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Análise Setorial

Vestuário e Calçados
28/01/2022 João Gazzoni, Matheus Motta, Tomás Barros e Tomás Varella

Resumo
O segmento de Tecidos, Vestuário e Calçados, pertencente ao subsetor de Comércio e ao Setor de
Consumo Cíclico, é bastante representativo na economia brasileira e é formado por grandes players.
Costumeiramente, seu desempenho está bastante relacionado à situação macroeconômica em que o país se
encontra. Atualmente, os elevados níveis inflacionários, o baixo poder de compra da população e o aumento
do custo do crédito têm diminuído as expectativas de vendas para as empresas focadas em segmentos de
classes mais baixas, enquanto as companhias com público-alvo de melhor condição financeira devem ser mais
resilientes em 2022. Além disso, as diversas tendências do segmento – como o slow fashion, a moda circular, o
social selling e o e-commerce – criam oportunidades de destaque para determinadas companhias que a elas se
adaptam, aumentando suas chances de conquistar Market Share. Ademais, o mercado de fusões e aquisições
esteve aquecido no setor e representa mais uma oportunidade de consolidação para os seus principais players.

1 Cadeia de Valor; Tamanho do Mercado 1 6 ESG 10


2 Situação Macroeconômica 2 7 Análises Empresariais 12
3 Ambiente Competitivo 5 8 Trading Comps 20
4 Desempenho do Setor 7 9 Apêndice 21
5 Tendências e Perspectivas 8

1 Cadeia de Valor e Tamanho do Mercado


O segmento de vestuário no Brasil é composto por grupos que possuem diferentes modelos de
negócio; alguns deles possuem mais de uma marca em seu portfólio, de modo que as receitas advêm de mais
de uma atividade.
As marcas são as responsáveis por definirem o design, as estampas e as cores dos produtos, sendo
esse processo cada vez mais dependente de base de dados e algoritmos, uma vez que auxiliam os criadores a
detectarem as tendências dos consumidores. Após a idealização do produto, a produção pode ser tanto
própria, como terceirizada, a depender da empresa e do tipo de produto em questão. Posto isso, vale destacar
que é nesse momento que a matéria-prima será transformada no produto a ser consumido, de modo que os
insumos são submetidos a processos de corte, costura, lavagem, tingimento, estampagem e etc. Ao fim dessa
etapa, inicia-se mais um processo logístico, no qual as mercadorias são encaminhadas para os centros de
distribuição, podendo ser, então, distribuídas para os pontos físicos de venda, para as lojas multimarcas ou
para os clientes que tenham comprado por meio do e-commerce. Além disso, nesse setor, a estratégia de
posicionamento da marca é algo estrutural para agregar ou não valor ao produto final. No Brasil, por exemplo,
o Grupo SOMA e a Arezzo aparecem como players mais premiuns do segmento de vestuário, já as varejistas
C&A, Guararapes e Marisa possuem um público-alvo mais popular.
No Brasil, o segmento de vestuário e calçados movimentou 136 bilhões de reais em 2021, dos quais
30% dizem respeito às vendas de calçados, enquanto 70% representam as vendas de vestuário. Além disso, o
segmento corresponde a aproximadamente 11% do varejo brasileiro total e possui projeções de crescimento
para o futuro com um CAGR de 5,08% de 2021 até 2026 segundo o Euromonitor.

1
Vendas no Varejo no Segmento de Vestuário e Calçados (R$ Bilhões)
128,6 Cadeia de Valor
122,6
116,8
110,8
104,4
96,5 96,9 98,1 96,4
85,2
Fibra têxtil
83,7

49,6 52,5 55,3 Naturais Químicas


42,1 43,8 46,8
39,5 41,3 42,0 40,2
34,3
Fiação Fiação

Fios
2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022E 2023E 2024E 2025E 2026E
Vestuário Calçado Tecelagem
Fonte: Euromonitor

Malharia
Processo produtivo

Desenvolvimento do design
Tecidos
dos produtos

Produção Beneficiamento
Produção própria
terceirizada
Confecção do
Vestuário
Centros de distribuição
Produção

Diferentes canais de
venda Produto

2 Situação Macroeconômica

O segmento de vestuário e calçados foi especialmente afetado pela pandemia, causando uma forte
redução no volume de vendas no período. Porém, os pacotes de estímulos do governo, como a diminuição da
taxa de juros e auxílio emergencial, juntamente ao reaquecimento da economia com a reabertura gradual do
comércio, fizeram com que suas vendas se recuperassem mais rápido que o esperado. No entanto, os últimos
meses de 2021 já demonstraram uma desaceleração, com uma queda de 4,4% em novembro de 2021 em
relação a novembro de 2020, em função de uma Black Friday que vendeu abaixo das expectativas.
Além disso, o reaquecimento econômico pós-pandemia trouxe consigo uma inflação galopante, que
teve como agravante uma disfunção na cadeia de suprimentos mundial, afetando tanto famílias de alta quanto
de baixa renda. Ademais, apesar do Boletim Focus do Banco Central projetar o IPCA em apenas 5,03% no fim
de 2022, a evolução no preço do brent do petróleo e os reajustes nos preços dos combustíveis no Brasil devem
manter o indicador elevado por mais algum tempo.
Variação das vendas de vestuário e calçados em relação ao mesmo Inflação acumulada
mês do ano anterior (%) 301,3 25,53%

20,90%

16,19%

8,97%
6,20%
3,81%
0,23%
-4,4
jan/ 18 ju l/18 jan/ 19 ju l/19 jan/ 20 ju l/20 jan/ 21 ju l/21
-80,8 IPCA INPC
jan/ 19 abr/19 ju l/19 out/ 19 jan/ 20 abr/20 ju l/20 out/ 20 jan/ 21 abr/21 ju l/21 out/ 21
Fonte: IBGE Fonte: IBGE

Nota-se que, a partir de abril de 2020 até dezembro do mesmo ano, a inflação se manteve em
constante crescimento, e o INPC, que mede a inflação da cesta de bens de famílias com renda de 1 até 5
salários-mínimos, chegou a aumentar impressionantes 1,46% no último mês do ano.

2
É importante também notar que existe uma forte correlação (0,99) entre o IPCA e o INPC, e o INPC tem se
mantido um pouco acima do IPCA desde julho de 2020, o que indica que famílias com menor renda sofreram
mais com a inflação, afetando especialmente empresas do setor que tem como público alvo consumidores da
classe C e D, como Marisa (AMAR3) e Guararapes (GUAR3). O salário mínimo, porém, é reajustado pelo INPC,
o que ajuda a restaurar o poder de compra, mesmo que em patamares ainda reduzidos, perdido por esses
consumidores.
Desse modo, o Banco Central se viu obrigado a aumentar a SELIC, que estava em sua mínima histórica
de 2%, chegando a 9,25% em dezembro de 2021. Ainda, o Boletim Focus projeta que a taxa alcance os 11,75%
em 2022, só voltando à casa dos 7% em 2024. O Índice de Custo de Crédito às pessoas físicas acompanhou a
queda da taxa básica de juros durante 2020, mas já tem se elevado conforme as recentes decisões do COPOM.
Além dessa política contracionista, o governo também optou por suspender o auxílio emergencial, o que
diminuiu ainda mais o consumo dos brasileiros.
Índice do Custo do Crédito e SELIC (%) Rendimento Médio Mensal (R$) e Desocupação (%)

