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Research Renda Fixa / Varejo Supermercadista 8 de fevereiro de 2023

Research Renda Fixa

Setorial de Varejo Supermercadista


Uma cesta de informações sobre o setor

O mercado de varejo se resume na venda de produtos diretamente para o consumidor final, atendendo
suas demandas de forma customizada e individual. O setor supermercadista é um segmento importante
para o varejo alimentar e movimentou mais de R$ 600 bilhões em 2021, nas mais de 92 mil lojas
espalhadas pelo país. As grandes empresas do varejo buscam através do mercado de capitais financiar
projetos que vão desde a expansão de lojas, aquisições, investimento em marcas próprias, ou até mesmo
para obter liquidez para suas operações.

Resiliência: Supermercados e Hipermercados são resilientes a Camilla Dolle


Research - Renda Fixa
períodos de crise econômica, dado que trabalham com bens
essenciais e diversificação de produtos e marcas. Em casos de
Mayara Rodrigues
queda de poder de compra, o consumidor pode optar por bens Research - Renda Fixa
substitutos, mas a necessidade de se alimentar continua.
Natalia Moura
Poder de mercado: As maiores empresas possuem vantagem Research - Renda Fixa
competitiva de escala, liderança regional, melhores índices de
eficiência e pontos comerciais estratégicos.

Destaque do atacarejo: No ano de 2022, até o mês de novembro, a


categoria de atacarejo se destacou frente as demais, aumentando
suas vendas tanto em ticket médio quanto em volume adquirido.
Por ser uma opção de abastecimento mais econômica, o atacarejo
não sofreu tanto, mesmo no terceiro bimestre de 2022, ápice da
inflação no ano.

Dinamismo: O setor tem passado por mudanças estruturais.


Conversão de lojas para outros formatos e alterações de
estratégias comerciais fazem com que as companhias sempre
precisem se adaptar e buscar inovações para aumento de
eficiência da venda por metro quadrado, atendendo a novas
demandas dos consumidores.

Fatores econômicos: O setor é muito correlacionado com nível de


atividade econômica e variáveis macroeconômicas ligadas ao
consumo, como emprego, inflação e confiança. Cenário macro
pode trazer maiores dificuldades dependendo do rumo da
economia.

Fontes: ABRAS e Research XP 1


Índice
Research Renda Fixa / Varejo Supermercadista

Seção 1
O setor de varejo e os seus segmentos

Seção 2
Supermercados – Concorrência e
Regionalização

Seção 3
Movimento do “Atacarejo” e marcas
próprias

Seção 4
Impactos recentes

Seção 5
Relação com o cenário macroeconômico

Seção 6
Considerações finais

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Research Renda Fixa / Varejo Supermercadista

Seção 1

O setor de varejo e os seus


segmentos

3
Research Renda Fixa / Varejo Supermercadista 8 de fevereiro de 2023

Varejo Supermercadista
O setor de varejo e os seus segmentos

Por definição, uma empresa de varejo é aquela que trabalha com a venda de bens e/ou serviços
diretamente para o consumidor final. No conceito amplo de uma empresa que vende produtos físicos aos
clientes, as varejistas serão aquelas lojas que os produtos podem ser vendidos em pequenas quantidades
ou frações, atendendo a demanda de forma individual para quem de fato irá consumi-lo. Este entendimento
é importante para diferenciar do setor atacadista.

No atacado, a venda de bens é feita para revendedores varejistas. Ou seja, os atacadistas atuam no meio
da cadeia de suprimentos, com foco de venda em maiores quantidades e distribuição eficiente de
diferentes fabricantes. Os atacadistas não priorizam a experiência da compra, mas sim a sua logística e
preço.

Dentro da dinâmica da cadeia de produção até a venda para o consumidor, temos os modelos de B2C e
B2B, que são abreviações para os termos em inglês Business-to-Consumer e Business-to-Business,
respectivamente. O primeiro é o modelo de negócio em que a empresa de varejo é a própria fabricante,
disponibilizando seus produtos diretamente para o consumidor final. Já no segundo caso, a estrutura do
negócio funciona como um intermediário entre a fabricante e o público comprador.

O formato de negócio também poderá se distinguir de acordo com a estratégia de venda no varejo, levando
em consideração o público-alvo, concorrência, espaços físicos e experiência do cliente. Algumas opções
mais tradicionais são os supermercados, lojas de departamentos, armazéns, outlets, franquias e
concessionárias. O e-commerce é uma modalidade digital que vem crescendo há mais de uma década e
acelerou em 2020, durante a pandemia da covid-19.

