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IV Congresso de Pesquisa e Extensão da FSG

II Salão de Extensão
http://ojs.fsg.br/index.php/pesquisaextensao
ISSN 2318-8014

PERFIL DOS PRATICANTES DE PARKOUR NO BRASIL

Bruna Palavro¹
Faculdade da Serra Gaúcha

Informações de Submissão Resumo


*bruupalavro@gmail.com. O Parkour é uma disciplina de treinamento que enfatiza
Rua Antônio Montemezzo, 2236 - Caxias do diminuir o tempo de deslocamento de um ponto a outro num
Sul - RS - CEP: 95099-080 determinado percurso, capacitando o praticante a utilizar apenas
o próprio corpo para transpor obstáculos. Por se tratar de uma
prática física relativamente nova no Brasil pouco se conhece
Palavras-chave: sobre os praticantes dessa atividade, desse modo, o presente
Atividade física, esporte, qualidade de vida, estudo objetivou identificar o perfil dos praticantes de Parkour
lesões em atleta. no Brasil, utilizando-se de um questionário online autoaplicável
desenvolvido pelo pesquisador e enviado aos praticantes através
da rede social Facebook, identificando-os através dos grupos de
Parkour específicos de cada cidade e/ou estado. Verificou-se
que a grande maioria dos praticantes voluntários foram do sexo
masculino, com idade média de 23 anos (±8,00) anos, com
tempo de treino maior do que 5 anos, tendo conhecido o
Parkour através de amigos e havendo preferência pelo treino em
locais públicos como parques e praças, de 2 a 3 vezes por
semana, com média de 3, 32 (±1,18) horas, organizando-o de
forma a repetir os mesmos movimentos afim de melhorá-los. O
estudo revelou também uma maior incidência de lesões no
Parkour no que nas demais atividades físicas realizadas por
esses praticantes, onde o tratamento escolhido pela maioria é a
automedicação e repouso. Quanto à qualidade de vida, não
houveram diferenças significativas anterior e posterior o início
da prática. Por fim, conclui-se que o Parkour mostra-se uma
alternativa como atividade física dado ao fato de que pode ser
realizada em locais públicos e sem custo algum porém, na
maioria das vezes, sem profissionais capacitados que auxiliem e
orientem a movimentação.

1 INTRODUÇÃO

As atividades físicas podem ser definidas como o conjunto de ações que um indivíduo
realiza envolvendo gasto de energia e alterações do organismo, por meio de exercícios que
envolvam movimentos corporais com aplicação de uma ou mais capacidades físicas, além do
envolvimento cognitivo e o social, sendo um dos elementos fundamentais para a aquisição e
manutenção de uma boa qualidade de vida (AMARANTE, 2003). A prática dessas atividades

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pode trazer diversos benefícios, dentre eles melhora da capacidade cardiorespiratória, no nível
de força e flexibilidade, equilíbrio e resistência, aumento da auto-estima e diminuição dos
níveis de stress, alem de benefícios econômicos, reduzindo custos de atenção à saúde
(AMARANTE, 2003). Quanto a modalidades, uma atividade física pode ser cíclica, quando
há repetição contínua e prolongada de um determinado gesto esportivo, acíclicas quando não
há repetição contínua do movimento, onde a naturalidade e a espontaneidade dos gestos
técnicos são marcantes e em semicíclicas, sendo as atividades que integram simultaneamente
a repetitividade e espontaneidade. (UNESCO, 2013)
A prática de atividades físicas vem aumentando de forma significativa, devido ao
surgimento de uma nova consciência sobre a importância dessa prática regular na qualidade
de vida das pessoas, o que por si só já é um bom motivo para maiores estudos envolvendo
esportes e práticas já conhecidas e novas, bem como os benefícios e particularidades de cada
uma. Muitas pesquisas destacam que praticar de forma adequada uma atividade física com
determinada frequência, intensidade e duração contribui para o bem-estar e a qualidade de
vida da sociedade. A atividade física é considerada componente importante dentro de um
estilo de vida saudável, visto que a realização destas sistematicamente e com certa frequência
constitui um fator de proteção da saúde e prevenção de diferentes transtornos, devido aos
importantes benefícios fisiológicos e psicológicos associados a ela (SOARES, 2011).
Visto o crescente desenvolvimento urbano da sociedade atual, a falta de espaço físico
adequado, o ascendente modismo dos diferentes jogos eletrônicos e o advento tecnológico
como fatores que estimulam a inatividade física, o Parkour vem difundindo-se cada vez mais
por não haver limite de espaço para prática e tampouco necessidade de estrutura e acessórios,
tornando-se importante ferramenta na prevenção e combate do sedentarismo (AGUIAR
JUNIOR, 2011)
O Parkour é uma disciplina de treinamento que enfatiza diminuir o tempo de
deslocamento de um ponto a outro num determinado percurso, capacitando o praticante a
utilizar apenas o próprio corpo para transpor obstáculos, tornando-o mais forte, flexível e apto
a mover-se rapidamente e eficientemente através de um determinado ambiente de modo a ser
capaz de reagir em situações de emergência. Foi criado baseando-se no treinamento militar da
França que visava o uso racional de energia e economia de esforço, garantindo a otimização
do salvamento ou combate. Este por sua vez, era inspirado no Método Natural descrito por
George Hébert em 1905 (SOARES, 2003), organizado em dez habilidades naturais sendo elas