2.850 14,9 16
2.800 12,6 14
24,8 13,2
22,5 2.750 2.797 12
2.700 10
21,5
2.650 8
2.600 2.594 6
9,25
2.550 4
2.486
4,50 2.500 2
2.450 0
jan/ 20 mar/20 mai/20 ju l/20 set/ 20 nov/20 jan/ 21 mar/21 mai/21 ju l/21 set/ 21 nov/21 1T18 3T18 1T19 3T19 1T20 3T20 1T21 3T21

ICC Selic Rend . M édio Mensal Desocupação (%)


Fonte: IBGE e BC Fonte: IBGE

As sequelas da pandemia se tornaram ainda mais aparentes no ano de 2021. O embalo econômico se
tornou estagnado, com o PIB aumentando em apenas 4% no terceiro trimestre, mesmo quando comparado ao
terceiro trimestre de 2020, que retraiu 3,71%. Já para 2022, o Focus tem diminuído suas projeções de
crescimento, e o último número foi de 0,28%.
Devido a melhorias em relação ao combate contra a COVID, é possível identificar uma diminuição da
desocupação, com a reabertura do comércio físico voltando gradualmente a patamares históricos. Mesmo
assim, o brasileiro viu seu rendimento médio mensal derreter de aproximadamente R $2.800 no segundo
trimestre de 2020, para aproximadamente R $2.500 no terceiro trimestre de 2021, uma vez que grande parte
dos empregos gerados é informal e mal remunerado. Além disso, o brasileiro também se encontra mais
endividado, chegando a ter 26,8% da sua renda comprometida em agosto de 2021, contra 21,5%, em junho de
2020. Desse modo, a confiança dos consumidores brasileiros também se encontra abatida, em patamares
inferiores ao período pré-pandemia.
Comprometimento da Renda (%) Índice de Confiança do Consumidor (%)
95
91 93
90 90
26,8 88
86 86
84
81 81 80
77 78
25,2 74
24,8
64
23,9

21,5

jan/ 20 mar/20 mai/20 ju l/20 set/ 20 nov/20 jan/ 21 mar/21 mai/21 ju l/21 set/ 21 Q1 Q3 Q1 Q3 Q1 Q3 Q1 Q3
2018 2018 2019 2019 2020 2020 2021 2021

Fonte: IBGE Fonte: Euromonitor

Pode-se concluir que a pandemia, juntamente aos esforços do governo, causou uma euforia temporária onde
houve um expressivo aumento do consumo, que foi benéfico para o setor de vestuário, porém, no curto-médio
prazo, tendo em vista já 2022, percebe-se que existe um desaquecimento da economia, com um brasileiro
muito mais endividado e recebendo menos. Isso faz com que as empresas com público-alvo mais popular

3
sejam mais afetadas no curto prazo, enquanto aquelas que focam em um mercado de média/alta renda, como
o Grupo Soma, possuam uma folga maior em relação à perspectiva de redução nas vendas em função do
cenário macroeconômico brasileiro.
Vemos também que o cenário das contas públicas do Brasil é delicado, com um endividamento
crescente desde 2015, chegando a 98,7% do PIB em 2020. O país conseguiu reduzir esse número para 91,4%
em 2021, com o fim de programas expansionistas que tinham como objetivo aquecer a economia durante a
crise. Diante desse cenário, acredita-se que, se for necessário um novo pacote de estímulos, como no caso de
uma nova onda de infectados, o Brasil não conseguirá implantar projetos tão eficientes quanto os que
implantou no início de 2020 sem piorar ainda mais o estado das dívidas públicas.
Dívida pública em % do PIB Preço do algodão (US$)
123,84

98,70%
91,40%
85,60% 87,90%
83,60%
78,30%
72,60%

77,72

48,85

2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2018 2019 2020 2021 2022
Fonte: Euromonitor Fonte: Investing

Apesar do recente desaquecimento do consumo, o preço do algodão segue em constante crescimento.


O preço, atualmente em patamares históricos elevados, afeta negativamente as empresas do segmento de
vestuário, tendo em vista que este depende de um poder de compra já deteriorado da população geral. Essa
crescente no preço da matéria-prima pode se traduzir em um aumento significativo dos preços para o
consumidor, ou, caso o repasse dessa inflação ao preço final seja nulo ou parcial, implicará em uma redução da
margem bruta das empresas do ramo.
Parte desse aumento pode ser explicado pela diminuição da produção brasileira de algodão em
2020/21, a primeira queda desde a safra de 2015/16. O algodão pluma, usado como matéria prima em
indústrias têxteis, sofreu com uma diminuição de produtividade, sendo a safra de 2020/21 menor que a de
2018/19.
Ademais, o rendimento do algodão pluma (divisão entre pluma e caroço) teve uma forte queda na
safra de 2018/19, e contando apenas com uma pequena recuperação, o rendimento está no patamar de
produtividade da safra de 2011/12. A diminuição do rendimento é preocupante uma vez que o processo de
extração de algodão por caroço se torna menos eficiente, diminuindo ainda mais a oferta da commodity.
Produção da Pluma (ton) Rendimento da Pluma (%)
3001,6
2725,9 2678,0 40,19%

2005,8 38,92%

1529,5
1288,8

35,68%

2015/1 6 2016/1 7 2017/1 8 2018/1 9 2019/2 0 2020/2 1 2000/0 1 2002/0 3 2004/0 5 2006/0 7 2008/0 9 2010/1 1 2012/1 3 2014/1 5 2016/1 7 2018/1 9 2020/2 1
Fonte: CONAB Fonte: CONAB

É importante ressaltar que, caso o preço da matéria-prima continue a subir, as empresas focadas em
classes mais altas da população repassarão mais os custos para os produtos finais, enquanto C&A, Marisa e
Guararapes, por exemplo, enfrentariam uma redução maior em suas margens.
Por fim, espera-se que, no longo prazo, as atividades voltem à normalidade, sem preocupações com
uma pandemia, e com uma cadeia de suprimentos funcional, porém, hoje, ainda existem muitas incertezas em
relação a quando isso se tornará realidade.

4
3 Ambiente Competitivo
A competição no mercado de vestuário e calçados no Brasil é extrema. Além de players nacionais com
bastante tradição, muitas lojas físicas e um e-commerce cada vez mais desenvolvido - como no caso da
Arezzo, C&A, Guararapes, Marisa, Renner e Grupo Soma, que cobriremos nesse relatório -, players
internacionais também se fazem presentes. É o caso da Zara, com quase 50 lojas espalhadas pelo país, e dos
grandes marketplaces chineses, como a Shopee e a Shein. Além disso, players inovadores relacionados à moda
circular, como a Enjoei, têm ameaçado o business original dos varejistas e mudado a dinâmica da competição.
Abaixo, seguem as empresas cobertas por esse relatório e suas principais marcas:

3.1 Market Share


O mercado de varejo de vestuário se mostra relativamente concentrado, de tal forma que as seis
empresas analisadas compõem 23,5% da capitalização total. Comparando essa distribuição com outros
mercados, temos que, no Brasil, as cinco maiores empresas englobam 22,2% do Market Share, enquanto, nos
EUA, as cinco maiores englobam apenas 16,6%, na China, 6,9%, e nos países do oeste europeu, 13,4%.
Todavia, apesar dessa participação já consolidada, há uma tendência de maior concentração no
futuro. Primeiro, o e-commerce e as estratégias de venda multicanal tendem a se desenvolver mais no país e
a elevar o Market Share dos tradicionais players brasileiros, sobretudo em cidades pequenas que não
possuem lojas físicas de grandes varejistas. Ademais, os grandes players têm adquirido empresas menores, e
isso deve continuar ocorrendo, o que aumentará suas participações de mercado.

