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ESCOLA SUPERIOR DE ECONOMIA E GESTÃO

LICENCIATURA EM DIREITO
CADEIRA: DIREITO CRIMINAL GERAL II
TRABALHO DE PESQUISA CIENTÍFICA EM GRUPO
II ANO- PÓS LABORAL

TEMA
Causas De Justificação Do Facto E De Exclusão De Ilicitude

A Docente:
 dra. Armorina Mabai

O Discente:
 Afonso Maculuve
 Carmelina Mucapa
 Pedro Pululo
 Simplícia Cuinica

Maputo, Outubro de 2022


ESCOLA SUPERIOR DE ECONOMIA E GESTÃO
LICENCIATURA EM DIREITO
CADEIRA: DIREITO CRIMINAL GERAL II
TRABALHO DE PESQUISA CIENTÍFICA EM GRUPO

Causas De Justificação Do Facto E De Exclusão De Ilicitude

Trabalho de pesquisa científica da cadeira de


Direito Criminal Geral II a ser apresentado
na Escola superior de Economia e Gestão,
para efeito de avaliação parcial, sob
orientação da dra. Armorina Mabai.

Maputo, outubro de 2022

Índice
Introdução.............................................................................................................................................4

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CAPÍTULO I.........................................................................................................................................5
1.1 Contextualização do tema............................................................................................................5
1.2 Delimitação do Tema...................................................................................................................5
1.3. Problematização..........................................................................................................................5
CAPITULO II.......................................................................................................................................6
2.1. Acção..........................................................................................................................................6
2.2. Tipicidade...................................................................................................................................6
2.3. Ilicitude.......................................................................................................................................6
3. Culpa.............................................................................................................................................7
CAPITULO III......................................................................................................................................8
4. Causas da justificação do facto e exclusão da ilicitude..................................................................8
4.1. Legitima Defesa........................................................................................................................8
4.2. Pressupostos...............................................................................................................................8
4.3. Requisitos...................................................................................................................................9
4.4. Necessidade de defesa................................................................................................................9
4.5. Excesso de legítima defesa (art. 185 cp)..................................................................................10
4.6. O consentimento do ofendido (Art. 56 CP)...............................................................................10
4.7. Estado de necessidade (Art. 52º CP).........................................................................................10
4.8. Requisitos do direito de necessidade.......................................................................................11
5. Conclusão........................................................................................................................................13
6. Bibliografia......................................................................................................................................14

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Introdução

O presente trabalho atribuído na cadeira de Direito Criminal II do curso de Direito do 2º ano,


com o tema causas da justificação do facto e da exclusão da ilicitude esta inserido no âmbito
do plano analítico da cadeira a par de provas escritas para avaliação do estudante.

Como vimos nas aulas todo facto típico em princípio é ilícito, ou seja, o tipo pressupõe uma
norma proibitiva e, como tal indicia a existência da ilicitude, quanto ao comportamento que
violar tal norma. Estas normas são a regra e são denominadas normas proibitivas, em
contrapartida há circunstâncias que afastam o caracter ilícito de um comportamento humano
denominadas normas permissivas, estas normas tornam lícitas determinadas condutas
humanas tipificadas em leis incriminadoras, são essas normas que prevê as causas da
justificação do facto ou da exclusão da ilicitude, estas normas são a excepção, dai significa
que nem todos factos são ilícitos.

Pretende-se com o presente tema debater situações que a ordem jurídica pondera e por vezes
exclui a culpabilidade do agente em casos em que se verifica a intenção do agente, ou seja,
pretende- se com o presente trabalho trazer em discussão casos de condutas que são toleradas,
aceites pela ordem jurídica apesar de tipificadas, mas que, entretanto, não devem ser
consideradas criminosas. Para tal Julgamos importante trazer algumas nuances relativas a
teoria da infracção criminal, pois é com esta introdução que numa fase inicial pretendemos
estruturar o presente trabalho trazendo alguns conceitos básicos, a delimitação do tema, a
problematização a justificativa.

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CAPÍTULO I

1.1 Contextualização do tema


Causas da justificação do facto ou da exclusão da ilicitude encontra-se plasmado no art. 48 do
CP (Código Penal), são aquelas situações que o ordenamento jurídico permite a realização de
condutas inicialmente proibidas. Compreendem os tipos que descrevem as causas de exclusão
da ilicitude ou tipos descriminantes., são normas permissivas São tipos penais que não
descrevem fatos criminosos, mas hipóteses em que esses fatos podem ser praticados. Por essa
razão, denominam-se permissivos. São tipos que permitem a prática de condutas descritas
como criminosas.

