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Boguslawa Sardinha
Fevereiro / 2022
Macroeconomia: Noções Básicas
Macroeconomia
ORLANDO GOMES
Fevereiro de 2012
Macroeconomia: Noções Básicas
Macroeconomia
1.
O Estudo da Macroeconomia
As decisões que todos os dias todos nós tomamos têm um propósito, que é o
de satisfazer necessidades ou contribuir para o bem-estar próprio ou
daqueles que nos estão próximos.
1
Todos estes exemplos ilustram a importância de conhecer a realidade
macroeconómica, ou seja, de conhecer os valores globais ou agregados dos
mais relevantes indicadores da actividade económica e também como estes
indicadores podem estar ligados entre si ou envolvidos numa qualquer
relação causa-efeito.
2
O primeiro agente económico a considerar é o agente famílias. As famílias
podem ser encaradas como o agente económico mais elementar, no sentido
em que será a entidade normalmente de menor dimensão a partilhar um
mesmo orçamento; à partida, em qualquer família há um conjunto de
receitas e despesas que é gerido em conjunto e cuja gestão tem impacto
sobre o bem-estar da família no seu todo.
Do raciocínio atrás exposto fica também claro que bens e serviços são tudo
aquilo que contribui para o bem-estar dos indivíduos via consumo (ou seja, é
tudo aquilo que uma vez produzido permite satisfazer necessidades). Os
serviços podem igualmente ser designados por bens não materiais (de um
ponto de vista económico, a distinção entre bens e serviços não é relevante:
ambos são produzidos e ambos são alvo de eventual consumo intermédio ou
final).
Cabe também ao Estado contribuir para a justiça social por via de políticas
de redistribuição de rendimento. É ainda de salientar a particularidade de
grande parte das receitas do Estado serem fruto não da sua actividade
produtiva, mas de contribuições obrigatórias por parte de quem gera
rendimento, ou seja, de impostos.
3
Por fim, pelo papel particular que desempenha no sistema económico, faz
sentido considerar como agente económico as instituições financeiras
(bancos, seguradoras, outras instituições de crédito). Estas funcionam como
intermediários entre quem poupa (as famílias) e quem necessita de recursos
financeiros para financiar a actividade produtiva (as empresas).
Deste modo, o resto do mundo não será bem um agente económico, mas
antes uma forma agregada de considerar todos os agentes económicos
residentes em todas as localizações com as quais a economia doméstica
estabelece relações.
4
Salários
Trabalho
Famílias Empresas
Bens e
serviços
Pagamento dos
bens e serviços
5
3.
O Produto Interno Bruto
6
Independentemente das limitações subjacentes, devemos interpretar como
relevante o conhecimento acerca daquilo que a economia efectivamente
produz e da evolução temporal desse nível global de produção. Este é o
indicador fundamental para aferir acerca do nível de vida que efectivamente
existe em diferentes países ou diferentes regiões do globo.
7
O produto em causa é designado por interno, uma vez que apenas é
contabilizada a produção realizada por unidades residentes (tenham elas ou
não origem nacional, ou seja, sejam ou não empresas cujo capital social é
maioritariamente pertencente a cidadãos do país).
Será que o PIB consegue mesmo medir tudo o que é produzido? Já ficou
claro que mesmo que assim fosse, o PIB não é, nem pretende ser, uma
medida perfeita do bem-estar da população de um país.
8
Este agregado é um indicador da quantidade (devidamente ponderada pelo
respectivo valor relativo) de bens e serviços que a economia produz e que
potencialmente podem contribuir para o bem-estar.
Desta forma, fica excluído do PIB a produção doméstica, ou seja, tudo aquilo
que produzimos para nosso próprio usufruto ou para usufruto daqueles com
quem coabitamos. Se dada família tem de decidir entre tomar uma refeição
em casa ou no restaurante, esta decisão tem impacto sobre a actividade
produtiva que é efectivamente contabilizada: a concepção da refeição em
casa não se traduz numa transacção de mercado e, portanto, apesar de gerar
valor não gera valor passível de contabilização.
