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UNIVERSIDADE PAULISTA

ANA PAULA CRUZ BATISTA

PRÉ PROJETO DE MONOGRAFIA

UM ESTUDO DO MODELO DE CONSUMO E POUPANÇA DE KEYNES E


SUAS APLICAÇÕES NAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XXI

SÃO PAULO
2020
ANA PAULA CRUZ BATISTA

UM ESTUDO DO MODELO DE CONSUMO E POUPANÇA DE KEYNES E


SUAS APLICAÇÕES NAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XXI

Projeto de Pesquisa apresentado ao


curso de Ciências Econômicas, da
faculdade Universidade Paulista, a ser
utilizado como diretrizes para
manufatura do Trabalho de Conclusão
de Curso.

Orientador(a): Profª. Ivy Judensnaider

SÃO PAULO
2020
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 4

2 OBJETIVO GERAL ............................................................................................................. 5

2.1 Apresentação do problema .......................................................................................... 5

2.2Hipótese.............................................................................................................................. 5

3 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................... 6

4 MÉTODOS DE PESQUISA ............................................................................................ 16

5 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 17

6 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES .............................................................................. 17

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 18

8. ANEXO 1 – PLANO DE TRABALHO ........................................................................... 21

9. ANEXO 2 – LISTAGEM BIBLIOGRÁFICA .................................................................. 22


4

1 INTRODUÇÃO

Este documento apresenta o conteúdo a ser contemplado no projeto de


monografia, de acordo com as exigências do curso de Ciências Econômicas pela
Universidade Paulista.
O estudo apresentado tem por finalidade analisar detalhadamente o modelo
de consumo e poupança de Keynes e como os agentes se comportam quando há
expectativas em relação a uma renda futura.
A principio será exposto como funcionam as expectativas racionais e a
reação dos agentes frente a essas expectativas. Por outro lado, apresenta-se as
teorias de consumo e poupança de Keynes. Em contrapartida, será feito um
levantamento das rendas e do consumo das famílias brasileiras, esses dados
servirão de base para o estudo econométrico que vai ser realizado na pesquisa que
será apresentada no próximo semestre, com o objetivo de verificar como as
expectativas em relação a renda futura afetam o consumo das famílias brasileiras.
5

2 OBJETIVO GERAL

O objetivo deste estudo é analisar o modelo de consumo e poupança


idealizado por Keynes e realizar um estudo econométrico afim de verificar quais são
os impactos que as expectativas em relação a uma renda futura causam no
consumo e na poupança da população.

2.1 Apresentação do problema

No modelo keynesiano, como as expectativas em relação a renda futura afetam


o consumo das famílias brasileiras?

2.2 Hipótese

Em observações empirícas realizadas por Keynes, foi constatado que os países


mais pobres apresentam propensões médias e marginais a consumir maiores que os
países mais ricos; assim, pode-se supor que a propensão a poupar será menor nos
países pobres, dado que parte do recurso é direcionado para o consumo de
subsistência da população. Com isso, pode-se concluir que, quando os agentes
recebem um aumento na renda ou quando há a expectativa de aumento da renda, há
direcionamento do recurso para o consumo. Assim, a curva da demanda agregada
pode sofrer mudanças.
6