1.2 Delimitação do Tema


O presente trabalho será realizado tendo como objecto a temática da causa da justificação do
facto e da exclusão da ilicitude sob ponto de vista do ordenamento jurídico Moçambicano,
para a concretização deste trabalho será levado a cabo uma pesquisa bibliográfica a partir de
material Já publicado, constituído principalmente de livros, artigos periódicos e atualmente
com material disponibilizado na Internet com o enfoque para o actual código penal
Moçambicano.

1.3. Problematização

O direito criminal é O complexo de normas jurídicas que, em cada momento histórico,


enuncia de uma forma geral e abstracta, os factos ou condutas humanas susceptíveis de pôr
em causa os valores ou interesses jurídicos tidos por essenciais numa dada comunidade, e
estabelece as sanções que lhe correspondem, ou seja é o ramo do Direito Público que define
as infracções criminais e fixa as respectivas penas e medidas de segurança, ou se quiserem O
conjunto de normas jurídicas que ligam a certos comportamentos (crimes) certas
consequências (penas e medidas de segurança)
Dai que é nosso entendimento de que a função do direito criminal é de proteger de forma
subsidiaria os bens jurídicos fundamentais, assentando na ideia de direito de “última ratio”.

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1.4 Justificativa

O presente trabalho foi atribuído na cadeira de Direito Criminal II do curso de Licenciatura


em Direito 2º ano ministrado pela Escola Superior de Economia e Gestão.

Pretendemos trazer com o presente trabalho uma maior reflexão em relação ao tema, e deste
modo dar um singelo contributo para a Instituição no que toca ao material didático disponível
para auxiliar os estudantes de direito assim como acreditamos iremos detetar lacunas e propor
melhorias na doutrina.

CAPITULO II
Como nos referimos na parte introdutória do nosso trabalho achamos relevante revisitar
alguns dos aspectos tratados na teoria geral da infracção criminal para servir de ponto de
partida e de um certo modo facilitar o prezado leitor na sua interacção com o tema que nos
propomos a estudar.

2.1. Acção
Segundo o Dr. Figueiredo Dias não faz sentido autonomizar a acção da tipicidade, porque na
tipicidade, um dos elementos objectivos do tipo é a conduta, a qual pode ser por acção ou por
omissão. Logo, se a acção não é dominada pela vontade, não há conduta e por conseguinte,
não havendo conduta, falta um dos elementos objectivos do tipo e consequentemente não está
preenchida a categoria analítica da tipicidade.

2.2. Tipicidade
É a descrição da conduta que preenche o ilícito criminal. É o preenchimento de um tipo de
crime.

2.3. Ilicitude
Qualidade do que é ilícito. Quando o tipo está preenchido, tanto do ponto de vista objectivo
como subjetivo, diz-se que está indiciada a Ilicitude. Quando a conduta do agente é típica, a
consequência que daí se tira é que a conduta é ilícita. O tipo indicia a ilicitude. Na ilicitude
distingue-se entre a ilicitude formal e ilicitude material

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a) Ilicitude formal
É a contrariedade à ordem jurídica. É a violação de deveres penalmente sancionáveis.
Pode tratar-se da violação do dever de ter uma certa conduta praticando um facto ou de
violação do dever de não ter determinada conduta, através da omissão de um comportamento
devido.

b) Ilicitude material

Consiste na graduação da danosidade do facto ilícito praticado. Este conceito permite


identificar as causas de exclusão da Ilicitude e graduar a pena consoante o desvalor do acto
que lesa o bem jurídico e a sua gravidade. Trata-se de um conceito trazido pela escola neo-
clássica.

3. Culpa
No juízo de culpabilidade é apreciada a formação da vontade do agente e se ela se deveu a
uma atitude defeituosa diante do Direito.

O juízo da ilicitude do facto deve preceder o juízo da culpabilidade, pois não faz sentido falar
em culpa relativamente a factos lícitos, mas já faz sentido falar em actos ilícitos sem que haja
culpa.

O que está em causa na culpa é saber se numa dada situação concreta, do ponto de vista de
política criminal, é ou não necessário punir uma pessoa. Se, num caso concreto, os fins de
prevenção – geral ou especial - exigirem que uma pessoa seja punida, pode dizer-se que ela
tem culpa.