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marchar, correr, saltar, andar em quatro apoios, escalar, equilibrar-se, carregar, arremessar e
levantar pesos, lutar e nadar, da forma mais natural possível (TELO, 2008).
Os praticantes são caracterizados pela capacidade em perceber o meio e moldar-se,
assimilando tudo que é necessário, de modo a transformar obstáculos e restrições em
possibilidades (FERNANDES, 2014). Estes lidam com o medo e receio de forma bastante
única, tendo em vista os perigos inerentes aos percursos que possam encontrar e, sendo assim,
possuir uma biomecânica corporal que envolva uma boa mobilidade articular e amplitude de
movimento, força física e psicológica, flexibilidade, potência e tempo de reação, equilíbrio e
resistência garante uma maior segurança (SAVILLEA, 2008).
Sendo geralmente movidos pela busca por desafios e por uma capacidade física cada
vez melhor e mais completa, os praticantes podem optar por procurar outras atividades além
do Parkour, sejam estas atletismo, ginástica olímpica, escalada, artes marciais e outras, a fim
de complementar mais os seus treinos e suas habilidades, bem como seu criador, David Belle
o fez (FERNANDES, 2014).
A prática do Parkour ainda se mostra pouco conhecida no Brasil e, devido a isso,
pouco se conhece sobre os praticantes e o que os leva a escolhê-lo como atividade física, da
mesma forma que pouco se sabe em relação à incidência das lesões que acometem esses
atletas, sendo que estas podem ser ocasionadas por inúmeros fatores, tais como os frequentes
saltos, aterrissagens, mudanças de direção repentinas e outros (PARIS, 2010).
A ausência de literatura específica e a falta de informações científicas sobre o Parkour
e os fatores a ele ligados evidenciam a necessidade de pesquisas sobre o tema, sendo assim, o
presente estudo visou um maior conhecimento sobre o porquê da escolha em treinar o
Parkour, bem como a incidência de lesões e como ele influi o dia a dia dos atletas,
objetivando traçar o perfil desses praticantes no Brasil.

2 METODOLOGIA

Foi desenvolvido um estudo transversal, realizado através de um questionário online


autoaplicável criado pelo pesquisador, baseando-se na vivência do mesmo durante a prática da
atividade para as questões específicas sobre o Parkour. Foi distribuído aos praticantes por
meio da rede social Facebook, identificando-os através da busca por grupos específicos de
cada cidade e/ou estado, bem como pelo grupo intitulado Parkour Brasil. O questionário foi
composto de questões de múltipla escolha com dados pessoais, sobre qualidade de vida e

