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Milange, Junho, 2021
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Índice
Introdução...................................................................................................................................5
Famílias.......................................................................................................................................6
Fatores determinantes do consumo.............................................................................................7
A renda das famílias....................................................................................................................7
a) Distinção entre curto e longo prazo (Kuznets, 1946).............................................................7
b) A hipótese da renda relativa (Brady e Friedman, 1945).........................................................8
c) A teoria da renda permanente (Friedman, 1957)....................................................................8
d) A hipótese do ciclo de vida (Ando e Modigliani, 1963)........................................................9
a) Tributação..........................................................................................................................10
b) Desigualdades na distribuição da renda.............................................................................10
c) Os preços e a inflação........................................................................................................11
d) A taxa de juros...................................................................................................................11
e) O patrimônio das famílias..................................................................................................12
Determinantes da poupança......................................................................................................13
Governo.....................................................................................................................................13
Indicadores de comportamento do setor público......................................................................13
Receitas e despesas do governo................................................................................................14
Princípio do multiplicador........................................................................................................14
Intervenções do Estado.............................................................................................................14
Empresas...................................................................................................................................15
Indicadores de comportamento das empresas...........................................................................16
As técnicas de produção............................................................................................................16
As funções de produção agregadas mais simples.....................................................................17
O progresso técnico...................................................................................................................18
a) Quanto a sua incorporação....................................................................................................18
b) A neutralidade do progresso técnico....................................................................................19
Conclusão..................................................................................................................................19
Bibliografia...............................................................................................................................20
Introdução
Famílias
Embora Keynes não se interessasse pelas decisões individuais de consumo e poupança, mas
apenas pelo resultado global do conjunto das decisões, as abordagens contemporâneas
geralmente consideram o comportamento dos consumidores com base nos fundamentos
microeconômicos. A não ser que seja um consumidor esquizofrênico, as decisões de compra
de bens e serviços, de moradia, de aplicações financeiras, de procura de emprego dependem
umas das outras. Segundo os ensinamentos da microeconomia, estas decisões resultam de um
comportamento de otimização sob as restrições sócioeconômicas dadas pelo ambiente.
a) Os coeficientes orçamentários, os quais mostram o destino dos gastos das famílias nos
diferentes produtos. Estes coeficientes são um indicador da qualidade de vida, pois permitem
que se analise a evolução no tempo da participação da alimentação, saúde, educação, lazer,
cultura, etc. no orçamento das famílias.
c) A propensão média a poupar (PMS), que mostra a proporção da renda disponível das
famílias que não é gasta com consumo ou que é mantida como poupança (PMS=Sp/Yd).
d) Evolução dos gastos com consumo em proporção ao PIB (C/PIB). Um aumento relativo do
consumo no PIB tende a ter efeitos depressivos sobre o crescimento da economia no longo
prazo pois afeta a capacidade da economia financiar o investimento agregado. O país fica na
dependência de poupança externa.
De acordo com esta hipótese, os indivíduos consomem bens e serviços em função de seus
gostos e da renda mas, também, em função do comportamento das outras pessoas. A renda é
relativa em função da posição do indivíduo na sociedade, de sua localização espacial, faixa
etária, raça, tipo de vida, etc. A idéia é que há interdependências nas decisões de consumo por
parte das pessoas e que, por isso, fatores como moda e propaganda têm influências
importantes nas decisões de consumo.
A hipótese da relatividade da renda pode ser vista também sob o ponto de vista temporal.
Segundo Brown (1952), deve-se incorporar um componente de defasagem ou de memória na
função consumo para capturar o efeito do consumo no período anterior.
Ct=a+b*Yt+c*Ct-1
sendo que c mede a memória do indivíduo e tende a zero no longo prazo.
Ct=a+b*Yt+c*(Y0-Yt);
para o longo prazo sendo que c é a memória da renda passada e tende a zero no longo prazo.
Segundo Friedman, a teoria keynesiana do consumo, ao afirmar que ocorre uma diminuição
da propensão a consumir com o aumento da renda, justifica a intervenção do Estado na
economia. Por exemplo, em uma economia fechada, o equilíbrio oferta (Y) e demanda (D) é
dado por Y=C+I+G. Para conservar o equilíbrio no tempo, é necessário que DY=DD e, como
o C cresce menos rapidamente que a renda (lei psicológica fundamental), é preciso que o I ou
o G aumentem proporcionalmente mais que sua participação na demanda agregada. Se isso
não acontecer, a deficiência de demanda vai provocar uma queda da produção e do emprego
que, por sua vez, provocará uma queda na renda e no consumo e a economia poderá entrar em
uma recessão profunda.