3 REFERENCIAL TEÓRICO

Segundo dados do FMI (Fundo Monetário Internacional), o Brasil encerrou o


ano de 2019 na 8ª posição entre as maiores economia do mundo, com um PIB de 2,93
trilhões de dólares, apesar de estar entre as maiores economias do mundo, o país
ainda se encontra em desenvolvimento em determinados aspectos. Quando se trata
de poupança, de acordo com uma pesquisa realizada pelo CNDL (Confederação
Nacional de Dirigentes Lojistas) no dia 26 de setembro de 2019, 67% dos brasileiros
não conseguem poupar dinheiro, nas classes C, D e E esse número é ainda maior,
sendo de 71%, com base nesses dados, o problema que será abordado nesse estudo
é “como as expectativas em relação a renda futura afetam o consumo das famílias
brasileiras?”.
Segundo Sousa (2016), quando se trata de expectativas, dentro da
macroeconomia considera-se a abordagem das expectativas racionais, que está
ligada a duas vertentes, na primeira tem-se que os indivíduos do ponto de vista
econômico, para formar suas expectativas se baseiam em todas as informações
disponíveis, ou seja, os agentes nesse caso utilizam toda a informação que possuem
de forma eficiente. De acordo com essa vertente, pode-se concluir que se o agente
verificar em certo enunciado que o orçamento da despesa corrente para o ano de
2018 é W, os agentes iram utilizar esse valor como uma estimativa da despesa para
o ano de 2018, o agente econômico nesse caso, não irá verificar o valor da despesa
para 2017.
Sousa (2016) ainda afirma que a segunda vertente das expectativas racionais,
trata-se do equilíbrio das expectativas racionais, nessa vertente acredita-se que os
agentes buscam maximizar a utilidade dos recursos, as firmas buscam maximizar
seus lucros e dessa forma se chegaria ao equilíbrio dos mercados. De acordo com as
expectativas racionais, apenas acontecimentos extraordinários na política monetária
levaria a uma consequência para o indivíduo.
Ainda para Sousa (2016), é importante ressaltar a ligação que existe entre as
expectativas racionais e a macroeconomia, e também é de se levar em consideração
a conscientização dos cidadãos para as expectativas racionais, para essa
conscientização Sousa (2016) ressalta dois pontos, o primeiro é sobre as dificuldades
a nível da definição do modo pelo qual as expectativas são construídas, essas
7

dificuldades podem originar erros para as previsões econômicas, um segundo ponto


é que as próprias expectativas podem ser afetadas pelas medidas políticas.
Para Muth (1961), os agentes econômicos apresentam uma forma forte frente
as expectativas racionais, sendo essa a forma que faz com que as previsões dos
agentes para os eventos futuros é a mesma previsão que o mercado determina, nessa
forma agentes e mercados caminham juntos e nesse caso os erros são admitidos.
Entretanto, essa forma trás consigo a ideia de que os erros não estão correlacionados
com o conjunto de informações que existia quando a expectativa foi criada, assim não
se pode afirmar que as expectativas estão erradas. Muth (1961) ainda afirma que caso
as expectativas se mostrassem erradas, os agentes econômicos já teriam aprendido
com seus equívocos e repensariam a forma como suas expectativas são criadas.
Segundo Lucas (1976), os modelos macroeconômicos não são eficientes para
tratar das variações políticas, dado que as reações dos indivíduos e das empresas
dependem da política que está sendo aplicada no momento. O autor também afirma
que, não existe estabilidade entre o consumo e a renda passada, pois o indivíduo ao
estabelecer uma expectativa futura com as informações disponíveis no presente
acaba afetando o seu modo de consumir hoje e sempre que ocorre um acontecimento
na política os indivíduos precisam revisar suas expectativas. Sendo assim, não é
possível modelar o consumo sem modelar a renda.
Argumentarei que a característica que leva ao uso nas previsões de
curto prazo não está relacionada à avaliação quantitativa de políticas,
que os principais modelos econométricos são (bem) projetados para
realizar apenas a primeira tarefa, e que as simulações usando esses
modelos não podem, a princípio, fornece nenhuma informação quanto
às reais consequências de políticas econômicas alternativas. (LUCAS,
1976, p. 105)

Considerando esses fatos, será abordado o modelo de consumo e poupança


de Keynes (1936) e será analisado como as expectativas racionais criadas frente a
uma renda futura afetam o consumo das famílias brasileiras.
No modelo Keynesiano básico, desenvolvido por Keynes em 1936, tem-se a
curva de demanda agregada de bens e serviços (DA), essa curva é composta por
quatro macroagentes econômicos, que são:
1. Demanda de bens de consumo pelas famílias (C)
2. Demanda de Investimentos pelas empresas (I)
3. Demanda do governo (G)
4. Demanda líquida do setor externo (exportações X – Importações M)
8

