos enquanto o ca-
lor subia ao meu rosto. — Ei. — Ser tímida era uma droga, eu corava o tempo
todo, mesmo quando não havia motivo para corar. — Como você sabia que eu
estava aqui?

— Eu não sabia. — Ele sorriu. — O destino parece gostar de nos juntar.

Se eu acreditasse nesse tipo de coisa, diria que ele estava certo. Eu parecia
esbarrar nele o tempo todo.

— Você está animada para esta noite? — ele perguntou.

— Sim. — Bem, mais ou menos, mas estava me esforçando para ficar entu-
siasmada. Tivemos nosso encontro de cinema e jantar na quinta-feira passada
e me diverti muito. Brian era um cara legal e normal. Era isso que eu queria,
certo? E foi realmente legal termos começado como amigos, e agora que ele e
Steve eram próximos, isso significava que poderíamos ter um encontro duplo
com ele e Fiona, e isso era divertido. Nós nos divertimos quando todos saímos.

Brian sorriu e sua covinha apareceu. — Estou realmente ansioso por isso,
Soph. Embora, tecnicamente, seja nosso terceiro encontro. — disse ele.

— Ah, e como você descobriu isso?


— O pub foi como se fosse o nosso primeiro. Quer dizer, nosso primeiro
beijo foi lá, certo? O jantar e o filme da última quinta-feira foram os nossos se-
gundos e, se bem me lembro, também dei um beijo de boa noite em você.

Para onde ele estava indo com isso? — Você fez isso. — Eu disse e meu
rosto estúpido ficou quente novamente. Ele agarrou meus seios e enfiou a língua
na minha garganta como se fosse um punho e minha úvula fosse um saco de
pancadas.

Ele se inclinou agora e pressionou seus lábios nos meus, me pegando de


surpresa. Ele fez o mesmo depois do nosso encontro na quinta-feira passada.
Justo quando eu estava prestes a ir embora, ele me puxou de volta para ele e
plantou um em mim antes que eu percebesse que isso iria acontecer. Eu não
era uma grande fã de ataques furtivos ou de dar uns amassos na rua na frente
de todo mundo. Sua mão subiu mais alto e ele passou a língua pelos meus lá-
bios. Eu os mantive firmemente fechados, porque, meu Deus, muita saliva, e
agarrei sua mão, parando seu progresso constante.

Sua boca foi até meu ouvido e ele riu. — Você não precisa ser tímida, Soph.
Além disso, quero que todos saibam que você é minha.

Dele? Eu não tinha tanta certeza disso. Nós só estivemos em dois encontros.
Sim, eu estava tentando me convencer de que ele e eu deveríamos ser um ca-
sal, mas ainda não havia chegado lá, apesar do quão legal e normal ele era,
quão diferente ele era do meu pai e dos homens que o cercavam.

Ele levantou a cabeça e olhou para mim, com uma espécie de expressão
selvagem em seus olhos. — Você sabe o que acontece no terceiro encontro,
não é, querida? — ele disse, sua voz toda profunda.

Levei um minuto para entender o que ele queria dizer, então a lâmpada
acendeu.

Ah Merda. Ele pensou que íamos fazer sexo.


Ele piscou e sorriu para minha expressão estupefata. — Tenho que ir, mas
te busco às sete. — Então ele saiu andando pela rua.

Fiquei ali, sem ter certeza de como as coisas haviam progredido tão rápido.
Nós literalmente nos beijamos algumas vezes e agora ele esperava sexo? A bu-
zina de um carro soou, tirando-me do meu estupor. Saí andando rapidamente
na outra direção. É isso que eu queria? Eu queria fazer sexo com Brian? Na
semana passada eu teria dito sim, agora... eu não tinha tanta certeza.

E é por isso que você ainda é virgem.

Fiona disse que eu era muito exigente, mas ela estava errada. Não era como
se eu estivesse me guardando para o homem certo, simplesmente ainda não
tinha acontecido. Sim, eu era tímida, mas estava trabalhando nisso. Desistir
deste encontro seria dar um passo gigante para trás, não é? Não era exata-
mente minha culpa ser tão inexperiente. Era difícil conhecer um cara com quem
você pudesse levar a sério quando você tinha uma família como a minha. Não
era como se eu pudesse levá-lo para casa para conhecer meu pai. Depois,
houve meus problemas de sono. Eu teria que dizer, a quem quer com quem eu
dormisse, que poderia deixá-lo com um olho roxo durante a noite ou gritar de
repente ou fazer algum outro barulho estranho. Eles teriam que me aturar co-
chilando ou adormecendo aleatoriamente, e sempre dormindo até tarde. A
única outra opção era mandá-lo embora assim que a ação fosse feita, para
nunca adormecer perto de qualquer cara com quem eu fizesse sexo.

Brian correria para as montanhas quando descobrisse quem era minha fa-
mília? Ou quando contasse a ele sobre meus distúrbios do sono? Eu não o cul-
paria.

Eu precisava de alguém que me amasse o suficiente para ver além de tudo


isso, alguém que me levasse para longe desta cidade e começasse uma nova
vida. Caso contrário, alguém forte o suficiente para me proteger do mundo do
qual eu fazia parte, mas eu não tinha certeza se existia um homem assim.
Balancei minha cabeça enquanto tirava meu telefone do bolso. Estava muito
à frente de mim mesma. Foram apenas alguns encontros, estávamos tão longe
de conhecer os pais, se é que algum dia chegou a esse ponto. Verifiquei a tela
e sorri.

Dean: Como foi seu dia?

Deixei cair minha carteira no bar no fim de semana passado e fiquei deses-
perada quando percebi que a havia perdido. Dean a encontrou na mesa em que
estávamos sentados e usou minha carteira de motorista para me procurar no
Instagram, depois me mandou uma mensagem, salvando minha pele completa-
mente. Estávamos lutando para encontrar um horário para nos encontrarmos,
então perguntei a Sharon, dona da cafeteria, se ele poderia deixá-la lá. Ela con-
cordou alegremente. Acontece que Dean era um cara muito legal e engraçado.
Estávamos conversando quase todos os dias por quase duas semanas. Acho
que éramos amigos agora.

Eu: Meu cliente adorou o web design. Estou começando a realmente acre-
ditar que isso poderia ser uma carreira para mim.

Dean: Sim, poderia, e se alguém disser o contrário, eu vou tirá-lo.

Havia uma pistola d'água, uma bomba e um emoji de cobra no final. Eu ri,
balançando a cabeça.

Eu: Bom saber. Se eu precisar de alguém cuidado, você é meu cara.

Dean: Não se esqueça disso. O cliente acabou de chegar. Falamos mais


tarde.

Dean era mecânico. A garagem era de seu pai e, depois que ele morreu, ele
e seu irmão assumiram o controle. Ele compartilhou isso comigo durante uma
de nossas sessões de mensagens de texto noturnas.

Entrei no meu carro e fui para casa. Eu tinha mais trabalho a fazer antes de
me preparar para o meu encontro. Eu desenhava sites e fazia gráficos para
pessoas desde o ensino médio. Eu não queria passar anos na faculdade, então
fiz alguns cursos de design após a formatura, aproveitando o que já sabia. Era
importante para mim ser independente, ganhar meu próprio dinheiro, mostrar
ao meu pai que eu poderia fazer isso sozinha.

Pensei em Brian novamente e minha barriga embrulhou, e não no bom sen-


tido. O que diabos havia de errado comigo? Eu tinha um cara bonito e doce
interessado em mim. Minha virgindade não era a maldita joia da coroa. Eu não
precisava manter meu hímen trancado a sete chaves para uma ocasião espe-
cial. O que eu fiz... quem eu fiz, era problema meu. Eu precisava quebrar o mal-
dito selo, crescer e seguir em frente.

Várias horas depois, terminei os gráficos que fui contratada para fazer e fi-
quei na frente do espelho, estudando meu reflexo.

Eu senti como se estivesse brincando de me vestir. Fiona me emprestou um


de seus vestidos. Era curto e decotado, e eu não tinha certeza se conseguiria
usar aquele look, mas Fi não achou nada meu sexy o suficiente para o encontro,
e eu sabia que ela estava certa. Meu estômago apertou. Andar por aí assim
deixaria meu pai furioso.

Ele não saberia, porém, como saberia? Além disso, eu tinha um casaco com-
prido para me cobrir até chegarmos ao restaurante.

Calçando as sandálias, verifiquei meu batom e coloquei-o na bolsa. Eu não


tinha certeza de onde iríamos parar esta noite, se ele voltaria aqui ou se iríamos
para a casa dele. Eu ainda não estava completamente convencida, mas se as
coisas entre nós progredissem, planejava estar segura. Peguei a caixa fechada
de preservativos da gaveta e rasguei uma. Um seria suficiente? Eu não fazia
ideia. Em vez disso, peguei uma tira e enfiei-a na minha bolsa. Eu seria honesta,
explicaria que tenho problemas para dormir e que ainda não me sentia confor-
tável dormindo juntos. Porém, me perguntei se talvez tivesse melhorado um
pouco recentemente. Já fazia muito tempo que não acordava com uma lesão.
Costumava acordar quase todas as manhãs com inchaços e hematomas, oca-
sionalmente um ou dois cortes. No ano passado, só acontecia uma vez por mês.

Meu telefone tocou.

Dean: Meu irmão está dando uma festa e um maldito amador vomitou na
porta do meu quarto. Vou ter que quebrar alguns crânios.

Eu: Bruto. Aposto que ele se sente péssimo.

Dean: Se não o fizer agora, o fará em breve. Quais são seus planos para
esta noite?

Dean não era o tipo de cara com quem você transava, e ele não adoçava
isso, mas eu gosto que ele não fingisse ser algo que não era.

Eu: tenho um encontro. Não tenho certeza sobre minha roupa, no entanto.

Dean: Esse é o mesmo cara com quem você saiu semana passada? As coi-
sas estão ficando sérias?

Eu: É apenas o nosso segundo encontro, mesmo que ele esteja insistindo
que é o nosso terceiro…

Terminei o texto com os olhos revirados e um emoji de carinha sorridente.

Dean: Mostre-me a roupa.

Eu mordi meu lábio.

Eu devo? Estávamos conversando há duas semanas e ele não disse nada


de estranho. Ele foi honesto ao ponto de ser franco. Não, eu não o conhecia há
muito tempo, mas confiava nele. A foto de seu perfil nas redes sociais era dele
com seu cachorro, não que dava para ver seu rosto, ele estava de costas para
a câmera, os dois olhando o pôr do sol. Isso foi fofo. Os serial killers não tinham
fotos de seus cachorros e do pôr do sol como fotos de perfil, certo? E ele já
sabia quem eu era, tinha visto minha carteira de motorista.

Afastei-me e tirei uma foto minha no espelho, depois apertei enviar, uma
onda estranha de nervosismo percorrendo minha barriga.

Eu: O que você acha? Muito óbvio?

Sua resposta voltou quase imediatamente.

Dean: Você está muito gostosa, Soph.

Mordi o lábio enquanto as pequenas rajadas se transformavam em descar-


gas elétricas. Sim, gostei da maneira como ele disse as coisas. Ele parecia tão
real, e ele achou que eu era gostosa.

Houve uma batida na porta.

Mas Dean não estava aqui. Ele não tinha me convidado para sair, Brian sim.

Eu: Obrigada! Tenho que ir! Ele está aqui!

Cillian

Olhei para a foto que ela acabara de enviar. Eu não consegui parar de olhar
desde que chegou, cinco minutos atrás.

Aumentei o zoom no balcão. Preservativos.

Ela estava em um encontro, com aquela aparência, e tinha camisinhas na


bolsa. O que eu queria fazer era segui-los e atirar na cabeça dele assim que
pudesse pegá-lo sozinho.

Mas isso não era uma opção. Eu tive que jogar isso com cuidado.
Examinei o que ela disse novamente. Ele está insistindo que é o nosso ter-
ceiro...

Eu não tinha nenhum conhecimento pessoal quando se tratava de namoro.


Eu não namorei. Mas eu sabia o que significava um, terceiro encontro. Eu já
tinha ouvido a referência e seu significado em filmes e programas de TV. Mauri-
cinho esperava molhar o pau.

Houve outra batida do lado de fora da minha porta, e me aproximei e a abri.


O cara que vomitou no tapete estava tropeçando com cara de merda. Agarrei-
o pela frente da camisa e bati meu punho em seu rosto, uma, duas, uma terceira
vez. — Você é uma vergonha. — Eu disse, então o joguei de lado.

Declan subiu as escadas correndo. — Jesus.

— Ele está bem.

Meu irmão usou o pé para rolar o cara de costas. — Ah, sim, ele é simples-
mente incrível. Pelo menos ele ainda está respirando, eu acho. — Dec balançou
a cabeça. — Por que você está aqui de novo?

— Você sabe por quê. — Ele sabia tão bem quanto eu o quão importante
era esse acordo do meu jeito. Eu precisava estar perto de Sophia enquanto
Brian farejava, e o apartamento de Dec era mais perto dela do que o meu. Pe-
guei minha jaqueta. — Estou saindo.

Declan encostou-se na parede. — Não, espere... por favor... fique.

Ignorei seu sarcasmo e saí, quase derrubando uma mulher que basicamente
mergulhou em meu pau enquanto eu passava. Derrubá-la foi um acidente, mas
não parei para ajudá-la a se levantar. Eu não era fã de ser apalpado por estra-
nhos aleatórios.

Peguei meu telefone, mandando mensagens de texto enquanto caminhava.


Dean: Para onde ele está levando você? Então alguém sabe se esse cara é
um maldito psicopata.

Entrei no carro e esperei a resposta de Sophia.

Sophia: Algum restaurante italiano. Está tudo bem, você não precisa se pre-
ocupar. Tenha uma boa noite. Falo com você mais tarde.

Agarrei o volante com tanta força que ele gemeu, depois liguei o carro, em-
bora não tivesse certeza de para onde diabos estava indo. Eu tinha fodido tudo.
Achei que a insegurança que ela sentia em relação ao distúrbio do sono a im-
pediria de levar alguém a sério. Estava errado, e agora ela saiu com esse cara,
com camisinha na bolsa.

Passei por vários restaurantes italianos, mas tive que ter cuidado. Mais de
um nesta área era frequentado por Alto Leone e seus homens, e eles não acei-
tariam que o executor de Seamus entrasse em seu território sem avisar. As coi-
sas entre nós e os italianos já estavam tênues há algum tempo, algo que eu
planejava mudar quando assumisse o comando. Mas se eu aparecesse agora,
eles presumiriam o pior, e já tínhamos o suficiente para resolver entre nós,
quanto mais começar algo com outra pessoa.

Isso era inútil.

Eu tinha calculado mal. Eu não tinha visto esse cara como uma ameaça real.
Não até que ela enviasse aquela foto. Sem mais nada para fazer, voltei para o
apartamento de Sophia e estacionei do outro lado da rua. Tudo que eu podia
fazer agora era esperar e torcer para que ele não a levasse de volta para sua
casa.

Várias horas depois, finalmente os vi andando pela rua. Ele estava falando e
ela tinha uma expressão estranha no rosto. Cliquei para abrir a câmera do meu
telefone e tirei várias fotos. Eu não sabia quem era esse cara, mas havia algo
estranho nele. Eles pararam na porta e ele sorriu para ela, dizendo alguma coisa.
Sophia corou, eu podia ver daqui, era algo que ela fazia muito. Então ela
mordeu o lábio, mas não de uma forma tímida, sem tentar ser sexy. Ela estava
desconfortável. Estava observando essa garota há um ano e já tinha visto essa
expressão em seu rosto várias vezes. Ela tinha a mesma expressão quando ele
a acompanhou até a porta depois do encontro na semana passada. Eu quase
saí do carro naquela noite. Ele a havia atacado, e não era difícil dizer que ela
não estava interessada nisso. Achei que ela terminaria com ele depois disso.

Foda-se sabia por que ela tinha saído com ele novamente.

Ele tentou levá-la até a porta, apontando para o teclado para que ela a des-
trancasse e o levasse para cima. Quando ela hesitou, ele a puxou para seus
braços e a beijou. Seu corpo menor enrijeceu antes que ela se afastasse, ba-
lançando a cabeça. Suas mãos se fecharam em punhos e a expressão em seu
rosto disparou o alarme.

Ele pensou que estava sentindo o gostinho dela esta noite, e não estava feliz
por ela ter recusado. Sophia recuou e digitou rapidamente o código. Brian disse
mais alguma coisa e a incerteza no rosto dela desapareceu. O que quer que ele
tenha dito, ela não gostou. Ela abriu a porta e ele se lançou para agarrar a ma-
çaneta, mas ela a fechou, trancando-o do lado de fora.

Ele bateu na porta enquanto ela saía.

Brian praguejou várias vezes e depois deu um soco na parede.

Olhei para ele mais de perto.

Eu não era especialista, mas parecia uma grande reação por ter sido rejei-
tado por alguém com quem você só saiu algumas vezes.

Ele puxou o telefone do bolso, apertou a tela e desceu a rua. Olhei para cima
quando as luzes de Sophia se acenderam.

Dois minutos depois, meu telefone tocou.


Sophia: Então meu encontro foi horrível. Brian é um canalha gigantesco. Vou
ficar solteira pelo resto da minha vida.

Pensei no que Dean diria, ele iria querer bancar o herói. Ele era o mocinho.
Eu rapidamente digitei uma resposta.

Dean: O que o idiota fez?

Sophia: Ele queria ir ao meu apartamento. Eu não estava interessada nisso.


Ele não aceitou bem.

Dean: O que ele disse, Soph?

Sophia: Que sou uma provocadora, que ele está procurando um relaciona-
mento adulto e que sou obviamente muito frígida para dar a ele o que ele pre-
cisa.

Achei esse tipo de interação difícil. Eu não sabia como funcionava a mente
de uma mulher, ou o que Sophia precisava ouvir. Digitei rapidamente minha res-
posta e esperei ter acertado.

Dean: Ele realmente achou que falar alguma besteira de psicologia reversa
iria convencer você a transar com ele? Maldito pau de lápis.

Sophia: Como é que você consegue me fazer rir quando estou à beira das
lágrimas?

Ela achou Dean engraçado por algum motivo. Eu não sabia ser engraçado,
era apenas observador, mas principalmente canalizei meu irmão. As mulheres
pareciam gostar dele, achavam-no engraçado.

Dean: Não chore por causa desse idiota. Há uma razão pela qual você não
o convidou, certo? Se você gostasse dele, ele estaria lá com você agora.

Sophia: Você está certo. Estava tentando forçar algo que não estava lá.
As luzes do apartamento dela se apagaram.

Dean: Você vai ficar bem?

Sophia: Sim. Obrigada. Acho que vou para a cama e fingirei que esta noite
nunca aconteceu.

Dean: Boa noite, Soph.

Sophia: Boa noite, Dean.

Eu me certificaria de que ela estava bem. Assim que ela adormecesse, eu


iria até ela, e se aquele filho da puta lhe causasse pesadelos, estaria lá para
segurá-la.

Rapidamente enviei a foto de Brian para Declan, junto com seu nome.

Eu: Quero saber o que esse filho da puta come no café da manhã.

Declan respondeu com um sinal de positivo.

Eu tive um mau pressentimento sobre esse cara. Ele não iria embora facil-
mente, disso eu sabia. Ele queria Sophia, e a queria muito.

Se ele não entendesse a dica depois desta noite, eu o faria ir embora. Não,
eu não precisava de um motivo para colocar uma bala na cabeça dele, mas
preferia que houvesse mais do que apenas ser o idiota burro o suficiente para
ficar de pau duro por Sophia Brennan.

Se esse fosse o critério, eu teria que atirar em metade dos caras que cruza-
ram o caminho dela.

Então vire a porra da arma contra mim mesmo.


Capítulo Quatro
Sophia

Era sábado à noite, eu deveria ter saído com Fiona, mas decidi ficar em casa.
Estava evitando Brian. Ele ligava constantemente e eu não queria topar com ele,
ainda não. Eu mandei uma mensagem para ele e disse o mais gentilmente que
pude que não éramos uma boa opção, que não queria mais vê-lo, e ainda assim
o vi esperando do lado de fora do café quando cheguei hoje mais cedo para
trabalhar. Na verdade, eu tinha me escondido para não precisar falar com ele.
Ele tinha me assustado na outra noite. Ele meio que agiu como um dos homens
de quem meu pai se cercava, em vez do cara gentil que conheci. Ele se tornou
agressivo e abusivo e, honestamente, eu não queria ficar sozinha com ele. De-
finitivamente não tínhamos mais nada para conversar.

Deitada no sofá, procurei algo para assistir.

Meu telefone tocou e outra mensagem de Brian apareceu na tela.

Brian: Você poderia simplesmente se encontrar comigo? Me dê uma se-


gunda chance, por favor.

Limpei-o tentando ignorá-lo, mas meu telefone começou a tocar alguns se-
gundos depois. Isso estava ficando ridículo. Ele não estava aceitando um não
como resposta. Eu não tinha ideia de porque ele era tão persistente. Éramos
amigos, sim, mas apenas por um curto período de tempo, e ele destruiu isso
quando se comportou daquela maneira. Eu não queria falar com ele, mas ele
obviamente precisava me ouvir dizer isso.

Respirando fundo para aliviar os nervos em minha barriga, respondi. —


Brian…

— Soph, porra, finalmente. Que porra é essa? Por que você está me igno-
rando?
Se ele pensava que me atacar ajudaria sua causa, ele estava seriamente
enganado. Deus, ele até parecia diferente, como se estivesse escondendo todo
um lado de sua personalidade. — Eu te disse por quê. Não vai funcionar entre
nós. Sinto muito, mas não quero mais ver você.

— Você não está pensando certo. Você não quer levar as coisas ainda mais
longe entre nós, tudo bem. Vou te dar mais tempo, ok?

— Você não vai me fazer mudar de ideia. Isto está acabado...

— Pelo amor de Deus, Sophia! Por que você está sendo uma vadia?

Minha respiração ficou presa em meus pulmões, o medo me enchendo. Es-


tive perto de um homem irritado, um homem abusivo, toda a minha vida, e com
sua voz elevada, sua raiva, meus instintos de fuga entraram em ação e foi difícil
não murchar. — Não me ligue. Não me mande mensagens. Acabou.

— Não desligue na minha cara!

Eu rapidamente desconectei, confusa, abalada. Eu pensei que ele era um


cara legal e normal. Estava tão errada.

Eu não tive notícias de Dean durante toda a tarde. Ele disse que tinha um
problema de família, mas naquele momento eu precisava conversar com al-
guém, e não sei por que, mas Dean me fez sentir segura. Não, eu nunca o co-
nheci pessoalmente, mas algo nele, nas coisas que ele disse, na maneira como
as disse, era como se ele me conhecesse. Ele não era falso ou fingia ser um
cara legal porque queria algo de mim. E ele não me julgou.

Talvez tenha sido estúpido, mas senti que Dean me entendia mais do que
qualquer outra pessoa na minha vida. Eu rapidamente digitei uma mensagem.

Eu: Desculpe, sei que você está ocupado, mas Brian acabou de ligar e per-
deu completamente o controle comigo.

Sua resposta foi quase instantânea.


Dean: Não precisa se desculpar, Soph. Envie uma mensagem a qualquer
momento, sim. Você está bem?

Eu: eu acho. Eu simplesmente surtei por um minuto.

Dean: Compreensível. Estou dirigindo, então não posso enviar mensagens


de texto por um tempo. Você ficará bem até eu chegar em casa?

Eu: Sim, obrigada, Dean.

Eu imediatamente me senti à vontade. Enquanto esperava ele chegar em


casa, coloquei meu pijama e lavei o rosto, depois me servi de uma taça de vinho
para acalmar os nervos. Enrolando-me novamente no sofá, encontrei uma co-
média romântica, que parecia leve e divertida, e coloquei-a no ar.

Eu tinha quinze minutos de filme quando meu telefone tocou novamente.

Dean: Casa. Você está bem?

O calor me encheu instantaneamente.

Eu: Estou muito melhor agora que estou falando com você. E a taça de vinho
também está ajudando.

Dean: Tem certeza? Se você estiver realmente preocupada, eu poderia ir


até ai.

Pisquei com a mensagem. Nunca havíamos conversado sobre nos encon-


trarmos pessoalmente. Eu nem sabia como ele era. Tínhamos nos tornado tão
próximos, tão rápido, mas nenhum de nós sugeriu isso. Eu me senti mais segura
apenas mandando uma mensagem para ele, mas convidá-lo? Eu não tinha tanta
certeza.

Eu: E se você for secretamente algum esquisito me pescando?


Eu não acreditava nisso, não mesmo, mas você não poderia ser muito cui-
dadosa.

Dean: Um bagre finge que é outra pessoa, usando fotos de outras pessoas.
Nunca te mostrei uma foto minha. E se você estiver me pescando?

Eu sorri.

Eu: Você viu minha foto de identificação e uma de minhas roupas outra noite!

Dean: E se outra pessoa pegasse sua carteira quando eu a entregasse?


Aquela outra foto também poderia estar lá. Você poderia ser a velha do café.

Eu ri.

Eu: E ela te deu o número dela?

Dean: Claro. Esses tipos de pescadores fazem de tudo para enganar seus
alvos. Talvez você tenha trancado Soph em um armário?

Eu bufei e impulsivamente tirei uma foto minha. Meu cabelo estava um pouco
despenteado, mas de um jeito meio sexy, e meus olhos pareciam brilhantes, e
havia apenas uma pequena amostra do decote. Não que eu estivesse tentando
ser sexy. Éramos apenas amigos. Quero dizer, Dean poderia ser um cara velho,
pelo que eu sabia, mas ele não parecia velho em suas mensagens.

Ah! Eu estava pensando demais. Cliquei em enviar na foto.

Eu: Veja, não em um armário.

Tentei assistir ao filme enquanto esperava, mas quando meu telefone acen-
deu, uma excitação nervosa tomou conta de mim por algum motivo estúpido.

Dean: É bom saber. Você também é realmente deslumbrante, Soph.


Fiquei feliz por ele não poder me ver por que meu rosto ficou quente. Dean
me achou deslumbrante. Meus nervos aumentaram enquanto eu digitava minha
resposta.

Eu: Sua vez.

Não importa a aparência dele, vocês são apenas amigos. Eu disse isso a
mim mesma várias vezes, mas quando a resposta dele veio, os nervos explodi-
ram na minha barriga. Apertei os olhos, com muito medo de olhar enquanto
clicava para abrir a mensagem.

Sentei-me direito, respirando fundo.

Olhei para a foto dele em estado de choque e admiração. Era ele. Dean era
o cara do bar. Aquele em que esbarrei do lado de fora do banheiro feminino.

Ele estava sentado em um sofá de couro, vestindo calças escuras e sem


camisa. Tatuagens cobriam a maior parte de seu peito e braços magros e mus-
culosos, e seus brilhantes olhos verdes olhavam para mim, claros e lindos. Ele
tinha uma ligeira inclinação em seus lábios sensuais. A barba curta estava um
pouco mais espessa agora, o cabelo caindo sobre um lado da testa.

Eu: É você.

Dean: Sou eu.

Eu: Conversamos naquela noite no bar e você nunca disse nada.

Dean: Acho que você não percebeu que eu estava te observando naquela
noite, Soph. Não queria que você pensasse que eu era algum perseguidor. Es-
tamos bem?

Estamos? Ele escondeu quem ele era de mim, sim. Mas ele também não
tinha sido assustador ou agressivo. Ele tinha sido um amigo para mim e nada
mais. Deixando Brian de lado, eu geralmente era uma boa juíza de caráter.
Eu: Estamos bem.

Meu telefone tocou novamente, mas desta vez não era Dean.

Brian: Estou aqui, deixe-me entrar. Precisamos conversar cara a cara.

Eu: Vá para casa.

Brian: Deixe-me entrar agora, Sophia. Você não me deixa subir, eu encon-
trarei meu próprio caminho, eu prometo a você. Mas ficarei muito menos cha-
teado se você fizer isso agora mesmo.

O que diabos estava acontecendo? Por que ele estava agindo assim?

Brian: AGORA!

O medo tomou conta de mim e, sem pensar, liguei para o número de Dean.
Ele respondeu instantaneamente.

— Soph, ei.

— Lamento ligar assim, mas Brian está aqui. Ele está lá embaixo e está com
muita raiva. Exigindo que eu o deixe subir. Estou assustada. — Uma pessoa
normal chamaria a polícia, mas isso não era feito, não no meu mundo. Desde
pequenos, nos disseram para nunca chamar a polícia, mas não havia nenhuma
maneira de eu ligar para meu pai, estaria assinando a sentença de morte de
Brian se o fizesse.

— Barrique sua porta e não abra para ninguém além de mim. Estou a cami-
nho.

Ele não desligou, ele disse algo para outra pessoa. Estava abafado e não
ouvi o que era. Coloquei Dean no viva-voz enquanto as mensagens de Brian
continuavam chegando em grande quantidade e rapidamente. Ele estava com
tanta raiva, e as coisas que ele dizia eram seriamente fodidas.

— Fale comigo, Soph. — Dean disse. — O que está acontecendo?


— Ele está mandando muitas mensagens de texto ameaçando, mas ainda
está na rua.

O som de um motor acelerando veio pelo telefone. — Não estou longe. Estou
aí em cinco minutos.

Fui até a janela e olhei para baixo. Brian estava andando de um lado para o
outro, com o telefone no ouvido. Ele estava tentando me ligar. O nome dele
continuou aparecendo na minha tela enquanto eu conversava com Dean, e eu
continuava rejeitando.

O Sr. Blake, do andar de baixo, estava andando em direção ao prédio, e eu


assisti, horrorizada, quando a raiva no rosto de Brian desapareceu e o que eu
agora sabia era uma máscara colocada no lugar, escondendo o maluco que ele
realmente era. Ele sorriu para o homem mais velho e disse algo para ele, rindo.
Sr. Blake riu também e abriu a porta deixando-o entrar.

— Oh Deus.

— O que é?

— Ele entrou. Ele está no prédio.

— Foda-se. — Dean soltou. — Tranque-se no banheiro e não saia até eu


chamar.

Ele desligou e um segundo depois Brian estava batendo na minha porta.


Corri para o banheiro, fechei-o e me tranquei. Meu pai era dono deste aparta-
mento e só me deixou morar aqui porque era seguro. A porta principal era de
aço, e a porta do banheiro também, com uma fechadura robusta.

Eu gritei quando ouvi a porta principal se abrir. Como diabos ele entrou? Um
momento depois ele estava batendo na porta do banheiro.

— Abra a porra da porta, Sophia!


Sentei-me no chão, com as costas apoiadas na porta e os pés apoiados na
banheira, enquanto ele a chutava, gritando para que eu o deixasse entrar.

Cillian

Subi as escadas correndo, puxando minha arma do coldre em minhas cos-


tas enquanto subia.

A porta estava aberta. Ele havia arrombado a fechadura usando um silenci-


ador.

Brian virou-se para me encarar quando entrei e caminhei direto para ele.

Ele sacou a arma e eu a arranquei da mão dele. O garoto era verde, não
tinha ideia do que estava fazendo, mas estava determinado. Eu o observei com
Sophia, ele a queria e a teria machucado se tivesse tido a chance. Bati a coro-
nha da minha arma na cabeça dele quando ele se virou para mim, depois agarrei
seu crânio, bati na porta, uma, duas, uma terceira vez, e as luzes se apagaram.
Enfiando minha arma no cós da calça, agarrei seu cabelo e puxei sua cabeça
para trás, expondo sua garganta...

— Hall está limpo, as câmeras estão desligadas. — disse Declan, entrando


no apartamento. — Que porra você está fazendo? Você não pode matá-lo, Cil-
lian.

Eu congelei, olhando para o idiota inconsciente no chão. Eu mal me lem-


brava de ter puxado minha faca, mas ela estava bem apertada em minha mão.
Eu queria muito cortar sua garganta. Infelizmente, Dec estava certo. Ainda es-
távamos no apartamento de Sophia, mas essa não era a única razão pela qual
não consegui matar o idiota.
— Cillian?

Eu perdi o controle.

Balancei a cabeça e guardei minha faca. Eu não poderia deixar isso aconte-
cer novamente. Nós rapidamente o envolvemos na lona que Dec havia trazido
e o carregamos escada abaixo. Precisávamos tirá-lo de lá antes que recupe-
rasse a consciência. Con estava esperando, com o porta-malas aberto. Nós o
jogamos dentro. — Encontre o carro dele, cuide dele e depois leve-o para o
armazém. Estarei lá assim que puder.

Declan assentiu e eles partiram. Voltei para cima.

Acontece que o namorado de Sophia não era apenas um idiota qualquer.


Não, ele era o maldito sobrinho de Alto Leone. Paulo Amato. Levamos um mi-
nuto para identificar o garoto porque ninguém o tinha visto antes.

Ele morava em Nova York até recentemente e, pelo que eu sabia, não tinha
muito a ver com os negócios da família, até agora.

Voltei para o apartamento. — Soph, sou eu. Abra.

— Como posso saber que é você? — ela falou de volta.

Tirei uma foto minha parada na porta do banheiro e enviei. — Ele se foi. Eu
prometo.

A porta se abriu um minuto depois e ela espiou pela fresta. Assim que ela
me viu, ela abriu a porta e correu em minha direção. Eu a peguei por instinto,
envolvendo meus braços em volta dela porque era o que ela esperava que Dean
fizesse. Ela aguentou firme.

— Estava com tanto medo. — disse ela, com a voz abafada contra meu
peito.
A última pessoa a me abraçar foi minha mãe. Eu tinha cinco anos. Lembrei-
me disso porque nesses cinco anos ela nunca me abraçou. Na maioria das ve-
zes ela me ignorava, até me evitava. Seamus me contou mais tarde que ela me
odiava, que achava que eu era mau. Mas naquela noite, ela deu um beijo de
boa noite em Declan como sempre fazia, então ela me surpreendeu com um
rápido abraço de boa noite também, antes de me colocar na cama.

Eu fui sacudido e acordado uma hora depois. As mãos de Seamus ainda


estavam cobertas de sangue. Declan tinha apenas dois anos na época, e me
lembrei de um dos homens de Seamus carregando-o, ainda dormindo, para o
carro, enquanto eu olhava para nossa mãe morta, deitada no chão. Eu também
fui empurrado para dentro do carro e fomos enviados para um dos primos de
Seamus na Irlanda naquela mesma noite.

Não, Seamus nunca nos reivindicou como seus, nem publicamente, nem
mesmo quando nos chamou dez anos depois, mas usou isso para nos manipu-
lar, para nos transformar em bons soldadinhos.

Sophia tremeu contra mim e esfreguei suas costas, sem saber ao certo o
que fazer. Eu nunca segurei uma mulher assim, mas vi meu irmão fazer isso.
Seu corpo estava pressionado firmemente contra o meu. As suas mamas e bar-
riga eram macias e quentes, e eu sabia que se deixasse cair as minhas mãos
em sua bunda, seria igualmente macia. Eu a respirei, baunilha e canela.

— Peguei você. — Eu disse, sem saber de onde vieram as palavras, prova-


velmente de um filme que assisti. Assisti a muitos programas e filmes, quando
criança, e era fascinado por outras famílias, os programas com crianças que
faziam piadas mal-humoradas e tinham conversas profundas com os pais sobre
o certo e o errado, eles ajudaram quando precisei ser outra pessoa, como
agora. E quando fiquei mais velho, também li vários livros de psicologia para
tentar entender por que eu era daquele jeito.

Ela assentiu e ficou grudada em mim por mais alguns minutos.

Finalmente, ela levantou a cabeça. — Desculpe por chorar em cima de você.


Ela tentou recuar, mas eu a segurei por algum motivo, mantendo-a perto.
Sim, gostei do jeito que ela se sentiu pressionada contra mim, mas havia algo
mais também, algo profundo e estranho em minhas entranhas que me fez
abraçá-la com mais força. — Não se preocupe com isso. Você está bem, isso é
o principal. — No meu ramo de trabalho, fingir ser outra pessoa fazia parte do
trabalho e era algo em que eu era bom. Eu já fazia isso há tanto tempo que
facilmente assumi qualquer personalidade que fosse necessária. Dean era o
mocinho. O cara legal e sólido, e agora o herói de Sophia, e a coisinha carente
que ela era, estava comendo tudo.

Para uma garota como ela, bastante protegida e inocente em vários aspec-
tos, de uma família tão fodida quanto a dela, Dean era o cara dos sonhos. Eu
sabia que ela gostava da minha aparência, as mulheres pareciam gostar do meu
corpo, acrescentando a rotina de cara legal, e ela era uma massa em minhas
mãos.

Eu a tive.

E agora, eu tinha certeza, ela me deixaria fazer qualquer coisa que eu qui-
sesse com ela.
Capítulo Cinco
Sophia

Olhei para Dean. Seu intenso olhar verde fez meu coração galopar no peito.
Ele me salvou. Ele correu direto para cá e mandou Brian embora.

— Obrigada. — Sussurrei e impulsivamente fiquei na ponta dos pés, dando


um beijo em sua bochecha quando ele se aproximou. Então baixei meu olhar,
incapaz de segurar o dele por mais tempo. — Não tenho certeza do que teria
acontecido se você não tivesse vindo.

Ele segurou a lateral do meu rosto, a pele áspera do polegar roçando meu
queixo. Isso causou arrepios dançando através de mim. — Você não precisa
pensar sobre isso. Você está segura agora.

Ele não me deixou ir e não tentei recuar novamente. Eu não queria. Eu gos-
tava de ser abraçada por ele. Olhei para cima. Sua cabeça ainda estava perto
e seu olhar mergulhou em minha boca.

— Você acha que ele vai voltar? — Eu não sabia por que estava sussur-
rando, mas ele estava tão perto e eu estava achando difícil respirar e muito me-
nos falar.

Ele balançou sua cabeça. — Ele não vai incomodar você de novo.

Eu acreditei nele. Eu não sabia por que, mas tive aquela sensação de novo:
segurança. Ele me fez sentir segura. Deus, ele cheirava bem também. Havia
algo no fundo, embaixo do desodorante ou de qualquer sabonete líquido que
ele usasse, mas não consegui identificar.

— Você... ah, cheira muito bem... de alguma forma, familiar. — Eu soltei


nervosamente.

— Eu?
Eu balancei a cabeça, minhas bochechas esquentando. Meu olhar deslizou
para sua boca sem que eu dissesse, e rapidamente olhei para cima. — Obri-
gada. — Eu disse novamente, com a voz trêmula desta vez, então fiquei na
ponta dos pés e beijei-o na bochecha mais uma vez, porque estava incrivel-
mente agradecida, e Deus, naquele momento, eu não conseguia entender perto
o suficiente dele. Esta foi a primeira vez que estivemos na mesma sala desde
que falei brevemente com ele no bar, mas todas aquelas mensagens, o que ele
fez por mim esta noite, eu senti como se o conhecesse, e estava com medo de
que se o deixasse ir, ele iria embora. Constrangedoramente, pensei que poderia
desmoronar se isso acontecesse.

Seus dedos flexionaram contra minhas costas. — Era aí que você realmente
queria me beijar, Soph?

Ele não tinha perdido, e a maneira como disse meu nome provocou mais
pequenos arrepios em minha pele. Balancei a cabeça, porque não adiantava
mentir, nem para ele nem para mim mesma. Seu olhar escurecido viu através
de mim.

Ele fez um som áspero e deslizou os dedos em meu cabelo, prendendo-o na


mão antes de inclinar minha cabeça para trás.

— Dean…

Ele fechou o espaço entre nós, sua boca cobrindo a minha sem hesitação.
O beijo foi duro, exigente, e eu, Deus, derreti em seus braços. Ninguém nunca
me beijou daquele jeito. Ele assumiu o controle total sobre minha boca, sobre
meu corpo, e me rendi completamente.

Um som áspero e rosnado escapou de seus lábios, e com a outra mão ele
agarrou minha bunda e me puxou para cima de seu corpo, como se meu peso
não fosse nada, e atravessou a sala. Minhas costas encontraram a parede, seu
corpo prendendo o meu. Ele inclinou a cabeça, sua língua se aprofundando. Ele
beliscou e chupou meus lábios, então me beijou profundamente novamente. Mi-
nha cabeça girava enquanto uma dor crescia profundamente em meu âmago.
Naquele momento, ele poderia ter tudo de mim. Eu queria que ele tirasse o
que quisesse de mim. Enganchei minhas pernas em sua cintura e ele apertou
seus quadris contra mim até eu ficar ofegante. Ele estava duro, em todos os
lugares, e choraminguei em sua boca, balançando meus quadris, tentando che-
gar mais perto. Minha boceta doía e minha calcinha estava embaraçosamente
encharcada.

— Você quer vir, Soph? — ele disse contra meus lábios.

A maneira como ele disse isso, a maneira como ele me segurou, tudo isso
era excitante. — S-sim. — Se ele não me tirasse, agora mesmo, aqui em seus
braços, eu poderia realmente morrer.

Seus dedos ficaram em meu cabelo, controlando meus movimentos, minha


boca. Sua coxa me segurou no lugar enquanto a mão na minha bunda deslizou
pela minha cintura e desceu pela frente do meu short de pijama e minha calci-
nha. Ofeguei de surpresa, mesmo enquanto balançava para frente contra sua
mão. Não sei o que esperava, definitivamente mais lento, mais gentil, mas ele
enfiou dois dedos profundamente dentro de mim e depois me fodeu com eles,
forte e rápido.

Eu gritei, minha cabeça caiu para trás, e ela teria batido na parede se a mão
dele já não estivesse lá. Meu corpo tremia e me senti totalmente fora de con-
trole. O prazer sombrio girou ao meu redor, enrolando-se em minha barriga.

Dean manteve minha cabeça inclinada para trás, meu corpo onde ele queria,
como ele queria. Ele olhou nos meus olhos, não me deixando desviar o olhar
com nada além de sua vontade.

— Pingando pra caralho, Soph. — Ele disse asperamente. — Essa bucetinha


apertada pra caralho precisa ser fodida com força e frequência, não é? Mas
você sabia que ninguém poderia lhe dar o que você precisava até agora, não é
mesmo, querida?
Ninguém nunca tinha falado assim comigo, e isso me confundiu, me assus-
tou, mas me excitou ainda mais. Eu gemi baixo, fazendo um som que nunca
tinha ouvido sair da minha boca antes. Eu tremi mais forte quando aquele prazer
sombrio me agarrou com tanta força que eu não conseguia respirar, me var-
rendo e me levando tão alto que estava girando fora de controle.

Dean não desistiu, seus dedos me possuindo implacavelmente, profundo e


punitivo. Sua mão deixou meu cabelo e ele enrolou os dedos em volta da minha
garganta, prendendo-me na parede, aplicando uma leve pressão. Minhas pare-
des internas se contraíram com força. Eu me engasguei, tentando respirar
fundo, para conseguir algum controle, quase com medo do sentimento cres-
cendo dentro de mim. Era demais, muito devastador.

Oh Deus.

Sua boca foi até meu ouvido. — Solte. Deixe-me sentir, Sophia, agora
mesmo.

Assim que a exigência saiu de sua boca, eu desabei, caindo, caindo repeti-
damente, como se tivesse deixado meu corpo e estivesse vendo outra pessoa
tremer e se contorcer contra seu aperto, como se estivesse ouvindo outra pes-
soa implorar e gritar por mais.

Houve um jorro entre minhas coxas e não havia nada que eu pudesse fazer
para impedi-lo. Eu resisti contra ele, meu corpo não era meu.

— Boa menina. — Ele disse asperamente.

Eu nunca tinha feito isso antes. Eu nem sabia que poderia fazer isso. Eu es-
tava respirando com dificuldade, ainda tremendo, sem saber o que aconteceu.
Como isso aconteceu. Num minuto estávamos nos beijando, no seguinte, eu
estava... soluçando e tremendo.
Ele cuidadosamente soltou os dedos e pisquei para ele, ofegante, minhas
pernas tremendo de fraqueza. — Isso nunca aconteceu... eu nunca... e eu te-
nho, hum... tudo por sua conta...— Eu respirei fundo. — Desculpe.

Suas narinas dilataram-se. — Você está se desculpando por esguichar?

Umedeci meus lábios. — Hum... sim?

Seu olhar me penetrou. — Você não pede desculpas, você me agradece e


depois me pede para te levar de novo.

Meu coração batia forte no peito e eu o estudei. Algo em Dean parecia dife-
rente, mais áspero, mais... intenso. — Obrigada. — Sussurrei, sentindo-me tí-
mida de repente.

— E o resto, querida. — Ele disse, um olhar inflexível em seus olhos verdes.

Querida? Eu também não tinha certeza do que pensava disso. Parecia es-
tranho, como se ele pensasse em mim como uma criatura para ordenar como
quisesse, mas também fez minha barriga revirar.

— Eu... eu faria, mas nunca poderei... ah, ter orgasmo mais de uma vez.
Então... — Meu rosto estava queimando novamente.

Ele riu, sem humor, e foi um som sombrio e assustador que fez meu pulso
acelerar. — Você virá quantas vezes eu quiser.

Pisquei para ele em estado de choque.

Seu telefone tocou e ele o colocou no ouvido, ainda pressionado contra mim,
os olhos fixos em meu rosto. — Sim? — Ele ouviu e sua mandíbula se contraiu,
mas não houve nenhum outro sinal externo de emoção. — Os italianos estão
tentando nos ferrar.

Os italianos? Sua voz era diferente. Eu reconheci um sotaque irlandês


quando ouvi um.
O medo bateu em mim.

Ele ouviu um pouco mais, então seu olhar mergulhou na minha boca e voltou.
— Estou de olho nela. — Outra batida. — Feito. — Então ele desligou.

Não, isso não poderia estar acontecendo. — Oh Deus, você trabalha para
meu pai, não é? — Meu pulso acelerou mais rápido, mas agora por um motivo
diferente.

— Não. Agora se troque, a menos que queira sair daqui de pijama enchar-
cado.

— Dean...

— Agora, Sophia.

Sua voz era dura, sem emoção, o sotaque irlandês ainda mais forte. Foi
como se uma parede tivesse surgido, não, como se sua fachada tivesse desa-
bado. — Quem diabos é você? — Exigi.

Cillian

Não tive tempo de ser gentil com ela. Precisávamos nos mover. Eu já tinha
deixado ela me distrair. Isso nunca tinha acontecido comigo antes, mas desde
o momento em que coloquei os olhos em Sophia, ela me distraiu, testando meu
controle geralmente rígido e quebrando-o em pedaços. — Vista-se.

Ela me empurrou e recuei, dando-lhe o espaço que ela queria, mas ficando
entre ela e a porta. Sua expressão era confusa, magoada. Ela superaria isso.

— Me diga quem você é? — ela exigiu novamente.


A força em sua voz foi uma surpresa. Eu me perguntei se ela tinha alguma
coragem para falar. Essa foi boa. Ela precisaria disso. — Vista-se e então direi
o que você quer saber.

Quando ela não se moveu imediatamente, dei um passo em sua direção e


ela correu para o outro lado da cama. — Saia do meu apartamento. Agora. —
Ela pegou o telefone.

— Para quem você vai ligar, querida?

— Não... não me chame assim. Estou ligando para meu pai. Você o co-
nhece, não é?

Fui até suas gavetas e abri a de cima. — Boa ideia. Chame-o.

Ela olhou para mim, seu peito subindo e descendo rapidamente, a veia em
sua garganta tremendo descontroladamente. — Você é um dos homens dele,
não é?

— Eu já disse que não. — Procurei em sua gaveta e encontrei uma calcinha


rosa com sutiã combinando. Joguei-os na cama. — Diga a ele que você está
com Cillian. — Abri a próxima gaveta e peguei um short e uma camisa e joguei-
os na cama também.

— Cillian? — Ela empalideceu.

— Faça isso. — Eu mordi.

Ela pulou, mexendo no telefone, e digitou o número do pai.

— Coloque no viva-voz.

Seu olhar disparou para mim e depois voltou para baixo. O som do telefone
tocando encheu a sala. — Não posso falar agora, Sophia.

— Pai...
— Eu disse que estou ocupado-...

— Talvez você encontre tempo para mim, Brennan. — Eu disse.

Houve uma pausa. — Quem diabos é esse? Cillian?

— Sophia está em perigo.

— O que? Como? — ele gritou.

— Leone.

Houve outra batida de silêncio. — Traga-a para mim, O'Rourke, você está
me ouvindo?

Sua tentativa de me intimidar seria ridícula se eu realmente achasse as coi-


sas engraçadas. Fui até ela e peguei o telefone dela, encerrando a ligação, e
enfiei-o no bolso. — Coloque as roupas.

— Eu não entendo nada disso. — Ela ofegou.

— Porque seu pai é um idiota. Ele explicará o que está acontecendo quando
eu levar você até ele.

Ela estava tremendo de novo, mas desta vez porque estava com medo. —
E você vai me levar até ele?

— Eu vou.

Ela pegou suas roupas e correu para o banheiro, trancando-se. Mandei uma
mensagem para Declan, avisando-o do que estava acontecendo e para ficar
com Paolo. Eu não tinha ideia do que Alto estava fazendo, mas parecia que ele
tinha ouvido falar do futuro casamento entre Sophia e Adam e enviou Paolo para
falar com ela primeiro. Os O'Rourke e os Brennan que consolidavam a nossa
aliança deviam preocupá-lo. Talvez ele quisesse uma aliança com Brennan e
era assim que ele pensava que conseguiriam? Não parecia o estilo dele. Seja o
que for, não era bom para nenhum de nós.

Não admira que o garoto estivesse perdendo a cabeça e tentando chegar


até Sophia. Ninguém decepcionou Alto e escapou impune, nem mesmo a famí-
lia. O que Paolo planejava fazer quando chegasse aqui, eu descobriria mais
tarde.

Tínhamos que agir rápido, Alto poderia já saber que seu sobrinho estava
desaparecido e, se soubesse, presumiria que foi Brennan quem descobriu o
garoto farejando sua filha, que era o jeito que eu queria. Se seus homens já não
estivessem aqui, eles estavam a caminho.

A porta do banheiro se abriu e Sophia saiu pálida.

— Sapatos. — Eu disse.

Ela calçou um par de tênis e pegou sua bolsa. Peguei seu braço e a levei
para fora do apartamento, ignorando suas tentativas de se libertar do meu
aperto, e corri com ela para os elevadores.

— Você é um idiota, sabia disso? — ela disse.

— Sim. — Puxando minha arma do coldre, soltei-a o tempo suficiente para


colocar o silenciador, depois recuei enquanto as portas se abriam.

Um dos homens de Leone estava ali, com a arma levantada.

Atirei duas vezes, cabeça, coração. Ele caiu principalmente no corredor, e


eu chutei suas pernas para fora do caminho e arrastei Sophia gritando para
dentro do elevador comigo.

Pressionando-a contra a parede, cobri sua boca com a mão. — Haverá


mais. Não torne isso fácil para eles.
Seus olhos eram enormes e ela assentiu. Eu podia sentir o cheiro de sua
boceta em meus dedos, e se ela lambesse os lábios agora, ela seria capaz de
sentir seu próprio gosto. Eu queria mais dela. Eu queria desvendá-la novamente,
como fiz no apartamento dela, uma e outra vez.

Arrastei meu nariz até o lado de sua garganta, inspirando-a. — Se você con-
tar a alguém o que aconteceu entre nós em seu apartamento, querida, eu mato
seu pai. Acene com a cabeça se você entende?

Ela choramingou contra minha mão, mas assentiu.

— Esse é um bom animal de estimação. — O elevador apitou e eu a empur-


rei para trás de mim, derrubando os dois homens que esperavam. Dois tiros,
ambos entre os olhos. Um terceiro apareceu do nada, avançando sobre nós, e
agarrou minha mão com a arma, tentando tirá-la de mim. Tirei a faca da bota e
o esfaqueei na garganta, e ele caiu.