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condições socioeconômicas, sobre o tempo e rotina de treino no Parkour (do início da prática
até o preenchimento do questionário), outras atividades que realize concomitantemente com o
Parkour e lesões (sejam antigas ou do presente, durante a prática do Parkour e durante a
prática de outras atividades caso realize).
A amostragem foi realizada de forma não probabilística, consecutiva e por
conveniência, recrutando o maior número de indivíduos possível, de qualquer idade e de
ambos os sexos de diversos estados do Brasil, que sejam praticantes de Parkour e
concordassem em participar do estudo. Apresentando risco mínimo aos voluntários, que
poderiam apresentar constrangimento pelas respostas aos questionamentos envolvendo dados
pessoais (este minimizado ao ser mantido o anonimato do participante), o único critério de
exclusão do estudo abrangeu praticantes que não quiseram participar voluntariamente da
pesquisa.
Devidamente aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa FSG sob protocolo nº:
1.309.202, os dados foram coletados nos meses de setembro e outubro de 2015, armazenados
em um banco de dados criado através do Microsoft Office Excel e analisados utilizando
estatística descritiva (frequência simples, desvio padrão e percentual) utilizando formatação
dos dados no programa SPSS versão 22.0.

3 RESULTADOS

O estudo populacional foi realizado com 247 indivíduos praticantes de Parkour, sendo
215 homens e 29 mulheres, com idade média de 23 (±8,00) anos, conforme mostra a tabela 1.
Quanto à escolaridade, 41,7% destes possuem ensino superior incompleto e 35,7% ainda
cursam ou cursaram o ensino médio. É possível ainda observar na tabela 1 que referente a
ocupação, 40,9% da amostra é representada por estudantes e 34% dela estão empregados,
onde 110 indivíduos possuem renda de 2 a 3 salários mínimos e 92 possuem renda menor que
um salário mínimo.

1. Caracterização pessoal e socioeconômica


Frequencia (%)
Sexo
Masculino 218 (88,3)
Feminino 29 (11,7)
Idade
< 15 anos 16 (6,5)

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15 a 18 anos 46 (18,6)
19 a 21 anos 64 (25,9)
22 a 25 anos 75 (30,4)
26 a 30 anos 35 (14,2)
> 30 anos 11 (4,5)
Escolaridade
Fundamental 18 (7,3)
Médio 88 (35,6)
Superior incompleto 103 (41,7)
Superior completo 28 (11,3)
Pós-graduação 10 (4,0)
Ocupação
Desempregado 15 (6,1)
Empregado 84 (34,0)
Estudante 101 (40,9)
Empresário 10 (4,0)
Autônomo 23 (9,3)
Estagiário 14 (5,7)
Renda
< 1 salário mínimo 92 (37,2)
2 a 3 salários mínimos 110 (44,5)
4 a 5 salários mínimos 27 (10,9)
6 a 7 salários mínimos 9 (3,6)
> 8 salários mínimos 9 (3,6)

A tabela 2 nos mostra que 107 indivíduos conheceram o Parkour através dos amigos e
109 iniciaram a prática para superar seus próprios limites. Sobre o tempo de treino há grande
variação, ressaltando-se 35,2% da amostra que treina o Parkour há mais de 5 anos e 16,2%
que o pratica entre 1 e 2 anos. Apenas 4,5% dos praticantes afirma não realizar nenhum tipo
de estudo sobre o Parkour; 37,7% diz realizar amplos estudos que envolvem vídeos com a
movimentação, textos com a história, filosofia e evolução da prática, artigos científicos e
outros e 30,8% diz apenas assistir vídeos e ler textos (tabela 2).
Os treinos ocorrem em sua maioria de 2 a 3 vezes por semana, sendo indicados
respectivamente por 27,5 e 27,9% dos indivíduos, com duração média de 3,32 (±1,18) horas,
onde a maior parte dos praticantes opta por treinar em parques e praças (sendo estes citados
por 212 praticantes), onde 67,2% de todos os voluntários diz repetir os mesmos movimentos a
fim de melhorá-los.
Ainda conforme a tabela 2, quando os praticantes são questionados quanto a lesões
ocorridas durante os treinos do Parkour, 99 afirmam que ao longo de seu período de treino
sofreram somente escoriações e 51 afirmam terem sofrido lesões ligamentares. Apenas 29

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indivíduos assinalaram como já terem fraturado algum segmento e o tratamento mais


comumente citado foi a automedicação e repouso, sendo a opção escolhida por 120 dos 247
praticantes voluntários, 49 praticantes afirmam nunca terem sofrido qualquer tipo de lesão.