Existem três ópticas a partir das quais é possível determinar o valor do PIB:
a óptica da produção, a óptica da despesa e a óptica do rendimento.
9
Pela óptica da produção, o valor do PIB é encontrado através da soma do
valor acrescentado bruto (VAB) de cada actividade económica. O VAB mede
o valor da produção diminuído dos consumos intermédios; os consumos
intermédios, por seu lado, corresponderão ao valor dos bens e serviços que
são utilizados ou consumidos no processo produtivo (por exemplo, a farinha
será um consumo intermédio da produção de pão).
PIB C G I X Z (1)
10
A variável G designa o consumo público, consumo colectivo ou gastos do
Estado. Neste caso, estamos a fazer referência a toda a despesa do Estado
na aquisição de bens e serviços (por exemplo, quando o Estado paga o salário
a um professor está a incorrer numa despesa com a educação, que deverá ser
incluída nesta variável macroeconómica).
11
As duas últimas componentes da equação da despesa respeitam às relações
da economia com o exterior (X representa as exportações e Z reflecte o
valor das importações).
12
A óptica da despesa para cálculo do PIB será aquela que contabiliza o valor
dos bens a posteriori, quando eles são objecto de transacção no mercado.
13
O RNB distingue-se do PIB pela diferença entre o rendimento que é nacional
e o rendimento que é interno: o primeiro obtém-se a partir do segundo
adicionando o rendimento recebido por unidades residentes a partir do
exterior e subtraindo o rendimento pago por unidades residentes a unidades
não residentes.
Este valor é também um valor bruto e não um valor líquido, uma vez que
novamente se ignora a possibilidade de contabilização da depreciação do
capital fixo. Os fluxos de rendimento entre países resultam do facto de
unidades residentes poderem estar ligadas ao processo produtivo de uma
outra economia ou de unidades não residentes gerarem rendimento no
território nacional.
4.
Outras Variáveis Macroeconómicas
14
Recorda-se que todas estas variáveis são valores monetários, ou seja, são a
soma do valor em euros de um conjunto de entidades ou operações que têm
uma natureza comum e que portanto podem ser agregadas numa única
variável macroeconómica.
O rendimento disponível das famílias só pode ter duas utilizações por parte
destas: consumo (a variável consumo privado que já caracterizamos) ou
poupança (vamos designar a poupança por S e ter presente que ela pode
ser obtida como o remanescente ou a diferença entre o rendimento
disponível e o montante gasto em consumo pelas famílias numa economia;
estamos a falar pois da poupança privada).
15
O outro conjunto de variáveis que convém desde já definir é aquele que se
relaciona com a participação do Estado na actividade económica.
Ao incorrer em dívida, o Estado terá de pagar juros, e por essa via, devemos
considerar uma terceira componente fundamental da despesa pública: os
juros da dívida pública.
16
5.
PIB Nominal e PIB Real. O Nível de Preços
Contabilizar o PIB, seja por que óptica for, tem necessariamente uma
finalidade. Como referido de início, há essencialmente uma necessidade de
conhecer a realidade que nos envolve através da quantificação de um
conjunto de indicadores.
sentido de avaliar o nível de vida médio entre países, é possível reduzir esta
medida agregada a um mesmo termo de comparação; para isso, basta ter em
conta que os países têm diferentes dimensões populacionais e portanto
dividindo o PIB pela população do país a comparação torna-se possível.
17
No que respeita à perspectiva temporal é também importante reconhecer
que a comparabilidade entre períodos de tempo não é directa e imediata.
Tendo em conta que, para qualquer bem ou serviço, valor = volume preço,
percebe-se a necessidade de eliminar o efeito de variação dos preços.
O ano base pode ser um qualquer ano: podemos comparar a evolução do PIB
entre 2001 e 2010 a preços de 2001, de 2010 ou de qualquer outro ano
(inclusive um ano fora desta série).