5
Market Share em 2021 (%)

7,0%
5,4%

4,7%

3,1%
2,0%
1,2%

75,4%

Lojas Renner SA Guararapes Confecções SA C&A Mode AG Grupo S oma Marisa SA Arezzo Indústria & Comércio SA Outros
Fonte: Euromonitor

3.2 M&As

O mercado de fusões e aquisições no segmento de vestuários e calçados esteve bastante aquecido e


demonstra a estratégia das grandes varejistas de se exporem a novos segmentos e aumentarem o seu share.
Em abril de 2021, o Grupo Soma superou a concorrência da Arezzo ao adquirir a Hering por R$5,1 bilhões,
expandindo o seu mercado consumidor. No entanto, a Arezzo já tinha comprado a Reserva - o que marcou sua
entrada no segmento de vestuário - em outubro de 2020 e voltou a movimentar-se em 2021, adquirindo a
BAW - marca com marketing focado em influenciadores digitais e no social selling - e a Carol Bassi - focada no
alto padrão. Além disso, o grupo gerido por Alexandre Birman ensaiou adquirir o próprio grupo Soma em
novembro de 2021, mas a movimentação não avançou.
Em Abril de 2021, após a aquisição da Hering pelo Grupo Soma, começou-se a especular sobre uma
possível movimentação da Renner para realizar algum tipo de M&A. As candidatas para tal aquisição seriam
C&A ou Marisa, uma vez que enquanto a primeira sofre com o desinteresse de sócios holandeses em
continuar no Brasil, a segunda enfrenta um cenário conturbado a vários anos. O follow-on de R$4 bilhões
levantado pela Renner resultou em um aumento dos rumores e das especulações acerca do setor. O Dafiti
Group - o maior grupo de e-commerces de moda e lifestyle da América Latina, e que possui valor de mercado
próximo de R$10 bilhões - entrou no radar da varejista e ajudaria a consolidar o e-commerce da Renner.
Além disso, em Agosto de 2021, o Grupo Americanas admitiu ter iniciado conversas para comprar as
Lojas Marisa, porém ainda não houve nenhum negócio firmado até o momento.

3.3 Apps

Empresa Ticker Nota na Apple Store Nota no Google Play Nota no Reclame Aqui
Lojas Renner AS LREN3 4,8/5 4,7/5 7,7/10
Marisa AS AMAR3 4,8/5 4,7/5 8,3/10
Lojas Riachuelo SA GUAR3 4,7/5 4,2/5 8,2/10
Fam SOMA3 4,9/5 4,7/5 8,7/10
C&A Mode AG CEA3 4,7/5 3,4/5 7,9/10
Arezzo Indústria & Comérico AS ARZZ3 4,9/5 4,7/5 7,9/10

6
Nota-se que as avaliações dos aplicativos dos principais players são parecidas, porém damos destaque
ao app da Farm e da Marisa. Atribuímos as boas notas do aplicativo da Farm principalmente por sua
usabilidade, com uma interface amigável e um design minimalista, facilitando a navegação do usuário. Já por
outro lado, o aplicativo da empresa Marisa conta com um diferencial: o Mbank. Além de ser um marketplace,
o aplicativo da Marisa conta com seu serviços financeiros inclusos, onde o cliente pode acessar seu cartão de
crédito, próprio da rede, e consultar seus limites.

4 Desempenho do Setor
Desempenho das Empresas Cobertas (%)

100,00%

80,00%

60,00%

40,00% 40,49%

20,00%

12,60%

7,09%
0,00%

-20,00%

-30,79%

-40,00%
-41,06%

-60,00% -59,80%

-80,00%
jan/ 20 mar/20 mai/20 ju l/20 set/ 20 nov/20 jan/ 21 mar/21 mai/21 ju l/21 set/ 21 nov/21

AMAR3 ARZZ3 CEAB3 GUAR3 LREN3 SOMA3 IBOV

Fonte:

Como pode-se observar no gráfico acima, o desempenho das principais empresas do varejo brasileiro
durante a pandemia é bem negativo, com exceção da Arezzo, que rendeu quase 7%. Após a queda brusca de
todas as ações no início de 2020 com a descoberta do vírus, a maioria esboçou recuperações, seguindo o
aquecimento econômico gerado pelos estímulos monetários e fiscais. Todavia, a partir de junho de 2021,
todas as ações enfrentaram fortes desvalorizações, superiores às do IBOVESPA. Esse movimento representa as
características já comentadas do segmento: não essencial, que sofre em períodos de baixa renda real da
população, endividamento elevado das famílias e encarecimento do acesso ao crédito.

7
5 Tendências e Perspectivas
O segmento de vestuário e calçados tem passado por diversas inovações, e as empresas que conseguirem
aplicá-las ao seu modelo de negócio de modo eficaz possuem altas chances de conquistarem Market Share.
Nessa seção, serão abordados a situação da pandemia, o e-commerce, o social selling e o slow fashion, além
de uma breve descrição de como as empresas brasileiras têm se adaptado a esses fatores.

5.1 Pandemia
A situação da pandemia interfere bastante no desempenho do segmento de varejo e vestuário por 2
motivos principais. Primeiro, tem-se que tal segmento não é essencial para a população e, ao contrário de
subsetores como o de alimentos e o de farmácia, tem as suas vendas reduzidas quando uma crise econômica
acontece - e, de fato, o agravamento da pandemia gera pioras na situação econômica, uma vez que a
mobilidade social e o consumo são reduzidos. Segundo, a própria redução da mobilidade social ordenada pelo
governo através da limitação do funcionamento do comércio faz com que as lojas físicas vendam menos - e
vale ressaltar que, apesar do avanço do e commerce no país, dados circulados pelo Banco Inter indicam que a
participação do varejo físico nas vendas totais do varejo é de 89%, um número ainda muito relevante.
Nesse sentido, como pode-se observar no gráfico de novos casos de COVID, após um período de
sucesso no combate à pandemia, os números de casos identificados do vírus voltaram a subir devido à
chegada da variante Ômicron ao país.
Novos casos de COVID-19 no Brasil O mercado teme que, assim como já ocorrido
250000 em países como os EUA e os europeus, esse possa ser
o início da terceira onda do vírus no Brasil. Desse
200000 200290 modo, o número de casos ainda subiria bastante em
todo o país, como já superou o recorde atingido em
150000 meados de 2021. No entanto, o que se tem
124248 observado na maioria dos países é que o número de
100000
mortes não acompanha o de novos casos. Dados da
OMS indicam que, apesar de o número de casos ter
50000
subido 70% no mundo na primeira semana de janeiro,
o de mortes caiu 10%. Essa disparidade se deve,
0
fev/20 mai/20 ago/20 nov/20 fev/21 mai/21 ago/21 nov/21 provavelmente, ao sucesso da vacinação e aos
Fonte: Investing sintomas mais leves dessa variante.
Mesmo assim, a terceira onda no brasil deve, sim, prejudicar o segmento de vestuário e calçados
devido a possíveis restrições ao funcionamento do comércio. Enquanto as prefeituras de diversas cidades já
têm decretado novas medidas de quarentena, a Ablos, associação com mais de 100 membros e que
representa lojas satélites, solicitou que os shoppings passem a funcionar apenas em meio-turno devido à
escassez de funcionários, que têm contraído COVID e Influenza e faltado ao trabalho (Fonte: Valor Econômico).
Com o aumento no número de casos, é possível que situações como essa sejam cada vez mais frequentes, o
que prejudicará as vendas do varejo de vestuário no curto prazo e fará com que lojas e marcas com e
commerce desenvolvido se destaquem.
Além disso, a agravação da pandemia no país pode alterar o comportamento dos investidores e gerar
um movimento vendedor na B3. Um outro risco, mais distante, porém importante, seria o desenvolvimento de
variantes mais letais do COVID-19. Todavia, para o longo prazo, espera-se que o vírus seja tratado como uma
endemia e se torne incapaz de influenciar tanto a economia e a sociedade.