Tabela 2. Caracterização dos indivíduos quanto ao Parkour e treinos do mesmo


Frequencia (%)
Tempo de treino
< 6 meses 27 (10,9)
7 meses a 1 ano 17 (6,9)
1 ano e 1 mês a 2 anos 40 (16,2)
2 anos e 1 mês a 3 anos 29 (11,7)
3 anos e 1 mês a 4 anos 24 (9,7)
4 anos e 1 mês a 5 anos 23 (9,3)
> 5 anos 87 (35,2)
Como conheceu o Parkour
Observando praticantes 20 (8,1)
Internet 78 (31,6)
Meios de telecomunicação 40 (16,2)
Amigos 107 (43,3)
Outros 2 (0,8)
Porque escolheu o Parkour
Filosofia 80 (32,4)
Ser um esporte radical 20 (8,1)
Ser algo que chama a atenção das pessoas 2 (0,8)
Superação dos limites 109 (44,5)
Outros 36 (14,2)
Estudos sobre o Parkour
Vídeos e textos com técnicas 76 (30,8)
Textos com a história, evolução, estudos 32 (13,0)
Artigos científicos 13 (5,3)
Nenhum 11 (4,5)
Apenas vídeos para ideias de movimentos novos 15 (6,1)
Apenas vídeos para comparar meus movimentos com os demais 7 (2,8)
Amplos estudos que abrangem todas as categorias acima 93 (37,7)
Dias/semana de treino
1 dia 46 (18,2)
2 dias 68 (27,5)
3 dias 69 (27,9)
4 dias 37 (15,0)
5 dias 13 (5,3)
6 dias 5 (2,0)
7 dias 9 (3,6)
Horas/dia de treino
< 1 hora 5 (2,1)
1 a 2 horas 58 (23,5)
3 a 4 horas 137 (55,4)

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5 a 6 horas 28 (11,3)
> 6 horas 19 (7,7)
Organização dos treinos
Repetições dos mesmos movimentos 186 (75,3)
Movimentos aleatórios 34 (13,8)
O que for mais radical 1 (0,4)
Movimentos com maior complexidade e dificuldade para mim 26 (10,5)
Apenas movimentos que já sei fazer 0 (0,0)
Locais de treino
Praças e parques 212 (85,9)
Prédios 1 (0,4)
Academias de Parkour ou ginástica olímpica 6 (2,4)
Todas as opções 5 (2,0)
Locais abandonados 4 (1,6)
Outros 19 (7,7)
Lesões
Nunca sofri qualquer tipo de lesão 49 (19,8)
Escoriações 99 (40,1)
Lesões ligamentares 51 (20,6)
Lesões musculares 20 (8,1)
Fraturas 28 (11,3)
Referente a questão anterior, qual o tratamento escolhido
Repouso e automedicação 120 (48,6)
Consulta médica e repouso 27 (10,9)
Fisioterapia 20 (8,1)
Imobilização 27 (11,0)
Cirurgia 4 (1,6)
Outros 49 (19,8)

Conforme observado na tabela 3, apenas 23 indivíduos não praticam nenhuma outra


atividade além do Parkour, enquanto que para os outros 224 praticantes as atividades mais
comumente citadas foram treinos físicos realizados por conta própria, corrida e caminhada.
Dos 247 voluntários, 46 afirmam ainda realizar mais de uma das modalidades citadas na
pesquisa.
O tempo para a prática dessas atividades é de mais ou menos 1 a 2 horas, sendo a
opção escolhida por 47,8% da amostra, 2 ou 3 vezes por semana, sendo a escolha de
respectivamente 56 e 57 praticantes. Quando questionados sobre lesões ocasionadas durante a
prática dessas outras atividades, 57,5% da amostra relatam nunca ter sofrido nenhuma lesão e
para os demais praticantes, que referiram já terem se lesionado, escoriações e lesões
musculares são as mais citadas sendo 17 e 13,4% respectivamente, sendo repouso e
automedicação o tratamento escolhido por 69 praticantes.