Sophia não gritou desta vez, mas parecia prestes a desmaiar. Eu a prendi
pela cintura. — Saída de incêndio? — Ela apontou para o corredor e eu pratica-
mente a arrastei comigo. Abri a porta pesada e olhei para o beco. Claro. Meu
carro estava lá atrás. Parei onde o beco se abria nos fundos do prédio e espiei
pela borda. Outro homem de Leone estava entrando pelos fundos. Observei
enquanto ele entrava por uma janela, desaparecendo, depois continuava le-
vando Sophia comigo.

O carro estava logo à frente, a rua silenciosa enquanto eu examinava os


arredores. Destrancando a porta do passageiro, eu a abri e Sophia entrou no
carro. Corri, entrei, liguei o motor e nos tirei de lá.

Sophia ficou sentada em silêncio ao meu lado por vários minutos, os únicos
sons que ela fazia eram suas respirações ofegantes. Suas mãos estavam cer-
radas em seu colo, cada centímetro de seu corpo rígido. — Você mentiu para
mim. — Ela finalmente disse.

— Eu fiz.
— E você simplesmente... você matou quatro homens. Você acabou de ati-
rar em três homens e esfaquear outro. — Ela sussurrou, horror, medo em sua
voz. — Você é um... você é um psicopata.

Dessa vez eu não respondi, não precisava, ela também já sabia a resposta.
Capítulo Seis
Sophia

Pensei em abrir a porta do carro e pular várias vezes, mas isso só acabaria
me machucando gravemente ou pior. O monstro ao meu lado era um O'Rourke,
um criminoso como meu pai. Pior ainda, Cillian O'Rourke era o pior de todos. A
compreensão de quem ele era me atingiu quando papai disse seu nome. Eu
tinha ouvido os homens do meu pai falarem sobre ele. Eles o chamaram de exe-
cutor na cara e de monstro nas costas. Ele não tinha problemas para matar, até
gostava disso, e não tinha consciência alguma. Enrolei meus dedos em punhos
apertados para impedir que minhas mãos tremessem.

Eu deveria ter percebido que algo estava acontecendo quando liguei para
ele pedindo ajuda, e em vez de chamar a polícia como qualquer pessoa sã que
não faz parte do nosso mundo sugeriria, ele assumiu o comando como se li-
dasse com pessoas raivosas e instáveis o tempo todo.

Deus, eu ainda sentia sua boca na minha, seus dedos dentro de mim. Olhei
em sua direção novamente, com medo de que ele parasse de repente e usasse
aquela arma em mim, mas ele dirigia com facilidade, sem pressa, calmo e sem
emoção ao meu lado. Ele fingiu ser meu amigo, por algum motivo ele queria se
aproximar de mim, e como a idiota carente e desesperada que sou, eu caí
nessa.

Viramos na rua seguinte, em direção à casa do meu pai, e o aperto no meu


estômago diminuiu um pouquinho. Quanto mais cedo estivesse longe desse
maldito canalha, melhor.

Então pensei em Tommy e me virei para encará-lo. — Você não vai... você
não vai machucar minha família, vai?
— Não é comigo que você precisa se preocupar. — Ele disse enquanto en-
trava na garagem, não escondendo mais quem ele era ou mascarando aquele
forte sotaque melodioso.

Havia vários homens parados nos portões, todos armados. Sempre tivemos
segurança, mas não assim. Dean... não, Cillian, baixou a janela. Eles viram
quem ele era e os portões se abriram para ele instantaneamente.

Assim que ele parou do lado de fora da casa, empurrei a porta e subi cor-
rendo os degraus da frente, abrindo a porta da frente. Mais homens se viraram
em minha direção, todos armados.

Cillian entrou atrás de mim. Seu telefone estava no ouvido, sua expressão
vazia, fria, ilegível. — Vou contar a ele. — disse ele para quem estava ao telefone
e depois desligou.

Meu pai saiu do escritório e eu queria correr até ele, abraçá-lo, mas ele não
era do tipo que abraça, não importa as circunstâncias. Então, endireitando a
coluna, caminhei até o lado dele.

— Brennan. — Cillian disse ao meu pai.

Papai olhou para ele com frieza. — Obrigado por trazê-la para mim com
segurança.

Cillian ficou com as mãos soltas ao lado do corpo, mas eu sabia o quão
rápido ele poderia pegar a arma debaixo da jaqueta.

— O que está acontecendo? — Perguntei ao meu pai, tentando esconder a


raiva, o medo, da minha voz. Ele não gostou quando eu o questionei e odiava
ainda mais se pensasse que eu estava sendo excessivamente emotiva. Isso o
deixou com raiva.

— É melhor você conversar com sua filha, Brennan. Essa noite.

O que diabos estava acontecendo? — Pai?


Ele estava nervoso, suado, e seu olhar furioso se voltou para Dean... ca-
ramba, Cillian. — Não me diga o que fazer com minha própria filha.

A expressão de Cillian não mudou nem um pouco. — Seamus está levando


as coisas adiante.

Meu pai se irritou. — Nós tínhamos um acordo.

Cillian manteve seu olhar frígido em meu pai. — As coisas mudam. Talvez
se você fosse melhor em proteger o que é seu, você não o perderia.

— Pai? — Eu disse novamente enquanto o pavor deslizava através de mim.


— O que diabos ele está falando?

Ele não olhou para mim. — Meu escritório, Sophia. Agora.

Eu conhecia aquela voz. Quando meu pai falasse naquele tom, ele não de-
veria ser desobedecido. Eu queria gritar, exigir respostas, ver Cillian esfaque-
ando um homem na garganta e abrindo buracos em três outros na cabeça, mas
isso não iria acontecer. Nunca.

Segui meu pai até seu escritório e fechei a porta atrás de nós, depois obser-
vei enquanto ele andava de um lado para outro, a fúria estampada em seu rosto.
Meu estômago embrulhou. — Pai? — Ofeguei.

— Sinto muito, Sophia. — disse ele, e estava realmente tremendo. — Eu não


faria você passar por isso se não fosse necessário.

— Você está me assustando.

Ele praguejou e bateu com o punho na mesa.

Eu pulei e passei meus braços em volta de mim.

Finalmente, ele olhou para mim, seu olhar tão cheio de raiva que dei um
passo para trás. — Você não é estúpida. Você sabe o que somos.
Eu balancei a cabeça, minhas palmas ficando suadas.

— Não seguimos as mesmas regras... leis que as outras pessoas. A família


Brennan tem influência nesta cidade e nós a conquistamos com sangue e suor.
Meu pai, seu tio e agora eu faremos o que for necessário para manter essa
influência, para manter o poder pelo qual lutamos tanto.

— Somos criminosos, você quer dizer. — Eu disse, com a voz trêmula.

Sua mandíbula apertou. —Somos empreendedores, empresários e coloca-


mos a família à frente de tudo e de todos. Jogamos de acordo com nossas pró-
prias regras e, por causa disso, os Brennan e os O'Rourke controlam metade
de Chicago.

— Você fez Cillian me seguir?

O trovão encheu seu olhar. — Não, não fiz isso, mas foi bom que ele tenha
feito isso. — Ele balançou sua cabeça. — Alto Leone fez a sua jogada, ele veio
atrás desta família e não há como voltar atrás.

Isso era ruim, muito ruim. — Que movimento?

— Ele enviou um de seus homens atrás de você esta noite.

Agarrei a cadeira à minha frente. — Por quê? Por causa de você?

— Sente-se, Sophia.

— Não, eu não quero fazer parte disso...

— Sente-se.

Balancei a cabeça e dei outro passo para trás, minha mente girando. Eu
sabia que nosso mundo estava fodido, mas estupidamente presumi que ele não
poderia me tocar, que apesar de seus defeitos, meu pai me protegeria. — Eu
preciso de ar... preciso dar o fora daqui. — Abri a porta e corri para a porta da
frente.

Eu só consegui dar alguns passos antes de um braço forte e inflexível envol-


ver minha cintura, me levantando. Cillian. Ele me carregou de volta ao escritório
do meu pai enquanto eu lutava e amaldiçoava contra seu domínio.

Papai não se mexeu. Ele sabia que não havia escapatória para mim.

Cillian me colocou no chão, mas não nos deixou sozinhos. Ele fechou a porta
e ficou na frente dela, seu frio olhar verde fixo em meu pai. — Você contou a
ela?

— Com quem diabos você pensa que está falando? — Papai disse, sua voz
levantada.

Cillian não vacilou. — Enquanto estou aqui, falo por Seamus. Um desprezo
para mim é um desprezo para ele. Então cuidado com o que fala, velho.

— Sou o chefe da família Brennan. Você vai me mostrar respeito.

— Quando você ganhar, eu mostrarei. Vai acontecer amanhã.

Meu pai empalideceu. — Amanhã?

— O que diabos está acontecendo? — Eu mordi.

O olhar de Cillian voltou para mim. — Seu pai fodeu tudo. Ele nos deve, e
com os italianos possivelmente se preparando para a guerra contra a sua família
neste momento, ele precisa de nós ainda mais. Precisamos manter uma frente
unida.

Eu não gostei do que ele estava dizendo, mas pelo menos ele estava me
contando alguma coisa. — O que isso tem a ver comigo?
— O nome verdadeiro de Brian é Paolo Amato. Ele é sobrinho de Alto. Meu
palpite é que ele foi enviado para seduzi-la, para tentar forjar algum tipo de ali-
ança com seu pai, mas você recusou, então Paolo passou para o plano B, levar
você à força. Como resultado, tive que eliminar vários de seus homens para
trazer você até aqui. Eles vão presumir que foi um dos homens do seu pai quem
os matou, o que significa que todos vocês correm sério perigo. A segunda
merda do seu pai? Ele não protegeu você. Ele deixou você exposta e vulnerável,
e agora se encontra em uma situação muito tênue.

Meu pai olhou para Cillian como se quisesse matá-lo, mas não o corrigiu.

— Nossa aliança foi com seu tio, e as ações de seu pai nos fizeram perder
toda a confiança nele.

— Quais ações? O que ele fez?

Papai se endireitou. — Isso não é da sua conta...

— Ele estava fazendo negócios em nosso território sem nos avisar e sem
oferecer a Seamus o que lhe era devido. — disse Cillian, falando por cima de
meu pai. — Ele tem sorte que Seamus não me mandou colocar uma bala em
seu cérebro por causa do insulto. Já fiz muito pior, por muito menos.

Eu acreditei. Tentei esconder o arrepio de medo que tomou conta de mim.


Ele teria matado meu pai sem pensar duas vezes ou perderia uma noite de sono
se Seamus ordenasse.

— Agora essa bagunça com os italianos. — Cillian balançou a cabeça. —


Ele colocou sua família em uma posição muito perigosa. — Seu olhar não vacilou
em mim. — E se seu pai quiser ter a mão de obra considerável dos O'Rourke
para apoiá-lo quando Leone vier buscar você e sua família, precisaremos con-
solidar nossa aliança de outra maneira, e rapidamente.

Olhei entre eles, o gelo escorrendo pelas minhas veias. — Como?


O olhar de Cillian penetrou no meu. — Você se casará com um O'Rourke
amanhã, unindo as famílias pelo casamento e depois pelo sangue quando tiver
filhos.

Uma risada de descrença explodiu de mim e me virei para meu pai. Mas ele
não disse nada, ficando completamente imóvel e em silêncio, observando a con-
versa entre mim e Cillian, e a verdade do que o monstro na minha frente disse
estava nos olhos do meu pai.

— Vocês perderam a cabeça. — Eu disse.

Cillian assentiu lentamente. — Entendo sua reserva. — disse ele como se


fosse uma conversa normal do dia a dia. — Mas é necessária.

Virei-me para meu pai, apontando para Cillian. — Você não pode me obrigar
a casar com aquele psicopata. Eu não farei isso.

— Não Cillian. — Ele cuspiu. — Ele é apenas um bastardo O'Rourke. Você


se casará com Adam, filho e herdeiro de Seamus.

Por alguma razão, isso parecia ainda pior. Adam me aterrorizou. Sempre
que ele olhava para mim, eu tinha vontade de me esfregar depois. — Eu não
farei isso. Não vou me casar com um completo estranho...

— Sophia. — Meu pai retrucou.

Dei um passo para trás. — Não. Eu não farei isso.

— Sim, você vai. — Meu pai rugiu, batendo a mão na mesa novamente. —
Você fará o que lhe foi dito.

— Não. — Eu disse novamente, odiando que soasse trêmulo e fraco.

— Então nossos homens irão embora. — Cillian me disse. — Mais da me-


tade dos homens armados que estão lá fora protegendo sua família são nossos.
Mas saiba que, no momento em que partirmos, Alto se mudará para lá. Eles
destruirão os homens de seu pai e depois sua família, como se eles não fossem
nada, e isso inclui seu irmão mais novo. E como seu pai estará morto, você não
será mais necessária ou importante. Alto irá matá-la, mantê-la como prostituta
para seus homens ou vendê-la. Se você ainda for virgem, ele conseguirá um
bom preço em alguns círculos...

— Chega. — Meu pai retrucou.

— Você fez isso. — disse Cillian, sua voz calma enviando um arrepio gelado
pela minha espinha. — Você colocou sua família nesta posição. Sophia precisa
saber a verdade e as consequências de sua decisão.

Meu coração batia forte no peito, visões do que Cillian havia dito passavam
pela minha mente com detalhes terríveis. Do meu irmão, dele tão assustado, do
seu corpinho imóvel e coberto de sangue. Eu não aguentei. Apesar de todas as
mentiras que Cillian me contou, sobre quem ele era, tudo, eu sabia que o que
ele disse agora era a verdade. Ele não estava me alimentando com mentiras
para conseguir o que queria, não desta vez, e a julgar pelo seu olhar morto, ele
não se importava de qualquer maneira.

— Eu farei isso. — Eu engasguei. — Só por favor, certifique-se de que


Tommy está seguro.

Meu pai não disse nada, mas seu alívio era óbvio.

Virei-me para a porta, precisando dar o fora dali. Cillian bloqueou o caminho.

— Deixe-me passar.

— Se você correr-...

— Para onde eu iria? Se eu for embora, minha família morre, certo?

Ele assentiu.
— Você sabe o quanto meu irmão significa para mim, não é? — Eu disse,
de alguma forma encontrando forças diante desse monstro mentiroso, lem-
brando-o das conversas que tivemos por mensagem de texto. Conversando de
um lado para o outro por horas. Esse psicopata que desempenhou o papel de
alguém caloroso, gentil, engraçado e protetor, sabia tudo sobre mim com tanta
facilidade. Eu contei a ele muito sobre mim, minhas esperanças e sonhos, tudo.
Achei que ele era meu amigo, quando na verdade estava compartilhando deta-
lhes íntimos da minha vida com um homem tão frio e implacável quanto um rép-
til.

Seu olhar procurou o meu, e quando ele viu o que quer que estivesse pro-
curando, ele finalmente se afastou, mas não completamente, forçando-me a
passar por ele, minha frente para o seu lado.

Outro arrepio involuntário percorreu meu corpo, meu corpo traidor lem-
brando o que ele tinha feito comigo contra a parede do meu apartamento,
mesmo que eu estivesse com medo dele, mesmo que eu o odiasse. Ele fez um
som áspero e eu sabia que ele também sentiu.

Corri escada acima, ignorando os olhares dos homens reunidos ao redor.


Em questão de horas, meu mundo foi arrancado, destruído e incendiado, reve-
lando o horror que estava por trás da fachada que construí para mim mesma.

E não havia como escapar disso.

Cillian

Uma imagem de Sophia subindo aquelas escadas correndo antes de eu sair


da casa de Brennan passou pela minha mente a maior parte da noite.
Fugindo sem ter para onde ir.

Entendi a traição. Eu sabia como era ser jogado aos lobos. Ela estava so-
frendo agora, mas isso a tornaria mais forte.

Respirei fundo enquanto os sons que ela fez quando se desfez por mim en-
cheram minha mente, estabelecendo-se em minhas entranhas.

Você... ah, cheira muito bem... de alguma forma, familiar.

Isso porque eu tinha um frasco de sua loção corporal de baunilha e canela


em casa, que estava trabalhando. Eu usei isso para acariciar meu pau, pen-
sando nela antes de ela ligar. Porque eu a queria em cima de mim, e essa era a
única maneira de tê-la. É por isso que eu tinha um cheiro familiar.

Mas eu a tive primeiro. Não importa o que aconteceu durante a minha reu-
nião esta noite, eu toquei nela antes de Adam. Eu a reivindiquei como era meu
direito. Ela era minha e sempre seria, não importa o que acontecesse amanhã.

Declan e Conor estavam esperando perto do restaurante quando cheguei.

— Preparado? — Declan perguntou.

Eu balancei a cabeça. Até o acordo ser fechado, esse encontro, o que eu


estava prestes a fazer, precisava ficar entre nós três. Se as coisas aconteces-
sem como eu esperava, eu tinha certeza de que o resto dos nossos homens me
seguiriam. Se não? Bem, nós lidaríamos com isso se fosse esse o caso.

Esta poderia ser uma missão suicida, mas gostei das minhas chances. Tí-
nhamos algo que Alto queria. Seu sobrinho. Fui direto para o armazém depois
de deixar a casa de Brennan há várias horas e questionei Paolo. Eu estava certo,
Alto estava brincando com a ideia de uma aliança com Brennan, o italiano nunca
gostou de Seamus, mas não estava pronto para agir. Paolo decidiu assumir a
responsabilidade de impressionar o tio, de brincar com os meninos grandes.
Mas então Sophia o rejeitou, então o filho da puta decidiu levá-la. Os homens
que levei esta noite no apartamento de Sophia eram de Paolo e não de seu tio.
Alto não tinha ideia da posição em que havia sido colocado e nem Seamus nem
Brennan sabiam, o que significava que esse encontro entre mim e Alto precisava
acontecer agora, antes que a merda chegasse a qualquer um deles. Quanto
mais desesperado Brennan estivesse, melhor.

As chances eram boas de que Alto não quisesse entrar em guerra por causa
da merda de Paolo, mas seu sobrinho tornou impossível para ele ir embora sem
parecer fraco. Apesar do que eu disse a Sophia, os italianos não matavam cri-
anças e, como eu, estavam mais interessados em ganhar dinheiro do que em
perder tempo e recursos brigando entre nós.

Eu daria a ele uma saída que beneficiasse a nós dois e mantivesse seu or-
gulho intacto. A menos, é claro, que ele se recusasse a ouvir.

Marco, um dos executores de Alto, parou na porta do restaurante e apontou


sua arma para mim enquanto eu caminhava em sua direção.

Estendi minhas mãos ao meu lado. — Não estamos aqui para lutar. Quero
conversar com Alto.

Marco fez uma careta, mas pegou o telefone e murmurou algo em italiano.

Senti meu irmão se apoiar à minha direita, Conor fazendo o mesmo à minha
esquerda, pronto para o que viesse a seguir.

Ainda apontando a arma para nós, Marco enfiou o telefone no bolso. — Vou
pegar suas armas.

— Não estamos armados.

Mais dois homens se adiantaram e rapidamente nos revistaram, então


Marco acenou para que entrássemos.

Ou estávamos prestes a ter uma reunião com Alto Leone, ou teríamos uma
noite de tortura e uma morte lenta e brutal pela frente.
Só há uma maneira de descobrir.
Capítulo Sete
Sophia

Celeste ficou para trás, me estudando da cabeça aos pés.

— Eu não estou usando isso. Por que diabos eu usaria um vestido de noiva...

— Casamentos arranjados acontecem o tempo todo, Sophia. Pare de ser


dramática. Um dia você vai querer relembrar seu grande dia e não vai querer
usar shorts e camiseta. Seu pai adorou meu vestido quando nos casamos. Você
não quer ficar bonita para seu novo marido? Adam é um homem bonito. Se você
não atrair o interesse dele imediatamente, ele começará a procurar em outro
lugar.

— Espero que sim. Espero que, depois que essa cerimônia falsa acabar, ele
esqueça que eu existo. O tipo de homem que se casaria com alguém contra a
sua vontade é perturbado. — Agarrei o zíper da lateral do vestido de noiva que
Celeste tinha me enfiado. Havia vários aqui esta manhã para eu escolher. Ce-
leste e meu pai pensaram em tudo o que parecia, exceto, é claro, em me dizer
que planejavam destruir minha vida, pelo menos até terem certeza de que não
havia escapatória.

Se eu tivesse que me casar com esse canalha para proteger meu irmão, eu
o faria, mas não fingiria que isso era algo que não era.

Celeste agarrou minha mão, me parando. Seus olhos ficaram suplicantes.


— Por favor, Soph, mantenha o vestido.

Ela nunca me chamou de Soph. Ela me odiava. — Não estou usando vestido
de noiva. Não sou uma noiva corada. Este é o pior dia da minha vida...
— Se você for lá com qualquer coisa que não seja um vestido de noiva,
ofenderá Seamus e Adam O'Rourke. Não queremos fazer isso, Sophia, real-
mente não queremos. Isso não seria bom para você ou seu pai.

O medo que encheu seus olhos era genuíno. Deus, eu queria gritar. Que tipo
de pai vendeu a filha ao diabo para salvar a própria pele? Nada bom. Se não
fosse por Tommy, eu sairia daqui e nunca mais olharia para trás. Mas Tommy
estava aqui e era a única pessoa que importava em toda essa confusão. Eu faria
qualquer coisa para mantê-lo seguro, e todos sabiam disso.

Ela deu um tapinha na cadeira à sua frente. — Agora sente-se para que eu
possa fazer seu cabelo e maquiagem.

Eu queria discutir, sair correndo dali, mas não adiantava. Lutar era inútil.

Celeste mexeu no meu cabelo por muito tempo. Estava inquieta, irritada e
aterrorizada. Eu podia ouvir vozes lá embaixo. Os O'Rourke haviam chegado?
Eu queria vomitar, porra.

Cillian estaria aqui? Ele foi embora depois que subi correndo. Eu o vi pela
janela, enquanto pensava em me jogar para fora dela, ou pelo menos deslizar
pelo cano de esgoto. Eu verifiquei várias vezes depois, mas ele não voltou.

Parte de mim queria que ele estivesse aqui, para que pudesse assistir. Para
que ele pudesse ver o que ajudou a fazer comigo. Para que ele pudesse me ver
casar com um estranho e testemunhar a destruição da minha vida. Mas outra
parte de mim sabia que ele não se importaria. Um homem assim não sentia
nada. Quando ele olhou para mim ontem à noite, depois de deixar cair sua más-
cara de Dean, não havia... nada.

Tommy enfiou a cabeça pela porta. — Papai disse que você tem que descer
agora.

Forcei um sorriso. Para ele, eu seria forte. Eu não iria deixá-lo ver o horror
que consumia cada centímetro de mim.
— Ela não está bonita, Tomo? — Celeste disse.

Ele assentiu e fez uma careta. — Ela parece um marshmallow feminino. —


Então ele riu e correu de volta escada abaixo.

— É melhor abaixarmos a cabeça. — disse ela, mas quando não a segui


imediatamente, ela se virou com um suspiro. — Sophia, não temos tempo para
suas birras.

— Estou fazendo isso, estou me casando com aquele canalha, desistindo da


minha vida, por Tommy. Só ele. — Celeste fez da minha vida um inferno quando
morei aqui, e meu pai não se importou. Ele nunca se importou. Eu segurei seu
olhar estreitado. — Papai está me jogando para os lobos hoje, me jogando fora
para salvar sua própria pele. Você precisa saber, se alguma coisa acontecer
com Tommy, se você falhar com ele, se você não o proteger e algo... acontecer
com ele, encontrarei uma maneira de escapar dos O'Rourke, e custe o que cus-
tar, eu destruirei você e meu pai.

— Sophia...

— Eu não quero ouvir isso. Proteja-o, Celeste, com a sua vida, porque senão
não valerá a pena viver a sua. Eu vou me certificar disso. — Minha voz tremia
de raiva.

Ela olhou para mim, seu choque era óbvio. Eu nunca tinha falado com ela
daquele jeito antes. Eu nunca tinha falado com ninguém assim antes. Ela espe-
rou que eu recuasse, para voltar atrás, mas quando não o fiz, a verdade das
minhas palavras ficou clara em meus olhos, seu choque se transformou em fúria.
Ele rolou dela em ondas. Ela não atacou, porém, não precisava, ela já havia
vencido.

— Dê-me sua palavra. — Eu disse, empurrando, sem recuar.

— Tommy é meu filho, é claro que vou protegê-lo. — disse ela, como se
fosse óbvio.
Não era. Ela se colocou diante de todos, sempre, até mesmo de Tommy. Fui
até a porta. — Vamos acabar logo com isso.

— Sophia?

Virei-me e algo brilhou em seus olhos. — Eu sei que você não tem muita
experiência com homens, mas quero avisá-la, Adam O'Rourke tem uma... repu-
tação. Ele fica um pouco rude com suas mulheres. — A falsa preocupação
transformou seu rosto de plástico. — Eu acho... não, tenho certeza, algumas
delas realmente desapareceram. Mas tenho certeza de que se você fizer o que
ele disser esta noite, não chore nem faça barulho, você superará tudo bem.

Meu coração bateu na minha garganta. — Meu pai sabe disso?

A falsa simpatia reorganizou seu rosto. — Claro. Todo mundo sabe. — Ela
caminhou em minha direção e mexeu em meu cabelo, depois sorriu como um
tubarão. A verdadeira Celeste agora estava aparecendo em toda a sua glória, o
lado de si mesma que ela escondia com mais frequência quando meu pai estava
por perto, porque ele preferia que suas mulheres fossem suaves, doces e sub-
missas. — Você ficará dolorida pela manhã. Um banho quente pode ajudar. —
Então ela passou o braço pelo meu e disse com um sorriso: — É melhor irmos.
Não queremos irritar seu futuro marido. Poderia ser uma noite de núpcias muito
desagradável.

Atordoada, deixei que ela me levasse para fora da porta e pelo corredor em
direção às escadas. Estava no piloto automático, ferida demais para fazer qual-
quer outra coisa.

O que Adam faria quando percebesse que sua nova esposa estava que-
brada? O que ele faria quando eu acordasse gritando e me debatendo, quando
eu o chutasse e socasse enquanto dormia?

Paramos no topo da escada. Meu pai ficou lá embaixo, esperando. Agarrei-


me ao corrimão, endireitei a coluna e desci. — Onde estamos fazendo isso? —
Eu disse quando cheguei ao fundo.
A preocupação franziu sua testa. — Eles não estão aqui ainda. Seamus disse
que estariam aqui às sete. Tentei ligar, mas Adam não atende.

Eles estavam uma hora atrasados. Talvez Adam também não quisesse con-
tinuar com isso. Ele se recusou a se casar comigo? Um grão de esperança flo-
resceu. — Talvez eles tenham mudado de ideia-...

A porta da frente se abriu e todos nós viramos.

Cillian O'Rourke entrou como se fosse o dono do mundo e de todos nele.


Alto, forte, bonito e totalmente distorcido. Ele tinha um punhado de homens com
ele, todos armados, e pela porta aberta pude ver que havia mais do lado de fora.
Ele nem sequer olhou para mim, seu olhar estava em meu pai.

— Onde está Seamus? Quando Adam chega aqui? — Papai exigiu.

Cillian usava um terno preto e uma camisa branca por baixo. Ele era alto,
imponente. O traje deveria fazê-lo parecer mais civilizado, mas as tatuagens nas
mãos e acima do colarinho contavam uma história diferente. Eles deixaram todo
mundo saber o que ele realmente era, e por mais que eu o odiasse, meu corpo
se lembrava muito bem de como ele me fazia sentir.

— Seamus deu uma guinada. Ele precisava de cuidados médicos urgentes.


Quanto a Adam? Ele não virá. — disse Cillian.

Travei meus joelhos, a força do meu alívio os enfraqueceu.

— Ele está cancelando o casamento? — meu pai disse, e ele não ficou feliz
com isso, preocupado apenas com o que isso significava para ele.

— Cancelou? Não. Adam está morto. — disse Cillian sem nenhum traço de
emoção. — Mas o casamento ainda vai acontecer.

— O que? — Ofeguei. Foi então que vi o sangue respingado na lateral da


garganta, um fino jato na camisa branca.
— Agora estou no comando. — disse ele ao meu pai. — Você vai lidar co-
migo de agora em diante. — Ele se virou para mim. — Vou me casar com So-
phia.

Virei-me para meu pai, sem saber o que esperava, algum tipo de protesto,
tudo menos o que recebi: sua aquiescência. Nem mesmo quando o homem que
estava à sua frente, anunciando que se casaria com sua única filha, ainda tinha
na pele o sangue do último homem que assassinou. Mas então eu não deveria
me surpreender, estávamos apenas trocando um monstro por outro.

— Vamos acabar logo com isso. — disse meu pai e agarrou meu cotovelo,
me rebocando para a sala.

O padre virou-se para nós com um sorriso quando entramos. — Vamos co-
meçar?

Cillian

Os dedos de Sophia tremeram quando ela deslizou a faixa larga em meu


dedo. Quando fiz o mesmo, um sentimento se instalou em minhas entranhas de
que gostei muito. Ela olhou para mim com os olhos arregalados enquanto o pa-
dre me disse que eu poderia beijar minha noiva. Se eu fosse um bom homem,
eu a teria deixado fora de perigo, mas eu não era um bom homem e queria ter
certeza de que todos nesta sala entendessem que Sophia O'Rourke era minha.
Minha esposa.

Então me aproximei, enrolando meus dedos na parte de trás de sua cabeça,


meu polegar sob seu queixo, e inclinei sua cabeça para trás. Eu podia ver o
debate em seus olhos, ela deveria dar um passo para trás ou se afastar de mim.
Sophia não era estúpida, no entanto. Sim, havia ódio em seus olhos azuis claros,
mas ela também era esperta o suficiente para não me testar, não naquele
momento, não na frente dos meus homens ou do garoto por quem ela era tão
apegada.

Abaixei-me, aproximando meu rosto do dela. — Esposa. — eu disse a ela,


como se estivesse me apresentando pela primeira vez. De certa forma eu es-
tava, Dean se foi, eu estava aqui agora. Marido dela. E queria ter certeza de que
ela entendia o que ela era, quem ela era. Ela pode sempre me desprezar, mas
ela era minha esposa, e isso significava tudo o que a palavra implicava.

Fechei o espaço e a beijei, nosso segundo beijo. Foi breve, mas firme, e
chupei seus lábios carnudos suavemente antes de levantar a cabeça, lutando
contra a vontade de devorá-la aqui mesmo.

Ela tinha um gosto tão bom quanto eu me lembrava. Eu normalmente não


beijava as mulheres com quem transava, isso criava uma falsa intimidade que
eu não queria nem precisava, mas para Sophia eu abriria uma exceção, desco-
bri que queria prová-la novamente, e pude. Eu poderia fazer o que quisesse,
porque ela era minha.

Depois daquela primeira noite, há um ano, eu a segui, observei-a dormir,


procurei em cada gaveta da casa dela para tentar saciar meu estranho apetite
por tudo, Sophia Brennan, mas não funcionou. Nada funcionou. Eu não era ob-
cecado por coisas ou pessoas, até ela. Eu não era como os outros homens. A
maneira como eu me sentia em relação à minha nova esposa me confundiu, me
alarmou... me eletrizou. Eu não tinha entendido o modo como ela me fez sentir,
e ainda não entendia, mas queria continuar sentindo essas coisas.

Só havia uma maneira de fazer isso.

Faça-a minha.

Reivindique-a.

O fato de eu finalmente assumir meu lugar de direito nesta família foi o resul-
tado de anos comendo merda, sorte e timing perfeito.
Obriguei-me a desviar o olhar dela, suas bochechas coradas e incrivelmente
tentadoras, antes de puxá-la para mais perto, antes de beijá-la novamente, an-
tes de mostrar a todos aqui como Sophia testou meu controle. Eu sabia que ela
era minha fraqueza, mas não podia deixar ninguém saber disso.

O pai dela não nos parabenizou e ninguém aplaudiu. Esta não era uma oca-
sião alegre; este era o pagamento de uma dívida. Este era um pai que desistiu
de sua única filha para se salvar.

Declan veio até nós, quebrando o silêncio. — Ei, Sophia. Meu nome é De-
clan. — disse ele, sorrindo gentilmente. Declan poderia fazer isso quando pre-
cisasse, ele era um ator tão bom quanto eu. — Eu sou seu novo cunhado. Bem-
vinda à família.

Sophia olhou para ele, sem saber o que fazer. Meu irmão tinha esse efeito
nas pessoas, por isso ele era tão eficaz no que fazia. Ele desarmava as pessoas
com seu charme e seu sorriso, deixando-as se perguntando o que diabos acon-
teceu enquanto estavam no chão sangrando.

Coloquei minha mão na parte inferior de suas costas, guiando-a para fora da
sala. Eu não ia ficar por aqui no caso de Brennan de repente encontrar suas
bolas. Eu a queria fora desta casa. A esposa de Brennan, Celeste, apontou para
as malas de Sophia perto da porta, como uma apresentadora de um game
show.

Con e vários dos meus homens as levaram para o meu carro, e Brennan
finalmente se recompôs e caminhou até nós. Ele puxou a filha para um abraço
e Sophia ficou rígida em seus braços, recusando-se a olhar para ele.

— Vejo você em breve... querida. — Ele disse e olhou para mim em dúvida.

O carinho saiu estranho, afetado. Essa era provavelmente a primeira vez que
ele a chamou assim. Abaixei meu queixo, feliz por vê-lo já se submetendo a mim,
e mostrando novamente por que ele não estava apto para a posição que ocu-
pava. Ainda bem que ele não aguentaria por muito tempo.
Apertei a mão dele. — Entrarei em contato. — Então levei Sophia para fora
de casa e até o carro que me esperava. Con abriu a porta e, quando ela estava
prestes a entrar, o garoto chamou seu nome e saiu correndo de casa. Ela o
pegou nos braços e o abraçou com força.

— Eu não quero que você vá. — disse ele, olhando para mim como se eu
fosse o diabo.

Ele tinha bons instintos. O menino obviamente não puxou o pai fraco.

Ela o colocou no chão e se agachou na frente dele. — Voltarei para visitar


em breve, ok, amigo?

— Promete? — ele disse, os lábios tremendo.

— Prometo. — Ela deu um beijo no topo de sua cabeça e ele correu de volta
para dentro.

Ela fez uma careta para mim antes de entrar no carro. Entrei atrás dela e
Con nos levou para longe de casa.

Para quem olha, os Brennan e os O'Rourke eram mais uma vez uma frente
unida, mas eu estava no comando de ambas as famílias agora, mesmo que
Brennan ainda não soubesse disso. Era apenas uma questão de tempo até que
seus homens respondessem a mim.

Eu fiz o que assegurei a Alto que faria. Eu me tornaria o novo chefe da família
O'Rourke. Havíamos devolvido Paolo para ele um tanto ileso, e assim que finali-
zássemos os termos do nosso acordo, nosso relacionamento mutuamente be-
néfico poderia começar e nossos interesses comerciais poderiam finalmente se
expandir da maneira que eu desejava há anos. Os italianos não tinham mais
motivos para travar a guerra, Brennan continuaria respirando por enquanto e
Sophia era minha.

— Aonde estamos indo? — Sophia disse ao meu lado.


Olhei em sua direção. — Para casa.
Capítulo Oito
Sophia

A casa de Cillian ficava bem na praia. Estava escuro, mas eu podia ouvir o
barulho das ondas quebrando, ver a forma como a luz brilhava na água.

Eu não tinha pensado muito sobre como seria a casa dele, mas se tivesse
pensado, não seria aqui.

Ele me levou para dentro e observei o nível inferior de conceito aberto. Era
uma casa grande, a mobília desta sala era discreta, a obra de arte, porém, era
exatamente o oposto. Não havia como Cillian ter decorado este lugar; alguém
tão frio quanto ele definitivamente não poderia ter escolhido pinturas tão lindas,
brilhantes e vibrantes para as paredes. Estas foram selecionados por outra pes-
soa, alguém com alma.

Havia um cheiro de novidade, definitivamente de tinta nova.

Conor, eu descobri o nome dele no caminho para cá, passou com minhas
malas e as carregou escada acima.

— Está com fome? — Cillian me perguntou.

Eu balancei minha cabeça. Eu não tinha certeza se sentiria fome novamente,


não com esse nó na boca do estômago. Conor voltou.

— Traga o resto das malas dela e deixe-as aqui, certifique-se de trancar tudo
quando terminar. — Cillian disse a ele.

Conor ergueu o queixo e voltou para pegar o resto das minhas coisas.

Virei-me para meu novo marido, o psicopata assassino parado na minha


frente, e cruzei os braços para que ele não visse minhas mãos tremendo. — O
que agora? — Se eu quisesse sobreviver a isso, deixá-lo com raiva, lutar contra
isso, fugir só iria piorar as coisas, mas eu precisava saber o que ele havia pla-
nejado para mim.

Sim, estava tão apavorada que fiquei surpresa por ainda estar de pé, mas
por enquanto, pelo menos, era aqui que eu tinha que estar. Eu sobreviveria a
isso e, quando chegasse a hora certa, quando conseguisse uma vaga, fugiria.
Eu levaria Tommy, sairia dessa cidade e nunca mais voltaria. O que significava
que eu tinha que ser inteligente e não deixar que minhas emoções me dominas-
sem. Eu sobreviveria a isso... sobreviveria a ele.

Cillian me observou, imóvel, seu olhar me perfurando como pedaços de gelo.


— Agora eu faço você minha do mesmo jeito que um marido faz com sua nova
esposa.

Um tremor passou por mim e odiei que não fosse tudo por medo. Meu corpo
se lembrava do jeito que ele me tocou no meu apartamento, e apesar do quanto
eu odiava e temia o homem parado na minha frente, meu corpo traidor não era
totalmente contra ser tocado daquela forma novamente.

Eu não iria, não poderia deixar o medo tomar conta de mim. Este não era um
homem com quem se pudesse brincar. Eu poderia fingir ser alguém que não era
como ele. Afinal, meu pai me ensinou bem. Eu sabia ser mansa e obediente,
mas tinha certeza de que Cillian perceberia meu engano. Ele era um mentiroso
e sabia exatamente como era o engano nas outras pessoas.

Então endireitei minha coluna e me forcei a sustentar seu olhar. — Só para


você saber, não serei sua esposa por muito tempo.

Seu olhar verde e insondável não deixou o meu. — Não?

Eu balancei minha cabeça. — Não me importa quanto tempo demore, mas


vou encontrar uma maneira de fugir de você.

Ele fechou o espaço entre nós. — E eu prometo a você, esposa, onde quer
que você vá, vou te encontrar e vou te trazer de volta. — Ele enrolou a mão
tatuada e de pele áspera em volta do meu pescoço, a ponta do polegar na base
da minha garganta. — Você é minha. Eu possuo cada parte de você, Sophia, e
nunca desisto do que é meu.

Meu coração trovejou em meu peito, o medo me invadiu e, ao mesmo tempo,


uma escuridão distorcida queimou em minha barriga. Tinha que haver algo
muito errado comigo, como eu poderia aguentar as mãos daquele monstro em
mim, como meu corpo poderia reagir ao seu toque, enquanto tudo dentro de
mim gritava para correr o mais rápido e o mais longe que eu pudesse?

A mão em volta do meu pescoço deslizou para a base da minha coluna, e


ele aplicou a menor pressão para me fazer mover, me direcionando para subir
as escadas.

Quando cheguei ao topo, havia cinco portas, duas à direita, duas à esquerda
e uma no final. Cillian passou por elas até a última, bem no final, e me conduziu
pela porta.

Um quarto.

Seu quarto.

Estremeci, passando as mãos pelos braços nus, me abraçando.

O quarto estava limpo e arrumado, uma cama grande no centro, mesas de


cabeceira laqueadas em preto, luz suave vinda das luminárias de cada uma.
Havia uma lareira na parede oposta, duas cadeiras na frente dela, com uma
mesa preta brilhante combinando entre elas. A porta perto da cama estava
aberta, as malas que Conor trouxe estavam dentro do que presumi ser um
grande armário, e imaginei que o banheiro ficasse além disso.

— Este é o seu quarto?

— Sim.
Estava achando difícil respirar novamente. — Você quer que eu durma aqui,
com você? — Não sei o que esperava. Quartos separados, talvez? Que ele faria
o que queria comigo, depois sairia da minha cama e iria para a dele, que ele só
viria até mim quando quisesse coçar aquela coceira. Compartilhando um
quarto, uma cama? Não, eu definitivamente não esperava isso. Eu não poderia
fazer isso, e não apenas pelas razões óbvias. Este homem era um assassino.
Como ele reagiria quando eu o atacasse durante o sono?

— Onde mais você estaria? — ele disse, seu sotaque forte.

Sua mão escorregou das minhas costas e, um segundo depois, o clique da


porta nos fechando juntos me fez pular como se ele tivesse disparado sua arma.

Ele realmente achava que eu poderia simplesmente morar aqui com ele e
brincaríamos de marido e mulher? — Por que você me quer aqui com você?
Isso é uma loucura. Nós nem nos conhecemos. — Eu disse, olhando pela janela
para a escuridão, achando difícil encontrar seu olhar, achando difícil respirar.

— Eu conheço você melhor do que você pensa. — disse ele.

Cillian

Eu não baixei a guarda, nem uma vez, nem até este momento. Agora Sophia
estava em minha casa, segura, comigo.

Ela finalmente se virou para mim, e eu mal me impedi de respirar fundo.

Minha nova esposa parecia uma pequena princesa fada. Minha bela ador-
mecida.

Seus longos cabelos loiros caíam em ondas soltas quase até a cintura. Seu
vestido era modesto, mas abraçava seu corpo. Ela tinha curvas amplas, mas
ainda parecia frágil. Quebrável. Eu teria que me esforçar muito para ter cuidado
com ela.

Ela ainda era jovem, oito anos mais nova que eu. Inocente. Flexível. Minha
nova noiva estava mostrando alguma coragem, mas havia muitas coisas que
ela não sabia, sobre esta vida, sobre os homens, e quer ela gostasse ou não,
quer admitisse ou não, eventualmente ela seria olhando para mim em busca de
orientação. Então eu a transformaria na esposa ideal e no tipo de mãe que eu
queria para meus futuros filhos. O tipo de mãe que eu nunca tive.

Eu nunca quis nada disso, mas olhar para ela agora? E estava cheio de pos-
sessividade. Algo nela despertou o monstro que há em mim, mas em vez de
desejar sangue e morte, Sophia me fez querer coisas que eu nunca tive antes,
e isso rugiu para mim.

Ela era a primeira coisa que eu realmente quis para mim, que me permiti ter,
desde que era menino. Desejar coisas quando criança, querer coisas, era inútil.

Ela piscou para mim agora, seus lábios em forma de botão de rosa revesti-
dos de rosa. Sua boca cheia e carrancuda. Eu queria prová-la novamente. O
desejo de beijar não era algo que eu tinha experimentado antes de conhecê-la.
Mas agora, meu Deus, eu não conseguia me cansar daqueles lábios. Eu queria
agarrar todo aquele cabelo loiro perfeito enquanto observava aquela linda boca
esticada em volta do meu pau, vê-la lutar para me tomar por inteiro. Eu queria
ver aquele batom rosa manchado no meu pau quando eu segurasse suas per-
nas bem abertas e empurrasse dentro dela.

Eu não sabia se ela era virgem ou não, não tinha certeza, e não me impor-
tava. O que ela fez antes de eu encontrá-la não teve importância, mas o que eu
tinha certeza era que ela nunca esteve com um homem como eu.

Eu queria destruir a inocência e o medo que vi em seus olhos azuis e trans-


formá-los em fome crua. Eu não acreditava no amor, era incapaz de sentir emo-
ção, mas o sentimento selvagem que crescia dentro de mim naquele momento
me consumia, e eu não seria feliz até que ela me desejasse, e somente a mim,
pelo resto de sua vida.

Fechei o espaço entre nós e o medo que vi em seu rosto aumentou. Eu en-
tendi. Apesar de fazê-la gozar com tanta força, ela esguichou na minha mão, só
nos encontramos algumas vezes antes de hoje, pelo menos enquanto ela estava
acordada. Ela não me conhecia e, felizmente, sendo protegida como tinha sido
por seu pai, ela poderia ter ouvido falar de mim, mas nada específico. Como ela
se sentiria se descobrisse as coisas que fiz por Seamus, que seu marido era o
monstro de O'Rourke, seu filho bastardo perverso e tão fodido quanto seu pai
sádico?

Eu a odiava olhando para mim daquele jeito. A maioria das pessoas me te-
mia; eu não queria isso dela. Quando me permiti, nos últimos doze meses, ima-
giná-la aqui comigo, nunca houve medo em seus olhos quando ela olhou para
mim, não nesta sala.

— Eu não vou machucar você, Sophia. — Eu disse, me forçando a suavizar


minha voz enquanto colocava seu cabelo atrás da orelha. Ela estremeceu
quando minha mão percorreu a renda de seu vestido de noiva, por cima do
ombro e depois pelas costas. Deslizei minha mão sob a cortina grossa de seu
cabelo, encontrando o zíper e lentamente puxando-o para baixo.

Ela congelou. — Eu... eu pensei que poderíamos... ir com calma. Nos co-
nhecer, antes de nós... — Ela olhou para a cama e depois para mim. — Antes
de nós, uh…

— Porra?

Ela engoliu em seco. — S-sim.

Peguei seu queixo delicado em minha mão. — Você é minha esposa, Sophia.
A partir desta noite, você estará na minha cama. Não quero assustar você, que-
rida, mas não sou um cavalheiro. Vou tratá-la com respeito, mas não sou um
homem bom nem paciente. Você é minha agora e mal posso esperar para rei-
vindicar cada centímetro seu.

Ela tentou dar um passo para trás e eu a segurei com mais força, rangendo
os malditos dentes. O que eu queria fazer era ordenar que ela se despisse e se
curvasse sobre a cama. Eu queria descobrir toda a necessidade que estava me
dominando desde que a vi pela primeira vez, há um ano. Uma fome intensa por
ela que só aumentou quando ela caminhou em minha direção, tremendo e com
os olhos arregalados, e ficou na minha frente, na frente daquele padre.

Esta aliança era a única coisa que mantinha Brennan vivo e aquele velho
sabia disso, mas em vez de lutar e morrer com honra, ele ofereceu sua preciosa
filha ao monstro O'Rourke. Ele merecia sofrer.

Mas Sophia não o fez, e eu faria o meu melhor para evitar isso.

Eu a estudei novamente. Eu teria que encontrar um pouco de paciência por-


que transar com ela enquanto ela estava tão aterrorizada não seria bom para
nenhum de nós.

Eu teria que trabalhar para isso, algo que nunca tive que fazer antes.

Inclinando seu queixo para cima, passei meu polegar sobre seu lábio inferior
carnudo, para frente e para trás, deixando um pouco de Dean voltar, para meus
olhos, minha voz, para alguém que eu não era. — No seu apartamento, você
gostou do jeito que eu fiz você gozar, Soph?

Seus olhos se arregalaram e pude ver que ela queria dizer não. Ela queria
negar, mas não podia. Não havia como esconder o quão forte eu a tirei. Em vez
de dizer sim, ela não respondeu, mas sua respiração acelerou. Ela estava as-
sustada, mas também estava excitada.

— Não há problema em me querer e me odiar ao mesmo tempo, querida. —


Passei meu polegar sobre seu lábio novamente. — Talvez você passe a gostar
um pouco de mim? — Fiz meus lábios se contraírem, dando a ela o que eu sabia
que os outros interpretavam como um sorriso autodepreciativo. — Talvez você
não vá, mas lá fora — apontei para a porta — eu protegerei você com minha
vida. E aqui, quando estivermos sozinhos, adorarei cada centímetro do seu
corpo. Vou fazer você se sentir bem, Soph, porque sou seu marido e esse é o
meu trabalho.

— Eu... eu odeio você. — Ela disse ferozmente.

Passei meu polegar sobre sua mandíbula, seu queixo, inclinando sua cabeça
para trás. — Mesmo assim você ainda quer que eu te beije.

Seu rosto ficou rosa.

Eu amei o jeito que ela corou tão facilmente.

Tomei o silêncio dela como um convite e fechei o espaço entre nós. E por
mais que eu quisesse possuir aquela porra de boca quente, tomá-la com força
e profundidade, como o resto dela, me forcei a mergulhar minha cabeça lenta-
mente e pressionar suavemente minha boca na dela. Eu nunca beijei ninguém
desse jeito. Eu não fui suave ou gentil. Eu saqueei. Eu fodi muito, depois cami-
nhei.

Mas Sophia não era uma idiota qualquer. Ela estaria aqui pela manhã, e na
manhã seguinte, e na seguinte. Ela continuaria aqui e eu precisava me lembrar
disso. Então pensei em todos aqueles filmes que assisti quando menino, apren-
dendo o que pude para não assustar as pessoas, para que acreditassem que
eu era como todo mundo, e a beijei como os homens daqueles filmes beijavam
suas esposas ou namoradas. Imitar os outros era fácil, fiz isso a vida toda. Eu
sabia exatamente como ser um bom marido, um bom pai, sabia como enganar
as pessoas fazendo-as acreditar que eu era quente por dentro e não frio como
gelo. Se era disso que Sophia precisava, então eu daria a ela.

Seus lábios eram carnudos e quentes...


E completamente imóvel sob o meu. Congelado, como o resto dela. Sua
respiração saía de seu nariz como um coelho assustado, seus seios eram a
única parte dela se movendo, tremendo contra meu peito por causa daquelas
respirações ofegantes.

Minha nova esposa aterrorizada estava prestes a hiperventilar com um beijo.


Como diabos ela iria lidar com toda a força da minha fome?

Toquei minha língua em seu lábio superior, saboreando-a, tentando acender


o mesmo fogo que recebi dela na última vez que a beijei... na primeira vez que
Dean a beijou. Ela fez um barulho estrangulado que era puro medo.

Porra.

Eu não tinha planos de brincar com ela, nunca seria como Seamus, mas
havia coisas que eu precisava. Eu tinha pensado... esperava que o que vi nela,
a quietude, a submissão aberta, viesse à tona de outras maneiras se eu lhe
mostrasse, lhe ensinasse o que eu gostava, se eu arrancasse isso dela...

Seus lábios se moveram, levemente.

— É isso. — Eu disse contra sua boca. — Agora deixe-me provar essa doce
língua novamente.

Ela estremeceu quando sua língua passou timidamente pelo meu lábio infe-
rior.

— Tão bom, Soph. Agora abra mais sua boca para mim.

Ela o fez, e enfiei meus dedos em seu cabelo, deslizando minha língua em
sua boca doce e quente, mostrando a ela que eu era o dono, que era meu.
Provavelmente era demais, muito cedo, mas havia um limite para o que um ho-
mem como eu poderia aguentar.

Segurei-a com força, talvez com muita força, mas também não tive controle
sobre isso. Só ela me fez assim. Deixei escapar o aperto de ferro que eu tinha
naquela parte de mim e peguei mais. Eu não conseguia o suficiente. Eu mal
resisti a puxar o vestido delicado de seus ombros e arrastá-lo para fora de seu
corpo, deixando-a nua.

Ela empurrou meu peito, tentando se afastar.

Eu queria rosnar, porra. — Está tudo bem. — Eu disse, então chupei seus
lábios, apertando um de seus seios.

Ela me empurrou novamente.

Peguei seu queixo e abri mais sua boca, beijando-a mais profundamente,
exigindo mais.

Ela bateu as mãos contra meu peito, jogando a cabeça para trás. — Para!

Respirando com dificuldade, levantei a cabeça, mas não a deixei ir.

— É... demais. — Ela gaguejou e tentou se afastar. — Você é demais. Esse


dia inteiro... tudo isso é demais. Eu não te conheço. Eu com certeza não gosto
de você. Eu não quero que você me beije e definitivamente não quero dormir
com você!

Tudo isso era novo para ela, um choque. Ela mudaria, ela tinha que fazer.
Eu não aceitaria mais nada.

