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Campus universitário de Viana

Universidade Jean Piaget de Angola


Criada pelo Decreto N.º 44-A/01 do Conselho de Ministros, em 06 de Julho de 2001.

Faculdade de Ciências da Saúde

MONOGRAFIA

ESTUDO SOBRE AS CAUSAS DE ACIDENTES DE


TRABALHO COM MATERIAIS PERFURO-CORTANTES,
NOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DO HOSPITAL
MUNICIPAL DE VIANA - CAPALANGA, NO II SEMESTRE
DE 2019

Nome do estudante: João Vasco Francisco Barroso


Licenciatura: Enfermagem
Orientadora: Eurica Graça Rocha

Viana, Março de 2020


Campus universitário de Viana

Universidade Jean Piaget de Angola


Criada pelo Decreto N.º 44-A/01 do Conselho de Ministros, em 06 de Julho de 2001.

Faculdade de Ciências da Saúde

MONOGRAFIA

ESTUDO SOBRE AS CAUSAS DE ACIDENTES DE


TRABALHO COM MATERIAIS PERFURO-CORTANTES,
NOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DO HOSPITAL
MUNICIPAL DE VIANA - CAPALANGA, NO II SEMESTRE
DE 2019

Nome do estudante: João Vasco Francisco Barroso


Licenciatura: Enfermagem
EPÍGRAFE

«Quando eu me transformar em Dragão, vou espalhar o meu


fogo
Em toda parte
Quer e seja Sul
Quer e seja Norte
Vou deixar de ser imaginário
Vou deixar de ser um sonhador
Vou deixar de ser apaixonado
Vou sentir mais amor
Quando eu me transformar em Dragão
Não vou pisar sobre chão
Não lembrarei do passado
Como se não tivesse Norte
Vou encher a minha boca com fogo
Desde que não haja morte
Serei culminante
Não serei tolerante
Quando eu me transformar em Dragão, um Dragão serei!»
(Barroso, 2015)

iii
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais: Vasco António Barroso José e
Constância João Francisco, pela coragem e ensinamentos sobre o caminho do sucesso.

iv
AGRADECIMENTOS

Primeiramente, devo agradecer ao Supremo, pela força atribuída durante um


percurso que durou 4 anos, e, mesmo assim ainda continuo acreditando que irei mais avante
com a sua ajuda.

Agradeço aos meus pais, Vasco António Barroso e Constância João Francisco,
por confiarem em mim este tempo todo.

Votos de agradecimento aos meus irmãos de pai e mãe: Raimundo Vasco José,
Celso João José, Virgínia de Fátima José, Francisco Barroso José, Mariano José, Cláudio José
e Ruth José, pelo carinho.

Agradeço à minha Orientadora Eurica Graça Rocha por tudo pelo qual contribuiu
para atingir este grau muito importante para mim e minha família, pela força e confiança
depositada.

Aos meus professores (Nelito Barros, Adão Chimuanji, Lopes Tchivala, António
Sabalo, Eurica Rocha, Marlene Chitumba, Idalina Amaro, Crisóstomo Mulundo e João
Celestino), pelo contributo na minha formação no Ensino Superior e na realização deste
Trabalho de Fim de Curso.

Ninguém, caminha só! Durante a licenciatura, conheci amigos, colegas e até


irmãos (Cecília Joana, Marinela Ngunza, Soltinho Francisco, Belton Chicato, Joaquim
Francisco, Maura Neves, e Benor Congo), que sempre me apoiaram em todos os momentos,
com suas críticas, elogios e realizações, portanto, os meus calorosos agradecimentos.

Muito Obrigado!

v
DECLARAÇÃO DE AUTOR

Declaro que este trabalho escrito foi levado a cabo de acordo com os regulamentos da
Universidade Jean Piaget de Angola (UniPiaget) e em particular do Regulamento de
Elaboração do Trabalho de Fim de Curso. O trabalho é original excepto onde indicado por
referência especial no texto.

Quaisquer visões expressas são as do autor e não representam de modo algum quaisquer
visões da UniPiaget. Este trabalho, no todo ou em parte, não foi apresentado para avaliação
noutras instituições de ensino superior nacionais ou estrangeiras.

Mais informo que a norma seguida para a elaboração do trabalho é a Norma APA.

Assinatura: ________________________________________________________________

Data: _____/_____/__________

vi
ABREVIATURAS

AIDS: Síndrome da Imunodeficiência Adquirida


HBV: Vírus da Hepatite B
VIH: Vírus da Imunodeficiência Humana
OMS: Organização Mundial da Saúde
CDC: Controlo de Doenças Contagiosas
COPHI: Cases of Public Health Importance (Casos Importantes de Saúde Pública)
B.U. Medicina: Banco de Urgência de Medicina
CONAMA: Conselho Nacional do Meio Ambiente
ABNT: Associação Brasileira de Normas Tecnológicas
NBR: Norma Brasileira
OIT: Organização Internacional do Trabalho
UTI: Unidade de Tratamento Intensivo
SIDA: Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
B.U: Banco de Urgência
CAP: Capítulo
CADERNO E: Caderno do Enfermeiro

vii
RESUMO

Objectivo: Conhecer as Causas de Acidentes de Trabalho com Materiais Perfuro-cortantes,


nos Profissionais de Enfermagem do Hospital Municipal de Viana - Capalanga, no II
Semestre de 2019. Método utilizado: Trata-se de um estudo Observacional, descritivo
transversal de abordagem quantitativa. Resultados obtidos: De acordo com os dados obtidos
sobre a faixa etária, os resultados mostram que 37% da amostra compreendem a faixa etária
entre os 30 e os 40 anos e 7% entre os 51 e os 60 anos. Sobre o sexo, os resultados mostram
que 90% correspondem ao sexo Feminino e 10% ao sexo Masculino. Relativo ao sexo por
faixa etária, os resultados mostram que 37% correspondem ao sexo feminino em faixa etária
compreendida entre os 30 e os 40 anos, e, na faixa etária entre os 51 e os 60 anos 3%
correspondem ao sexo masculino. Sobre a categoria profissional, os resultados mostram que,
70% são Técnicos de enfermagem e 3% bacharel. Concernente ao tempo de serviço, os
resultados mostra que 38% correspondem em menor ou igual a 5 anos de trabalho e 14% entre
os 11 e os 15 anos de trabalho. Sobre o Nível de conhecimento, os resultados mostram que,
44% apresentam um bom nível de conhecimento e 10% dos profissionais apresentam
conhecimento moderado. Relativamente as causas de acidentes de trabalho com materiais
perfuro-cortantes, os resultados mostram que, 23% dos acidentes foi por descontrolo
emocional e 3% devido a falhas na supervisão dos serviços. Conclusões: Concluiu-se que
80% dos profissionais de enfermagem sofrem acidentes e que as causas de acidentes de
trabalho com materiais perfuro-cortantes nos profissionais de enfermagem do Hospital
Municipal de Viana – Capalanga foram o descontrolo emocional durante a realização dos
procedimentos, dupla jornada de trabalho, desgaste físico, despreparo profissional, descarte
incorrecto, reencape incorrecto, falhas na supervisão e desconhecimento e banalização dos
riscos.

Palavras-chave: Acidentes, causas, materiais perfuro-cortantes, enfermagem.

viii
ABSTRACT

Objective: To know the Causes of Work Accidents with Sharps, in the Nursing Professionals
of the Municipal Hospital of Viana - Capalanga, in the 2nd Semester of 2019. Method used:
This is an observational, descriptive cross-sectional study of quantitative approach. Results:
According to the data obtained on the age group, the results show that 37% of the sample
comprised the age group between 30 and 40 years old and 7% between 51 and 60 years old.
Regarding gender, the results show that 90% correspond to females and 10% to males.
Regarding gender by age group, the results show that 37% correspond to females aged
between 30 and 40 years, and in the age group between 51 and 60 years 3% correspond to
males. About the professional category, the results show that, 70% are Nursing Technicians
and 3% Bachelor. Concerning length of service, the results show that 38% correspond to less
than or equal to 5 years of work and 14% between 11 and 15 years of work. Regarding the
level of knowledge, the results show that 44% have a good level of knowledge and 10% of
professionals have moderate knowledge. Regarding the causes of accidents at work with
sharps, the results show that 23% of the accidents were due to emotional uncontrollability and
3% due to failures in the supervision of services. Conclusions: It was concluded that 80% of
nursing professionals suffer accidents and that the causes of work accidents with sharps in the
nursing professionals of the Municipal Hospital of Viana - Capalanga were the emotional lack
of control during the procedures, double shift work, physical wear, professional
unpreparedness, improper disposal, incorrect recapping, supervisory failures and ignorance
and trivialization of risks.

Keyword: Accidents, causes, sharps, nursing.

ix
ÍNDICE

EPÍGRAFE ................................................................................................................................iii
DEDICATÓRIA ........................................................................................................................ iv
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................... v
DECLARAÇÃO DE AUTOR ................................................................................................... vi
ABREVIATURAS ................................................................................................................... vii
RESUMO ................................................................................................................................viii
ABSTRACT .............................................................................................................................. ix
ÍNDICE DE TABELAS ........................................................................................................... xii
ÍNDICE DE FIGURAS ........................................................................................................... xiv
ÍNDICE DE QUADROS .......................................................................................................... xv
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 1
IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA ........................................................................................ 2
OBJECTIVOS ............................................................................................................................ 2
IMPORTÂNCIA DO ESTUDO ................................................................................................. 3
DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ................................................................................................. 3
DEFINIÇÃO DE CONCEITOS ................................................................................................. 4
CAP. I FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA ................................................. 5
1.1. MATERIAIS PERFURO-CORTANTES .................................................................... 5
1.1.1. Manuseio correcto dos materiais perfuro-cortantes ..................................................... 6
1.2. ACIDENTES DE TRABALHO ................................................................................... 9
1.2.1. Acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes nos profissionais de
enfermagem .......................................................................................................................... 11
1.2.2. Principais causas de acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes em
profissionais de enfermagem ................................................................................................ 12
CAP. II OPÇÕES METODOLÓGICAS DO ESTUDO .............................................. 15
2.1. MODOS DE INVESTIGAÇÃO ................................................................................ 15
2.2.VARIÁVEIS ............................................................................................................... 15
2.3. OBJECTO DE ESTUDO ........................................................................................... 18
2.4. INSTRUMENTOS DE INVESTIGAÇÃO ................................................................ 18
2.5. PROCESSAMENTO E TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO ............................... 18
CAP. III APRESENTAÇÃO E ANÁLISE CRÍTICA DOS RESULTADOS ............ 20
CONCLUSÕES ............................................................................................................... 34
x
RECOMENDAÇÕES ..................................................................................................... 36
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................. 37
APÊNDICE ...................................................................................................................... 40
ANEXOS .......................................................................................................................... 41

xi
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Distribuição dos Profissionais de Enfermagem segundo a faixa etária ------------- 20

