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ORGANIZAÇÃO E

LEGISLAÇÃO DA
EDUCAÇÃO

Pablo Rodrigo Bes


Organização da educação
nacional e sistemas de ensino
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Especificar a organização da educação nacional como está disposta


na Lei nº. 9.394/1996.
 Definir o que determina e prevê o Plano Nacional de Educação.
 Indicar os elementos para a implementação do Sistema Nacional de
Educação e as atribuições do Conselho Nacional de Educação.

Introdução
O Brasil é um País de proporções continentais, o que exige um enorme
esforço para que a organização e a estruturação da educação escolar
se estendam a todo o sistema de ensino. Todas as instituições nos
diversos níveis escolares — sejam elas públicas ou privadas, federais,
estaduais ou municipais — devem organizar-se de acordo com a le-
gislação brasileira.
Neste capítulo, você vai ler sobre a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da
Educação Nacional atual (Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996), que
propõe que a educação seja organizada para o País. Também vai aprender
sobre as determinações do Plano Nacional de Educação (PNE), as suas
características e metas, bem como as atribuições do Conselho Nacional
de Educação (CNE) e os principais elementos que devem ser considerados
quando da implementação do Sistema Nacional de Educação.
2 Organização da educação nacional e sistemas de ensino

Organização da educação nacional de acordo


com a Lei nº. 9.394/1996 (atual)
A Lei nº. 9. 394/1996 estabelece as bases, propõe as estruturas e normatiza os
procedimentos utilizados para que a educação venha a funcionar no território
nacional. Dessa forma, no art. 8º, a LDB de 1996 (atual) trata da organização
da educação nacional, apontando que a União, os estados, o Distrito Federal e
os municípios organizarão, em regime de colaboração, os respectivos sistemas
de ensino (BRASIL, 1996). Porém, cabe à União coordenar a política nacional
de educação, ou seja, articular os níveis e sistemas de ensino, cumprindo com
as funções normativa, redistributiva e supletiva.
A função normativa estabelece que os sistemas de ensino deverão cumprir
e acatar as normas estabelecidas pela União. A função redistributiva diz
respeito ao repasse de recursos financeiros para os entes federativos e suas
instituições de ensino. A função supletiva é aquela que estabelece que a União
irá suprir com seus recursos quando sua distribuição não for suficiente para
atender às demandas educacionais de algum dos entes que operam dentro da
lógica do regime de colaboração. Vamos conhecer agora as incumbências da
União, conforme art. 9º da LDB:

Art. 9º [...]
I — Elaborar o Plano Nacional de Educação.
II — Organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais do
sistema federal de ensino e dos territórios.
III — Prestar assistência técnica e financeira aos Estados, Distrito Federal
e municípios.
IV — Estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, competências e diretrizes que nortearão os currículos.
V — Coletar, analisar e disseminar informações sobre a educação.
VI — Assegurar o processo nacional de avaliação do rendimento escolar da
educação básica.
VII — Baixar normas gerais sobre cursos de graduação e pós-graduação.
VIII — Assegurar processo nacional de avaliação das instituições de edu-
cação superior.
IX — Autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar os cursos
e instituições de educação superior (BRASIL, 1996, documento on-line).

Analisando as atribuições da União propostas pela LDB de 1996 (atual),


podemos destacar alguns aspectos essenciais para que a organização da
educação nacional se efetive com êxito, como o estabelecimento do regime
de colaboração e da integração dos sistemas, “[...] o que é indiscutivelmente
Organização da educação nacional e sistemas de ensino 3

importante para dar dinamismo e sinergia à organização da educação na-


cional” (CARNEIRO, 2006, p. 61). Ou seja, os sistemas federais, estaduais
e municipais precisam estar em harmonia, por meio dos seus conselhos de
educação, para poderem assegurar que se cumpram as normativas estabe-
lecidas para a educação.
Outro aspecto que merece destaque diz respeito ao processo de avaliação dos
níveis da educação, uma vez que, tanto na educação básica quanto na educação
superior, é necessária a criação de avaliações de larga escala, com o objetivo de
medir o desempenho das instituições de ensino junto aos estudantes, visando
promover ações de melhoria da qualidade quando necessárias. Para atingir
esse objetivo, temos experienciado, no interior das instituições de ensino:

 Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) — realizada ao final do


ciclo de alfabetização, no 3º ano do ensino fundamental.
 Prova Brasil — realizada ao final do ensino fundamental, no 9º ano
do ensino fundamental.
 Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) — realizado ao final do
ensino médio e também como processo seletivo para algumas univer-
sidades públicas.
 Exame Nacional de Avaliação do Estudante (ENADE) — realizado
por estudantes de cursos de graduação ciclicamente.

Os referenciais curriculares nacionais que orientam redes de ensino e


escolas, na atualidade, são:

 Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) — construídos nos anos


1990 e de caráter não obrigatório.
 Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) — construídas nos anos
2000 e de caráter não obrigatório.
 Base Nacional Comum Curricular — sancionada em 2017 e de caráter
obrigatório.

Vamos conhecer agora as incumbências dos estados e do Distrito Federal,


de acordo com a Lei nº. 9.394/1996 (art. 10):

Art. 10 Os Estados incumbir-se-ão de:


I — organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus
sistemas de ensino;
II — definir, com os Municípios, formas de colaboração na oferta do ensi-
no fundamental, as quais devem assegurar a distribuição proporcional das
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responsabilidades, de acordo com a população a ser atendida e os recursos


financeiros disponíveis em cada uma dessas esferas do Poder Público;
III — elaborar e executar políticas e planos educacionais, em consonância
com as diretrizes e planos nacionais de educação, integrando e coordenando
as suas ações e as dos seus Municípios;
IV — autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectiva-
mente, os cursos das instituições de educação superior e os estabelecimentos
do seu sistema de ensino;
V — baixar normas complementares para o seu sistema de ensino;
VI — assegurar o ensino fundamental e oferecer, com prioridade, o ensino
médio a todos que o demandarem, respeitado o disposto no art. 38 desta Lei;
VI — assegurar o ensino fundamental e oferecer, com prioridade, o ensino
médio a todos que o demandarem, respeitado o disposto no art. 38 desta Lei;
VII — assumir o transporte escolar dos alunos da rede estadual.
Parágrafo único. Ao Distrito Federal aplicar-se-ão as competências referentes
aos Estados e aos Município (BRASIL, 1996, documento on-line).

Como podemos perceber, aos estados, cabem as ações de planejamento e


condução das atividades educacionais dos seus municípios, devendo assegurar
que as escolas ofertem o ensino fundamental, tendo como a sua principal
responsabilidade a oferta do ensino médio, o que podemos perceber ao ma-
pearmos a oferta da educação nas escolas estaduais e municipais.
Destacamos que os estados e municípios se articularão para a oferta do
ensino fundamental a partir dos recursos disponíveis nas esferas municipais
e estaduais e da população a ser atendida, ou seja, aqueles que se encontram
em idade escolar obrigatória. Ressaltamos que o ensino fundamental é uma
responsabilidade secundária para os estados, uma vez que sua prioridade,
como vimos, é a oferta do ensino médio. Os municípios também possuem
atribuições específicas, que se encontram na LDB:

Art. 11 Os Municípios incumbir-se-ão de:


I — organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos
seus sistemas de ensino, integrando-os às políticas e planos educacionais da
União e dos Estados;
II — exercer ação redistributiva em relação às suas escolas;
III — baixar normas complementares para o seu sistema de ensino;
IV — autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seu sis-
tema de ensino;
V — oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, com priorida-
de, o ensino fundamental, permitida a atuação em outros níveis de ensino
somente quando estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua área
de competência e com recursos acima dos percentuais mínimos vinculados
pela Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do ensino.
VI — assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal (BRASIL,
1996, documento on-line).
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Os municípios têm a responsabilidade de exercer a ação redistributiva de


recursos em suas escolas, procurando equilibrá-los com equidade entre todas
as instituições. Para que possam baixar normas complementares, em sintonia
com as normas estaduais e federais, os municípios devem criar seus Conselhos
Municipais de Educação. Estes, quando existentes, vão se encarregar das ações
de autorização, credenciamento e recredenciamento das escolas municipais,
sobretudo, de educação infantil e ensino fundamental, o que é feito por meio de
visitas in loco, do acompanhamento e da análise de documentações específicas.
Como podemos perceber, na organização da educação nacional, a partir da
LDB de 1996 (atual), estão muito bem articuladas as atribuições e competências
de cada um dos entes federativos, que passam a funcionar de forma sistêmica e
interdependente para que se alcancem os objetivos maiores da educação nacional.

A legislação educacional acaba impactando a vida social. Podemos citar o que ocorreu
a partir da Lei nº. 12.796, de 4 de abril de 2013, que alterou o texto da LDB atual e
oficializou a mudança feita na Constituição com a Emenda Constitucional nº. 59, de 11
de novembro de 2009, que tornou obrigatória a matrícula das crianças na educação
básica a partir dos 4 anos de idade. Nesse caso, os pais não podem mais optar por
colocar ou não os seus filhos na escola com essa idade, pois é direito da criança — caso
os pais não cumpram a Lei, podem, inclusive, ser multados.

Plano Nacional de Educação


Como vimos, a LDB de 1996 (atual) traz como incumbência da União a
elaboração do PNE. Este foi criado para cumprir com a determinação cons-
titucional acrescida pela Emenda Constitucional nº. 59/2009, que estabeleceu
a sua obrigatoriedade, reforçando o que trazia o texto da LDB (BRASIL,
2006). O PNE é decenal e está em vigência desde 2014, tendo validade para
o período de 2014–2024. Segundo o Portal do Ministério da Educação (MEC)
(BRASIL, [2018a], documento on-line):

A Emenda Constitucional nº 59/2009 mudou a condição do Plano Nacional


de Educação (PNE), que passou de uma disposição transitória da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/1996) para uma exi-
gência constitucional com periodicidade decenal, o que significa que planos
plurianuais devem tomá-lo como referência. O plano também passou a ser
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considerado o articulador do Sistema Nacional de Educação, com previsão


do percentual do Produto Interno Bruto (PIB) para o seu financiamento. Os
planos estaduais, distrital e municipais devem ser construídos e aprovados
em consonância com o PNE.

Ressaltamos que o PNE serve de referência para que os entes da federação (estados,
Distrito Federal e municípios) também construam os seus próprios planos, entendendo
que as ações de planejamento são imprescindíveis para o alcance dos objetivos
educacionais.

O PNE 2014–2024 apresenta um rol de diretrizes divididas em metas, que


visam operacionalizar as ações em busca de seus resultados. As diretrizes
presentes no PNE 2014–2024 são:

Art. 2º [...]
I — erradicação do analfabetismo;
II — universalização do atendimento escolar;
III — superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da
cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação;
IV — melhoria da qualidade da educação;
V — formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores
morais e éticos em que se fundamenta a sociedade;
VI — promoção do princípio da gestão democrática da educação pública;
VII — promoção humanística, científica, cultural e tecnológica do País;
VIII — estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação
como proporção do Produto Interno Bruto — PIB, que assegure atendimento
às necessidades de expansão, com padrão de qualidade e equidade;
IX — valorização dos (as) profissionais da educação;
X — promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à diversidade
e à sustentabilidade socioambiental (BRASIL, 2014, documento on-line).

Para que se execute o PNE e sejam cumpridas as suas metas, são necessários
o monitoramento contínuo e as avaliações periódicas, propostas no art. 5º,
realizadas pelas seguintes instâncias (BRASIL, 2014):

 Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal;


 Comissão de Educação da Câmara dos Deputados;
 MEC;
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 CNE;
 Fórum Nacional de Educação.