Corri meus dedos pela lateral de seu rosto. — Eu sei, querida, mas você vai
se acostumar. Você pode até gostar de estar aqui comigo.

Ela olhou para mim com os olhos arregalados. — Você não é apenas um
monstro psicótico... você está delirando.

Eu ouvi variações do que ela acabara de dizer durante toda a minha vida.
Quando menino, ficava confuso, me perguntava o que havia de errado comigo,
tentava ser algo que não era para deixar os outros à vontade. À medida que fui
ficando mais velho, eu abracei isso.
Mas aquelas palavras vindas de Sophia, não, eu não gostei, e sem minha
permissão, a fachada caiu, revelando o filho da puta frio e distorcido que eu
realmente era, o monstro psicótico com quem ela dividiria a cama pelo resto de
sua vida.

— Que bom que você é minha esposa, então. — Eu disse, segurando seu
queixo com a mão. — Posso ser um monstro, mas cuido do que é meu. —
Respirei seu aroma doce de baunilha e canela. — Eu não destruo meus brin-
quedos, querida. Quanto a estar delirando? — Agarrei a frente do vestido dela
e o peguei lentamente, balançando a cabeça. — Se eu deslizasse minha mão
dentro de sua calcinha agora, você está me dizendo que eu não encontraria sua
boceta encharcada?
Capítulo Nove
Sophia

Meu coração batia tão rápido que eu tremia.

Minha mente gritava para afastá-lo, mas eu não conseguia me mover, não
quando aqueles frios olhos verdes me puxaram para sua teia e eu não conse-
guia descobrir como sair. Oh Deus, ele estava certo. A pulsação entre minhas
coxas era tão intensa que tive que apertá-las, e o leve alívio que isso proporcio-
nou forçou um gemido a passar pelos meus lábios.

Sua mão tatuada e com cicatrizes passou por baixo do meu vestido, roçando
minha pele nua, antes que um dedo de pele áspera deslizasse pela costura das
minhas coxas firmemente pressionadas, e estremeci.

— Abra as pernas. — disse ele.

Mordi os lábios, furiosa comigo mesma. Eu deveria estar lutando com ele,
arranhando e gritando, mas qual era o sentido? Eu era dele agora, meu pai me
entregou a esse homem e, se eu fugisse, meu irmão estaria em perigo. Ainda
assim, tentei reunir algum tipo de protesto, mas por alguma razão não consegui
dizer as palavras. Eu não consegui dizer não. Meu orgulho também não me dei-
xou ceder a ele.

Sua mão roçou minha calcinha antes de passar o dedo entre minhas coxas
cerradas, roçando meu clitóris através da minha calcinha, e choraminguei no-
vamente.

— Como eu disse, querida, encharcada.

Minha respiração estremeceu e mordi meu lábio com mais força.


— Ceder a isso não vai mudar nada, Soph. — ele disse, sua voz mais suave
novamente, mas não era ele, era a voz de outra pessoa. A voz de Dean. Até o
sotaque irlandês havia desaparecido. Ele estava me dando o que achava que
eu queria, e Deus me ajude, estava funcionando. — Você ainda pode me odiar
enquanto eu te fodo tão bem que você esquece seu próprio nome. Não vou
julgá-la por pegar algo para si, algo que faz bem. Você merece uma recom-
pensa. — Ele pressionou o polegar no meu lábio inferior, libertando-o dos meus
dentes. — Agora abra suas pernas para mim.

Meus músculos saltaram e tremi da cabeça aos pés. Eu tinha que estar de-
mente porque queria isso, queria o que ele estava oferecendo. Uma fuga do
medo e da dor da traição. Ele pressionou meu lábio com o polegar, abrindo um
pouco minha boca, e deslizou o polegar, só um pouquinho, tocando minha lín-
gua. Foi estranho, mas também causou uma pulsação profunda dentro de mim.

Ele balançou sua cabeça. — Será apenas entre você e eu. — Ele deu um
beijo no canto da minha boca. — Espalhe para mim.

Não pude resistir, estava doendo tanto que não conseguia pensar direito.
Encharcada, inchada e desesperada para que ele tirasse o medo e a tristeza.
Saí um pouco e ele imediatamente aproveitou ao máximo, deslizando a mão
pela frente da minha calcinha.

Um de seus dedos grossos pressionou bem no centro, deslizando sobre meu


clitóris escorregadio, a ponta do dedo marcando minha entrada. — Uma garota
tão boa. — disse ele.

Meus joelhos quase cederam. Fiquei com vergonha de que apenas ouvi-lo
dizer isso, com aquela voz profunda e hipnotizante, fingindo que era alguém que
não era, quase teve o poder de me levar ao limite.

Ele empurrou o polegar mais fundo na minha boca. — Chupe para mim.

Como o bichinho obediente que ele me chamou, fiz o que ele disse, chupei
seu polegar na boca.
— Seus lábios são tão lindos, Soph.

Uma onda de prazer vergonhoso apertou dentro de mim com seu elogio. Eu
senti como se estivesse enlouquecendo. Seu dedo, ainda pressionado na minha
abertura, lentamente, muito lentamente, empurrou para dentro. Eu gemi em
torno de seu polegar, e ele começou a me foder com os dedos.

— Mais? — ele disse, me observando de perto.

Assenti, impotente para fazer qualquer outra coisa.

Seu dedo deslizou da minha boceta e choraminguei em protesto. Ele me


ignorou e rapidamente puxou meu zíper para baixo, ajudando-me a tirar o ves-
tido, e novamente eu deixei. Eu não tinha nada por baixo, exceto minha calcinha.
Minha pele estava febril, cada parte de mim em chamas, desesperada por libe-
ração. Ele me abordou, me levando de volta até que minhas pernas bateram em
sua cama.

— Deite-se.

Mais uma vez, obedeci, e minha pele superaquecida ficou incrivelmente bem
contra o algodão fresco. Ele agarrou minha calcinha e arrastou-a pelas minhas
pernas, jogando-a de lado. Fiquei ali nua para ele, ofegante, indiferente en-
quanto o observava tirar a jaqueta e colocá-la nas costas de uma das cadeiras,
incapaz de desviar o olhar enquanto ele desabotoava a camisa, revelando uma
pele lisa, musculosa e tatuada.

Ele tirou os sapatos e as meias e subiu na cama apenas com as calças,


pairando acima de mim enquanto aqueles olhos perturbadores percorriam meu
corpo nu e trêmulo. — Tão linda. — Ele disse, então se inclinou e me beijou. —
Você me agradou muito, Soph.

Minha cabeça estava girando. Eu deveria estar dizendo não, deveria estar
empurrando-o para longe, lutando contra isso, mas estava excitada além da
razão, confusa e desesperada para que ele continuasse falando. Todas as
coisas que ele estava dizendo estavam em desacordo com aquele olhar, mas
eu ansiava por mais. Ele era um maldito psicopata e um assassino, mas ninguém
nunca tinha falado comigo desse jeito e eu ansiava por isso. Deus, eu senti como
se tivesse passado fome durante toda a minha vida e ele era o único que sabia
como aliviar essa fome que tudo abrangia dentro de mim.

O beijo foi tão profundo que meus dedos dos pés se curvaram e a pulsação
entre minhas coxas se intensificou. Eu as deixei cair, pedindo sem palavras para
ele me dar mais. Eu precisava que ele me tocasse agora ou eu poderia real-
mente chorar. Ele beijou meu pescoço, meu peito, sua barba fazendo cócegas
em minha pele, sugando um dos meus mamilos profundamente em sua boca.
Eu balancei embaixo dele, fazendo um som ininteligível. Seus quadris estavam
pairando acima dos meus, não me dando o contato que eu estava silenciosa-
mente, vergonhosamente, implorando. Ele agarrou meu seio com a mão, o
aperto foi áspero, contundente, mas sua boca era tão gentil, suas chupadas
suaves e lambidas lentas me deixando selvagem. Levantei meus quadris, ten-
tando alcançá-lo, mas a outra mão dele estava no meu quadril, me segurando.

— Por favor. — A palavra explodiu de mim sem que eu dissesse.

Ele levantou a cabeça, olhando para mim. — Por favor, o que? — ele disse
enquanto deslizava o polegar para frente e para trás sobre meu mamilo agora
supersensível.

— Me toque. — Eu me odiei por implorar por qualquer coisa desse homem,


mas se não gozasse logo, não sabia o que faria. Senti como se pudesse desa-
parecer completamente, simplesmente deixar de existir.

— Estou tocando você, Soph. — disse ele, com os olhos escuros agora,
brilhando.

Senti lágrimas nos olhos, minha mente e meu corpo estavam em desacordo,
estava girando fora de controle e não sabia como parar. Levantar e ir embora
talvez, mas não consegui. — Por favor. — eu disse novamente, em vez de lhe
dar as palavras que ele queria.
— Eu não posso te ajudar a menos que você me diga o que quer, querida.
Diga-me o que você quer e darei a você.

O executor olhou para mim, mas era a voz de Dean saindo de sua boca, e a
parte fodida de mim que ansiava por esse monstro adorou. — Faça-me gozar.
Por favor, eu... preciso disso.

— É isso. Agora você recebe uma recompensa. — Observando-me atenta-


mente, ele ficou de joelhos e passou as mãos pela parte interna das minhas
coxas. Ele baixou o olhar para minha boceta exposta e deslizou o polegar pelo
centro, sobre minha carne aquecida e escorregadia. — Fico feliz quando você
me diz o que precisa, quando me mostra. — Ele provocou minha entrada, e
meus músculos internos se contraíram por conta própria, arrancando um sus-
piro de mim.

Cillian se inclinou sobre mim, beijando minha barriga, logo abaixo do umbigo,
depois continuou descendo. Meu rosto pegou fogo. Tentei fechar minhas per-
nas. Sua barba arranhou minhas coxas e ofeguei. Seus dedos cavaram minha
carne e ele me segurou, fechando a boca sobre mim.

Meus quadris estremeceram e minhas costas arquearam, um grito explo-


dindo de mim quando ele passou a língua pela minha boceta e chupou meu
clitóris. Então ele ficou ali mesmo, controlando os nervos de uma forma que me
disse que ele sabia exatamente o que estava fazendo. Eu queria seus dedos
dentro de mim novamente, mas ele apenas provocou minha entrada, não desli-
zando para dentro. Empurrando-me cada vez mais perto do orgasmo, mas
ainda me segurando.

Ele estendeu a mão e apertou um dos meus seios enquanto sacudia e chu-
pava meu clitóris, e meus músculos internos tiveram espasmos, não apertando
nada enquanto eu gozava com tanta força que a luz dançava em meus olhos.
Meus quadris tinham vida própria enquanto eu gritava, balançando contra sua
boca, cavalgando até sentir todo o prazer que pude.

Ofegante, abri os olhos quando seu peso me deixou.


Cillian ficou em cima de mim, abrindo a frente de suas calças, em seguida,
empurrando-as e sua cueca para baixo, passando pelos quadris. Ofeguei, a re-
alidade me dando um tapa na cara. Ele se recompôs e rastejou entre minhas
coxas abertas, arrastando a cabeça sobre meu clitóris sensível.

— Não. — A palavra explodiu de mim. Sim, eu estava nua, molhada e bem


espalhada, Deus, eu ainda ansiava por mais, mas eu não queria isso, não com
ele.

Ele parou. — Eu vou te foder, querida, você está apenas adiando o inevitá-
vel, você sabe disso mesmo que não queira admitir para si mesma.

Eu balancei minha cabeça. — Eu disse não.

Cillian ficou onde estava, seu olhar no meu, depois movendo-se sobre meu
corpo nu. Então ele agarrou minha cabeça, virando-a para o lado, e colocou a
palma da mão aberta abaixo da minha boca. — Saliva.

— O que? Não...

— Cuspa ou eu te fodo.

Rapidamente fiz o que ele disse e cuspi em sua mão. Ele envolveu seu com-
primento duro e começou a acariciar. Seu pau era longo, grosso e cheio de
veias. Seu punho apertava a cabeça a cada golpe para cima, dando uma pe-
quena torção, e seu abdômen se contraía a cada golpe. O anel que eu coloquei
em seu dedo antes brilhou quando sua mão se moveu, e o peso da minha de
repente se tornou insuportável.

Suas narinas dilataram-se. — Você gozou tão bem para mim, Sophia, mas
eu sei que sua boceta ainda está doendo. Eu sei o quanto ela quer ser fodida.

Ele estava se masturbando, bem ali entre minhas coxas abertas. Estava uma
bagunça, eu deveria estar empurrando-o, correndo para o banheiro e me tran-
cando, mas não conseguia desviar o olhar enquanto seus golpes se aceleravam,
enquanto suas bochechas escureciam e seu peito bombeava com mais força.
Ele caiu para frente, apoiado nos cotovelos, pairando acima de mim, ba-
tendo seus quadris nos meus, não empurrando dentro de mim, mas prendendo
seu pau entre nós.

Empurrei seu peito. — Eu disse não.

— E eu não vou forçar você. — Ele disse enquanto balançava os quadris


para trás, depois arrastou seu pau através da minha fenda, trabalhando-o entre
nossos corpos fortemente pressionados.

Cada golpe provocava meu clitóris já sensível, e Deus me ajude, senti outro
orgasmo crescendo. Abri a boca para protestar e ele me beijou novamente,
lambendo minha boca, um beijo profundo que apagou tudo da minha mente,
exceto o que estava acontecendo entre minhas coxas.

Ele se moveu mais rápido, pisou com mais força. — Envolva suas pernas em
volta da minha cintura. — Ele disse contra meus lábios.

Como uma cadela obediente, eu fiz isso, presa demais no meu orgasmo imi-
nente para sequer pensar em recusar. Ele ergueu as mãos. — Olhe entre nos-
sos corpos. — Ele rosnou. — Olha o que você fez comigo, Sophia.

Eu fiz. Olhei para baixo, passando por seu peito tenso e flexionando seu ab-
dômen em direção ao seu pau, gordo e escuro, brilhando com meus sucos,
espalhando minha boceta enquanto ele empurrava contra mim. A visão me des-
fez, me empurrando para o limite. Estremeci e gritei, gozando pela segunda vez.
Isso nunca tinha acontecido comigo antes.

O pau de Cillian pulsou contra mim e ele gozou por todo o meu estômago.
Ele pressionou o rosto na minha garganta, chupando meu pescoço com força,
seus dentes roçando minha carne, e gemeu baixo, me deixando arrepiada.

— Essa é minha boa menina. — Ele disse em meu ouvido. Dean se foi e
Cillian voltou, e minha boceta teve um espasmo ao som de sua voz áspera me
elogiando com aquele sotaque irlandês.
Eu mal recuperei o fôlego e ele se levantou de cima de mim, subindo da
cama. Agarrando sua camisa, ele se limpou e jogou-a na cama ao meu lado.
Fiquei ali, abalada, incapaz de me mover enquanto ele se aconchegava e fe-
chava as calças. Então, pegando uma camisa nova, vestiu-a e disse: — Preciso
cuidar de algumas coisas. — Sua voz estava diferente agora, mais dura. Não
havia mais sinal de Dean. Cillian o prendeu novamente. — O chuveiro é ali, se
você quiser.

Então ele se virou e saiu, fechando a porta atrás de si.

Pisquei para o teto. O que diabos eu fiz?

O que diabos havia de errado comigo para deixá-lo fazer essas coisas sem
qualquer resistência real? Cillian O'Rourke era o pior tipo de monstro, capaz de
matar seu próprio irmão, e possivelmente seu pai também, que admitiu que teria
matado o meu se lhe dissessem sem pensar duas vezes, tudo para ganhar mais
poder. O tipo de homem que se tornou outra pessoa completamente para ma-
nipular os outros e conseguir o que queria.

Eu não sabia quem iria pegar quando ele voltasse por aquela porta, mas
tinha que estar pronta.

Saindo da cama, corri para o banheiro, desesperada para lavá-lo, para lavar
o que tinha acabado de fazer. Liguei o chuveiro e entrei, deixando a água quente
derramar sobre mim. Peguei o sabonete líquido e fiz uma pausa. Brisa de bau-
nilha. Este era o que eu usava. O que diabos isso estava fazendo no chuveiro
de Cillian? Só estava disponível online, com ingredientes totalmente naturais e
feito por uma pequena empresa que descobri quando Fiona e eu ficamos no
Airbnb para uma viagem de meninas.

O frasco estava ao lado de outro, mais genérico, aquele que Cillian obvia-
mente usava porque, ao contrário deste, já havia sido usado. Tinha shampoo e
condicionador também, a marca de salão que eu sempre comprava. Ele literal-
mente esteve no meu apartamento uma vez, e com certeza não houve tempo
para ele verificar o que havia no meu chuveiro.
O desconforto me encheu enquanto eu rapidamente me lavava e saía.

Estava sendo boba. Quando ele mandou alguém arrumar minhas coisas,
obviamente viram o que eu usei. Mas por que ele se importava? Isso parecia
estar em desacordo com o homem que acabara de sair do quarto. O que diabos
ele estava brincando?

Peguei minha nécessaire da mala no closet, escovei os dentes e lavei a ma-


quiagem que Celeste havia colocado em mim. Peguei uma toalha e congelei...
eram idênticas às minhas, da mesma marca, da mesma cor cinza-pomba. O
que era isso? Outro de seus jogos mentais?

O desconforto voltou e passei meus braços em volta de mim.

Cillian era um mestre da manipulação, pior ainda que meu pai, isso não era
um ramo de oliveira ou uma gentileza para me fazer sentir mais em casa. Como
poderia ser se ele não sabia o significado da palavra?

Eu não poderia baixar a guarda como fiz perto dele novamente.

Ele era muito perigoso.


Capítulo Dez
Sophia

Passei a maior parte da manhã desfazendo as malas.

Eu queria desfazer as malas? De jeito nenhum. Passei o dia todo ontem evi-
tando qualquer atividade que pudesse ser vista como uma adaptação.

Mas Cillian me ordenou fazer exatamente isso antes de sair do quarto esta
manhã.

Ele voltou para o quarto durante a noite, tomou banho e depois ficou ao lado
da cama. Eu mantive meus olhos firmemente fechados, fingindo que estava dor-
mindo. A simples ideia de olhar naqueles olhos de sangue frio causou um arrepio
por todo o meu corpo. E fiquei ali completamente imóvel, prendendo a respira-
ção, fingindo dormir. Eu ainda estava emocionalmente abalada pelo que tínha-
mos feito e não estava pronta para enfrentá-lo novamente tão cedo, não depois
da forma humilhante como meu corpo me traiu. Ele ficou lá, me observando, por
muito tempo antes de finalmente ir para a cama ao meu lado, e assim que sua
respiração se acalmou, arrastei um cobertor para a cadeira perto do fogo apa-
gado. Tentei ficar acordada, com medo do que aconteceria se eu tivesse um
ataque, mas estava exausta. Eu tinha acordado ainda na cadeira e sem ferimen-
tos, então isso era alguma coisa, eu acho, mas fiquei surpresa ao encontrá-lo
pairando sobre mim, me observando novamente. Ele me ordenou que desfi-
zesse as malas quando pisquei para ele e saí.

Eu fui até a cozinha algumas horas atrás e preparei o café da manhã e uma
xícara de café. Eu não sabia se Cillian ainda estava na casa, mas me vi andando
na ponta dos pés, com medo de despertar o monstro de onde quer que ele
estivesse agora e dar-lhe motivo para vir me procurar.

Arrepios tomaram conta de mim quando uma memória sensorial surgiu do


nada, parecendo muito real, como se suas mãos, quentes e ásperas,
estivessem agarrando minha carne, deslizando sobre minha pele, envolvendo
minha garganta. Sacudi-o e procurei na gaveta perto da porta da frente. As cha-
ves do meu carro não estavam entre as coisas que Celeste havia empacotado,
mas eu precisava do meu computador, do meu tablet, tinha trabalho a fazer,
clientes esperando, prazos a cumprir.

Eu nem tinha meu telefone. Fiona devia estar se perguntando onde eu es-
tava. Então me ocorreu algo que já deveria ter acontecido. Steve, ele era amigo
de Brian… Paolo. Eles se conheceram através de mim e da Fi, mas era isso que
realmente aconteceu? Steve pode estar envolvido nisso tudo. Eu precisava avi-
sar Fiona. Enfiei a mão no fundo da gaveta. Bingo. Chaves. Pegando-as, espiei
pelo olho mágico.

Eu não vi ninguém.

Mas eu não poderia simplesmente ir embora. Cillian poderia pensar que eu


fugiria, e eu não arriscaria Tommy assim. Rapidamente escrevi um bilhete, di-
zendo a Cillian que voltaria em algumas horas.

Isso deveria pelo menos impedi-lo de fazer algo precipitado, e ele não tinha
realmente dito que eu não poderia sair de casa. Eu também não daria a ele a
chance de me dizer não.

Agarrando minha carteira, desci as escadas que esperava que levassem a


uma garagem abaixo e abri a porta. Bingo. Havia cinco carros alinhados. Isso
foi uma coisa estúpida de se fazer? Sim, sem dúvida. Mas tive que avisar minha
amiga e avisar que estava bem.

Apertei o botão do controle remoto e um carrinho preto esportivo do outro


lado da garagem se iluminou. Corri e pulei. O motor ganhou vida um momento
depois. Ninguém veio correndo, e não ia esperar até que alguém aparecesse.
As portas da garagem se abriram automaticamente quando me aproximei e saí
em disparada.
O motor acelerou enquanto eu dirigia pela via expressa em direção à cidade.
Cillian vivia um pouco longe, mas o tempo parecia passar enquanto eu lutava
contra os nervos do estômago. Se Fiona se machucasse por minha causa, por
causa da minha família bagunçada, o medo tomou conta de mim e olhei pelo
espelho retrovisor novamente para verificar se estava sendo seguida. Eu não
pensei assim.

Fui direto para o trabalho dela e o perfume de uma infinidade de flores dife-
rentes me atingiu quando entrei na loja. Ela não estava no balcão onde costu-
mava criar seus buquês deslumbrantes. Ela tinha que estar nos fundos. —Fi!
Você está aí?

Ela saiu correndo. — Soph! Você está bem? Você não estava em sua casa
e não atende nenhuma das minhas ligações há dois dias. — Ela me olhou da
cabeça aos pés.

Talvez não parecesse muito tempo sem contato para alguns, mas Fi e eu
conversávamos várias vezes ao dia, todos os dias. —Estou bem, mas precisa-
mos conversar.

A preocupação encheu seus olhos. — O que está acontecendo?

Fiz uma rápida varredura na loja para ter certeza de que estava vazia. —
Você viu Steve nos últimos dias?

Sua expressão mudou, a dor enchendo seus olhos. — Tentei ligar para ele,
mas o número dele estava desconectado. Também não consegui falar com
Brian. — Ela balançou a cabeça. — Você sabe o que está acontecendo? Você
os viu?

Isso respondeu às minhas perguntas sobre Steve. Não havia como ele ter
ignorado Fi antes. Ele estava envolvido nisso. — Não. E se você vir algum deles,
você precisa ficar longe. Não sei explicar, mas... eles não são quem tentaram
nos fazer acreditar que eram. Eles não são... bons, Fi. Eles são perigosos.
— Você não está fazendo nenhum sentido. — A cor manchava suas boche-
chas. — Você sabe de uma coisa, não é? Ele está saindo com outra pessoa?

— Não, que eu saiba, mas não é isso e eu gostaria de poder te contar mais...
só, por favor, preciso que você confie em mim, ok? Se algum deles entrar em
contato com você ou passar pelo seu apartamento, não os deixe entrar e não
fale com eles.

Eu podia ver sua frustração crescendo. Ela odiava segredos e não gostava
que as pessoas lhe contassem apenas metade da história, e eu estava fazendo
as duas coisas. Seu olhar deslizou por cima do meu ombro e sua coluna enrije-
ceu, seus olhos meio que se arregalaram.

O pânico tomou conta da minha garganta porque eu sabia exatamente quem


havia desencadeado os instintos de fuga da minha melhor amiga, mesmo sem
olhar.

Obriguei-me a me virar e ficar na frente de Fiona, como se tivesse alguma


esperança de protegê-la. Cillian estava com um terno escuro, a jaqueta desa-
botoada e a camisa branca por baixo ajustando-se confortavelmente ao peito e
à barriga tensa. Aquele olhar impenetrável estava preso em mim.

— Você encontrou meu bilhete? — Eu disse quando ele me alcançou.

— Encontrei. — disse ele, com forte sotaque, depois olhou para Fi. — O que
quer que ela tenha compartilhado com você, eu aconselho que você guarde
para si mesma. Vou levar minha esposa para casa agora.

Sua boca se abriu. — Esposa? Do que diabos ele está falando, Soph?

Droga. — Foi... repentino.

— Hora de ir. — Cillian me disse.

— Você é aquele cara. — Fi franziu a testa. — Aquele do bar.


— Sim, foi um turbilhão. — Eu disse e olhei para Cillian quando sua mão
apertou a minha. — Parecia que perdi meu telefone. Se eu soubesse onde es-
tava, não teria que sair de casa, poderia simplesmente ter ligado. — falei meu
temperamento crescente sufocando meu medo.

O músculo em sua mandíbula saltou e ele tirou meu telefone do bolso, en-
tregando-o para mim. — Tudo o que você precisava fazer era perguntar, Soph.
— disse ele.

Pisquei para ele, com a mudança repentina em sua voz. Ele passou o braço
em volta dos meus ombros e me puxou para perto. — Desculpe por ter agido
como um idiota. — disse ele a Fi. — Eu não sabia onde ela estava e exagerei.
— Um meio sorriso autodepreciativo curvou seus lábios.

Fi estudou ele, depois eu. — Você é realmente casada? Vocês mal se co-
nhecem.

Ele riu como se estivesse possuído. — Na verdade sou um amigo da família.


Já faz algum tempo que tenho uma queda pela Sophia. Eu acho que ela final-
mente me viu.

Fiona franziu a testa para mim. — Mas no bar você nunca disse... então você
o conhecia?

— A princípio não o reconheci, com a barba, depois fui tentando trabalhar


os meus sentimentos. Como eu disse, tem sido meio louco.

— Eu vi minha abertura e aproveitei. — disse Cillian e sorriu, como um ser


humano de verdade.

Observei enquanto a suspeita escapava dos olhos de Fiona, enquanto o fei-


tiço que ele conseguia ativar com o estalar dos dedos começou a funcionar em
minha melhor amiga. Ela olhou entre nós.

— Estava dizendo para Fi ficar longe de Brian e Steven. — Eu disse a Cillian.


Ele nem piscou. — Brian estava usando Soph para chegar até o pai dela.
Uma coisa de negócios. Ele não é um cara legal, Fi, e seu amigo também não.
Se você os vir, se perguntarem por Sophia, ou se você estiver preocupada, por
favor ligue. É importante.

Ela já estava balançando a cabeça, com os lábios tremendo porque ela havia
se apaixonado muito por Steve e isso devia doer. — Eu vou. Eu prometo.

Cillian olhou para mim. — Precisamos ir.

— Você vai ficar bem? — Eu disse para Fiona. — Eu sei que você realmente
gostou de Steve-...

Seu lábio tremeu, mas ela balançou a cabeça. — Eu ficarei bem. Eu só...
pensei que ele fosse diferente, sabe?

— Eu sei. Sinto muito, Fi. Eu também pensei que ele era um cara legal.

Ela mordeu o lábio, forçando um sorriso. — Pelo menos agora eu sei a ver-
dade.

Verdade? Tive uma vontade repentina e inapropriada de rir. Eu engoli.

A mão de Cillian deslizou pelo meu ombro e se enrolou na parte de trás do


meu pescoço, não com força, mas seu aperto era quente, firme.

— Foi um prazer conhecer você, Fiona. — disse Cillian. — Mas vou roubar
minha esposa agora para que possamos voltar para nossa lua de mel.

Fi segurou meus olhos, ainda insegura. — Me mande uma mensagem, ok?

— Eu prometo. — Então Cillian estava me guiando para longe. Conor, o cara


que nos levou até a casa de Cillian depois do casamento, estava sentado em
um carro ao lado daquele que eu havia confiscado. Ele assentiu quando nos viu
e foi embora.
Cillian estendeu a mão. — Chaves.

Tirando-as do bolso, eu as entreguei. Ele destrancou o carro e eu entrei ra-


pidamente.

Cillian também fez o mesmo, o motor ganhou vida um momento depois e ele
saiu para a rua. Ele lançou olhares pelo espelho retrovisor, os dedos apertados
ao redor do volante. — Isso não foi muito inteligente para você. — Ele disse com
uma voz enganosamente calma.

Cada instinto em mim gritava que eu deveria ficar sentada em silêncio e não
cutucar o urso, mas não consegui ficar em silêncio. — Você teria me deixado ir
se eu tivesse pedido?

— Não. — Ele disse.

— Eles fingiram que se conheceram através de mim e da Fiona, mas Paolo


obviamente estava mentindo sobre isso também. Estava preocupada com mi-
nha amiga...

Ele olhou em minha direção. — Você tem bons instintos. O nome verdadeiro
de Steve é Walter Mazza, e Paolo o trouxe para distrair sua amiga para que ele
pudesse entrar em suas calças, obter informações sobre você, fazer você se
apaixonar por ele e depois usá-la como uma forma de selar uma aliança entre
sua família e a dele.

Meu estômago afundou e a humilhação pelo meu erro queimou minhas bo-
chechas. — E se Walter...

— Walter não chegará perto de você.

— E Fiona?

Ele mudou de marcha e passou pelo carro à nossa frente. — Ela não é mais
útil para ele. Seu foco mudou.
— Como você sabe?

Cillian olhou para mim novamente. — Porque ele tentou seguir você da mi-
nha casa mais cedo e nós interceptamos. — Sua mandíbula endureceu. — Ele
escapou, mas tinha braçadeiras e fita adesiva no porta-malas.

Eu me virei para ele. — O que?

— Fiz um acordo com Alto, mas o sobrinho dele se tornou rebelde. Paolo
está chateado. Eu trabalhei muito bem com ele na noite em que ele veio ao seu
apartamento. O ego dele está ferido. Ele queria ser um dos grandes, mas seu
tio o excluiu de nossas conversas. Eu deveria tê-lo matado quando tive chance,
mas se tivesse feito isso, já estaríamos em guerra.

Meu estômago revirou.

— Seu pai é fraco, Sophia, ganancioso. — Ele disse como se estivesse lendo
minha mente. — Se tivéssemos deixado você com ele, sua família estaria morta,
Paolo teria você, e a aliança de décadas entre nós e os Brennan seria quebrada.

Isso era demais. Minha mente estava girando. — Deus, todos vocês me tra-
tam como se eu fosse uma espécie de peça de xadrez.

— Porque neste caso, você era. E eu ganhei.

— Foi por isso que você matou Adam? Então você poderia vencer?

— Eu matei Adam porque eu era o herdeiro de Seamus, não ele. Os homens


não confiavam nele. Eles nunca iriam segui-lo.

Eu olhei para seu perfil duro. — E eles confiam em você?

— Farei qualquer coisa pelo bem da família, eles sabem disso. Adam só es-
tava preocupado consigo mesmo.

— Então você matou seu próprio irmão a sangue frio?


Sua expressão não mudou, nem mesmo a menor hesitação. — Sim. — Ele
mudou de marcha, ultrapassando outro carro. — E eu nunca considerei Adam
meu irmão.

Agarrei a maçaneta da porta enquanto ele entrava na garagem e descia para


o estacionamento embaixo da casa. A porta da garagem se fechou atrás de nós
e um nó frio se formou em meu estômago. — E se um dia eu não estiver mais
apta para o seu propósito, você vai me matar também?

Ele desligou o motor e o carro ficou em silêncio. Ele se virou para mim e eu
quis me encolher. — O que eu disse para você ontem à noite, Sophia?

Pisquei para ele. Eu não conseguia me lembrar de nada do que ele disse
ontem à noite, foi tudo um borrão insano e fora de controle. Eu balancei minha
cabeça.

Ele pegou uma mecha do meu cabelo entre os dedos cheios de cicatrizes e
esfregou. — Eu cuido do que é meu.

Estava achando difícil respirar.

Seu olhar percorreu meu rosto e algo perturbador brilhou no fundo de seus
olhos. — Meus bens são importantes para mim. Uma vez que algo me pertence,
eu não desisto. Se você foder comigo, Sophia, eu vou te punir, mas nunca vou
te descartar, porque nunca vou desistir de você.

Eu olhei de volta, minha força era uma concha frágil ao meu redor e, na
sequência daquela promessa sombria, perto de se despedaçar.

— Você é minha. — disse ele, com a voz incrivelmente baixa.

Fiquei imóvel enquanto ele se mexia no assento, o couro rangendo, e se


inclinava em minha direção.

Ele segurou o lado do meu rosto. — E isso nunca vai mudar. — Sua outra
mão envolveu a minha, seu polegar percorrendo o anel que ele colocou em meu
dedo no dia anterior, depois deslizando para baixo e agarrando minha coxa. O
medo distorcido com algo sombrio e sedutor fez com que um calor vergonhoso
inundasse minhas veias enquanto sua mão deslizava mais alto. Minha boceta
queria que eu me espalhasse mais para ele e desse acesso a esse monstro,
para deixá-lo me fazer sentir bem como ele fez ontem à noite, mas quando ele
apertou meu cabelo e se inclinou para frente, autopreservação e o que sobrou
do meu o orgulho entrou em ação e me afastei, negando-lhe.

Em vez disso, sua boca roçou meu queixo, sua barba fazendo cócegas em
minha pele, me fazendo tremer. Ele parou, respirando pesadamente por vários
segundos, então levantou a cabeça, deu um leve puxão em meu cabelo, me
soltou e saiu do carro.

Eu não me movi enquanto ele andava e abria minha porta.

Então saí do carro, corri para dentro de casa e subi as escadas.


Capítulo Onze
Cillian

— Está feito. — disse Declan, sentando-se na cadeira à minha frente.

Olhei para Conor encostado no batente da porta. — E você colocou mais


homens na casa? — Walter não veio aqui sozinho ontem, ele trouxe outro ho-
mem de Paolo. Eu atirei no peito do outro cara, mas Walter escapou. Dec e Con
cuidaram do corpo, levando-o para o oceano e jogando-o para os tubarões aca-
barem.

— Um dos homens de Brennan também estava farejando esta tarde — disse


Conor. — Disse que foi enviado para verificar Sophia, para ter certeza de que
ela estava se adaptando bem, mas acho que foi outra coisa.

— Considerando que Callum não dá a mínima para sua filha, eu diria que é
uma avaliação justa. — Eu me recostei. — O que você disse para ele?

Con sorriu. — Que era a lua de mel dela e ela estava um pouco ocupada.

Callum já estava com raiva, inseguro depois que assumi o controle da família
e depois de sua filha. Ele ficaria preocupado com o que isso significava para ele.
Enviar seu homem aqui, usando Sophia como desculpa, me disse o quanto ele
estava preocupado. Ser um espertinho só o teria irritado ainda mais, e quanto
mais irritado ele ficasse, maior seria a probabilidade de ele cometer um erro. —
Ele foi ver Alto?

— Ainda não.

Eu não tinha certeza se ele faria isso; ele teria que localizar suas bolas pri-
meiro. Brennan não fazia ideia de que eu já tinha feito um acordo. Ele iria me
querer fora do caminho para que pudesse administrar as duas famílias sozinho,
e a única esperança que tinha de me tirar do caminho era fazer um acordo com
os italianos. Ele teria uma surpresa se fosse por esse caminho.

Declan balançou a cabeça. — O cara está delirando se ele fizer isso. Ne-
nhum dos nossos homens o seguiria, mesmo que por algum milagre ele conse-
guisse acabar com você.

Não o fariam, mas Brennan era arrogante o suficiente para pensar o contrá-
rio.

Houve uma batida na porta e Janet enfiou a cabeça para dentro. — Estou
indo, Sr. O'Rourke. Sally está aqui para o turno da noite.

— Obrigado, Janete.

A mulher mais velha sorriu e saiu.

— Como ele está? — Declan perguntou.

— Vivo. — Seamus desmaiou quando matei Adam. Ele já estava frágil, mas
ver os miolos do filho espalhados pelo chão quase o derrubou. — Você quer vê-
lo? — Agora ele estava aqui com enfermeiras cuidando dele 24 horas por dia.

O rosto de Declan endureceu. — Não. Você deveria ter colocado uma bala
na cabeça daquele filho da puta também.

Teria sido bastante fácil. Eu pensei sobre isso muitas vezes. Mas alguma
parte humana de mim, profundamente enterrada, mas ainda ofegante pela vida,
hesitou. Foi uma surpresa, mas aquela parte fraca de mim queria que ele visse
do que eu era capaz, que eu era mais do que apenas o assassino em que ele
me transformou. Queria mostrar a ele que eu poderia liderar esta família para
coisas maiores e melhores.

Já era tarde e minha mente continuava vagando por Sophia, porque ela es-
tava sempre lá. Eu fiquei de pé. — Certifique-se de manter os olhos em Gaia.
Brennan está desesperado e pode ser capaz de quase tudo.
Declan também se levantou, com uma expressão sombria no rosto. — Mi-
nha nova noiva não está facilitando as coisas.

A filha de Alto era difícil, mas se alguém conseguia lidar com ela, era Declan.
— Quanto mais cedo você se casar, melhor.

Dec não parecia tão convencido, mas iria se acostumar com a ideia. Quando
ela estivesse sob seu teto, ele teria mais controle sobre ela e as coisas se acal-
mariam.

Pensei na fuga da minha nova esposa ontem, mas, novamente, que porra
eu sabia? Eu não tinha controle sobre minha própria esposa. Estava aqui no
meu escritório quando ela fugiu. Eu a observei em uma câmera de segurança
enquanto ela saía em um dos meus carros. Então eu vi Walter. Con a seguiu
para ter certeza de que ela estava segura, e fui atrás do nosso invasor. Eu queria
interrogá-lo, mas o filho da puta saiu a pé, pulando cercas e correndo pelos
quintais para fugir.

Sophia provou mais de uma vez que ela não era a ratinha dócil que eu inici-
almente acreditei que ela fosse, e descobri que gostei disso.

Declan e Conor saíram e andei pela casa, certificando-me de que o lugar


estava seguro. Eu trabalharia em casa por mais alguns dias até ter certeza de
que não haveria ameaças imediatas a Sophia e que ela ficaria parada enquanto
eu estivesse fora.

Já era tarde quando entrei no meu quarto e a encontrei dormindo novamente


na cadeira em frente à lareira. Ela tinha um cobertor enrolado em volta dela e
um travesseiro apoiado sob a cabeça.

Não, querida, não é assim que funciona.

No carro ontem, quando voltamos para casa, eu queria tanto prová-la. Fica-
mos ali sentados em silêncio, e pelo jeito que ela olhou para mim, o medo em
seus olhos, a fome relutante, de repente fiquei desesperado para provar aquilo,
provar o que era meu. Eu não fui capaz de me conter, como se estivesse pos-
suído, mas ela se virou, me fechando.

Entendi, mas também não ia deixá-la pisar em mim.

Meu olhar viajou sobre ela. Eu a vi dormir tantas vezes, confuso com o
quanto eu a queria. Querendo-a, mas só me permitindo abraçá-la quando ela
teve um ataque durante o sono. Esfreguei meu peito, me sentindo inquieto.
Porra, ela tinha um gosto tão bom.

Minha beleza teimosa. Ela devia conhecer o risco de dormir numa cadeira
como aquela. Mas desordem à parte, minha esposa não dormia em uma ca-
deira, ela dormia comigo, e se eu a deixasse ficar aqui novamente, eu não só
ficaria acordado a noite toda preocupado que ela tivesse se machucado, ela
pensaria que eu estava bem com isso e eu não estava por algum motivo, de
jeito nenhum.

Eu poderia pegá-la e colocá-la na minha cama, mas queria que ela fosse
para a cama sozinha. Ajustei o termostato para o quarto (de qualquer forma,
gostei que fosse fresco), depois fui até o banheiro e me despi.

O banheiro cheirava a sua loção corporal, baunilha e canela, ela esteve aqui
não muito tempo atrás e usou.

A primeira vez que senti o cheiro, ela estava dormindo em sua cama em seu
apartamento, a pele rosada depois do banho, as bochechas rosadas. Olhei para
ela e achei difícil respirar. Aquele cheiro em sua pele, porra, isso me deixou duro.
Tudo nela me deixou duro. Fui para casa e encontrei o lugar que vendia online
e fiz o pedido. Seamus diria que eu era um doente, e ele estaria certo.

Isso não deixou de ser verdade só porque Sophia era minha. Eu ainda estava
tão doente, tão fodido da cabeça. Abri o armário embaixo da pia onde o guar-
dava e coloquei um pouco na mão. Ao ligar o chuveiro, entrei, de costas para o
jato, e alisei-o ao longo do meu pau. Fechei os olhos como já tinha feito antes,
antes de ela ser minha, antes de poder tocá-la, e pensei em como ela estava na
minha cama, pegando meus dedos, esguichando na minha mão. O cheiro en-
cheu o chuveiro enquanto eu fodia meu punho, imaginando que ela estava aqui
comigo, que eu estava batendo em sua boceta apertada, que era ela apertando
meu pau.

Estremeci enquanto acariciava mais rápido, o cheiro enchendo minha ca-


beça, a lembrança do gosto dela, da sensação de sua boceta contra minha lín-
gua, do jeito que ela implorava por mais, desesperada pelo menor elogio, seus
gritos necessitados, querendo que seu marido assumisse o controle e gozar
com tanta força quando eu o fiz.

Ela estava na outra sala.

A Bela Adormecida era minha.

Eu era dono dela.

O pensamento me deixou mais duro, fez minhas bolas apertarem e minha


respiração sair dos meus pulmões. Apertei meu pau, acariciei mais rápido e go-
zei com um grunhido, ofegante. O alívio me inundou. Eu precisava disso. Du-
rante todo o dia eu quis procurá-la e fazê-la gozar, mas resisti.

Quando saí do banheiro, a temperatura havia caído significativamente. So-


phia ainda estava na cadeira, mas havia puxado o cobertor para cima em volta
do pescoço enquanto dormia.

Fui para a cama.

Minha nova esposa era definitivamente teimosa. Ela durou mais uma hora, e
quando ela atravessou a sala e se sentou ao meu lado, pude ouvir seus dentes
batendo. Fiquei imóvel, respirando regularmente, deixando-a acreditar que eu
estava dormindo, e meus lábios realmente se contraíram quando a senti se
aproximar, só um pouco, em busca de algum calor. A cama tremeu com seus
arrepios. Não gostei de saber que ela estava com frio. Meu plano funcionou,
mas não era uma tática que eu usaria com ela novamente.
Estendi a mão e agarrei-a. Ela guinchou. Ignorei seu protesto fraco e arras-
tei-a pela cama e para o meu lado. Sua pele era como gelo. Eu me sentiria cul-
pado se fosse capaz disso. Em vez disso, eu a mantive grudada em mim para
que ela se aquecesse.

Sophia era minha, minha esposa, e me permiti envolvê-la em meus braços e


mantê-la no lugar, do jeito que fiz em seu apartamento enquanto ela se debatia
enquanto dormia, do jeito que os maridos faziam com suas esposas em todos
aqueles filmes que assisti. Ela estava rígida em meus braços, mas não tentou se
afastar. Eu não me importava que fosse só porque ela estava com frio, eu gos-
tava dela contra mim.

— Deixe-me aquecê-la, querida. — Eu disse em seu ouvido. Eu sabia do que


ela gostava, como ela gostava de conversar. Minha esposa gostava de elogios,
isso a deixava molhada. Ainda bem que espalhar isso me deixou duro pra cara-
lho, sempre deixou. Se eu falasse com um psiquiatra, ou me referisse a um dos
meus livros de psicologia, provavelmente diria que tinha algo a ver com o des-
dém da minha mãe por mim e com a maneira como ela negava afeto. Por outro
lado, eles poderiam atribuir isso ao fato de meu pai ter assassinado minha mãe
na minha frente, escondendo sua ligação comigo e com meu irmão, ou me for-
çando a matar pela primeira vez quando eu tinha quinze anos.

Ou pode ser apenas que comecei a elogiar pela mesma razão que Sophia
gostava de recebê-los, porque eu nunca tinha experimentado isso enquanto
crescia.

Sophia choramingou e cedeu, pressionando os pés gelados nas minhas ca-


nelas.

— Você dorme na minha cama de agora em diante. — Eu disse. — Você


tenta dormir em qualquer lugar, menos aqui, eu vou buscá-la e colocá-la nesta
cama.

Ela assentiu, mas seu corpo havia enrijecido. — Há... algo que você deveria
saber. — Ela disse em voz baixa. — Quando durmo, às vezes eu...
— Eu sei sobre seus distúrbios do sono, querida. — Ela congelou contra
mim.

— Você não tem nada com o que se preocupar.

Ela ficou em silêncio por vários momentos. — Mas e se eu atacar, e se eu...

— Então eu vou segurar você perto de mim até que você se acalme. Eu
nunca puniria você por algo que está fora do seu controle.

Seu corpo suavizou um pouco. — Pode ser... muito ruim.

— Não é nada que eu não possa lidar. Eu prometo a você isso. — Deslizei
minha mão para cima e para baixo em seu braço. — Eu sei que seu mundo virou
de cabeça para baixo, Soph, mas você está indo muito bem. — Eu disse aspe-
ramente, deixando Dean passar, e ela estremeceu. — Você compartilhou isso
comigo e ficou aqui como pedi hoje. Você me agradou, querida. — Senti arre-
pios em seus braços, mas desta vez não por causa do frio. Talvez dar a ela o
que ela precisava, aquilo de que ambos passamos fome durante toda a vida, fez
com que alguma parte perversa de mim se sentisse humana.

Estava escuro no quarto, aconchegado sob as cobertas. Ela estava amole-


cendo contra mim e sua respiração acelerou. — Você lidou com tudo isso tão
bem que merece uma recompensa. — Ela estremeceu e eu sabia que a tinha.
— Levante sua perna para mim, coloque-a na minha. — Apertei sua coxa e,
como ela não se moveu imediatamente, guiei-a para onde queria, deslizando
meu joelho para frente e apoiando a perna dela sobre a minha. Ela não se mo-
veu, mas também não ofereceu resistência.

Coloquei a mão na sua boceta sobre a calcinha e sim, ela já estava úmida.
Chupei a pele lisa sob sua orelha enquanto deslizava minha mão pela frente.
Seus quadris sacudiram e ela ofegou, mas ainda assim não tentou se afastar.
Eu sabia o que ela precisava. Ela estava tão tensa no carro ontem, com medo
pela amiga, com medo de mim. Ela me evitou o dia todo hoje. Eu não gostei
disso, não queria que ela tivesse medo de mim, queria que ela me desejasse.
Ela logo aprenderia que eu não iria machucá-la. Ela foi a primeira coisa que
eu realmente possuí e que era toda minha. Eu não deixaria ninguém a levar.
Nada iria machucá-la, nem mesmo eu. Ela precisava sair da cabeça, limpar a
mente de tudo, exceto do que estava sentindo. Isso eu poderia dar a ela e, neste
momento, era a única coisa que minha nova esposa me deixaria dar a ela.

Meus dedos estavam cobertos com seus sucos enquanto eu testava sua
disposição. Ela estava ficando mais molhada a cada segundo. Ela devia estar
dolorida.

Mordi sua orelha enquanto enfiava dois dedos dentro de sua boceta aper-
tada. Um grito suave explodiu dela enquanto ela me abraçava com força. Eu
queria muito sentir isso em volta do meu pau, mas poderia esperar um pouco
mais.

Passei meus dedos em volta de sua garganta com a outra mão e ela ofegou,
agarrando meu pulso. Meu aperto era firme, mas não apertado, não interferindo
em sua respiração, mas o suficiente para que ela tentasse não se mover caso
isso acontecesse. Eu queria que ela cedesse a mim, cedesse ao prazer que eu
estava lhe proporcionando, e isso só poderia acontecer se ela sentisse uma
sensação de impotência.

Comecei devagar, fodendo-a com os dedos, trabalhando-a. Os seus suspi-


ros e gemidos, os sons molhados da sua boceta suculenta, encheram a sala.

— Sua boceta apertada está pegando meus dedos tão bem, querida.

Ela gemeu, suas unhas cravando em meu pulso, mas ela não me pediu para
parar, não, ela ergueu a perna mais alto sobre a minha, abrindo mais, silencio-
samente pedindo mais.

— Porra, minha esposa tem uma boceta gananciosa. — Aumentei o ritmo,


investindo nela mais rápido e mais profundamente.

Sua boca se abriu e seus quadris se moviam inquietos contra minha mão.
— É isso, vá mais fundo. — Eu falei contra sua orelha. — Vou precisar esticar
você se você quiser pegar meu pau, querida. Você pode pegar outro dedo?

Ela gemeu e balançou a cabeça.

— Você pode e vai, porque é isso que eu quero.

Sua garganta trabalhou contra minha mão.

— Responda-me.

— S-sim.

Forcei um terceiro dedo e ela gritou, seus músculos internos contraíram. Eu


a fodi com todos os três dígitos, com mais força e mais rápido. — Você está
aceitando isso tão bem. Tão bom. — Sua boceta pingava mais a cada coisa suja
que eu dizia, deslizando pelos meus dedos. Suas coxas tremiam e seus gritos
mudavam, quase soando em pânico. O monstro a fez se sentir bem e a assustou
pra caralho. Senti sua mandíbula apertar, cerrando os dentes, contendo-se. —
Deixa ir.

Ela ofegou. — Eu não posso.

— Sim, você pode. — Eu disse, minha voz mais dura.

— N-não. Isto está errado. Eu não deveria…

Tirei meus dedos dela e dei um tapa em sua boceta duas vezes em rápida
sucessão, depois empurrei-os de volta profundamente. Sophia gritou, gozando
instantaneamente com força. Sua buceta jorrou, e as suas ancas balançaram e
torceram contra a minha mão.

Foda-se sim.

— É isso. — Eu disse em seu ouvido enquanto ela tremia e se contorcia em


meus braços. — Essa é minha boa menina.
Quando o último tremor passou por ela, cuidadosamente tirei meus dedos
dela e a rolei de costas. Montando em seus quadris, empurrei minha cueca para
baixo, enganchando-a sob minhas bolas, descansei a mão na cabeceira da
cama e apertei meu pau. Ela estava vestindo uma camiseta macia e shorts, e
empurrei a camisa para cima para poder olhar seus seios. O que eu queria fazer
era arrancar completamente aqueles shorts e fodê-la até deixá-la sem sentido,
mas ainda não estávamos lá.

Achei que nunca estive tão duro antes, e acariciei meu pau brutalmente.
Sophia olhou para mim com os olhos arregalados, seu olhar se movendo sobre
meu rosto, meu peito, descendo até meu estômago, e assim que seus olhos se
fixaram em meu pau, ela lambeu os lábios. Foi involuntário, eu tinha certeza, e
provavelmente não quis dizer o que eu queria, mas naquele momento eu disse
a mim mesmo que era porque ela queria que eu fodesse a cara dela.

Apenas o pensamento foi suficiente para me levar ao limite. Eu gemi, go-


zando em seus seios. Ela observou, sem desviar o olhar, e segurei seus grandes
olhos azuis.

Quando terminei, deslizei minha mão sobre sua pele, manchando seus seios
antes de puxar cuidadosamente sua camisa para baixo novamente. — Não lave.

Não sei o que me possuiu, mas dei um beijo suave em seus lábios antes de
rolar para o colchão ao lado dela.

Ela começou a rolar. Mais uma vez, eu não sabia o que diabos estava me
possuindo, por que eu... senti que precisava dessa proximidade com ela, mas
meu braço disparou. Eu a enganchei pela cintura e a arrastei de volta para o
meu lado.

Ah, não, doce Sophia, você não vai a lugar nenhum.