Por fim, vale destacar que as empresas varejistas terão suas características de mercado singulares quando
seus produtos forem de apenas um segmento, ou atingindo um nicho de consumidores específico.

Neste relatório abordamos o setor varejista de supermercados, no qual as empresas atuam com produtos
de forma abrangente e majoritariamente com lojas físicas. Porém, destacamos que no universo varejista a
classe de supermercados divide espaço com empresas de segmentos específicos de consumo como
farmácias (remédios, higiene pessoal e estética), vestuário (roupas e calçados), eletrônicos,
hortifrutigranjeiros (alimentos não processados), entre tantos outros segmentos de varejo presentes.

Figura 01: Principais números do setor – 2021¹

R$ 611,2 bilhões 92,58 mil 28 milhões


de faturamento no ano de consumidores por dia
lojas em todo o país
passam pelas lojas do setor

7,03% do PIB 3,1 milhões


do país, considerando o
23 milhões
de colaboradores diretos e
de m² de área de vendas
faturamento indiretos

Fontes: ABRAS, SUPERHIPER e XP Research | Notas: (1) Últimos dados disponíveis. 4


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Seção 2

Supermercados –
Concorrência e
Regionalização

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Varejo Supermercadista
Supermercados – Concorrência e Regionalização

A Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) realiza anualmente um levantamento de números do


setor de varejo. Na última edição, em abril de 2022, destacou números importantes do varejo
supermercadista brasileiro que nos ajudam a compreender a estrutura microeconômica do setor no Brasil.

Existem mais de 500 super e hipermercados espalhados pelo território brasileiro, sendo um setor
altamente pulverizado. Por outro lado, as 50 maiores empresas (classificadas por faturamento anual)
representam mais da metade do setor. Essa concentração foi intensificada nos últimos três anos, como
podemos notar no gráfico abaixo, independentemente do recorte de 10, 20 ou 50 maiores empresas por
faturamento nos anos de 2019, 2020 e 2021.

Figura 02: Evolução da concentração nas maiores empresas (fatia por faturamento total no setor %)¹

52% 54%
48%
44% 44%
38% 40%
35% 37%

2019 2020 2021 2019 2020 2021 2019 2020 2021


Top 10 Top 20 Top 50

As 10 maiores empresas supermercadistas representam juntas uma fatia de pouco mais de um terço de
todo faturamento do setor. Porém, existe um fator de regionalização das marcas, com diferentes
lideranças por região. Nestes locais, a penetração das maiores empresas não é óbvia e, por isso, não
necessariamente concorrem diretamente.

Figura 03: Ranking dos maiores faturamentos no setor – 2021¹

Posição Empresa Região de maior Faturamento em 2021 Número de lojas Área de vendas
atuação (R$ bilhões) (1.000 m²)
1º Carrefour Brasil Sudeste 81.1 548 2140
2º Assaí Sudeste 45.5 212 964
3º GPA Sudeste 29 809 1005
4º Grupo Mateus Nordeste 17.9 202 406
5º Supermercados BH Sudeste 11.1 243 288
6º Irmãos Muffato Sul 10.5 80 279
7º Grupo Pereira Centro-Oeste 9.7 75 225
8º Cencosud Nordeste 9.1 202 506
9º DMA Sudeste 6.6 181 367
10º Zaffari Sul 6.3 38 144

Fontes: ABRAS, SUPERHIPER e XP Research | Notas: (1) Últimos dados disponíveis. 6


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Varejo Supermercadista
Supermercados – Concorrência e Regionalização

Na composição do ranking das dez maiores empresas do varejo alimentar por faturamento em 2021
conseguimos destacar exemplos de lideranças regionais. Carrefour Brasil, com as marcas de
supermercados como o próprio Carrefour, Carrefour Express, Sam’s Club e BIG, apresenta forte presença
na região Sudeste, mais especificamente no estado de São Paulo. O Grupo Mateus concentra suas
operações na região Nordeste, líder no estado do Maranhão. Já o Grupo Zaffari aparece na região Sul, com
forte fidelização dos clientes de Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul.