8
5.2 E-commerce
Uma das tendências observadas no cenário Participação de Vendas fora de Lojas nas Vendas Totais (%)

da pandemia foi a migração para serviços online. Com


18,0
isso, o setor de varejo de vestuário mostrou expansão
de suas atividades de vendas fora do contexto de 13,0

lojas. O gráfico abaixo traz os dois principais meios de


venda fora das lojas, e evidencia justamente uma 3,9 3,6 3,5
expansão do e-commerce, que atingiu penetração de 1,5 1,7 2,0
2,4 2,0 1,9

18% das vendas em 2020, e apesar de perder 2016 2017 2018 2019 2020 2021

participação em 2021, se manteve acima dos Direct Selling E- Commerce


patamares históricos. Fonte: Euromonitor

Por conta da importância de estar presente no meio digital, as empresas do setor estão procurando
voltar suas atividades para vendas por e-commerce. Ainda que seja um método comercial recente, vemos que
algumas empresas têm parte significativa de sua receita vinda do e-commerce, como é o caso da Arezzo, com
26,48% de participação do e-commerce no faturamento, e o Grupo Soma, com impressionantes 29,33% de
participação do comércio digital. É importante ressaltar que os outros integrantes do mercado não estão para
trás, como por exemplo a Renner, que está criando diversos programas para se inserir no meio digital, sendo
um desses o lab de marketplace, que já conta com mais de 100 revendedores.
R$ 377 Receita física x e-commerce no 3T21 (R$ MM) E-commerce

R$ 253 Físi co
R$ 108

R$ 1.675 R$ 210 R$ 206


R$ 66
R$ 962 R$ 1.086
R$ 464 R$ 505 R$ 572

LREN3 AM AR3 GUAR3 SOMA3 CEAB3 AR ZZ3


Fonte: Investing

5.3 Social Selling


Ainda nesse cenário da digitalização, uma ferramenta importante que tem sido utilizada por empresas
de varejo de vestuário é a venda através das redes sociais - social selling. Na China e nos EUA, por exemplo,
muitas empresas têm praticado o e-commerce de transmissão ao vivo e alavancado bastante as suas vendas.
No Brasil, já é possível transferir dinheiro e realizar pagamentos por redes sociais, o que tem acelerado o
processo do social selling. Vale ressaltar que, segundo o Global Web Index, a população brasileira é a terceira
que mais usa redes sociais no mundo, com 3 horas e 42 minutos de uso, o que cria grandes possibilidades para
as empresas no país. Além de ser mais um modo de gerar receita, vender pelas redes sociais também é mais
barato para as empresas (já que custa menos que a infraestrutura das lojas físicas) e constitui um modo de
criar um network effect para a marca. As empresas brasileiras já têm aderido a essa tendência: a C&A, por
exemplo, permite que qualquer pessoa anuncie os produtos da empresa em suas redes sociais e concede uma
comissão de 8% a 10% dos valores das vendas realizadas no site da loja com o cupom dessa pessoa; já a
Renner possui mais de 17 mil afiliados para esse tipo de estratégia de venda; em 2019, quase 12% do
faturamento do grupo Soma foi advindo do social selling.

5.4 Slow Fashion


A moda, por muito tempo, foi sustentada pelo sistema de produção denominado de fast fashion, no
qual as marcas ficam atentas às novas tendências do mercado para que possam suprir a demanda da maneira
o mais rápido possível, possuindo uma produção extremamente eficiente. Podem-se citar como exemplos
internacionais desse modelo; a Zara, H&M, GAP e Forever 21, já no Brasil são representadas pelas grandes
redes de varejo como: Renner, C&A, Marisa e Riachuelo. No entanto, o fast fashion possui características de
uma produção globalizada, pouco sustentável e muito padronizada, que passou a ser vista como negativa por
parte dos consumidores. Logo, em contraposição à produção do fast fashion, o conceito de slow fashion surgiu

9
como uma alternativa socioambiental mais sustentável para o mundo da moda, uma vez que valoriza a
diversidade e promove a consciência ambiental e social. Sendo assim, passou-se a priorizar produtos que
advém de materiais sustentáveis, de mão de obra ética e que valorizassem as culturas e os recursos locais.
Como resultado desse processo, as empresas brasileiras precisaram se adaptar às novas tendências do
mercado, além de aumentar os esforços voltados para o ESG, nesse sentido, as Lojas Renner, C&A e Grupo
Soma aparecem bem posicionadas para essa mudança do mundo da moda. Além disso, em meio a esse
aumento das preocupações socioambientais, algumas plataformas de moda circular ganharam visibilidade nos
últimos tempos, podendo-se destacar a Riachuelo, Renner e Arezzo que já entraram no mercado de aluguel e
brechó.
A Riachuelo lançou, em dezembro de 2021, em parceria com a Clorent, uma plataforma para locação
de peças selecionadas da própria marca. O aluguel dura entre 4 e 30 dias e permite com que o cliente possa
realizar o aluguel de inúmeras peças de uma vez. Já a Renner adquiriu a Repassa - uma plataforma de revenda
de vestuário, calçados e acessórios, que, atualmente, segundo a companhia, é o maior brechó online do Brasil.
A companhia gerida por Alexandre Birman também se movimentou, adquirindo 75% do capital social da
plataforma Troc, um brechó online de roupas e acessórios de luxo.
No entanto, a moda circular também pode significar uma ameaça para o setor, dado que as compras
em segunda mão são cada vez mais bem vistas pelos consumidores e reduzem o número de peças vendidas
diretamente pelas marcas. Os brechós online, além de permitirem que o cliente compre roupas de qualidade
por um preço acessível, também viabilizam uma forma das pessoas venderem de maneira prática as
vestimentas que já não usam mais.
O Enjoei é um exemplo de empresa que mergulhou de cabeça nessa nova forma de pensar a moda. A
empresa é um site de vendas online de roupas, sapatos, bolsas, itens de decoração, eletrônicos e outros
produtos, destacando-se os artigos de vestuário como o carro chefe do negócio. A plataforma conta com
aproximadamente 1 milhão de vendedores e compradores ativos, além de somar mais R$826 milhões de GMV
no ano de 2021, um aumento de 67% frente ao número de 2020. O sucesso do brechó online levou a empresa
a fazer IPO em 2020, levantando aproximadamente R$1,13 bilhão e sendo avaliada em R$2 bilhões. Porém, no
ano de 2021, o Enjoei foi a empresa com um dos piores desempenhos na B3, com uma queda de 77%, o que
eleva as chances de ser comprada por um grande player.