Tabela 2: Distribuição dos Profissionais de Enfermagem do Hospital Municipal de Viana


segundo o Sexo ------------------------------------------------------------------------------------------- 21

Tabela 3: Distribuição dos Profissionais de Enfermagem do Hospital Municipal de Viana


segundo a Faixa Etária por Sexo ----------------------------------------------------------------------- 22

Tabela 4: Distribuição dos Profissionais de Enfermagem do Hospital Municipal de Viana


segundo a Categoria Profissional ---------------------------------------------------------------------- 23

Tabela 5: Distribuição dos Profissionais de Enfermagem dos Hospital Municipal de Viana


segundo o Tempo de Serviço --------------------------------------------------------------------------- 24

Tabela 6: Distribuição dos Profissionais de Enfermagem do Hospital Municipal de Viana -


Capalanga segundo o Nível de Conhecimento ------------------------------------------------------- 25

Tabela 7: Distribuição dos Porfissionais de Enfermagem do Hospital Municipal de Viana -


Capalanga segundo o Nº de profisionais acidentados e não acidentados ------------------------ 26

Tabela 8: Distribuição dos acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes em


Profissionais de Enfermagem do Hospital Municipal de Viana - Capalanga segundo as etapas
de acidentes de trabalho. -------------------------------------------------------------------------------- 27

Tabela 9: Distribuição dos acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes em


Profissionais de Enfermagem do Hospital Municipal Viana - Capalanga de acordo com o
Agente da lesão ------------------------------------------------------------------------------------------- 28

Tabela 10: Distribuição dos acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortante em


profissionais de Enfermagem do Hospital Municipal de Viana - Capalanga segundo o Tipo de
Lesão ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 29

Tabela 11: Distribuição dos acidente de trabalho com materiais perfuro-cortantes em


profissionais de enfermagem do Hospital Municipal de Viana - Capalanga segundo a Região
do Corpo Afectado --------------------------------------------------------------------------------------- 30

xii
Tabela 12: Distribuição dos acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes em
profissionais de Enfermagem do Hospital Municipal de Viana - Capalanga segundo as Causas
de Acidentes com materiais perfuro-cortantes. ------------------------------------------------------ 31

Tabela 13: Distribuição dos acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes em


Profissionais de Enfermagem do Hospital Municipal de Viana - Capalanga segundo o Sexo
por Categoria mais afectado por Acidentes de Trabalho. ------------------------------------------ 32

xiii
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Apresentação gráfica da faixa etária dos profissionais de enfermagem .................. 20

Figura 2: Apresentação gráfica dos profissionais de enfermagem de acordo ao Sexo ........... 21

Figura 3: Apresentação gráfica dos Profissionais de Enfermagem do Hospital Municipal de


Viana segundo a categoria Profissional .................................................................................... 23

Figura 4: Apresentação gráfica do Tempo de serviço dos profissionais de Enfernagem do


Hospital Municipal de Viana - Capalanga ................................................................................ 24

Figura 5: Apresenatção gráfica do Nível de conhecimento dos profissionais de Enfermagem


do Hospital Municipal de Viana - Capalanga ........................................................................... 25

Figura 6: Apresentação gráfica do nº de profissionais acidentados e não acidentados do


Hospital Municipal de Viana - Capalanga ................................................................................ 26

Figura 7: Apresentação gráfica das etapas de acidentes de trabalho com materiais perfuro-
cortantes em Profissionais de Enfermagem do Hospital Municipal de Viana - Capalanga ..... 27

Figura 8: Apresentação gráfica dos acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes em


Porfissionais de Enfermagem do Hospital Municipla de Viana - Capalanga de acordo ao
Agente da Lesão ....................................................................................................................... 28

Figura 9: Apresentação gráfica dos aidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes em


Profissionais de Enfermagem dos Hospital Municipal de Viana - Capalanga quanto ao Tipo de
Lesão ......................................................................................................................................... 29

Figura 10: Apresentação gráfica dos acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes
em profissionais de enfermagem do Hospital Municipal de Viana - Capalanga segundo a
Região do Corpo Afectado ....................................................................................................... 30

Figura 11: Exemplo de Materiais perfuro-cortantes ................................................................. 5

Figura 12: Exemplo de descarpack (caixa colectora) para materiais perfuro-cortantes ........... 6

xiv
ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1: Codificação das Variáveis em estudo. ................................................................... 15

xv
INTRODUÇÃO

Segundo Sarquis e Felli (2002), os acidentes de trabalho com materiais perfuro-


cortantes representam um risco para os trabalhadores das instituições hospitalares devido a
possibilidade de transmissão de patógenos como o vírus da hepatite B (HBV) e da Síndrome
da Imunodeficiência Adquirida (AIDS ou HIV), as quais podem ser letais.

Os acidentes de trabalho são agravos identificados há muito tempo, embora não


hajam estatísticas quantitativas mundiais sobre essas ocorrências, os ferimentos nos dias
actuais têm causado um grande problema nos profissionais de saúde, sobre os Enfermeiros
devido à exposição de trabalho.
O profissional da saúde em sua prática diária está exposto a um risco maior de
adquirir determinadas infeções imunologicamente preveníveis, do que a população em geral.
(Sarquis & Felli, 2002)

As causas de acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes é o motivo da


preocupação nos profissionais de saúde e a administração dos serviços hospitalares devido ao
elevado risco de contaminação de infeções por via sanguínea como as Hepatites e o VIH.

Segundo os autores, nos EUA mais de 50 trabalhadores de enfermagem que


sofreram acidentes com material perfuro-cortante contaminados pelo vírus do VIH, sendo
contaminados por essa infeção. Além desses, ainda há casos a serem investigados.

Os Profissionais de enfermagem, durante a assistência ao paciente estão expostos


a inúmeros riscos de acidentes, dentre eles, aqueles com materiais perfuro-cortantes, como
objectos físicos, mecânicos, biológicos e químicos, e embora se conheça os riscos, muitos
profissionais não dão a devida importância a esse tipo de acidente, deixando de fazer a
notificação e até mesmo o tratamento pós-acidente não dando relevância ao problema.

«No Brasil, mesmo não havendo estatísticas oficiais, achados semelhantes foram
descritos na literatura, apontando índice de acidentes por perfuro-cortantes de 30,17%.»
(Ruas, Santos, Barbosa, Belasco, & Bettencourt, 2012, p. 4)

Diante a realidade dos serviços de saúde do nosso país (Angola), e da forma como
estão distribuídos os turnos, carece de uma reflexão sobre as causas de acidentes de trabalho
com materiais perfuro-cortantes em profissionais de enfermagem.

1
IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA

Hoje, os serviços de qualquer sector, são exigidos à prestação das actividades com
a máxima qualidade possível, sem ter em conta os riscos e falta de informação para os
profissionais sobre biossegurança no trabalho.

Muitos são os trabalhadores de saúde, sobretudo os Enfermeiros que na sua vida


diária de trabalhado, têm passado por momentos difíceis em termos de socialização
profissional com os seus colegas na unidade sanitária, sendo um dos factores que podem
causar descontrolo na realização de determinados procedimentos que envolvam materiais
Perfuro-cortantes, podendo assim, culminar com um agravo.

Durante o período de estágio, identifiquei muitos problemas por parte dos


profissionais de enfermagem em termos de acidentes de trabalho com materiais perfuro-
cortantes. Políticas sobre a biossegurança no trabalho existem, mas, os métodos não são
implementados nas suas práticas diárias, por esta razão, optei na investigação deste tema que
tem a seguinte pergunta de partida:
Quais são as causas de acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes,
nos profissionais de enfermagem do Hospital Municipal de Viana – Capalanga, no II
Semestre de 2019?

OBJECTIVOS
Geral:
Conhecer as Causas de Acidentes de Trabalho com Materiais Perfuro-cortantes,
nos Profissionais de Enfermagem do Hospital Municipal de Viana - Capalanga, no II
Semestre de 2019.
Específicos:
Caracterizar os Profissionais de Enfermagem segundo a Faixa etária, sexo,
categoria profissional e tempo de serviço.
Identificar o Conhecimento dos Profissionais de enfermagem sobre técnicas
correctas de manuseamento dos materiais perfuro-cortantes.
Identificar a ocorrência de acidente por materiais perfuro-cortante nos
profissionais de enfermagem do Hospital Municipal de Viana - Capalanga.
Descrever as causas de acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes à
equipe de Enfermagem.
2
IMPORTÂNCIA DO ESTUDO

Abordar esse tema vai aprimorar os conhecimentos dos profissionais de saúde


naquilo que tange os acidentes de trabalho que têm ocorrido nas unidades hospitalares. É de
grande importância, pois os materiais biológicos podem causar certas doenças infecciosas ao
indivíduo exposto a essa prática (profissional de saúde), daí a necessidade de prevenir,
estudando as principais causas que levam ao profissional acidentar-se com o material usado
por ele mesmo.

Outra grande importância é de contribuir para o desenvolvimento de estratégias


educativas, que visem reduzir a exposição dos profissionais de enfermagem aos diversos tipos
de materiais cortantes e perfurantes, e, reduzir a contaminação de doenças como VIH e
Hepatite B e também na implementação de cuidados na manipulação de materiais perfuro-
cortantes, além de estimular o uso adequado de equipamentos de protecção individual e
colectivo.

DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

O presente estudo foi realizado no II Semestre de 2019, no Hospital Municipal de


Viana – Capalanga nas seguintes áreas: B.U. Medicina, Internamento de Medicina,
Internamento Puerpério e Sala de Parto. Para a realização da investigação e obtenção dos
dados, foi utilizado o Questionário com quatro questões estruturadas. Pesquisa que teve a
duração de uma semana (sete dias), e, só envolveu profissionais de enfermagem efectivos de
todas as categorias.