Acordei uma hora depois com os gritos da minha bela adormecida. Ela chu-
tou e lutou, golpeando com toda sua força. Eu rapidamente agarrei seus pulsos,
cruzando seus braços sobre o peito, prendendo-os envolvendo os meus em
torno dela com força, então enganchei minhas pernas nas dela, imobilizando-a
completamente, para que ela não se machucasse. — Calma, querida. — Ela
continuou a lutar, sem acordar, seu medo era tão real que ela tremia contra
mim, suando e se contorcendo contra meu aperto. — Está tudo bem, querida,
você está segura. — Eu disse contra seu ouvido.

Lentamente, ela se acalmou.

Então minha nova esposa se aproximou de mim com um gemido suave e


relaxou em meus braços.

Sophia

Cillian ainda estava dormindo ao meu lado, com o braço na minha cintura.

Eu não podia acreditar que deixei ele me tocar novamente ontem à noite,
Deus, eu implorei a ele por isso. Ele veio até mim, esfregou, ordenou que eu não
lavasse, e eu obedeci como o bom animal de estimação que eu era. O que dia-
bos havia de errado comigo? Seu alarme tocaria em breve, e eu não queria estar
aqui quando isso acontecesse. Cuidadosamente tirei seu braço de cima de mim,
saí da cama, peguei algumas roupas do armário e me tranquei no banheiro.

Ligando o chuveiro para água quente, entrei e deixei o jato quente penetrar
em meus ossos enquanto me ensaboava e, desafiadoramente, lavava-o da mi-
nha pele, movendo-me rapidamente. Mesmo com a porta trancada, tive medo
de que ele entrasse. Meu cérebro tentou disparar imagens do que havíamos
feito na noite passada, e minha pele esquentou, meus mamilos se contraíram
sem minha permissão. Como eu poderia desejá-lo? Ele era tudo que eu despre-
zava, ele era um monstro, o monstro. Eu o odiei pelo que ele fez, pela maneira
como ajudou meu pai a destruir minha vida.

Sua voz profunda encheu minha cabeça.

Então eu vou te abraçar até você se acalmar.

Lutei contra um arrepio.

Essa era a última coisa que eu esperava que ele dissesse quando tentei con-
tar a ele sobre meus distúrbios do sono, quando perguntei o que ele faria se eu
atacasse.

Empurrei para baixo as imagens, o som de sua voz, e saí, me secando rapi-
damente, em seguida, peguei o frasco de loção corporal que estava no balcão
do banheiro. Franzi a testa ao ver como estava claro e meu olhar deslizou para
minha bolsa de higiene. Dentro havia outro frasco da mesma loção corporal de
baunilha e canela, o meu novo, quase cheio.

Meu olhar deslizou entre as duas garrafas. O que estava na minha mão es-
tava meio vazio. Para ser esse o caso, deveria estar aqui há algum tempo, mais
do que alguns dias, definitivamente antes de Cillian, fingindo ser Dean, entrar
no meu apartamento pela primeira vez e foder minha vida completamente.

Que porra era essa?

Vestindo-me rapidamente, peguei a garrafa e entrei no quarto.

Cillian estava acordado. Ele ficou parado no meio do quarto, sem camisa e
arrumando as calças. Eu odiava que ele fosse tão bonito, que eu não conseguia
parar de me deliciar com a visão de seu corpo magro e musculoso. Ele olhou
para cima, seu olhar indo do meu rosto para a loção em minha mão, e uma
escuridão passou por seus olhos.
Minha barriga tremeu, mas ignorei e levantei a garrafa. — O que é isso?

Ele não disse nada.

— Você obviamente já está com ele há algum tempo, está meio vazio. Como
você sabia que eu usava? Você tem as mesmas toalhas que eu e também o
mesmo xampu e condicionador. — Olhei para a cama. — Espere aí, esses len-
çóis são iguais aos meus? — O desconforto cresceu para outra coisa, maior e
terrível. — Como você sabia o que eu uso, as coisas que gosto?

Cillian ainda não disse nada, apenas me observou, e havia esse... Deus, um
olhar estranho em seu rosto que arrepiou os cabelos da minha nuca.

— Você entrou no meu apartamento, não foi? Antes de você fingir ser Dean?

Eu me forcei a me manter firme quando ele continuou a olhar por mais alguns
segundos, então finalmente assentiu.

Meu estômago embrulhou, arrepios de medo rastejaram por todo meu


corpo. — Quando esteve lá? — Ele não se moveu, ficou completamente imóvel.
— Quantas vezes? — Novamente, nada. — Você entrou enquanto eu estava
dormindo? Você me observou?

Seu olhar sem emoção passou por mim e depois travou o meu novamente.
— Sim.

Oh Deus. — Por quê? Por que você faria isso?

O músculo em sua mandíbula pulsou.

Respirei fundo, recusando-me a tremer. — Seamus queria que você me ma-


chucasse?

Ele balançou sua cabeça. — Ele queria informações sobre você.

— E isso incluía entrar na minha casa enquanto eu dormia.


— Não, essa parte era toda minha.

Oh Deus. — Você queria me machucar?

— Não.

— Quantas vezes? Há quanto tempo você estava fazendo isso... me obser-


vando?

— Um tempo.

— Meses? Mais longo?

Ele assentiu novamente.

Eu sabia que ele era capaz de muitas coisas terríveis, mas isso? Eu não con-
seguia acreditar no que estava ouvindo. — É assim que você sabe sobre meus
problemas de sono? — Ele me viu, me observou enquanto eu lutava contra os
monstros invisíveis em meus sonhos, me viu no meu estado mais vulnerável. Viu
minha vergonha secreta.

A expressão em seu rosto mudou. Ele estava olhando para mim da mesma
forma que quando me tocou. Meu coração trovejou em meu peito. — Você me
tocou?

— Eu segurei você quando você precisou.

Eu passei meus braços em volta de mim. — Você me segurou? Isso é tudo,


foi só assim que você me tocou?

Outro aceno de cabeça e seus olhos escureceram.

— Você gostou disso, é isso? — Eu atirei nele.

Suas narinas dilataram-se. — Sim, eu fiz.


Meus dedos apertaram a garrafa em minha mão e olhei para ela, a compre-
ensão me atingindo. — E o que? Você chegou em casa e usou isso para...
para...

— Para acariciar meu pau. — Ele disse, seu sotaque mais forte. — Pensando
em você enquanto eu fazia isso.

Tudo o que ele acabou de dizer estava errado, aterrorizante, violador, mas,
novamente, meu corpo respondeu de uma forma que não deveria. Eu tinha que
ser tão distorcida quanto ele.

— Por quê? — Eu sussurrei.

Ele pegou a camisa que tinha pendurado na cadeira ao lado dele e a vestiu,
levantando-a sem pressa. Ele colocou-o para dentro e olhou para mim. — Por-
que você era minha, querida, você simplesmente não sabia disso ainda.

Então ele saiu.


Capítulo Doze
Sophia

Olhando pela janela da sala. O oceano estava selvagem hoje.

Estava morando com Cillian há uma semana. Não o via muito durante o dia,
ou ele estava fora ou trabalhando no escritório aqui em casa. Quando ele estava
fora, muitas vezes não voltava para casa até tarde da noite, e toda vez que se
deitava ao meu lado na cama, ele me puxava contra ele, acordando-me lenta-
mente do sono com as mãos ou a boca.

Porque você era minha, querida, você só não sabia disso ainda.

Ele disse isso depois de admitir que me perseguiu, me observou, que invadiu
meu apartamento e, ocasionalmente, foi para a cama comigo enquanto eu dor-
mia e me segurou. Que quando ele voltou para casa depois de fazer isso, ele
usou a mesma loção que usei para se tocar enquanto pensava em mim.

E ainda assim eu o deixei fazer o que ele queria comigo. Apesar de tudo que
eu sabia, ainda o deixei fazer isso.

Porque na escuridão ele se tornou outra pessoa, desempenhou um papel


que sabia que eu desejava. Ele era Dean. E eu estava tão carente de carinho,
de atenção, que deixei o monstro, meu perseguidor, meu carcereiro, me dar
isso. Tornei-me seu animal de estimação, seu brinquedo para brincar. Ele me
disse como eu era maravilhosa e cedi completamente. Ele me chamou de sua
boa menina, e me espalhei ainda mais, desesperada para que ele me tocasse.
Ele assumiu o comando do meu corpo até eu ficar molhada e me contorcer,
então ele me fez gozar com tanta força que eu não sabia o que fazer comigo
mesma.
Depois, ele acariciava seu pau até gozar também, geralmente em mim, e me
segurava contra ele novamente, com força, para me impedir de lutar durante o
sono.

Eu não me lembrava de ter tido os ataques, mas sabia que tive, os músculos
doloridos familiares denunciavam, porque estava lutando com tudo o que tinha,
minha garganta doía como se eu estivesse gritando. Porém, nunca houve ne-
nhum ferimento, Cillian se certificou disso, como vinha fazendo há meses sem
que eu soubesse, me segurando até que o ataque passasse, como ele disse
que faria. Ele nunca mencionou isso pela manhã.

Eu não sabia o que isso dizia sobre mim, que saber que ele cuidou de mim
enquanto eu estava tão vulnerável realmente me fez sentir segura, ou que co-
mecei a antecipar o som de seus passos nas escadas, o mergulho da cama
quando ele entrou ao meu lado, suas mãos fortes envolveram minha cintura e
me puxaram para ele, então fiquei grudada em seu corpo.

Meus sentimentos por ele não mudaram. Eu o desprezava, mas deixei que
ele fizesse essas coisas comigo.

Todas as manhãs, eu dizia a mim mesma que da próxima vez iria me afastar,
que diria não a ele, mas então, na escuridão, o quarto dele se tornou um porto
seguro onde ninguém sabia da minha vergonha ou das coisas sujas que eu o
deixei fazer ou o quanto eu queria que ele fizesse isso.

Esfreguei os arrepios que surgiram em meus braços e tentei afastá-lo da


minha mente. Deus, eu me senti inquieta. Eu já tinha limpado a cozinha, a sala
e o quarto, embora Cillian tivesse uma faxineira regular e já estivesse impecável,
então mandei uma mensagem para Fi por um tempo, e ela me contou tudo o
que estava acontecendo, e que ela não tinha visto ou ouvido falar de Steve, o
que foi um grande alívio.

Andei mais um pouco pela sala. O que eu queria mesmo era meu computa-
dor, meu tablet, minhas coisas, o resto das minhas roupas. As joias que minha
mãe me deu antes de morrer. Eu queria trabalhar. Mandei um e-mail para meus
clientes e disse que haveria um atraso, mas não poderia esperar que esperas-
sem muito mais.

Três noites atrás, antes de adormecer, perguntei a Cillian se poderia ir ao


meu apartamento pegar minhas coisas. Ele disse não. É isso, nada mais. Olhei
para meu telefone na mesa de centro. Ele disse que se eu precisasse de alguma
coisa, eu ligaria ou mandaria uma mensagem para ele. Até agora, eu nem tinha
pensado nisso. Endireitando minha coluna, fui até lá e peguei-o.

Os nervos se revoltaram em minha barriga. Sim, eu deixava que ele me to-


casse todas as noites, mas não era como se estivéssemos tendo conversas
profundas e significativas no escuro. Não passamos nenhum tempo juntos du-
rante o dia. Dormi na cama dele ao lado dele, mas não o conhecia. Alguém
conhecia o verdadeiro Cillian O'Rourke? Ou todos em sua vida obtiveram a ver-
são que ele queria que vissem? A ideia enviou pedaços de gelo em minhas veias.

Lutando contra meus nervos, liguei para o número dele e me preparei para
algum motivo estranho. Provavelmente porque eu não sabia quem iria atender.
Ele me mostrou duas pessoas diferentes. Havia algo de Cillian em Dean? Algum
do verdadeiro Cillian apareceu quando ele fez essa transformação? Ou ele era
apenas um sociopata?

Ele perseguiu você, invadiu sua casa e observou você dormir. Ele assassinou
o próprio irmão e forçou você a se casar com ele.

— Sophia? — Sua voz era baixa, mas totalmente ilegível.

— Ah, ei. Você pode conversar ou está ocupado?

Houve uma batida de silêncio. — Algo está errado?

— Não... bem, nada que ponha a vida em risco.

Mais silêncio, e desta vez se arrastou. — Por que você está ligando, Sophia?
Eu pulei, sua voz áspera me assustando. — Você disse para ligar se eu pre-
cisasse de alguma coisa.

— Eu sei.

Merda, pareci a maior idiota.

— Sophia. — disse ele, e havia um pouco de rosnado em sua voz.

— Certo, sim, desculpe. Tenho clientes esperando que eu termine seus pro-
jetos e preciso do meu computador e tablet do apartamento.

— Certo.

Esperava que ele me dissesse não novamente. — Então eu posso ir buscá-


los?

— Não, eu vou. Algo mais?

Sim, mas isso parecia estranho. Estava prestes a pedir ao monstro O'Rourke
para ir buscar algumas coisas para mim, como se ele fosse apenas um cara
domesticado comum, não o chefe de uma família de mafiosos. — O resto das
minhas roupas estão na cômoda grande, minhas joias em cima dela e tem ma-
quiagem no armário do banheiro que eu quero... quero dizer, se estiver tudo
bem?

— Eu pego. — Houve outra pausa. — Vejo você mais tarde.

Por que diabos meu coração pulou uma batida? Abri a boca, sem saber o
que dizer, mas ele já havia desligado.

Depois dessa interação estranha, tirei uma soneca. Eu não estava dormindo
tanto quanto precisava, por motivos óbvios, e quando isso aconteceu, meu
corpo me forçou a descansar. Então me cerquei de travesseiros e cedi.
Acordei algumas horas depois e, sem saber o que fazer comigo mesma, co-
mecei a vagar. A casa foi dividida em duas alas. Havia uma seção térrea que se
projetava na lateral, que eu tinha visto quando chegamos ontem. Você tinha que
passar pela cozinha para chegar até lá. A primeira porta que abri foi uma aca-
demia enorme, com todos os equipamentos que você poderia desejar. Outra
casa de banho, uma kitchenette. Uma adição totalmente independente pela
aparência. Abaixo disso havia uma pequena sala de estar e um quarto. Parecia
que alguém estava hospedado aqui. Havia uma sacola ao lado da cama e um
copo de água meio vazio. Era aqui que seus homens dormiam quando guarda-
vam a casa?

Eu me abaixei. Havia mais uma porta ao lado dela. Agarrando a alça, em-
purrei-a e congelei.

Seamus O'Rourke estava deitado numa cama do outro lado do quarto. Ele
estava vivo, sim, mas parecia frágil e estava preso a um monte de tubos. Cillian
o poupou por algum motivo, mas duvidei que fosse pela bondade de seu cora-
ção. Ele teria que ter um para isso. Uma enfermeira estava sentada ao lado dele
e lia em voz alta. Ela olhou para cima, me alcançando antes que eu pudesse dar
o fora dali.

— Sinto muito. — Eu disse. — Eu não queria incomodar... eu...

— Venha aqui, garota. — Seamus disse, seus olhos verdes, tão parecidos
com os de Cillian, fixos em mim.

Eu hesitei.

— Não é como se eu fosse uma ameaça. — disse ele, com a voz esganiçada
e fina.

A última vez que o vi foi com Adam em nossa casa. Ele me deu arrepios
naquela época, e agora também. Não importava que ele estivesse acamado e
frágil. Aqueles olhos dificultavam a desobediência, e me vi entrando na sala.
— Dê-nos um minuto, por favor, Sally? — ele disse para a enfermeira.

— Se você prometer não ficar nervoso. — disse ela.

Ele riu. — Mulher, a única coisa que me deixa excitado é essa bunda re-
donda e esses seus peitos enormes quicando na minha frente o dia todo.

Ela balançou a cabeça para ele, mas não pareceu perturbada ou enojada.
Eu tive que lutar para não me encolher. Ela saiu, fechando a porta atrás dela.

— Sente-se, garota, eu não mordo. Ou pelo menos não posso, não mais. —
Aqueles olhos mortos passaram por mim da cabeça aos pés. — Mas eu não me
importaria de dar uma mordida em você, querida.

Lutei contra meu tremor e me sentei como ele pediu, sem saber por que
fiquei, não era como se ele pudesse me forçar a isso. Durante toda a minha vida
me disseram para respeitar os mais velhos, meu pai exigiu isso, mas esse ca-
nalha não fez nada para merecer isso. Eu não tinha dúvidas de que Seamus era
o maior monstro de todos.

— Então ele se casou com você? Eu me perguntei. — disse ele. — Ele te


contou que matou meu filho?

Eu balancei a cabeça.

— Acho que só posso culpar a mim mesmo. A mãe dele sempre dizia que
ele não estava bem da cabeça. Eu o trouxe e seu irmão mais novo aqui quando
eles eram jovens, pensei que algum tempo comigo iria resolver Cillian. Ele era
como um cachorro vadio, zangado e desconfiado. A confiança é perigosa em
nosso mundo, então eu bati nele para ter certeza de que ele nunca se esque-
ceria, depois bati nele até que ele aguentasse e nem mesmo recuasse. Eu fiz
dele o assassino frio que ele é. O único problema é que ele não entende a leal-
dade. Eu criei um monstro, então ele se voltou contra mim.

O horror me encheu. Achei que nunca poderia sentir pena de Cillian, mas
naquele momento senti. Meu coração se partiu pelo garoto que ele era,
indesejado, irritado, desconfiado. Como um pai poderia bater no próprio filho?
Não, eu não tinha passado muito tempo perto dele ou de seus homens, mas
Seamus estava errado, Cillian tinha certeza de sua lealdade, e não havia dúvida
de que ele confiava em Declan e Conor.

— Por que você está aqui, então? — Se Cillian se voltou contra ele, por que
ele ainda estava vivo?

Seu olhar escureceu. — Ele quer me ver sofrer. Prefiro que ele coloque uma
bala em mim e acabe com isso. — Sua mão disparou, agarrando meu pulso e,
apesar de sua fragilidade, seu aperto foi doloroso. — Você poderia me ajudar.

Balancei a cabeça, tentando me livrar de seu aperto. Eu não queria fazer


parte disso, fosse lá o que fosse.

— Você me tira daqui e farei o mesmo por você. — Estremeci quando ele
apertou meu pulso com mais força. — Ele vai matar você, garota. Um dia você
vai baixar a guarda, vai achar que está tudo bem, aí ele vai explodir seus miolos
onde você dorme. Você não está segura aqui.

Tentei libertar minha mão novamente, mas ele não me soltou. — Ele disse
que nunca me machucaria...

— E você acredita nele? Cillian está quebrado, ele está frio até a alma, um
monstro sem emoção. Ele não tem personalidade própria, então finge ser outra
pessoa. Ele costumava assistir filmes por horas, ler um monte de livros sobre
psicologia e essas coisas, aprendendo a agir como um maldito ser humano. Ele
finge ser o que as pessoas querem para conseguir o que ele quer. — Ele me
puxou para mais perto, com medo em seus olhos. —Ele é um maldito psicopata.

A porta se abriu e Cillian ficou ali, com os olhos brilhando, nem frio, nem sem
emoção. Eles focaram em Seamus. — Solte minha esposa ou tirarei seus dedos,
um de cada vez, e farei você comê-los.
O medo no rosto de Seamus desapareceu como se nunca tivesse existido.
Ele não piscou, não vacilou enquanto me soltava lentamente e, naquele mo-
mento, eu não tinha certeza de qual deles era realmente o psicopata.

Sally entrou correndo na sala. — Está tudo bem?

— Meu pai está em um estado alterado, é melhor você dar a ele algo para
ajudá-lo a dormir. — Cillian olhou para ele, e o olhar em seus olhos me causou
arrepios.

Seamus ficou vermelho, seu olhar cortando entre Cillian e Sally. — Não se
atreva a me sedar, e não sou seu pai. Eu não sou a porra do seu pai. — Ele
gritou, realmente se esforçando agora, fazendo exatamente o que Cillian queria.
— Eu nunca quis você. Eu disse a sua mãe para se livrar de você e de seu irmão,
mas ela pensou que ter filhos me manteria ligado a ela.

— Acalme-se. — disse Sally, pegando um pequeno frasco e enchendo uma


seringa.

Seamus começou a se debater, não deixando que ela se aproximasse dele.


Cillian se aproximou e o segurou, com uma expressão em seu rosto que eu não
consegui ler. Ele estava gostando disso? Mantendo todo o poder agora sobre o
cretino malvado que o criou e abusou dele? Eu não sabia.

Sally esvaziou a seringa no soro na mão de Seamus e, um momento depois,


sua luta diminuiu e ele caiu para trás. Cillian agradeceu, pegou minha mão e me
arrastou para fora da sala.

— O que você estava fazendo aqui? — ele disse enquanto me puxava pelo
corredor de volta para a cozinha da casa principal.

— Estava entediada e solitária… estava apenas explorando a casa. Eu não


sabia que você tinha Seamus aqui. — Ele me rebocou para a sala de estar. —
Eu meio que pensei... eu pensei...

— Que eu o matei?
— Sim. — Não fazia sentido fingir o contrário.

— Como você acabou de ver, ele está bem vivo. Não quero que você volte
para aquela parte da casa, entendeu?

Balancei a cabeça e ele começou a andar novamente, me levando com ele,


subindo as escadas e entrando no quarto. Havia sacolas e caixas, minhas coi-
sas empilhadas do lado de dentro da porta.

— Você pode configurar a sala no final do corredor como seu escritório. Con
já colocou sua mesa e cadeira lá. Se precisar de mais alguma coisa, me avise e
garantirei que receba.

Olhei para a pilha. Não foram apenas algumas coisas. — Isso é tudo? Todas
as minhas coisas.

— Esse apartamento não é mais sua casa, Sophia, é isso. — Ele tirou a
jaqueta e pendurou. — Estou pedindo o jantar. Você quer alguma coisa em par-
ticular?

Eu balancei minha cabeça.

Ele assentiu, seu olhar se movendo sobre mim. — Eu comprei um vestido


para você.

Isso me parou no meio do caminho. — Por quê?

— Seu pai está dizendo a qualquer um que queira ouvir que você é minha
prisioneira, que estou abusando de você. Eu normalmente não daria a mínima
para o que as pessoas pensam de mim, mas Alto gosta muito de família. Se ele
achar que estou machucando você, isso poderá comprometer nosso acordo.

— Você fez um acordo com Alto Leone?

— Sim, mas é provisório.


— Então minha família está segura?

— É complicado. As coisas ainda estão voláteis. Existem outras famílias, ali-


ados, parceiros de negócios, inimigos nos observando neste momento. A mu-
dança de mãos, comigo assumindo, deixou algumas pessoas inquietas. Preci-
samos mostrar a todos que a aliança entre as nossas famílias é forte, que somos
uma frente unida e que um ataque a uma é um ataque a ambas. Alto nos con-
vidou para um de seus clubes esta noite. Ele quer nos ver juntos por si mesmo.

— Paolo estará lá?

— Depois do que ele fez? De jeito nenhum. Alto sabe melhor. Será discreto.
Nós iremos, você mostrará a eles que está feliz, nós iremos embora.

Eu olhei para ele. Ele não poderia estar falando sério. — Mas não estou feliz.

— Então você vai fingir. — Ele disse sem perder o ritmo e saiu.
Capítulo Treze
Cillian

Olhei para o oceano e tomei um gole de minha bebida.

Tínhamos comido há pouco tempo. Eu fiz o pedido no restaurante tailandês


da cidade porque sabia que Sophia gostava do khao soi deles. Ela costumava
pegar muito quando morava sozinha. Eu tinha visto os recibos do apartamento
dela na mesa ao lado da porta.

Quando Sophia estava saboreando a comida, ela fazia barulhos de agrade-


cimento, parecidos com os que ela fazia quando eu a fazia gozar. Meu pau fi-
cava duro todas as noites só de observá-la.

Esta noite, porém, a agitação no meu estômago superou qualquer outra


coisa. Eu não sabia o que havia de errado comigo, mas era como se algo tivesse
alcançado minhas costelas e apertado. Pressionei minha mão no meu peito.
Meu coração batia mais rápido, da mesma forma que acontecia depois de um
bom treino.

Nós iremos, você mostrará a eles que está feliz, nós iremos embora.

Mas não estou feliz.

Suas palavras, aquela expressão em seu rosto quando ela disse isso, se re-
petiam em minha cabeça. Como diabos eu saberia o que era feliz? Eu presumi
que sim porque ela ainda estava aqui, certo? Ela não tentou correr novamente.

Porque você ameaçou a família dela.

Esfreguei minhas têmporas, confuso. Eu tinha dominado meu autocontrole,


se não tivesse, já teria fodido Sophia. Mas essa sensação de reviravolta no fundo
do meu estômago, como se eu não estivesse em terra firme, era perturbadora
e eu não sabia como fazê-la parar. Sophia estava segura, protegida. Ela tinha
todas as suas coisas. Um escritório para fazer seu trabalho. Uma casa grande,
uma cama confortável. Eu a fiz gozar forte todas as noites. Presumi que essas
coisas a fariam feliz. Mas quando eu disse isso em voz alta e ela me contradisse,
eu fiquei... surpreso.

Quando eu costumava ir ao apartamento dela e observá-la dormir, eu espe-


rava que acabássemos aqui. Que eu de alguma forma a tornaria minha. Eu com-
prei esta casa pensando nela, querendo dar a ela o tipo de lar que ela estava
acostumada enquanto crescia. Eu tinha pintado as paredes da mesma cor que
ela pintou em sua casa, os mesmos lençóis, as mesmas toalhas. Eu fiz o que
pensei que ela iria querer. Mas estava fazendo algo errado, obviamente.

Por que você se importa?

Eu fiz? Importava-me se ela estava contente? Bem, considerando que eu


estava aqui ainda pensando nas quatro malditas palavras que ela disse há três
horas, parecia que sim. Foi uma constatação para a qual eu não estava prepa-
rado. O que isso significa? O que diabos eu deveria fazer agora? As emoções
de uma mulher, a porra das emoções de qualquer pessoa, estavam além da
minha compreensão. Eu não sabia como consertar isso.

Um barulho veio atrás de mim e me virei enquanto Sophia descia as esca-


das. Ela estava com o vestido que comprei para ela. Eu não selecionei, Dec
organizou. Ele conhecia as pessoas certas e eu não tinha a mínima ideia por
onde começar. Ele me enviou fotos de dois vestidos diferentes e escolhi este.

Era pêssego, a cor quase igual à sua pele, fazendo-a parecer nua à primeira
vista. A bainha parava no meio da coxa e havia um leve brilho no vestido quando
ela se movia. O tecido deslizava sobre suas curvas, abraçando seus seios per-
feitos, e era mantido no lugar por tiras tão finas que parecia que iriam quebrar
se ela se movesse para o lado errado. Seus sapatos combinavam com o vestido,
o salto era pontiagudo, e eu queria envolver suas pernas em volta da minha
cintura e transar com ela nele.
— Você gosta disso? — Eu disse antes que eu percebesse que as palavras
estavam saindo da minha boca.

Ela passou as mãos pelos quadris, a boca torcendo para o lado. — É um


pouco mais revelador do que estou acostumada. — Seu longo cabelo loiro es-
tava solto em ondas suaves e seus olhos azuis claros estavam fixos em mim. —
Eu me sinto meia nua.

Meu estômago se apertou e minhas palmas ficaram suadas pra caralho. Mi-
nha boca realmente encheu de água. Eu queria que ela gostasse. Normalmente,
eu tinha que procurar na minha mente a coisa certa a dizer, o que era apropri-
ado, algo que eu tivesse visto em um filme. Eu não precisava desta vez. — Você
está linda. — Minha voz era profunda e áspera pra caralho.

Os cílios pesados que sombreavam suas bochechas se ergueram e ela me


olhou quase com desconfiança. Eu não fiquei surpreso. Eu nunca disse essas
palavras para ninguém em minha vida.

— Você não acha que é... muito revelador? — ela perguntou, suas boche-
chas ficando rosadas.

Balancei a cabeça, prestes a dizer a ela que mudei de ideia e arrastá-la para
cima. Eu não conseguia me cansar de tocá-la.

Eu a acordava todas as noites com minhas mãos, minha boca. Fazer minha
esposa gozar era um vício. Eu não precisava mais ficar quieto, silencioso e gen-
til, não como quando a segurei em seu apartamento. Em vez de garantir que ela
continuasse dormindo, eu a provocava e brincava com ela, rosnando merdas
sujas em seu ouvido, tocando-a, brincando com ela até que ela acordasse de
seu sono profundo, molhada, se contorcendo e desesperada por mais.

Alguém bateu na porta. A porta abriu e Conor entrou. — Você está pronto?
— Seu olhar deslizou para Sophia e seu queixo se ergueu, só um pouco, mas
eu não perdi, antes que seu olhar cortasse seu corpo da cabeça aos pés.
Eu queria rosnar como um maldito animal selvagem. Em vez disso, forcei-o
para baixo, e quando Con olhou para mim novamente e percebeu que eu o tinha
visto olhando para minha esposa, ele sorriu.

Sophia saiu pela porta.

— Se você fosse qualquer outra pessoa. — Eu disse a ele.

— Você cortaria minha garganta? — ele disse, nem um pouco preocupado.

Ele e Dec eram as únicas pessoas neste mundo em quem confiava comple-
tamente. Sophia era linda pra caralho e Conor tinha olhos. Ainda. —Não, mas
vou te foder.

Ele riu. — Justo. É melhor você afiar sua faca, grandalhão, você está prestes
a levar um lanche saboroso para uma sala cheia de leões famintos.

Sophia

Bebi minha bebida e olhei ao redor da sala novamente. Eu me senti como


um peixinho em um tanque de tubarões.

Eu não conhecia ninguém aqui, mas várias pessoas vieram parabenizar Cil-
lian e eu, apertando sua mão e beijando minha bochecha como se fôssemos
velhos amigos em vez de inimigos.

Alto Leone estava na nossa frente agora e sorriu gentilmente para mim. —
É um prazer finalmente conhecer você, Sophia. Devo dizer que você é incrivel-
mente adorável. Entendo por que Paolo estava tão apaixonado por você.

Cillian enrijeceu ao meu lado.


Alto riu. — Eu falei com ele. Ele não é uma ameaça para nenhum de vocês.
— disse ele a Cillian.

— Walter Mazzo passou na minha casa há uma semana. Ainda estou com o
carro dele, e os lacres e a fita adesiva que ele tinha no porta-malas. — Cillian
disse a ele. — Se ele quiser de volta, diga que esperarei.

Alto enrijeceu. — Essa é a primeira vez que ouço falar disso.

— Ele fugiu e não voltou. — Cillian sustentou o olhar do outro homem. —


Por favor, diga que se ele chegar perto da minha esposa novamente, ele voltará
para você em pedaços.

A raiva acumulada brilhou no olhar de Alto. — Nossas famílias têm uma tré-
gua, ele quebrou. Eu cuidarei disso.

Cillian assentiu. — Ou melhor ainda, você o envia para mim quando o en-
contrar.

Ele deu um aceno rígido. — Eu posso providenciar isso.

Meu estômago revirou. Cillian iria matar Walter.

— Certo, chega dessas coisas desagradáveis. — disse Alto, e o sorriso ca-


loroso estava de volta em seu rosto. — Diga-me, Sophia, como você está apro-
veitando a vida de casada? Seu novo marido trata você bem?

Eu me forcei a não pensar no assassinato que tinha sido tão facilmente dis-
cutido e arranjado na minha frente e coloquei um sorriso no rosto. Eu tinha que
manter Tommy seguro, e isso significava mentir descaradamente. Eu podia sen-
tir o olhar de Cillian queimando em mim. — Sim muito bem.

— Fico feliz em ouvir isso. Eu sei que essas alianças podem ser difíceis no
início. Minha própria esposa, Luciana, levou algum tempo para se adaptar
quando nos casamos. — Ele apontou para uma cicatriz na lateral da garganta.
— Ela não estava feliz com o fato de seu pai tê-la casado. Uma noite acordei
com a faca dela na minha garganta. — Ele riu, os olhos dançando como se
estivesse se lembrando de algo emocionante. — Ela não cortou a artéria, feliz-
mente. Agora olhe para nós, casados há trinta e sete anos e com cinco filhos.

— Ela tentou matar você? — Eu ofeguei.

Ele encolheu os ombros. — Ela estava com medo. Aliviei suas preocupa-
ções, fizemos bebês, a vida era linda. — Seu olhar deslizou para uma garota de
cabelos escuros do outro lado da sala, depois de volta para Cillian. — É melhor
você dizer a Declan para dormir com um olho aberto quando ele se casar com
minha Gaia. Ela é muito parecida com a mãe.

Declan e Gaia Leone estavam noivos? E pelo que parece, ela também não
tinha voz sobre com quem se casaria.

Cillian grunhiu. — Meu irmão é o charmoso. Acho que ele vai ficar bem.

Alto riu novamente e balançou a cabeça. — Se você diz, mas não diga que
não avisei. — Ele sorriu amplamente. — Foi um prazer conhecer você, Sophia.
Por favor, fique, aproveite o vinho e a música. — Então ele caminhou em direção
a uma mulher que presumi ser sua esposa.

Cillian olhou para mim e, em vez de gelo, havia algo mais em seus olhos. —
Não tenha ideias, querida.

Ele estava brincando? Na verdade, eu não poderia dizer. Meu coração dis-
parou. — Você já estaria morto se esse fosse meu grande plano. — Eu disse e
sorri.

Suas narinas dilataram-se e seu peito expandiu-se acentuadamente, mas a


expressão em seu rosto não mudou. Ele enrolou os dedos ao redor da minha
garganta, o polegar pressionando levemente contra a minha pele. — Como
você faria? Me levar à submissão no meio da noite?

— Talvez. — Eu disse, parecendo sem fôlego.


— Estou disposto a lutar nu sempre que você quiser. — disse ele, seu olhar
deslizando sobre mim, como se estivesse me vendo nua agora.

O calor queimou minhas bochechas. Ele tirou meu pijama na noite passada,
e eu deixei. Eu o deixaria me lamber e me foder com os dedos. Eu implorei para
ele fazer isso e, como todas as noites, ele não pediu ou pressionou por mais. A
mão ao redor da minha garganta deslizou mais para o lado do meu rosto antes
que ele passasse o polegar sobre minhas bochechas, sem dúvida, brilhantes.

Seus lábios se contraíram.

Não é um sorriso, mas perto. Este Cillian era diferente. Eu não sabia para
quem eu estava olhando naquele momento, quem estava me provocando. Se-
amus disse que Cillian assistiu filmes, leu livros para aprender como interagir
com os outros, bem, na verdade ele disse para aprender a ser humano, porra.
Foi de lá que Dean veio? Era isso que estava acontecendo agora? Cillian defini-
tivamente não poderia baixar a guarda nesta sala cheia de tubarões, então
quem ele estava me dando agora? Não achei que isso fosse uma versão de
Dean.

Eu tinha certeza de que quase fiz o monstro O'Rourke sorrir.

De alguma forma, eu tinha rompido sua máscara, só um pouco. Tudo que


eu precisava era que ele baixasse a guarda, me desse um pouco de liberdade,
e quando a oportunidade chegasse, eu planejaria a minha fuga e a de Tommy.

— Posso ser menor que você, mas não sou um peso leve. — eu disse, e
fiquei surpresa ao perceber que estava realmente me divertindo. Fiquei animada
em bagunçar aquele exterior duro. — Eu vi uma mulher em um filme uma vez e
ela sufocou um cara até a morte com as coxas.

Seus olhos verdes brilharam. — Então, no seu cenário, minha cabeça está
entre as suas pernas?
Mordi meus lábios. Na verdade, eu não tinha pensado no que estava di-
zendo. — Uh... bem, sim.

— Se você quiser praticar sua técnica mais tarde, estou à disposição.

Minha respiração estava ficando irregular. Posso não querer me casar com
um assassino, mas isso não impediu que meu corpo traidor ficasse quente perto
dele. — Quero dizer, se você quiser levar uma surra.

Seus olhos brilharam, dançando.

O que diabos estava acontecendo aqui?

— Cillian. — Uma voz áspera disse.

Ele imediatamente se endireitou e o brilho em seus olhos desapareceu. Seu


corpo se acalmou e suas mãos caíram, agora soltas ao lado do corpo, como um
antigo pistoleiro de filme se preparando para sacar rapidamente.

Um homem grande, suado e com uma barriga grande fechou o espaço entre
nós. Sua boca carnuda parecia gordurosa, como se ele tivesse acabado de co-
mer costeletas e não tivesse se preocupado em limpar. Seus olhos eram pretos
e totalmente desprovidos de qualquer coisa. Quando eles pousaram em mim,
eu realmente estremeci. Aqueles eram os olhos de alguém que poderia fazer
todo tipo de coisas horríveis e nojentas e não apenas nunca perder o sono por
causa disso, mas aproveitar cada momento fazendo alguém gritar por miseri-
córdia.

— Esta deve ser sua esposa. — Ele estendeu uma mão musculosa.

Eu não tive escolha a não ser aceitar. Sua mão era dura, mas sua pele estava
macia e suada.

— É uma coisinha linda, não é? — ele disse para Cillian. — Bunda gorda,
peitos grandes. Aposto que ela é um bom passeio.
Soltei minha mão e automaticamente me aproximei de Cillian. O que eu que-
ria fazer era mandá-lo se foder, mas conhecia homens como ele. Dizer uma
merda dessas rendeu a você um lábio cortado. Meu pai nunca tinha me batido,
mas eu tinha visto outros fazerem isso sem pestanejar. Seria melhor para mim
e para Cillian se eu ficasse de boca fechada, mas era difícil. O braço de Cillian
me envolveu, como se ele sentisse meu desconforto, e me puxou com força
contra ele. Seu corpo era duro, inflexível.

— Se você falar assim da minha esposa de novo, Vince, eu corto sua língua
fora. — O gelo na voz terrivelmente calma de Cillian não deixou dúvidas de que
não era uma ameaça, mas uma promessa.

O olhar do homem mais velho voltou para Cillian e ele ficou vermelho. —
Cuidado, garoto.

— Não sou garoto, velho. É melhor você lembrar com quem diabos você
está falando. — disse Cillian, seu olhar duro fixo no outro homem.

Vince deu um passo para trás. — Eu não quis ofender. — Ele olhou para
mim novamente. — Sua esposa é muito bonita. Estava fazendo um elogio a ela...

— Não olhe para ela. — disse Cillian. — Não fale com ela, não pense nela.
Eu não dou a mínima que você seja da família do Alto. Vou cortar sua garganta
sem pensar, entendeu?

Empurrei mais fundo em Cillian, querendo estar em qualquer lugar, menos


ali. Eu sabia com cada parte de mim que ele nunca deixaria esse homem me
machucar, mas senti a violência controlada vindo dele. Ele não mostrava nada
disso externamente, mas seu corpo era sólido como uma rocha contra o meu,
como se ele fosse se despedaçar a qualquer momento. Ele estava preparado,
pronto para fazer exatamente o que acabara de dizer. Não, ele queria fazer isso.
Eu não tinha dúvidas de que ele mataria Vince aqui e agora na frente de todas
essas pessoas.
Isso seria um grande erro, aqui no clube de Alto, com todas estas testemu-
nhas. Não haveria como evitar uma guerra então. Pressionei minha mão no peito
de Cillian. — Cillian?

Ele respirou fundo, como se estivesse prendendo a respiração.

Vince inclinou a cabeça e deu outro passo para trás, tomando cuidado para
não olhar para mim enquanto se virava e se afastava rapidamente.

Cillian pegou minha mão, ainda em seu peito, e envolveu-a na dele, indo em
direção à porta. Declan nos viu, e ele e Con, que estavam do outro lado da sala,
nos seguiram.

— O que está acontecendo? — Declan perguntou quando saímos.

— Vince estava falando mal. — disse Cillian. — Vou levar Sophia para casa.
Provavelmente é melhor você e Con ficarem.

Declan assentiu.

Conor saiu conosco, vasculhando as ruas enquanto caminhávamos até um


carro que nos esperava. Cillian abriu a porta do carro e me fez entrar, depois
me seguiu.

Outro homem de Cillian, Danny, estava no banco do motorista e saiu para a


rua.

Cillian ficou sentado lá como uma pedra, aquelas mãos tatuadas e com ci-
catrizes cerradas com tanta força nos joelhos que os nós dos dedos estavam
brancos.

Olhei para ele, mas permaneci em silêncio. Eu não estava com medo,
mesmo com a energia selvagem que irradiava dele agora. Não sei o que mudou,
e tenho certeza de que era perigoso baixar a guarda perto dele, confiar nele,
mas desde que me forçou a casar com ele, ele não fez nada que me machu-
casse.
Pensei nas coisas que Seamus tinha dito, na forma horrível como ele tratou
Cillian quando ele era apenas uma criança. Não admira que ele fosse do jeito
que era. Eu realmente queria continuar odiando-o, depois de todas as coisas
que ele fez, mas ele fez de tudo para me deixar confortável. Ele pegou minhas
coisas, abriu espaço para mim em sua casa. Ele foi paciente comigo quando eu
sabia que muitos outros homens em sua posição não teriam sido. Havia mais
nele do que ele deixava a maioria das pessoas ver, e percebi que queria enten-
der esse homem. Ele foi moldado por um monstro, mas o verdadeiro Cillian es-
tava lá embaixo, e esta noite ele me deu um vislumbre dele, eu tinha certeza
disso, e queria que ele me mostrasse mais. Eu queria saber quem ele realmente
era.

Sim, eu deveria odiá-lo, mas talvez se eu pudesse conhecê-lo, chegar até


ele, ele me deixaria ir, ele me libertaria deste casamento arranjado insano.

Eu o estudei enquanto, com a mandíbula ainda tensa, ele desenrolava os


dedos e começava a torcer a larga aliança de casamento que eu havia colocado
em seu dedo. Ele parecia fazer isso com frequência. Cobri sua mão com a mi-
nha. — Você está bem?

Ele não se moveu por vários segundos, então se virou para mim, olhando
para mim pelo que pareceu uma eternidade, uma expressão em seu rosto que
eu nunca tinha visto nele antes e não tinha esperança de ler. Eu queria me con-
torcer sob aquele olhar.

Ele se moveu de repente, apertando um botão na porta, e uma tela blackout


deslizou entre nós e Danny.

— Cillian?

— Ninguém nunca me perguntou isso antes. — disse ele com uma voz es-
tranha.

Pisquei para ele, confusa. — Ninguém nunca perguntou se você está bem?
Ele balançou a cabeça e agarrou minhas pernas, deslizando-me pelos as-
sentos de couro. Eu gritei, mas ele já estava no chão, ajoelhado ali. Ele empur-
rou meu vestido para cima e agarrou minha calcinha com os punhos, o som dele
rasgando veio em seguida, um momento antes de ele jogar minhas pernas sobre
seus ombros, agarrar minha bunda e cobrir minha boceta com sua boca.

Eu gritei, arqueando-me contra o assento. Ele agarrou minha bunda com


mais força em suas mãos fortes e deleitou-se comigo como um homem faminto.
Suas pálpebras tremeram enquanto ele deslizava a língua sobre mim, provo-
cando meu clitóris, chupando-o suavemente, me fazendo tremer. Enfiei meus
dedos em seu cabelo, minha mente em um turbilhão, tentando acompanhar en-
quanto meus quadris se erguiam por conta própria, buscando mais. Podemos
não saber como nos comunicar, mas o que fazíamos à noite, no escuro do
quarto dele, era fácil.

Agora, quando ia para a cama, ficava acordada, esperando por ele. Eu an-
tecipei a maneira como seus braços me envolveriam e me puxariam contra ele,
a maneira como ele me maltrataria onde ele queria, o elogio sujo que ele faria
em meu ouvido enquanto me fazia sentir tão incrivelmente bem.

Ele levantou a cabeça, me abriu mais e depois cuspiu na minha boceta antes
de mergulhar os dedos profundamente dentro de mim, dando-me de uma ma-
neira que ele sabia que eu amava, a maneira que me fez perder todo o controle.
Seus olhos se fixaram nos meus enquanto ele me saqueava, rápido e forte. A
bobina na parte inferior da minha barriga girou de uma maneira que eu conhecia
bem.

— Cillian, não, vá devagar... eu vou... — Meu estômago tremeu e minhas


coxas tremeram. Os músculos dentro de mim se contraíram com força. Eu gemi.

Seu olhar se aguçou e ele não desistiu, sabendo exatamente o que estava
fazendo comigo. — Solte, querida. Me dê o que eu quero.
O orgasmo me atingiu e gritei, choramingando e me sacudindo, jorrando por
toda a sua mão. Eu balancei contra seus dedos, meu corpo completamente sob
seu controle.

— É isso. — Ele disse baixo. — Isso é o que eu quero.

Ele não desistiu até que o último tremor passou por mim e caí para trás,
respirando com dificuldade, os membros como gelatina. Observei enquanto ele
usava minha calcinha rasgada para limpar minhas coxas antes de colocá-la no
bolso, então ele puxou meu vestido para baixo e me colocou em seu colo, fa-
zendo o que fazia quando estávamos na cama, no escuro. Ele me segurou perto.

Estava exausta demais para me mover, para fazer qualquer coisa além de
me deitar contra seu peito forte. — Você me agradou muito esta noite, Soph. —
Ele disse finalmente, gentilmente.

O calor encheu minha barriga e escureceu minhas bochechas, não de ver-


gonha, mas de prazer. Eu não sabia o que era, mas quando ele dizia coisas
assim, eu derretia. Deus, estava começando a pensar que poderia fazer qual-
quer coisa para agradá-lo, ouvi-lo me chamar de carinhosa, ouvi-lo me dizer que
eu era sua boa garota com aquela voz sexy e áspera.

O carro diminuiu a velocidade e depois parou.

A voz de Danny ecoou ao nosso redor. —A porta da garagem está emper-


rada.

Cillian amaldiçoou, me colocou ao lado dele e abriu a porta. Ele examinou a


área e estendeu a mão para mim. Eu peguei e deslizei para fora.

Começamos em direção à casa...

Algo bateu na parede com um baque e depois bateu no corrimão de aço ao


meu lado. Cillian me agarrou, me jogando no chão, seu corpo caindo em cima
de mim. O trovão explodiu ao meu redor um momento depois.
Alguém estava atirando em nós e Cillian respondia.
Capítulo Quatorze
Cillian

Alguém vestido com roupas escuras girou e correu. Atirei, mirando na nuca
deles, mas eles estavam muito longe. Danny saiu correndo atrás deles, e eu
peguei uma Sophia congelada em meus braços e corri para casa. Eu não tinha
certeza se aquele era o único atirador e não iria ficar aqui como um maldito alvo
fácil.

Digitei o código de segurança na porta e entrei correndo. Sally estava pa-


rada no meio da sala, com os olhos arregalados, obviamente em estado de cho-
que.

— Tudo está sob controle, Sally. Volte para Seamus.

Ela assentiu, virou-se e saiu pela cozinha. Continuei pela sala e subi as es-
cadas até o quarto, carregando Sophia para minha cama.

Ela estava tremendo fortemente contra mim. Ela tremeu no restaurante esta
noite também quando Vince se aproximou dela na festa. Algo dentro de mim
quebrou, sabendo que ela estava com medo, que ela estava buscando conforto
em mim, um homem que nunca deu conforto a ninguém em toda a sua vida.
Agora alguém havia atirado em nós, por pouco não a acertou lá fora, e ela es-
tava se agarrando a mim com toda a força que tinha, e eu não sabia o que
diabos fazer.

— Está tudo bem, querida. — Eu disse. — Você está segura aqui. Esta casa
é uma fortaleza. Ninguém vai entrar aqui, Soph. — Foi a coisa certa a dizer?
Foda-se se eu soubesse. Ouvi a porta bater lá embaixo. — Preciso falar com
Danny. — Eu disse a ela, embora ela não tivesse dito uma palavra em resposta.
Peguei seu queixo e inclinei sua cabeça para trás para ter certeza de que ela
estava comigo. — Soph?
Ela assentiu com firmeza, mas não me soltou.

Cuidadosamente soltei seus dedos e houve um chute no centro do meu peito


quando saí da cama. Eu não queria deixá-la assim. — Eu volto já.

Ela assentiu novamente e saí e voltei para a sala de estar. Danny ficou ali,
com os dentes cerrados. Ele levou um tiro no ombro e estava sangrando no
chão.

— Ele se foi. Tinha alguém cobrindo-o. Eles me atacaram quando fui atrás
deles.

— Paolo? — Eu disse.

Danny assentiu. — Esse seria o meu palpite.

— Precisamos encontrá-lo. — Apontei meu queixo em direção à cozinha e


à porta da ala da casa de Seamus. — Mas primeiro, vá ver Sally, ela vai cuidar
de você. Preciso falar com Alto.

Danny saiu e voltei para o meu escritório, digitando o número de Alto en-
quanto subia.

— Cillian. — Ele disse, sua voz suave.

— Estou ligando para você primeiro como cortesia, nada mais. Sophia e eu
fomos baleados esta noite, em minha casa. Quando eu encontrar Paolo, e en-
contrarei, ele será um homem morto.

Silêncio. — E você sabe que foi ele com certeza? Você viu o rosto dele?

— Eu não precisava. Era ele, e ele não estava sozinho. Quer me contar al-
guma coisa, Alto?

— Sou um homem de honra, irlandês, e não gosto que isso seja questionado.
Precisamos nos encontrar.
A trégua e a próxima aliança entre nossas famílias estavam ameaçadas e eu
lutei para recuperar meu controle. Pela primeira vez, lutei para colocar o bem
da família em primeiro lugar e não dizer algo que pudesse comprometer tudo o
que fiz para chegar a este ponto. Mas estava lutando para pensar em qualquer
coisa que não fosse Sophia tremendo em meus braços. — Onde?

Liguei para Danny e pedi para ele duplicar a segurança da casa, depois ca-
minhei pelo corredor para verificar Sophia.

Ela estava enrolada como uma bola, de alguma forma, ela tinha adormecido,
e quando olhei para ela, percebi que não queria ir embora, mesmo sabendo que
ela estava segura em minha casa, mas eu tinha que ir. Isso precisava ser resol-
vido agora.

O cabelo dela tinha caído sobre o rosto e o escovei para trás. Jesus, ela
estava incrivelmente imóvel. Segurei as costas dos meus dedos em seus lábios
entreabertos para sentir o calor de sua respiração. Quantas vezes fiquei no
quarto dela à noite, olhando para ela enquanto ela dormia, lutando contra a von-
tade de tocá-la, confuso com a minha obsessão por ela? Tentando descobrir
por que estava no apartamento dela de novo, por que não conseguia ficar
longe?

Agora eu poderia tocá-la sempre que quisesse. Ela estava na minha cama.
Ela era minha. E eu ainda estava confuso. Eu não sabia por que essa pequena
mulher foi capaz de chegar profundamente dentro de mim e arrastar aquela
parte ofegante e afogada de mim das profundezas mais escuras e sombrias.
Uma parte de mim eu achava que não possuía mais, mas ela possuía, mesmo
sem saber, e quanto mais tempo eu passava com ela, mais eu não suportava
me separar dela.

Corri as costas dos meus dedos sobre sua bochecha macia e quente. Não,
nada nem ninguém iria tirá-la de mim. Não importa o custo.
Coloquei travesseiros em volta dela para minimizar qualquer dano caso ela
tivesse um ataque enquanto eu estivesse fora. Era tudo que eu podia fazer por
enquanto.

Então me forcei a ir embora.

Encontrei Declan e Conor no clube. A festa acabou e a maioria dos convi-


dados já havia saído.

— Sente-se. — disse Alto quando entrei, sem todo o bom humor de antes.