6 ESG
O segmento de Vestuário, definitivamente, tem um forte impacto em termos de sustentabilidade, por
isso, é difícil de acreditar que ele seria capaz de escapar dessa tendência em áreas essenciais de produção,
matéria prima, cadeia de valor e trabalho. No entanto, quando analisamos a postura das empresas cobertas, o
que é possível notar é a preferência pela frente social em detrimento das frentes de governança e ambiental.

6.1 Ambiental
De acordo com o MSCI, na indústria têxtil, de vestuário e artigos de luxo, 76% das empresas compram
couro, enquanto 89% usam algodão em seus produtos. Isso indica que a indústria é fortemente dependente de
produtos geradores de impacto ambiental, que estão ligados ao consumo elevado de água, uso de pesticidas e
desmatamento.
Além disso, empresas do setor têm uma pegada de carbono (quantidade de gases do efeito estufa
geradas por um produto direta ou indiretamente ao longo do seu ciclo de vida) moderada, que se encontra
abaixo dos pares no setor de varejo de alimentos, mas apresenta possibilidade de redução. Os esforços
empregados nessa redução podem ser produtivos em dois aspectos: melhor capacitação para gerenciamento
dos custos de matéria-prima; e uma possível melhora de imagem das empresas.

6.2 Social
Em termos sociais, notam-se dois riscos principais: a questão da mão de obra; e o aspecto de proteção
de dados, que se torna mais relevante conforme observamos a tendência de expansão do e-commerce e a
aplicação da LGPD.

10
O setor como um todo é extremamente intensivo na mão de obra ao longo de toda cadeia produtiva,
portanto, faz parte da política das empresas buscar formas de mitigar os riscos trabalhistas através de
remuneração competitiva, incentivos e benefícios, além de investir em manter canais de comunicação abertos
para os funcionários.
Além disso, as empresas devem lidar com o risco da forma de trabalho empregado por seus
fornecedores, que consistem principalmente em produtores de algodão e couro, em que existe a possibilidade
de uso de mão de obra escravizada, infantil e condições de trabalho insalubres.
A resposta das empresas a esse risco consiste em criar termos de compromisso para os fornecedores e
produzir relatórios de sustentabilidade. Essas medidas não representam necessariamente uma solução
completa para mitigar o risco, pois existe a possibilidade de que as firmas façam um trabalho mais diligente de
investigação dos fornecedores, algo que não é praticado pela maioria.
Por fim, atenção às diretrizes propostas pela Lei Geral de Proteção de Dados quando se trata das
vendas feitas via e-commerce se faz essencial tanto por uma perspectiva de proteção legal, quanto com o viés
de proteção da imagem das empresas.

6.3 Governança
Todas as seis empresas cobertas neste relatório estão listadas no segmento do Novo Mercado,
indicando que elas adotam um padrão elevado de governança corporativa. Entretanto, o perfil dos
controladores dessas empresas é diverso, existem empresas familiares, como o Grupo Soma, empresas
controladas por um grupo, como a C&A, que é controlada pelo grupo COFRA, e as lojas Renner, que são uma
corporation.

6.4 Ratings
Em suma, o setor apresenta diversas Distribuição de Ratings do Índice MSCI (%)
fragilidades nos aspectos ESG, principalmente por ser
extremamente demandante em termos de mão de 26,0%
24,0%
obra e fazer uso de matéria prima agrícola, ambos 22,0%
representando fortes riscos ambientais e sociais.
Assim, quando observamos a distribuição de ratings
13,0%
das 86 empresas do setor de Têxteis, Vestuário e 10,0%
Bens de Luxo cobertas pelo MSCI ACWL, notamos que
a maior parte das empresas se concentra na faixa BB 5,0%

até A. 0,0%
Ao analisarmos as empresas cobertas neste CCC B BB BB B A AA AAA
relatório, apesar de termos dados disponíveis para
apenas metade delas, notamos que elas se Fonte: XP, MSCI

concentram na mesma faixa de ratings do setor, MSCI ESG Ratings das Empresas Cobertas
colocando-se um pouco acima da mediana.
Por fim, segundo a base de dados do
aplicativo Moda Livre, dentre as empresas cobertas Empresa Ticker Rating
no relatório, metade delas têm histórico de uso de Lojas Renner SA LREN3 A
trabalho escravo ou análogo. Em 2014 as Lojas
Marisa SA AMAR3 na
Renner foram flagradas usando 37 costureiros em
regime de escravidão; a Marisa, em 2010, foi autuada Guararapes Confecções SA GUAR3 na
por usar 16 trabalhadores em situação de escravidão; Grupo Soma SOMA3 A
e em 2017 a Animale, pertencente ao grupo Soma, C&A Mode AG CEAB3 A
também foi flagrada usando 10 trabalhadores Arezzo Indústria & Comércio SA ARZZ3 na
escravizados. Mesmo assim, desde então, não houve
mais indícios de tal tipo de situação. Fonte: XP, MSCI

11
7 Análises Empresariais

7.1 Arezzo
Arezzo (ARZZ3) foi fundada em 1972 inicialmente como uma marca de moda masculina, porém migrou
rapidamente para calçados femininos, abrindo sua primeira loja em 1976. Durante a década de 80, a marca
passou por diversas mudanças, sendo as principais delas a verticalização da produção e o início de operações
de franchising com abertura de 10 lojas em um ano. Os anos 1990 foram marcados tanto pela expansão das
lojas físicas usando o canal de franquias, quanto pelo investimento em pesquisa e desenvolvimento, marketing
e comunicação.
Para a Arezzo os anos 2000 marcaram a vinda da era corporativa, com a fusão entre a Arezzo e a
Schutz, vendendo 25% da participação para a Tarpon Investimentos. Em 2011, a empresa resultante dessa
fusão, Arezzo&Co, fez seu IPO na bolsa de valores brasileira sobre o ticker ARZZ3.
Após a fusão, deu-se início a um ciclo de criação de novas marcas, como a Anacapri em 2008, focada
em calçados flat; a Alexandre Birman, também em 2008, adentrando o segmento de luxo; a Fiever em 2015,
iniciando a cobertura do nicho de sneakers; a Alme em 2018 com maior foco em calçados na intersecção entre
luxo e conforto; e, por fim, fez o licenciamento da marca Vans no Brasil em 2019.
Nos últimos dois anos, a empresa adotou uma estratégia de incorporação e aquisição de novas
marcas, começando com o grupo Reserva em 2020. Também visou expandir seu modelo de negócios com a
aquisição de 75% do Brechó online TROC, também em 2020. Em 2021 houve uma expansão no nicho de
streetwear com a aquisição da Digital Native Brand, Baw Clothing. Além disso, começou sua primeira iniciativa
estratégica com o Mercado Livre e a aquisição da marca MyShoes.
Foi reportado no 3T2021 que a Arezzo&Co tem 140 lojas próprias e 5 lojas no exterior, sendo a
primeira delas fundada em Nova York. Além disso, todas as marcas têm um total de 743 franquias no Brasil e
mais 6 no exterior. Nos trimestres de 4T2020 - 3T2021 a Arezzo&Co teve uma receita de 3.097,321 MM,
sendo 89,5% dessa receita sendo proveniente apenas do Brasil.
Continuando a análise da receita, no mesmo período analisado anteriormente, as três maiores marcas
acumularam 66,0% da receita. Olhando para cada uma das maiores marcas, a Arezzo representou 35,6% da
receita total, a Schutz teve 20,4% e a Anacapri teve 10,0%. Pela perspectiva do canal de vendas, as franquias
representam apenas 28,9% da receita total, enquanto representam 84,1% de todas as lojas no Brasil, por fim,
outro canal importante, o e-commerce, representa 25,4% da receita total.