Entre os motivos para a concentração de marketshare por região podemos destacar os melhores índices
de eficiência pelas empresas maiores. Segundo os dados mais recentes da ABRAS mostrados abaixo, as
maiores empresas do setor varejista de supermercados possuem as melhores relações de faturamento
anual por funcionário ou por metro quadrado das lojas, evidenciando retornos crescentes de escala –
quanto maiores em área e número de funcionários, maiores suas receitas por área e colaboradores. Deste
modo, faz sentido uma empresa grande de varejo alimentar a priorização de um território de atuação ao
invés de pulverizar as lojas em todas regiões do país.

Figura 04: Índices de eficiência por ranking de faturamento – 2021¹

Faturamento anual médio por


Faturamento anual médio por M² (R$
funcionário (R$ mil)
800,0
mil)
673,2 45,0

38,5
700,0

578,5
539,8
40,0

32,1
600,0

35,0

27,9 29,7 27,9


410,6
500,0

369,9 369,4
30,0
24,7
400,0

25,0
22,4
300,0
20,0

15,0
200,0

10,0

100,0

30,6 5,0

0,0
0,0

Pela mesma ótica de eficiência com a escala, outro ponto importante para a dominância de poucas e
grandes empresas na participação das receitas desse mercado é a tendência de fusões e aquisições.

Estrategicamente, dada a escassez de grandes terrenos localizados em pontos estratégicos,


principalmente em grandes capitais, pode ser mais conveniente e barato converter lojas de outras redes do
que buscar um bom ponto para construir e expandir a própria rede a partir daí, reaproveitando assim a
infraestrutura logística e de armazenagem das lojas já construídas, com preços mais interessantes, além
de conseguir pontos que não estão mais disponíveis no mercado. Por este motivo, nos últimos anos foi
recorrente a troca de letreiros em lojas de super e hipermercados pelo Brasil.

Por fim, a diversidade cultural no Brasil também é um ponto favorável a concentração regional, uma vez
que diferentes regiões possuem costumes e demandas específicas. Ou seja, requer um conhecimento
cultural por parte do comerciante a fim de fidelizar o consumidor e ofertar bens e serviços adequados a
localidade.

Fontes: ABRAS e Research XP | Notas: (1) Últimos dados disponíveis. 7


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Seção 3

Movimento do “Atacarejo” e
marcas próprias

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Varejo Supermercadista
Movimento do “Atacarejo” e marcas próprias

O setor de varejo, de modo geral, é muito dinâmico, se adaptando aos desafios do mercado e exigências
dos consumidores. Além do crescimento e consolidação do canal de e-commerce nos últimos anos, desde
2010, um formato chamado de “atacarejo” vem ganhando espaço nas empresas varejistas.

O atacarejo – que é uma combinação das palavras atacado e varejo – é um formato de loja no qual a loja
física pode atender diretamente os consumidores finais dos produtos vendidos, com menos foco na
experiência de compra pelo cliente, como ocorre em um supermercado tradicional, e mais nos preços
baixos, possíveis devido ao menor custo de operação e menor número de intermediários na cadeia.

Nessas estruturas, os consumidores podem comprar unidades de produtos por um determinado preço e
quantidades maiores por um valor mais atrativo. O modelo vem sendo muito bem aceito pelos brasileiros,
que possuem o histórico de compras grandes do período inflacionário que popularizou a “compra de mês”,
uma vez que os assalariados precisavam realizar suas compras o mais rápido possível quando recebiam
seu salário, desprotegido da alta dos preços.

Com a procura por preços mais competitivos, a aderência do público pessoa física fortaleceu o segmento
de atacarejo e movimentou a alocação de receitas das grandes empresas, revisando a estratégia das lojas.
Uma pesquisa com base em 81% das empresas do ranking de faturamento da ABRAS mostra como a
alocação de receitas das marcas no formato atacarejo já se aproxima dos recursos destinados para os
supermercados varejistas convencionais.

Figura 05: Alocação da receita por categoria de negócio¹

41,1%
Supermercado
Atacarejo
Atacado
49,9% Postos de combustíveis
3,9% Loja de bens duráveis
1,5%
1,3%
2,3%

No ano de 2022, até o mês de novembro, a categoria de atacarejo se destacou frente outras, aumentando
suas vendas tanto em ticket médio quanto em volume adquirido (figura 05).

Por ser uma opção de abastecimento mais econômica, o atacarejo não sofreu tanto, mesmo no terceiro
bimestre de 2022, ápice da inflação no ano (figura 06 e 07). Em relação ao ticket médio, houve pouca
variação, em comparação ao mês anterior, com uma redução de itens no carrinho.