Com a descrição acima, temos que a fórmula da demanda agregada se dá por:


DA = C + I + G + X – M (1)
No eixo P – Q, a curva de demanda agregada é negativamente inclinada, dado
que a renda real é dada por:
y = Y/P (2)
Onde:
Y = Renda nominal;
P = Nível de Preços;
Na função Consumo do modelo, Keynes (1936) estabeleceu que o Consumo
Agregado é uma função crescente no nível de renda nacional (y):
C = f (y) (3)
Para simplificar, supõe-se que o consumo seja uma função linear da renda
nacional, onde:
C = a+ by (4)
Sendo:
A = consumo autônomo, consumo que independe da renda;
B = propensão marginal a consumir
A propensão marginal a consumir (PMgC) é o aumento do consumo dado um
aumento na renda nacional, ela pode ser calculada dividindo o acréscimo de consumo
pelo acréscimo na renda nacional, como representada na fórmula abaixo:
PMGC = ∆C (5 )
∆Y
Onde:
∆C = va ria çã o no co n sum o ;
∆Y = variação na renda.
O resultado da propensão marginal a consumir varia entre 0 e 1, 0 ≤ PMgC≤1,
e significa que dado um aumento na renda, as pessoas reservam certa parcela para
a poupança. Quanto mais próxima de 1 for a PMgC, maior a propensão do indivíduo
a consumir e menor sua propensão a poupar.
Outro conceito a ser analisado é a propensão média a consumir, a PmeC é o
nível de consumo sobre o nível de renda, representada na fórmula abaixo:
PmeC = C (6)
Y
Onde:
C = consumo;
9

Y = renda.

Além da propensão marginal a consumir, também será estudado a propensão


marginal a poupar. É válido recordar que a poupança no modelo real de Keynes é a
parcela da renda nacional não consumida, em dado período, a fórmula é representada
por:
S=y–C (7)
Onde:
S = poupança;
Y = renda;
C = consumo;
A propensão marginal a poupar, que é o acréscimo da poupança agregada,
dado um acréscimo na renda nacional, é representada da seguinte maneira:
PMgS = ∆S (8)
∆Y
Onde:
∆S = variação da poupança;
∆Y= variação da renda;
A propensão média a poupar se dá pela poupança dividida pela renda,
representada pela fórmula, onde:
PmeS = S (9)
Y
Onde:
S = poupança;
Y = renda;
Além do modelo keynesiano sobre o lado real da economia, outra grande
contribuição de Keynes para melhor entendimento dos modelos de consumo e
poupança são os capítulos 8 e 9 do livro do volume 3 da “Teoria Geral do Emprego,
do Juro e da Moeda”, nesses capítulos Keynes busca explicar sobre os fatores
objetivos e subjetivos da propensão a consumir do indivíduo.
O montante que os indivíduos gastam em consumo dependem de três fatores,
sendo esses, o volume da sua renda, os objetivos que acompanham o indivíduo e as
necessidades subjetivas, propensões psicológicas, dos hábitos dos indivíduos e dos
princípios das distribuições da renda entre os indivíduos (KEYNES,1996).
10