Financials
Composição acionária Receita ( R$ 1000)
R$ 2.475.492
3,9%

R$ 1.679.235
R$ 1.526.659 R$ 1.590.992
Controladores
R$ 1.360.474
Ações em circulação 45,9% R$ 1.239.110
50,3%
Administradores
2016 2017 2018 2019 2020 LTM
Fonte: Capital IQ
Margens
17,9%
Breakdown Receita
16,0%
15,2% 15,2%
14,3% 14,3%
12,8%
28,9% 11,4%
27,7%
25,4% 9,4% 9,3% 9,7%

17,9%
3,1%
2016 2017 2018 2019 2020 LTM

Franqui as Mul timarcas Lojas própri as Web Commerce Margem Líqui da Margem EBITDA

Fonte: Capital IQ Fonte: Capital IQ

12
Financials
Múltiplos
39,1x
37,5x
32,9x 34,0x

25,9x
24,5x
23,2x
19,5x
16,1x 15,7x
13,6x
12,1x

2016 2017 2018 2019 2020 LTM


Fonte: Capital IQ P/L EV/ EBITDA

7.2 C&A
A C&A foi fundada em 1841 por dois irmãos holandês Clemens e August, cujas iniciais deram origem ao
nome da empresa. Atualmente, o controle da companhia continua nas mãos da família Brenninkmeijer,
representada pelo grupo Cofra. No mundo, a varejista possui mais de 1,8 mil lojas em 24 países diferentes,
colocando-a entre uma das maiores cadeias de varejo do planeta. Como precursora do conceito de “fast
fashion” aqui no Brasil, a C&A ingressou no Brasil em 1976 após a abertura da primeira loja em São Paulo. A
operação brasileira foi bem-sucedida, de modo que, atualmente, o país é a segunda maior filial entre as mais
de 20 que existem em outros países, totalizando 280 lojas e mais de 14.000 funcionários. Em 2019, após mais
de 40 anos atuando em solo brasileiro, a C&A abriu o seu capital na B3.
A empresa acredita em quatro pilares de atuação e de crescimento, sendo eles: a modernização do
modelo operacional da cadeia de suprimentos, a transformação digital, expansão de novas lojas e aumento da
oferta de crédito. O público-alvo da marca está voltado para as classes sociais mais baixas. Em 2018, a
companhia lançou o programa de relacionamento C&A&VC, o qual, além de possuir mais de 18 milhões de
clientes cadastrados e representar 77% das vendas totais, também é uma forma de fidelizar e melhorar a
experiência do cliente. Além disso, em dezembro de 2021, a empresa recomprou do Bradesco, por R$ 415
milhões, os direitos de oferecer serviços e produtos financeiros que, até aquele momento, eram oferecidos
exclusivamente pelo banco. O projeto da varejista é lançar uma nova solução de pagamento digital: o C&A Pay,
que será oferecido para a base de membros do C&A&VC e tentará acelerar ainda mais as compras digitais.
Em 2020, a C&A obteve uma receita líquida de R$ 4,1 bilhões, sendo dividida entre vestuário (76,4%),
fashiontronics (19,6%) e serviços financeiros (3,7%). O resultado de 3T21 mostrou uma receita de R$1,3
bilhões e, ao que tudo indica, a empresa terá um aumento do seu faturamento de 2020 para 2021. Ademais,
vale ressaltar que as receitas e as margens no período pré-pandemia vinham melhorando a cada ano.
Financials
Composição acionária Receita (R$ 1000)

5.285.176
5.166.360
5.035.610 5.038.065
Grupo Cofra (Con troladores ) 4.780.694

Verd e As set M an agement 29,4%


S.A.
4.085.486
Ad mi nis tração
0,2% 65,3%
Free Float 5,2%
2016 2017 2018 2019 2020 LTM
Fonte: Capital IQ Margens
2.602.260
29,6%
Breakdown Receita
18,4%
9,8% 10,9% 9,5% 11,7%
4,1% 5,6%
525.307 1,9% 3,4%
149.777 -3,0% -4,1%
2016 2017 2018 2019 2020 LTM
Ves tuário Fashi ontroni cs Serviço s Fin an cei ros
Fonte: Capital IQ M. Líqui da M. EBITDA
Fonte: Capital IQ

13
Financials
Múltiplos P/L

EV/ EBITDA

9,5x

6,7x
6,1x
4,9x
3,7x 3,4x
4,2x

2019 2020 2021 Atu al


Fonte: Capital IQ

7.3 Grupo SOMA


O grupo teve início em 2010 após o processo de fusão entre as marcas Animale e Farm, o que deixa
claro o elevado know-how da empresa no mercado de moda feminina de alto padrão. Todavia, realizou
diversas aquisições estratégicas ao longo dos anos, como a Fábula, que a expõe ao mercado infantil, e a
Foxton, do público masculino de alta renda.
Em 2019, foi criada a Farm Global - marca do grupo totalmente focada no mercado estadunidense. Até
2T2021, seus produtos já estavam presentes em 159 lojas de departamento e já tinham conquistado 74 mil
clientes pelos EUA. A marca tem crescido bastante: em 1T2021, por exemplo, sua receita foi 135% superior a
1T2020.
Já em 2021, incorporou a Hering pelo valor de R$5,1 bilhões, o que proporcionou uma exposição ao
mercado de média renda. A empresa tem sofrido importantes desafios relacionados a sua cadeia de
abastecimento, mas, mesmo assim, em 3T2021, conseguiu vender 56% a mais que em 3T2020 e 8% a mais que
3T2019. O Grupo Soma já tem trabalhado para desenvolver novos pontos de confecção e aumentar a base de
fornecedores da Hering. A marca gerou R$1,2 bilhão de receita nos 9 primeiros meses de 2021 e deve elevar
significativamente os resultados do Grupo Soma em 4T2021. Para os próximos períodos, projeta-se um
crescimento da empresa focado no ganho de market share com o consumidor final e uma maior eficiência em
sua gestão.
Além dessas marcas, o Grupo é proprietário da Cris Barros, Off Premium, Maria Filó, NV e Dzarm -
todas concentradas no mercado feminino. Assim, a Soma une operações, inteligência e planejamento para que
as marcas possam ser cada vez mais criativas e conquistar mais ainda seus respectivos público-alvos.
No período entre 3T2020 e 3T2021, as receitas do grupo foram 64% superiores às do ano de 2020 completo,
mostrando o crescimento e a recuperação de suas marcas após o período de pandemia. Dos 1,3 milhões de
clientes ativos do grupo, 15% são multicanal, 42% exclusivos de lojas e 43% exclusivo do digital, mostrando a
força das marcas do grupo em vender online, seja pelos apps, sites ou através de lives.
Além disso, a margem líquida do grupo nos últimos 12 meses já é bem superior aos números nos
últimos 4 anos. Suas ações têm sido negociadas a 21x lucro e 54,7x EBIT.