18
De qualquer modo, a consideração de um ano base recente ajuda a evitar
distorções (relativas por exemplo a bens cujos preços variam
significativamente, como aqueles ligados à tecnologia de ponta). Na
realidade, estas distorções são hoje evitadas na contabilidade nacional
através da consideração de uma forma específica de preços constantes: o ano
base para os preços avança um período todos os anos o que permite obter um
PIB em volume ligado em cadeia.
Uma vez calculado o PIB real, o crescimento da economia entre dois períodos
de tempo consecutivos é simplesmente dado pela respectiva taxa de
crescimento:
PIB t PIB t 1
g 100
(2)
PIB t 1
19
Um conjunto de outras variáveis importantes respeita às taxas que definem
preços ou crescimento de preços. Fez-se referência à taxa de inflação como
a taxa de crescimento do nível de preços. A taxa de inflação pode ser
entendida como uma medida do custo de vida, no sentido em que nos indica
a perda de poder de compra que determinada quantidade de moeda sofre à
medida que o nível geral de preços vai aumentando.
Contudo, o deflator implícito do PIB não é obtido por observação directa dos
movimentos de preços, e por esta via corresponde simplesmente a uma
medida agregada que cobre todos os bens e serviços produzidos na economia
ou importados pela economia, sem ser possível discriminar por exemplo
entre bens de consumo e bens de investimento.
20
A taxa de juro pode ser entendida, grosso modo, como o preço do dinheiro ou,
de outra forma, como o preço a pagar pela utilização de recursos monetários
que são pertença de outrem.
6.
A Macroeconomia como Ciência.
Macroeconomia: Noções Básicas | Fevereiro de 2012
21
Por racionalidade entende-se a capacidade que o ser humano tem de
escolher, com base na informação disponível, aquilo que julga ser a melhor
alternativa. Tendo por base o pressuposto de racionalidade, é possível
analisar a escolha individual, a interacção dos agentes no mercado, e, num
âmbito mais geral, o desenvolvimento material das sociedades.
22
Já antes, pensadores influentes (como Adam Smith, David Ricardo, John
Stuart Mill, Jean Baptiste Say, Thomas Malthus, Arthur Pigou, …) se
tinham debruçado sobre aspectos fundamentais da economia agregada: a
criação de riqueza, o comércio internacional, a distribuição do rendimento,
as taxas juro, a variação do nível de preços, …1
1
Os autores referidos publicaram algumas daquelas que ainda hoje são as principais obras de referência do
pensamento económico. Adam Smith publicou A Riqueza das Nações em 1776; a obra mais influente de David Ricardo,
Princípios de Economia Política e da Tributação, data de 1817; John Stuart Mill escreveu, entre outros trabalhos, Princípios
de Economia Política (1848); Jean Baptiste Say publicou o seu Tratado de Economia Política em 1803; a obra fundamental
de Thomas Malthus, Ensaios sobre o Princípio da População, foi publicada em 1798; quanto a Arthur Pigou, um dos
inspiradores da obra de Keynes, escreveu várias obras importantes no início do século XX.
23
Os ciclos económicos justificar-se-iam em função do comportamento não
óptimo dos agentes nos mercados (de bens e serviços, monetário e de
trabalho), que se traduziria em fases de expansão, em que o produto se
encontraria próximo do potencial, as quais iriam alternar com fases de
recessão, em que a economia se encontraria mais afastada do pleno
emprego.
2
Diversa literatura recente tem vindo a abordar a evolução do pensamento macroeconómico e as discordâncias
fundamentais entre autores neoclássicos e Keynesianos. Uma pequena lista de referências relevantes a este nível inclui
os seguintes trabalhos:
- De Vroey, M. (2010). „Getting Rid of Keynes? A Survey of the History of Macroeconomics from Keynes to Lucas
and Beyond.‟ National Bank of Belgium working paper nº 187.