Em uma economia aberta, outra alternativa para reequilibrar a oferta e a demanda seria gerar
excedentes exportáveis. Friedman criticou esta teoria e afirmou que o consumo no tempo t
não depende apenas da renda presente mas também da renda futura que o consumidor espera
obter (renda permanente). Ele define a renda permanente como a soma atualizada (valor
presente) das rendas presente e futura. O problema desta definição é saber-se qual a renda e a
taxa de juros no futuro. Para resolver este problema, ele propôs um cálculo de renda
permanente através de um processo de previsão adaptativa usando um coeficiente de correção
de erro.
We=Y0+Y1/(1+i)+...+Yn/(1+i)n
We=Yp/(1+i)+...+Yp/(1+i)n=Yp*S(1/(1+i)n
sendo que We é a riqueza do consumidor, i é a taxa de juros, Y0, ...Yn é a renda no período
zero, ...período n e Yp é a renda permanente.
Ct=a*Yt+b*At-1
a) Tributação
Quanto aos impostos indiretos, deve-se olhar as alíquotas e os produtos gravados. Para uma
análise mais precisa, lembrar que a elasticidade-preço do consumo diminui com o aumento
da renda das pessoas e com a essencialidade dos produtos.
Dado que o valor da propensão dos pobres a consumir é maior do que a dos ricos, deduz-se
que a propensão a consumir é crescente com o aumento da participação dos salários na renda
nacional (N. Kaldor, J. Robinson, e L. Pasinetti). Em outros termos, uma melhoria na
distribuição da renda tende a aumentar a propensão a consumir da economia e,
consequentemente, reduzir a propensão a poupar.
Por exemplo, suponha que a renda do trabalho seja igual a RL e do capital igual a p tal que a
renda da economia seja igual a Y=RL+p. Suponha, também, que a propensão a consumir dos
trabalhadores seja PMCw e dos capitalistas seja PMCp tal que 0< PMCp<PMCw<1. Com
isso, pode-se encontrar a propensão média a consumir da economia da seguinte forma:
C= (PMCp*p)+(PMCw*RL)
PMC=C/Y
PMC=(PMCp*p/Y)+(PMCw*RL/Y)
Atribuindo diferentes valores para o termo p/Y verifica-se que, quanto menor for esta
relação, maior será a propensão a consumir da economia.
c) Os preços e a inflação
A inflação reduz o consumo das famílias devido ao efeito renda negativo. Isto ocorre mesmo
quando os salários estão indexados porque o reajuste deste se dá de forma defasada em
relação ao aumento dos preços (os preços sobem pelo elevador e os salários pela escada). Isto
faz com que as pessoas antecipem o consumo, gastando o mais rápido possível seus recursos
na aquisição dos bens de que necessitam. As expectativas quanto ao comportamento dos
preços também tem um papel importante nas decisões de consumo. Se a expectativa é de
aumento da inflação, as pessoas podem antecipar seu consumo presente e vice-versa.
d) A taxa de juros
Os efeitos da taxa de juros sobre o consumo pode ser notado tanto no nível microeconômico
quanto no macroeconômico. No primeiro caso, um aumento na taxa de juros remunerando a
poupança pode ter uma dupla influência: diminuir o consumo presente pelo efeito
substituição de consumo presente por consumo futuro (o ganho de juros é transferido para
compras futuras) e aumentar o consumo presente pelo efeito renda provocado pelo aumento
da remuneração da poupança (o ganho de juros é transferido para compras presentes).
A priori, é difícil saber qual será o saldo líquido. Por exemplo, imaginemos um agente
consumindo R$800,00 e poupando R$200,00 de sua renda de R$1000,00. Suponha que a taxa
de juros real inicial seja de 5% ao ano, o que lhe daria um ganho de R$10,00 na poupança.
Agora, suponha que a taxa de juros aumente para 10% ao ano, o que o consumidor vai fazer?
Pelo efeito substituição, ele pode aumentar a poupança para, por exemplo, R$250,00
ganhando R$25,00 de juros ou, pelo efeito renda, ele pode diminuir a poupança para obter a
mesma receita em juros (x*0,10=R$10,00; x=R$100,00). Analisando globalmente este
exemplo, podese concluir que: a) no caso de efeito substituição, o C passou de R$ 800,00
para R$750,00 e a S passou de R$200,00 para R$250,00; b) no caso de efeito renda, o C
passou de R$ 800,00 para R$900,00 e a S passou de R$200,00 para R$100,00; e c) na média
dos dois efeitos, o C passou de R$800,00 para R$825,00 e a S passou de R$200 para
R$175,00.