3
DEFINIÇÃO DE CONCEITOS

Acidente: «é o evento não programado nem planejado que resulta em lesão,


doença ou morte, dano ou outro tipo de perda» (Silveira, 2015, S/p.).

Trabalho: «actividade humana que, com o auxílio ou não de máquinas, se


caracteriza como factor essencial da produção de bens e serviços.» (Houaiss, 2007, S/p.)

Material: «conjunto de objectos e aparelhos, mobiliário, utensílios, aparelhos e


instrumentos que se usam numa construção, numa exploração e são utilizados nas
actividades que aí se realizam.» (Houaiss, 2007, S/p.)

Materiais Perfuro-cortantes: Segundo a Resolução nº 5/93 do Conselho Nacional do


Meio Ambiente - (CONAMA), são considerados materiais perfuro-cortantes: as seringas,
agulhas, escalpes, ampolas, vidros de um modo em geral ou, qualquer material
pontiagudo ou que contenham fios de corte capazes de causar perfurações ou cortes.
(Brasil, 2010, citado por Souza, 2011, p. 21)

Acidente de trabalho: «é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da


empresa ou instituição, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a
morte, a perda ou a redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.»
(Silveira, 2015, S/p.)

4
CAP. I FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA

1.1. MATERIAIS PERFURO-CORTANTES

Os trabalhadores de enfermagem no cuidado e assistência ao paciente requerem o


manuseio e o descarte de materiais perfuro-cortantes diariamente. Esses objectos são
capazes de provocar cortes ou perfurações, assim exigindo medidas cuidadosas para seu
descarte e manuseio. (Dias, 2004, citado por Moura, Deodato, & Gama, 2016, p. 191).

Os instrumentos e/ou materiais perfuro-cortantes estão distribuídos em vários


sectores dos serviços hospitalares, podendo-se destacar como os principais materiais perfuro-
cortantes: Agulhas, bisturi, tesoura, ampolas de vidro, entre outros. Os materiais perfuro-
cortantes são objectos, dispositivos que quando mal empregados podem nos ferir, podendo
nos transmitir alguns patógenos transportados por objectos. (Moura, Deodato, & Gama, 2016)

Os perfuro-cortantes são considerados Resíduos Sólidos. São geradores desses resíduos


todos os serviços relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal, inclusive
os serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de campo; laboratórios analíticos de
produtos para a saúde; necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem actividades de
embalsamamento (tanatopraxia e somato-conservação), serviços de medicina legal,
drogarias e farmácias inclusive as de manipulação; estabelecimentos de ensino e pesquisa
na área da saúde, centro de controlo de zoonoses; distribuidores de produtos
farmacêuticos, importadores, distribuidores produtores de materiais e controles para
diagnóstico invitro; unidades móveis de atendimento à saúde; serviço de acupunctura;
serviços de tatuagem, dentre outros similares. (Brasil, 2006, citado por Moura, Deodato,
& Gama, 2016, p. 192)

Os materiais perfuro-cortantes após a sua utilização tornam-se inutilizados para


outro fim, contribuindo na produção de lixos hospitalares e devem ser desprezados de forma
correcta.

Figura 11. Exemplo de Materiais perfuro-cortantes

Fonte: Adaptado de autor desconhecido

5
1.1.1. Manuseio correcto dos materiais perfuro-cortantes

«É inegável que para o descarte seguro dos materiais perfuro-cortantes é


necessário a segregação ou separação apropriada dos resíduos, de acordo com a
classificação, ou seja, devem ser separados nos colectores correctos.» (Moura, Deodato, &
Gama, 2016, p. 193)

Segundo os autores acima citado, o descarte correcto dos materiais perfuro-


cortantes (cada resíduo no seu devido lugar e de forma separada), previne acidentes trabalho
por descuido ou engano.

Os materiais perfuro-cortantes descartados separadamente, no local de sua geração,


imediatamente após o uso ou necessidade de descarte, em recipientes, rígidos, resistentes
à ruptura e vazamento, com tampa, devidamente identificados, atendendo aos parâmetros
referenciados na norma NBR 13853/97 da ABNT, sendo expressamente proibido o
esvaziamento desses recipientes para o seu reaproveitamento. ((Brasil, 2004), citado por
(Moura, Deodato, & Gama, 2016, p. 194)).

Os materiais perfuro-cortantes quando descartados em recipientes certos, rígidos e


resistentes a perfuração, ajudam na prevenção de acidentes por esses materiais. Quando
descartados após o seu uso, não devem ser reaproveitados para evitar contaminação.

É importante notar que a separação correcta dos materiais ou resíduos hospitalares


previne de certa forma acidentes ou agravos à saúde, não só para os profissionais de
enfermagem, como também a equipe de limpeza dos serviços hospitalares entre outros
profissionais que directa ou indirectamente estão ligados à equipa de saúde. (Sarquis & Felli,
2002)
Figura 12. Exemplo de descarpack (caixa colectora) para materiais perfuro-cortantes

Fonte: Adaptado de autor desconhecido

6
A identificação do grupo dos perfuro-cortantes indica o risco que os resíduos representam
o biológico. Assim, deve constar o símbolo de substância infectante constante na Norma
Brasileira (NBR) -7500 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), com
rótulos de fundo branco, desenho e contornos pretos, acrescido da inscrição de Resíduos
Perfuro-cortantes e os riscos adicionais, que pode ser o químico ou radiológico na sua
parede externa do colector. (Brasil, 2004, citado por Moura, Deodato, & Gama, 2016, p.
194)

É importante identificar bem cada colector de descarte para não haver engano e
possível acidente. O colector de descarte deve possuir rótulo de fundo branco com o desenho
que indica o tipo material que é armazenado,

«No momento do descarte dos perfuro-cortantes, as agulhas descartáveis devem


ser desprezadas juntamente com as seringas. É vedado à desconexão manual, assim como
não se deve quebrar, entortar ou recapear agulhas ou qualquer material perfuro-cortante
após o uso.» (Moura, Deodato, & Gama, 2016, p. 194)

Após a utilização das agulhas, não devem ser reencapados, quebrada ou entortadas.
Assim que utilizar uma agulha deve-se utilizar o método de pesca se decidir recapear para o
descarte adequado caso use um colector não resistente a perfuração

«O ideal é um recipiente em cada enfermaria, permitindo que os perfuro-


cortantes sejam descartados no seu local de geração, imediatamente após o uso, evitando que
sejam reencapados e deslocados, com isso diminuindo os possíveis riscos de acidentes.»
(Brasil, 2004; Brasil, 2011; Souza et al., 2013, citado por Moura, Deodato, & Gama, 2016, p.
194).

Os recipientes de descartes devem estar próximos do local de assistência,


possibilitando o descarte imediato logo após a realização de um procedimento que envolva
material perfuro-cortante, para diminuir o risco de acidente de trabalho com materiais perfuro-
cortantes.

O colector distante das enfermarias obriga os profissionais a se deslocarem para desprezar


o material perfuro-cortante, tendo que transportar agulhas e seringas, e desviar de
obstáculos como os pacientes, outros colegas de trabalho, os leitos e familiares dos
pacientes. Assim, a falta de colectores próxima ao leito ou à área de realização de
procedimentos tem sido um motivo para o recapeamento de agulhas. Essa é considerada
uma prática de risco responsável por parte significativa de acidentes. (Rapparin, 2005;
Souza et al., 2013; Martins et al., 2014, citado por Moura, Deodato, & Gama, 2016, pp.
194-195)

Um dos motivos que levam os profissionais de enfermagem a reencaparem as


agulhas são os colectores de descarte distantes das enfermarias, obrigando assim, o
7
profissional a deslocar-se para descartar um material perfuro-cortante. Prática de risco para
acidentes com materiais perfuro-cortantes nas unidades. Aconselha-se que os colectores
estejam próximos do local de assistência, aonde é realizado os procedimentos que envolvam
materiais perfurantes.

Actualmente, podemos encontrar em muitas unidades de saúde os colectores dos tipos


industrializados que apresentam todas as características padrão já descrita e os
improvisados, que geralmente são embalagens vazias reaproveitadas para essa finalidade
e não apresentam identificação de resíduos perfuro-cortantes. Ressalta-se ainda, que esses
colectores utilizados para o descarte são adaptações de caixas de remédios e embalagens
de produtos de limpeza (Sêcco; Robazzi, 2007; Souza et al., 2013, citados por Moura,
Deodato, & Gama, 2016, p. 195)

Hoje, nas unidades hospitalares os recipientes de descartes de materiais perfuro-


cortantes maioritariamente são improvisados pelos próprios profissionais, e, não são
devidamente sinalizados ou separados.

Segundo Souza et al., (2013) citado por Moura, Deodato, & Gama, (2016) em um
estudo realizado no Hospital de Macapá-AP, durante uma visita em todos os sectores da
unidade, foram observadas as condições dos colectores usados e identificando 48 recipientes,
dos quais 38 eram recipientes improvisados.

Nas unidades Hospitalares de Angola e outros países, também foram identificadas


essa prática, colectores de descartes improvisados e muitos deles, não resistente a perfuração,
o que torna um factor de risco para acidentes por picada.

Evidencia-se também, nos recipientes para perfuro-cortantes materiais não perfuro-


cortantes descartados, como gazes, algodão, embalagens plásticas, papel, luvas de
procedimento clínico e entre outros. Assim, sendo negligenciada a finalidade do
recipiente, o que diminui sua vida útil e consequente aumento do gasto com novas
embalagens (Martins et al., 2014, citado por Moura, Deodato, & Gama, 2016, p. 196)

Cada objecto de descarte, deve ter uma finalidade específica, bem sinalizados para
evitar mistura de resíduos hospitalares. Os materiais perfuro-cortantes devem ser separados no
descarte, num colector específico e rígido, resistente a perfuração. Outros resíduos deverão ser
desprezados noutros colectores.

Os instrumentos e materiais sujos com sangue, fluidos corporais, secreções e excreções


devem ser manuseados de modo a prevenir a contaminação da pele e mucosas (olhos,
nariz e boca), roupas, e ainda, prevenir a transferência de microrganismos para outros
pacientes e ambientes. Todos os instrumentos reutilizados têm rotina de reprocessamento.
Verifique para que estes estejam limpos ou desinfectados/esterilizados adequadamente
antes do uso em outro paciente ou profissional. Confira se os materiais descartáveis de

8
uso único estão sendo realmente descartados e se em local apropriado. (Oppermann &
Pires, 2003, p. 10)

Durante o manuseamento de instrumentos e materiais com sangue e outros fluidos


corporais, o profissional deve usar os EPI’S para prevenir contaminação na pele e ainda
prevenir microrganismos na roupa.