- Krugman, P. (2009). „How Did Economists Get It So Wrong?‟ New York Times, September 6, 2009.
- Laidler, D. (2010). „Lucas, Keynes and the Crisis.‟ Journal of the History of Economic Thought, vol. 32, pp. 39-62.
- Mankiw, G.N. (2006). „The Macroeconomist as Scientist and Engineer.‟ Journal of Economic Perspectives, vol. 20, pp.
29-46.
- Monga, C. (2009). „Post-Macroeconomics: Reflections on the Crisis and Strategic Directions Ahead.‟ World Bank
Policy Research working paper nº 4986.
- Mulligan, C. (2009). „Is Macroeconomics Off Track?‟ The Economists’ Voice, vol. 6, pp. 1-4
- White, W.R. (2010). „Some Alternative Perspectives on Macroeconomic Theory and Some Policy Implications.‟
Globalization and Monetary Policy Institute working paper nº 54 (Federal Reserve Bank of Dallas).
24
7.
Crescimento Económico de Longo Prazo e Ciclos Económicos
PIB
Tempo
25
No longo prazo, aquilo que é decisivo é o bem-estar das gerações futuras e
tal relaciona-se com a capacidade de acumular riqueza no tempo.
26
A tecnologia respeitará ao conjunto de factores imateriais que fazem com
que seja possível produzir mais com a mesma quantidade de factores
materiais; aos incrementos na tecnologia dá-se a designação de progresso
técnico ou inovação.
Y f ( N , K , A) (3)
Uma das leis que a ciência económica adoptou como válida é que
normalmente os factores de produção estão sujeitos a rendimentos
marginais decrescentes ou a produtividade marginal decrescente.
27
Y
Y f ( N , K , A)
K
*** Fig. 3 – Função de produção ***
I sY sf ( N , K , A) (4)
O nível de investimento na equação (4) é o nível de investimento bruto, isto Macroeconomia: Noções Básicas | Fevereiro de 2012
é, quanto se acrescenta ao capital físico já existente em cada período.
K sf ( N , K , A) K (5)
3
Ver o influente trabalho pioneiro de Robert Solow: Solow, R.M. (1956). “A Contribution to the Theory of
Economic Growth.” Quarterly Journal of Economics, vol.70, nº 1, pp.65-94. Outras duas contribuições extremamente
importantes no campo da explicação teórica do processo de crescimento foram apresentadas na década de 80 do
século XX: Romer, P.M. (1986). “Increasing Returns and Long-Run Growth.” Journal of Political Economy, vol. 94, nº
5, pp. 1002-1037; e Lucas, R.E. (1988). “On the Mechanics of Economic Development.” Journal of Monetary
Economics, vol. 22, nº 1, pp. 3-42. Estas duas contribuições deram origem ao que ficou conhecido como a teoria do
crescimento endógeno.
28
A equação (5) diz-nos que o capital é acumulado em função de duas forças
que se opõem: por um lado, o investimento gera novo capital; por outro lado,
perde-se capital via depreciação.
Y
K
sf ( N , K , A)
Y*
K0 K* K
29
em termos de verificação empírica. Na verdade, alguns dos países mais ricos
continuam a ser dos que mais crescem e, muito embora alguns processos de
convergência sejam evidentes, existem também casos de clara divergência
na economia internacional.
Y Y f ( K , A1 )
Y f ( K , A0 )
Podemos, por esta via, fazer uma distinção qualitativa entre o processo de
crescimento de economias mais e menos desenvolvidas. As economias num
estado atrasado do seu processo de desenvolvimento vão crescer por via da
acumulação de capital (têm de convergir para o estado de equilíbrio).
30
As economias mais desenvolvidas crescem em função da inovação, que lhes
permite ampliar o nível de rendimento correspondente ao estado de
equilíbrio.
Conceitos-chave
31
Investimento Produto Interno Bruto Saldo primário
Questões de revisão
2. Por que ópticas pode o PIB ser medido? Obter-se-á o mesmo valor,
independentemente da forma de cálculo?