Fontes: ABRAS e XP Research | Notas: (1) Base: 81% das empresas do ranking ABRAS 9
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Varejo Supermercadista
Movimento do “Atacarejo” e marcas próprias
Figura 06: Ticket Médio (R$) - 2022 Figura 07: Média de itens - 2022

200
35
29,4 30,3 29,3 30,7
180

30 27,6
160

187,1 192,6 190,1


170,2 25

158,6
140

120
20

100

56,8 58,8 61,3 61,3 60,8 15

8,8 8,5 8,4 8,2 8,0


80

60
10
6,1 6,7 6,2 6,2 5,5
40

5
20

36,5 42,8 43,7 44,9 40,1


0 0

1º 2º 3º 4º 5º 1º 2º 3º 4º 5º
bimestre bimestre bimestre bimestre bimestre bimestre bimestre bimestre bimestre bimestre

Pequeno autosserviço Super/hipermercado Pequeno autosserviço Super/hipermercado


Atacarejo Atacarejo

Além do atacarejo como estratégia de melhorar a lucratividade das empresas, a utilização de produtos de
marcas próprias funciona como fator de aumento de margem nas vendas.

Os grandes supermercados conseguem usar distinção de preços entre seus produtos e de terceiros dentro
das lojas de forma a beneficiar os produtos de marcas próprias, que sem intermediários e riscos de
oscilação de preços dos fornecedores podem gerar uma maior margem de lucro por produto vendido.
Porém, apenas um quinto das empresas do varejo supermercadista conseguem investir em produtos
próprios, devido à complexidade da operação ou falta de conhecimento, por parte do público, do nome da
marca. Mais uma vez, as maiores e mais conhecidas pelo público possuem maior facilidade de uso dessa
estratégia.

Figura 08: Participação de vendas de marca própria nas seções – 2021¹

Padaria e confeitaria 55,2%


Mercearia seca 21,4% Empresas do Varejo que
Perecíveis industrializados 6,1% investem em produtos de
Demais perecíveis 5,0% marca própria
Mercearia líquida 3,5%
Limpeza em geral 1,8% 79%
Higiene e perfumaria 1,6%
Peixaria 0,7%
PET 0,4%
21%
Outros 4,5%
Não Sim

Além de produtos industrializados de marca própria, os supermercados com foco na experiência do


consumidor investem em produtos de marca própria que gerem diferenciação de oferta e personalização
de produtos, normalmente nos segmentos que atuam com classes de renda mais altas, que por sua vez
são mais resilientes aos preços. Acima podemos notar a participação de vendas de produtos de marca
própria pelas empresas que utilizam essa estratégia. O destaque são as seções de produtos como padaria,
confeitaria, mercearia seca e outros produtos perecíveis (industrializados ou não).

Fontes: ABRAS, SUPERHIPER e XP Research | Notas: (1) Últimos dados disponíveis. 10


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Seção 4

Impactos recentes

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Varejo Supermercadista
Pandemia e o isolamento social

Diferente de outros setores da economia que sofreram com a crise da covid-19, ou até mesmo para o setor
de varejo de produtos considerados não essenciais, a pandemia iniciada no fim do primeiro trimestre de
2020 afetou positivamente o resultado dos super e hipermercados brasileiros. A margem de lucro líquido
média subiu de 2,4% em 2019, para 2,7% em 2020. No ano seguinte, atingiu 2,9% na média de 471
empresas analisadas pela ABRAS.

Figura 09: Margem de lucro líquido média (%) - Base em 471 empresas supermercadistas¹

2,9
2,7
2,3 2,3 2,3 2,3 2,4
2,2

1,6

2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

A principal explicação para o impulso da lucratividade dos supermercados em um cenário conturbado de


crise sanitária e isolamento social foi a função de prover os bens essenciais diretamente à população, sem
ter a proibição de funcionamento como ocorreu com maioria do comércio e atendimento de serviços.

Em contrataste com a situação vulnerável de bares e restaurantes, por exemplo, o varejo alimentar ganhou
tração durante os lockdowns na medida que as pessoas precisavam comer em casa. Além disso, o
excesso de poupança da classe média, somado a um cenário de expansão monetária (taxa Selic na
mínima histórica) e transferências de renda do governo, trouxeram aumento nas vendas de produtos de
“linha branca”, que são eletrodomésticos em sua maioria. Essa antecipação de consumo de bens duráveis
perdeu força no fim de 2021.