«Com relação aos cuidados na manipulação e descarte dos resíduos perfuro-


cortantes deverão ser tomados em conjunto com o uso dos Equipamentos de Protecção
Individual que visam reduzir os riscos de exposição do profissional de saúde a agentes
biológicos» (LUCENA, 2004, citado por Moura, Deodato, & Gama, 2016, p. 196)

É necessário usar equipamentos de protecção individual para diminuir riscos de


possíveis acidentes com materiais perfuro-cortantes, além disso, a atenção e destreza, devem
ser capacidades desenvolvidas pelo profissional, evitando o descontrolo e acidente. Daí a
importância de se usar os equipamentos de protecção individual.

Ao manusear, limpar, transportar ou descartar agulhas, lâminas de barbear, tesouras e


outros instrumentos de corte tenha cuidado para não se acidentar. A estes materiais
chamamos de instrumentos perfuro-cortantes. Eles devem ser descartados em caixas
apropriadas, rígidas e impermeáveis que devem ser colocado próximo à área em que os
materiais são usados. Nunca reencape agulha após o uso. Não remova com as mãos
agulhas usadas das seringas descartáveis e não as quebre ou entorte. Para a reutilização de
seringa anestésica descartável ou carpule, recape a agulha introduzindo-a no interior da
tampa e pressionando a tampa ao encontro da parede da bandeja clínica de forma a não
utilizar a mão neste procedimento. Seringas e agulhas reutilizáveis devem ser
transportadas para a área de limpeza e esterilização em caixa de inox ou bandeja.
(Oppermann & Pires, 2003, p. 10)

O profissional deve ter a máxima atenção ao manusear, limpar ou descartar


agulhas, lâminas de bisturi, tesouras entre outros instrumentos de corte para evitar acidentes
por esses materiais. Evitar o reencape de agulhas, nem remove-las, entortá-las ou quebrá-las
com as mãos. Em caso de reutilização de seringas e agulhas, deverá introduzir a tampa em
forma de pesca pressionando na bandeja sem utilizar as mãos como anteparo.

1.2. ACIDENTES DE TRABALHO

O trabalho é uma actividade fundamental nas condições de vida do homem. Produz efeito
positivo, quando é capaz de satisfazer as necessidades básicas de subsistência, de criação
e de colaboração dos trabalhadores. Entretanto, ao realizá-lo, o homem expõe-se a
diversos riscos presentes no ambiente laboral, os quais podem interferir directamente em
sua condição de saúde e bem-estar (Canini et al, 2000, citado por Ribeiro, Santos, Ebner,
& Oliveira, 2012)

9
Sendo o trabalho, uma prática fundamental nas condições de vida do homem,
deve-se evitar a exposição ao realizá-lo, usando equipamentos de protecção individual e
colectivo para o bem-estar e garantir condições de vida laboral. Para isso, é necessária a
colaboração dos profissionais e combater a distracção no local de serviço.

Acidentes de trabalho geram diversos prejuízos, que podem atingir o trabalhador,


empregador e governo. Os prejuízos são diversos, dentre eles: redução da produção em
função do não desenvolvimento das actividades inerentes ao cargo do acidentado;
dificuldade em realizar as actividades sociais; redução da renda familiar; traumas
irreparáveis nos trabalhadores; dentre outras consequências (Soares, 2008, citado por
Rodrigues, 2017, p. 37)

Quando um profissional se acidenta, os danos não sobressaem só para ele, a


família também sofre. Diminui o auto-estima de voltar a usar os instrumentos que pelo qual se
acidentou, a dificuldade de encarar o local de serviço aumentam, psicologicamente, o
profissional torna-se doente.

Segundo Monteiro (2012), citado por Rodrigues (2017), acidentes de trabalho é


um evento que ocorre de forma inesperada, mas com características bem definidas de espaço e
tempo, suas consequências são normalmente imediatas, mas os danos podem aparecer depois.

Segundo Ruiz, Barboza e Soler (2004), citado por Rodrigues, (2017, pp. 38-39) os
acidentes de trabalho na área de saúde, principalmente em hospitais são de grande
importância, uma vez que são diversos os agentes aos quais os trabalhadores estão
expostos, sendo eles: Físicos: nos quais se tem os ruídos, temperaturas, radiações;
mecânicos: nos quais estão presentes as contusões, fracturas, ferimentos cortantes, dentre
outros; químicos: que envolvem os processos de esterilização e desinfecção de materiais,
anestesias e medicamentos; ergonómicos: referentes principalmente aos esforços físicos
intensos, que envolvem o transporte manual de pacientes, posturas inadequadas;
biológicos: devido ao contacto com pacientes portadores de doenças infecto-contagiosas e
materiais contaminados; psíquico: exposição à atenção permanente no trabalho,
supervisão com pressão, altos ritmos de trabalho e a repetitividade.

Existem vários factores que quando interagido nos podem causar acidentes, desde
os físicos aos mecânicos. Os ferimentos por objectos cortantes as vezes é decorrente devido a
falta de atenção e desgaste físico, por isso exige-se a máxima atenção e supervisão dos
serviços para evitarmos tais situações.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que ocorre anualmente cerca de


270 milhões de acidentes de trabalho em todo o mundo, destes 2 milhões ocasionaram
óbito dos trabalhadores. Ainda segundo a OIT, o Brasil ocupa a quarta posição dos países
com maior número de acidentes fatais. (Zinet, 2012; citado por Rodrigues, 2017, p. 37)

10
1.2.1. Acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes nos profissionais de
enfermagem

Cada profissão tem seus riscos inerentes à natureza e ao ambiente do seu trabalho, que
podem causar acidentes ou doenças ocupacionais. Esses constantes riscos ocupacionais,
interferem de forma temporária ou permanente nas condições de saúde do trabalhador. As
actividades laborais exercidas por trabalhadores de enfermagem se constituem como
fonte de riscos ocupacionais, pois o ambiente de trabalho expõe esses trabalhadores a
uma variedade de riscos, como a riscos físicos, ergonómicos, químicos, psicossociais e
principalmente os biológicos (Almeida et al., 2009; Neves et al., 2011, citado por Moura,
Deodato, & Gama, 2016, p. 197)

A enfermagem é uma ciência baseada nos cuidados e atenção ao ser humano no


que tange as suas necessidades humanas básicas. Numa unidade hospitalar, ela é realizada
consoante os procedimentos que necessitam de instrumentos, muitos deles, os perfuro-
cortantes, o que lhe torna exposto a esses materiais. A falta de qualidade e supervisão nos
serviços de enfermagem, podem influenciar os trabalhadores de enfermagem para um
cometimento de agravo.

No Brasil, começaram a citar pesquisas sobre acidentes de trabalho com materiais


perfuro-cortantes na década de 70. Devido à relevância do tema, o interesse em pesquisar foi
crescendo gradualmente. Segundo autores, os acidentes mais frequentes ocorridos em
hospitais do Brasil, foram provocados por objectos ou materiais perfuro-cortantes, sendo os
profissionais de enfermagem os mais afectados a riscos ocupacionais. (Moura, Deodato, &
Gama, 2016)

Os profissionais de enfermagem, especialmente os técnicos e auxiliares de enfermagem,


estão envolvidos com objectos perfuro-cortantes continuamente durante a assistência
prestada aos pacientes, principalmente aqueles que estão em unidades de emergência,
como: unidade de terapia intensiva (UTI), pronto-socorro, centro cirúrgico, onde existe
uma alta rotatividade de procedimentos e mudança de materiais utilizados em cada
atendimento, favorecendo tais acidentes. (Souza, 2011, p. 22)

Num estudo realizado por Sarquis & Felli, (2002), identificaram o coeficiente de
risco em profissionais de enfermagem em todas as categorias, apontando os auxiliares e
técnicos médios de enfermagem com maior risco de cometer acidentes de trabalho com
materiais perfuro-cortantes. O auxiliar de enfermagem, realiza funções de administração de
medicamentos e assiste directamente o paciente, como também realiza procedimentos de
emergência e pensa-se como uma das causas que os levam a acidentar-se frequentemente.

11
Segundo o caderno E, do Curso Básico de Controlo de Infecção Hospitalar do
Brasil em 2000, o número de acidentes por materiais perfuro-cortantes são alarmantes e partes
destes acidentes são causados por resíduos cortantes. (Rodrigues, 2017)

Os acidentes de trabalho ocorrem em diversas etapas do manuseamento dos


materiais perfuro-cortantes sobretudo quando há condições inseguras, mas, quando os
resíduos são acondicionados e transportados de forma correcta, desde a sua origem até ao
destino final, os riscos de um agravo tornam-se menor. (Rodrigues, 2017)

Em estudo realizado por Castro e Farias (2009) referente às repercussões identificadas


pelos profissionais de enfermagem na sua saúde após o acidente, os mesmos relataram as
seguintes expressões: medo, desespero, preocupação, vergonha, incompetência,
incapacidade, ansiedade, insegurança, pânico, sensação ruim, dentre outras. (Rodrigues,
2017, p. 40)

As consequências dos acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes são


várias, desde os danos psicológicos ao isolamento social e profissional. Por isso, o
profissional acidentado deve ser bem seguido por uma equipa médica dos serviços internos de
acompanhamento ao profissional acidentado.

1.2.2. Principais causas de acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes


em profissionais de enfermagem

Os materiais perfuro-cortantes comummente envolvidos nesses acidentes, são: seringas


descartáveis/agulhas hipodérmicas, agulhas de sutura, escalpes, lâminas de bisturis,
estiletes de cateteres intravenosos e agulhas para colectas de sangue. Entretanto os tipos
de acidentes ocorrem através de perfuração com agulhas durante punção venosa,
medicação subcutânea, durante soroterapia, perfuração com agulhas descartadas em
locais inapropriados, medicação intramuscular, corte com lâminas de bisturi, contacto
com sangue em mucosas ou em feridas (Marziale, Nishimura & Ferreira, 2004, Citado
por Souza, 2011, p. 22)

Os materiais envolvidos nos acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes, são as


agulhas de sutura, agulhas para injecção, bisturis, entre outros. O profissional pode se acidentar antes
da realização de um procedimento, no momento da preparação de medicamentos, ao abrir uma ampola,
ao diluir uma substância. Pode ainda acidentar-se durante a realização de um procedimento que
envolva materiais perfuro-cortantes e após a realização desse procedimento, nesse caso ao descartar de
forma incorrecta as agulhas ou outro material perfuro-cortante.