Eu não queria sentar-se. Eu queria abrir um buraco na cabeça de Paolo e


depois vê-lo sangrar no chão. — Isso precisa ser resolvido. — Eu disse ao ho-
mem mais velho, não deixando que ele percebesse minha fúria. Eu era conhe-
cido como um monstro frio que cortava sua garganta sem pestanejar, e quando
Sophia não estava envolvida, essa descrição era mais do que precisa, mas eu
não sentia frio naquele momento. A raiva queimou minha nuca, minhas entra-
nhas, mais brilhante, mais quente a cada momento que passava em que eu não
conseguia machucar os filhos da puta que atiraram em nós e quase atingiram
Sophia.

— Eu não posso permitir que o monstro O'Rourke mate meu sobrinho, você
deve entender isso. Não posso me aliar à família que matou o único filho da
minha irmã.

— E não posso me aliar a uma família que atirou em minha esposa. Seu
sobrinho não se importa com uma aliança, Alto, ele quer a guerra.

A mandíbula de Alto apertou, então ele estalou os dedos. Dois de seus ho-
mens apareceram, arrastando Walter e outro cara com eles. Eles estavam ma-
chucados e ensanguentados. — Paolo está simplesmente equivocado.
— Equivocado? Ele abriu fogo contra minha esposa. — eu disse, mal con-
seguindo controlar minha raiva, algo que nunca tinha sido um problema antes.

— Não posso lhe entregar Paolo, mas depois de sua ligação, enviei meus
homens para encontrar os responsáveis. Estes são os seus pistoleiros e juram
que agiram sozinhos.

— E você acredita neles?

— Eu faço.

Ele estava mentindo, tentando evitar uma guerra entre nós, para salvar o
pedaço de merda do seu sobrinho e muito dinheiro que nossa aliança traria para
ele e para nós. — Eu não sou estúpido, Alto. Paolo quer Sophia e não vai parar
até conseguir o que quer. — Eu não tinha certeza do que era isso. Presumi que
ele a queria para si. Eu pensei que era o alvo dele, mas então sua mentalidade
poderia ter mudado mais para se eu não pudesse tê-la, então ninguém poderia.

O olhar de Alto travou no meu. — Paolo está em um avião neste momento.


Mandei-o para a casa da mãe, na Sicília.

Recusei-me a demonstrar fraqueza, mas foi difícil permanecer sentado e não


explodir a cabeça do velho filho da puta. — Você insulta a mim e à minha família.
Devo retribuição pelo que aconteceu esta noite.

Alto não se moveu, não desviou o olhar de mim, mas vários de seus homens
se aproximaram. Declan e Conor se moveram para ficar ao meu lado, meus
próprios homens agora em alerta total.

— Paolo será vigiado. — disse Alto e recostou-se. — Espero que possamos


deixar esse desconforto para trás agora.

Eu queria meu pedaço de carne de Paolo, mas isso não iria acontecer. Pelo
menos não agora. O que eu queria desesperadamente fazer era dizer a ele que
a aliança estava cancelada, que o casamento entre Declan e Gaia estava can-
celado, e então atirar em cada filho da puta nesta sala, mas eu não era mais
apenas o monstro O'Rourke, eu era o chefe da máfia irlandesa nesta cidade.
Brennan não era nada e todos sabiam disso. Meus movimentos precisavam ser
estratégicos. Essa raiva era nova para mim e eu precisava controlá-la. Eu não
poderia deixar isso me dominar. Uma guerra neste momento seria ruim para
todos nós, inclusive para Sophia.

Então, em vez de sacar minha arma, acenei para meus homens avançarem.
Minha única opção era levar o prêmio de conciliação de Alto.

Eles avançaram e agarraram Walter e seu amigo chorão e os arrastaram


para fora do clube. Então saí, Dec e Conor logo atrás de mim. — Leve-os para
o armazém. — Eu disse e entrei no carro.

Três horas depois, eu estava voltando para casa.

Danny levantou-se da cadeira na sala de estar. Seu braço estava enrolado


e em uma tipoia. Ele parecia pálido. — Vá para casa. Eu tenho tudo sob controle
aqui.

Ele assentiu. — Tudo resolvido? — Ele olhou para os respingos de sangue


na minha camisa branca.

Eu rapidamente contei, o tempo todo querendo verificar como estava So-


phia. Senti um nó no estômago desde que saí daqui uma sensação de urgência
para voltar para casa. Eu não conseguia vê-la assim, no entanto. Eu precisava
tomar banho primeiro. Não foi fácil com Walter ou seu amigo, outro seguidor de
Paolo, para obter as informações de que precisava, e as coisas ficaram compli-
cadas.

Walter confirmou a obsessão de Paolo por minha esposa, que queria o lugar
de Alto, e então implorou por sua vida antes que eu finalmente atirasse nele.
Danny saiu e eu subi as escadas de dois em dois degraus. O quarto estava
escuro quando entrei, Sophia nada além de um pequeno caroço na cama. A
luminária de cabeceira acendeu antes que eu pudesse chegar ao banheiro e ela
se sentou. Os travesseiros que coloquei em volta dela estavam espalhados e
rapidamente examinei seu corpo em busca de ferimentos.

— Você foi embora. — Ela disse, com acusação em sua voz.

— Tive que resolver algumas coisas. Danny esteve aqui.

Seu olhar deslizou sobre mim, me observando da cabeça aos pés. — Você
parece diferente. O que aconteceu?

— Nada com que você precise se preocupar. Apenas saiba que você está
segura agora.

Ela empurrou as cobertas e saiu da cama, seu olhar procurando o meu com
mais coragem do que ela jamais teve enquanto fechava o espaço entre nós. Ela
olhou para o resto de mim, o sangue respingou no meu pescoço, na minha ca-
misa, e ela empalideceu. — O que você fez?

— Sophia-...

— Você matou alguém.

Ela imediatamente tentou recuar, fugir de mim, e algo dentro de mim estalou.
Agarrei seu pulso e puxei-a contra mim, tão perto que nossos corpos ficaram
pressionados com força. — Sim, eu matei alguém. Walter e outro homem de
Paolo. Foram eles que atiraram em nós esta noite. Levei-os para o meu arma-
zém, espanquei-os, torturei-os, depois atirei nos dois olhos e não senti nada,
querida, porra nenhuma. Eles mereciam morrer. Eles quase mataram você. Se
aqueles dois primeiros tiros tivessem sido apenas um centímetro mais próximo,
você estaria morta agora. — Seus olhos eram enormes. Ela estava com medo,
com medo de mim, e eu queria rosnar quando ela tentasse se afastar de mim
novamente.
Seus olhos brilharam com lágrimas. — Seamus realmente transformou você
em um monstro, não foi?

Estava respirando com dificuldade enquanto suas palavras me atravessa-


vam, cortando e cortando enquanto passavam. — Sim. — Eu disse, sem me
preocupar em fingir ser outra coisa, não desta vez. Tudo o que ela precisava
fazer era olhar nos meus olhos para ver a verdade. — Você está com medo?

— Sim. — Ela disse, seu peito subindo e descendo rapidamente com sua
respiração ofegante.

Ela piscou e uma lágrima escorreu por sua bochecha, seu corpo tremendo,
mas ela não tentou se afastar de novo, não, ela se inclinou para mim, chegando
mais perto. Meu pau estava duro como aço, minha necessidade por ela boce-
java ainda mais. Limpei sua lágrima e chupei-a do polegar, precisando provar
cada parte dela. — Você está molhada, querida?

Seus lábios tremeram e outra lágrima escorregou pelo seu rosto. — Sim.

Eu me inclinei e lambi dessa vez.

— Seu coração é feito de pedra, Cillian? Você realmente não sente nada?

Eu a levantei e suas pernas me envolveram. — Sinceramente não sei mais.


Desde que conheci você, algo mudou. — Enfiei meus dedos em seu cabelo e
cobri sua boca com a minha. Eu a beijei tão forte e profundamente que ela cho-
ramingou contra minha boca, suas unhas cravando em meus ombros. Mas não
houve como parar desta vez. Eu não estava deixando-a se afastar de mim, de
forma alguma. Eu iria possuir cada parte dela, e faria isso como eu mesmo. Sem
atuação, sem fingir ser o que eu achava que ela queria, eu iria lhe contar a ver-
dade.

Fui até a cama e a deitei, depois arranquei minha camisa ensanguentada e


joguei-a de lado. Puxei a blusa do pijama por cima da cabeça e rasguei o short
de dormir e a calcinha pelas pernas. Ela ficou ali, pálida e pequena ao luar, e
parecendo tão vulnerável que tive que respirar desesperadamente para me con-
ter. Vê-la assim causou uma dor nas minhas costelas.

— Você ficou tão duro quando me viu dormir todas aquelas vezes no meu
apartamento? — ela sussurrou.

Meu peito se expandiu acentuadamente. — Sim.

— E quando você foi para a cama comigo... você queria me foder? — Suas
bochechas escureceram quando ela disse isso.

— Sim. — Eu disse asperamente. Ela estava respirando com mais dificul-


dade, seus seios redondos perfeitos tremendo a cada respiração ofegante. —
Algumas noites, quando você se debateu e gritou durante o sono, e subi na sua
cama e te abracei, quase perdi o controle.

Seus olhos se arregalaram. — Mas você não fez isso. — Ela agarrou as co-
bertas, mas não tentou fugir.

— Cada vez que estive perto de você, quase não resisti em pegar o que era
meu.

Tirei o resto das minhas roupas e subi em cima dela. Ela tremia debaixo de
mim enquanto eu deslizava as costas dos meus dedos sobre suas bochechas
quentes. — Você sabe o que estou prestes a fazer, não é, Sophia?

Ela assentiu, e tomei sua boca novamente, assumindo isso, cedendo à ne-
cessidade que eu tinha por ela, que era tão crua e selvagem que não havia
como pará-la. Uma necessidade que se tornou um monstro nos últimos doze
meses, eu queria pegar. Eu queria ouvi-la gritar meu nome. Eu queria transar
com ela com tanta força que a porra da casa tremeu.

Chupando sua garganta, arrastei meus dentes ao longo do tendão, mordis-


cando sua pele delicada e fazendo-a gritar. Agarrando um de seus seios, chupei
o pequeno mamilo enrugado em minha boca e amassei o outro, provocando,
beliscando e chupando até que seu mamilo ficasse mais escuro, inchado,
depois fui para o outro e fiz a mesma coisa. Sophia se arqueou e se contorceu
embaixo de mim, agarrando meu cabelo, tentando me afastar, e então me se-
gurando contra ela.

Suas coxas se esfregaram e as separei, empurrando as minhas entre elas


enquanto descia por sua barriga macia. — Você está encharcada por minha
causa, querida?

— S-sim. — Ela soluçou.

— Minha boa menina está molhada por causa do maldito marido dela. Você
quer que eu te foda com força, não é, Soph?

Ela assentiu quando outro soluço explodiu dela. — S-sim.

Sophia não sabia o que fazer com isso. Ela me queria, sua boceta doía por
mim. Mas ela estava com medo do que eu era, do que eu tinha feito, e ao mesmo
tempo excitada com tudo isso. Tudo bem. Com o tempo, ela perceberia que eu
nunca a machucaria. Eu poderia trabalhar com luxúria. A luxúria fazia as pes-
soas fazerem todo tipo de merda, como deixar o monstro O'Rourke, ainda man-
chado com o sangue de outro homem, foder você. Agora, era tudo que eu pre-
cisava. Se ela me quisesse, ela poderia não tentar me deixar.

Empurrei mais suas coxas e cobri sua boceta pingando com minha boca.
Meus dedos cavaram em suas coxas enquanto eu passava minha língua por
sua boceta e me deleitava. Ela plantou os pés no colchão e levantou a bunda,
esfregando sua bucetinha quente no meu rosto, implorando por mais. Ela queria
meus dedos, estava desesperada para que eu a preenchesse enquanto eu chu-
pava seu clitóris. Não dessa vez. Sua boceta estaria doendo para ser preen-
chida antes que eu deslizasse meu pau dentro dela.

Arrastei minha língua até seu clitóris, sacudindo-o e depois chupei-o entre
meus lábios. Ela gemeu e ficou tensa, e eu levantei minha cabeça.

Ela gritou. — Não, não pare.


Subi por cima dela, agarrando meu pau, e pressionei a cabeça na sua aber-
tura, empurrando um pouco a ponta, depois puxei de volta para fora. Foi neces-
sário todo o meu autocontrole, mas segurei ali, só a ponta, repetidas vezes. As
bochechas de Sophia estavam coradas, os lábios abertos, as coxas tremendo
sob minhas mãos. — Cada vez que eu via você dormir, eu queria entrar debaixo
das cobertas com você. Eu queria provar sua pele, respirar o cheiro de baunilha
e canela, aquele cheiro que deixava meu pau duro como ferro, depois tirar sua
calcinha enquanto você ainda dormia e deslizar profundamente dentro de sua
boceta doce.

— Oh Deus, sim. Por favor. — Ela gemeu. Ela tremeu mais forte, sua barriga
tremendo, seus quadris subindo por conta própria tentando me levar mais fundo
enquanto eu atormentava nós dois.

Estive sonhando com isso por tanto tempo, em afundar dentro dela. — Per-
nas ao meu redor. — Eu disse, minha voz tão profunda e áspera que não parecia
a minha. — Você ainda toma pílula? — Eu as tinha visto no apartamento dela.

— S-sim, mas e quanto...

— Nunca fodi ninguém cru, querida. Só minha esposa consegue isso.

Uma respiração estremeceu dela, então ela estava travando suas coxas em
volta de mim, seu corpo corado e faminto.

Chega de provocações, eu não poderia esperar nem mais um momento,


mesmo que quisesse. Eu a enchi com um golpe forte.

Sophia
Eu gritei, arqueando-me contra Cillian enquanto ele me preenchia, me esti-
cando ao meu limite. — Oh Deus. — Agarrei seus ombros quando ele me pren-
deu na cama com os quadris e deslizou para fora, em seguida, bateu de volta.
Prazer e dor, todos misturados, me fizeram tremer fortemente debaixo dele. Na
investida seguinte, eu gritei, o orgasmo que ele me trouxe estava à beira de me
atingir. Minha boceta se contraiu com força em torno dele, repetidamente.

— É isso, goze em todo meu pau, querida. — Cillian rosnou enquanto batia
com mais força em mim. Ele empurrou minhas pernas para trás e deu um tapa
na minha bunda, e outra onda de prazer tomou conta de mim. Agarrei seus
ombros e ele agarrou minhas mãos e as arrastou sobre minha cabeça, pren-
dendo-as no colchão.

Olhei para baixo e observei seu pau grosso, molhado com meus sucos, des-
lizar para fora de mim e bater de volta. Ele não se conteve. Cillian me pegou
com força, me enchendo mais e mais, seus vibrantes olhos verdes fixos em mim.

— Olha o que você faz comigo. — Ele rosnou. — Você me faz perder o
controle. Você me faz perder a cabeça.

Ele não era o único. Eu podia sentir outro orgasmo crescendo, e me esforcei
contra ele, ofegante, para me ancorar, enquanto seu pau mergulhava em mim
sem piedade.

Chamei seu nome, sem ter certeza se queria que ele parasse ou me fodesse
com mais força, então o próximo orgasmo caiu sobre mim com tanta força que
uma luz branca cobriu minha visão.

— Foda-se. — Cillian rosnou enquanto seu pau grosso pulsava pesada-


mente dentro de mim, seu gozo me enchendo enquanto ele apertava seus qua-
dris nos meus. — Pegue, leve tudo. — disse ele, estremecendo.

Depois o seu grande corpo desabou em cima de mim, seu pau ainda dentro
de mim. Ele beliscou minha orelha e beijou meu queixo, depois beijou
suavemente meus lábios. — Você é minha, Sophia. Você sabe disso agora, não
é? — ele disse rudemente contra meu ouvido.

Meu coração acelerou descontroladamente. — S-sim.

Isso estava errado. Toda a situação era complicada e insana, mas estivés-
semos juntos ou não, aqui com ele ou em outro lugar, não havia como negar
que Cillian O'Rourke havia se apoderado de mim.

E que Deus me ajude, não importa o que o futuro reservasse, tive a sensação
de que ele sempre faria isso.
Capítulo Quinze
Sophia

— Olhe para mim! — Tommy gritou e pulou na piscina.

Eu ri e levantei as duas mãos. — Dez! — Ele sorriu para mim e nadou até a
beira da piscina para fazer isso de novo. Quando chegamos, Cillian e papai fe-
charam-se imediatamente no escritório do meu pai. Ele disse que precisava falar
com papai depois do que aconteceu ontem à noite. Paolo estava de volta à Itália,
mas Cillian ainda estava preocupado.

Me mexi no banco, ainda dolorida pelo que havíamos feito, e então estre-
meci. Apesar da dor, fiquei molhada a manhã toda só de pensar nisso. Eu me
senti culpada e obscena, como se houvesse algo muito errado comigo. Cillian
ainda tinha sangue em suas roupas, e eu o queria tanto que me inclinei para ele,
dizendo-lhe sem a vergonha de perguntar o que queria em voz alta. Cillian não
tinha perdido isso.

Dean não estava à vista quando me levou para a cama. Ele era todo Cillian
e queria que eu soubesse disso.

Celeste saiu e sentou-se na cadeira ao meu lado. — Então, como a vida de


casada está tratando você? — Ela tomou um gole de vinho, me observando por
cima da borda, com os olhos brilhando.

Normalmente eu conversava educadamente, fazia o que podia para tentar


manter a paz, mesmo quando ela falava merda. Ela me tratou como lixo desde
o primeiro dia em que entrou nesta casa, tornou minha vida um inferno. Celeste
adorou a ideia de eu ser casada com um homem que mata sem consciência.
Ela também sabia o tipo de homem que Adam era, que machucava mulheres, e
ela também não se importava com isso. Não, ela teve prazer em me assustar
logo antes do meu casamento.
Cillian não tinha me machucado, e de alguma forma eu sabia que ele nunca
faria isso, mas por alguma razão Celeste me odiava e esperava o contrário. Vi-
rei-me na cadeira e fiz algo que raramente fazia. Eu mantive seu olhar pene-
trante, sem desviar o olhar, sem recuar ou me desculpar para evitar seu veneno.
— O que você quer que eu diga? — Eu falei para ela. — O que faria feliz o seu
coração negro, Celeste? Eu odiaria desapontar você.

Ela agarrou o copo com mais força e forçou uma risada estridente e feia. —
Não está indo muito bem, então, Soph?

Eu sorri. — Pelo contrário. Meu marido gosta muito de mim. — Sentei-me


na cadeira e baixei a voz para que só ela me ouvisse. — Ele chegou em casa
ontem à noite coberto com o sangue de outra pessoa e depois me fodeu en-
quanto ainda estava em sua pele.

Ela recuou e agarrei sua mão, impedindo-a de recuar. — Ele está obcecado
por mim, você sabe. Acho que ele faria qualquer coisa que eu pedisse. — Eu
sustentei seu olhar por mais um instante, então a soltei e me recostei, sem tirar
os olhos dos dela.

O copo de Celeste tremeu em sua mão e ela rapidamente o colocou sobre


a mesa, mas seus olhos ainda estavam cheios de ódio. — Você está me amea-
çando?

Tommy me chamou para observá-lo e me levantei, mas me virei para ela


antes de ir embora. — Sim, é exatamente isso que estou fazendo.

Então fui até Tommy e me sentei na beira da piscina e fiquei com meu irmão
mais novo.

Quinze minutos depois, a porta do escritório do meu pai se abriu e Cillian


saiu. Meu pai o seguiu, com o rosto vermelho e obviamente furioso, mas man-
tendo a boca fechada. Ele mal me cumprimentou quando chegamos e não olhou
para mim agora. Cillian veio direto para mim e pegou minha mão antes de
segurar meu queixo e me beijar. Meu coração instantaneamente explodiu e senti
os olhos de Celeste queimando em mim, observando tudo.

Os olhos de Cillian queimaram em mim, e quando ele levantou a cabeça, ele


não a reprimiu. Este era um show para meu pai, por algum motivo, e eu não
tinha certeza de como me sentia a respeito. Eu não gostava de ser enganada
sobre quem ele era, ou manipulada, mas a verdade sobre quem ele era também
era aterrorizante.

Ele se virou para papai, lançando-lhe um olhar duro. — Entrarei em contato.

Papai assentiu e então saímos.

— O que foi isso? — Eu perguntei, me sentindo desconfortável.

Cillian abriu a porta do carro para mim. — Nossas famílias estão mais unidas
agora do que nunca. Também temos negócios juntos e eu precisava lembrar
isso ao seu pai.

Franzi a testa, mas ele me conduziu para dentro do carro e deu a volta até
o lado do motorista. Ele não iria entrar em detalhes, eu sabia disso, mas ele
ainda compartilhou mais comigo do que meu pai jamais teve. — Onde está
Danny esta manhã?

Ele olhou em minha direção enquanto ligava o carro. — Ele foi baleado on-
tem à noite. Eu dei a ele o dia de folga.

— O que? — Eu me virei para encará-lo. — Ele está bem?

— Ele está bem. — Saímos para a rua.

— Mas ele levou um tiro, Cillian. Oh meu Deus. Ele poderia ter ficado grave-
mente ferido. — Olhei para o perfil despreocupado de Cillian. — Ele poderia ter
morrido.
Cillian ficou quieto por vários segundos. — Você parece muito preocupada
com o bem-estar de Danny.

— Claro que estou. Ele é um dos seus homens. Eu gosto dele e ele é legal
comigo.

— Você não parecia querer ser gentil ontem à noite, querida. Legal era a
última coisa que você queria. — Seu olhar deslizou para mim.

Eu parei com o que vi. O que diabos estava acontecendo aqui?

— Diga-me, Sophia, exatamente o quanto você gosta de Danny?

Olhei para ele em estado de choque, até que me dei conta do que estava
acontecendo aqui, e com o quão louco tudo já tinha sido nas últimas semanas,
e o que aconteceu ontem à noite, um sentimento maníaco me encheu do nada.
Eu não consegui segurar. Eu ri. Não, bufei alto e depois ri.

Ele olhou para mim, uma expressão que não consegui ler em seu rosto. —
Que porra é tão engraçada?

— Você é. — eu disse e balancei a cabeça. — Você está realmente com


ciúmes agora? Realmente?

O músculo em sua mandíbula saltou. — Não.

— Você está. Você está com ciúmes. — Eu ri novamente de como minha


vida era insana.

Suas mãos apertaram com mais força o volante. — Você quer transar com
ele, Sophia? É isso?

Eu não conseguia acreditar no que estava ouvindo, não sei por que fiquei
tão surpresa com a reação dele, mas fiquei. — Não, eu não quero dormir com
Danny. Pelo amor de Deus, Cillian, eu sei que ainda não nos conhecemos muito
bem, mas até ontem à noite eu era virgem. E caso você não esteja prestando
atenção, o que obviamente não está, o único homem com quem quero dormir
é meu perseguidor, um homem que pode matar sem remorso, depois vir até
mim coberto com o sangue de outro homem, e ainda assim vou deixá-lo me
foder até meados da próxima semana.

Seu peito se expandiu com a respiração profunda. — Você era virgem?

Essa é a parte em que ele se concentrou? — Sim, mas certamente não sou
mais. — Eu me virei para ele. — Há coisas com as quais você deveria se preo-
cupar, marido, como se sua esposa está lentamente perdendo a cabeça com
todas as maneiras como o mundo dela foi jogado de cabeça para baixo, ou se
farei com você o que a esposa de Alto fez com ele, ou se vou fugir no meio da
noite, porque às vezes tenho que me convencer seriamente a não fazer essas
duas coisas, mas querer foder outro cara não é uma delas, ok?

Seu olhar mergulhou na minha boca e voltou para cima, antes de retornar
para a estrada. — Ok.

Passei a manhã toda arrumando meu escritório e finalmente consegui traba-


lhar depois do almoço. Eu adicionei mais alguns pequenos toques: um tapete
que encontrei em um dos outros quartos, uma luminária que roubei da sala e
um vaso cheio de flores em minha mesa que peguei do lado de fora, um Danny
enfaixado a reboque.

Estava trabalhando em algumas imagens de anúncios para um cliente


quando Cillian entrou.

— Você esteve aqui o dia todo. — disse ele.


Verifiquei a hora no meu telefone. Eu não tinha percebido o quão tarde era.
— Tenho muito que colocar em dia. — Observei enquanto ele observava a sala.
— O que você acha?

Ele se virou para mim. — Você gosta disso?

— Eu faço. Gosto até da cor que está pintada. Ainda bem, já que presumo
que você acabou de arrumar todo o lugar há pouco tempo? As únicas adições
que consigo pensar são talvez algumas fotos para as paredes e um quadro
branco ali, ah... e eu não me importaria de ter um sofá embaixo da janela. Mas
fora isso, gosto muito.

— Mandei pintar todo o lugar para que estivesse fresco quando eu trouxesse
você para casa.

Percebi que era o mesmo cinza pomba do meu apartamento. Sim, ele era
um perseguidor, meu perseguidor, mas ele pintou a casa inteira para mim, para
me fazer... sentir em casa? E feliz? — Você não teria tido muito tempo.

— Não.

— Mas você fez isso de qualquer maneira. Por quê?

Ele puxou sua carteira. — Achei que você gostaria mais. — Ele tirou um
cartão e estendeu-o para mim. — Se você quiser comprar alguma coisa, eu
pego. Ou apenas faça o pedido online. O que você quiser.

Olhei para o cartão preto que ele colocou na minha frente. — Você está me
dando seu cartão de crédito?

— Vou pegar o seu, mas use esse por enquanto.

Ele achava que poderia comprar minha aquiescência? Que ter coisas com-
pensaria por me arrancar da minha vida e me forçar a entrar na dele? Talvez as
toalhas, os lençóis e a cor da parede fossem românticos se ele não tivesse
invadido meu apartamento várias vezes para me ver dormir. — Eu não preciso
disso. Eu tenho meu próprio dinheiro.

Ele encolheu os ombros. — Seu dinheiro é seu. Eu quero que você use isso.

Eu não queria pegá-lo e com certeza não iria usá-lo, mas o olhar em seus
olhos dizia que isso não estava em discussão, então peguei dele. Esperava que
ele fosse embora, ele normalmente nunca me procurava durante o dia, mas ele
ficava por perto.

Esperei que ele dissesse o que queria. Finalmente, ele apontou para o meu
computador. — Em que você está trabalhando?

Essa era a última coisa que eu esperava que ele dissesse. — Alguns gráficos
de marketing para uma ceramista local. Eu amo as coisas dela. Não é difícil fazer
com que suas imagens pareçam atraentes. — Ele deu a volta na minha mesa e
deu uma olhada no que eu estava fazendo. Por que meu coração disparou de
repente e minhas mãos suaram? Se estivesse em casa com meu pai, essa seria
a parte em que ele me diria que eu estava perdendo tempo, que o que eu estava
fazendo era inútil.

Cillian estudou a tela do meu computador, absorvendo tudo, então seu olhar
deslizou para o meu. — Você é talentosa. Isto é muito bom.

Minhas mãos começaram a tremer e, por alguma razão estúpida, meus


olhos arderam. Eu não ia chorar, de jeito nenhum. Meu rosto ficou quente, hu-
milhado com a minha reação ao Cillian dizer algo positivo, porque ele foi a única
pessoa além dos meus tutores e Fiona a dizer algo encorajador sobre o meu
trabalho.

Ele me estudou e eu rapidamente desviei o olhar. — Eu provavelmente de-


veria terminar isso.

Ele não se moveu por longos segundos. — Fomos convidados para uma
festa hoje à noite. — Ele disse finalmente. — Se você quiser ir, eu te levo.
— Se for uma repetição daquela do clube de Alto, eu passo. — eu disse,
sem olhar em sua direção porque minha barriga estava toda mole, e ele cheirava
muito bem, e meus olhos ainda estavam ardendo porque eu era uma idiota, e
se eu olhasse para ele agora, poderia chorar e implorar para que ele aliviasse a
dor que crescia rapidamente entre minhas coxas.

— Nada como isso. Será na casa do Declan. Serão apenas nossos homens
e suas mulheres. Será seguro, relaxado. Eu acho que você pode gostar. Será
bom para você conhecer todos. Talvez você faça alguns amigos.

Estava começando a enlouquecer nesta casa. Talvez não fosse tão ruim? —
Ok, claro, parece bom.

Mesmo assim, ele não foi embora. Claramente havia algo em sua mente.
Algo que ele estava hesitante em dizer.

Olhei para ele, mordendo o lábio enquanto a tensão na sala silenciosa cres-
cia.

Ele se moveu de repente, agarrando minha nuca, e pulei, um suspiro invo-


luntário explodindo de mim. Seu polegar passou pelo meu queixo e seu olhar
caiu para meus lábios.

Ele se aproximou e prendi a respiração.

Mas em vez disso, sua boca foi até meu ouvido. — Estou orgulhoso de você,
querida. — Ele disse asperamente, provocando arrepios em mim.

Então ele me soltou e se dirigiu para a porta, enquanto eu tentava recuperar


o controle da minha respiração.

— Partiremos às nove. — disse ele, depois saiu.


Capítulo Dezesseis
Cillian

Declan dava festas o tempo todo. Nunca fui, mas achei que Sophia poderia
gostar. Ela disse que não estava feliz.

Eu não gostei que ela se sentisse assim. Era novo pensar nos sentimentos
de outra pessoa com tanta frequência quando eu tinha pouca compreensão dos
meus.

Mas eu estava, e não gostava de deixá-la todas as manhãs, sabendo que


ela se sentia assim. Ela parecia gostar de seu novo escritório e de poder fazer
seu trabalho, mas isso não era suficiente. Sophia precisava de mais do que isso.
Eu só tinha que descobrir o que era isso e como dar a ela. Uma festa pode ser
um passo na direção certa.

Enquanto subíamos de elevador para o apartamento de Declan, pude sentir


seus olhos em mim. A porta se abriu e peguei a mão dela. Ela deixou, e isso me
agradou mais do que seria racional.

Chegamos ao apartamento de Dec e entramos. O lugar estava lotado e eu


examinei a sala.

Ela estava segura aqui. Cada homem nesta sala sabia que ela era minha.
Ninguém iria foder com ela ou tentar tocá-la.

Meu irmão nos viu e ergueu as sobrancelhas, depois sorriu e se aproximou.


— Você veio. A porra do céu está prestes a cair? — Ele se virou para Sophia.
—Olá, Soph, bem-vinda à minha humilde morada. — Ele deu um sorriso, aquele
que fez um excelente trabalho ao convencer a todos que meu irmão não era um
assassino letal, que ele era o menos monstruoso de nós dois, quando isso era
uma mentira completa. Declan foi moldado por Seamus assim como eu, e ele
estava tão fodido quanto eu, só que em vez de calar a boca como eu fiz, ele
cobriu todas as partes escuras e farpadas de si mesmo sob seu carisma natural.
Mais ou menos como Charles Manson. Ele era bom com as pessoas, isso acon-
tecia com facilidade e elas se sentiam atraídas por ele, mas ele não tinha cons-
ciência da qual falar.

— Ei, Declan. — Sophia disse e sorriu para ele. — Gosto da sua casa.

— Obrigado. — Ele inclinou a cabeça para a mesa de bebidas. — Siga-me


e vou pegar uma bebida para você e apresentá-la à família.

A família. Os homens que sabíamos que me seguiriam quando eu eliminasse


Adam, aqueles que não confiavam mais em Seamus para liderar e estavam
abertos à mudança foram trazidos para o rebanho, o resto, bem, eles não ti-
nham mais importância. Felizmente, não houve muitos. Sophia olhou para mim
e acenei para ela ir com Dec e observei enquanto ela se afastava. Ela estava
usando um vestido que a fazia parecer ainda mais inocente do que realmente
era. O tecido leve e esvoaçante era da mesma cor dos olhos e tinha tiras finas.
A parte superior abraçava seus seios, enquanto a parte inferior se alargava um
pouco, cobrindo seus quadris redondos e bunda e terminando logo acima do
meio da coxa. Se estivéssemos indo para outro lugar, eu a teria feito mudar.

Conor se aproximou e desviei os olhos da minha esposa.

— Nunca vi você em uma dessas festas antes. — disse ele, sorrindo. — Pelo
menos não voluntariamente.

Eu grunhi.

— Sabe, pensei que você fosse atropelar aquela garota. — disse ele. — Mas
acho que entendi errado. Acho que Sophia pode realmente ser boa para você.

— Você pensa demais. — Murmurei.

Ele soltou uma risada, então o sorriso desapareceu de seu rosto. — Foda-
me.
Eu segui seu olhar. Gaia Leone tinha acabado de entrar. Ela foi direto para
Declan, que ainda estava conversando com Sophia e outra mulher, uma das
poucas com quem ele ficou casualmente. Eu rapidamente fui até eles. Gaia pro-
vou ser imprevisível.

— Essa é a porra do meu noivo que você está apalpando. — Ela dizia para
a garota.

— Gaia. — Declan soltou.

— Você está noivo? — a outra mulher perguntou, puxando a mão do bolso


de trás de Declan.

Ele estremeceu. — É complicado.

A garota ficou vermelha. — Estou fora daqui. — Ela disse e saiu correndo.

Gaia olhou para Declan, seus olhos estavam arregalados e cheios de lágri-
mas. — Você está me traindo? Mas eu... eu pensei... — Uma lágrima escorreu
pelo seu rosto.

Declan recuou, horrorizado. — Uau. Aguarde um minuto. Achei que você


tivesse entendido, presumi que você soubesse...

Gaia jogou a cabeça para trás e riu alto, enxugando as lágrimas de crocodilo
ao fazê-lo. — Isso foi muito fácil, Jesus, você deveria ver seu rosto. — Ela imitou.
— Eu... eu presumi que você soubesse. — disse ela com uma voz profunda.

Declan fez uma careta. — Que porra é essa, Gaia?

Ela o ignorou e se virou para Sophia, que observava tudo com os olhos ar-
regalados. — Ouvi dizer que seu pai é um porco egoísta como o meu. Do tipo
que usa a filha como moeda de troca e a vende como uma prostituta barata
para ganhar mais dinheiro?
Sophia abriu a boca, seus olhos se voltando para mim, depois a fechou. —
Hum…

— Parece que seremos cunhadas. — Ela se virou para Declan e sorriu. —


Não é mesmo, querido coelhinho? Serei sua esposa, ali ao seu lado vinte e qua-
tro horas por dia, sete dias por semana. Onde quer que você vá, eu estarei lá.
Quando você comer, cagar, dormir, eu estarei lá. Quando você fecha os olhos
à noite. — Ela piscou. — Eu estarei lá. — Seu olhar endureceu. — Você tem
sono profundo, docinho?

Conor se juntou a nós e reprimiu uma risada ao meu lado.

Declan deu um sorriso, pegando uma mecha de seu cabelo escuro e ondu-
lado entre os dedos. — Querida, quem disse que haverá tempo para dormir?

Seus olhos se estreitaram e ela jogou a cabeça para trás, soltando o cabelo.
— Você é um porco.

— Mesmo assim, será você quem vai gritar. — disse Dec, com os olhos
brilhando e um sorriso malicioso no rosto.

Gaia sibilou. — Vou gostar de fazer você sangrar. — disse ela, depois agar-
rou a mão de Sophia. — Vamos dançar. — Ela conduziu Sophia atordoada para
o meio da grande sala de estar de Dec, onde algumas outras pessoas estavam
dançando.

— Você está fodido. — disse Conor. — E não no bom sentido.

Declan tomou um gole de Jameson, olhando para Gaia enquanto ela dan-
çava. — Ah, eu não sei. Estou meio ansioso por isso.

Várias horas depois, estava sentado com alguns dos meus homens tomando
uma bebida, e Sophia estava bêbada e rindo com Gaia como se fossem velhas
amigas. Sophia girou, e seu lindo vestido se levantou um pouco, exibindo sua
calcinha amarela, e meu coração pulou uma batida no meu peito. Gaia agarrou
a mão de Neville e virou-se, depois pressionou-se contra ele. O olhar de Neville
se voltou para Dec em busca de ajuda, mas meu irmão já estava se aproxi-
mando. Num minuto Gaia estava dançando e flertando, no seguinte Declan a
pegou no colo, jogou-a por cima do ombro e saiu da sala.

Brincar e flertar com nossos homens na frente de Dec não era uma boa ideia,
e meu irmão estava prestes a explicar o porquê para ela agora.

Sophia olhou em volta, confusa, depois encolheu os ombros e continuou


dançando com algumas das outras mulheres. A namorada de Conor, Becca,
estava lá e passou a maior parte da noite com elas.

Jesus, eu não conseguia tirar os olhos da minha pequena esposa. Torci mi-
nha aliança de casamento no dedo. Vê-la assim, gostei. Gostei de vê-la rindo,
se divertindo. Feliz.

Ela se virou e seu olhar caiu sobre mim. Eu não desviei o olhar, engolindo a
visão dela toda corada e com os olhos brilhantes. Em vez de corar ainda mais,
como sempre fazia quando olhava para ela, ela disse algo para Becca e foi direto
para mim, depois continuou vindo, chegando tão perto que me recostei para
abrir espaço para ela. Sophia subiu no meu colo na frente de todos na sala,
passando os braços em volta do meu pescoço.

Um sorriso curvou seus lábios. — Você está me observando?

— Sim. — Uma emoção correu através de mim. Eu gostei dela me reivindi-


cando como dela na frente de todos.

— Por quê? — ela disse, passando os dedos pelo meu queixo, pela barba
que eu ainda usava, apesar de minha tarefa de fingir ser Dean ter terminado.

Não sei por que o guardei, a não ser porque queria que Sophia me visse de
forma diferente do que sempre me vi. — Porque você é tão linda, querida, que
não consigo tirar os olhos de você.

Ela piscou para mim, um suspiro saindo dela. — Você realmente me acha
linda?
— Sim, querida. — Como ela poderia não saber? — Você é minha bela ador-
mecida.

Seu olhar procurou meu rosto por vários segundos, depois seus braços
apertaram meu pescoço e ela me beijou, o primeiro beijo que Sophia iniciou
entre nós. Sua língua estava quente e escorregadia, e eu podia sentir o gosto
do vinho que ela estava bebendo. Ela se contorceu no meu colo, pressionando-
se contra mim. Deslizei minha mão por sua coxa, sua pele quente e macia contra
minha palma áspera, e apertei. Porém, eu não assumi o beijo, deixei-a liderar.
Queria que ela me mostrasse o quanto me queria, que sentisse isso, sem eclip-
sar a necessidade dela com a minha. Saber que ela me queria tanto quanto eu
a ela. Sua mão deslizou sobre meu queixo, seus dedos em meu cabelo, me
segurando contra ela enquanto sua boca se movia sobre a minha, enquanto sua
língua duelava com a minha.

Deslizei minha mão para cima e ela choramingou contra minha boca, pres-
sionando mais perto, se contorcendo em meu colo, e meu pau duro esticou
contra minhas calças.

— Você precisa de algo, querida? — Eu disse contra seus lábios.

— Sim.

— Diz.

— Eu quero você, Cillian. Por favor, eu quero você.

Tirei-a do meu colo, levantei-me, peguei-lhe na mão e levei-a para fora do


quarto e pelo corredor. Abri a porta do escritório de Dec e a levei para dentro,
depois fechei a fechadura. — O quanto você quer isso, Soph?

— Tão ruim.

Eu a beijei novamente, com muita fome dela. Ela choramingou contra meus
lábios, suas mãos caindo em meu cinto, tentando desajeitadamente desfazê-lo.
Eu a apoiei até a mesa, agarrei suas mãos e a girei, inclinando-a sobre ela, de-
pois levantei seu vestido.

Eu chutei suas pernas para que elas ficassem abertas. — Você quer muito,
querida?

— S-sim. Foda-me como você queria na primeira vez que me viu dormir. —
disse ela, arqueando as costas.

Jesus, porra, Cristo. Ela já havia pedido pelo monstro mais de uma vez. Pude
ver o quão molhada ela estava sem nem a tocar, sua calcinha grudada em sua
boceta. Agarrando-a, arrastei e enfiei-a no bolso, depois libertei meu pau e pres-
sionei a cabeça na sua boceta escorregadia. — Você está deitada na sua cama,
Sophia?

Ela assentiu, choramingando. — S-sim.

— Doce pequena Sophia, sozinha, com a boceta tão vazia e dolorida, so-
nhando com o monstro que entra furtivamente no seu quarto para pegar o que
quer?

— Sim, oh Deus. Pegue. — Ela gemeu, empurrando sua bunda redonda


para trás, tentando empalar-se no meu pau.

Agarrando seus quadris, bati dentro dela. Ela gritou, seu núcleo instantane-
amente me apertando com força. Eu dei um tapa na bunda redonda dela. Ela
queria se sentir impotente, o objeto do monstro. Ela se divertiu com o que eu fiz,
observando-a, desejando-a. — Quieta, ninguém vai te ajudar agora, garota sa-
fada. — Inclinei-me e pressionei minha boca em seu ouvido. — Ninguém mais
consegue ouvir os sons que você faz quando é fodida. Só eu.

Agarrei seus quadris e dei a ela o que ela queria. Fodi-a com força, batendo-
lhe na boceta apertada como se fosse o meu trabalho o tempo inteiro.

Quando ela gemeu, eu bati em sua bunda novamente. — Quieta.


Ela ofegou. — Eu... eu não posso.

Desci em cima dela, cobrindo sua boca com a mão, abafando seus gritos.
— Minha bela adormecida acordou com o pau gordo do monstro dentro dela?

Sua boceta teve espasmos ao meu redor e ela assentiu, os olhos vidrados
de prazer.

— Pingando pra caralho. — Agarrei sua bunda com a outra mão e a espalhei
mais. — Vou foder essa bunda um dia em breve. Vou reivindicar cada parte sua,
querida.

Sua boceta teve espasmos ao meu redor e ela gritou contra meus dedos, já
vindo em minha direção. Pressionei-a com mais força contra a mesa, cobri sua
boca com mais firmeza e bati nela, forte e rápido, fodendo-a como o monstro
fodido que eu era, do jeito que ela queria. — Essa é a porra da minha boa garota.
— Eu disse em seu ouvido, seus gritos abafados ficando mais altos. — Pegue.
Porra, pegue isso, Sophia.

Assim que o disse, as convulsões de sua boceta, que tinham começado a


abrandar, contraíram-se com força, e os seus olhos rolaram para trás. Sua bo-
ceta apertada agarrou meu pau repetidamente quando ela gozou pela segunda
vez.

— Porra, feita para mim, Sophia. Cada maldito centímetro de você é meu.
— Eu bati nela de novo e de novo, mas estava lutando para me conter, especi-
almente depois do jeito que ela veio até mim. Eu afrouxei meu aperto em sua
boca, e ela imediatamente agarrou minha mão e chupou um dos meus dedos
em sua boca quente, quebrando meu controle completamente. Mordi seu om-
bro e pulsava forte dentro dela, enchendo-a repetidamente, estremecendo e
gemendo.

Ofegante, eu beijei seu ombro onde eu a mordi e balancei nela até ficar com-
pletamente exausto. Eu não me mexi imediatamente. Fiquei enterrado dentro
dela, beijando seu ombro e subindo pela lateral de sua garganta. — Não me
canso de você. Tão linda, minha esposa perfeita. Minha preciosa beleza. — As
palavras saíram de mim como se viessem de outra pessoa, e não havia como
pará-las. Eu respirei seu cheiro de baunilha e canela, como um maldito viciado
tomando uma dose.

Seus cílios tremularam. — Você não... você não precisa mais fingir ser outra
pessoa, Cillian. Eu não preciso que você seja outra pessoa.

Acalmei-me, percebendo naquele momento que não estava fingindo. O pen-


samento nem sequer me ocorreu. Com ela, estava vindo naturalmente, uma
parte de mim que eu pensava estar morta há muito tempo, uma parte de mim
que Seamus não tinha conseguido arrancar de mim. — Eu sei. — Murmurei.

Uma parte que só Sophia poderia acessar.

Eu a levantei com cuidado, deslizando para fora dela, e a virei para mim. Eu
segurei seus lindos olhos azuis. — Eu sei.
Capítulo Dezessete
Sophia

Fiona tomou um gole de sua bebida. — Não acredito que você mora aqui.
Quero dizer, isso é... uau. Essa visão é uma loucura.

As coisas se acalmaram na última semana. Ninguém tentou atirar em nós, e


Paolo ainda estava na Itália e lá permanecia, segundo o tio, o que significava
que Cillian havia relaxado um pouco.

Bem, ele deixou Fiona vir visitá-la. Eu ainda não tinha permissão para sair
sozinha, e Conor ou Danny estavam sempre aqui, mas mesmo assim. — Defi-
nitivamente levou algum tempo para se acostumar.

Fi inclinou a cabeça na direção de Conor, que passou por baixo de nós, no


meio de uma verificação de perímetro. — Quem é o gostoso?

— Conor, o chefe da segurança de Cillian.

— Primeiro, Cillian precisa de segurança? E em segundo lugar, e mais im-


portante, Conor tem namorada? — Fiona caminhou até a grade e acenou para
ele quando ele olhou para cima.

Ele deu a ela um sorriso sedutor e saiu arrogantemente.

— Ele faz, na verdade. — Mas agora estava questionando a seriedade disso.

— Não tenho certeza se ele sabe disso. — disse Fiona com um sorriso ma-
licioso. — Certo, vamos passar a hora do coquetel ao lado da piscina.
Várias horas depois, estávamos sentadas nos degraus da parte rasa, meio
embriagadas e rindo pra caramba. Cillian saiu há trinta minutos com seu laptop
e um copo de Jameson, e estava trabalhando lá desde então.

Fiona gargalhou e ofereceu outra dose. Eu peguei e nós duas as derruba-


mos.

— Esta foi uma excelente ideia minha. — disse ela.

— Realmente foi. — Minha vida tinha sido uma loucura nas últimas semanas.
Fui traída por meu próprio pai, casada com o monstro O'Rourke, meu persegui-
dor, que assassinou seu irmão no dia do nosso casamento, mas também me
protegeu. Ele se jogou em cima de mim quando levei um tiro. Olhei em sua di-
reção. Ele também estava obcecado por mim e me excitou como ninguém ja-
mais havia feito. Isso era muito para processar e meus sentimentos se tornaram
confusos como o inferno. Minhas emoções estavam confusas, intensificadas e
seriamente conflitantes. Eu não tinha mais certeza se me conhecia, minha bús-
sola moral estava seriamente quebrada, e isso era realmente assustador.

Tentei me levantar e caí de volta. — Acho que podemos ter tomado uma
dose a mais. — Sim, eu estava totalmente arrastando minhas palavras.

— Sabe. — Fiona respondeu arrastada. — Acho que você está certa...

Ela meio que caiu para o lado, tombando, a cabeça afundando na água. —
Merda! — Agarrei-me a ela, desequilibrando-me.

Conor de repente estava lá, cuspindo e rindo, tirando Fiona da piscina, ao


mesmo tempo que mãos fortes me levantaram também. Cillian me levantou. —
Você terminou, querida.

— Não... espere. Estou... — Minha cabeça girou. — Não me sinto muito


bem. — Eu disse, olhando para ele.

— Não estou surpreso. — Ele disse com aquele sotaque sexy como o in-
ferno.
Eu me virei em seus braços. — Fiona, me sinto uma merda.

— Acho que vou vomitar. — Ela respondeu enquanto Conor a carregava na


direção oposta. — Está tudo bem, no entanto. O segurança do Sr. Hottie vai
cuidar de mim.

Conor balançou a cabeça, um sorriso brincando em seus lábios, e continuou


andando.

— Onde Conor está levando minha amiga?

— Casa. — disse Cillian.

Eu sorri para ele. — Bem, você não é um querido.

Sua sobrancelha se ergueu.

Passei meus braços em volta de seu pescoço, me sentindo... meio suave


em relação a ele. — Você pode ter matado um monte de gente, mas você é
realmente um grande e velho molenga aí embaixo, não é? — Eu dei um tapinha
em seu peito.

Ele me carregou para dentro de casa e subiu as escadas. — Meu marido


doce, sexy e assassino. — Eu disse e dei um tapinha no nariz dele. — Você é
fofo, sabia disso? Não como um coelhinho fofo, mas como o menino emo da
escola que é todo silencioso e taciturno e você quer perguntar o que ele está
pensando o tempo todo.

— Sim? — ele disse.

Eu balancei a cabeça. — E você só quer que ele agarre sua mão, leve você
para a sala de música quando não houver mais ninguém lá e toque algumas de
suas músicas emo enquanto você dá uns amassos como um louco.

Ele murmurou alguma coisa.


Passei meus dedos sobre seus lábios. — Então você vai ficar comigo como
um louco ou o quê? Porque eu realmente quero.

Ele olhou para mim, então seus lábios se contraíram, então, puta merda, eles
se curvaram e houve um brilho de dentes brancos e retos. Não o sorriso de
Dean que eu agora sabia que era falso, mas o sorriso de Cillian.

— Você está sorrindo. — Eu disse sem fôlego.

— Eu não sorrio. — Ele ainda estava sorrindo.

— Desmaiei.

Ele riu.

— Oh meu Deus. Você riu. Acho que vou ter um orgasmo espontâneo.

— Puta que pariu. — disse ele, balançando a cabeça. — Você quer usar o
banheiro ou ir direto para a cama?

Eu sorri. — Cama, nua, com você. — Toquei seus lábios. — Sabe, você me
fez ter todos os tipos de pensamentos sujos.

— Eu já fiz isso?

Eu balancei a cabeça. — Você quer conhecer minha fantasia mais profunda


e sombria?

— Diga-me. — ele disse e beliscou meus dedos, me fazendo rir.

— Bem, desde que você me disse que me viu dormir, e nós fizemos aquela,
você sabe, encenação na festa de Dec... estive pensando que gostaria, de ver-
dade.

— O que você quer de verdade, querida?


— Às vezes, eu tenho esses... hum, sonhos sujos, e acordo e estou molhada
e sei que estou me movendo, representando as coisas que acontecem durante
o sono porque meus músculos doem... você sabe, como se eu estive-...

— Fodendo em seus sonhos?

Eu balancei a cabeça. — Eu já fiz isso quando você me observou?

Suas narinas dilataram-se. — Sim.

— Você gostou?

— A maneira como você se moveu, os sons que você fez, querida, me dei-
xaram com ciúmes. Me fez querer matar quem você estava sonhando.

Eu gostei disso mais do que deveria. — Os caras, eles não tinham rosto,
ninguém que eu conhecia, mas agora, o único homem com quem sonho… é
você.

— Você sonha comigo, linda?

— Sim... e da próxima vez que você me ver, tendo um desses, hum... aque-
les sonhos... eu quero... eu quero que você me tire a roupa, com cuidado, para
que eu continue dormindo, depois relaxe entre minhas coxas, deslize profunda-
mente dentro de mim... e... foda-me. Até eu acordar.

Seu peito se expandiu bruscamente e ele agarrou meu cabelo. — Está


certa?

— Sim. — Ele me deitou e a sala rodou. — Ah, ah.

— Uh-oh, o que?

— Eu vou vomitar. — Saí da cama, correndo e tropeçando até o banheiro,


então caí de joelhos na frente do vaso sanitário e esvaziei meu estômago. —
Nunca mais vou beber. — Lamentei e me engasguei.
Alguns momentos depois, Cillian estava lá. — Ok, querida. — Ele disse atrás
de mim. Senti suas mãos em meu cabelo, amarrando-o para trás. — Aqui. —
Ele inclinou minha cabeça para trás suavemente e enxugou meu rosto com um
pano frio. — Melhor?

— Acho que sim. — Murmurei, e então outra onda de náusea me atingiu. —


Não. — Eu me virei e vomitei de novo, nada de mais acontecendo, já que Fi e
eu meio que esquecemos de jantar, mas isso não impediu meu corpo de tentar
de qualquer maneira.

— Você está bem, querida. — Cillian murmurou, esfregando minhas costas.

— Continue esfregando minhas costas. — Eu disse entre as náuseas. —


Isso me faz sentir melhor.

— Não vou parar, Soph.