Em sua teoria, Keynes (1996) separa os motivos para o consumo em dois


fatores, os fatores subjetivos que estão ligados a características psicológicas e os
fatores objetivos. Os fatores objetivos estão ligados as variações que ocorrem em
valores monetários, essas variações são: i) a variação da unidade salarial, dado que,
o consumo é uma função da renda real, ao invés de ser função da renda nominal. A
renda real de um indivíduo aumenta ou diminui de acordo com o seu trabalho; ii) A
variação na diferença entre renda e a renda líquida, Keynes (1996) afirma que é a
renda líquida que o indivíduo se baseia para decidir o seu nível de consumo; iii)
variações nos valores de capital que não são considerados no cálculo da renda
líquida, que essas variações têm importância para modificar a propensão marginal a
consumir.
Além das variações que ocorrem diretamente nos valores monetários dos
indivíduos, Keynes (1996) também trata das variações na taxa intertemporal de
desconto, ou seja, nas variações da taxa nas relações de troca entre os bens
presentes e os bens futuros. Vale ressaltar, que segundo Keynes (1996), essa não é
a taxa de juros, visto que essa leva em conta apenas variações do poder aquisitivo do
dinheiro.
Keynes (1996) ainda afirma que é necessário considerar os riscos, como por
exemplo, a probabilidade de não viver o suficiente para usufruir dos bens futuros. As
variações na política fiscal, também está entre os fatores objetivos, essa variação
ocorre caso o indivíduo dependa dos seus rendimentos futuros para poupar,
consequentemente ele irá depender da taxa de juros e da política fiscal do governo.
Caso a política adotada pelo governo seja para levar uma maior igualdade na
distribuição das rendas, é de se esperar um aumento na propensão marginal a
consumir e por fim as variações nas expectativas a respeito da relação dos níveis da
renda presente e da renda futura.
Para Keynes (1996), o efeito direto sobre as variações da taxa de juros sobre
a propensão marginal a consumir é incerta e complexa, visto que quando a taxa de
juros está alta o interesse pela poupança também aumenta. Pensando no longo prazo
é de se considerar que alterações na taxa de juros tendam a modificar hábitos sociais.
Entretanto, não se pode afirmar que uma taxa de juros baixa tenha uma relação direta
com os gastos.
Tem-se que poucas são as pessoas que mudam o seu padrão de vida porque
a taxa de juros mudou de 5% para 4%, quando nesse caso a sua renda permanece a
11

mesma. Entretanto, pode ocorrer de forma indireta, outros efeitos. A influência que
possui o maior impacto, que opera através das variações na taxa de juros sobre a
propensão a gastar fundos provenientes de determinada renda, é o efeito das
variações sobre a alta ou baixa do preços de títulos e de outros ativos
(KEYNES,1996).
Keynes (1996) ainda afirma que caso o capital do indivíduo aumente, é de se
esperar que o seu consumo aumente, o contrário também ocorre, caso o capital
diminua, o consumo tende a ser menor. Sendo assim, é provável que em algumas
situações a propensão marginal a consumir seja estável, desde que não haja
variações na unidade de salário em termos de moeda, ou seja, o consumo poderá ser
estável na medida que o valor do salário não se altere.
Keynes (1996), na Teoria Geral, relaciona a determinação do consumo
agregado à lei psicológica fundamental, que diz:
A lei psicológica fundamental em que podemos basear-nos com inteira
confiança, tanto a priori, partindo do nosso conhecimento da natureza
humana, como a partir dos detalhes dos ensinamentos da experiência,
consiste em que os homens estão dispostos, de modo geral e em
média, a aumentar o seu consumo à medida que a sua renda cresce,
embora não em quantia igual ao aumento de sua renda. (KEYNES,
1996, p. 118).

De acordo com a lei psicológica fundamental, as variações no nível da renda


levam a uma variação no nível de consumo, embora essa variação não ocorra no
mesmo nível. Para o autor, o padrão de vida de um indivíduo está relacionado com a
parcela de satisfação que ele pode retirar de sua renda, assim o indivíduo tende a
poupar a diferença que se dá pela renda efetiva e suas despesas. Logo, uma renda
crescente levará a uma poupança maior, e uma renda decrescente levará a uma
poupança menor.
Para um melhor entendimento a respeito da lei psicológica fundamental de
Keynes, é dado novamente a função consumo, dessa vez, acompanhada de um
gráfico. A função consumo, que é representada da seguinte maneira:
__
C=C+cY (10)
__
Dado que: C > 0 e 0 < c < 1

Onde: __
C = consumo autônomo
c = propensão marginal a consumir
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De acordo com essa fórmula, podemos observar no gráfico 1, que quanto mais
alto for o nível de renda, maior será a diferença entre renda e consumo, ou seja,
quanto maior a renda, maior o nível da poupança. Com isso, pode-se supor que a
poupança tende a ser maior nas camadas mais ricas da população.
Gráfico 1:

Fonte: Os microfundamentos do consumo: De Keynes até a versão moderna da teoria da renda


permanente. Elaboração dos autores.