O aumento da taxa de juros diminui o consumo porque encarece o crédito e, assim, reduz as
possibilidades de antecipação do consumo. Com a falta de recursos próprios e supondo uma
renda constante, o consumidor ou deixa de fazer as compras a prazo, reduzindo o consumo
presente, ou as faz e se endivida, reduzindo o consumo futuro. Num país com uma grande
massa assalariada de baixa renda, os efeitos sobre o consumo são significativos. No nível
macroeconômico, o aumento da taxa de juros encarece os empréstimos, afetando
negativamente o investimento, o que, por sua vez, vai afetar o emprego a renda e, finalmente,
o consumo. Com tantos efeitos contraditórios, é melhor ficar com a idéia de que não há uma
determinação clara quanto aos efeitos líquidos de um aumento da taxa de juros sobre o
consumo das famílias.
O patrimônio das famílias pode influir no consumo de duas formas. Primeiro, se as famílias
poupam com o objetivo de constituir um patrimônio, seremos tentados a dizer que o aumento
do patrimônio freia a poupança e estimula o consumo. A idéia é que a motivação para a
poupança é cada vez mais fraca com o aumento do patrimônio. Segundo, considerando que a
poupança é o complemento do consumo na renda, pode-se deduzir que a propensão a poupar
varia no mesmo sentido que o crescimento da economia. Isto explica o fato dos países com
maiores taxas de crescimento apresentarem maior propensão a poupar (por exemplo, o
Japão). Disto se conclui que o crescimento econômico tem um papel determinante na
explicação da evolução do consumo e da poupança dos países. Esta conclusão, no entanto,
nos remete ao principal determinante do consumo, dado que o aumento do crescimento nada
mais é do que o aumento da renda.
Determinantes da poupança
Considerando um mundo onde não há incerteza e nem herança, é claro que, a nível
microeconômico, a poupança de cada agente é nula durante a duração de sua vida. Durante o
ciclo de vida, o indivíduo poupa um montante exatamente suficiente para cobrir suas
necessidades de consumo ao longo de sua vida ativa e inativa. Sendo assim, porque a
poupança macroeconômica não é nula?
a) Porque a população é composta de gerações de agentes e, portanto, em cada momento, se
o crescimento demográfico é positivo, há jovens em fase de poupança e idosos na fase de
despoupança. Uma taxa de poupança macroeconômica positiva aparece, portanto, devido à
coexistência de gerações diferentes e, mantendo todo o resto constante, ela é tanto maior
quanto maior o crescimento demográfico.
d) Se o futuro é incerto, a incerteza quanto aos rendimentos futuros faz com que as pessoas,
para se precaverem, poupem mais.
Governo
T=(td+t)/PIB=(119+125)/866=0,282 ou 28,2%
A receita do governo (RG) vem de: coleta de impostos diretos provenientes da tributação da
renda dos trabalhadores e das empresas (td); impostos indiretos incidentes sobre as transações
com bens e serviços na economia pagos pelos produtores e consumidores ( t); tarifas de
importação sobre os produtos oriundos do resto do mundo (tar); impostos de exportação
sobre os produtos enviados ao resto do mundo (te); e contribuições sociais (tc). Os gastos do
governo decorrem da aquisição de bens e serviços (G) e transferências líquidas ao setor
privado interno e ao exterior (tr).
RG=t+td+tar+te+tc DG=G+tr
A poupança do governo é definida pela diferença entre a receita e a despesa. Se a despesa for
maior que a receita, o governo estará em déficit e, portanto, com necessidade de
financiamento. Neste caso, o governo pode obter recursos mediante empréstimos junto ao
setor privado interno ou empréstimos de instituições externas, incorrendo, respectivamente,
em dívida pública interna ou externa.
Sg=(t+td+tar+te+tc)-(G+tr)
Princípio do multiplicador
Intervenções do Estado
Y = C+I+G+E
Quanto à oferta global, ela corresponde à renda nacional que é repartida entre o Estado, sob a
forma de tributos (T), e as famílias que podem gastá-la em consumo de produtos domésticos
(C), produtos importados (M) ou poupá-la (Sp).