7. Suponha que o PIB real de um dado país em 2011 atingiu o valor 2.000
u.m. e que em 2012 esse valor subiu para 2.050. Quanto cresceu esta
economia no período considerado?
32
9. Suponha que uma economia cresceu, num intervalo de 20 anos, a uma
taxa média anual de 3%. Se o valor inicial do PIB real era 5.000 u.m., qual o
valor atingido por este agregado no final dos 20 anos?
33
Temas Econó micos
Cometários e opiniões
Boguslawa Sardinha
DEG- ESCE
O problema da produtividade: a
caminho de sermos os chineses da
Europa?
A questão que se coloca no título deste trabalho não está obviamente relacionada com o
“problema” de alcançarmos excedentes comerciais que conduzam a um excesso de reservas
financeiras com as quais poderíamos até comprar os títulos da dívida pública da Alemanha, mas
com a forma de competitividade adotada entre nós.
Até aqui, olhando somente pelo prisma da economia, parece que estamos no bom caminho
relativamente à possibilidade de aumentar a nossa competitividade e desta forma estimular o
crescimento económico.
No entanto, olhando para os mercados internacionais, a situação não será tão simples assim.
Desde logo é necessário que os mercados internacionais procurem os nossos produtos. Para isso
acontecer têm de ser cumpridas pelo menos duas condições:
Qualquer pessoa que pelo menos uma vez tenha visitado uma loja chinesa verificou que os
preços lá praticados são impossível de bater. Neste momento é impossível na Europa termos
níveis de custos de mão-de-obra comparáveis com os custos de mão-de-obra da China. Portanto,
podemos esquecer a competição simplesmente pelos preços. Assim temos de competir pela
qualidade, e esta qualidade deve ser percebida nos mercados, ou seja, necessitamos de
promover campanhas de marketing, aumentar o investimento em investigação e design, e
melhorar significativamente a nossa competência empresarial, principalmente a capacidade de
organização e de gestão.
Para colocarmos os nossos produtos no nosso próprio mercado nacional precisamos que exista
poder de compra e neste caso a recente diminuição de rendimentos tem um efeito
precisamente contrário.
Porqué o que se passa na China é tão importante que até pode influenciar o preço de
gasolina que cada uma de nos utiliza no seu carro ou os juros da divida externa que
Portugal vai pagar no curto ou no medio prazo?
Todos sabem que a China é um grande mercado mas nem todos sabem que neste
momento em termos do (PIB) Produto Interno Bruto (nominal) a China é a segunda
maior economia do mundo depois Estados Unidos de América, existindo no entanto as
previsões que na próximo década devera ultrapassar a economia de EUA. Considerando
a paridade poder de compra (PPP) as estimativas do Fundo Monetário Internacional já
neste momento indicam a China como líder mundial. O PIB (nominal) da China em 2014
foi avaliado em cerca de 11.2 triliões de dólares e PIB em PPP em quase 19 triliões de
dólares, significa qq coisa como 13.4 % do PIB mundial.
Boguslawa Sardinha
Economista
A POLITICA ECONOMICA ATUAL –
AUSTERIDADE OU “TIRO NO PE”
Recentemente um cada vez maior número de economistas começa a por em causa a
política económica seguida pela União Europeia nomeadamente as políticas restritivas
que têm vindo a ser implementadas.
Paul Krugman, na sua visita a Portugal, chamou a atenção para o problema de uma
restrição muito forte que poderá por em causa os objetivos de crescimento económico
de Portugal. Numa entrevista afirmou que "cortar a despesa numa economia muito
deprimida é muito auto derrotista, até em termos puramente orçamentais", uma vez
que "qualquer poupança conseguida é parcialmente anulada com a redução das
receitas, à medida que a economia diminui".
Os cortes na área social “não produtiva” são um outro problema que irá afetar
significativamente no futuro a nossa FPP.