São várias as causas deste evento, desde os emocionais aos desconhecimentos de técnicas
sobre biossegurança. Uma simples desatenção no ato de preparar a medicação, durante e após a
realização de um procedimento pode ser suficiente para chegar a este agravo. Muitos autores

12
identificaram a dupla jornada de trabalho nos profissionais acidentados, apontam como sendo uma das
causas de acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes.

Para Costa (1996), citado por Machado e Henkes (2014, pp. 219-220) os factores
de risco para a ocorrência de acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes, tanto na
assistência directa como indirecta ao paciente são:

 Desconhecimento e banalização do risco;


 Ausência de treinamento e inexperiência dos profissionais;
 Falhas na supervisão;
 Despreparo profissional – formação deficiente;
 Ausência de grade curricular que contemple as formas de prevenção às exposições a
material biológico em: faculdade de medicina, enfermagem etc.;
 Dupla jornada de trabalho – causando sobrecarga de trabalho que pode potencializar os
riscos já existentes, além de causar desgastes físicos e mentais levando ao estresse
ocupacional.
 Impacto emocional – problemas pessoais;
 Falso senso de segurança;
 Ausência de método, organização e planeamento no trabalho;
 Layout incorrecto;
 Descontrole emocional frente às situações de emergência.

«A predominância do objecto perfuro-cortante como causa do acidente aparece


com um percentual significativo expresso por esses trabalhadores (53,70%).Esses dados vem
de encontro com a literatura que afirma ser o perfuro-cortante o objecto mais frequente nos
acidentes de trabalho.» (Sarquis & Felli, 2002, p. 227)

Para Sarquis e Felli (2002), os materiais perfuro-cortantes são a maior causa de


acidentes de trabalho nos Hospitais. Por outra, a forma como o profissional manipula os
instrumentos interferem significativamente neste evento, o excesso de trabalho, a má posição
corporal e o não uso de EPI’s, são outros factores que influenciam na ocorrência de acidentes
com materiais perfuro-cortantes.

Alguns autores afirmam que as principais causas de acidentes de trabalho, no que


se cita a comportamento são: a falta de organização do serviço, fatalidade, sobrecarga de

13
trabalho, falta de atenção. (Balsamo & Felli 2006, citado por Ribeiro, Santos, Ebner, &
Oliveira, 2012)
Conforme análise de um estudo que propõe que o número de ocorrências de acidentes de
trabalhos com perfuro cortantes não resulta apenas no baixo nível de formação dos
profissionais, mas também pela falta de treinamento, capacitação, recursos materiais e
cultura institucional (Rodrigues & Marziale, 2002). Porém autores acreditam que o grau
de qualificação influencie na ocorrência dos acidentes Ribeiro e Shimizu (2002, citado
por Ribeiro, Santos, Ebner, & Oliveira, 2012, p. 2)

Segundo Alves, Passos e Tocantins (2009), citado por Ribeiro, Santos, Ebner, &
Oliveira, (2012), na profissão de enfermagem, os acidentes com materiais perfuro-cortantes
ocorrem por falta de conhecimento sobre biossegurança, má administração das instituições,
desmotivação dos profissionais, instalações precárias e falta de atenção da enfermagem nos
procedimentos.

«Outro factor apresentado é que as origens dos acidentes podem vir acontecer
pela rapidez em que são realizados os procedimentos devido ao grande número de pacientes
e a gravidade do estado de saúde dos mesmos.» (Vieira; Pinheiro; Lima, 2007, citado por
Ribeiro, Santos, Ebner & Oliveira, 2012, p. 2)

Os autores supracitados, afirmam que muita das vezes o profissional se acidenta


devido à rapidez na realização das actividades, isso vê-se muito nos Bancos de Urgências,
devido à gravidade do estado de saúde dos utentes. Se o profissional não for treinado para
atender as necessidades dessa área, as consequências são os constantes acidentes.

14
CAP. II OPÇÕES METODOLÓGICAS DO ESTUDO

2.1. MODOS DE INVESTIGAÇÃO

Trata-se de um estudo Observacional, Descritivo Transversal de abordagem


quantitativa.

2.2.VARIÁVEIS

Variáveis qualitativas nominais: Sexo - (Masculino e Feminino)

Variáveis qualitativas Ordinais: Categoria profissional – (Auxiliar em


Enfermagem, Técnico Médio em Enfermagem, Bacharel em Enfermagem e Licenciado em
Enfermagem).

Variáveis Quantitativas Discretas: Faixa Etária – (19 – 29 anos, 30 – 40 anos,


41 – 50 anos, 51 – 60 anos e maior ou igual a 61 anos) e Tempo de serviço - (menos de 5 anos,
6 – 10 anos, 11 – 15 anos e igual ou superior a 16 anos)

Variável dependente: Causas de Acidentes de Trabalho com Materiais Perfuro-


cortantes.

Variáveis independentes: Faixa etária (corresponde ao intervalo de idade aonde


o indivíduo se encontra, usei um intervalo de 10 (dez) anos), Sexo (masculino ou feminino),
Categoria Profissional: (Enfermeiro, Bacharel, Auxiliar e Técnico de Enfermagem), Tempo
de serviço (obtido através do tempo em que começou a trabalhar nesta profissão, Nível de
Conhecimento (obtido através dos critérios: Mau, Moderado, Bom e Excelente).

Codificação das variáveis envolvidas no estudo: Ver quadro 1.

Quadro 1: Codificação das Variáveis em estudo.

Variáveis
Código
Sexo
Masc Masculino
Fem Feminino
Faixa Etária

15
1 19 – 29 Anos
2 30 – 40 Ano
3 41 – 50 Anos
4 51 – 60 Anos
5 ≥ 61 Anos
Categoria Profissional
1 Auxiliar de Enfermagem
2 Técnico Médio de Enfermagem
3 Bacharel de Enfermagem
4 Enfermeiro
Tempo de Serviço
1 ≤ 5 Anos
2 6 – 10 Anos
3 11 – 15 Anos
4 ≥ 16 Anos
Conhecimento dos Profissionais sobre Técnicas correctas de manuseamento
dos materiais perfuro-cortantes.
A A separação correcta dos materiais perfuro-cortantes previne acidentes
ocupacionais como picadas de agulhas e cortes com bisturi.
B Os recipientes de descartes devem estar bem sinalizados para evitar mistura de
resíduos de saúde.
C Os recipientes de descartes devem estar próximo do local de assistência.
D Durante a realização dos procedimentos o profissional deve ter a máxima atenção.
E O profissional deve utilizar os dedos como anteparo durante a realização de
procedimento que envolvam materiais perfuro-cortantes
F As agulhas devem ser reencapadas, entortadas, quebradas ou retiradas da seringa
com as mãos.
G Não utilizar agulhas para fixar papeis.
H Todo material perfuro-cortante (agulha, seringas, scalp, lâminas de bisturi,
vidraria, entre outros), mesmo que esterilizados devem ser desprezados em
recipientes resistentes a perfuração e com tampa.

16
I Os recipientes específicos para descartes de materiais perfuro-cortantes não
devem ser preenchidos acima do limite 2/3 de sua capacidade total e devem ser
colocadas sempre próximos do local onde é realizado o procedimento.
Identificação de ocorrência de Acidentes de Trabalho com Materiais
Perfuro-cortantes
A Antes do Procedimento
B Durante o Procedimento
C Após o Procedimento
1 Agentes da Lesão (agulhas, bisturi, cacos de vidro, tesouras e outros)
2 Tipo de Lesão (corte, picada, secreção com sangue e outros)
3 Região do Corpo afectado (palma da mão direita ou esquerda, olho, dedo e outro)
Causas de acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes
A Desgaste físico
B Desconhecimento e banalização do risco
C Ausência de treinamento e inexperiência dos profissionais
D Falhas na supervisão
E Despreparo profissional – formação deficiente
F Ausência de grade curricular que contemple as formas de prevenção às
exposições a material biológico
G Dupla jornada de trabalho
H Sobrecarga de trabalho
I Falso senso de segurança
J Ausência de método, organização e planeamento no trabalho
K Descarte incorrecto
L Descontrole emocional frente às situações de emergência
M Reencape incorrecto

Fonte: elaborado pelo autor, 2019

17
2.3. OBJECTO DE ESTUDO
Universo: Profissionais de enfermagem do Hospital Municipal de Viana –
Capalanga.

População: Profissionais de enfermagem, do Hospital Municipal de Viana -


Capalanga que prestam assistência no B.U. Medicina (9 profissionais), Internamento de
Medicina (11 profissionais), Internamento Puerpério (10 profissionais) e Sala de Parto (14
profissionais), totalizando 44 profissionais de Enfermagem efectivos em todas as áreas citadas.

Amostra: Profissionais de enfermagem, do Hospital Municipal de Viana -


Capalanga que prestam assistência no B.U. Medicina (7 profissionais), Internamento de
Medicina (8 profissionais), Internamento Puerpério (7 profissionais) e Sala de Parto (8
profissionais), totalizando 30 profissionais de enfermagem efectivos que sofrem ou não
acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes.

Método de Amostragem: para o presente estudo, foi usado a técnica de


amostragem não probabilística, a amostragem por conveniência (acidental).

Local de colheita: Hospital Municipal de Viana – Capalanga, nos seguintes


serviços: Banco de Urgências de Medicina, Internamento de Medicina, Sala de Parto e
Internamento Puerpério.

Critério de Inclusão: foram incluídos todos os Profissionais de enfermagem, do


Hospital Municipal de Viana - Capalanga que prestam assistência no Banco de Urgências de
Medicina, Internamento de Medicina, Sala de Parto e Internamento Puerpério que aceitaram
preencher o questionário.

2.4. INSTRUMENTOS DE INVESTIGAÇÃO


Para a realização da investigação e obtenção dos dados, foi utilizado um
Questionário com quatro questões fechadas.