Sua voz também era calmante. Cara, eu estava cansada. — Nunca mais
bebo. — Eu disse novamente e gemi.

— Eu sei, linda.

— Você acha que há algo errado comigo-...

— Não.

— Todas as coisas que você fez... — Engoli convulsivamente. — Você mata


pessoas... e eu... eu quero você de qualquer maneira. Eu quero você e não
deveria, deveria?

Ele esfregou minhas costas novamente. — Não há nada de errado com


você, Soph, nem porra nenhuma.

Meus olhos ficaram incrivelmente pesados. Descansei a cabeça nos braços


e fechei os olhos.
Acordei horas depois na cama. Assim que me mexi, Cillian me entregou
analgésicos e um copo de água. Bebi e voltei a dormir.

Já passava das dez da manhã quando finalmente acordei e fiquei acordada,


e Cillian havia sumido. Lembrei-me dele murmurando baixinho para mim, afas-
tando meu cabelo enquanto eu estava doente, enxugando meu rosto com um
pano frio e esfregando minhas costas. Ele me abraçou a noite toda, eu sabia
disso também porque toda vez que eu acordava, ele estava lá, certificando-se
de que eu estava bem, me fazendo beber água, cuidando de mim de uma forma
que ninguém fazia há muito tempo.

A última pessoa que cuidou de mim quando fiquei doente foi minha mãe.
Fiona também foi incrível. Ela deixava sopa se eu estivesse resfriada, certificava-
se de que eu tivesse um estoque de remédio para gripe. Mas o que Cillian fez
foi outra coisa, ele limpou meu rosto depois que vomitei e prometeu que tudo
ficaria bem, e acreditei nele.

O resto voltou à tona e meu rosto esquentou.

Meu doce, sexy e assassino marido.

Você é fofo, sabia disso?

Eu dei um tapinha no nariz dele e depois pedi para ele ficar comigo.

Ele sorriu.

Deus, ele riu.

O calor me inundou, mas desta vez não de vergonha, bem, não só de ver-
gonha.
Isto é, até que me lembrei do resto. Eu pedi a ele para me foder até acordar.
Quer dizer, eu pensei sobre isso mais de uma vez, mas na verdade disse isso
em voz alta.

Encolhendo-me, empurrei a memória de lado, joguei as cobertas para trás e


saí da cama, mais do que um pouco aliviada porque, além de uma dor de ca-
beça surda, não me sentia tão mal. Sem dúvida graças aos analgésicos que
Cillian me deu antes.

Verifiquei seu escritório e desci, mas ele também não estava lá. Conor es-
tava sentado no deque. Ele se virou para mim e sorriu. — Dor de cabeça?

— Não é tão ruim quanto deveria ser.

Ele bufou uma risada.

— Fiona chegou em casa bem ontem à noite?

Conor me lançou um olhar perplexo. — Sua garota é difícil. Demorou um


pouco, mas sim, eu a levei para casa. Fiquei com ela até ter certeza de que ela
não iria se engasgar com o próprio vômito e depois fui embora.

— Obrigada, eu lhe devo uma.

— Não, faz um tempo que não me divirto assim. — ele disse com um sorriso
malicioso.

— Oh Deus, o que ela fez? Eu amo Fi, amo mesmo, mas quando ela está
bêbada ela pode ficar um pouco...

— Doida?

Eu estremeci.

— Sim, acho que tenho um hematoma no formato da mão dela na minha


bunda. — disse ele.
Eu queria ligar para ela, mas não adiantava. Ela estaria dormindo. Suas res-
sacas eram ruins e ela geralmente tinha que dormir durante a maior parte do
dia seguinte. — Desculpe por isso. — Eu disse, embora ele não parecesse tão
chateado com isso.

— Sem problemas.

— Cillian disse quando ele voltaria? — Apesar de todas as coisas humilhan-


tes que eu disse, senti uma vontade muito forte de vê-lo.

Conor balançou a cabeça. — Ele e Dec têm alguns negócios. Provavelmente


levará algumas horas.

A decepção tomou conta de mim. — Ok, bem, vou apenas tomar um banho,
então.

— Você quer algumas panquecas? Posso preparar uma pilha para você en-
quanto você lava o vômito do seu cabelo. — disse ele com aquele sorriso de
volta no rosto.

— O que? — Toquei meu cabelo, os fios ao redor do meu rosto estavam


rígidos. — Oh Deus. Isso é nojento. — Girei e corri para as escadas.

— Vou começar com as panquecas... E, Soph?

Parei e voltei.

— Da próxima vez, você pode querer colocar calças. Não tenho certeza se
Cillian ficaria muito feliz se eu visse você assim.

Eu congelei e olhei para mim mesma e meu rosto explodiu em calor. Eu es-
tava apenas de camisa e calcinha. — Eu pensei... Oh Deus, não estou mais
usando meu maiô.

— Não. — Ele disse, piscou e entrou na cozinha.


Com o rosto em chamas, corri escada acima e entrei no banheiro. Meu maiô
estava no cesto de roupa suja, também coberto de vômito. Estava vestindo uma
das minhas camisetas, uma curta. Cillian deve ter pegado e uma calcinha, eram
rosa escuro com recorte de renda. Meu rosto esquentou novamente. Não, ele
não gostaria que ninguém me visse assim. De jeito nenhum.

Me senti muito melhor depois de lavar o cabelo, limpar o rosto e escovar os


dentes. Coloquei um short, meu sutiã mais confortável e uma camiseta macia.
Em seguida, prendi meu cabelo em um rabo de cavalo e desci as escadas, sen-
tindo-me decididamente mais humana desta vez. Eu realmente esperava que
Cillian voltasse, mas ele ainda não estava, e minha decepção foi extrema. Tirei
meu telefone do bolso e digitei uma mensagem rápida.

Obrigada por cuidar de mim ontem à noite.

Por alguma razão, meu coração acelerou quando cliquei em enviar.

Conor me deu uma pilha de panquecas e comi todas. Então fui para a piscina
tirar uma soneca e esperar Cillian chegar em casa. Acordei várias horas depois,
no meio de um pesadelo, quando virei na espreguiçadeira e caí no chão. Feliz-
mente, ninguém viu e eu apenas arranhei meu cotovelo.

Cillian ainda não estava em casa e não respondeu à minha mensagem. An-
dei novamente pela casa e tentei fazer algum trabalho, mas me senti inquieta.
Era uma loucura, mas pensei que poderia realmente sentir falta dele. Como isso
era possível?

Desde a festa no Declan, as coisas mudaram entre nós. Ele estava tentando,
eu podia ver. Ele falava mais, sempre perguntando se eu tinha o que precisava,
certificando-se de que estava bem. Ele me trouxe coisas, uma linda luminária
para meu escritório que eu sabia que devia ter custado muito caro, ele me fez
escolher um sofá um dia depois de eu mencionar que queria um. A lista conti-
nuou.

Então, ontem à noite-...


Levantei-me e fui até a janela, procurando o carro dele na garagem, mas ele
ainda não estava em casa. Um nó de preocupação se formou em minhas entra-
nhas. E se esse negócio que ele e Declan tinham fosse perigoso? E se ele esti-
vesse ferido em algum lugar?

Andei um pouco mais pela casa, perguntei a Conor pela décima vez se ele
tinha notícias de Cillian, depois me forcei a assistir um pouco de TV. Eu não
conseguia me concentrar. De alguma forma, adormeci novamente no sofá. Mas
então, não importa o que estivesse acontecendo, eu sempre conseguia dormir,
quisesse ou não, meu distúrbio significava que estava fora do meu controle. Co-
nor finalmente me deu uma cutucada e disse que eu deveria ir para a cama.

Coloquei uma das camisas de Cillian, fechei a porta e fui para a cama.

Minha mente disparou, mas ainda assim voltei a dormir, e quando acordei
de novo, estava no meio de um grito prestes a sair da minha garganta. O quarto
estava escuro e minha mão disparou para o outro lado da cama.

Vazio.

Eu não acordava assim há muito tempo, por causa de Cillian, porque ele me
segurou até que tudo passasse. Empurrando as cobertas, pulei, com as pernas
trêmulas porque mal tive tempo de acordar. Estava prestes a descer correndo
e perguntar a Conor se ele tinha notícias de Cillian, quando vi uma luz vindo por
baixo da porta de seu escritório. O alívio disparou através de mim, e corri pelo
corredor e empurrei a porta.

Cillian ergueu os olhos, surpreso, quando entrei correndo em seu escritório.


Ele estava sem paletó, com a camisa desabotoada no pescoço, sem gravata,
com as mangas arregaçadas. Nem uma única marca nele.

— Você está bem. — Eu disse, minhas pernas tremendo agora por um mo-
tivo diferente. Contornei sua mesa.

— Soph-...
Sem pensar, subi em seu colo e passei meus braços em volta de seu pes-
coço, segurando-o com força. — Eu pensei... quando não tive notícias suas. Eu
pensei…

— Ei. — Ele disse esfregando minhas costas. — Estou bem.

— Por que você não respondeu minha mensagem? Você sempre responde
minhas mensagens. — Estava tremendo e odiava que minha reação fosse tão
forte. Alguém de fora olhando poderia dizer que meu crescente apego por Cillian
não era saudável, que eu estava projetando, que tinha problemas fodidos com
o papai e uma necessidade extrema de ser desejada, portanto, estar aqui com
ele era perigoso para minha saúde mental, e eles provavelmente estariam cer-
tos, mas eu não conseguia afastar esse sentimento.

— De alguma forma, meu telefone ficou no modo silencioso. Não vi suas


mensagens até estar quase em casa — ele disse e inclinou minha cabeça para
trás. — Eu não queria acordar você. — Ele estudou meu rosto. — Você está
chateada.

Agora eu me sentia uma idiota, mas me recusava a corar ou fingir que não
estava sentindo o que estava sentindo. — Estava preocupada.

— Eu deveria ter pensado, mas nunca tive ninguém...

— Se você me disser que ninguém está preocupado com o fato de você


chegar tarde em casa, eu vou chorar. Você quer que eu chore? — Eu não es-
tava mentindo. De alguma forma, aprendi a cuidar deste homem. Eu não tinha
planejado isso, tentei lutar contra isso, tentei continuar odiando-o, mas simples-
mente não o fiz mais.

Ele examinou meu rosto e balançou a cabeça, depois seu olhar foi para o
curativo em meu cotovelo. — Você está ferida.

— Adormeci na beira da piscina, estou bem.

Ele fez um som áspero e agarrou meu braço para ver melhor.
Eu o parei. — É apenas um arranhão. Você está tentando cuidar de mim de
novo, como fez ontem à noite.

Ele não respondeu, apenas colocou meu cabelo atrás da orelha e olhou nos
meus olhos de uma forma que fez minha respiração falhar. A maneira como nos
unimos foi uma loucura, mas o chefe da família O'Rourke, o monstro brutal de
Seamus, não era nada além de gentil comigo. Talvez não seja a definição da
palavra para todos, mas aos poucos conhecendo Cillian, eu sabia que estava
certa. Para mim, ele ignorou a crueldade instilada nele por seu pai, a negligên-
cia, e me tratou com cuidado e gentileza.

Ninguém nunca perguntou se ele estava bem, e ninguém nunca cuidou dele
como ele cuidou de mim na noite passada.

Ele dava às pessoas de quem se cercava e tudo o que pedia em troca era a
lealdade delas.

Ele não pediu nada de mim.

Nem uma coisa.

Deslizei de seu joelho e seus dedos cravaram em meus quadris por um mo-
mento, como se ele fosse me impedir de sair de cima dele, mas depois mudou
de ideia. Ele esperava que eu fosse embora. Em vez disso, me ajoelhei na frente
dele. A confusão encheu seus olhos, até que peguei seu cinto. Ele não disse
nada, apenas me observou enquanto eu deslizava o couro pela fivela, desfa-
zendo-o. Olhei para ele enquanto desabotoava o botão de sua calça. — Você
teve um longo dia. — Eu disse e lentamente deslizei o zíper.

— Tenho muitos dias longos. — Ele resmungou.

— Já reparei.

Ele não respondeu, apenas esperou pelo que eu faria a seguir.


Ele não estava entendendo, ainda não. Ele pensou que eu estava jogando
algum jogo, que talvez eu quisesse que ele me fizesse sentir bem, que eu estava
brincando. Ele me fez sentir bem muitas vezes desde que cheguei aqui. Mas eu
nunca tinha dado a ele, apenas para lhe dar prazer.

— Você cuida de todos, Cillian, e nunca pede nada em troca. — Eu disse.

Seu corpo musculoso ficou tenso, parando completamente.

Agarrei a parte superior de sua calça e puxei. Ele ergueu os quadris auto-
maticamente e eu os deslizei um pouco para baixo para ter melhor acesso. —
Sabe, eu nunca fiz isso antes, com ninguém.

Seus olhos brilharam. — Sophia. — Ele disse asperamente, mas foi isso, foi
tudo. Apenas meu nome, mas havia confusão, conflito em seus olhos.

— Eu sei que esta não é a primeira vez para você, não o ato físico, mas você
precisa saber que não quero nem espero nada em troca. Você não precisa me
fazer gozar depois, não quero presentes, nem cartões de crédito, nem móveis.
— Ele sentou-se como uma pedra na minha frente, o olhar vazio, uma expressão
de retirada enchendo seus olhos. Tive a sensação de que ele estava tão fora de
seu ambiente agora que não sabia o que fazer ou dizer. Então ignorei aquele
olhar em seus olhos e enrolei meus dedos em torno de seu comprimento brutal-
mente duro através do tecido de sua cueca. Ele sibilou. — Você cuidou de mim
ontem à noite, Cillian. Você tem cuidado de mim desde que sequestrou meu
casamento, e agora quero cuidar de você.

Ele agarrou os braços da cadeira com força, uma cautela em seus olhos que
senti no centro do peito, como se ele estivesse esperando o outro sapato cair.
— E como você vai fazer isso, querida?

— Observe e veja. — Sussurrei.


Capítulo Dezoito
Cillian

Sophia passou a mão para cima e para baixo ao longo do meu pau, seus
grandes olhos azuis em mim. Eu não conseguia desviar o olhar. De alguma
forma, essa garota perfeita, inocente e doce me viu de uma forma que ninguém
mais viu. Eu não tinha certeza se essa versão de mim existia em outro lugar além
dos olhos dela, mas ver isso refletido em mim foi... hipnotizante. Eu queria ser
aquele homem, aquele que ela via e faria qualquer coisa para garantir que ela
acreditasse que isso era verdade.

Você mata pessoas... e eu... eu quero você de qualquer maneira. Eu quero


você e não deveria, deveria?

Então, novamente, talvez ela tenha visto mais do meu verdadeiro eu do que
eu imaginava, e esse medo, essa dúvida me preocupava.

Sua mão tremia um pouco enquanto ela puxava para baixo a frente da minha
cueca boxer. Eu a ajudei, enfiando o tecido embaixo das minhas bolas, fora do
caminho, curioso para ver o que ela faria a seguir. Enquanto ela olhava para
meu pau, ela lambeu os lábios, e eu juro que senti isso contra a cabeça já in-
chada.

— Você é lindo, Cillian, em todos os lugares. — Ela disse com aquela maldita
voz suave que causou arrepios nos meus ombros e braços, enquanto ela corava
lindamente por mim. — Eu nunca pensei que um... um pau pudesse ser lindo,
mas o seu é. É tão longo e grosso, e a pele é tão... Deus, tão macia.

Já tive mulheres que tentaram me lisonjear quando se ajoelharam, me di-


zendo o quão grande eu era. Eu ignorei isso. Era apenas barulho antes de eu
descer. Mas isso era diferente, parecia diferente. Soph não estava tentando me
lisonjear, na verdade não, ela estava tentando ser sincera, honesta, e meu pau
estremeceu em sua mão. Estava desesperado pelo que viria a seguir.
Minha bela adormecida, minha esposa, me manteve sob seu domínio. Al-
guém poderia atirar uma bazuca pelas janelas da sala e eu ficaria aqui mesmo
neste lugar. Ela literalmente me segurou na palma da mão, em todos os sentidos
da palavra. Respirei fundo quando ela se inclinou sobre meu colo e finalmente
chupou a cabeça do meu pau em sua boca quente.

Agarrei os braços da cadeira com mais força, mal me impedindo de levantar


os quadris e empurrar mais fundo. — Porra. — Sua boca em mim era uma tor-
tura. Ela não estava tentando me provocar ou brincar comigo, mas cada lam-
bida e chupada hesitante e deseducada me fez lutar contra minha necessidade
de agarrar seu cabelo e foder seu rosto.

Ela ergueu os olhos do que estava fazendo e girou a língua ao redor da crista,
lambendo a fenda como um pirulito, e meus olhos quase rolaram para trás. Seu
olhar foi para minha boca, observando minha respiração sibilar entre meus den-
tes cerrados.

— Isso é bom? — ela perguntou.

E, foda-se, o jeito hesitante e inseguro com que ela perguntou foi como um
maldito feno até o esterno. — Sim, querida, é muito bom. — Seus olhos brilha-
ram e, merda, lá foi outro daqueles ganchos de direita no peito.

— Diga-me do que você gosta, Cillian? — ela perguntou, sua voz um pouco
mais forte, sua confiança crescendo.

Peguei seu cabelo e torci-o em meu punho, segurando-o para trás para ter
uma visão melhor da minha noiva chupando pau pela primeira vez. — Envolva
a base com as mãos e acaricie enquanto chupa. — Instruí, e não havia como
disfarçar o tom da minha voz.

Ela assentiu, sorrindo para mim, então fez o que eu disse. Ela agarrou meu
comprimento com as duas mãos e começou a acariciar com a boca, sugando
o máximo que pôde do meu pau. Ela bateu no fundo da garganta e se engasgou,
e minhas bolas se contraíram.
Eu segurei seu queixo. — É isso. Pegue. Pegue meu pau. Mostre-me que
boa garota você é. — Agarrei seu cabelo com mais força e ela gemeu ao meu
redor. Eu já estava lutando para não gozar. Nada nunca foi tão bom quanto
minha esposa perfeita chupando meu pau pela primeira vez. Ela chupou com
mais força e minha bunda saiu do assento, empurrando mais fundo em sua boca
antes que eu soubesse o que estava fazendo. Ela se engasgou novamente, mas
não parou. Não, ela fez isso de novo, me chupando ainda mais forte, com fome.

Inclinei sua cabeça para trás, observando enquanto ela me dava tudo o que
podia, até que lágrimas escorreram por seu rosto, sua boca esticada ao meu
redor, seu queixo brilhando de saliva. Ela estava sentada sobre os calcanhares
e se contorcendo enquanto me trabalhava mais rápido.

— Você adora, não é, Sophia? Você adora chupar o pau do seu marido? A
buceta está pingando agora, não é, querida? — Ela cantarolou ao meu redor,
balançando a cabeça, seus dedos cravando em minhas coxas. — Eu gostaria
que você pudesse ver o quão perfeita você está. Tão bagunçada, tão linda pra
caralho.

Ela disse que tudo isso era sobre mim, sobre cuidar de mim, e olhando para
ela agora, eu sabia que ela estava falando sério. Ela estava se engasgando com
meu pau, trabalhando como se nada mais importasse. Como se me fazer sentir
bem fosse o seu mundo inteiro.

Ninguém nunca tinha me dado isso, não desse jeito. Minhas bolas latejaram
e meu pau inchou. — Vou gozar, querida. — Murmurei, roçando sua bochecha
com meu polegar. Eu não esperava que ela engolisse, não dessa vez, esperava
que ela se afastasse e me trabalhasse com as mãos até eu terminar, mas ela
não engoliu, não, ela me agarrou com mais força e gemeu ao meu redor, lam-
bendo e chupando o pré gozo que era um fluxo constante agora, então ela me
chupou tão profundamente que eu sabia que ela não iria recuar.

Agarrando seu cabelo com tanta força que ela não conseguia se mover,
mesmo que quisesse agora, eu a segurei no lugar e enfiei em sua boca, des-
cendo por sua garganta. Ela me deixou enfeitiçado enquanto engolia com
urgência, nem mesmo tentando se afastar enquanto eu inundava sua boca com
gozo.

Quando ela engoliu até a última gota, ela me soltou, ofegante. Seus lábios
estavam inchados e vermelhos, suas bochechas e queixo brilhavam. Sem dizer
uma palavra, me aconcheguei novamente, depois agarrei-a pelos braços, le-
vantando-a do chão, e levantei-me, carregando-a até o sofá encostado na pa-
rede. Ela disse que não esperava nada em troca, mas não a fazer gozar, não a
fazer gritar meu nome depois disso era um maldito sacrilégio. Fazê-la se sentir
bem me fez sentir bem.

Sentei-me no sofá, colocando-a na minha frente, e puxei sua calcinha pelas


pernas.

— Cillian, você não...

— Quieta. — Eu disse, e havia, porra, emoção real em minha voz. Eu não


estava pronto para ela ouvir o quão profundo era. Eu ainda estava tentando
aceitar esse sentimento dentro de mim. De alguma forma, em tão pouco tempo,
Sophia trouxe de volta à vida o que eu tinha certeza que Seamus havia destruído
para sempre. Peguei sua calcinha e usei-a para limpar seu queixo, depois beijei
seus lábios vermelhos e inchados antes de me deitar, agarrei seu quadril e pu-
xei-a para frente. — Sente na minha cara.

Seus seios tremiam com sua respiração ofegante, suas coxas escorregadias
com seus sucos, tão excitada por chupar meu pau que eu sabia que ela estava
doendo.

— Agora. — Eu disse.

Ela se moveu então, entrando em ação, incapaz de resistir ou me dizer não,


precisando do que ela sabia que só eu poderia dar a ela. Ela subiu e eu a arrastei
pelo meu corpo. Ela olhou para mim, tremendo de necessidade.
— Eu quero que você segure meu cabelo e trabalhe sua boceta na minha
boca até gozar, entendeu, querida?

Ela acenou com a cabeça, lambendo os lábios inchados enquanto montava


em meu rosto e abaixava sua boceta escorregadia.

Eu lambi ela e gemi quando seu gosto encheu minha boca, mas ela ainda
estava me deixando liderar, e desta vez, eu queria que ela tirasse de mim. Então
agarrei-lhe na mão e coloquei-a na minha cabeça, depois agarrei-lhe nas ancas
e puxei-a para baixo com mais força. Ela gritou, seus dedos instantaneamente
agarrando meu cabelo enquanto seus quadris giravam, buscando mais contato.

Continuei segurando seus quadris, não lhe dando espaço, e isso era todo o
incentivo que ela precisava. Um minuto depois, Sophia estava se esfregando
contra minha boca, apertando meu cabelo com força pra caralho, totalmente
perdida em sua necessidade de gozar. Foi perfeito. Ela estava em todo o meu
rosto, tão molhada que devia estar perto de gozar.

— En-enfie sua língua dentro de mim. — disse ela, com a boceta diretamente
sobre minha boca.

Foda-me. Estava duro novamente e a sua exigência era tão quente que as
minhas ancas balançaram. Enfiei minha língua dentro dela com um gemido, e
ela ficou ali, balançando e se esfregando contra mim, gritando quando gozou
contra minha boca, estremecendo e tremendo.

Antes que ela terminasse, eu a levantei novamente, levantei-me e fui até a


mesa, deitando-a sobre ela. Liberando rapidamente meu pau, bati dentro dela
e ela gritou, gozando novamente.

— Porra de boceta faminta. — Eu rosnei, empurrando dentro dela. — Você


não se cansa do pau do seu marido, não é, esposa?

Ela balançou a cabeça e gemeu. — Mais forte.


— Até quando você dorme. Você ainda quer que eu te foda até acordar,
querida? Da próxima vez que você tiver um dos seus sonhos sujos? Eu não
conseguirei parar de pensar nisso.

— Oh, porra ... sim, sim, eu quero isso.

Cristo. Ela seria a minha morte. Eu a fodi com tanta força que a mesa tremeu,
empalando-a no meu pau repetidas vezes. Agarrei sua garganta e a prendi na
mesa. Sua cabeça estava inclinada para o lado, seu rosto era uma máscara de
felicidade absoluta. Eu não conseguia desviar o olhar. Eu poderia passar todos
os dias, o dia todo transando com essa mulher. Enfiei meu polegar em sua boca.
— Molhe-o. — Ela o fez, então eu deslizei entre suas nádegas abertas, pressio-
nando-o em seu buraco apertado. Ela ficou tensa. — Relaxe. — Eu rosnei, e
inacreditavelmente ela o fez, confiando seu corpo em mim, mesmo comigo pa-
recendo um animal selvagem.

Deslizei meu polegar dentro de sua bunda enquanto fodia sua boceta, e ela
gemeu, apertando as pernas em volta de mim, tentando levantar sua bunda
para aguentar mais. Segurei-a, fodendo-a profundamente e com força, man-
tendo o meu polegar dentro dela o tempo todo. — Eu disse que vou foder essa
bundinha apertada, querida, e você vai adorar, vai me implorar por isso.

Então ela estava gozando de novo, se contorcendo e resistindo debaixo de


mim enquanto eu a fodia, perdida de vista. Desci em cima dela, gemendo contra
a sua orelha enquanto a enchia uma e outra vez, enquanto gozava, pulsando
profundamente dentro dela.

Quando finalmente saí, ela ficou ali deitada, ofegante, exausta, e eu cuida-
dosamente a levantei e a carreguei para fora do meu escritório.

Beijando sua testa, deitei-a em nossa cama e sentei-me ao lado dela, segu-
rando-a quente e saciada contra mim. Quando a vi pela primeira vez, eu sabia
que a teria, agora eu sabia que não havia nada que eu não faria para mantê-la,
para manter esse sentimento dentro de mim.
Nunca me senti mais humano, ou mais fora de controle em toda a minha
vida.
Capítulo Dezenove
Sophia

Minha barriga ficou estranha e minhas palmas coçaram para tocá-lo quando
Cillian entrou no quarto. Ele estava sem camisa, as calças ainda desabotoadas,
o cabelo molhado do banho, penteado para trás, e gotas de água haviam caído
em seus ombros e peito tatuados. Seus músculos dançaram enquanto ele em-
purrava o cabelo para trás.

Estremeci pensando no que aconteceu em seu escritório ontem à noite.

Eu não tinha mais ideia do que diabos estava fazendo. Eu era uma confusão
de emoções cruas. Como foi que alguém que mal tinha sentimentos poderia me
fazer sentir assim?

Ele passou a mão pela barba recém-aparada, depois pegou uma camisa e
vestiu-a, flexionando os músculos abdominais ao fazê-lo. Minha boca ficou seca.
Ele olhou para cima e me pegou observando. Sua expressão não mudou, aque-
les intensos olhos verdes nunca me deixando, e Deus, meu coração galopou
mais rápido no meu peito.

Ele era ilegível, perigoso, mas nunca me machucaria. Eu acreditava nisso


inequivocamente. Ele me queria, talvez até tivesse afeição por mim, seja lá o
que isso significasse para ele. Eu sabia que ele se importava com seu irmão,
seus homens, mas amor? Eu não tinha certeza se Cillian era capaz de sentir a
emoção em qualquer uma de suas formas.

— Pensei em procurar uma pintura para meu escritório hoje e gostaria de


saber se você poderia me dizer quem escolheu suas pinturas?

— Eu fiz.
Pisquei para ele, definitivamente não esperava por isso. — Você tem um
grande olho.

— Não sei nada sobre arte. — disse ele.

— Mas as pinturas desta casa são todas tão lindas.

Ele parou, apenas por uma fração de segundo, mas eu percebi. — Eu tinha
certos critérios.

— E o que era isso?

— Isso me faz pensar na minha bela adormecida. — disse ele.

— O que? — Minha voz saiu pouco mais que um sussurro.

— É por isso que são todos brilhantes e coloridos. Porque quando você olha
para eles de longe as pinceladas parecem deliberadas, mas quando você se
aproxima, você vê que elas não são nada, são mais selvagens e aleatórias, li-
vres.

Bela Adormecida.

Eu olhei para ele em estado de choque. Era realmente assim que ele me viu?
— Você acha que sou selvagem e livre? — Eu sussurrei.

— Eu sei que você é. — Ele enfiou a camisa para dentro. — Você simples-
mente não deixa muitas pessoas verem isso.

Mas ele tinha visto, não tinha? Ele me deixou selvagem e, apesar desta vida
que me foi imposta, ele me fez sentir livre. Eu não sabia o que dizer.

— Tenho algumas reuniões, mas não devo me atrasar. — Ele deslizou o


cinto, levantando-o, ainda mirando com toda aquela intensidade em minha di-
reção, então caminhou em minha direção. Como muitas vezes acontecia
quando ele me pegava desprevenida daquele jeito, eu meio que congelei. Ele
era simplesmente isso... avassalador.
Ele parou bem na minha frente. — Quando eu chegar em casa, você pode
escolher o que vamos jantar, ok?

— O-ok...— Limpei a garganta. — Tudo bem. — Eu disse novamente, so-


ando menos como um sapo demente.

Ele franziu a testa. — Tudo está certo?

Eu balancei a cabeça. — Sim, você é apenas... muito, muito intenso e tam-


bém muito, muito quente, e às vezes esqueço de respirar e fico um pouco tonta.
— Eu disse, porque diabos, não era como se estivesse escondendo merda de
você das pessoas ao nosso redor, e como meu novo marido parecia ter dificul-
dade para ler as emoções, ele estava em desvantagem. Foi justo que eu o in-
formasse também.

Ele piscou, aqueles cílios grossos e escuros caindo sobre os olhos verde-
musgo uma, duas vezes, então eles estavam queimando para mim e ele sorriu.
Não apenas uma pequena curvatura nos lábios, era mais profundo, com um
brilho de dentes brancos e, Deus me salve, uma covinha. Declan tinha o mesmo,
mas na bochecha oposta.

— Você tem uma covinha? — Eu disse.

— Eu?

— Você não sabe se tem uma covinha?

Ele encolheu os ombros.

— Você nunca sorriu no espelho antes? — Eu disse, então zombei. —Des-


culpe, esqueci com quem estava falando por um momento. — Eu balancei mi-
nha cabeça. — Você percebe que isso é uma grande parte do que torna seu
irmão tão cativante, aquele sorriso malicioso dele. Se você mostrasse essa co-
vinha um pouco mais, talvez você fosse um pouco mais acessível.

— Não quero ser mais acessível.


Estudei seus lábios. Eles eram bonitos demais para o monstro O'Rourke,
mas acrescentasse aquele sorriso, aqueles dentes brancos e a covinha, e tudo
fazia sentido. Tudo funcionou.

— Você acha que meu irmão é cativante? — ele perguntou, com uma ex-
pressão estranha no rosto.

— Bem, sim, ele é meio doce. Seu rosto não foi feito para ser tão severo o
tempo todo, recusando-se a sorrir do jeito que você sorri. Você está escon-
dendo os principais componentes do seu rosto.

Ele fez a coisa de piscar novamente. — Aparentemente não, você acabou


de ver todos os meus… componentes.

Ele tinha uma expressão confusa no rosto. Querido Deus, eu adorei. Foi mal-
dade que eu gostei tanto de confundi-lo? Provavelmente. Mas eu gostei muito
disso. — Quando foi a última vez que você sorriu?

— Dez segundos atrás.

Empurrei seu peito com uma risada. — Espertinho. Antes disso?

— Não tive muitos motivos para sorrir, Soph. Não sinto as coisas como as
outras pessoas sentem. Eu realmente nunca fiz isso. — Ele franziu a testa. —
Ou pelo menos pensei que não.

— O que mudou? — Perguntei estudando seu rosto bonito.

Ele colocou meu cabelo atrás da orelha. — Eu me casei com uma virgem
nerd, fofa e sexy pra caralho, que diz um monte de merdas estranhas que nin-
guém mais me disse, que fala sem parar durante o jantar, então quase todas as
noites ela acaba comendo frio, que olha para mim como se ela quisesse me
lamber da cabeça aos pés enquanto eu me visto depois do banho, e fode como
se ela nunca conseguisse aprofundar meu pau o suficiente, então dorme pres-
sionada contra mim a noite toda como se eu fosse seu urso de pelúcia favorita
da infância… Foi isso que mudou. A vontade de sorrir tomou conta de mim mais
desde que você chegou aqui do que em toda a minha vida.

Agora foi minha vez de piscar para ele, atordoada e em silêncio.

Ele agarrou meu queixo de forma possessiva, parando o que quer que eu
estivesse prestes a deixar escapar, e me beijou. — Volto por volta das oito. —
ele disse contra meus lábios, então se virou e saiu.

Olhei para ele, tentando recuperar o fôlego.

Danny entrou carregando as sacolas de compras. Conor estava muito com


Cillian ultimamente, e Danny parecia ser o pobre coitado que ficava comigo
com mais frequência.

— Isso é o fim. — disse ele e jogou as sacolas no balcão.

— Obrigada. — Eu ainda me sentia estranha dizendo a um cara como Danny


o que fazer, forçando-o a me levar de carro e me seguir pela loja. Felizmente,
ele não parecia ameaçado ou ofendido por isso. Meu pai teria perdido a cabeça
se mamãe tivesse dito a ele o que fazer. Celeste nunca fez isso. Eu não sabia
se isso acontecia porque ela só procurava papai quando queria alguma coisa,
geralmente o cartão de crédito dele, ou porque ela aprendeu da maneira mais
difícil, como todos nós.

Ele me levantou o queixo e saiu.

Enquanto guardava tudo, tudo que conseguia pensar era no que Cillian me
disse antes, que de alguma forma eu o havia mudado, ou trazido à vida dentro
dele algo que estava enterrado há muito tempo. Toda a situação, esse casa-
mento, o que ele era, era uma bagunça, mas eu não conseguia evitar o que
sentia por ele. Estava me apaixonando pelo monstro O'Rourke, por ele inteiro, e
não havia nada que eu pudesse fazer para impedir isso.

Apercebi-me de que não queria parar.

Não sei o que isso dizia sobre mim, mas queria continuar lançando luz sobre
as sombras dentro dele. Eu queria continuar revivendo as partes dele que esta-
vam ofegantes por tanto tempo.

Eu queria fazê-lo sorrir.

Cozinhar para os outros era uma das minhas linguagens de amor. Cillian
parecia não pedir muito. Ele nunca me pediu para cozinhar, mas eu queria. Era
uma coisa pequena, mas eu queria fazer algo de bom para ele, para mostrar-
lhe que apreciava o que ele tinha feito por mim.

Como ele era bom para mim.

Procurei nos armários o maior pote que pude encontrar.

Cillian passou a infância na Irlanda do Norte, em Belfast. Nasci e cresci aqui,


então não tinha ideia do que ele considerava um gostinho de casa. Meu pai
gostava de guisado, que sua mãe fazia para ele quando era menino. Minha mãe
fez isso para nós ao longo dos anos e eu a ajudei. Era delicioso, então isso es-
tava no cardápio. Eu tive que pesquisar no Google o que fazer com isso. Mamãe
sempre fazia purê de batata, mas eu ia com um acompanhamento de Colcan-
non (purê de batata com couve misturado) e pão integral irlandês.

Comecei pelo pão, fiz a massa e deixei crescer, depois cortei o cordeiro. O
ensopado precisaria de algumas horas para cozinhar lentamente. Passei o resto
da tarde na cozinha.

A mesa estava posta e tudo pronto às oito horas.

Mas Cillian não apareceu.


Ele não tinha mandado uma mensagem para me avisar que iria se atrasar, e
ele não tinha respondido às minhas mensagens, o que depois da noite passada
e ele saber o quão preocupada isso me deixou, me deixou extremamente ner-
vosa. Danny disse que estava atrasado e que estaria em casa quando termi-
nasse, mas isso não me impediu de me preocupar. Olhei para minha mesa, as
velas estavam quase totalmente queimadas agora. Tão estúpida. Cillian não era
romântico. Ele lutou contra a emoção, pelo amor de Deus. O que eu estava
tentando fazer aqui? Apaguei as velas e levei minha taça de vinho para o sofá.

Assisti TV, esperando. Quando olhei novamente para a hora, eram onze ho-
ras. Eu deveria ir para a cama. Em vez disso, fechei os olhos, só para descansá-
los por alguns minutos.

Acordei assustada com o som de vozes baixas. Cillian estava conversando


com Danny, dizendo que ele poderia ir para casa. Sentando-me, imediatamente
examinei seu corpo em busca de ferimentos. Ele me viu então, sentada na sala
escura.

Ele pareceu surpreso e depois franziu a testa. — Achei que você já estivesse
na cama.

— Estava preocupada. Nada do que eu disse ontem à noite foi registrado


em você?

Sua carranca se aprofundou, sua boca abriu e depois fechou. — Você es-
perou por mim?

Acho que sim. — Parece que sim.

Ele tirou a jaqueta e caminhou até mim.

Ele era tão alto, forte e lindo.

Tão mortal, frio e implacável, mas não para mim, não mais.
Ele se agachou na minha frente. — Eu ouvi você ontem à noite, eu só... não
pensei... — Ele passou os dedos pelos cabelos. — Desculpe. Isso não aconte-
cerá novamente. Só não estou acostumado com pessoas preocupadas...

Pressionei meu dedo em seus lindos lábios. Eu não conseguia ouvir o quão
negligenciado ele tinha sido durante toda a sua vida, não naquele momento. —
Você sabe agora. — Eu disse, deixando-o falar um pouco mais, deixando-o sa-
ber uma pequena parte de como eu me sentia.

Sua expressão não mudou, mas seu pomo de adão deslizou para cima e
para baixo em sua garganta. — Eu volto já. Não se mova.

Ele se afastou, mas não pude evitar de segui-lo. Era patético. Eu era paté-
tica, mas senti falta dele. Estava preocupada com ele. Entrei no quarto a tempo
de vê-lo guardando a arma de volta no cofre.

— Você usou isso esta noite? — Perguntei. Mulheres como eu foram criadas
para não fazer perguntas. Dependendo do homem, perguntas como essa po-
dem fazer com que você fique com as costas da mão e com o lábio cortado,
garantindo que você nunca tenha nenhuma ideia estúpida e faça isso de novo.
Cillian era frio e assustador às vezes, mas ele nunca me machucaria daquele
jeito. Não fisicamente, pelo menos, e não de propósito.

Em seguida, ele tirou uma faca de aparência perversa da bota e a colocou


na gaveta à sua frente, depois se virou para mim. — Você realmente quer saber
a resposta para isso, querida?

— Sim.

Seus olhos queimaram em mim. — Eu usei. — Ele me observou, esperando


pelo que eu diria, o que faria.

O que havia para dizer? Ele era quem ele era. Ele não iria mudar. Esta era a
vida dele, a maneira como ele foi criado, e era a minha vida também. Ele me
estudou e, com meu silêncio, uma mudança tomou conta dele. A nitidez de seus
olhos, a maneira como ele mantinha a boca, até mesmo a maneira como ele se
posicionava, tudo mudou, quando ele afastou Cillian e deixou Dean deslizar para
frente. Ele pensou que tinha me assustado. Ele achava que ser ele mesmo não
era suficiente. Deus, doía assistir.

Fui até ele e pressionei minhas mãos em seu peito.

— Soph. — Ele disse, todo Dean.

Eu odiei isso.

Ele segurou meu rosto e vi uma gota de sangue em sua manga.

Ele também viu e tentou soltar a mão, mas eu segurei, virando-a e desfa-
zendo a abotoadura. Fiz o mesmo com a outra, depois deslizei a mão pelo seu
peito, desfazendo os botões. Ele estava completamente imóvel, me observando
com uma intensidade que me deixou sem fôlego. Fui atrás dele e tirei sua ca-
misa, jogando-a no cesto de roupa suja, depois fiquei na frente dele novamente
e inclinei a cabeça para trás, olhando diretamente para aqueles olhos ilegíveis.

Naquele momento, eles estavam cheios de uma intensidade ardente.

— Não tenho medo, Cillian. — Eu disse. — Você não precisa de Dean. Eu


não preciso dele.

Seu peito se expandiu com a inspiração aguda.

— Você sente alguma coisa? Depois de machucar alguém? — Eu perguntei,


precisando conhecer tudo sobre esse homem, até mesmo as partes sombrias
e feias.

Ele me estudou por vários segundos. — Não.

Isso deveria me aterrorizar, me horrorizar, mas por algum motivo não acon-
teceu. Eu não estava com medo. — Seamus disse que você costumava assistir
filmes, ler livros de psicologia, que precisava deles para entender como interagir
com os outros, é verdade?

Ele ficou muito quieto. — Sim. — Ele finalmente disse. — Assisti a filmes e li
livros para me ajudar a compreender as pessoas ao meu redor e a entender por
que sou do jeito que sou.

Eu balancei a cabeça. Eu não tinha o direito de ficar horrorizada. Eu pergun-


tei e ele me contou a verdade, isso era mais do que eu já recebi do meu pai. Eu
não iria pressionar por mais, não agora. — Está com fome?

— Eu poderia comer. — Ele disse, sua voz ficando mais profunda, acompa-
nhando minha mudança de assunto enquanto seu olhar se movia sobre mim,
tentando me ler, minha reação às coisas que ele disse.

Ele se referia a mim, mas eu ignorei isso também, o que não foi fácil e peguei
sua mão. — Vamos. Eu fiz o jantar para você.

Ele se acalmou novamente, e tive que puxar sua mão para fazê-lo se mover.
Ele me seguiu, uma expressão ilegível no rosto. Sentei-o à mesa e acendi as
velas novamente. Ele não desviou o olhar de mim enquanto eu esquentava seu
jantar, então o trouxe e coloquei na mesa na frente dele.

Ele olhou para ele.

— Ensopado, Colcannon. — Deslizei a tábua de pão. — E pão integral. Achei


que você gostaria de sentir o gostinho de casa. Espero que esteja tudo bem?
Eu não tinha certeza do que cozinhar. Pesquisei on-line. — Eu disse e ri, de
repente me sentindo constrangida.

Ele olhou para mim. — Minha mãe não cozinhava e vivíamos de batatas fritas
e molho de curry quando morávamos com a irmã de Seamus. — Ele olhou para
baixo. — Ninguém além da minha avó cozinhou para mim assim.

A avó dele foi a última pessoa a cozinhar para ele? — Ela ainda está na
Irlanda?
— Ela morreu quando eu tinha dez anos. — disse ele e pegou o garfo.

Senti meus lábios tremerem. — O que você comeu quando estava na casa
do seu pai?

Ele colocou o ensopado na boca e fez um som baixo. — Eu tinha quinze


anos, eles me colocaram e Dec no porão. Eu cozinhei para nós. — Ele olhou
para mim. — Isso é incrível.

— O porão?

Ele olhou para cima novamente, o horror na minha voz o fez parar.

— Estava tudo bem. Tinha uma kitchenette e uma casa de banho. Eu cozi-
nhava para mim e para Dec todas as noites. Provavelmente é por isso que não
gosto de cozinhar agora.

— E no seu aniversário?

Ele franziu a testa. — E daí?

Balancei a cabeça, tentando lutar contra minhas emoções. Seamus era um


maldito monstro. — Experimente o pão. — Eu disse para distraí-lo de olhar para
mim. Eu não queria que ele visse o quão furiosa eu estava por ele, o quão perto
estava das lágrimas de raiva.

Ele ficou ali sentado, sem camisa, lindo, comendo como nunca tinha comido
antes. Vê-lo assim satisfez algo dentro de mim. Eu queria cuidar dele, agradá-
lo, dar-lhe as coisas que ele havia perdido. Quando ele terminou, ele se recostou
e olhou para mim do outro lado da mesa.

— Essa é quase a melhor coisa que já comi. — disse ele, e aqueles olhos
lindos e aterrorizantes não eram frios, eram brilhantes, quentes.

— Quase? — Eu disse, e saiu sem fôlego.


— Nada supera o gosto da minha esposa. — disse ele.

Tive que morder os lábios enquanto andava ao redor da mesa. — Vamos,


vou limpar isso amanhã de manhã.

— Onde estamos indo? — ele perguntou, e havia diversão real em sua voz.

— Vamos tomar banho e depois vamos para a cama.

Ele não disse mais nada enquanto eu pegava sua mão e subia as escadas.
Ele me deixou levá-lo até o banheiro e observou enquanto eu tirava a roupa e
abria a água. Ele tirou os sapatos e as meias, depois as calças. Ele era duro, tão
incrivelmente duro.

Havia um corte em seu braço que eu não tinha visto antes.

Ele seguiu meu olhar. — Não é nada.

Entrei no chuveiro e ele me seguiu, aglomerando-se atrás de mim. Eu me


virei e ele voltou para o jato quando empurrei seu peito. Por enquanto, ele estava
me deixando liderar, mas a forma como seus dedos batiam ao lado do corpo, a
maneira como seu peito subia e descia mais rápido, a fome em seus olhos se
aprofundando, me disseram que ele estava perto do limite. Cillian gostava de
controle e estava me agradando agora, mas não por muito mais tempo.

Esfreguei-o, percorrendo seu corpo musculoso, ensaboando-o e enxa-


guando-o. Ele me observou avidamente, como o predador que era, esperando
para ver o que eu faria a seguir. Minha boceta estava quente e dolorida. Estava
tão molhada, mas não caí de joelhos como queria, não, desliguei o chuveiro e
saí. Cillian soltou um suspiro trêmulo, mas fez o mesmo, ainda me deixando
liderar, ainda escolhendo seguir. O corte no braço estava sangrando de novo,
e tirei um band-aid da minha bolsa de cosméticos, rasguei a embalagem, depois
peguei o braço dele, sequei-o e cobri o corte.

Ele olhou para baixo, depois para mim, e seus lábios se curvaram, mos-
trando os dentes. — Carros de corrida?
— Comprei para Tommy. — Eu disse.

Ele assentiu. — Você me alimentou, me limpou, cuidou de minhas feridas.


— Ele pegou meu queixo com a mão, o polegar pressionando meu lábio inferior,
e minha língua disparou sozinha, tocando a ponta. Ele fez o mesmo som áspero
e apreciativo que fazia enquanto comia o jantar, depois pressionou o rosto na
curva do meu pescoço e na minha orelha. — Você vai deixar seu marido cuidar
de você agora, minha pequena princesa fada? — Então ele agarrou minha toa-
lha e puxou, e ela caiu no chão.

O ar frio atingiu meus mamilos e eles ficaram ainda mais tensos. — E se eu


não tiver terminado de cuidar de você?

— Eu sou todo seu. — Ele disse com voz rouca.

Pressionei minha mão em seu peito e ele recuou para o quarto. Continuei
avançando até chegarmos à cama, então dei outro empurrão nele. Ele entendeu
a dica e caiu para trás, deitado na cama, me observando com os olhos semi-
cerrados.

— Você vai me montar, querida?

Ainda não tínhamos feito isso e era exatamente isso que eu planejava fazer.
— Sim. — Minhas coxas estavam escorregadias. Estava desesperado para
senti-lo dentro de mim, mas demorei para admirá-lo. Seu corpo era uma perfei-
ção absoluta. — Você é lindo. — Eu disse, incapaz de segurar. — Cada centí-
metro de você.

O sorriso arrogante desapareceu de seu rosto.

— Você foi honesto comigo ontem. Você não esconde coisas de mim, e eu
quero te dar isso também. — Deixei meu olhar passar por ele.

— Sim? E o que você vê, Sophia, quando olha para mim? — Suas palavras
foram um estrondo baixo e os músculos de seu estômago se contraíram como
se ele estivesse se preparando para um golpe.
Apesar das coisas que eu tinha feito e dito, ele ainda esperava que eu dis-
sesse um monstro, um assassino, para atacá-lo de alguma forma, mas eu vi
mais do que isso agora, muito mais. — Suas mãos são grandes e fortes. Eu sei
do que são capazes, o que fizeram, mas não importa, não me importo, porque
anseio senti-las em mim o tempo todo. — Eu me arrastei para a cama, montando
em suas coxas. Seu peito estava arfando. — Eu deveria ter medo de você, mas
não tenho, não mais. Você me perseguiu, invadiu meu apartamento e me viu
dormir, me forçou a ser sua esposa. — Seu olhar escureceu. — Eu deveria estar
planejando minha fuga, mas em vez disso fico acordada, ouvindo você chegar
em casa, dolorida e desesperada para que você me toque novamente com
aquelas mãos ásperas que podem ser brutais e violentas, mas sei que elas
nunca serão comigo. — Peguei seu pau dolorosamente duro em minhas mãos
e acariciei. — Sinto-me mais segura aqui com você do que nunca em toda a
minha vida.

— Sophia. — Ele rosnou.

— Eu não quero mentir, Cillian. Eu não quero Dean. Quero você.

Seus dedos cavaram minha carne, cada músculo endurecendo abaixo de


mim.

Ele estava prestes a explodir, e eu queria isso, queria empurrá-lo para o li-
mite. — Eu amo esse pau. — Sussurrei. — É tão longo e grosso e me preenche
tão bem. Estou feliz que você seja o primeiro homem que deixo me foder...

— O único homem. — Ele praticamente rosnou. — Eu sou o único homem


que saberá como é estar dentro de sua boceta perfeita e apertada, Sophia.
Diga.

— Você é o único homem. — Eu disse e acariciei-o novamente. Talvez isso


estivesse errado, eu estava errada, por querer isso, por querer ele, mas eu que-
ria. Ele era tudo que eu queria.
Ele estava respirando com muita dificuldade agora, seu peito e estômago,
suas coxas sólidas como rocha. Deslizei meu corpo mais alto e balancei meus
quadris, arrastando minha boceta por seu comprimento duro, depois de volta,
mas sem levá-lo para dentro, provocando-o ainda mais.

— Sophia. — Ele rosnou novamente.

— O que? — Mordi meu lábio e moí minha umidade contra a parte inferior
de seu pau. — Você não gosta?

Não havia apenas trovão em seus olhos agora, ele estava prestes a me de-
vorar. — Foda-me, querida. — Ele rosnou.

— Não. — Eu disse, brincando com o monstro.

Por que você está testando-o?

Porque estava me apaixonando por ele, apesar de todos os motivos pelos


quais não deveria, e precisava conhecer essa parte dele de perto e pessoal-
mente. Preciso que ele me mostre o monstro.

Ele agarrou meus quadris e tentou me levantar para poder empurrar para
dentro. Empurrei para trás e balancei a cabeça.

— Deixe-me entrar, Sophia.

— Ainda não.

Seus olhos ficaram brilhantes e ameaçadores, transformando suas feições.


De alguma forma, ele descobriu o que eu estava fazendo. Agora era eu quem
estava ofegante em antecipação, enquanto os nervos voavam descontrolada-
mente em minha barriga.

Deslizei minha boceta ao longo de seu pau, girando meus quadris, e depois
voltei mais uma vez.
Cillian levantou-se, prendeu-me pelos braços e levantou-se. Eu gritei de sur-
presa. Em dois passos ele colocou minhas costas contra a parede, me pren-
dendo como uma boneca. Ele enganchou os braços atrás dos meus joelhos,
então eu estava quase dobrada ao meio, minhas pernas bem abertas, então ele
me empalou em seu pau, batendo dentro de mim.

Um grito explodiu de mim.

Ele beliscou meu queixo. — Você quer que eu perca o controle, você enten-
deu. — Ele bateu os quadris para frente. — Você queria uma introdução ao
monstro neste conto de fadas fodido, a Bela Adormecida? Bem, aqui está ele.

Ele tinha visto através de mim.

Ele me prendeu com mais firmeza na parede e me fodeu com mais força,
seu pau, aço duro, me enchendo uma e outra vez. — Eu nunca vou te machu-
car, Sophia, não importa o quanto você me pressione. Desde o momento em
que coloquei os olhos em você, você era minha. — Ele pegou meu rosto nas
mãos, sem me deixar desviar o olhar, seus olhos cravados nos meus. — Você
é a única coisa neste mundo que morrerei para proteger, entendeu? — Ele pu-
xou quase todo o caminho e bateu de volta, sacudindo meu corpo.