Dessa forma, podemos supor também que os indivíduos mais pobres da


população apresentam menor nível de consumo, esses indivíduos não apresentam
propensão marginal a poupar, pois, de acordo com Keynes (1996) todo o seu recurso
é direcionado para bens de subsistência, logo, esses agentes econômicos com um
menor nível de renda deixam a postergação do consumo no momento presente, para
segundo plano. Isso pode ser validado por estudos empíricos realizados por Keynes
(1996), onde ele concluiu que os indivíduos das camadas mais pobres da população,
possuem um padrão mínimo de consumo, sendo esse, bem próximo ao nível de sua
renda.
Ainda para Keynes (1996), as poupanças acumuladas pelas famílias no
passado poderiam ser usadas como uma saída para melhorar esse padrão de vida,
ou seja, segundo o autor, os indivíduos poderiam realizar a poupança por precaução.
Keynes (1996), ainda afirma que uma diminuição da renda devida a queda do
emprego, se essa queda chegar a ultrapassar certos limites, o consumo nesse caso,
pode vir a ultrapassar a renda. Por conta disso, o autor afirma que caso o emprego
chegue a um nivel muito baixo, o consumo agregado cairá em volume menor que a
diminuição da renda real.
Além dos motivos de caráter objetivo, Keynes (1996) também descreve oito
motivos de caráter subjetivo, estes são os motivos pelos quais os indivíduos deixam
13

de gastar sua renda. O primeiro motivo é constituir uma reserva para fazer face a
contingência imprevistas, esse é um motivo de poupança por precaução; No segundo
motivo o autor defende que o indivíduo precisa se preparar para uma relação futura
entre a renda e a necessidade do indivíduo e da sua família, tais como, sustento das
pessoas ou educação dos filhos, esse motivo está relacionado com o ciclo da vida e
é nomeado por Keynes como previdência.
A fim de obter juro ou valorização, o indivíduo deixa de consumir no momento
imediato para realizar o consumo em data futura, motivo ligado a substituição
intertemporal, esse é o terceiro motivo, e para Keynes (1996) este motivo está
relacionado a cálculo; No quarto motivo o autor diz que para satisfazer um instinto
normal do homem que o leve a perspectiva de uma melhora no seu nível de vida, o
indivíduo realiza um gasto progressivamente crescente, esse é o motivo denominado
de melhoria. No quinto motivo, Keynes (1996) afirma que é necessário que os
indivíduos desfrutem de uma sensação de poder ou independência de realizar algo,
mesmo sem obter uma ideia clara ou intenção definida da ação específica, esse
motivo está ligado a independência.
Keynes (1996) ainda afirma que é necessário garantir uma massa de manobra
para realizar projetos especulativos ou econômicos, esse motivo está ligado a
iniciativa. No sétimo motivo o autor defende que é importante deixar uma fortuna, esse
motivo está ligado a herança, o autor defende que a herança deixada pela família
poderá ser utilizado para as futuras gerações da família, como uma poupança de
precaução.
Keynes (1996) afirma no oitavo motivo que é necessário satisfazer a avareza,
ou seja, inibir-se de modo irracional, mas persistente, de realizar qualquer ato de
despesa como tal, esse motivo está ligado a avareza.
Os motivos citados acima, são motivos que, segundo o autor, extraem do
consumo parte da renda. Alguns motivos que possuem poupança positiva em seu
início, quando afetam os indivíduos, obtêm uma poupança negativa, como por
exemplo o segundo motivo, que diz sobre a relação futura entre renda e necessidades
dos indivíduos, quando a necessidade é sanada ocorre uma “despoupança”, deixando
assim, a poupança negativa ou com um capital menor.
Determinados motivos constituídos por Keynes (1996) se complementam, por
exemplo, uma família que poupa para a educação dos filhos ou para previdência,
também se prepara com uma reserva caso ocorra algum evento que não é esperado.
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Segundo Keynes (1996), os oitos motivos subjetivos, podem variar de acordo


