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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

DIREITO

Resenha Crítica

Pedro Paulo Santana Marques Junior

Trabalho da disciplina Processo Penal Aplicado


Tutor: Prof. Paulo Sergio Rizzo

Vila Velha / ES
2022

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Pedro Paulo Santana Marques Junior

Referência:

VASCONCELLOS, Vinicius Gomes de. Standard probatório para condenação e


dúvida razoável no processo penal: análise das possíveis contribuições ao
ordenamento brasileiro? Disponível em: https://doi.org/10.1590/23176172201961.

I – INTRODUÇÃO

A resenha tem como objetivo apresentar os critérios que norteiam a seara


processual penal a respeito da comprovação de um fato criminoso mediante a
reunião de provas, apresentando possíveis contribuições do standard probatório
quanto a sua aplicação expressa ao ordenamento jurídico brasileiro, por meio de
critérios lógicos e objetivos voltados valoração da prova e justificação da decisão
judicial sobre fatos, para sua devida aplicação ao processo penal.

II - DESENVOLVIMENTO

Atualmente existem diversos standards probatórios, entretanto no ordenamento


jurídico brasileiro não há previsão expressa de standard probatório para condenação
do réu. Para a comprovação de um crime, o julgador utiliza critérios flexíveis de
provas com largo espaço para discricionariedade judicial, entretanto, o juiz não
dispõe de discricionariedade absoluta, ou seja, mesmo ele estando convencido isso
não é determinante para sua decisão, sua decisão deve ser fundamentada e
pautada por critérios lógicos e racionais, sendo assim, a justiça criminal pressupõe
um cognitivismo processual para determinação do fato criminoso.

Vale ressaltar que no Brasil é majoritário a adoção do livre convencimento motivado


ao sistema de prova tarifada, neste caso, observados os limites do sistema jurídico o

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juiz pode dar sua própria valoração a prova, sendo seu dever fundamentar sua
decisão. Diferentemente, o sistema norte americano é baseado no standard
probatório “prova além da dúvida razoável”. Este sistema é caracterizado pela
valorização da prova como a condição mais preponderante para uma decisão
judicial, afastando toda e qualquer dúvida em relação a versão a qual deve ser
aceita como verdadeira pelo julgador.

É imperioso destacar que a justiça criminal brasileira adota a presunção de


inocência como um basilar, que tem como pressuposto que uma pessoa não pode
ser considerada culpada até isso seja provado judicialmente, diante disso, o julgador
adota uma postura imparcial pautada na desconfiança e não na certeza sobre a
postulação acusatória. Em suma, o réu deve ser considerado inocente até que se
prove o contrário.

Contudo, o sistema baseado no standard probatório “prova além da dúvida razoável”


adotado em grande parte pelo sistema processual penal norte americano, aduz que
deve ser considerado provado o ato delituoso caso não haja qualquer dúvida
razoável quanto a sua veracidade. As provas para uma ocorrência delituosa ocorrer
são determinadas pela sua proporção, ou seja, este sistema define que um fato
delituoso é mais provável quando é comprovado pela sua ocorrência elevada do que
pela sua não ocorrência. Entretanto, este sistema probatório é condicionado por
possíveis falhas, uma vez que condenação do réu está condicionada a valoração
probatória mediante um juízo fático de probabilidade a fim de alcançar a verdade
absoluta do ato delituoso, neste caso, o julgador é orientado apenas pela matéria
fática para a condenação. A questão é que quanto maior a quantidade de provas
necessárias para considerar um fato provado, maior será a possibilidade de ocorrer
falhas, isso ocorre devido a arbitrariedade do julgador levando a inúmeros casos de
condenações ilícitas.

É evidente que o sistema norte americano como standard probatório para


condenação além da dúvida razoável é passível de críticas quanto a sua aplicação,
podemos frisar o caráter subjetivista e pessoal dos julgadores considerarem um fato
provado quando estiverem convencidos de um modo consistente, além disso, a ideia
da prova além da dúvida razoável, acarreta uma inversão do ônus probatório, que no
processo penal deve ser integralmente da acusação.

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III - CONCLUSÃO

Ante ao exposto, é necessário que seja regulado um standard probatório ao sistema


processual brasileiro com critérios lógicos e objetivos a fim de evitar que erros
judiciais prejudiquem o imputado inocente, além disso, a presunção da inocência e o
in dubio pro reo, não são suficientes para determinar um juízo mais justo e
adequado ao réu, ao passo que, a regulação de um standard probatório permitirá
uma evolução perfeita ao processo penal referente a teoria racional da prova,
limitando ao julgador um juízo sem arbitrariedades pautado na valoração probatória
nas matérias fáticas relativas ao processo penal.

Em suma, é importante frisar que o standard probatório da “prova além da dúvida


razoável”, muito praticado no processo penal norte americano, não é o mais
adequado se fosse aplicado ao processo penal brasileiro, pois isso acarretaria vários
conflitos nas decisões, a razão disso, é que neste sistema a sentença condenatória
não é devidamente motivada a partir de critérios técnicos e objetivos, além disso,
não são submetidos ao controle por via recursal como no ordenamento jurídico
brasileiro.

Conclui-se que a valoração do standard probatório, não deve ser o único meio de
condenação do réu pelo julgador, é imprescindível que o juiz observe critérios que
coloquem em dúvida todos os meios de provas apresentados no processo a fim de
afastar qualquer arbitrariedade ao processo, sendo assim, havendo “dúvida
razoável”, o magistrado deve pautar sua decisão na condição mais benéfica do réu,
pautada em critérios objetivos e racionais e não apenas nas provas.

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