Causas que excluem a culpa art. 51 CP


a) Inimputabilidade (em razão da idade ou de anomalia psíquica);
b) Estado de necessidade (art. 52º CP);
c) Obediência indevida;
d) Legítima defesa (Art. 53º CP)

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Nas Causas da justificação do facto e exclusão da ilicitude que consequentemente excluem a
culpa do agente iremos para o presente trabalho debruçar apenas sobre a legítima defesa e o
estado de necessidade

CAPITULO III

4. Causas da justificação do facto e exclusão da ilicitude


Como vimos, todo fato típico, em princípio, é ilícito, a não ser que ocorra alguma causa que
lhe retire a ilicitude. A tipicidade é um indício da ilicitude. As causas que excluem a ilicitude
podem ser legais, quando previstas em lei, ou supralegais, quando aplicadas analogicamente
ante a falta de previsão legal, como dissemos iremos debruçar-se apenas das causas legais
nomeadamente o Estado de necessidade e legitima defesa, os mesmos estão previstos na
alínea a) e b) respectivamente do nº 1 do art.51 do CP.

4.1. Legitima Defesa


O Código penal não nos traz uma definição clara sobre a legítima defesa, mas constitui-se
legítima defesa o facto praticado como meio necessário para repelir a agressão actual e
ilícita de interesses juridicamente protegidos do agente ou de terceiro. O fundamento para
esta abertura dada pelo estado é a de que o próprio Estado não tem condições de oferecer
proteção aos cidadãos em todos os lugares e momentos, então, permite que se defendam
quando não houver outro meio.

Não há coincidência com a legítima defesa prevista no Código Civil, pois, no Código Penal
repudia-se a ponderação de interesses, ao contrário do que acontece no Código civil;

4.2. Pressupostos
Circunstâncias de facto que revelem uma situação de legítima defesa, por outras palavras, são
os elementos extrínsecos à causa de justificação e sem a verificação dos quais não é
admissível a legítima defesa. O primeiro pressuposto refere-se na agressão actual e ilícita e o
segundo na existência de interesses juridicamente protegidos.

1º Existência de interesses juridicamente protegidos

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a) A titularidade desses interesses pode ser do agente que age em legítima defesa, ou de
terceiro;
b) Na legítima defesa de terceiro, a conduta legítima pode dirigir-se contra o próprio
terceiro.
Exemplo: Arrancar uma navalha do suicida para impedir que retire à própria vida.

c) O bem jurídico a proteger deve possuir um carácter perfeitamente individualizado;


d) Não é possível a legítima defesa dos bens jurídicos do Estado quando a agressão põe
em causa a ordem jurídica no seu conjunto (Ex: manifestação não autorizada)

e) Tratando-se de um crime dirigido à colectividade como um todo, se a agressão afectar


imediatamente um particular, é admissível a legítima defesa.

2º Existência de uma agressão actual e ilícita


A agressão tem de ser actual, o que significa estar já em execução, ou ser iminente, prestes
a ser desencadeada. Além de actual, a agressão deve ser ilícita, isto é, objectivamente
contrária ao Direito.
Por isso não é admissível a legítima defesa contra a agressão já consumada ou contra a
agressão futura ainda não iminente.

a) Para que haja uma agressão, é necessário que haja acção, no sentido do Direito Penal,
isto é, uma acção definível como comportamento dominado ou dominável pela
vontade.
b) A agressão não tem que ser dolosa ou culposa
c) É permitida a legítima defesa em relação a uma acção negligente.
d) É permitida a legítima defesa em relação a um comportamento desculpável (acção
praticada por um louco ou por uma criança)

4.3. Requisitos
São os elementos intrínsecos à causa de justificação e sem cuja verificação o exercício da
defesa não é legítimo, embora seja possível.

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4.4. Necessidade de defesa
a) Que o agente utilize o meio necessário de defesa que implique as consequências
menos gravosas para o agressor, de entre aqueles meios que tiver à sua disposição.
Que não seja possível recorrer à força pública;
b) A necessidade do meio não obriga a que, aquele que suporta a agressão, tenha de
fugir.
Animus defendendi
É o elemento subjectivo da legítima defesa.
Quem actuar numa situação objectiva de defesa, mas sem o elemento subjectivo, deve ser
punido por crime consumado e não se deve aplicar.
Não há legítima defesa nos casos de provocação pré-ordenada.

O “animus defendendi” tem duas componentes :

Intelectual - É necessário conhecer-se a agressão que é pressuposto do exercício da legítima


defesa.
Volitivo - Ter vontade de repelir a agressão.

4.5. Excesso de legítima defesa (art. 185 cp)


Excesso - É a desnecessária intensificação de uma conduta inicialmente justificada.

Aqui não há legítima defesa. Se do tiro resultou a morte do agressor, o agente será punível
pelo crime de homicídio, podendo a pena ser especialmente atenuada. Contudo, observa se a
legitima defesa, fundada no preceituado no nº 1 do artigo 53 CP.
Do preceito do nº 2 do art. 53º CP Trata-se do excesso resultante de medo, perturbação ou
susto não censuráveis, nestes casos o agente não será punido.