2.5. PROCESSAMENTO E TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO


Para a elaboração do presente trabalho, foi utilizado um Computador com o
sistema operativo Microsoft Windows 8 build, com os programas do pacote Microsoft Office
2007 (M.S. Word e M.S. PowerPoint), M.S. Excel 2016, onde, inicialmente criou-se uma base
de dados no programa Microsoft Excel 2016 onde é introduzida todas as variáveis
constituintes no questionário, no mesmo programa foram criadas tabelas e gráficos das
18
respectivas variáveis em que na qual devem automatizar a inserção dos dados. Posteriormente,
os resultados foram copiados do Excel 2016 e colados no programa Microsoft Word 2007.

Utilizou-se ainda os periféricos como a Pendrive para o armazenamento dos


ficheiros, um modem da movicel de Explorer a internet para a investigação científica,
telefones com dados de internet. Três lapiseiras (azul, preta e vermelha), Um caderno de
anotações. Alguma parte da matéria foi pesquisada por artigos em formato PDF, outros em
Revistas de Saúde conforme citado nas referências bibliográfica.

2.5.1. Análise dos dados e tabulação

Para a verificação e análise dos dados obtidos na colheita, usou-se a análise


estatística descritiva para o cálculo de percentagens das variáveis em estudo, utilizando
tabelas de frequência simples e a representação gráfica circular.

Para determinar o grau ou nível de conhecimento dos profissionais, utilizou-se


nove (9) afirmações e cada afirmação correcta tem a cotação de (2 pontos), incorrecta (– 2
pontos) e não sabe o certo (0 ponto), a terceira opção foi implementada para reduzir a escolha
aleatória. Foram corrigidas e avaliadas cada questionário e de cada indivíduo incluído no
estudo, e, o conhecimento foi determinado segundo os seguintes critérios: Mau (igual ou
menor a 4,5 pontos), Moderado (4,6 – 9 pontos), Bom (9,1 – 13,5 ponto) e Excelente (13,6 –
18 pontos).

19
CAP. III APRESENTAÇÃO E ANÁLISE CRÍTICA DOS
RESULTADOS
Esta análise e interpretação dos resultados segundo Vaz-Freixo (2012), provém
dos resultados obtidos através das observações efectuadas e consiste na decomposição de um
todo nas suas partes com o propósito de se realizar descrição das relações entre elas.

Ainda segundo o mesmo autor, a apresentação de dados diferencia-se pela


natureza e especificidade dos próprios dados, consiste numa estruturação do conjunto de
informações que irão permitir que se extraiam conclusões que visam a análise e reflexão,
passando para a interpretação que culminará com a tomada de decisões. Sendo que esta
pesquisa culminou com os seguintes resultados:

Tabela 1: Distribuição dos Profissionais de Enfermagem segundo a faixa etária


Faixa etária Frequência Percentagem
19 - 29 Anos 8 27%
30 - 40 Anos 11 37%
41 - 50 Anos 9 30%
51 - 60 Anos 2 7%
Total 30 100%

Fonte: elaborado pelo autor, de Hospital Municipal de Viana – Capalanga, 2019

Figura 1: Apresentação gráfica da faixa etária dos profissionais de enfermagem

51 - 60 Anos
7%
19 - 29 Anos
27%
41 - 50 Anos
30%

30 - 40 Anos
36%

Fonte: Elaborado pelo autor, de Tabela 1

De acordo com os dados obtidos sobre a faixa etária dos profissionais de


enfermagem do Hospital Municipal de Viana, os resultados mostram que 37% da amostra

20
compreendem a faixa etária dos 30 – 40 anos, 30% dos 41 – 50 anos, 27% dos 19 – 29 anos,
7% dos 51 – 60 anos e 0% maior ou igual a 60 anos.

Sarquis e Felli (2002), afirmam que a faixa etária mais propensa em acidentar-se é
a entre 19 – 29 anos. De acordo com essa afirmação, surge a ideia de que os jovens por serem
ainda novos nessa profissão e no seu crescimento como pessoa, a tendência são maiores em
relação a faixa dos 41 – 50 anos.
Muitos estudos realizados por autores, mostram que a faixa moda está entre 30 –
40 anos nos profissionais de enfermagem. Verifica-se neste estudo que os profissionais são na
sua maioria jovens e ainda têm muito para oferecer em termos de qualidade de assistência.
Mas os acidentes de trabalho também são frequentes nessas faixas jovens, caracterizado pelo
descontrolo emocional e desgaste físico. No entanto, a capacitação com planos de formação
contínua, devem albergar temas como este, para despertar o interesse da atenção o controlo
dos materiais na prestação e evitar acidentes por iatrogenias.

Tabela 2: Distribuição dos Profissionais de Enfermagem do Hospital Municipal de Viana - Capalanga


segundo o Sexo
Sexo Frequência Percentagem
Masculino 3 10%
Feminino 27 90%
Total 30 100%

Fonte: elaborado pelo autor, de Hospital Municipal de Viana – Capalanga, 2019

Figura 2: Apresentação gráfica dos profissionais de enfermagem de acordo ao Sexo

Masc
10%

Fem
90%

Fonte: Elaborado pelo autor, de Tabela 2

De acordo com os dados obtidos sobre o sexo nos profissionais de enfermagem do


Hospital Municipal de Viana, os resultados mostram que 90% correspondem ao sexo
Feminino e 10% ao sexo Masculino.
21
Estudos confirmam que a enfermagem é a profissão com mais profissionais de
sexo feminino, partindo na sua origem com a Florence Nightingale, sendo ela, feminino,
incentivou as restantes a praticarem nessa profissão, que podemos dizer, a mais lindas das
profissões. Verificamos a predominância do sexo Feminino e justifica-se pelo simples facto
de ser uma profissão representada por mulheres.

Tabela 3: Distribuição dos Profissionais de Enfermagem do Hospital Municipal de Viana - Capalanga


segundo a Faixa Etária por Sexo
Faixa Etária Sexo Frequência Percentagem

Masculino 0 0%
41 - 50 Anos
Feminino 9 30%
Masculino 2 7%
19 - 29 Anos
Feminino 6 20%
Masculino 1 3%
51 - 60 Anos
Feminino 1 3%
Masculino 0 0%
30 - 40 Anos
Feminino 11 37%
Masculino 3 10%
Total
Feminino 27 90%
Total Geral 30 100%

Fonte: elaborado pelo autor, de Hospital Municipal de Viana – Capalanga, 2019

De acordo com os dados obtidos sobre o sexo por faixa etária dos profissionais de
enfermagem do Hospital Municipal de Viana, os resultados mostram que 37% correspondem
ao sexo feminino em faixa etária compreendida nos 30 – 40 anos, 30% correspondem ao sexo
feminino em faixa etária compreendida nos 41 – 50 anos, 20% corresponde ao sexo feminino
em faixa etária compreendida nos 19 – 29 anos, na mesma faixa etária 7% correspondem ao
sexo masculino, e, na faixa etária do 51 – 60 anos 3% correspondem ao sexo masculino e a
mesma percentagem para o sexo feminino.

Verifica-se que a faixa mais incidente está entre 30 – 40 anos, representado pelo
sexo feminino, a seguir da faixa entre os 41 – 50 anos também representados pelo sexo
feminino. Concordando com os resultados do estudo de (Sarquis & Felli, 2002).

Quanto mais jovem for o profissional, melhor na realização de suas actividades


devido a força física e agilidade. Esta juventude toda no estudo dá-se devido o facto de que o
concurso público realizou-se recentemente e os novos pupilos representam esta faixa.

22
Tabela 4: Distribuição dos Profissionais de Enfermagem do Hospital Municipal de Viana – Capalanga
segundo a Categoria Profissional
Categorias Frequência Percentagem
Auxiliar 5 17%
Técnico 21 70%
Bacharel 1 3%
Enfermeiro 3 10%
Total 30 100%

Fonte: elaborado pelo autor, de Hospital Municipal de Viana – Capalanga, 2019

Figura 3: Apresentação gráfica dos Profissionais de Enfermagem do Hospital Municipal de Viana –


Capalanga segundo a categoria Profissional

Bacharel Enfermeiro
Auxiliar
3% 10%
17%

Técnico
70%

Fonte: Elaborado pelo autor, de Tabela 4

De acordo com os dados obtidos sobre a categoria dos profissionais de


enfermagem do Hospital Municipal de Viana, os resultados mostram que, 70% são Técnicos
médios de enfermagem, 17% auxiliar de enfermagem, 10% Enfermeiro e 3% bacharel.

Verifica-se maior incidência de Técnicos de enfermagem, estudo que vai de


acordo com a pesquisa de Machado & Henkes, (2018), realizado em 2013 no Hospital
Tramandai.

No estudo realizado por Sarquis e Felli (2002), constactou-se maior relevância de


auxiliares, mas ainda confirma-se nos dados obtidos neste estudo, realizado no Hospital
Municipal de Viana que a categoria auxiliar ainda se mantém, devido ao elevado número de
escolas técnicas e centros de formação profissional, em Angola,

23
Tabela 5: Distribuição dos Profissionais de Enfermagem do Hospital Municipal de Viana -Capalanga
segundo o Tempo de Serviço
Tempo de Serviço Frequência Percentagem
≤ 5 Anos 11 38%
6 - 10 Anos 6 21%
11 - 15 Anos 4 14%
≥ 16 Anos 8 28%
Total 29 100%

Fonte: elaborado pelo autor, de Hospital Municipal de Viana – Capalanga, 2019

Figura 4: Apresentação gráfica do Tempo de serviço dos profissionais de Enfermagem do Hospital


Municipal de Viana - Capalanga

Maior de 16 Anos
27% Menor de 5 Anos
38%

11 - 15 Anos
14%
6 - 10 Anos
21%

Fonte: Elaborado pelo autor, de Tabela 5

De acordo com os dados obtidos sobre o tempo de serviço dos profissionais de


enfermagem do Hospital Municipal de Viana, os resultados mostram que 38% correspondem
em menor ou igual a 5 anos de trabalho, 27% maior ou igual a 16 anos de trabalho, 21% de 6
– 10 anos de trabalho e 14% dos 11 – 15 anos de trabalho.

Lisboa, Melo, Bardella, Meirelles e Bolentini (2012), num artigo que relata o
índice de acidentes com Perfuro-cortantes, verificou-se que 60% dos profissionais
frequentavam o serviço em menor ou igual a 5 anos de trabalho.