Em contrapartida, o ano de 2022 foi bastante desafiador para o varejo brasileiro, com fatores que
impactaram o mercado e o consumidor, como guerra, inflação, juros elevados, alta taxa de inadimplência e
desaceleração da economia.

A chegada do terceiro trimestre trouxe indicadores que tiveram projeções um pouco mais positivas, com
queda no desemprego e aumento da renda, mas ainda longe de melhorar o cenário econômico.

O IPCA, por exemplo, registrou deflação nos meses de julho, agosto e setembro, depois de um longo
período em alta. Em outubro, no entanto, retornou à tendência de alta, com grande influência de
alimentação e bebidas.

Fonte: ABRAS e Research XP | Notas: (1) Últimos dados disponíveis 12


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Varejo Supermercadista
Cenário de 2022

Como resultado, o brasileiro aumentou o valor médio gasto nos supermercados nos últimos meses, cerca
de 13,3% (ticket médio de jan/22 vs. out/22). Por outro lado, o número de itens comprados cresceu
desproporcionalmente em 1,5% no mesmo período, com destaque para o atacarejo que foi a única
categoria que apresentou aumento.

Em comparação com 2021, percebe-se um consumidor com maior tendência por compras de
abastecimento, que é sugerido pelo aumento de tíquete médio e média de itens.

Figura 10: Cenário de 2022 aponta um consumidor com maior tendência por abastecimento

Cesta Total Alimentos Bebidas Não Limpeza Higiene e Bebidas Carnes e Hortifruti Peixes e Pet Shop
Industrializados Alcoólicas Beleza Alcoólicas Aves Frutos do Mar

Outubro
2021

Incidência: - 78,6% 29,2% 20,4% 18,3% 10,6% 20,4% 41,2% 0,9% 1,8%

Ticket médio: R$ 78,06 R$ 43,50 R$ 13,84 R$ 21,08 R$ 23,69 R$ 43,37 R$ 44,53 R$ 16,15 R$ 36,99 R$ 20,21

Média de itens: - 7,69 4,38 3,79 3,79 7,66 2,22 3,77 1,37 2,74

Outubro
2022

Incidência: - 80,9% 31,3% 21,9% 20,5% 10,1% 22,1% 38,4% 1,2% 2,1%

Ticket médio: R$ 93,55 R$ 54,80 R$ 16,97 R$ 27,42 R$ 28,79 R$ 43,65 R$ 50,70 R$ 19,21 R$ 38,71 R$ 25,19

Média de itens: 13,67 8,58 5,08 4,15 4,07 7,03 2,45 3,19 1,48 2,67

E para 2023?

Para o ano corrente, se destacam a melhoria do emprego, que impulsiona o setor de serviços e comércio, o
alívio da inflação de curto prazo e a manutenção do Auxílio Brasil, renomeado como Bolsa Família, na faixa
dos R$ 600 mensais. No âmbito político, pode-se entender que as falas do atual presidente da república
são promissoras para o setor, uma vez que elas afirmam um compromisso no combate à fome, gerando
impactos diretos ao setor no consumo de alimentos.

Em contrapartida, o cenário de incertezas acerca das políticas fiscais e seu impacto na inflação podem
corroborar para a redução do poder de compra dos consumidores e a manutenção do patamar elevado das
taxas de juros.

Fontes: ABRAS, SUPERHIPER e XP Research 13


Research Renda Fixa / Varejo Supermercadista

Seção 5

Relação com o cenário


macroeconômico

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Varejo Supermercadista
Relação com o cenário macroeconômico

O setor de varejo está intimamente relacionado às variáveis macroeconômicas que impactam o consumo
das famílias, como o emprego, poder de compra (inflação), confiança no consumo e crédito. Para os
supermercados, cenários macro desafiadores tendem a dificultar os resultados das varejistas, mas os
segmentos de bens e serviços essenciais se mostram resilientes por conta da necessidade do consumo,
tais como alimentos e produtos farmacêuticos.