Assim corremos o risco de ter no futuro um País sem recursos qualificados, pobre e sem
iniciativa, um País onde os pais deixaram aos filhos piores condições de vida e de bem –
estar.
Comparado os nossos gastos com o retorno que os novos produtos trazem para as
empresas relativamente ao total do retorno económico verificamos que me 2008
(últimos dados conhecidos) esse retorno foi de Portugal 15,6% que é igualável aos
indicadores da Finlândia 15.6% e é muito maior que media europeia que é de 13.3%
Ou seja o que se gasta nos novos produtos e processos traz o retorno significativo
não ficando muito atrás do melhor retorno que existe na Europa como é caso da
Alemanha quase onde este indicador é de 17.4 %.
Os jovens ja estão aa emigrar. E não são os jovens sem qualificação. São jovens com
altas ou muito altas qualificações
Boguslawa Sardinha
_________________________
This indicator is defined as the ratio of turnover from products new to the enterprise and new to the market as a
% of total turnover. It is based on the Community innovation survey and covers at least all enterprises with 10
or more employees. An innovation is a new or significantly improved product (good or service) introduced to the
market or the introduction within an enterprise of a new or significantly improved process.
Sustentabilidade social - a
importâ ncia crescente das pessoas,
finalmente.
Os objetivos estratégicos para esta década para o espaço europeu foram definidos nos
documentos da “Estratégia Europa 2020”, aprovados no final do ano passado. A
“Estratégia Europa 2020” estabelece três prioridades: Crescimento Inteligente;
Crescimento Sustentável; Crescimento Inclusivo. Estas prioridades devem ajudar os
estados-membros a criar novos empregos, a aumentar a produtividade e a competitividade
do espaço europeu e garantir a coesão social.
Concretamente os objetivos da União Europeia são muito ambiciosos: emprego,
inovação, educação, inclusão social, ambiente e energia. Cada um dos estados-membros
deve desenvolver ações ao nível nacional para concretizar esses objetivos. Muitos desses
objetivos da EU 2020 apresentam um foco especial nas dimensões que cabem dentro do
conceito de sustentabilidade social.
A vertente da sustentabilidade social dentro do trinómio da sustentabilidade (ambiental
económica e social) só na última década começa a ganhar importância e peso nos estudos
de sustentabilidade. Só muito recentemente se definiu o conceito de sustentabilidade
social.
No ano 2000 Polese e Stren definiram a sustentabilidade social como “O desenvolvimento
(e/ou crescimento) compatível com a evolução harmoniosa da sociedade civil, adoptando
um ambiente que conduz à compatível coabitação de grupos culturalmente e socialmente
diferentes, encorajando a integração social e melhorando a qualidade de vida para todos
ou alguns segmentos da população”.
Assim a sustentabilidade social enfatiza a vertente económica (desenvolvimento) e social
através da sociedade civil, diversidade cultural e integração social, sublinhando a tensão
entre a eficiência económica e a desintegração social intrínsecas para o conceito de
desenvolvimento sustentável. Refere-se também à importância do ambiente físico como
a habitação, o desenho urbano e a qualidade dos espaços públicos em termos de
sustentabilidade urbana.
Ou seja, a sustentabilidade neste momento é vista como um fim que determina o
míminum de exigências sociais que devem ser observadas para garantir o crescimento
de longo prazo, designado muitas vezes capital social crítico, e serve para identificar
desafios para o bom funcionamento da sociedade no longo prazo.
As novas abordagens da sustentabilidade social, para além dos indicadores mais
tradicionais (necessidades básicas incluindo habitação, educação, equidade, emprego,
direitos humanos, pobreza e justiça social), consideram também indicadores emergentes
tais como; mudanças demográficas, envelhecimento e emigração internacional;
empobrecimento; participação e acesso; identidade e sentido de cultura e pertença, saúde
e segurança, bem-estar e felicidade, entre outros.