Verifica-se que os profissionais de enfermagem do Hospital Municipal de Viana,


são recentes no serviço, que em termos de adaptação é um risco para o cometimento de erros
de trabalho, originando a um possível acidente. Estudos mostram que maior parte dos
profissionais acidentados têm um tempo de serviço menor de cinco (5) anos, corroborando
com o estudo do autor acima referido.
24
Tabela 6: Distribuição dos Profissionais de Enfermagem do Hospital Municipal de Viana - Capalanga
segundo o Nível de Conhecimento
Nível de Conhecimento Frequência Percentagem
Mau 4 13%
Moderado 3 10%
Bom 13 43%
Excelente 10 33%
Total 30 100%

Fonte: elaborado pelo autor, de Hospital Municipal de Viana – Capalanga, 2019

Figura 5: Apresentação gráfica do Nível de conhecimento dos profissionais de Enfermagem do Hospital


Municipal de Viana - Capalanga

Mau
13%
Excelente Moderado
33% 10%

Bom
44%

Fonte: Elaborado pelo autor, de Tabela 6

De acordo com os dados obtidos sobre o Nível de conhecimento dos profissionais


de enfermagem do Hospital Municipal de Viana, os resultados mostram que, 44% apresentam
um bom nível de conhecimento, 33% apresentam um nível excelente de conhecimento, 13%
apresentam mau conhecimento e 10% dos profissionais apresentam conhecimento moderado.

Segundo Goiás (2003), citado por Lisboa, Melo, Bardella, Meirelles e Bolentini
(2012), a capacitação dos profissionais é sempre essencial para a conscientização em a adoção
de práticas de seguranças, além de orientar quanto aos riscos que estão expostos e as medidas
que deverão adoptar na prevenção de acidentes.

Nota-se que maior parte dos profissionais apresentam um conhecimento bom a


nível das afirmações que lhes foram impostas com 44%, o que é positivo, a seguir verificamos
que 1/3 apresenta conhecimento excelente. Dados que me dão a entender que os profissionais
25
ainda estão frescos de conhecimentos, justifica-se o concurso público realizado recentemente
e a maioria destes são recém-enquadrados como técnicos de saúde.

Tabela 7: Distribuição dos Profissionais de Enfermagem do Hospital Municipal de Viana - Capalanga


segundo o Nº de profissionais acidentados e não acidentados
Itens Frequência Percentagem
Acidentados 24 80%
Não Acidentados 6 20%
Total 30 100%

Fonte: elaborado pelo autor, de Hospital Municipal de Viana – Capalanga, 2019

Figura 6: Apresentação gráfica do nº de profissionais acidentados e não acidentados do Hospital


Municipal de Viana - Capalanga

Não
Acidentados
20%

Acidentados
80%

Fonte: Elaborado pelo autor, de Tabela 7

De acordo com os dados obtidos sobre o número de profissionais acidentados e


não acidentados dos profissionais de enfermagem do Hospital Municipal de Viana, os
resultados mostram que, 80% dos profissionais sofreram acidentes de trabalho com materiais
perfuro-cortantes e 20% não sofreram acidentes de trabalho.

No estudo realizado por Sarquis e Felli (2002), mostram que menor parte dos
profissionais sofrem acidentes, não quer dizer que seja positivo porque o positivo é não haver
acidentes de trabalho. Mas quando a maioria dos profissionais sofrem acidentes, a
preocupação é maior em relação ao facto anterior.

Verifica-se que os resultados dos profissionais acidentados são maiores que os


profissionais não acidentados, não corroborando com o estudo de Sarquis e Felli (2002).
26
Quando há maior índice de acidentes de trabalho, deve-se fazer uma reflexão sobre este
assunto de modos que se façam prevenções para minimizar os acidentes. Nota-se que desde a
década de 2000, os acidentes de trabalho têm aumentado devido a falta de fiscalização nos
serviços sobre a biossegurança.

Tabela 8: Distribuição dos acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes em Profissionais de


Enfermagem do Hospital Municipal de Viana - Capalanga segundo as etapas de acidentes de trabalho.
Etapas Frequência Percentagem
Antes do
Procedimento 9 30%
Durante o
Procedimento 9 30%
Após o
Procedimento 6 20%
Não sofreu
6 20%
Acidente
Total 30 100%

Fonte: elaborado pelo autor, de Hospital Municipal de Viana – Capalanga, 2019

Figura 7: Apresentação gráfica das etapas de acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes em
Profissionais de Enfermagem do Hospital Municipal de Viana - Capalanga

Não sofreu Acid Antes do


20% Procedimento
30%

Após o
Procedimento
20%
Durante o
Procedimento
30%

Fonte: Elaborado pelo autor, de Tabela 8

De acordo com os dados obtidos sobre as etapas de acidentes de trabalho com


materiais perfuro-cortantes nos profissionais de enfermagem do Hospital Municipal de Viana,
os resultados mostram que 30% sofreram acidentes de trabalho com materiais perfuro-
cortantes antes do procedimento, igualmente 30% sofreram acidentes de trabalho com

27
materiais perfuro-cortantes durante o procedimento, 20% sofreram acidentes de trabalho com
materiais perfuro-cortantes após o procedimento e os outros 20% correspondem aos
profissionais que não sofreram quaisquer acidentes de trabalho.

Para Machado e Henkes (2018), em seus estudos sobre as etapas de ocorrência de


acidentes, confirmam que maior parte dos profissionais, se acidentam durante e após as
realização dos procedimentos de enfermagem.

Verifica-se que maior parte dos acidentes foram ocorridos antes e durante a
realização dos procedimentos, tendo como risco de contaminação e medo por parte dos
profissionais acidentar-se durante e após a realização dos procedimentos, concordando com o
estudos dos autores acima.

Tabela 9: Distribuição dos acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes em Profissionais de


Enfermagem do Hospital Municipal Viana - Capalanga de acordo com o Agente da lesão
Agentes da Frequência Percentagem
lesão
Agulhas 20 67%
Vidros 4 13%
Não é o caso 6 20%
Total 30 100%

Fonte: elaborado pelo autor, de Hospital Municipal de Viana – Capalanga, 2019

Figura 8: Apresentação gráfica dos acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes em


Profissionais de Enfermagem do Hospital Municipal de Viana - Capalanga de acordo ao Agente da Lesão

Não é o caso
20%

Vidros
13%
Agulhas
67%

Fonte: Elaborado pelo autor, de Tabela 9

De acordo com os dados obtidos sobre os agentes da lesão nos profissionais de


enfermagem do Hospital Municipal de Viana, os resultados mostram que, 67% das lesões nos
28
acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes foram cometidos por agulhas, 13%
forma cometidos por cacos de vidro das ampolas e 20% correspondem aos indivíduos que não
se acidentaram.

Para Ferreira e Anjos (2001) citado por Machado e Henkes (2018), os materiais
perfuro-cortantes são responsáveis por graves acidentes, causando medo de contaminação aos
profissionais.

Constacta-se maior frequência dos acidentes de trabalho com materiais perfuro-


cortantes ocasionados por agulhas e cacos das ampolas. Sendo a seringa e agulhas elementos
utilizados nas práticas diárias do enfermeiro e técnicos de enfermagem, cabe proporcionar ao
profissional o treinamento desses materiais.

Tabela 10: Distribuição dos acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortante em profissionais de
Enfermagem do Hospital Municipal de Viana - Capalanga segundo o Tipo de Lesão
Tipo de lesão Frequência Percentagem
Picada 19 64%
Corte 4 13%
Secreção com
1 3%
sangue
Não é o caso 6 20%
Total 30 100%

Fonte: elaborado pelo autor, de Hospital Municipal de Viana – Capalanga, 2019

Figura 9: Apresentação gráfica dos acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes em


Profissionais de Enfermagem do Hospital Municipal de Viana - Capalanga quanto ao Tipo de Lesão

Secreção com Não é o caso


sangue 20%
3%

Corte
13% Picada
64%

Fonte: Elaborado pelo autor, de Tabela 10

29
De acordo com os dados obtidos sobre o tipo de lesão nos profissionais de
enfermagem do Hospital Municipal de Viana, os resultados mostram que, 64% das lesões nos
acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes foram por picadas, 13% foram por
cortes, 3% foram por secreções com sangue sendo que 20% corresponde aos indivíduos que
não sofreram acidente.

Segundo Sarquis e Felli (2002), os danos mais frequentes em acidentes nos


profissionais, são os provocados por materiais perfuro-cortantes. Concordando assim, com a
minha investigação.

Verificamos que os danos mais frequentes provocados pelos acidentes de trabalho


provocados por picadas e cortes, somando 77% por elementos perfuro-cortantes, facto que
leva-nos a reflectir na possível falta de treinamento na utilização desses materiais.

Tabela 11: Distribuição dos acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes em profissionais de
enfermagem do Hospital Municipal de Viana - Capalanga segundo a Região do Corpo Afectado
Região do corpo Frequência Percentagem
afectado
Palma da mão direita ou
9 30%
esquerda
Dedo 15 50%
Não é o caso 6 20%
Total 30 100%

Fonte: elaborado pelo autor, de Hospital Municipal de Viana – Capalanga, 2019

Figura 10: Apresentação gráfica dos acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes em
profissionais de enfermagem do Hospital Municipal de Viana - Capalanga segundo a Região do Corpo
Afectado

Não é o caso Palma da mão


20% direita ou
esquerda
30%

Dedo
50%

Fonte: Elaborado pelo autor, de Tabela 11

30
De acordo com os dados obtidos sobre a região do corpo afectada pelos acidentes
nos profissionais de enfermagem do Hospital Municipal de Viana, os resultados mostram que,
50% dos profissionais sofreram acidentes nos Dedos, 30% na palama da mão direita ou
esquerda, sendo que, 20% corresponde aos indivíduos que não sofreram acidentes.

Verifica-se que a região do corpo mais afectado nos acidentes de trabalho é o


dedo, devido a sua utilidade na pega dos materiais e instrumentos de trabalho. A mão em si,
ajuda bastante na realização de nossas tarefas, quando há falta de atenção, desgaste físico e a
gente se acidenta, acabamos por nos ferir na região mais próxima do material perfuro-cortante.