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Tabela 3. Caracterização das atividades realizadas em paralelo com o Parkour


Frequencia (%)
Outra atividade em paralelo com o Parkour
Nenhuma 29 (11,7)
Dança 4 (1,6)
Lutas/Artes Marciais 4 (1,6)
Musculação 20 (8,2)
Treino físico por conta própria 39 (15,8)
Treinamento funcional 3 (1,2)
Corrida/Caminhada 34 (13,7)
Treino físico por conta , corrida/caminhada 56 (22,7)
Mais de uma opção entre as citadas acima 46 (18,7)
Outros 12 (4,8)
Dias/semana dedicados as práticas acima citadas
Nenhum 29 (11,7)
1 dia 19 (7,7)
2 dias 56 (22,7)
3 dias 57 (23,1)
4 dias 25 (10,1)
5 dias 35 (14,2)
6 dias 12 (4,9)
7 dias 14 (5,7)
Horas/dia de treino sobre as práticas acima citadas
Nenhuma 29 (11,7)
< 1 hora 43 (17,0)
1 a 2 horas 118 (47,8)
3 a 4 horas 48 (19,9)
5 a 6 horas 5 (2,0)
> 6 horas 4 (1,6)
Lesões
Nunca sofri qualquer tipo de lesão 142 (57,5)
Escoriações 42 (17,0)
Lesões ligamentares 25 (10,1)
Lesões musculares 33 (13,4)
Fraturas 4 (1,6)
Outros 1 (0,4)
Referente a questão anterior, qual o tratamento escolhido
Repouso e automedicação 69 (28,0)
Consulta médica e repouso 18 (7,3)
Fisioterapia 12 (4,8)
Imobilização 4 (1,6)
Cirurgia 2 (0,8)
Outros 142 (57,5)

Quando questionados quanto à qualidade de vida, o estudo revelou uma melhora


significativa na vida dos praticantes após o início da pratica, sendo classificada por 52,2% da

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amostra como normal antes e por de 57,9% como muito boa após o início dos treinos do
Parkour e, de mesma forma, mostra-se a satisfação dos indivíduos para com sua saúde, sendo
de grau indiferente para 34% e satisfatório para 35,2% dos praticantes anterior a prática e
após satisfatório para 49,4% e muito satisfatório para 40,5%. 125 indivíduos relataram ainda
estarem satisfeitos com sua aparência física e apenas 7 referem estar muito insatisfeitos,
conforme observado na tabela 4.

Tabela 4. Caracterização da qualidade de vida


Frequencia (%)
Como você avalia sua vida antes do Parkour
Muito ruim 17 (6,9)
Ruim 49 (19,8)
Normal 129 (52,2)
Boa 43 (17,4)
Muito boa 9 (3,6)
Como você avalia sua vida após o Parkour
Muito ruim 1 (0,4)
Ruim 1 (0,4)
Normal 15 (6,1)
Boa 87 (35,2)
Muito boa 143 (57,9)
O quão satisfeito com sua saúde voce era antes do Parkour
Muito insatisfeito 10 (4,0)
Insatisfeito 51 (20,6)
Indiferente 84 (34,0)
Satisfeito 87 (35,2)
Muito satisfeito 15 (6,1)
O quão satisfeito com sua saúde você está?
Muito insatisfeito 1 (0,4)
Insatisfeito 8 (3,2)
Indiferente 16 (6,5)
Satisfeito 122 (49,4)
Muito satisfeito 100 (40,5)
O quão satisfeito com sua aparência física você está?
Muito insatisfeito 7 (2,8)
Insatisfeito 39 (15,8)
Indiferente 52 (21,1)
Satisfeito 125 (50,6)
Muito satisfeito 24 (9,7)

A tabela 4 nos mostra que ainda quanto à qualidade de vida, os resultados encontrados
mostram não existir diferenças na satisfação com a saúde e nem na qualidade de vida dos
praticantes de Parkour no que diz respeito a antes e após iniciar a prática.