Q = C+S+T+M, com Q =Y
O equilíbrio contábil entre dispêndio e renda se escreve, portanto: I+G+E = S+T+M Um dos
resultados da análise do multiplicador é que um aumento das despesas (G) acompanhado de
um aumento de receitas de um mesmo montante (T) não se neutralizam quanto a seus
impactos sobre a renda nacional. Isto porque o multiplicador do gasto faz crescer a economia
e, com isto, a arrecadação do governo. É como se o governo pudesse gastar num primeiro
momento para, num segundo momento, obter os recursos oriundos do crescimento
engendrado pelo gasto inicial. Observando a identidade acima, o desequilíbrio provocado
pelo aumento autônomo de gastos do governo (G) será contrabalançado pelo aumento da
poupança (S), aumento da arrecadação de tributos (T) e/ou pelo aumento das importações
(M).
Empresas
Taxa de margem (TM): mede a parte que cabe às empresas na repartição do valor adicionado.
Trata-se, portanto, de seu excedente operacional bruto. Pensando a nível de uma empresa em
particular, a taxa de margem reflete a sua política de preços, ou seja, a margem de lucro
aplicada sobre os custos de produção.
TM=p/VA=411/742=0,554 ou 55,4%
TA=(Sp+Sg)/I=146/184=0,795 ou 79,5%
As técnicas de produção
Estes fatores são combinados para obter os bens e serviços resultantes da operação de
transformação, que são os produtos. As matrizes de insumo-produto mostram
quantitativamente estas relações para todos os setores da economia.
A função de produção descreve, para cada bem produzido por uma empresa, a relação que
existe entre as quantidades utilizadas de diferentes fatores de produção e a quantidade
máxima do bem ou serviço que pode ser produzido. Pode-se falar, também, em função de
produção agregada ou macroeconômica, representando o conjunto dos setores da economia.
As funções de produção agregadas são fortemente inspiradas na microeconomia, apesar das
controvérsias que isto apresenta.
De uma forma geral, as funções de produção presumem a existência de apenas dois fatores
de produção: o trabalho e o capital (agregando todos os bens de capital, equipamentos,
construção, terra, etc.). Assim, a função de produção agregada da economia pode ser escrita
da seguinte forma:
Q=f(K, L)
Q=mínimo(K/a, L/b)
sendo que os coeficientes a e b são fixos, a*Q representa a quantidade de capital utilizada,
b*Q representa a quantidade de trabalho utilizada, a=K/Q representa o coeficiente ótimo de
capital, b=L/Q representa o coeficiente ótimo de trabalho, 1/a representa a produtividade do
capital e 1/b representa a produtividade do trabalho.
Quando estamos diante deste tipo de função, as variáveis relevantes a serem observadas para
tomar decisões quanto à substituição de fatores são: a taxa marginal de substituição, a qual
mostra o quanto de capital deve ser adicionado para substituir uma unidade de trabalho e
manter a produção constante, e vice-versa; a produtividade marginal do capital (dQ/dK) e do
trabalho (dQ/dL); e o preço de uma unidade de capital (r) e de trabalho (w). Uma situação de
equilíbrio ocorre quando:
(dQ/dK)/(dQ/dL)=r/w ou (dL/dK)=r/w
5/10≠20/30
Como os preços dos fatores são exógenos, para estabelecer a igualdade a empresa deveria
aumentar o lado esquerdo da equação, o que significaria substituir capital por trabalho. Ao
diminuir a quantidade de capital, como os rendimentos marginais são decrescentes, a
produtividade do capital aumenta. O contrário acontece com o trabalho, dado que haverá um
aumento de sua participação na produção. Esta substituição possibilitará encontrar o
equilíbrio. As principais funções a fatores substituíveis são a Cobb-Douglass, a CES
(Constant Elasticity of Substitution) e a Translog (transcendental logarítmica).
O progresso técnico
O progresso técnico pode ser não incorporado (autônomo), ou seja, aquele que se aplica
uniformemente a todos os recursos, homens e máquinas, independentemente da idade, da
época de instalação e da geração das pessoas. O progresso técnico incorporado, pelo
contrário, se aplica a certas partes do equipamento ou a certas gerações de trabalhadores.
O progresso técnico é dito neutro quando, apesar de aumentar a produção, não altera a
participação dos fatores. Em outras palavras, as relações capital-produto (K/Q), a
produtividade média do trabalho (Q/L) e/ou a intensidade de capital (K/L) não se alteram. O
progresso técnico é dito poupador de capital quando ocorre uma redução da intensidade de
capital (K/L); poupador de trabalho quando, pelo contrário, ocorre um aumento da
intensidade de capital; e neutro ou intensivo em produção, quando não altera a relação K/L,
poupando os dois fatores.
Conclusão
Pinho, Micaela. Macro economia: Teoria e pratica simplificada 1ª Edição – Lisboa, 2015