Financials
Composição acionária Receita (R$ milhão)
2049

Con troladores

Ad mi nis tradores 1304 1243


37,16% 1082
Oppor tunity 44,91% 1020

Atmos

Verd e

Outros
0,49%
6,51%
5,18% 5,75% 2017 2018 2019 2020 LTM
Fonte: RI Soma Fonte: Economática

14
Financials
1200 Receitas por marca (R$ milhão)

604,5

375,3
199 164,2
113,1
60 46,6 44,2 38,1

Hering Farm An imale Farm Global NV Maria Fi ló Cri s B arros Fábula Off Premkum Foxton
Fonte: RI Soma

Margens Múltiplos

14,40%
55,9x
12,46% 54,7x
9,35%
7,90%
21,5x
21,0x

2017 2018 2019 2020 LTM 2020 2021 Atu al

M.EBIT M.Lí quida P/L EV/ EBIT


Fonte: Economática Fonte: Economática

7.4 Guararapes
A Guararapes teve a sua história iniciada em 1947, quando os Nevaldo e Newton Rocha criaram uma
loja de roupas. Todavia, com o passar dos anos, a empresa foi criando confecções e inaugurou a sua primeira
grande fábrica em 1956. Após realizar IPO em 1970, a loja mudou de patamar, e, em 1979, adentrou no
mercado de varejo têxtil ao adquirir as lojas Riachuelo e Wolens. Em 1982, foi criada a sua principal marca: a
Pool, que se tornou um ícone da moda jovem naquela década. Desde então, a Guararapes investiu bastante
na logística de sua rede, inaugurando diversos centros de distribuição pelo Brasil, e criou seus braços de
serviços financeiros para financiar as compras de seus clientes.
Atualmente, a empresa funciona como um modelo integrado por 4 pontas: as indústrias Guararapes,
que vendem 100% de seus produtos para a Riachuelo; a Transportadora Casa Verde, que é responsável pela
logística do grupo; as Lojas Riachuelo, que representam a operação principal da Guararapes; e a Midway
Financeira, empresa que já forneceu 33,7 milhões de cartões de crédito e representa a maior emissora de
cartões de marca própria do Brasil. Desse modo, em uma operação conjunta, o Grupo produz as próprias
roupas, realiza todo o processo de logística e distribuição dos produtos, os vende em suas 340 lojas físicas e
suas plataformas de e-commerce e fornece produtos de financiamento para seus clientes.
Além disso, a Guararapes possui a exclusividade da representação da marca Carter's - focada no
mercado infantil - no Brasil, já operando mais de 13 lojas. O grupo também tem operado no segmento de
bens domésticos através da marca Casa Riachuelo, que já conta com 5 lojas espalhadas pelo Brasil. Ademais, a
Guararapes também é proprietária do Shopping Midway Mall, em Natal.
Com 3,6 milhões de clientes digitais ativos - representando um aumento de 60% em relação a 3T2020
-, a Riachuelo teve 10,1% de suas vendas ocorrendo nos canais digitais. O destaque foi para o seu app, que
totalizou mais de 15 milhões downloads. Além disso, 100% de suas lojas físicas e centros de distribuição já
estão adaptados a sua estratégia omnichanel.
O grupo possui um histórico de receitas crescentes, com um CAGR de 7% entre os anos de 2015 e
2019. Há expectativas para que seus números do 4T2021 já representem um aumento da receita em relação
a 2020, quando houve uma retração. Até o 3T2021, 69,4% de suas receitas advieram do varejo, enquanto
29,9%, dos serviços financeiros. Suas margens também vinham crescendo até a pandemia, demonstrando um
aumento na eficiência e uma boa gestão de suas operações. Já seus múltiplos estão bem abaixo dos anos de
2019 e 2020.

15
Financials
Composição Acionária (%) Receita (R$ milhão)

7.808,00
7.192,00 6.942,00
0,001 17,25 6.444,00 6.245,00
5.921,00
Famí li a Rocha 5.507,00

Tesou raria

Outros
82,73

2015 2016 2017 2018 2019 2020 LTM


Fonte: RI Guararapes Fonte: Economática

Breakdown da Receita 3T2021 Margens


0,70%
23,7%

17,2%
15,0%
13,2%
Varejo 29,90% 6,4% 7,4%
Prod utos e Servi ços Fin.
2015 2016 2017 2018 2019 2020 LTM
Shoppi ng Center 69,40%

M. EBITDA M.Lí quida


Fonte: RI Guararapes Fonte: Economática

Múltiplos
19,1x

16,5x

9,8x
8,2x
6,5x
5,1x

2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 Atu al

P/L EV/ EBITDA


Fonte: Economática

7.5 Renner
A Lojas Renner teve seu início em 1922, fundada por Antônio Jacob Renner, e se desvinculou dele
apenas em 1965, data em que a empresa começou a se aproximar do formato de hoje. Dois anos depois, em
1967, a empresa optou por abrir o capital, já levando o nome de Lojas Renner S.A. Porém, no início dos anos
90, a empresa passou por uma reestruturação, passando a operar no formato de lojas de departamentos com
especialidade na moda. Outro marco importante para a empresa foi em 2002, quando a Renner decidiu
desenvolver suas coleções a partir de cinco estilos de vida, e assim iniciou-se a campanha com o slogan “Você
tem seu estilo, a Renner tem todos”. Já em 2005, a empresa já atuava em 64 pontos de venda, e seus
administradores concordaram em vender o controle da empresa através de uma oferta pública de ações. A
venda fez com que a empresa fizesse parte do novo mercado e fosse a primeira companhia no país a ter seu
capital pulverizado e aproximadamente 100% das ações em circulação.
Ao longo da trajetória da empresa, a Lojas Renner S.A. adquiriu diversas empresas, como a Camicado,
no segmento de casa e decoração, e a Repassa, mercado de roupas usadas. Além de comprar, a própria marca
também fundou suas próprias empresas, como a Youcom, especializada em moda jovem, e a Realize, a
instituição financeira do grupo.

16
A empresa hoje consiste de 635 lojas físicas, 4 centros de distribuição, 24,8 mil funcionários, e
parcerias relevantes como Porto Seguro e Mastercard. O faturamento é distribuído entre as marcas na
seguinte forma: Renner 90%, Camicado 7% e Youcom 3%. O portfólio da Realize, instituição financeira da
Renner, conta com R$ 3,4 bilhões. A empresa foca nas classes sociais A,B e C+, e detém 7% do market share
nacional.
Além das diversas marcas associadas à empresa, ela conta com um forte e-commerce, com um GMV
de R$ 377 milhões no 3T21, 226% maior que o GMV do 3T19. A empresa também cresceu 43,5% em termos
de receita líquida de venda de mercadorias, chegando a R$ 2,3 bilhões no 3T21 enquanto no 3T20, sua receita
foi de apenas R$ 1,6 bilhão.
É importante destacar que a marca vem focando em alguns pontos para serem desenvolvidos, como a
omnicanalidade, o branding e conteúdo, CRM e retenção de clientes, além de seus serviços financeiros, com
sua empresa Realize.