Eu chorei, minhas pernas tremendo. Era demais, mas não havia escapatória.
Estava à sua mercê e, Deus, eu queria isso. Eu ansiava por ser controlada, mal-
tratada, fodida, acariciada por essa coisa selvagem, esse homem capaz de
qualquer coisa, mas sabendo que eu era a exceção. Agarrei suas costas, que-
rendo mais e com medo do enorme sentimento dentro de mim.

Cillian era uma tempestade furiosa e eu mal conseguia aguentar, mas estava
com medo de que, se me agarrasse com muita força, ele me jogasse fora como
todo mundo. — Não me deixe ir. — Solucei.

— Nunca. — Ele rosnou.


Eu não sobreviveria a isso, sem perdê-lo. Eu sabia disso agora. Esse senti-
mento dentro de mim era muito grande. Era violento, sem remorso e errado,
mas incrivelmente certo. Estávamos certos, juntos.

— Aconteça o que acontecer, prometa-me, você nunca vai me deixar ir. —


eu disse novamente por que estava girando fora de controle, meus sentimentos,
meus medos todos ali, tão crus e expostos e não havia como escondê-los.

Ele me puxou da parede e nos levou para a cama, caindo de costas e me


levando com ele. Ele ainda estava dentro de mim, e agarrei seu peito, esma-
gando-o, fodendo-o, reivindicando-o como se ele tivesse me feito.

Suas mãos subiram e ele agarrou meu cabelo e puxou meu rosto para perto
do dele. — Eu prometo, querida, nunca, jamais, vou deixar você ir.

Joguei minha cabeça para trás, gritando, tremendo e balançando contra ele
enquanto gozava com tanta força.

Finalmente, caí para frente, e Cillian me rolou, ainda investindo em mim, ros-
nando e rosnando como o monstro que era, não desistindo até gozar com um
rugido desequilibrado, resistindo dentro de mim até ficar exausto.

Ele caiu ao meu lado, me puxando para seus braços e me beijou com ter-
nura.

Eu balancei contra ele e chorei baixinho, incapaz de segurar.

Cillian me virou de costas, estudando meu rosto enquanto enxugava minhas


lágrimas. — Por que você está chorando? — ele perguntou, apenas curiosi-
dade, fascínio, em seus lindos olhos, sem medo. Ele jurou nunca me machucar
e sabia que não tinha me causado dor.

— Porque... porque foi tão bom. Porque eu nunca soube que... que poderia
ser assim. — eu disse em meio às lágrimas.
— Eu também. — Ele deslizou o polegar sobre minha bochecha. — Porra,
querida, você fica tão linda quando chora. — Ele fez um som baixo, no fundo do
peito. — Minha. — Ele disse, então me puxou de volta contra ele.

Dele.
Capítulo Vinte
Sophia

Entrei na casa do meu pai, Danny logo atrás de mim.

Celeste havia ligado naquela manhã. Tommy estava sentindo minha falta.
Ele voltou da escola resfriado e ela me pediu para passar por aqui para animá-
lo. — Ele está no quarto dele? — Eu perguntei enquanto ela caminhava em mi-
nha direção. Eu não estava interessada em bater papo com ela. Se não fosse
sobre Tommy, não teríamos nada a dizer uma à outra.

— Suba. — Ela disse e sorriu para Danny. — Há almoço no terraço, por


favor, sirva-se.

Danny a ignorou e me seguiu em direção às escadas.

— Tommy não o conhece, Sophia. Ele vai ficar assustado com o seu cão de
guarda rondando. — disse Celeste.

Sorri para Danny. Por mais irritante que fosse, ela estava certa. — Coma um
pouco, ficarei bem. — Ele balançou a cabeça, prestes a discutir. — Estou bem.
Eu ligo se precisar de você.

Sua mandíbula apertou, mas ele fez o que eu disse. Danny, porém, não saiu
para o terraço, ficou parado no pé da escada, e eu sabia que ele não se moveria
até que eu descesse. Ele não confiava nem um pouco no meu pai, isso era ób-
vio. Nenhum deles fez. O que eles achavam que ele poderia fazer, eu não tinha
ideia. Ele já tinha feito o seu pior, certo? Felizmente para mim, o pior dele estava
começando a parecer a melhor coisa que já aconteceu comigo.

Desci o corredor, bati na porta de Tommy e entrei. — Ei, amigo... — A cama


estava vazia. Entrei no quarto, presumindo que ele estava no banheiro. —
Tommy?
A porta do quarto se fechou atrás de mim e me virei.

Meu pai ficou lá.

— Onde está Tommy?

— Na escola. — Ele estava nervoso.

— Celeste disse que ele estava doente.

— Eu precisava conversar com você em particular. — disse ele, ainda blo-


queando a porta.

O desconforto instalou-se atrás das minhas costelas. O que diabos estava


acontecendo aqui? — Então você deveria ter ligado. Não mentir para mim sobre
meu irmão.

— Eu farei o que eu quiser. Eu sou o chefe desta família-...

— Mesmo assim, você está se escondendo no quarto do seu filho para que
um dos homens de Cillian não ouça você...

Ele deu um passo à frente, sua mão voando para trás-...

— Você marca meu rosto e Cillian vai acabar com você. — Atirei nele. Cho-
que disparando através de mim. Ele nunca tinha tentado me bater antes. Eu me
sinto doente.

Ele respirou fundo várias vezes e deixou cair a mão. — Deus, eu sinto muito,
Sophia. Não sei o que deu em mim... estou sob muito estresse.

— O que diabos está acontecendo? — Eu nunca o tinha visto assim, e ele


nunca em toda a minha vida me pediu desculpas por nada.

— Você precisa me ouvir, confie em mim.

— Você está me assustando.


Seu olhar endureceu. — Seu tempo de casada com Cillian O'Rourke aca-
bou. Eu irei buscar você esta noite. Espere até ele dormir e depois saia. Haverá
um carro esperando por você na rua, atrás da casa, esteja la às duas.

Eu congelo. — O que?

— Ele vai me matar, Sophia. Você consegue conviver com isso? Com a
morte do seu pai na consciência? Estou organizando uma anulação agora. Co-
nheço um juiz, ele me deve. Você pode ir embora. Você não precisa ficar com
um homem que assassinou o próprio irmão. Você não está segura.

Uma anulação? O que ele estava fazendo? E ele não se importou com a
minha segurança quando planejou me casar com alguém com a reputação de
Adam ou Cillian, aliás. — Por que ele iria querer machucar você? — Eu cansei
de ficar quieta e fazer o que me foi dito.

Sua mandíbula apertou. — Ele está prestes a descobrir alguns... negócios


que tenho feito em seu território.

— Você traiu os O'Rourke de novo? O que você estava pensando?

— Estou cuidando de nossa família e não vou dar a esse filho da puta um
centavo do meu dinheiro.

Ah, merda. — Pai...

— As coisas estão prestes a mudar, e você não será uma maldita O'Rourke
quando isso acontecer.

— O que você quer dizer com mudar?

— Isso não é da sua conta. Você fará o que lhe for dito e ponto final.

Minhas mãos tremiam de raiva, por ele estar fazendo isso comigo de novo.
— Eu preciso sair. Danny virá me procurar em breve.
Seus olhos escuros estavam fixos em mim. — O carro esperará por você às
duas, e se você contar a Cillian, se não vier, o que acontecerá a seguir estará
na sua cabeça.

O pavor aumentou ainda mais. — O que vai acontecer?

Seu olhar escureceu. — Ele vai me matar quando descobrir o que tenho
feito, Sophia. Você sabe que ele vai. Ele matará Celeste... e matará Tommy.

— Ele não faria isso. — Eu mordi.

— Você não tem ideia do que ele fez, do que ele é capaz. Eu faço. Eu já vi
coisas que te dariam pesadelos, te deixariam enjoada. — Meu pai era um ma-
nipulador e mentiroso, mas o medo em seus olhos parecia real.

Balancei a cabeça, meu estômago revirando, minha mente voltando para o


sangue na camisa de Cillian, a arma, a faca. Ele nunca machucaria uma criança.
Ele nunca machucaria Tommy. Mas meu pai, Celeste...

Ele agarrou meu braço e me sacudiu. — Mesmo que ele não mate seu irmão,
quem pode dizer que Tommy não será pego no fogo cruzado? Ou que ele será
forçado a assistir a execução de seus pais na sua frente. Cillian não é chamado
de monstro O'Rourke à toa, você já deve saber disso. — Ele me deu outra sa-
cudida. — Esteja pronta esta noite. — Então abriu a porta e foi embora.

Fiquei congelada. Eu não era estúpida, eu sabia o que Cillian era. Ele não
era como as outras pessoas, não tinha muita consciência, se é que tinha al-
guma. Ele me disse que estava preparado para matar meu pai por sua traição
a Seamus, naquela primeira noite no escritório do meu pai. Era assim que seu
mundo funcionava. Meu pai recebeu uma segunda chance por minha causa,
por causa de nossa aliança, e ele a desperdiçou. Ele jogou de volta na cara de
Cillian. Cillian não podia deixar isso passar. Ele era o chefe de sua família agora,
não podia demonstrar fraqueza.
Papai tinha fodido tudo, e quando Cillian descobrisse o que ele tinha feito,
ele não teria escolha senão fazê-lo pagar.

Eu me obriguei a me mover, com o estômago embrulhado.

Danny me observou descer as escadas e, assim que me viu, franziu a testa.


— Ok?

Celeste olhou para mim e o medo que vi em seu rosto era tão real quanto o
de meu pai.

Forcei um sorriso. — Sim, eu só... eu não gosto de ver Tommy doente. De-
víamos voltar.

Minha mente correu durante todo o caminho para casa, meu estômago em-
brulhado. Fui para o quarto assim que chegamos lá. Felizmente, Cillian estava
fora. Ele saberia que algo estava errado se me visse agora. Eu precisava de
tempo para pensar. O que ele faria se eu contasse a ele? Ele me contaria a
verdade?

Meu pai não era um bom homem, mas eu não o queria morto. Eu com cer-
teza não queria que Cillian fosse quem o matasse, ou Celeste. Ela era a mãe de
Tommy, não importava o quanto ela me odiava. Se Cillian fez isso, se ele os
assassinou, como eu poderia ficar aqui com ele? Eu não conseguiria.

Andei até meus pés doerem e depois me sentei na cama. O que diabos eu
iria fazer?

O que meu pai planejou, voltar atrás no acordo com Cillian, me aceitar de
volta, além do que ele tinha feito, só iria piorar tudo. Isso iniciaria uma guerra.
Se eu contasse a Cillian o que meu pai fez, o que ele planejou, então ele defini-
tivamente o mataria. Cillian não seria capaz de deixar isso passar. Ele não podia
deixar isso passar, não na posição dele, e quer eu contasse a ele ou não, ele
descobriria por que meu pai já havia colocado essa coisa em ação. Ele organi-
zou uma anulação, pelo amor de Deus. Se eu não fizesse algo agora, se não
tentasse impedir isso, meu pai morreria. Ele assinou sua própria sentença de
morte quando decidiu trair Cillian.

Mas se eu estivesse lá, se estivesse na casa do meu pai, isso poderia mantê-
los seguros?

O que diabos eu iria fazer?

Eu me enrolei na cama, os mesmos cenários passando pela minha cabeça


repetidas vezes, mas não importa o quanto eu tentasse, não havia como lutar
contra o cansaço que sentia.

Acordei com Cillian me ajudando a tirar minhas roupas.

— Você adormeceu ainda vestida. — disse ele, examinando meu rosto.

Meu olhar foi para o relógio ao lado da cama. 22:57. — Estava cansada.

Ele me sentou, levantou minha camisa por cima da cabeça e a jogou de lado,
depois desabotoou meu sutiã e deslizou-o pelos meus braços. Uma de suas
mãos segurou meu seio nu, apertando levemente antes de descer até o botão
da minha calça jeans. Ele o desfez e a tirou. Eu o observei, tentando ler a ex-
pressão em seu rosto, mas não consegui. Ele estava focado, cada detalhe em
mim.

Seu olhar se voltou para o meu. — Como foi sua visita com Tommy hoje?

A culpa bateu em mim. — Sim, ok.

— Ele está se sentindo melhor?

Eu balancei a cabeça.

— Você comeu?

Balancei a cabeça novamente, mentindo. Eu não conseguia engolir nem um


bocado de comida e, se ele soubesse que não jantei, me obrigaria a comer.
— Vá para a cama, querida. Vou tomar um banho e depois quero te mostrar
uma coisa.

Ele se afastou e eu o observei ir. Achei que poderia realmente estar doente.
Cillian nunca machucaria meu irmão, eu sabia disso sem dúvida, mas perder os
pais iria machucá-lo.

Meu pai era um manipulador, porém, e por mais real que seu medo pare-
cesse hoje, eu não iria apenas acreditar nele, eu sabia que não era assim. Papai
disse que as coisas estavam prestes a mudar e, quanto mais eu pensava nisso,
mais preocupada ficava. Ele faria ou diria qualquer coisa para me submeter à
sua vontade. Eu precisava de provas do que ele disse e, até então, conversar
com Cillian estava fora de questão. Havia muita coisa em jogo.

Coloquei um alarme para 01h30, coloquei-o no modo vibratório e coloquei-


o debaixo do travesseiro. Eu não tinha ideia do que iria fazer, mas sabia que
precisava tentar impedir isso. Eu precisava falar com ele. Eu precisava tentar
acalmar essa situação antes que ela fosse mais longe e fosse tarde demais. E
se meu pai estava dizendo a verdade e estava fazendo negócios no território de
Cillian, eu tinha que tentar convencê-lo a vir até Cillian para pagar-lhe suas dívi-
das; então ele pode realmente abandonar tudo isso.

Apaguei o abajur de cabeceira. Se Cillian olhasse nos meus olhos agora, ele
saberia que eu estava escondendo alguma coisa.

A porta do banheiro se abriu. Tive um vislumbre do corpo nu de Cillian, toda


a pele macia e tatuada, o cabelo úmido e penteado para trás, antes de ele fechar
a porta atrás de si e ir até a cama. O colchão afundou quando ele entrou e
imediatamente me puxou para ele.

— Você teve um grande dia? — ele perguntou.

— Hmm. — Eu disse e rezei para que ele não sentisse o quão rápido meu
coração estava disparado.
Ele beijou minha nuca. — Amo você assim, Soph, toda macia e sonolenta.
— Ele segurou meus seios, apertando vagarosamente, brincando com meus
mamilos até que eles ficassem duros e eu me contorcesse. Foi como nas pri-
meiras noites em que estive aqui, quando ele ia para a cama comigo e me fazia
gozar no escuro, como se fosse nosso segredinho e ninguém mais precisasse
saber. Algo que eu poderia fingir que não aconteceu na luz fria do dia.

— Você quer que eu faça você se sentir bem, minha linda? — ele perguntou
contra minha orelha e deslizou a mão pela frente da minha calcinha.

Eu fiz. Eu o queria. Eu sempre o quis. — Sim.

Ele se mexeu, encostando-se na cabeceira da cama, me levando com ele,


e me puxou entre suas pernas para que minhas costas ficassem voltadas para
sua frente. A luz de seu telefone rompeu a escuridão e ele o estendeu na nossa
frente. — Assista isso. — Ele disse com mais do que um pequeno grunhido em
sua voz.

Uma imagem apareceu. Enrijeci quando uma sala apareceu na tela. Meu
primeiro pensamento foi que ele sabia de alguma coisa, que sabia que meu pai
havia me emboscado no quarto de Tommy e sabia o que tinha feito. Mas então
eu vi Conor.

— O que é isso?

— Continue assistindo. — disse ele.

Um momento depois entrei na sala, meu cabelo estava todo bagunçado.


Conor ergueu os olhos e sorriu. Entrei mais na sala e o resto do meu corpo
apareceu. Estava de camiseta e calcinha, de renda que não cobria muita coisa.
Na manhã em que eu estava de ressaca. Merda.

— Eu posso explicar…

— É melhor você fazer, querida, porque eu tenho que te dizer, não estou
bem com meus homens vendo minha esposa de calcinha. — Seus lábios foram
até meu ouvido. — Eu posso ver sua boceta através dela, o que significa que
Conor também pode.

— Estava de ressaca e meio que desmaiei na noite anterior. Achei que es-
tava de maiô. Eu não tinha percebido que você havia trocado minhas roupas.

— Você teve sorte de eu não ter arrancado os olhos de Conor. A única razão
pela qual o deixei viver foi porque sei que posso confiar nele.

Estava tremendo, mas não de medo, pela maneira como suas mãos subiram
pela parte interna das minhas coxas, massageando minha carne.

— Tire a calcinha. — disse ele.

Eu a empurrei para baixo, abrindo minhas pernas para ele instantanea-


mente.

— Minha garota safada, sempre tão ansiosa. — Ele disse e enganchou mi-
nhas pernas nas dele, prendendo-as e abrindo-as bem.

— Desculpe. Isso nunca mais vai acontecer. — Eu disse, com a necessidade


de fazer minha voz tremer.

Ele deixou o telefone de lado e a sala ficou novamente na escuridão. Então


sua mão voltou e ele começou a circular meu clitóris suavemente, enfiando seu
pau duro na minha bunda. — Que pena?

— Realmente, realmente sinto muito. — Eu sussurrei.

Sua boca foi até meu ouvido novamente. — Você sabe que tenho que punir
você, não é, querida?

Sim, eu queria que ele me punisse. Esta noite, entre todas as noites, eu que-
ria ser punida. — P-por quê? — Eu disse, enquanto implorava silenciosamente
por tudo o que ele queria fazer comigo. Minha boceta estava nua, espalhada e
pingando para ele, para o que quer que acontecesse a seguir. Estava vulnerável
e à sua mercê, e era exatamente disso que eu precisava.

— Para que você nunca mais faça isso. — Ele disse e me abriu com os
dedos de uma mão antes que a outra caísse sobre minha pele nua, o tapa mo-
lhado ressoando na sala silenciosa.

Eu gritei e me arqueei contra ele. — Ah, merda.

— Ninguém vê essa boceta perfeita além de mim. — Ele rosnou e espancou


meu clitóris novamente.

Eu me sacudi em seus braços, minhas coxas tremendo.

— Entendido? — ele rosnou, então fez isso mais três vezes em rápida su-
cessão.

Eu gritei, gozando, minha boceta apertando contra nada, em torno de nada.


Tentei enfiar a mão entre as pernas, e ele agarrou-a com uma das suas, me
impedindo e depois me deu um tapa novamente. Minha boca se abriu e tentei
me afastar, mesmo implorando por mais. Era demais e não era suficiente.

Um de seus braços cruzou meu peito, uma mão grande agarrando meu peito
enquanto a outra começou a circular e esfregar meu clitóris, me fazendo chora-
mingar e me contorcer. Estava sensível e ele ainda tinha minhas pernas presas
e abertas. Eu queria gritar para ele parar, mas queria continuar no auge. O meu
orgasmo não tinha terminado completamente e o próximo estava ali mesmo. —
Me castigue... por favor... preciso que você me castigue.

— Minha querida tão gananciosa. — disse ele e enfiou dois dedos dentro de
mim.

Sua mão deixou meu peito e agarrou minha garganta, então ele estava me
fodendo com os dedos tão rápido que tudo que eu pude fazer foi soluçar e im-
plorar para que ele me fizesse gozar. Ele me abriu mais e empurrou mais fundo,
me atingindo onde eu mais precisava dele. Então estava me arqueando contra
ele, gozando novamente, me contorcendo contra sua mão, minha boceta aper-
tando seus dedos com força. Eu sabia que tinha encharcado os lençóis e goza-
ria duas vezes, com muita força, mas não era o suficiente, não está noite. Eu
me senti louca de luxúria. Eu queria mais. — Por favor, eu quero. Foda-me. Por
favor, Cillian.

Ele rosnou contra minha pele enquanto sua boca se movia sobre minha gar-
ganta, sugando com força antes de beijar a pele macia ali. — Então me coloque
dentro de você, querida.

Ele deixou minhas pernas livres e me mexi, colocando meus pés embaixo de
mim e estendi a mão para trás, pegando seu pau na mão e pressionando a
cabeça na minha abertura. Sentei-me, levando-o para dentro de mim, e ele ge-
meu. Comecei a me mover instantaneamente, montando nele com força e rapi-
dez, alcançando-o, desesperada para gozar novamente, para sentir Cillian go-
zar dentro de mim.

— Foda-se. — Ele rangeu contra minha orelha. — Minha esposa adora ficar
cheia do pau do marido.

— Sim. — Solucei enquanto ele agarrava meus quadris e assumia o ritmo,


mas era muito lento, muito intenso. Com seus braços agora me prendendo con-
tra ele, eu não conseguia me mover como queria. Ele me prendeu, totalmente
sob seu controle, do jeito que ele gostava, do jeito que ele sabia que eu adorava.

Ele me segurou imóvel, então empurrou para dentro de mim uma e outra
vez. — A buceta está pingando em cima de mim, querida. Uma boceta tão fa-
minta. Se você deixar outro homem ver o que é meu de novo, eu vou matá-lo,
entendeu?

Eu chorei, tão perto de gozar pela terceira vez.

— Responda-me, Sophia. — Ele rosnou.

— S-sim.
Ele se moveu de repente, puxando-me e me empurrando de costas. Ele abriu
minhas pernas e me encheu novamente, me fazendo gritar. Ele se enterrou em
mim, ficando profundo, fazendo minha cabeça girar. Ele olhou para mim, os
olhos brilhando no escuro, me obrigando a olhar para eles, me mantendo cativa.

— Brinque com seu clitóris. — disse ele, baixinho, urgente.

Abaixei-me entre nós e esfreguei. Ele observou, seu olhar queimando em


mim enquanto aumentava o ritmo de suas estocadas, mais rápido, mais pro-
fundo, mais forte.

— Linda. — disse ele.

Meu orgasmo me atingiu como uma onda, fluindo sobre mim, através de
mim. Arqueei-me contra ele, chamando seu nome. Ele agarrou meu queixo e
me fez olhar para ele, e observei seu rosto se contorcer de prazer. Seu gemido
profundo e a pulsação pesada de seu pau provocaram tremores secundários
em mim.

Ele pressionou sua testa na minha, nossas respirações ofegantes se mistu-


rando. — Tão perfeita. — Ele disse com voz rouca.

Agarrei-me a ele, olhando para seu lindo rosto, para os olhos que poderiam
ser tão frios quanto gelo, mas que queimavam por mim, e a compreensão me
atingiu. Eu não estava me apaixonando por ele, não, eu já tinha me apaixonado
por Cillian O'Rourke. Completamente.

Ele me beijou, suave, terno, ainda dentro de mim, do jeito que ele gostava.
Ele sempre ficou dentro de mim enquanto pôde. As emoções dentro de mim se
alargaram, tão amplas que não pude mais contê-las.

— Eu te amo. — Sussurrei na escuridão, tão baixo, minha voz tão baixa. Eu


deveria guardar isso para mim mesma, mas disse mesmo assim.

Sua expressão não mudou, mas cada músculo de seu corpo se contraiu
acima de mim. Sua mandíbula se contraiu, mas ele não disse nada. A
humilhação queimou meu rosto, mas eu sabia que isso iria acontecer, não é?
Eu sabia que esse homem não era capaz de me amar de volta.

— Querida. — Ele disse asperamente. — Eu...

— Você não precisa dizer nada. — Olhei para o relógio. 23:48.

Ele me estudou por longos segundos, os músculos de sua mandíbula traba-


lhando. — Eu vou te proteger, cuidar de você, te dar tudo que você precisa.
Mas amor... não é algo de que sou capaz, Sophia. Não sei se alguma vez fui —
ele disse asperamente.

— Você não precisa explicar. — Isso facilitou, não foi? O que quer que acon-
tecesse esta noite, quando eu saísse deste quarto, desta casa, e caminhasse
até o carro do meu pai, seria mais fácil porque Cillian não me amava de volta.
Ele nunca poderia me amar de volta. Meu coração não concordou, mas foi por
isso que eu disse isso. Foi por isso que me joguei na espada, porque a verdade
dói e era o que eu precisava ouvir. Se ele me amasse, se ele dissesse as pala-
vras e eu tivesse que ir embora esta noite, doeria muito mais.

Claro. A adaga atualmente enterrada em seu peito quase não dói, certo?

Desliguei a voz na minha cabeça. Eu precisava lembrar a verdade da minha


situação. Eu era um peão. Este casamento foi um negócio. Nada disso era real
e nunca foi. Sim, ele cuidava de mim de qualquer maneira que Cillian era capaz,
mas isso não era amor, não era um conto de fadas fodido. Eu não era sua bela
adormecida e ele com certeza não era meu príncipe.

Seus dedos de pele áspera deslizaram pela minha testa, desceram pela la-
teral do meu rosto e depois suavemente pelos meus lábios. — Mas saber que
você me ama, querida, me agrada mais do que posso expressar adequada-
mente.

Estremeci quando ele me chamou por esse nome. Não parecia legal, não
mais. Isso me fez sentir como uma coisa, coisa dele. A dor me cortou e minha
garganta doeu por conter o soluço. — Você pode me deixar levantar, por favor?
Preciso urinar.

Ele piscou para mim, mas depois se moveu, rolando para o lado. Saí da cama
e corri para o banheiro. Foi difícil, mas não deixei minhas emoções tomarem
conta, não consegui. Eu tinha que voltar para lá.

Limpei-me, voltei e fui para a cama. Cillian me arrastou para mais perto como
sempre fazia, então fui pressionado contra ele e beijei meu queixo.

— Boa noite, querida.

— Boa noite. — Eu sussurrei.

Poucos minutos depois ele estava dormindo profundamente. Pisquei em


meio às lágrimas, olhando para o relógio, observando os minutos passarem.
Tommy era tudo o que importava, e eu faria o que fosse necessário para pro-
tegê-lo, para impedir que sua vida fosse destruída.
Capítulo Vinte e Um
Sophia

Ah, meu coração batia forte no peito enquanto eu digitava o código para
desligar o alarme. Eu já tinha visto Danny fazer isso tantas vezes que memorizei
sem nem saber que precisava.

Saí pela porta, meus tênis silenciosos no caminho enquanto caminhava pela
lateral da casa em direção à área da piscina. Sair pela frente não era uma opção
quando pelo menos um dos homens de Cillian estaria patrulhando. Movendo-
me o mais rápida e silenciosamente que pude, peguei uma das cadeiras debaixo
da pérgula e corri pela área gramada atrás da piscina até a cerca.

A qualquer momento, um dos caras da equipe de segurança voltaria para


cá, ou Cillian acordaria e se perguntaria onde eu estava. Empurrando o encosto
da cadeira contra a cerca, dei vários passos para trás e corri até ela, pulando
no assento e me jogando na cerca para subir mais alto. As pontas dos meus
dedos enrolaram-se no topo, as pontas dos meus sapatos tentando agarrar as
tábuas, lutando para se firmar. Eu não sabia como fiz isso, provavelmente medo
e muita adrenalina, mas consegui ficar alto o suficiente para enganchar meus
braços, então fiquei pendurado pelas axilas, depois enganchei uma perna por
cima e finalmente consegui.

Pendurei para o lado, soltei-me e estremeci ao cair no chão. Meus sapatos


afundaram na areia e então corri em direção à rua atrás da casa. Não havia
muitos postes de luz neste trecho da estrada, então não foi difícil avistar os faróis
iluminando várias casas na mesma rua. Endireitei minha coluna. Se meu pai
pensou que eu faria o que ele disse sem questionar, ele estava errado. Em pri-
meiro lugar, eu não era dele para entregar, e com certeza não era dele para
receber de volta agora. Eu não sabia o que ele estava fazendo, mas trair Cillian
e anular a aliança entre nossas famílias pelas costas, ao tentar tirar sua esposa
dele, era um insulto que não podia ser ignorado. Não em nosso mundo. Eu não
poderia deixar isso acontecer. Seja lá o que fosse, fazer negócios no território
de Cillian ou qualquer outra coisa, eu precisava tentar acalmar meu pai, para
que todos pudéssemos sair disso inteiros.

Cheguei ao carro e a porta traseira foi aberta. Meu pai ficou lá sentado, pa-
recendo nervoso.

— Entre.

— Não. — Eu odiei o jeito que minha voz tremeu. Eu não desafiei meu pai.
Nunca.

— Entre no carro. — disse ele, com fúria em sua voz.

Eu respirei fundo. Eu precisava mantê-lo calmo ou não havia como ele me


ouvir. — Pai, você não pode simplesmente esperar que eu vá embora. Tirar-me
de Cillian só vai piorar toda esta situação. Você disse que as coisas estão pres-
tes a mudar, o que você quis dizer com isso? Você estava me contando a ver-
dade, as coisas que disse no quarto de Tommy ou isso é algum estratagema
para me forçar a fazer o que você quer?

Ele se inclinou para frente, os olhos pretos nas sombras do carro. — Eu não
me explico para você, agora entre.

Eu balancei minha cabeça. — Não sou mais criança. Você não pode...

Dedos enrolados em volta do meu pescoço e senti um hálito quente na mi-


nha orelha. — Olá, Soph.

Paolo.

Ele pressionou seu corpo contra o meu, então empurrou seus quadris para
frente, batendo sua ereção contra minha bunda, me fazendo tropeçar para
frente. — Eu quero que você vá.
Tentei me afastar, me livrar de seu aperto, mas ele puxou meus braços para
trás, forçando-me a me curvar para frente com uma mão na nuca, e me empur-
rou para dentro do carro. Caí no banco ao lado do meu pai e rapidamente con-
segui me sentar quando Paolo entrou, me imprensando no meio.

— Deixe-me sair. — Eu disse, tentando mergulhar em busca da liberdade.

Paolo me empurrou de volta no banco quando o carro deu partida. Os faróis


de vários outros carros brilhavam pela janela traseira quando eles pararam atrás
de nós.

Virei-me para meu pai. — O que diabos está acontecendo?

Ele não olhava para mim. — Vamos. — disse ele ao motorista.

O carro saiu para a rua, mas não foi muito longe. Diminuiu a velocidade do
lado de fora da casa de Cillian e, só por um momento, meu coração estúpido
quase acreditou que ele iria me deixar sair. Em vez disso, ele parou novamente
e observei uma pequena figura atrás dos portões correr em direção a eles. Os
outros carros aceleraram, subindo na calçada. Os homens saltaram, todos ar-
mados. Os portões se abriram e uma pessoa vestida de preto, com o capuz
levantado escondendo o rosto, ficou ali, acenando para que entrassem.

Oh Deus.

— Você já descobriu algo sobre isso? — Paolo disse ao meu lado.

Assisti com horror enquanto homens invadiam a casa de Cillian.

— O tempo do meu tio como chefe da família chegou ao fim. Cillian fodeu
comigo, e esta noite, seu pai e eu tiraremos tudo dele. Brennan assumirá o con-
trole de ambos os territórios e, graças à nossa nova aliança, administraremos
esta cidade juntos.

Tentei mergulhar novamente na direção da porta e Paolo me empurrou com


mais força dessa vez.
— Você realmente acha que Cillian vai deixar você escapar impune? — Eu
atirei nele.

Paulo encolheu os ombros. — Se ele sobreviver esta noite, deixe-o vir. Eu


adoraria colocar uma bala no cérebro dele.

Eu me virei para meu pai. — Você tem que saber que não pode confiar nele.
Ele vai te matar assim que você virar as costas. — Paolo estava instável, distor-
cido. — Pai?

— Não me questione. Eu sei o que estou fazendo. — disse ele, ainda evi-
tando meu olhar.

A mão úmida de Paolo agarrou meu queixo, forçando-me a olhar para ele.
— Ao contrário do seu futuro ex-marido... seu casamento não será nada além
de uma lembrança ruim quando você acordar amanhã, só para sua informação,
eu nunca mataria meu sogro.

— O que? — Eu sussurrei, o horror roubando minha voz. Ele não poderia


estar falando sério. Por isso meu pai queria que eu deixasse Cillian, porque eu
fazia parte do acordo que ele fez com Paolo. — Eu não farei isso. — Eu me senti
mal do estômago. A anulação era uma salvaguarda, caso Cillian sobrevivesse
ao ataque desta noite.

Paolo riu e isso fez gelar minhas veias. — É fofo você pensar que tem uma
escolha. Eu te disse, Sophia, estou pegando tudo de Cillian O'Rourke, inclusive
você.

O carro acelerou enquanto o som de tiros enchia a noite.

Cillian
Saí para o corredor enquanto tiros vinham do andar de baixo. Sophia havia
saído da nossa cama. Eu não sabia o que diabos estava acontecendo, onde ela
estava, mas quem tivesse coragem de invadir minha casa sairia em um saco
plástico preto.

Um atirador dobrou a esquina. Mirei em seu ombro e atirei. Ele recuou, lar-
gando a arma e caindo no chão. Avancei, inclinando-me sobre ele. — Onde
está a minha esposa?

Ele fez uma careta para mim, de boca fechada.

Pressionei meu polegar em seu ombro agora sangrando e fodido. Ele gritou.
— Onde? — Eu exigi.

— Eu... eu não... sei.

Seus olhos dispararam atrás de mim. Girei e disparei outro tiro no cara atrás
de mim, acertando-o no peito. Ele caiu. Voltei-me para o filho da puta sangrando
e se contorcendo no chão. — Diga-me.

— Eu te digo, sou um... homem morto.

Encostei minha arma em sua testa. — Você era um homem morto no mo-
mento em que entrou em minha casa. Mas você tem uma escolha; morra uma
morte lenta e agonizante ou eu mantenho as coisas simples e simplesmente
espalho seus miolos por todo o chão. O que vai ser?

Lágrimas encheram seus olhos, seu rosto contorcido de medo. — Paolo. —


Ele murmurou.

Endireitei-me, apontei e atirei entre os olhos dele, depois desci as escadas.

Danny estava na sala de estar. Havia vários corpos no chão, todos mortos.

— Quantos? — Eu perguntei a ele.


— Oito, os outros estão lá fora. Braiden e Lance estão fazendo outra verifi-
cação de perímetro. Seamus e Sally estão bem, mas ela está bastante assus-
tada. Eu disse a ela para ficar no quarto dela.

— Sophia? — Eu perguntei, enquanto meu coração batia descontrolada-


mente em meu peito.

Um olhar deslizou através de seus olhos que eu não gostei. — Ela se foi.
Sally viu Sophia sair e a seguiu. Ela pulou a cerca e fugiu antes que os homens
invadissem o local.

— Ela parece assustada? Alguém a estava forçando?

Danny balançou a cabeça.

Porra. Eu queria rugir, matar, mas já havíamos matado todo mundo.

Ela disse que daria um jeito de ir embora quando eu a trouxe aqui pela pri-
meira vez, que ela não seria minha esposa por muito tempo... eu pensei...

Na verdade, eu me convenci de que ela finalmente estava feliz, que ela real-
mente gostava de estar aqui comigo.

Há coisas com as quais você deveria se preocupar, marido, como se sua


esposa está lentamente perdendo a cabeça com todas as maneiras como o
mundo dela foi jogado de cabeça para baixo, ou se eu farei com você o que a
esposa de Alto fez com ele ou se eu vou fugir no meio da noite, porque às vezes
tenho que me convencer seriamente a não fazer essas duas coisas...

Ela disse isso para mim. Ela deixou claro que estava infeliz, mas eu não que-
ria ver isso.

Meus dedos se fecharam em um punho apertado. Eu não gostei dessa sen-


sação, o monstro rugindo dentro de mim, o aperto de suas garras cravando-se
na carne no centro do meu peito.
O que ela de alguma forma não tinha entendido completamente era que
quando eu fazia algo meu, eu não desistia. Jamais.

Não, querida. Isso não estava acontecendo. Você não pode sair.

Você é minha.
Capítulo Vinte e Dois
Cillian

Alto ficou de pé enquanto eu atravessava o restaurante. Era cedo, o lugar


estava fechado. Seu olhar disparou atrás de mim, procurando por seus guar-
das, ambos estavam sangrando no chão.

— Seus homens sobreviverão, se você agir rápido.

Vince ficou ao lado de Alto e sacou sua arma. O mesmo aconteceu com
Conor e Declan, que estavam de cada lado de mim.

— Qual é o significado disso, Cillian?

— Você mentiu, velho. — Eu disse.

Ele se endireitou, a fúria enchendo seus olhos escuros. — Do que você me


acusa?

— Paolo. Ele nunca foi embora.

O olhar de Alto se voltou para Vince. — Minha palavra é minha garantia. Eu


não menti. Vince o colocou no avião.

Eu levantei uma sobrancelha. — Ele fez isso agora? Então como é que os
homens de Paolo invadiram minha casa ontem à noite?

Alto virou-se para o segundo. O idiota estava suando. — Diga a ele, Vince,
que meu sobrinho deixou a cidade.

Vince fez uma careta para mim, mas estava tremendo. — O'Rourke mente.

Olhei para o filho da puta e ele se mexeu inquieto. — Ele está com minha
esposa. — eu disse a Alto sem desviar o olhar. O fato de Sophia ter saído vo-
luntariamente era irrelevante. Eu não sabia por que ela iria com Paolo. Eu tinha
minhas suspeitas e, olhando para Vince, tive certeza de que o filho da puta tinha
as respostas.

Mais homens de Alto entraram correndo na sala, com as armas levantadas.


Alto balançou a cabeça e eles baixaram as armas. Seu olhar frio deslizou para
Vince. — Meu sobrinho foi embora?

O filho da puta continuou a fazer cara feia para mim, com a boca fechada.

— Responda-me. — Alto exigiu. — Ou vou pedir para Carmine fazer você


falar.

O suor escorria pelo rosto do filho da puta, enquanto o desafio endireitava


sua coluna. — Ele não fez.

— Você me traiu? — Alto disse, com ameaça em seus olhos.

Vince balançou a cabeça. — Nós fizemos isso por você. Para fortalecer
nossa posição, para...

— Não. — Alto rugiu. — Você me prejudicou. — Um de seus homens apon-


tou uma arma para a cabeça de Vince. — Você acha que pode tomar o meu
lugar? Você acha que Paolo deixaria você viver depois que eu partisse. Ele disse
algo em italiano e Vince estremeceu. — Fale. — Alto exigiu.

— Paolo, ele fez um acordo com Brennan. Eles unem as famílias, um casa-
mento, Brennan tomaria o território de O'Rourke e Paolo tomaria o seu lugar.

— E você seria o segundo dele?

— Sim.

— Onde está a minha esposa? — Eu disse, interrompendo. Eu já ouvi o su-


ficiente.
O olhar de Vince deslizou para mim. — Ela não é mais sua esposa. A anula-
ção foi aprovada esta manhã. O pai dela providenciou isso. — Ele sorriu. — Ela
queria isso, queria ficar longe de você. Ela queria um italiano entre as coxas,
não um pedaço de merda irlandês. — Ele cuspiu no chão, errando por pouco
meu sapato.

Ela disse que me amava, mas poderia facilmente ter sido uma atuação.
Como eu saberia como era o amor verdadeiro? Eu não. Eu a machuquei quando
disse que não era capaz de retribuir seus sentimentos. Eu sentia algo por ela, o
que era, não tinha certeza. A ideia de ela me deixar de boa vontade... eu queria
destruir esse quarto. Levantei minha arma e atirei no rosto de Vince, sangue e
miolos respingando nos homens de Alto.

Suas armas voaram de volta. Con amaldiçoou ao meu lado, mas Alto latiu
para eles abaixarem as armas.

— Estamos empatados. — Eu disse.

Alto assentiu. — Vince era um filho da puta traiçoeiro, mas ele era meu cu-
nhado. — Ele olhou para o homem morto. — Tenho certeza de que você en-
tende que a aliança entre nós não pode mais prosseguir, não agora. Não haverá
casamento entre seu irmão e Gaia.

Declan se mexeu ao meu lado. — Concordo. — Eu disse.

Muita coisa havia passado entre nossas famílias. Qualquer aliança teria que
esperar até que tudo acabasse, e isso poderia levar anos. Saímos do restau-
rante. — Reúna os homens. — Eu disse a Conor.

Eu ia buscar Sophia.

Sophia
Andei pelo meu antigo quarto na casa do meu pai. Assustada demais. Cillian
estava bem? Caramba, eu precisava saber.

Ele tinha que estar bem.

Por favor, deixe Cillian ficar bem.

Meu olhar deslizou para o vestido pendurado na porta do guarda-roupa. Pa-


olo o escolheu. Ele queria um casamento adequado. Parecia um déjà vu, só que
desta vez meu novo marido tornaria minha vida um inferno.

A anulação teria ocorrido esta manhã. Eu não era mais casada com Cillian
O'Rourke e era como se uma parte de mim tivesse sido arrancada do peito e
incendiada.

Cillian pode não saber o que era amar, mas ele me fez sentir mais amada do
que em toda a minha vida. Eu não queria deixá-lo. Eu queria ficar. Eu queria
continuar iluminando as sombras dentro dele. Eu queria continuar trazendo à
vida partes dele que ele só compartilhava comigo. Eu só o queria. Eu não pre-
cisava que ele me amasse, não quando o que quer que ele sentisse por mim era
mais que suficiente.

Estava trancada no meu quarto desde que chegamos ontem à noite. Eu en-
contraria uma maneira de escapar, no entanto. Eu tive que fazer isso e estava
levando Tommy comigo.

Houve uma batida na porta e depois o som da fechadura. Recuei quando a


porta se abriu.

Paolo entrou com um largo sorriso no rosto. — Soph. — Seu olhar deslizou
sobre mim. — Você parece um pouco rude, querida. Espero que você se limpe
para o nosso grande dia amanhã. Se você me envergonhar na frente dos meus
homens, parecendo uma merda de cachorro, não ficarei feliz.
— Eu não dou a mínima se você está feliz. Não vou me casar com você,
nunca vou me casar com você...

Ele me deu um tapa, me mandando para o outro lado da sala. Caí no chão
e ele se aproximou, montando em meus quadris e agarrando meu cabelo. —
Você nunca fala comigo desse jeito, entendeu?

Olhei para ele em estado de choque. Eu podia sentir o gosto de sangue, o


interior do meu lábio partido e a dor irradiava pela minha bochecha e mandíbula.

— Acene com a cabeça se você entendeu. — Ele disse e usou meu cabelo
para me forçar a fazer o que ele disse. Ele se inclinou mais perto, tirando o san-
gue do meu lábio com o polegar e chupou, depois sorriu, mostrando-me seus
dentes ensanguentados. — Mal posso esperar pela nossa lua de mel, Soph. As
coisas que vou fazer com você. — Ele balançou sua cabeça. — Pobre coisa.
Você não vai gostar de nada disso. — Ele arrastou sua boca sobre a minha,
depois mordeu meu lábio, me fazendo gritar. Ele agarrou meu cabelo com mais
força e olhou nos meus olhos. — Mas a ideia de você gritando de dor me deixa
duro pra caralho.

Ele se afastou de mim, levantou-se e ajeitou a jaqueta, agora uma tenda


óbvia em suas calças. Eu me encolhi e ele riu.

— É uma pena que tenho algumas coisas para organizar ou posso lhe dar
uma pequena amostra do que está por vir. — disse ele, olhando para mim.

Ele estava respirando com dificuldade, o olhar em seus olhos causou um


arrepio na minha espinha.

— Foda-se. — Ele disse e deu um passo em minha direção. — Eu deveria


arranjar tempo, certo? Eu mereço um pouco de diversão depois de tudo que fiz
para trazer você aqui.

Eu voltei.

— Paolo. — Alguém disse da porta. — Você é necessário lá embaixo. Agora.


Ele se virou para o cara parado ali. — Terá que esperar.

O outro cara balançou a cabeça. — Isso não pode esperar.

Paolo praguejou e se virou para mim, seu olhar se movendo sobre mim. —
Limpe-se. — disse ele, e caminhou até a porta. Pouco antes de sair, ele se virou.
— E se você acha que O'Rourke está vindo para salvá-la, não prenda a respira-
ção. Acontece que se a anulação não tivesse ocorrido, você teria ficado viúva,
de qualquer maneira.

Ele sorriu e fechou a porta, trancando-me lá dentro.


Capítulo Vinte e Três
Cillian

A casa de Brennan estava quase toda escura, com apenas algumas luzes
brilhando lá dentro.

Fiz um sinal para Declan e ele avançou, depois acenou para Conor. Ele as-
sobiou para o guarda e, quando o cara se virou, corri atrás dele, acertei sua
cabeça com a coronha da arma e o nocauteei. Ele era um dos homens de Bren-
nan e, embora o pai de Sophia estivesse tentando nos ferrar, conhecíamos mui-
tos deles, já os conhecíamos há muito tempo. Alguns deles eram homens bons,
homens leais; eles não mereciam morrer por causa das decisões erradas de
Brennan.

Paolo, por outro lado, morreria sufocado com o próprio sangue, depois que
eu o fizesse gritar.

Chegamos a casa e eu rapidamente abri a fechadura e entrei. O alarme es-


tava desligado porque seus homens deveriam estar indo e vindo enquanto pa-
trulhavam a casa e o terreno. Meus homens cuidaram deles, a maioria estava
com as luzes apagadas.

O andar de baixo estava mal iluminado, exceto pelo escritório de Brennan,


onde a luz brilhava por baixo da porta fechada. Acenei para Danny e dois outros
homens irem em direção a ele. Ainda não havia sinal de Paolo. Subi as escadas,
Declan e Conor atrás de mim. Tudo estava escuro e silencioso aqui. Paolo tinha
que estar aqui em algum lugar, mas tirar Sophia desta casa era prioridade.

Dobrei a esquina e um dos homens de Paolo sentou-se em uma cadeira do


lado de fora do que obviamente era o quarto da minha esposa. Ele estava caído,
dormindo profundamente. Fodidamente inútil. Virei-me para Dec e ele assentiu,
depois ele e Conor seguiram pelo corredor. Aproximei-me atrás da guarda de
Sophia, passei meu braço em volta de sua garganta e apertei. Ele se debateu e
acordou, agarrando meu braço. Apertei com mais força até que ele ficou mole.

Tirando a chave do bolso, destranquei a porta e a abri.

Sophia

Acordei assustada quando fui rudemente puxada para fora da cama. Tentei
gritar, chutar e lutar, mas uma mão forte me segurou com força e outra apertou
minha boca.

— Quieta. — Uma voz familiar rosnou em meu ouvido.

Cillian.

Ele estava vivo. Eu chorei até desmaiar de exaustão. Paolo disse que ele
estava morto. Mas ele estava vivo e veio atrás de mim. Tentei me virar em seus
braços, alcançá-lo para poder dizer que o amava, mas ele me jogou de volta na
cama, uma mão ainda sobre minha boca enquanto desfazia a gravata com a
outra. Balancei a cabeça, dizendo que ficaria quieta, que sabia que era ele, que
ele poderia tirar a mão.

Ele fez.

Quando abri a boca para falar, ele enfiou a gravata nos meus lábios, me
virou de frente e prendeu-a na minha cabeça, me amordaçando. Ouvi o tilintar
de seu cinto, então minhas mãos foram agarradas atrás das costas, onde ele as
prendeu firmemente com o couro grosso.

Oh Deus, ele pensou que eu o tinha traído. Ele pensou que eu estava aqui
de boa vontade. Ele não estava me salvando, ele estava me sequestrando. Não
lutei quando ele me levantou novamente e me jogou por cima do ombro. Com
um braço em volta da parte de trás das minhas coxas, ele saiu da sala. Bati em
suas costas quando chegamos ao corredor e me debati, tentando apontar para
o quarto de Tommy.

— Nada vai acontecer com seu irmão. — disse ele, lendo minha mente, sua
voz era pura gelo.

Um arrepio percorreu meu corpo com o quão frio e desprovido de qualquer


emoção ele parecia. Ele me carregou pela casa e desceu as escadas.

— Algum sinal de Paolo? — Cillian perguntou a alguém.

Eu não ouvi a resposta deles.

— Casa limpa. Nenhum dos homens daquele filho da puta ficou respirando,
entendeu? — Cillian disse.

— Entendi.

Essa era a voz de Danny.

Cillian saiu. O som de um carro veio em seguida. Fui empurrada e jogada no


banco de trás. Eu me esforcei para me sentar, mas foi difícil com as mãos atrás
das costas...

Um tiro soou e Cillian saltou para o lado. Gritei por trás da mordaça quando
Paolo saiu, fúria em seus olhos selvagens, arma na mão erguida.

— Tire-a daqui. — disse Cillian, batendo a porta enquanto soavam tiros.

O carro saiu em disparada, deixando-o para trás, enquanto eu gritava.


Deitei-me de lado na cama de Cillian, a mordaça na boca e as mãos ainda
presas ao cinto. Meus pés também estavam amarrados agora, e eu não podia
fazer nada além de ficar ali deitada, aterrorizada por ele e por Tommy. Cillian
disse que ele não se machucaria, mas e se fosse pego no fogo cruzado? Ele
deve estar tão assustado.

Não sei há quanto tempo fiquei deitada aqui, mas minhas mãos e pés esta-
vam dormentes e o quarto foi ficando cada vez mais claro. Deviam ser as pri-
meiras horas da manhã.

A porta se abriu de repente e Cillian entrou.

Ele estava sem camisa. Seu bíceps estava enfaixado. Ele foi atingido, mas
não pode ter sido ruim. O alívio me inundou quando ele fechou a porta atrás de
si. Seu olhar me cortou, amarrada, amordaçada e indefesa em sua cama, e ele
não disse nada. Ele tirou os sapatos e as meias, depois suas mãos caíram para
a frente das calças e ele as desfez, tirando-as para ficar apenas com uma cueca
boxer preta, depois fechou o espaço entre nós.

Ele pegou meu queixo com a mão e se inclinou, olhando nos meus olhos. —
Você me enganou, querida. Isso não acontecerá novamente. Não me importo
se você me odeia, se quer fugir de mim, porque, esposa ou não, você é minha,
e nunca mais vou deixar você me deixar.

Ele quis dizer isso como uma ameaça, mas o terror que senti não foi por
medo, foi pelo pensamento de que ele nunca acreditaria em mim. Que ele pen-
sava que eu não o amava mais ou nunca o amei. Ele entendeu errado. Ele pen-
sou que eu o traí, sim, mas ele ainda me queria, isso era tudo que importava. Eu
o faria ouvir. Eu o faria ouvir a verdade. Eu precisava.

Ele me pegou no colo, e o calor de sua pele, seu cheiro, acalmou o terror
dentro de mim, então ele me jogou para o outro lado da cama, enfiou-se sob as
cobertas e fechou os olhos.
Fiquei ali olhando para o perfil dele. Ele não olhou para mim novamente, en-
tão finalmente sua respiração se acalmou quando ele adormeceu.

A próxima coisa que percebi foi a dor irradiando pelas minhas mãos e pés.

Já estava claro agora. Minhas restrições foram removidas, mas a mordaça


ainda estava no lugar.

Cillian estava de pé e vestido, e olhou para mim desapaixonadamente en-


quanto eu me contorcia de dor.

— Você ficará bem quando o sangue voltar a fluir. — Ele disse enquanto
terminava de amarrar a gravata e se dirigia para a porta.

Minhas mãos estavam quentes com alfinetes e agulhas e extremamente fra-


cas, mas consegui tirar a mordaça da boca seca. — Cillian, espere. — Eu me
engasguei, minha voz nada além de um rouco.

Ele fez uma pausa, mas não voltou.

— P-por favor, preciso que você...— Tossi. — Eu, eu...

— Beba, Sophia. — Ele rosnou, finalmente se voltando para mim.

Havia um copo na mesinha de cabeceira e o peguei, bebendo, a água es-


correndo pelo meu queixo com a pressa. — Eu não te deixei, não foi por vontade
própria, você tem que acreditar em mim. Eu-...

— Como você sabia que seu pai estaria lá fora? — ele perguntou.

Saí da cama, quase caí, e fui forçada a me encostar na parede. — Quando


fui ver Tommy, ele disse que iria anular nosso casamento, que conhecia alguém
que poderia fazer isso, que ele...