com alguns fatores, sendo esses as instituições e a organização da sociedade
econômica, os hábitos devidos à raça, à educação, às convenções, à religião e
também às atitudes morais.
De acordo com Keynes (1996), as variações no consumo no curto prazo
dependem, das variações nos ritmos que se recebem as rendas e não dependem das
variações na propensão a consumir uma determinada parte da renda. Logo, as
motivações das famílias em relação ao consumo e a poupança, podem se alterar de
acordo com diversos motivos, como por exemplo, distribuição da renda e níveis de
vida da população.
Enquanto o emprego é função do consumo e do investimento previsto, o
consumo é, ceteris paribs, função da renda líquida, isto é, do investimento líquido,
sendo a renda líquida igual ao consumo mais o investimento líquido. Ou seja, quanto
maior for a provisão financeira que se julgue necessário constituir antes de calcular a
renda líquida, menos favorável será para o consumo, e, portanto, para o emprego, um
volume determinado de investimento (KEYNES, 1996).
Keynes (1996), afirma na Teoria Geral que os recursos acumulados em
poupança não dependem da precaução, da previdência, do cálculo, da melhoria, da
independência, da iniciativa, do orgulho ou da avareza, eles dependem da taxa de
juros, é necessário que ela seja favorável para realizar a poupança. Segundo Keynes
(1996), se a taxa de juros estiver em um nível no qual se mantenha o pleno emprego,
a virtude seria dominante, a acumulação do capital iria depender da propensão a
consumir.
Quando aplica-se o modelo de Keynes em evidência empírica o mesmo acaba
sendo contestado, por exemplo, o autor afirma que, dado um aumento de renda, as
pessoas passam a reservar certa parcela para a poupança, assim o aumento de
consumo agregado é sempre menor do que o aumento de renda, em termos
agregados. Em observações empíricas realizadas pelo autor, foi constatado que os
países mais pobres apresentam propensões médias e marginais a consumir maiores
que os países mais ricos, logo pode-se supor que a propensão a poupar será menor
nos países pobres, dado que parte do recurso é direcionado para o consumo de
subsistência da população.
Exposto as reflexões acima, para uma melhor compreensão dos modelos de
consumo e poupança, pretende-se ao longo da pesquisa realizar uma análise
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econométrica do consumo e da poupança das famílias brasileiras no período de 2003


a 2018, relacionando a variável renda com a variável consumo e através de uma
análise de regressão avaliar quanto da variável renda é explicada pelo consumo.
Para a realização do estudo será utilizado a Pesquisa de Orçamentos
Familiares (POF), essa pesquisa é realizada pelo Instituto Brasileiro de Estatistica e
Geografia (IBGE), a pesquisa e avalia o consumo, os gastos, os rendimentos, a
variação patrimonial das famílias, a pesquisa ocorre por 12 meses e é publicada nos
seguintes níveis, Brasil, Grandes Regiões, unidades de federação, área urbana e área
rural.
Com o estudo que será feito a partir da Pesquisa de Orçamentos Familiares
será possível verificar se o modelo de Keynes (1996) que diz que os países mais
pobres apresentam propensões médias e marginais a consumir maiores que os
países mais ricos logo pode-se supor que a propensão a poupar será menor, dado
que parte do recurso é direcionado para o consumo de subsistência da população,
com a POF será possível verificar se parte do recurso da população mais pobre é
realmente direcionado para o consumo de subsistência.
Keynes (1996) afirmou que as motivações das famílias quanto às suas
decisões de consumo e poupança e entre elas o motivo precaucional, poderiam
mudar, de acordo com vários fatores como a distribuição de riqueza e os níveis de
vida, em complemento a isto os fatores objetivos e subjetivos propostos por Keynes
(1996) e seu modelo de consumo e poupança citados acima podem contribuir para a
validação da hipótese apresentada nessa pesquisa.
16