Enfim, como foi defendido na EU 2020 é importante crescer não esquecendo o objetivo
dessa estratégia, ou seja, garantir uma melhor e maior qualidade de vida aos cidadãos
europeus.
Boguslawa Sardinha
Competitividade da
economia portuguesa:
desafios futuros
Estrutura da apresentação
I. Radiografia dos fatores de competitividade da economia
portuguesa
• Cenário macroeconómico
• Eficiência do mercado de trabalho
• Desenvolvimento do mercado financeiro
• Dimensão do mercado
• Sofisticação do negócio e inovação
• Instituições
2•
Competitividade da economia
Portuguesa: desafios futuros
3•
Radiografia dos fatores de
competitividade da economia portuguesa
4
Sofisticação do negócio Cenário macroeconómico
3
Educação superior e
Preparação tecnológica
formação
7
Infraestruturas
6
4 Cenário
3 macroeconómico
2
Educação superior e
Preparação tecnológica
formação
Eficiência do mercado de
produtos
5•
Cenário macroeconómico
300
-40
250
-60
200
-80
150
-100
100
-120
50
0 -140
1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012
Receita estrutural (em percentagem do PIB tendencial) 39,2 41,0 41,1 43,6 4,3
Despesa primária estrutural (em percentagem do PIB tendencial) 46,7 44,6 41,3 42,4 -4,3
por memória:
Receita total 41,6 45,0 40,9 43,7 2,1
Despesa total 51,5 49,3 47,4 48,7 2,8
Saldo Primário -7,0 -0,3 -2,1 -0,6 6,4
130%
Saldos Totais Saldos Primários
Taxa de crescimento do
10 •
Cenário macroeconómico
Pequenas e
Micros Grandes
médias
2008 2012 2008 2012 2008 2012
Mediana
22,0 22,3 26,1 29,4 29,1 31,8
Média Ponderada
42,6 30,0 29,6 29,8 32,7 30,8
Autonomia Financeira
60 Total de empresas
•Conceito tradicional = Capital
55 Próprio/Total do Ativo
50
• Alternativa 1 = (Capital Próprio +
45 Financiamentos obtidos de
acionistas&sócios e empresas do
40 grupo)/Total do Ativo
35
•Alternativa 2 = (Capital Próprio +
30 Financiamento líquido de
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 acionistas&sócios e empresas do
grupo)/(Total do Ativo-
Autonomia financeira (conceito tradicional) Alternativa 1 Alternativa 2 Empréstimos concedidos a
empresas do grupo)
14 •
Competitividade da economia
portuguesa: desafios futuros
7
Infraestruturas
6
Educação superior e
Preparação tecnológica
formação
Eficiência do mercado de
produtos
Eficiência do
mercado de
trabalho
15 •
Eficiência do mercado de trabalho
2008 2013
Indivíduo - Milhares % Indivíduo - Milhares %
Total 3949,7 100 3541,0 100
Contrato permanente (sem termo) 3047,4 77,2 2779,8 78,5
Contrato a prazo (com termo) 727,4 18,4 629,2 17,8
Outros (recibos verdes ou semelhante) 174,9 4,4 132,0 3,7
112 18
População total Taxa de desemprego em Portugal
110 População activa 16
108 Emprego total Taxa de desemprego na área do euro
14
106 Taxa de desemprego de longa duração em
12
104 Portugal
10
102
8
100
6
98
96 4
94 2
92 0
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
12
• Estimativas do Banco de Portugal
apontam para uma taxa de
10 desemprego estrutural acima
8 dos 11.5% em 2013
6
França
Chipre
Grécia
Eslováquia
Alemanha
Finlândia
Áustria
Luxemburgo
Irlanda
Bélgica
Itália
Espanha
Países Baixos
Área do euro 17
Eslovénia
Variação acumulada do emprego nos Variação acumulada do VAB real nos principais
principais sectores de atividade desde 1999 sectores de atividade desde 1999
130,0 130,0
120,0 120,0
110,0 110,0
100,0 100,0
Índice 1999=100
Índice 1999=100
90,0 90,0
80,0 80,0
Total
40,0 40,0
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