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4 DISCUSSÃO

Estudos afirmam notar-se uma maior preferência às atividades esportivas por parte
dos indivíduos do sexo masculino, ressaltando-se também a preferência por aquelas atividades
que podem ser desenvolvidas em espaços públicos, não dependendo de custo financeiro
significativo (PFEIFER, 2010. COSTA, 2003), coincidindo com os resultados encontrados no
presente estudo no qual 215 praticantes são do sexo masculino e 212 optam por realizar seus
treinos em espaços públicos como praças e parques.
Um estudo realizado em 2011 com jovens de 15 a 17 anos mostrou que a maioria dos
jovens realiza atividades físicas por diversão e lazer, seguidamente da preocupação para com
uma melhor silhueta do corpo (PEREIRA, 2009). Evidências científicas apontam que a
insatisfação com a imagem corporal é cada vez mais comum (SOARES, 2011). Estes
objetivos determinantes da prática físico-desportiva foram apontados também em diversos
outros estudos realizados em diferentes contextos culturais (BLAIR, 1995), diferindo dos
resultados encontrados, no qual a maior parte dos praticantes de Parkour possui idade média
de 23 (±8,00) anos e iniciou os treinos na prática para superação dos próprios limites e, da
mesma forma, mostra-se a satisfação destes praticantes em relação a sua imagem corporal,
onde a maioria assinalou como estarem satisfeitos com sua aparência física.
O tempo para a prática de atividades físicas encontrado no estudo foi de 2 a 3 dias por
semana, tanto para o Parkour quanto para as demais atividades realizadas pelos praticantes,
porém, quanto às horas dedicadas às práticas, o Parkour mostrou ocupar um tempo maior dos
praticantes do que as demais atividades realizadas, ao passo que as opções mais escolhidas
entre os voluntários da pesquisa foram 3 a 4 horas para o Parkour e 1 a 2 horas para a prática
das demais atividades. Logo, pode-se considerar o Parkour como uma atividade de longa
duração e as demais atividades como de moderada duração (SAFRAN, 2002). Tais resultados
diferem do encontrado na literatura, que traz estudos afirmando que a proporção de jovens
sedentários vem aumentando claramente em diversos países, mostrando-se preocupante visto
que pode ser considerada uma tendência mundial (SAFRAN, 2002).
O desenvolvimento de habilidades específicas como saltar, corridas e movimentos de
alta velocidade contribui significantemente para o aumento de lesões durante as práticas
esportivas (CARVALHO, 2009) e, como em outros esportes, destreza de força, velocidade,
resistência, habilidade e agilidade se fazem necessárias, de modo que a ocorrência de lesões

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se torne inevitável, sendo as principais escoriações, rupturas musculares e ligamentares,


luxações e fraturas (AMARAL, SANTOS, 2010), condizendo com os achados encontrados na
presente pesquisa.
No Parkour, as lesões ocorrem geralmente por 2 motivos: métodos inadequados de
treino, onde o praticante realiza treinos intensos, com movimentos repetitivos por vários dias
consecutivos, fadigando a musculatura e assim por sua vez, ficando mais propenso a lesões, e
por alterações posturais, onde podem ocorrer compensações devido à má organização dos
treinos no que diz respeito aos movimentos e que musculatura esses movimentos estão
recrutando, realizando assim o fortalecimento de alguns músculos específicos e o desuso de
outros (TAKAHASHI, 2014). Ambas as formas estão ligadas diretamente ao fato de que no
Parkour existem poucos profissionais capacitados e a maioria dos praticantes realiza os
treinos sem supervisão ou acompanhamento de alguém com mais experiência, o que
geralmente não ocorre nas demais modalidades esportivas onde há sempre o acompanhamento
de técnico ou treinador (TAKAHASHI, 2014), o que pode ser uma justificativa aos
praticantes obterem mais lesões durante a prática do Parkour do que nas demais atividades
realizadas por eles..

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que o Parkour mostra-se uma alternativa como atividade física dado ao fato
de que pode ser realizada em locais públicos e sem custo algum, porém, na maioria das vezes,
sem profissionais capacitados que auxiliem e orientem a movimentação. Os praticantes dessa
atividade não apresentam um perfil padrão, mas nota-se similaridades quanto a maioria da
amostra em relação a algumas variáveis apresentadas.
A dificuldade em encontrar fontes confiáveis sobre o Parkour mostra a necessidade de
realização de mais amplos estudos sobre a prática, portanto, o presente artigo mostra-se
relevante, contribuindo para o aumento da bibliografia científica sobre o assunto e podendo
ser ponto de partida para intervenções focadas na promoção de saúde, visto que a maioria dos
praticantes lesionados não busca ajuda de profissionais devidamente capacitados para a
recuperação de tais lesões, podendo estas intervenções ocorrer nos mais variados encontros de
Parkour das cidades e/ou estados e até mesmo a nível nacional.

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