— Quando voltei para casa, depois que você viu Brennan, por que não me
contou? — ele perguntou. Não havia emoção em seu tom, nem mesmo raiva.
— Porque... — Eu me senti mal do estômago. Eu não queria dizer isso. Eu
não queria saber a verdade. — Porque ele disse que você iria matá-lo, que iria
atrás de Celeste e Tommy, que você... os mataria também...

— E você acreditou nele. — disse ele, sem um pingo de surpresa no rosto.

Eu odiei isso. Depois de vê-lo ficar lentamente mais animado, sorrir, rir, olhar
para mim de uma forma que fez meu coração disparar, ver aquela expressão
fria e sem emoção novamente foi insuportável. A culpa me atingiu. — Ele pare-
cia genuinamente com medo. Eu nunca o tinha visto assim. Ele disse que traiu
você, que estava fazendo negócios em seu território novamente. Que você o
mataria. Você mesmo disse, naquela primeira noite no escritório dele, que tiraria
a vida dele por uma ofensa como essa. — Eu balancei minha cabeça. — Mas
quanto mais eu pensava nisso, mais duvidava dele. Algo parecia errado.

— Mesmo assim você optou por não me contar sobre isso, saiu da nossa
cama e foi até o seu pai de qualquer maneira. Você foi vista fugindo noite aden-
tro, sem nenhuma arma apontada para sua cabeça, querida, pouco antes de
minha casa ser invadida. Você realmente espera que eu acredite que você não
tinha ideia do que estava para acontecer?

— Eu não fiz. Eu só queria falar com ele. Eu queria uma prova do que ele
disse. Eu queria encontrar uma maneira de parar tudo isso, de descobrir o que
ele realmente havia planejado. E se eu tivesse contado que ele estava tentando
anular nosso casamento, você teria ido atrás dele. Eu só queria tentar colocar
juízo nele, acalmar a situação antes que ela saísse do controle. Nunca planejei
ir embora com ele, e então Paolo veio e me forçou a entrar no carro... — tropecei
em direção a ele com as pernas trêmulas. — Eu não queria ir embora, Cillian,
eu prometo. Eu só queria-...

— Prova. Prova de que o monstro O'Rourke planejou assassinar seu pai trai-
dor, de que era capaz de enfiar uma bala na cabeça de seu irmãozinho?

— Eu sabia que você não machucaria Tommy, nunca acreditei...


— E se eu matasse seu pai, o que aconteceria, querida? — Seus lábios se
curvaram em uma terrível imitação de sorriso. — Você pode ter dito a si mesma
que nunca planejou ir embora, mas o fato de precisar de provas diz tudo, não
é, Sophia? Ou talvez tudo que você acabou de me dizer tenha sido um monte
de mentiras, talvez você não seja tão diferente de mim. Talvez você também
seja boa em fingir e a única versão verdadeira que vi de você foi quando a trouxe
aqui pela primeira vez. Você disse que encontraria uma maneira de me deixar,
lembra, custasse o que custasse?

Eu tropecei para frente e agarrei sua jaqueta. — Eu queria uma prova do


que meu pai fez, do que ele planejou, não do que ele disse sobre você. Eu só
queria mostrar a ele que não estava sob seu controle, que não faria mais cega-
mente o que ele dissesse. Isso é tudo. Eu nunca menti para você. Eu te contei
como me sentia e falei sério. Eu amei...

Ele pressionou o polegar contra meus lábios e balançou a cabeça. — Eu não


sou um bom homem, querida. Não gosto de mentiras, e suas palavras bonitas
e declarações falsas não funcionarão comigo.

Minha cabeça foi jogada para trás. — Eu não estou mentindo, por favor,
você tem que me ouvir...

— Eu planejei matar seu pai logo depois de nos casarmos. — Seu frígido
olhar verde segurou o meu. — Ele é fraco e patético e não está apto para ser
nosso aliado. Quanto a Celeste... — Ele encolheu os ombros. — Eu não me
importava de uma forma ou de outra. Tommy, eu traria aqui. Um presente para
você, para minha esposa. Seu pai te maltratou, ele não merecia viver.

Pisquei para ele, atordoada, mas vi a verdade em seus olhos.

Deus, ele estava tão incrivelmente quebrado. Eu estava conseguindo falar


com ele, mas ele recuou. Ele havia recuado para as sombras. — Mas você não
foi em frente... você mudou de ideia. — O horror com o que ele disse me en-
cheu, mas este era Cillian, ele poderia ser monstruoso, mas não para mim. Se
eu soubesse antes, se tivesse pedido a ele para não fazer isso, eu sabia com
tudo em mim que ele não teria feito isso. Agora? Eu não tinha tanta certeza. —
Você o matou ontem à noite?

— Não.

— Você vai?

— Ele não vale a pena desperdiçar uma bala.

— Paolo está morto?

— Sim.

— O que você vai fazer comigo? — Perguntei. Ele não me machucaria,


mesmo agora, depois de tudo o que aconteceu, mesmo acreditando que eu o
havia traído. Mas se ele me mandasse embora, se me excluísse da vida dele, eu
não tinha certeza se conseguiria encontrar um caminho de volta. O que quer
que viesse a seguir, eu aceitaria. Enquanto estivesse aqui, poderia tentar falar
com ele.

— Parece que você não é mais minha esposa, Sophia.

A dor cortou meu peito. Lágrimas encheram meus olhos, não havia como
contê-las, transbordando e escorrendo pelo meu rosto.

Cillian agarrou meu queixo, observando minhas lágrimas escorrerem. —


Você está com medo. — disse ele, confundindo-os com outra coisa.

Eu balancei minha cabeça. — Não estou chorando porque estou com medo.
Estou triste.

— Por quê?

— Porque eu adorei ser sua esposa.

Ele se encolheu. Foi sutil, mas não perdi. — Você não consegue evitar, não
é? As mentiras saem da sua boca com muita facilidade.
— É a verdade. O que você vai fazer comigo, Cillian?

Ele passou o polegar pelos meus lábios. — Eu te disse, não desisto do que
é meu.

Ele não ia me mandar embora, isso era um começo.

— Mas se você não é mais minha esposa, querida, a única posição para
você aqui... — Ele agarrou meu queixo. — …é prostituta.

Tentei recuar, mas ele me segurou rapidamente. — Você não quer dizer
isso.

— Suas coisas serão transferidas para o quarto ao lado, ao qual você per-
tence. Só minha esposa divide este quarto comigo.

— Cillian…

Ele me soltou e foi embora, fechando e trancando a porta atrás dele.

Jesus, isso doeu muito, mas me recusei a acreditar que ele não se importava
mais comigo. Ele estava com raiva. Ele pensou que eu o tinha traído. Ele disse
que não tinha coração, mas tinha. Ele simplesmente deixou sangrar na minha
frente e nem sabia disso.

Ele estava ferido. Eu o machuquei.

Ele era um homem que não entendia suas próprias emoções, fechando-as
porque uma criança negligenciada e abusada o manteve vivo, era um meca-
nismo de defesa, e ele estava fazendo isso de novo agora. Ele não sabia como
lidar com o que estava sentindo, então estava atacando, tentando me causar
dor em troca. Não porque ele me odiasse, mas porque ele me amava.

Ele só não tinha percebido isso ainda.

Mas ele faria isso.


Eu faria o que fosse necessário para fazê-lo perceber o quanto ele me
amava.
Capítulo Vinte e Quatro
Cillian

Declan entrou em meu escritório e sentou-se à minha frente. Continuei o que


estava fazendo e ele não disse nada, apenas sentou e esperou que eu o reco-
nhecesse.

Eu não estava com vontade de conversar.

Eu não senti muita vontade de nada.

Nos últimos dois dias eu vaguei por esta casa como um maldito fantasma,
fazendo Danny levar a comida de Sophia, tentando fazer com que esse... esse
aperto em minhas entranhas e no centro do meu peito fosse embora.

Sophia era a causa disso. Ela era a razão pela qual eu estava sentado aqui
lendo a mesma coisa repetidamente e sem fazer nada.

Ela estava tão perto, no fim do corredor, seu quarto bem ao lado do meu.

Apenas alguns dias atrás, ela dividiu meu quarto comigo. Todas as manhãs
eu tinha que me forçar a deixar minha esposa adormecida sozinha em nossa
cama, e todas as noites eu esperava voltar para casa, para ela. Peguei meu
copo e bebi o conteúdo, servindo outro copo enquanto ele descia pela minha
garganta.

Eu queria tanto ir até ela agora. Minha pele estava quente, esticada sobre
meus músculos. Eu ansiava por seu aroma de baunilha e canela, seu sabor, o
som de seus gemidos enquanto eu a comia ou a fodia.

Ela pode ter mentido sobre o resto, mas não podia fingir. Não do jeito que
sua boceta me agarrou quando ela gozou ou do jeito que ela molhou meus
dedos, seus gritos por mais. Ela me queria, e se isso era tudo que podíamos ter
agora, então que assim fosse. Talvez eu devesse expulsá-la, esquecer que ela
existe, mas não consegui fazer isso.

— Você se barbeou. — Declan finalmente disse, cansado de esperar que


eu falasse.

— Sim. — Eu não estava sem barba há mais de um ano, desde que Seamus
me pediu para seguir Sophia e descobrir tudo o que havia para saber sobre ela.
Não sei por que a guardei quando ela era minha.

Sim, você quer. Você estava com medo, sem deixar vestígios de Dean, ela
não iria querer você. Que ela veria você como você é, que ela teria medo de
você.

Foi isso, não foi? Posso estar emocionalmente atrofiado, mas li livros de psi-
cologia suficientes para compreender a verdade das minhas ações. E hoje fiz a
barba porque não tinha certeza se era forte o suficiente para resistir a ela. Eu
temia que eu pudesse ceder e deixá-la voltar, mesmo depois do que ela tinha
feito, mas se ela me visse assim, todos os vestígios de Dean completamente
desaparecidos, ela facilitaria as coisas para mim e me diria que me odiava, que
ela estava com medo de mim. Que ela veria o monstro fodido em que Seamus
me transformou e tornaria mais fácil para mim acabar com isso para nós dois.

— Você vai deixá-la sair daquele quarto, irmão? — Dec perguntou quando
eu não disse mais nada.

— Sophia não é da sua conta. — Eu fiz uma careta ao ver o nome dela preso
no fundo da minha garganta. — Você encontrou Sally?

— Ainda não. Mas tenho uma pista.

Ela saiu noite adentro. Pode ser que ela tenha ficado assustada depois do
que aconteceu... ou pode ser outra coisa, e eu não ficaria satisfeito até falar com
ela.
Dec recostou-se. — Você não pode manter Sophia lá para sempre. — ele
disse, me ignorando.

— Eu posso fazer o que eu quiser. — Eu sabia que ele estava certo, é claro,
mas não tinha certeza do que mais fazer.

— O que ela disse que aconteceu?

Tomei outro gole da minha bebida. — Que Paolo a forçou a entrar no carro,
que ela não queria ir. Mas ninguém a forçou, sob a mira de uma arma, a sair da
minha cama, a sair desta casa. Nada disso acrescenta. Ela mentiu para mim. —
Apertei meu copo com mais força. — Ela diz que me ama. — As palavras pare-
ciam estranhas na minha boca. Acho que nunca disse a palavra amor em voz
alta na minha vida.

A sobrancelha de Dec se ergueu, a cabeça inclinada para o lado. — Você


acredita nela?

— Não. — Eu disse, e meu estômago se apertou.

— Por quê? — ele perguntou.

Não entendi o conceito de amor; como eu saberia se ela estava falando sério
ou não? Logicamente, deveria ser uma impossibilidade. Eu a persegui e a forcei
a se casar comigo. Eu a segurei contra sua vontade, então e agora. Nunca me
preocupei em esconder o que e quem eu era. — Eu não dei a ela nenhuma
razão para isso.

— Como você saberia? — ele perguntou.

Não havia sarcasmo em sua voz, ele estava genuinamente curioso. —Pre-
ciso listar os motivos? — Eu respondi, surpreso por ele precisar perguntar.

— Você quer que seja verdade? — Novamente, não havia nada além de
curiosidade ali. Meu irmão ficou tão confuso com o conceito de amor quanto eu.
Bebi minha bebida novamente, sentindo-me exposto de uma forma que não
conseguia me lembrar de ter sentido na frente do meu irmão, e isso dizia muito
depois da merda que passamos, especialmente quando crianças. Sim, quando
ela me disse essas palavras, fiquei satisfeito, não pude negar. Mas se Sophia
me amasse, ela nunca teria ido embora naquela noite. Eu não teria que trancá-
la para mantê-la, porque ela teria me escolhido. — O que eu quero não importa.

— Você obviamente a quer ou ela não estaria trancada em um de seus quar-


tos.

— Por que estamos falando sobre isso? — Eu disse, frustração me en-


chendo.

— E se ela estiver dizendo a verdade, Cillian? E se ela nunca quisesse te


deixar, e se ela te amasse e você a tivesse trancada como uma prisioneira? A
meu ver, você tem duas escolhas... você terá que deixá-la trancada pelo resto
da vida ou descobrir uma maneira de confiar nela. — Declan se levantou. — Se
ela te ama e você insiste em tratá-la como uma prisioneira, não tenho certeza
por quanto tempo ela se sentirá assim. Você a terá, mas também a terá perdido.

— E o que você sabe sobre isso? — Eu perguntei e me sentei.

— Foda-se tudo. — Ele balançou sua cabeça. — Só a ideia de que alguém


possa amar um de nós... não sei, acho isso... interessante. Acho que gostaria
de ver. — Ele encolheu os ombros. — Qualquer que seja. Ouça-me ou não.

Sim, meu irmão era tão fodido quanto eu.

Entendi o que ele estava dizendo, mas se eu a deixasse sair da sala e ela
fugisse, eu a perderia de qualquer maneira. Dessa forma ela ainda era minha.
Ela pertencia a mim.

Não, eu não poderia deixá-la sair daquele quarto. Eu me convenci de que


Sophia me via de maneira diferente de todos os outros. Mas estava errado.
Sim, pensei em matar Brennan, mas decidi rapidamente não agir a respeito.
Não havia necessidade, ele era fraco. Era apenas uma questão de tempo até
que seus homens decidissem me seguir. Eu nunca esperei que ele tentasse algo
como ele fez.

Ele não tinha percebido quem estava enfrentando, no entanto. Ele me viu
como Seamus viu. Como se a única coisa de valor que eu estivesse a oferecer
fosse minha capacidade de matar sem consciência.

Aparentemente, Sophia sentia o mesmo.

Ela não me viu, ela viu as coisas que eu tinha feito. Ela viu o monstro.

Um monstro que ela gostava de foder e nada mais.

Declan saiu e subi as escadas, desfazendo a gravata enquanto caminhava.

Se era isso que ela queria, se foi isso que ela viu quando olhou para mim,
então é isso que ela conseguiria...

Sophia gritou e o medo em sua voz arrepiou os cabelos da minha nuca.

Corri para o quarto dela, abri a porta e parei no meio do caminho, meu co-
ração batendo contra as costelas. Sophia estava arqueada contra o colchão, as
pernas apertadas uma contra a outra. Suas mãos sobre a cabeça como se es-
tivessem ali, os mamilos tensos contra a blusa.

Ela gemeu, da mesma forma que fez quando eu a toquei, meu nome saindo
de seus lábios, então seu corpo começou a se mover, como fez quando eu a
fodi. Eu tinha visto apenas um pouco disso, uma vez, quando a visitei em seu
apartamento, mas não era nada parecido com isso.

Porque antes ela era virgem. Agora o seu corpo, e os seus sonhos, sabiam
exatamente o que era ser fodido.
— Sim. — Ela choramingou enquanto suas pernas se abriam como se por
mãos invisíveis. — Sim, por favor... — ela gemeu. — Por favor... por favor, me
foda.

Fui até a cama, devorando a visão dela. Eu não a via há dias, evitando-a
como um maldito covarde, e agora, vendo-a assim enquanto ela se balançava
contra o colchão, como se estivesse sendo levada pelo monstro, por mim, me
senti como um viciado tomando uma dose de minha droga favorita.

Ela me contou sua fantasia, o que ela queria que eu fizesse na próxima vez
que a visse assim. Ela ainda estava? Ela era minha prisioneira agora, talvez eu
devesse ir embora, mas não consegui. Eu a queria, apesar de suas ações trai-
çoeiras, e pelo jeito que meu nome continuava saindo de seus lábios, ela ainda
me queria também.

Puxando o lençol para trás, olhei para ela, achando difícil respirar. Jesus,
porra, Cristo, ela estava se esforçando, seus quadris se movendo como se eu
já estivesse entre suas coxas.

Despi-me rapidamente e subi cuidadosamente na cama.

Ela estava com seu pijama habitual, agarrei a camisa e a levantei, revelando
seus mamilos, mais escuros agora e apertados pra caralho. Então, engan-
chando meus dedos nas laterais de seu short e calcinha, deslizei-os para baixo,
movendo suas pernas com cuidado para não a acordar, e os joguei de lado.
Suas pernas se separaram instantaneamente novamente, e gemi ao ver sua
boceta, pingando e inchada, seu clitóris implorando por atenção.

Eu me movi entre suas coxas abertas e quase gozei quando ela gritou, sua
boceta tendo espasmos, seus sucos deslizando para fora e descendo pela
fenda de sua bunda. Ela estava vindo.

O ciúme bateu em mim, e a cobri com meu corpo, segurando seus pulsos já
cruzados e presos sobre sua cabeça, em seguida, pegando meu pau na mão,
pressionei a cabeça em sua abertura escorregadia e deslizei para dentro.
Rosnei quando os tremores de seu orgasmo a fizeram me agarrar. Ela estava
febril, o cabelo úmido nas têmporas, as bochechas escuras, os lábios entrea-
bertos com seus gritos, implorando por mais. Comecei a fodê-la, com golpes
profundos e longos, ao ritmo da forma como as suas ancas já se moviam. Dando
a ela o monstro, sendo o monstro em seus sonhos, mas pegando-a de volta,
pegando o que era meu, o que sempre seria meu, não importa o que aconte-
cesse.

Sophia começou a balançar mais rápido, implorando e chorando por mais,


mais forte, mais rápido, e eu dei a ela, batendo nela como o monstro que ela
estava vendo em seu sonho.

Suas pálpebras se abriram de repente e ela ofegou, empurrando-se contra


meu aperto, os olhos arregalados de alarme, mas apenas por uma fração de
segundo, então seu olhar percorreu meu rosto, meu peito, o que eu estava fa-
zendo com ela, depois voltou para mim.

— Oh merda. — Ela murmurou, seus olhos revirando.

— Isso mesmo, bichinho, o monstro te fodeu até acordar como você queria,
porque você é minha, você pertence a esse monstro, não ao filho da puta dos
seus sonhos.

— Não pare. — Ela gemeu.

Eu a fodi com mais força. — Garota suja. Lençóis encharcados daquela bo-
ceta. Me implorando para te foder enquanto você dorme.

— S-sim, só você. Eu só quero você. — Ela se arqueou sob mim, esfor-


çando-se, e gozou novamente, chamando meu nome.

Eu mantive o ritmo, sem diminuir a velocidade, grunhindo e rosnando, com-


pletamente perdido enquanto gozava com força, bombeando-a completamente
e reivindicando-a novamente, como fazia toda vez que fodia minha esposa.

Ela não é mais sua esposa.


Rosnei, com raiva de Sophia, de mim mesmo por confiar nela, por deixá-la
me irritar como eu fiz.

Não soltei seus pulsos, não enquanto lutava para recuperar o fôlego. Eu não
queria que ela me tocasse, não naquele momento. Talvez isso tenha me deixado
fraco, mas se eu deixasse ela me tocar, não sei se conseguiria sair deste quarto.

Assim que me recompus, fiz o que tinha que fazer, saí da cama e fui embora.
Capítulo Vinte e Cinco
Sophia

Já era tarde e eu estava lutando contra o sono há horas.

Cillian finalmente veio até mim ontem à noite, depois de vários dias sem
nada, e eu queria que ele viesse até mim novamente. Meu corpo ainda doía da
melhor maneira. Foi incrível tudo o que eu fantasiei... exceto aquela parte em
que ele se levantou e saiu. Eu queria que ele ficasse, que me abraçasse como
costumava fazer.

Deus, eu senti tanta falta dele.

Minhas pálpebras ficaram mais pesadas, tentei lutar, mas era impossível.

Mas mesmo quando adormeci, não foi profundamente. Eu joguei e virei. Um


sonho após o outro, a maioria deles pesadelos.

O monstro me perseguiu, correndo cada vez mais rápido, seus rosnados


cada vez mais próximos. Gritei novamente quando ele passou a mão com gar-
ras, quase me errando. Virei-me para trás e seus brilhantes olhos verdes me
encararam, observando, sempre observando. Meu coração batia mais forte no
meu peito.

— Pare. — Ele rosnou. — Não se atreva a fugir de mim.

Fiz o que ele disse, como se meus pés estivessem envoltos em concreto, e
ele saiu das sombras. Cillian. Seus olhos estavam brilhantes, queimando em
mim. Ele estava nu e coberto de sangue.

— O que você vai fazer comigo? — Eu disse, respirando com dificuldade.

— Exatamente o que minha beleza quer que eu faça. — Ele se abaixou,


envolvendo dedos com garras ao redor de seu pau que se projetava dele, tão
longo e duro. Então ele estava lá, me agarrando com força e me forçando a cair
no chão. Ele abriu minhas pernas e seus olhos brilharam quando ele bateu den-
tro de mim.

Acordei, um grito de prazer ainda saindo dos meus lábios enquanto piscava
na escuridão, mas desta vez não estava sozinha.

Mãos ásperas deslizaram pela frente da minha blusa e parei, até sentir o
cheiro do sabonete de Cillian, o desodorante que ele usava. Ele estava respi-
rando pesadamente, seu pau duro contra minha bunda.

— Outro sonho sujo? — ele rosnou em meu ouvido. — Com quem você
estava sonhando?

— Você. — Eu sussurrei, tremendo, ainda presa entre este quarto e o sonho.

— Estava transando com você de novo. — disse ele, sem fazer uma per-
gunta. — O monstro estava fodendo você.

— Sim. — Ofeguei, apertando minhas coxas.

— É isso que você quer de mim, não é, querida? — ele rosnou em meu
ouvido.

Eu não respondi. Ele estava falando comigo, mas eu não tinha certeza do
que ele queria que eu dissesse. Se ele pensou que desta vez eu iria lutar com
ele, dizer-lhe para parar, ele estava errado. Eu queria tanto que ele me tocasse
que estava escorregadia e dolorida. Ele apertou meu peito e chorei.

— Responda-me. — ele disse com uma voz dura e imparcial.

Ele não iria me deixar me esconder na escuridão e fingir que o que aconte-
ceu entre nós na noite passada não aconteceu, ou o que estava prestes a acon-
tecer entre nós agora estava fora do meu controle. E ele não iria me deixar es-
quecer que ele pensava que eu o tinha traído, ou que ele tinha me feito sua
prisioneira, sua prostituta.
Doeu, mesmo sabendo como Cillian era, isso doeu pra caralho. Mas ele es-
tava certo, eu o queria.

— Sim. — Eu sussurrei.

Na respiração seguinte, ele puxou minha camisa para cima e a tirou, jo-
gando-a de lado. Sua outra mão desceu pela frente da minha calcinha e ele
roçou meu clitóris, deslizando para baixo.

— Sempre desesperada para isso. — Ele disse e me empurrou de costas.

— Sua barba. — Eu sussurrei. Eu percebi que tinha sumido ontem à noite,


mas tudo estava tão fora de controle, acordando com ele dentro de mim, então
tudo acabou e ele se levantou e foi embora. A barba o suavizara um pouco,
percebi ao olhar para ele, mas agora ele era brutalmente bonito, com ângulos
agudos, uma ferocidade crua nele que me roubou o fôlego.

Ele abriu minhas coxas e olhou para mim enquanto enfiava dois dedos den-
tro de mim. Ele mostrou os dentes, sem um sorriso, nem perto disso. — É como
ser fodida com os dedos por um estranho? — ele perguntou e empurrou pro-
fundamente, depois recuou.

Não, porque o homem que eu amava brilhava com seus lindos olhos verdes.
— Cillian. — Eu gemi, estendendo a mão para ele, tocando sua mandíbula lisa.

Ele agarrou minha mão e segurou-a sobre minha cabeça, não me deixando
tocá-lo, e continuou sua tortura, me trabalhando com aqueles dedos longos e
grossos, repetidamente, até que eu estava tremendo e ofegante.

— A boceta está sempre encharcada e pronta para o meu pau, como uma
boa putinha.

Suas palavras deveriam me fazer sentir inútil, mas elas apenas me disseram
o quanto eu o machuquei. Eu choraminguei, tão perto de gozar que meus qua-
dris se ergueram, precisando de mais, precisando dele. — P-por favor…
— Por favor, o que? — Seus dedos se moviam mais rápido.

— Eu preciso de você. — Eu ofeguei.

— Diga-me exatamente o que você quer, Sophia. O que eu estava fazendo


com você no seu sonho? Diz.

Meu estômago tremeu e minhas coxas tremeram. Ele passou o polegar so-
bre meu clitóris e eu gritei. — Me perseguindo... me segurando. Por favor, Cil-
lian, por favor, me foda.

Ele puxou os dedos de mim, abriu bem minhas coxas e pressionou a cabeça
gorda de seu pau na minha abertura, empurrando-o para dentro. — Porra, pe-
gue. — Ele disse, então bateu dentro de mim.

Eu gozei instantaneamente, arqueando e gritando, minha boceta apertando-


o repetidas vezes enquanto as estrelas dançavam em meus olhos. Ele me se-
gurou e me fodeu forte e profundamente. Eu me agarrei a ele, precisando de
algo para me firmar, precisando dele para me ancorar quando eu estava fora de
controle. Meus olhos se abriram quando ele pegou meu queixo e olhou para
mim, os dentes cerrados, os olhos brilhando nas sombras. Seus olhos não es-
tavam frios agora, eles estavam quentes, queimando dentro de mim.

— Você fez isso. — Ele rosnou. — Você fez isso comigo.

Agarrei o lado de sua garganta e balancei a cabeça. — Eu amo...

Ele cobriu minha boca com a mão e bateu em mim, grunhindo, aqueles olhos
ainda brilhando para mim, me impedindo de dizer as palavras, mesmo quando
senti o metal liso de sua aliança de casamento contra meus lábios. Ele não tinha
tirado. Ele pulsou forte dentro de mim e gemeu, e com o quão profundo ele
estava me fodendo, me atingindo exatamente onde eu precisava dele, eu gozei
com ele, gemendo contra sua mão ainda presa sobre minha boca.

Ele finalmente desmaiou, sua respiração irregular contra minha garganta.


Passei meus braços em volta dele e ele imediatamente rolou para longe. Ele
estava deitado de costas, com o braço sobre os olhos, ainda recuperando o
fôlego. Sua rejeição doeu, mas me recusei a deixar isso me afetar. Ele estava
confuso e magoado, e a única maneira que sabia lidar com isso era me punir.

Meu olhar se moveu sobre seu queixo agora liso, descendo por sua gar-
ganta, até a bandagem branca enrolada em seu bíceps, depois para sua mão
apoiada em seu estômago e descendo para sua aliança de casamento, ainda
onde eu a coloquei. Ele me disse que não se importava, mas aquele anel me
dizia o contrário. Deus, ele era lindo. — Como está seu braço?

Ele não respondeu.

Cheguei mais perto e desta vez ele não se moveu. — Comecei a pensar que
você nunca viria. Que você se esqueceria de mim.

Novamente, nenhuma resposta.

Deslizei o resto do caminho e passei meu braço em volta de sua cintura,


desesperada para que ele me segurasse. — Senti sua falta. — Sussurrei.

Cillian

Eu precisava me levantar e sair deste quarto, mas não consegui afastá-la.


Eu gostei dela ali, pressionada contra mim, pra caralho. Seamus diria que eu
era fraco, e ele estaria certo. Quando eu era criança, ele teria batido na minha
bunda por deixar a emoção tomar conta de mim, porque era isso que era. Minha
respiração se acalmou, mas começou a ficar instável novamente. Porra, senti
como se algo estivesse pressionando minha traqueia.

Meu coração disparou mais rápido, uma sensação de que eu não gostava
quase me fez ofegar. Eu me senti... fora de controle. Toda lógica, todo bom
senso desapareceu quando Sophia passou os braços em volta de mim e se
aproximou.

Ela era minha prisioneira, mas naquele momento era ela quem me manteve
cativo. O que quer que tenha me feito invadir seu apartamento, observá-la dor-
mir, ficar obcecado por ela, desejá-la por um ano inteiro, foi a mesma coisa que
me deixou deitado aqui agora, incapaz de me mover. Ela nem sabia disso, mas
era ela quem tinha todo o poder.

Por que diabos ela estava fazendo isso, por que ela estava pressionada con-
tra mim desse jeito?

Porque ela sabia o quão fraco ela me deixava. De alguma forma, ela sabia.

Declan me perguntou se eu queria que ela me amasse, e a verdade é que


eu queria. Eu queria muito isso. Mas eu não podia confiar nela e não podia con-
fiar nisso. Não mais.

Eu com certeza não queria que ela fingisse que tinha sentimentos por mim
porque estava com medo, porque eu a tinha trancada em minha casa, neste
quarto, como o psicopata que eu era.

Que porra eu estava fazendo?

Eu me afastei dela e saí da cama. Ela se sentou, o cabelo loiro bagunçado


em volta do lindo rosto, as bochechas ainda coradas. — Cillian o que você está
fazendo?

Se eu não fizesse isso agora, mudaria de ideia. Eu a manteria trancada aqui


pelo resto da vida e nunca a deixaria ir. — Esteja pronta para sair em uma hora.

— Sair? Aonde estamos indo?

— Não vamos a lugar nenhum. — Eu disse.

O silêncio encheu a sala e seus grandes olhos azuis se encheram de dor.


— Você me prometeu... você prometeu que nunca me deixaria ir. — Ela
sussurrou.

Suas palavras perfuraram algo dentro de mim. Eu sufoquei. — Eu menti.

Sophia

Houve uma batida e a porta do meu quarto se abriu exatamente uma hora
depois.

Conor deu uma varredura em meu corpo, certificando-se de que eu estava


pronta. — Hora de partir.

— Para onde estou indo?

Seu olhar realmente suavizou. — Tenho instruções para levá-la aonde você
quiser.

Eu não entendi o que estava acontecendo aqui. — Ir?

— Está tudo embalado, o que não couber no carro será enviado para o seu
novo endereço.

Dor e descrença me fizeram tremer. Isso não poderia estar acontecendo.


Cillian estava me expulsando, me jogando fora? — Eu quero falar com Cillian.

— Ele está ocupado agora.

— Meu telefone, você está com ele?

Ele tirou do bolso e me entregou. Eu rapidamente abri meus contatos.


— Ele não vai responder. — disse Conor.

De qualquer maneira, digitei o número dele. Tocou e tocou, e então sua voz
profunda ecoou pela linha me dizendo para deixar uma mensagem.

— Desculpe, querida, mas acabou. — Conor disse e fechou o espaço entre


nós, me conduzindo para fora da sala e pelo corredor. A casa estava silenciosa,
parecia vazia. Olhei para o meu escritório quando passamos, tudo, exceto os
móveis pesados, havia desaparecido.

Desci as escadas e Conor foi até a porta. Ele abriu e me virei, olhando para
cima quando um movimento chamou minha atenção. Cillian estava no topo da
escada, olhando para mim. Ele não disse nada. Eu queria correr até ele, fazê-lo
falar comigo, fazê-lo acreditar em mim, mas a expressão em seu rosto me disse
que ele não iria me ouvir.

Minhas pernas tremeram e meu coração se partiu, mas me forcei a me vi-


rar...

O trovão explodiu ao meu lado, sangue jorrando do ombro de Conor, atin-


gindo meu rosto. Eu gritei e me virei. Seamus estava de pijama, a arma na mão
trêmula apontada para Cillian. — Não! — Corri em direção a Seamus sem pen-
sar, colidindo com ele enquanto mais tiros explodiam ao meu redor. Chegamos
ao chão. Meus ouvidos zumbiam, meu quadril e meu braço latejavam quando
bati no chão de ladrilhos. Seamus estava completamente imóvel embaixo de
mim. Eu me arrastei para trás e minha mão escorregou. Sangue, muito disso.

Ele estava morto, com um tiro na cabeça.

Virei-me para verificar se Cillian estava bem. Ele estava caminhando em


nossa direção quando Danny e vários de seus homens entraram correndo.

— Você foi atingida? — Cillian retrucou.

Eu olhei para mim mesma. Estava coberta de sangue, mas nada disso era
meu. — Não.
Sua mandíbula estava tensa como o inferno. — Leve Conor para o hospital.
— Ele se virou para Danny. — E limpe Sophia e saia daqui.

O que? — Não. Cillian…

— Você não pode estar aqui. — Ele disse com os dentes cerrados, seu olhar
voltando para Danny. — Tire-a daqui agora.

Danny agarrou meu braço e me arrastou para fora da sala. Saímos para a
área da piscina e ele me conduziu até o pequeno banheiro lá fora. Então ordenei
que um dos outros caras pegasse uma muda de roupa da minha bolsa antes de
me dar outro empurrãozinho em direção ao banheiro. Ele virou as costas para
mim, mas não foi embora.

Tirei minhas roupas manchadas de sangue e entrei no chuveiro, entorpe-


cida. Eu não me lembrei de nada disso. Sequei-me e peguei as roupas que
Danny havia colocado sobre o balcão. Sem calcinha, uma calça que só usei
uma vez em um funeral e a blusa do pijama. Coloquei-os, torci o cabelo o melhor
que pude e deixei Danny me guiar pela lateral da casa.

Não havia sinal de Cillian agora, mas acho que ele tinha um corpo para cui-
dar. Ele tinha acabado de atirar e matar seu pai.

— Leve-me até Cillian. — Eu disse a Danny.

Ele balançou sua cabeça. — Ele quer você fora da propriedade.

— Quando posso voltar? — Perguntei quando ele abriu a porta para mim.

— Você não pode, Soph. Sinto muito — disse ele, com o mesmo olhar de
pena que Conor me deu.

— Você vai me matar agora? — Perguntei.

— Você vai contar a alguém o que aconteceu?


— Não. — Eu não queria pensar nisso, não havia como contar a ninguém
sobre isso.

— Então, não. — disse ele.

Eu não estava realmente com medo pela minha vida. Cillian pode estar me
expulsando, mas ele nunca deixaria ninguém me machucar. — Você pode me
contar como está Conor?

— Sim. — Ele disse e fechou a porta atrás de mim. Ele entrou e se virou para
mim. — Há algum lugar para onde você possa ir?

Eu não estava indo para casa. Meu pai estava morto para mim. — Não.

— E quanto a sua amiga, aquela barulhenta e sedutora?

Fiona era uma opção, mas se ela me visse agora, eu desmoronaria. Procurei
rapidamente no meu telefone e encontrei um Airbnb por perto que tinha algumas
semanas disponíveis. Reservei para o dia seguinte. — Basta me levar para um
hotel, qualquer um serve, tenho algo combinado para amanhã. Vou te mandar
uma mensagem com o endereço e você pode entregar minhas coisas lá ama-
nhã, se estiver tudo bem?

Danny assentiu, ligou o carro e partimos.

Foi difícil, mas consegui controlar minhas emoções ao me despedir, en-


quanto me afastava e me hospedava em meu quarto para passar a noite. Peguei
o elevador até o quinto andar, encontrei meu quarto e fechei a porta, e mesmo
assim me recusei a deixar a dor e o medo me dominarem. Porque apesar do
que aconteceu, ou do que Danny disse, ou de Cillian me mandar embora, isso
não acabou, Cillian e eu não terminamos.

Eu poderia ser tão teimosa quanto ele.


Capítulo Vinte e Seis
Cillian

— Ela está de volta — disse Conor, com os lábios curvados.

Fui até a varanda e olhei para o portão da frente.

— O que ela quer? — Eu perguntei, meu peito tão apertado que mal conse-
guia respirar.

Conor riu atrás de mim. — Falar com você.

Esfreguei minha testa, uma dor de cabeça crescendo atrás dos meus olhos.
Por que ela estava fazendo isso? Porra, isso era uma tortura. Por minha causa,
ela quase levou um tiro na última vez que esteve aqui. Observando Danny levá-
la coberta com o sangue de Seamus (Jesus, por longos segundos pensei que
aquele sangue era dela), agarrei-me ao corrimão. Meu maldito coração parou
no meu peito.

Nós encontramos Sally, e ela desmoronou, aterrorizada, contando a verdade


sobre o que realmente aconteceu naquela noite. Seamus a usava como inter-
mediária para fazer acordos com Brennan e Paolo. Foi ela quem abriu os por-
tões e o deixou entrar, não Sophia. Ela disse que Sophia não sabia que Paolo
estaria lá, que ficou assustada quando o viu e que ele a forçou a entrar no carro.
Sophia não sabia nada sobre os planos do pai para ela. Eles estavam alimen-
tando o ego de Seamus, usaram-no para chegar até mim, para entrar na minha
casa, mas não tinham intenção de deixá-lo viver.

Percebi agora, quando carreguei Sophia para dentro de minha casa depois
de levarmos um tiro e encontrei Sally parada ali, o choque em seu rosto não era
por causa do tiroteio, mas por eu ainda estar vivo.
Eu falhei com Sophia, de todas as maneiras possíveis. Ela disse que me
amava, mas ainda assim, a ideia de que ela poderia realmente se sentir assim,
que ela poderia realmente me querer, estar apaixonada por mim, o monstro
O'Rourke, era tão... estranha, parecia tão verdadeiramente impossível, que
acreditar que ela tinha me traído era a escolha mais lógica.

Mas ela não tinha. Ela não tinha me traído. Esfreguei a dor no centro do meu
peito.

Sophia levantou a mão, protegendo os olhos do sol, me avistando aqui. O


que ela queria me dizer? Ela deveria estar com medo. Eu a acusei de me trair,
tranquei-a, chamei-a de prostituta e depois a fodi como se fosse uma. Então ela
quase levou um tiro e eu a expulsei da minha casa como se ela não fosse nada.

No entanto, ela apareceu pelo terceiro dia consecutivo, exigindo falar co-
migo. Ela não sabia que eu estava tentando protegê-la? Da violência deste
mundo, de mim.

— O que você quer que eu faça? — Conor perguntou.

Eu deveria dizer a ele para mandá-la embora, como fiz nos últimos dois dias,
mas depois da merda que fiz com ela, se ela veio aqui para me xingar ou dar
um soco, talvez eu devesse deixá-la entrar. Cristo, eu devia desculpas a ela,
mas deixá-la voltar para esta casa era perigoso. Ela me fez sentir coisas, fazer
coisas, querer coisas que eu nunca tive antes. — Deixe-a entrar. — Eu disse
antes de perceber que ia dizer isso.

Conor sorriu. — Você pode querer tirar o Kevlar. — Ele bufou uma risada.
— Porém, do jeito que ela atacou Seamus quando percebeu que ele estava
mirando em você, não acho que você tenha nada com que se preocupar. —
Então ele saiu.

Ela tinha feito isso, não tinha? Ela o viu apontar a arma para mim e correu
para ele. Ela tentou me proteger. Agarrei o corrimão com mais força enquanto
a memória inundava minha mente. Ela poderia ter sido morta, pelo amor de
Deus. Por que ela faria isso?

Observei enquanto Conor caminhava em direção aos portões, então me vi-


rei, sem saber como lidar com a tempestade que assola minhas entranhas, a
forma como meu coração de repente batia forte em meu peito. Apertei os pu-
nhos com força e tentei equilibrar a respiração. Eu ainda estava tentando me
recompor quando a porta se abriu. Conor entrou primeiro, depois se afastou
deixando Sophia entrar.

Cristo, ela era linda.

Conor, o filho da puta, piscou para mim por trás de Sophia antes de voltar e
fechar a porta atrás dele.

— Sally admitiu tudo. — Eu disse antes que ela pudesse falar. — Eu sei que
você não teve nada a ver com o que aconteceu naquela noite.

Ela assentiu. — Não, eu não fiz.

Nós nos encaramos do outro lado da sala, os segundos se estendendo.

— Por que você está aqui? — Eu perguntei, quebrando o silêncio.

Ao mesmo tempo, ela disse: — Você me deixou entrar.

— Você parecia determinada a falar comigo. — Eu disse.

Ela deu um passo mais perto. — Você não sabe por que estou aqui? Real-
mente?

Estudei seu lindo rosto. — Pensei que talvez você quisesse me bater.

Ela me lançou um sorriso. — Não apenas isso.


Meu olhar passou por seus braços, vendo os hematomas escuros ali. Eu
estava preocupado que sem mim para impedi-la, ela poderia se machucar en-
quanto dormia. — Você se machucou.

— Tenho tido muitos pesadelos desde que você me mandou embora. — Ela
balançou a cabeça. — E você não está lá para me segurar.

Porra. A atração por ela era intensa. Estava no mesmo quarto que ela há
alguns minutos e já estava perto de explodir, de agarrá-la e não a deixar sair. —
Você precisa ter mais cuidado. — Eu não queria que minha voz soasse áspera,
mas saiu. Vê-la machucada estava fodendo comigo.

— Até você, eu me machucava o tempo todo, Cillian.

Estremeci, a ação me pegando de surpresa. — Não é sensato você estar


aqui.

— Não? — Ela deu outro passo mais perto. — Por quê?

— Você sabe o tipo de homem que sou, querida. — Eu disse, e minha voz
tremeu de uma forma que nunca havia acontecido antes. — Você não deveria
ter voltado aqui.

— Por quê? — ela sussurrou.

Eu não tinha certeza do que dizer. Eu simplesmente sabia que não poderia
forçá-la a ficar aqui contra sua vontade por mais um momento. — Diga por que
você veio, rápido, então você precisa ir embora. Eu te disse, Sophia, o que
acontece quando faço algo meu. É... é perigoso para você estar aqui.

— Você disse que não abre mão do que é seu. — Sua cabeça inclinou para
o lado. — Então por que você me deixou ir? — ela perguntou novamente, não
me deixando escapar.

Estudei seu rosto, a expressão em seus olhos. Havia algo parecido com
triunfo ali, e eu não sabia por quê. — Porque eu... eu não queria... — O quê?
— Você não queria me forçar a estar aqui contra a minha vontade. — Ela
disse como se tivesse lido minha mente.

— Não.

— Por que você acha que é isso?

Estava respirando com mais dificuldade e minhas malditas mãos tremiam.


— Sophia. — eu rosnei. Eu não sabia o que ela estava dizendo, o que ela queria
de mim, mas quanto mais tempo ela ficasse aqui, mais difícil seria.

Ela deu outro passo e ficou bem na minha frente. — Você me deixou ir por-
que queria que eu ficasse com você por minha própria vontade. Você queria
que eu estivesse aqui com você porque eu queria, não porque você me forçou.
— Ela inclinou a cabeça para trás e olhou para mim. — E a razão pela qual você
quis isso, Cillian, é porque você está apaixonado por mim.

Pisquei para ela, lutando contra a vontade de tirá-la do chão e esmagá-la


contra mim, enquanto cada músculo do meu corpo se contraía com o que ela
tinha acabado de dizer. Era isso que eu estava sentindo? Esse nó emaranhado
em minhas entranhas e esse punho no centro do meu peito eram amor? Eu não
consegui pensar em nada além dela desde que a mandei embora. Andei pela
casa completamente perdido. Me encontrei em seu escritório, ou em seu armá-
rio, ou porra, cheirando o xampu que havia sido deixado no meu banheiro ou a
loção de baunilha e canela que eu não conseguia jogar fora. Eu nem tinha tro-
cado os lençóis e acordava agarrado à porra do travesseiro dela todas as ma-
nhãs.

Eu ainda usava minha aliança de casamento. Olhei para a mão dela e ela
ainda usava a dela.

— Você já ouviu aquele ditado ‘se você ama algo, liberte-o, se voltar é seu,
se não voltar, nunca foi’ ou algo parecido? — Ela colocou as mãos no meu peito.
— Eu voltei, Cillian, porque apesar de como ficamos juntos, também estou apai-
xonada por você.
Na verdade, eu balancei para trás. — Você ainda me ama?

— Eu nunca parei.

Deslizei minha mão pela lateral de sua garganta e enrolei meus dedos, se-
gurando-a no lugar. — Você correu para Seamus. Você tentou me proteger.

— Isso é o que você faz quando ama alguém. — Ela sussurrou.

Ela voltou para a cova dos leões e agora não havia escapatória. — Eu deixei
você ir e você voltou para mim. — Eu disse.

— Sim. — Ela sussurrou.

— Porque você sabia que eu estava apaixonado por você. — Eu disse as-
peramente. — Mesmo que eu mesmo não tenha percebido?

— Sim. — Ela disse novamente, um pequeno e lindo sorriso curvando seus


lábios.

— Você sabe o que isso significa, não é, querida?

— O que isso significa, Cillian?

— Que você é minha e nunca mais vou deixar você ir. — Eu a tirei do chão
e enfiei meus dedos em seus cabelos.

Ela pressionou suas curvas em mim e gemi.

— E você é meu. — Ela passou os braços em volta do meu pescoço.

Sim, eu era, porra.

Bati minha boca na dela e fui para as escadas.


Epílogo
Cillian

Apago as luzes, verifico novamente o sistema de segurança e subo as esca-


das. Sophia mudou seu escritório para outro cômodo, e nós transformamos o
quarto ao nosso lado, completo com uma porta de comunicação que mantive-
mos aberta, em um berçário para Fia.

Minha filha não deu um pio, ainda enrolada em mim quando entrei em nosso
quarto. Não estava completamente escuro, uma luz noturna brilhava na parede
perto da porta adjacente.

Soph ainda estava dormindo quando voltei para o nosso quarto. Ela estava
exausta, precisando dormir mais do que o normal, o que era normal para qual-
quer mãe pela primeira vez, mas com seu distúrbio do sono, ela precisava des-
cansar ainda mais. Ela estava se saindo bem, porém, com um pouco de ajuda.

Ela acordou de repente, procurando instantaneamente na cama.

— Está tudo bem, querida. Estou com ela. — Eu disse.

Ela caiu para trás, sua respiração saindo dela. — Eu poderia tê-la machu-
cado. Oh Deus, eu poderia realmente tê-la machucada.

Ela estava alimentando Fia e ambas adormeceram, mas eu estava lá e a


peguei antes de ir trancar. — Eu prometi que ficaria acordado, querida, e você
sempre fica quieta quando ela está ao seu lado. Eu a levei apenas por segu-
rança, mas você nunca se mexeu nenhuma vez.

Seu olhar me olhou, embalando nossa filha. — Não posso fazer isso de novo.
— disse ela, com a voz embargada. — Se eu a machucasse, nunca me perdo-
aria.

Aproximei-me e sentei-me ao lado da cama. — Você não vai.


— Como você pode ter tanta certeza?

— Porque eu conheço você. — Inclinei-me e a beijei suavemente. — Mesmo


quando você dorme, quando você sonha, você sabe que ela existe.

— Não vou arriscar. — disse ela.

— E você não vai, porque estou aqui. Estarei sempre aqui para garantir que
minhas duas meninas estejam seguras e felizes.

Ela se inclinou, descansando a cabeça na minha coxa. — Estamos. — Ela


disse e pegou minha mão, passando o polegar sobre minha aliança de casa-
mento. — Nunca estive tão feliz... ou com tanto medo de perder tudo.

— Você nunca vai me perder, Soph, ou nossa filha. Vou me certificar disso.

Ela piscou para mim. — Eu sabia que por baixo de tudo, você era esse ho-
mem, pelo menos para mim, para nossa filha e para Tommy. — Ela deu um beijo
na minha mão. — Com todo o amor e carinho que eu sabia em meu coração,
você era capaz, mesmo que não tivesse tanta certeza.

Ela estava certa, essa parte de mim só existia para eles. — Eu sou por sua
causa.

Sophia deu um beijo gentil na cabecinha de Fia e sorriu para mim. — Estava
lá o tempo todo, você só precisava de um incentivo.

Dei um beijo no topo de sua cabeça e levei Fia para o berçário, colocando-
a cuidadosamente no berço.

Depois que o pai de Sophia foi denunciado como traidor que era, ele esva-
ziou suas contas bancárias e fugiu, deixando Celeste, Tommy e Sophia para
trás sem olhar duas vezes. O que minha esposa não sabia era que ele não foi
muito longe, nunca mais voltaria e Tommy agora tinha um fundo fiduciário es-
perando por ele quando atingisse a maioridade. Eu contratei uma babá em
tempo integral para Tommy, para garantir que ele fosse bem cuidado quando
estivesse com sua mãe. Celeste estava lá para ajudá-lo quando ela queria, mas
na maioria das vezes Tommy estava aqui conosco. Ele estava levando tudo com
calma e parecia gostar de mim, mas não tanto quanto gostava de Declan.

Coloquei as cobertas em volta de nossa filha e voltei para minha esposa,


sentando-me ao lado dela e puxando-a para perto.

— Estou com saudades de você. — disse ela.

Eu aumentei meu domínio sobre ela. — Bem aqui, beleza.

— Sinto falta de ter você dentro de mim.

Minha respiração saiu dos meus pulmões. — Só mais um pouco, querida.


— Eu disse, minha voz áspera como o inferno.

Fia nasceu há apenas um mês, então ainda tínhamos algumas semanas an-
tes de podermos fazer sexo novamente. Ela disse que sentia falta de estar ligada
a mim dessa forma, e tive que concordar. As pessoas diziam que seu desejo
sexual poderia ser menor, que o cansaço definitivamente afetaria isso, mas ela
estava acostumada a ficar cansada, e me certifiquei de que ela não estava fa-
zendo isso sozinha.

— Tenho pensado em algo ultimamente. — disse ela.

— O que é isso? — Eu perguntei, enquanto traçava a tatuagem que ela fez


depois que voltou para cá comigo.

Era um monstro no braço dela, o monstro dela. Ela disse que era eu, obser-
vando, sempre observando, sempre mantendo-a segura. Se você olhasse de
perto, poderia ver meu nome escondido no desenho. Ela me surpreendeu com
isso, e eu adorei.

— Depois que as seis semanas terminarem e eu estiver completamente cu-


rada... da próxima vez que você me ver tendo um dos meus sonhos... com
você... você poderia...— Mordi meu lábio.
— O que? — Eu estava respirando com mais dificuldade agora. Eu sabia o
que ela ia dizer. — O que você quer que eu faça, querida? Preciso ouvir você
dizer isso.

— Eu quero que você me foda até me acordar.

— Porra. — Eu disse, parecendo carente pra caralho. Eu não tinha feito isso
de novo, não desde a primeira vez.

— Você gosta dessa ideia? — ela disse e se abaixou entre nós, envolvendo
meu pau dolorosamente duro.

— Você sabe que sim. — Eu disse asperamente.

— Eu penso muito sobre isso, naquela noite em que você me acordou, na


maneira como você se sentiu dentro de mim, sobre mim, no olhar em seus olhos.
— Ela estremeceu.

Conversamos sobre isso enquanto fodíamos o tempo todo, mas eu não faria
isso de novo até que ela me pedisse. Gemi quando ela me acariciou com mais
firmeza e depois rolou de costas.

Ela montou em meus quadris e apertou seu clitóris contra meu pau preso
entre nossos corpos, então estávamos transando através de nossas roupas ín-
timas como adolescentes com tesão.

Não demorou muito até que ambos gozemos com força.

Ela caiu contra mim, agarrando-se a mim. Coloquei meus braços em volta
dela e ela esfregou o rosto no meu peito. — Eu te amo, meu lindo monstro. —
disse ela.

Segurei seu rosto e a fiz olhar para mim. — Também te amo, minha preciosa
bela adormecida.

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