Figura 11: Variação das vendas do varejo por segmento

10%

-10%

-30%

-50%

jan-21
jan-15

jan-16

jan-17

jan-18

jan-19

jan-20

jan-22
abr-15
jul-15

abr-16
jul-16

abr-17
jul-17

abr-18
jul-18

abr-19
jul-19

abr-20
jul-20

abr-21
jul-21

abr-22
jul-22
out-21
out-15

out-16

out-17

out-18

out-19

out-20

out-22
Hipermercados e supermercados Vestuário e Calçados Móveis e Eletrodomésticos
Produtos farmacêuticos Livros e revistas Artigos de escritório

No gráfico acima, notamos a baixa volatilidade das vendas no varejo de supermercados (em amarelo),
explicada pela pulverização de produtos e marcas oferecidas, além de conter grande parcela de bens
essenciais vendidos nas lojas. Empresas varejistas de segmentos específicos como mobília e
eletrodomésticos sofrem maior variação nas vendas dependendo de acessibilidade ao crédito ou, no caso
de 2020, o fechamento temporário das lojas físicas.

Segundo dados do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério da Economia,


mais de 3 milhões de ocupações com carteira assinada foram criadas no acumulado em 2022, em
decorrência ao aquecimento da economia advindo da recuperação da Covid-19. Na mesma linha, em
novembro, a publicação da PNAD Contínua do IBGE apresentou queda na taxa de desemprego no período
anual: de 11,6% para 8,1%. Porém, houve reduções em termos de renda e uma reversão do cenário positivo
em dezembro, que apresentou saldo negativo de 431 mil vagas.

Figura 12: Taxa de Desemprego Figura 13: Inadimplentes (Milhões de pessoas)


20% 400 72
70
15% 200 68
- 66
10% 64
(200) 62
5% 60
(400) 58
0% (600) 56
54
fev-20
fev-14

ago-15

fev-17

ago-18

ago-21
mai-16

mai-19

mai-22
nov-14

nov-17

nov-20

52
jan-17
jun-17

jan-22
jun-22
fev-19

ago-21
set-18
abr-18

mar-21
jul-19
dez-19
nov-17

out-20

nov-22
mai-20

Taxa de desemprego (%) Variação A/A (bps)

Fontes: IBGE, CAGED, PNAD e Research XP. 15


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Varejo Supermercadista
Relação com o cenário macroeconômico

Apesar da alta inadimplência atualmente, espera-se declínio no indicador nos próximos meses em
decorrência à melhora nos indicadores de emprego e redução da inflação nos últimos meses. Por outro
lado, vale mencionar que nos últimos meses os alimentos têm pesado no indicador geral de inflação,
penalizando mais as famílias de baixa renda

Figura 14: IPCA (inflação ao consumidor) Figura 15: Quebra da inflação por componentes

14% 30%
12% 20%
10%
10%
8%
6% 0%
4% -10% jan-10

jun-16

jan-21
set-13
ago-14

mar-19
fev-20
dez-10

jul-15

dez-21
nov-11
out-12

abr-18

nov-22
mai-17
2%
0%
jan-21
jan-10

jun-16

fev-20
set-13
ago-14
dez-10

mar-19

dez-21
jul-15
nov-11
out-12

abr-18

nov-22
mai-17

Alimentos & Bebidas Vestuário


Móveis Saúde e Cuidados Pessoais
Despesas pessoais

Em termos de índice de confiança, houve queda em janeiro tanto do ponto de vista do consumidor quanto
do varejista. Para os comerciantes, as atuais taxas de juros e a visibilidade de uma manutenção da inflação
em patamares elevados podem reprimir o poder dos clientes e afetar diretamente o comércio. Para os
consumidores, a piora das expectativas futuras também foram fundamentais na mudança de perspectiva
sobre a economia.

Figura 16: Índice de confiança do consumidor Figura 17: Índice de confiança do varejo

120 120
110 110
100 100
90 90
80 80
70 70
60 60

50 50
40
40
fev-21
jan-11

jan-22
jun-17
set-14
ago-15
dez-11

abr-19
mar-20

dez-22
jul-16
nov-12
out-13

mai-18
jan-10
jan-11
jan-12
jan-13
jan-14
jan-15
jan-16
jan-17
jan-18
jan-19
jan-20
jan-21
jan-22
jan-23

Diante do cenário macroeconômico mais desafiador e de seus efeitos colaterais no consumo, o governo
vem buscando formas de proteger o poder aquisitivo dos brasileiros por meio de reduções de impostos
(por exemplo, a tentativa de isenção de imposto de renda para quem ganha até 5 mil reais por mês) e
benefícios sociais.