20 • Fonte: INE
Eficiência do mercado de trabalho
Mecanismos de
coesão social Mecanismos de apoio à requalificação dos desempregados
que evitem a passagem à inatividade por obsolescência de
amenizar os conhecimentos
efeitos do
desemprego de
longa duração Mecanismos que possibilitem a antecipação da passagem à
reforma de trabalhadores com carreiras contributivas
muito longas e sua substituição por recursos mais jovens e
mais qualificados, com impacto neutro nas finanças
públicas
21 •
Competitividade da economia
Portuguesa: desafios futuros
7
Infraestruturas
6
Educação superior e
Preparação tecnológica
formação
Desenvolvimento
Eficiência do mercado de
do mercado produtos
financeiro
22 •
Desenvolvimento do mercado financeiro
Rácio entre empréstimos e VAB, por setor de Peso no total da carteira de crédito
4.0 atividade de cada decil de risco
25
3.5
3.0
20
2.5
15
2.0
1.5
10
1.0
5
0.5
0.0 0
Indústrias Construção Comércio Transportes Alojamento, Atividades Outros
transfor- por grosso e armazenagem restauração imobiliárias setores 1 (baixo) 2 3 4 5 6 7 8 9 10
madoras e a retalho, e similares (elevado)
reparação
de veículos 2010 2013 Decil de risco
1997 2005 2011
24 •
Competitividade da economia
portuguesa: desafios futuros
7
Infraestruturas
6
Educação superior e
Preparação tecnológica
formação
Eficiência do mercado de
produtos
25 •
Dimensão do mercado
0 100
95
-5
90
-10 85
80
-15 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 (p) 2016 (p)
27 •
Dimensão do mercado
28 •
Competitividade da economia
portuguesa: desafios futuros
7
Inovação Infraestruturas
6
Sofisticação 4
do negócio 3
Educação superior e
Preparação tecnológica
formação
Eficiência do mercado de
produtos
29 •
Sofisticação do negócio e Inovação
• Ausência de escala
o Elevada fragmentação - em 2010, 95% das empresas não financeiras empregavam entre
1 e 9 trabalhadores. Menos de 1% empregava mais de 50 trabalhadores.
o Resultados empíricos sugerem que as diferenças de dimensão das empresas entre os
vários países estão relacionadas com as diferenças na qualidade do seu capital social
(nomeadamente com os níveis de confiança entre os agentes económicos).
30 •
Sofisticação do negócio e Inovação
31 •
Sofisticação do negócio e Inovação
32 •
Sofisticação do negócio e Inovação
• Um trabalho
recentemente divulgado
usando a base de dados
do linkedIn mostra que
entre novembro de 2012
e novembro de 2013, os
países europeus foram
perdedores líquidos de
trabalhadores
qualificados (exceção:
Alemanha)
33 •
Sofisticação do negócio e Inovação
34 •
Competitividade da economia
portuguesa: desafios futuros
Instituições
7
Infraestruturas
6
Educação superior e
Preparação tecnológica
formação
Eficiência do mercado de
produtos
35 •
Instituições
36 •
Instituições
37 •
IV. Reforma Institucional
38 •
IV. Reforma Institucional
39 •
Competitividade da economia
Portuguesa: desafios futuros
40 •
Condicionantes europeias
1 Resposta reativa
Centro de decisão
•Tendência para inércia da resposta europeu
•Problemas são atacados mais tarde
centralizado
do que desejável => selfullfilling
que:
- Pense o todo
2 Resposta é determinada - Antecipe os problemas
pelos grandes Estados-membros - Minimize os custos de
ajustamento
• Caracterização da situação é função
da perceção dos EMs dominantes
• As decisões de política não
correspondem à média, nem à moda
41 •
APGEI – Associação Portuguesa de Gestão e Engenharia Industrial
Porto, 10 julho 2014