4 MÉTODOS DE PESQUISA

O método de pesquisa que será utilizado é o método estatistico, as bases de


dados que serão consultadas são as tabelas de numeração “1.1.3 Despesas
monetária e não monetária média mensal familiar, por classes de rendimento total e
variação patrimonial mensal familiar, segundo os tipos de despesa, com indicação do
número e tamanho médio das famílias, na área urbana – Brasil”.
Será utilizada essa mesma tabela das Pesquisas de Orçamentos Familiar dos
anos de 2002-2003, 2008-2009 e 2017-2018, a análise será realizada por unidade de
federação.
Com a tabela será possível analisar as variáveis rendimentos e despesas, a
primeira análise será verificar, quanto do rendimento da família é destinado para cada
tipo de despesa. As despesas que serão analisadas nesse estudo são: alimentação,
habitação, higiene, transporte e educação. A análise da participação da renda total
em cada despesa será feita no software Excel, após essa análise será realizado uma
regressão linear múltipla no software Gretl.
Com a regressão será avaliado as seguintes hipóteses: i) se o rendimento das
famílias de baixa renda é redirecionado para o consumo de subsistência; ii) se as
famílias de alta renda comprometem sua renda com o consumo de subsistência; iii)
com o resultado da hipótese i será possível verificar se a família de baixa renda possui
propensão a poupar.
Os autores que serão utilizados são Mario Henrique Simonsen com sua crítica
às expectativas racionais, John Muth, Robert Lucas e Leonard Rapping os trabalhos
desses autores serão utilizados para a construção do capítulo em relação as
expectativas racionais dos agentes. Ao se tratar da propensão a consumir, será
utilizado a Teoria Geral de Keynes. E o site do IBGE para a extração dos dados da
pesquisa POF.
17

5 JUSTIFICATIVA

Economistas atribuem a variável consumo uma grande importância, o consumo


é considerado uma proxy para o bem-estar. O consumo das famílias brasileiras é o
item mais importante na composição do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, e
entendê-lo é essencial para o entendimento das alterações que ocorrem na economia,
principalmente em períodos de crise.
A motivação para a análise do consumo das famílias brasileiras reside na
importância que essa variável possui no PIB do país, além disso, estudos empíricos
sobre o consumo das famílias brasileiras avançou bem menos que no resto do mundo.
Dado que grandes economistas já fizeram estudos empíricos sobre outros países.

6 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

CRONOGRAMA
Sem. Sem. Sem. Sem. Sem. Sem. Sem. Sem. Sem. Sem. Sem. Sem.
2º SEMESTRE
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
2020
Levantamento
dos dados para
x x
o estudo
econométrico
Levantamento
das referências x x
bibliográficas
Revisão dos
dados e
criação do x X x
modelo
econométrico
Redigir
x
capítulo 1
Redigir
x
capítulo 2
Redigir
x
capítulo 3
Redigir
x
capítulo 4
Considerações
x
finais
Revisão final x
Entrega do
x
relatório
18

REFERÊNCIAS

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http://repositorio.ipea.gov.br/handle/11058/3148. Acesso em: 01 abr. 2020

SILVEIRA, Marcos Antonio Coutinho da; MOREIRA, Ajax Reynaldo Bello. Taxa de
poupança e consumo no ciclo da vida das famílias brasileiras: Evidência
microeconômica.2014. Textos para Discussão nº 1997. Disponível em:
http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/3302/1/td_1997.pdf. Acesso em: 08 abr.
2020.