Tabela 12: Distribuição dos acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes em profissionais de
Enfermagem do Hospital Municipal de Viana - Capalanga segundo as Causas de Acidentes com materiais
perfuro-cortantes.
Causas de Acidente Frequência Percentagem
Desgaste físico 3 10%
Desconhecimento e
banalização do risco 1 3%
Reencape Incorrecto 1 3%
Falhas na supervisão 1 3%
Despreparo profissional 2 7%
Dupla jornada de trabalho 1 3%
Sobrecarga de trabalho 6 20%
Ausência de método 1 3%
Descarte incorrecto 1 3%
Descontrole emocional 7 23%
Não é o caso 6 20%
Total 30 100%

Fonte: elaborado pelo autor, de Hospital Municipal de Viana – Capalanga, 2019

De acordo com os dados obtidos sobre as causas de acidentes de trabalho com


materiais perfuro-cortantes nos profissionais de enfermagem do Hospital Municipal de Viana,
os resultados mostram que, 23% dos acidentes foi por descontrole emocional, 20% dos
acidentes ocorreu devido a sobrecarga de trabalho, 10% ocorreram devido o desgaste físico,
7% ocorreram devido ao despreparo profissional, 3% ocorreram devido a dupla jornada de
trabalho, 3% ocorreram devido a reencape incorrecto, 3% devido ao descarte incorrecto, 3%
devido a falhas na supervisão dos serviços, 3% devido ao desconhecimento dos risco, sendo
que os 20% correspondem aos profissionais que não sofreram acidentes.

31
De acordo com Balsamo e Felli (2006), citado por Ribeiro, Santos, Ebner, &
Oliveira, (2012), a falta de atenção, o desgaste físico e sobrecarga de trabalho, são as
principais causas de acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes. Associando a
resposta, desconrolo é falta de atenção, profissionais com dupla jornada de trabalho, têm
maior risco de descarga de trabalho e consequentemente maior risco de acidentar-se devido o
cansaço.

Verifica-se o predomínio das causas de acidentes de trabalho por materiais


perfuro-cortantes em Descontrolo emocional inerentes às actividades realizadas. Se o paciente
for agitado a possibilidade de atenção é maior, mas se haver descontrolo o risco de acidentar-
se torna-se maior ainda.

Tabela 13: Distribuição dos acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes em Profissionais de
Enfermagem do Hospital Municipal de Viana - Capalanga segundo o Sexo por Categoria mais afectado
por Acidentes de Trabalho.
Categoria Profissional
Etapas/Acidentes Sexo Total %
Auxiliar Enfermeiro Técnico Bacharel
Antes do Masc 0 0 2 0 2 8%
Procedimento Fem 0 1 6 0 7 29%
Durante o Masc 0 0 0 0 0 0%
Procedimento Fem 4 1 3 1 9 38%
Após o Masc 0 0 0 0 0 0%
Procedimento Fem 1 1 4 0 6 25%
Masc 0 0 2 0 2 8%
Total
Fem 5 3 13 1 22 92%
Subtotal 5 3 15 1 24 100%
Percentagem 21% 13% 63% 4% 100%

Fonte: elaborado pelo autor, de Hospital Municipal de Viana – Capalanga, 2019

De acordo com os dados obtidos sobre sexo por categoria mais afectada por
acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes nos profissionais de enfermagem do
Hospital Municipal de Viana, os resultados mostram que, 63% dos profissionais acidentados
são da Técnicos médios de enfermagem, 21% dos afectado são Auxiliares de enfermagem,
13% dos profissionais afectados são Enfermeiros e 4% dos profissionais de enfermagem
acidentados são bacharel de enfermagem. Quanto ao sexo mais afectado por acidente de
trabalho com materiais perfuro-cortante, os resultados da pesquisa mostram que, 92% dos
acidentados são do sexo Feminino e 8% dos acidentados são do sexo masculino.
32
Segundo Sarquis e Felli (2002), as categorias com elevado índice de risco para
acidentes de trabalho são as categorias auxiliar e técnicos médios de enfermagem, devidas as
actividades realizadas por profissionais dessas categorias. Realizam administração de
medicamentos injectáveis e são envolvidos em procedimentos de risco nas emergências com
materiais perfuro-cortantes.

Nota-se também a preponderância do sexo feminino em termos de acidentes de


trabalho com materiais perfuro-cortantes, por ser, a enfermagem, uma profissão em que há
maior pessoal do sexo feminino.

Segundo Heiman (1994), citado por Sarquis e Felli (2002), o maior coeficiente de
risco está entre as mulheres devido o papel que elas ocupam na sociedade, onde têm de aturar
os filhos, da casa e vai o emprego, causando assim, acidentes no trabalho por expressão dos
desgastes físicos. Segundo o mesmo assume que a maioria dos profissionais de saúde pertence
ao sexo feminino.

Segundo Sousa (2002) citado por Pacheco (2012), 59,3% dos acidentes são
cometidos por Enfermeiros e 40,7% Auxiliares de enfermagem. Ainda explicitando, o autor
afirma que maior parte desses acidentes forma após a realização dos procedimentos o que
representa maior risco de contaminação de patógenos.

De acordo com a nossa pesquisa, nota-se maior percentagem nos Técnicos de


enfermagem, pode ser devido o elevado número de escolas de formação de técnicos de saúde
em Angola, principalmente na província de Luanda, como também o cancelamento de
formação de auxiliares de enfermagem, descordando com os resultados de Sousa em 2002.

33
CONCLUSÕES

O estudo foi realizado no Hospital Municipal de Viana – Capalanga baseando-se


no cumprimento do objectivo geral, em exploração desta, tive êxito e alcancei a resposta da
questão de partida. Os dados obtidos neste estudo, nos permitem concluir que os ferimentos
ou os acidentes podem ser ocasionados por diversos factores e isso representa um sério
problema para os profissionais desta unidade de trabalho.

Em relação aos resultados, conclui-se que 80% dos profissionais de enfermagem


sofrem acidentes e que as causas de acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes nos
profissionais de enfermagem do hospital Municipal de Viana – Capalanga foram o
descontrolo emocional durante a realização dos procedimentos, dupla jornada de trabalho,
desgaste físico, despreparo profissional, descarte incorrecto, reencape incorrecto, falhas na
supervisão e desconhecimento e banalização dos riscos. Conclui-se também que:

A faixa etária que mais sofreu acidente é a entre os 30 e os 40 anos com 37% de
profissionais acidentados.

A frequência de acidentes é maior entre as mulheres em relação aos homens, o


que é demonstrado pelo número elevado acidentadas com 90%.

A categoria dos Técnico médios de enfermagem foi a que mais sofreu acidente de
trabalho, com uma percentagem de 63% dos acidentes.

A maioria dos profissionais apresenta um tempo de serviço menor ou igual a 5


anos, com uma percentagem de 38% deles.

O nível de conhecimento sobre técnicas correctas de manuseio dos materiais


perfuro-cortantes é bom para a maioria dos profissionais de enfermagem com 43%.

80% Dos acidentes foram com objeto perfurantes e, destes, as agulhas de injeção
foram as mais frequentes (67%), sendo que 13%ocorrem com objetos cortantes. Tipo de lesão
mais frequente é a picada com 63% de 80% dos acidentes. A região do corpo mais afectado
nos acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes é o dedo representando 50% destes.

Os acidentes de trabalho com materiais perfuro-cortantes representam um risco


grave de o profissional de enfermagem contrair doenças contagiosas com o VIH SIDA ou as
Hepatites, por isso, esse estudo indica, portanto, a necessidade de intervenções por parte das
34
instituições, do enfermeiro e dos trabalhadores que contemplem a organização/reorganização
de trabalho, no que diz respeito aos aspectos acima referidos.

A Prevenção parte da consciência do próprio profissional e da coordenação de


cada instituição. O elo entre o profissional e a direcção, deve fluir para que os reais problemas
sejam identificados e solucionados de modos a criar uma estratégia para a erradicação dos
acidentes com materiais perfuro-cortantes

35
RECOMENDAÇÕES

É inegável que os profissionais não sejam responsáveis por metade dos agravos
acontecidos, por descuido e a não colocação em prática do que diz a ciência. Além dos
resultados, ainda há muitos acidentes ocorrendo nesta unidade mas não são notificados,
portanto, recomenda-se aos directores desta unidade de serviço, que, apostem mais na
supervisão dos serviços de enfermagem e na capacitação dos profissionais no que tange a
biossegurança no trabalho.

Recomenda-se também a criação de protocolos para a notificação dos acidentes de


trabalho com materiais perfuro-cortantes e deverão ser arquivados na unidade, enviar a
estatística mensalmente na Repartição Municipal de Saúde e publicados no Ministério da
saúde, para que haja conhecimento prévio da situação vivenciada nos profissionais de saúde.

Como um futuro profissional de saúde, recomendo a criação de estratégias


educativas sobre a biossegurança no trabalho aos profissionais a partir dos profissionais ou
categorias mais afectados aos menos, de modos que se previnam posteriores desequilíbrios em
termos de má prática na realização de suas acções de trabalho.

36
BIBLIOGRAFIA

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38
Wiki. (05 de Agosto de 2019). Obtido em 07 de Setembro de 2019, de Wikipédia:
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/hospital

39
APÊNDICE

Apêndice 1: Questionário de Pesquisa

Apêndice 2: Cronograma de actividades

40
ANEXOS

Anexo 1: Pré-Projecto de Investigação (TFC) Homologado e autorizado

Anexo 2: pedido de autorização de recolha de dados (CTFC)

Anexo 3: Solicitação autorizada pelo Hospital Municipal de Viana - Capalanga

Anexo 4: Carta de Resposta do Hospital Municipal de Viana – Capalanga (HMV)

Anexo 5: organigrama do hospital Municipal de Viana - capalanga (HMV)

41
Campus universitário de Viana

Universidade Jean Piaget de Angola


Criada pelo Decreto N.º 44-A/01 do Conselho de Ministros, em 06 de Julho de 2001.

Faculdade de Ciências da Saúde

MONOGRAFIA

ESTUDO SOBRE AS CAUSAS DE ACIDENTES DE


TRABALHO COM MATERIAIS PERFURO-CORTANTES,
NOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DO HOSPITAL
MUNICIPAL DE VIANA - CAPALANGA, NO II SEMESTRE
DE 2019

Nome do estudante: João Vasco Francisco Barroso


Licenciatura: Enfermagem

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