4.6. O consentimento do ofendido (Art. 56 CP)


O consentimento do ofendido pode afastar a tipicidade ou a ilicitude quando o tipo legal
penal descrever uma accão cujo caracter ilícito reside em actuar contra avontade do sujeito
passivo, porém excluirá a ilicitude quando o comportamento resultar em uma lesão ao bem
jurídico. Contudo há que observar a questão de maioridade segundo prevê o nº 3 do Artigo 56
do CP.

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4.7. Estado de necessidade (Art. 52º CP)
Causa de exclusão da ilicitude da conduta de quem, não tendo o dever legal de arcar o perigo,
sacrifica um bem jurídico para salvar outro, próprio ou alheio, ameaçado por situação de
perigo atual ou iminente não provocado dolosamente pelo agente, cuja perda não era razoável
exigir. Ou seja não é ilícito o facto praticado como meio adequado para afastar um perigo
actual que ameace interesses juridicamente protegidos do agente ou de terceiro, quando se
verificarem os pressupostos previstos no art. 52º CP.

1. Pressupostos
a) Existência de interesses juridicamente protegidos do agente ou de terceiro;
b) Existência de um perigo actual que ameace esses interesses;
c) Que a situação de perigo não tenha sido criada pelo próprio agente;
d) Existência de uma sensível superioridade do interesse a salvaguardar,
relativamente ao interesse sacrificado.
Exemplo:

O agente está confrontado com um incêndio e a sua vida está em perigo. Para se salvar do
incêndio tem de arrombar a porta da casa do vizinho.

Nessa situação ele está a defender um bem jurídico - a vida – consideravelmente superior à
coisa alheia que é propriedade do vizinho em relação à qual comete tipicamente um crime de
dano que é justificável pelo exercício do direito de necessidade.

4.8. Requisitos do direito de necessidade


 A razoabilidade da imposição do sacrifício que resulta do exercício do direito de
necessidade. (porque estamos perante bens jurídicos essenciais, conexos com o
princípio da dignidade humana)
 A necessidade ou adequação do meio utilizado pelo agente que actua em estado de
necessidade;
 O conhecimento da situação de perigo para o interesse juridicamente protegido
(elemento subjectivo);
 O princípio justificador do direito de necessidade é o princípio da ponderação dos
interesses ou bens jurídicos que se encontram numa situação de conflito.

Requisito de adequação

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 A acção praticada no exercício do direito de necessidade só será lícita se for
adequada a afastar o perigo.
 Tem de haver uma relação causal entre essa acção e o afastamento do perigo.
 Que o agente deve utilizar o meio menos gravoso que tenha ao seu alcance para
repelir a situação de perigo.

Elemento subjectivo
 Este elemento subjectivo tem um carácter exclusivamente intelectual, não se exige
qualquer postura volitiva do agente.

Exemplo:

Se o agente arrombar a porta do vizinho ignorando que existe um incêndio, salvará a sua
vida mas deverá ser punível por tentativa de dano e não por crime de dano consumado.

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5. Conclusão

Podemos assim concluir que apesar de conceito do direito criminal nos transparecer
estritamente que toda aquela conduta humana susceptível de pôr em causa aqueles valores ou
bem jurídicos considerados fundamentais numa determinada sociedade não é passível de
sanção, ficou luzente que nem todos os factos tipificados são ilícitos, desse modo,
contrapondo-se com as normas proibitivas que indiciam uma ilicitude. As normas
permissivas que foram objecto do presente trabalho nomeadamente o estado de necessidade
a legítima defesa e o consentimento do ofendido são devidamente garantidas as pessoas como
forma de repelir um perigo actual e iminente.

Todavia a principal conclusão das causas da justificação do facto e exclusão da ilicitude


prende-se no facto de perceber que o objectivo do direito criminal não é só de aplicar
mecanicamente os instrumentos sancionatórios, mas sim de atende-se num critério superior
de utilidade da própria punição, absolutamente compatível com o sentimento comum de
justiça.
Por isso, as causas de justificação do facto e da exclusão da ilicitude contemplam a garantia
de liberdade do homem ao expurgar a ilicitude do ato. Afinal, tudo isto bem revela a sublime
missão do Direito Penal, qual seja, a de efetivar a supremacia da felicidade coletiva, isto é,
concretizar a superioridade do bem sobre o mal.

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6. Bibliografia
Lei nº 24/2019 de 24 de Dezembro – Codigo Penal
DIAS, Jorge de Figueiredo, Ed. L. ALMEDINA, direito Criminal I

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