SOUSA, Áurea. Expectativas Racionais e Modelos Econométricos. Correio dos


Açores. Açores, 07 out. 2016. Opinião, Seção 5, p. 19-19.
20

VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de. Determinação do nível de renda e


produtos nacionais: O mercado de bens e serviços. In: VASCONCELLOS, Marco
Antonio Sandoval de. Economia: Micro e Macro. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008. Cap.
10. p. 250-283.
21

8. ANEXO 1 – PLANO DE TRABALHO

CAPÍTULO 1 – Expectativas Racionais dos agentes econômicos


CAPÍTULO 2 – A Propensão a consumir na visão de Keynes
2.1 – Os fatores objetivos
2.2 – Os fatores subjetivos
CAPÍTULO 3 – Análise da Pesquisa de Orçamentos Familiares
3.1 – Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002-2003
3.2 - Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008 – 2009
CAPÍTULO 4 – Análise do Modelo Econométrico aplicados ás POFs 2002-2003 e
2008-2009
Considerações Finais
22

9. ANEXO 2 – LISTAGEM BIBLIOGRÁFICA

CAMARGOS, Luiz Rogério de. Fundamentos para uma teoria de expectativa


econômica.2004. Escola de Economia de São Paulo. Texto para Discussão nº 138.
Disponível em:
https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/1910/TD138.pdf?seque
nce=1&isAllowed=y. Acesso em: 09 de Maio de 2020.

CARVALHO, Sandro Sacchet de. et al. O consumo das famílias brasileiras no Brasil
entre 2000 e 2013: Uma análise estrutural a partir de dados do sistema de contas
nacionais e da Pesquisa de Orçamentos Familiares. 2016. Texto para Discussão nº
2209. Disponível em:
ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=28111. Acesso
em: 10 maio 2020.

FERREIRA, Pedro Fernando de Almeida Nery. A incorporação das expectativas


racionais na macroeconomia. Economia e Desenvolvimento, Recife, v. 12, p. 62-86,
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Brasil, indicadores selecionados. Rio de Janeiro, 2007.

IBGE, 2010. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009, despesas,


rendimentos e condições de vida. Rio de Janeiro, 2010.

IBGE, 2020. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017-2018, despesas,


rendimentos e condições de vida. Rio de Janeiro, 2020.

KEYNES, John Maynard. A teoria geral do emprego, do juro e da moeda. São


Paulo: Nova Cultural, 1996. 328 p. Tradução de Mário R. da Cruz.
23

LEITE, Fabrício Pitombo. Como o grau de desigualdade afeta a propensão marginal


a consumir? Distribuição de renda e consumo das famílias no Brasil a partir dos dados
das POF 2002-2003 e 2008-2009. Economia e Sociedade, Campinas, v. 24, n. 3, p.
617-650, dez. 2015.

MONTORO FILHO, André Franco; CARDOSO, Edgard de Abreu; MONACO, José


Mauro Galvão del. Análise Econométrica da função consumo. Revista Brasileira de
Economia, Rio de Janeiro, v. 22, p. 92-131, mar. 1968.

MORAIS, Alex Eugênio Altrão de; MARTINS, Anna Carolina. Distribuição de renda e
a função de consumo keynesiana: Evidências brasileiras. In: SINGH, Ananda Silva;
OLIVEIRA, Elizângela de Jesus (org.). Tópicos em Administração. Belo Horizonte:
Poisson, 2019. Cap. 5. p. 54-70.

PARANAIBA, Adriano de C. Análise Econométrica do Consumo das Famílias na POF


2002-2003. Revista Facitec, Goiânia, v. 3, p. 20-41, dez. 2009.

SIMONSEN, Mario Henrique. Expectativas Racionais. Revista de Econometria:


Revista de Econometria, São Paulo, v. 11, p. 5-40, nov. 1981.

SIMONSEN, Mário Henrique. Keynes versus expectativas racionais. 1986.


Disponível em: http://repositorio.ipea.gov.br/handle/11058/6038. Acesso em: 09 maio
2020.

SOUSA, Áurea. Expectativas Racionais e Modelos Econométricos. Correio dos


Açores. Açores, 07 out. 2016. Opinião, Seção 5, p. 19-19.

WERLANG, Sérgio Ribeiro da Costa. Simonsen, inflação, expectativas racionais e os


pós-keynesianos. Revista Brasileira de Economia, Rio de Janeiro, v. 52, p. 161-166,
fev. 1998

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