Financials
Composição Acionária (%) Receita (R$ milhão)
9588,4 9770,6
0,32% 5,30% 8426,5
7441,3 7537,1
6451,5
Schr oder Investment
Management

Outros

Tesou raria 94,38%


2016 2017 2018 2019 2020 LTM
Fonte: RI Renner Fonte: Status Invest

Breakdown da Receita 3T2021 Margens

5,06% 2,97% 24,76%


21,86%
6,62% 19,95% 19,03%
20,63%
17,48%
14,54%
Renn er 12,11% 11,46%
9,69% 9,84%
Camicado
5,81%
Prod utos fi nancei ros

Youcom 2016 2017 2018 2019 2020 LTM


85,36%
M. Líqui da M. EBITDA
Fonte: RI Renner Fonte: Status Invest

Múltiplos
47,26
42,55
40,49

31,62

21,47
18,86
12,73 14,27

2019 2020 2021 Atu al

EV/ EBITDA P/L


Fonte: Status Invest

17
7.6 Marisa
A Lojas Marisa é uma rede de moda que teve seu início em 1948, quando Bernardo Goldfarb adquiriu
a Marisa Bolsas e dois anos depois fundou a Marisa Malhas. Hoje, a marca conta com 358 lojas físicas no Brasil
todo, além de ter sido a pioneira do setor no e-commerce, em 1999. A rede, que atendia ao público feminino,
lançou em 1999 um novo conceito de loja, a Marisa Ampliada, que contava com moda feminina, masculina e
infantil, além de calçados e acessórios. Em 2007, visando a expansão das operações, a rede optou por abrir
seu capital, e levantou R$ 450 milhões. Além da moda para o dia-a-dia, a empresa também tem uma linha de
moda íntima, e uma instituição financeira própria, possibilitando seus clientes de terem ainda mais liberdade
para financiar suas compras.
Por ter sido pioneira no cenário do e-commerce, vemos que este está bem consolidado dentro da
empresa. Seu modelo comercial de omnichannel tem como principal ferramenta o seu app, que atingiu 11
milhões de downloads no 3T21, apresentou 97% de crescimento em relação ao 3T19, e representa 70% de
todas suas vendas digitais. A empresa faturou, no 3T21, com seu segmento de vestuário, R$ 530 milhões, dos
quais 14% foram provindos do e-commerce. Além do varejo, a empresa conta também com uma plataforma
de serviços financeiros, a Mbank, que oferece cartões de crédito e empréstimos pessoais, que faturaram, no
3T21, respectivamente, R$ 34,4 milhões e R$ 30,4 milhões. Vale ressaltar que ambos os serviços tiveram
quedas na receita ao se comparar com o 3T19, sendo a diminuição referente ao cartão de 35%, e do
empréstimo pessoal de 16%. Essa queda, porém, não é vista no EBITDA do Mbank, que teve um aumento
significativo de 71% no 3T21, em relação ao 3T19.
A Marisa se encontra em uma situação delicada, com um fluxo extremamente reduzido em suas lojas
físicas, principalmente em centros comerciais nas regiões sul e sudeste. Porém suas margens estão
gradativamente se recuperando em relação à 2020, com um aumento de 33,7% no 3T20 para 42,3% no 3T21,
além de manter níveis razoáveis de caixa em caso de imprevistos ou aquisições.

Financials
Composição Acionária (%) Receita (R$ milhão)

5,00% 0,10%
0,06%
2852,7 2875,5 2764,1 2882,4
2433,7
2139,4
Con troladores

Outros

Vers a Gestora de Recurs os 37,29%


57,54%
Ações dos admini stradores

Tesou raria
2016 2017 2018 2019 2020 LTM
Fonte: RI Marisa Fonte: Status Invest

Breakdown da Receita 3T2021 Margens

15,12%
9,24%
6,34% 6,43%
3,04%
1,03%
Varejo 21,32% -3,08% -2,10%
-3,90% -4,00%
-8,66%
Prod utos e serviços
financeiro s 78,68%
-20,20%

2016 2017 2018 2019 2020 LTM


M. Líqui da M. EBITDA
Fonte: RI Marisa
Fonte: Status Invest, Órama

18
Financials
Múltiplos

29,93 28,02
18,9

3,54
-4,12
-8,52
-14,58
-24,12

2019 2020 2021 Atu al


Fonte: Status Invest, Órama EV/ EBITDA P/L

19
8 Trading Comps

EV/Receita EV/EBITDA EV/EBIT P/L


Nome da Empresa
LTM NTM LTM NTM LTM NTM LTM NTM

Arezzo Indústria e
3,2x 2,4x 15,7x 14,6x 19,4x 17,7x 34,0x 27,2x
Comércio S.A.

C&A Modas S.A. 0,8x 0,6x 8,2x 4,5x NM 16,3x NM 18,5x

Grupo de Moda SOMA


5,1x 2,7x 33,6x 17,2x 54,6x 20,8x 46,0x 19,5x
S.A.
Guararapes Confecções
1,1x 0,9x 9,3x 5,7x 19,1x 11,5x 40,7x 13,4x
S.A.

Lojas Renner S.A. 2,7x 2,2x 21,4x 11,8x 31,6x 18,3x 77,0x 23,3x

Marisa Lojas S.A. 0,8x 0,8x 8,2x 5,8x 55,4x 14,6x NM NM

Enjoei S.A. 1,6x 1,1x NM NM NM NM NM NM

Grendene S.A. 2,7x 2,7x 12,5x 12,2x 14,4x - 21,5x 15,5x

Grupo SBF S.A. 1,6x 1,2x 13,0x 8,8x 25,0x 16,0x 88,0x 25,8x

Track & Field Co S.A. 4,3x 3,4x 20,4x 14,1x 21,6x 15,0x 37,5x 21,4x

Vulcabras Azaleia S.A. 1,4x 1,2x 7,4x 6,0x 9,4x 7,6x 12,5x 7,3x

Setor Cobertas Setor Cobertas Setor Cobertas Setor Cobertas

LTM NTM LTM NTM LTM NTM LTM NTM LTM NTM LTM NTM LTM NTM LTM NTM

Média 2,3x 1,7x 2,3x 1,6x 15,0x 10,1x 16,1x 9,9x 27,8x 15,3x 36,0x 16,5x 44,7x 19,1x 49,4x 20,4x

Desvio Padrão 1,44 0,95 1,72 0,91 8,23 4,49 10,05 5,33 16,60 3,88 18,05 3,22 25,85 6,32 19,03 5,20

Máximo 5,1x 3,4x 5,1x 2,7x 33,6x 17,2x 33,6x 17,2x 55,4x 20,8x 55,4x 20,8x 88,0x 27,2x 77,0x 27,2x

Mínimo 0,8x 0,6x 0,8x 0,6x 7,4x 4,5x 8,2x 4,5x 9,4x 7,6x 19,1x 11,5x 12,5x 7,3x 34,0x 13,4x

8.1 Análise Trading Comps


Analisando o Trading Comps, é possível perceber que as empresas cobertas pelo relatório estão sendo
negociadas a múltiplos superiores aos do restante do setor. Além disso, na média, o Grupo Soma e a Arezzo
destacam-se entre os pares por estarem precificadas a múltiplos mais altos, uma vez que, por possuírem um
público-alvo mais resistente à crise, o cenário é mais favorável a curto e médio prazo. Já a Marisa e a C&A
aparecem com os menores múltiplos dentre as empresas cobertas. As projeções feitas para os próximos 12
meses apontam uma redução geral dos múltiplos de todo o setor, tendo o Grupo Soma como a maior
projeção de queda, algo que decorre, principalmente, pelas recentes aquisições da empresa.
As companhias cobertas pelo relatório aparecem com os múltiplos bem acima do restante do
Ibovespa. O P/L e o EV/EBIT médio do índice estão sendo negociados, respectivamente, a 12,5x e a 10,22x, já
o P/L e o EV/EBIT médio das empresas do relatório estão em 49,4x e 36,0x respectivamente.

20
9 Apêndice – Guia Completo das Empresas

21

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