Fontes: IBGE, FGV IBRE e Research XP. 16


Research Renda Fixa / Varejo Supermercadista

Seção 6

Considerações finais

17
Research Renda Fixa / Varejo Supermercadista 8 de fevereiro de 2023

Considerações finais
Considerações finais e principais gráficos do relatório

Em termos gerais podemos compreender que o Figura 18: Ticket Médio (R$) - 2022
setor alimentício apresenta relevante resiliência
no varejo. Além disso, entre as categorias de
200

180

varejistas de alimentos, o atacarejo se destaca 160


187,1 192,6 190,1
170,2
por apresentar produtos com preços atrativos 158,6
140

120

devido ao seu modelo de negócios. 100

80

56,8 58,8 61,3 61,3 60,8


Por outro lado, vemos que a ciclicidade do varejo 60

pesa sobre o segmento alimentício em períodos


40

20

36,5 42,8 43,7 44,9 40,1


adversos, como o atual cenário macroeconômico: 0

índice inflacionário elevado e taxas de juros 1º 2º 3º 4º 5º


bimestre bimestre bimestre bimestre bimestre
robustas.
Pequeno autosserviço Super/hipermercado
Atacarejo

Figura 19: Variação das vendas do varejo por segmento

20%
10%
0%
-10%
-20%
-30%
-40%
-50%
jan-21
jan-15

jan-16

jan-17

jan-18

jan-19

jan-20

jan-22

jul-22
jul-15

jul-16

jul-17

jul-18

jul-19

abr-20
jul-20

jul-21
out-21
abr-15

out-15

abr-16

out-16

abr-17

out-17

abr-18

out-18

abr-19

out-19

out-20

abr-21

abr-22

out-22
Hipermercados e supermercados Vestuário e Calçados Móveis e Eletrodomésticos

Produtos farmacêuticos Livros e revistas Artigos de escritório

Por sua essencialidade, a categoria alimentícia se Figura 20: IPCA (inflação ao consumidor)
mostra resiliente durante ciclos voláteis. Contudo,
14%
em um cenário de contração do poder de compra
12%
dos consumidores, há mudanças no
comportamento do cliente, como, por exemplo, a 10%
preferência por produtos de abastecimento. 8%

Do lado positivo, a melhora do emprego no ano de 6%


2022, o alívio da inflação no curto prazo e a 4%
manutenção do Auxílio Brasil corroboram para
2%
um cenário mais favorável no início do ano
0%
corrente.
jan-10

jun-16

jan-21
set-13
ago-14

fev-20
dez-10

jul-15

mai-17
abr-18
mar-19

dez-21
nov-11
out-12

nov-22

Fontes: ABRAS, IBGE e Research XP. 18


Research Renda Fixa / Varejo Supermercadista 8 de fevereiro de 2023

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na Resolução CVM nº 20/2021, tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar sua própria decisão de
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produzidas de forma independente, inclusive em relação à XP Investimentos e que estão sujeitas a modificações sem aviso prévio em decorrência de
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4) O analista responsável pelo conteúdo deste relatório e pelo cumprimento da Resolução CVM nº 20/2021 está indicado acima, sendo que, caso
constem a indicação de mais um analista no relatório, o responsável será o primeiro analista credenciado a ser mencionado no relatório.

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desempenhos anteriores não são necessariamente indicativos de resultados futuros. A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos. As
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13) A Avaliação Técnica e a Avaliação de Fundamentos seguem diferentes metodologias de análise. A Análise Técnica é executada seguindo conceitos
como tendência, suporte, resistência, candles, volumes, médias móveis entre outros. Já a Análise Fundamentalista utiliza como informação os
resultados divulgados pelas companhias emissoras e suas projeções. Desta forma, as opiniões dos Analistas Fundamentalistas, que buscam os
melhores retornos dadas as condições de mercado, o cenário macroeconômico e os eventos específicos da empresa e do setor, podem divergir das
opiniões dos Analistas Técnicos, que visam identificar os movimentos mais prováveis dos preços dos ativos, com utilização de “stops” para limitar as
possíveis perdas.

14) Para fins de verificação da adequação do perfil do investidor aos serviços e produtos de investimento oferecidos pela XP Investimentos, utilizamos
a metodologia de adequação dos produtos por portfólio, nos termos das Regras e Procedimentos ANBIMA de Suitability nº 01 e do Código ANBIMA de
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risco para cada perfil de investidor (conservador, moderado e agressivo), bem como uma pontuação de risco para cada um dos produtos oferecidos
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