Como podemos perceber, são vários os órgãos responsáveis por monitorar,


avaliar e dispor as informações para o conhecimento público a partir dos seus
relatórios institucionais. Também cabem a eles a análise e a proposição de
políticas públicas que venham a garantir as estratégias para que se atinjam as
metas propostas pelo PNE, bem como os valores percentuais do investimento
público a ser alocado na educação.
Um aspecto importante do PNE é o estabelecimento dos recursos ne-
cessários para que a educação persiga as metas propostas pelo PNE, o que
está em consonância com o inciso VI do art. 14 da Constituição Federal, que
determina o “[...] estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos
em educação como proporção do produto interno bruto” (BRASIL, 2014,
documento on-line).
Da mesma forma, a meta 20 do PNE propõe:

[...] ampliar o investimento público em educação pública de forma a atingir,


no mínimo, o patamar de 7% (sete por cento) do Produto Interno Bruto
— PIB do País no 5º (quinto) ano de vigência desta Lei e, no mínimo, o
equivalente a 10% (dez por cento) do PIB ao final do decênio (BRASIL,
2014, documento on-line).

Além disso, a Constituição Federal de 1988 prevê que União, estados e


municípios invistam um mínimo de seus recursos em educação (BRASIL,
1988):

 União — 18%;
 municípios — 25%;
 estados e Distrito Federal — 25%.

Destacamos que os recursos citados se referem aos impostos cobrados


pelos diferentes entes federativos e que não são consideradas para compor o
cálculo as transferências de recursos da arrecadação de impostos de outros
entes. Ou seja, os recursos transferidos pela União aos estados e municí-
pios, por exemplo, não são considerados no percentual mínimo obrigatório
que estados e municípios devem investir em educação. Para que possa ser
operacionalizada essa arrecadação de impostos e o repasse para as escolas,
8 Organização da educação nacional e sistemas de ensino

foi criado o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica


e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).
O Fundeb ordena as origens e os percentuais dos impostos, como:

 Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços;


 Imposto sobre Veículos Automotores (IPVA);
 Imposto de Renda;
 Imposto sobre Propriedade Rural.

Esses e outros impostos são distribuídos “[...] proporcionalmente ao número


de alunos das diversas etapas e modalidades da educação básica presencial,
matriculados nas respectivas redes” (art. 2º) (BRASIL, 2006, documento on-
-line). Em relação ao repasse de recursos, não devemos esquecer que a ação
redistributiva e a supletiva continuam prevalecendo de “[...] modo a corrigir,
progressivamente, as disparidades de acesso e garantir o padrão mínimo de
qualidade de ensino” (art. 75) (BRASIL, 2014, documento on-line).
O que existe de inovador no PNE 2014–2024 diz respeito à estrutura do
seu planejamento, uma vez que propõe as metas, traça as estratégias a serem
colocadas em prática para que se persigam os resultados e, ainda, propõe
claramente os recursos que deverão ser utilizados para tal empreendimento
(BRASIL, 2014). Além da Meta 20, que trata da distribuição dos recursos,
agora vamos conhecer as outras 19 metas que o PNE 2014–2014 estabelece
(Quadro 1).

Quadro 1. Metas do PNE (2014–2024)

Meta 1 Universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola para as


crianças de 4 a 5 anos de idade e ampliar a oferta de educação
infantil em creches, de forma a atender, no mínimo, a 50% das
crianças de até 3 anos até o final da vigência desse PNE.

Meta 2 Universalizar o ensino fundamental de 9 anos para toda a popu-


lação de 6 a 14 anos e garantir que pelo menos 95% dos alunos
concluam essa etapa na idade recomendada, até o último ano de
vigência desse PNE.

Meta 3 Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a popu-


lação de 15 a 17 anos e elevar, até o final do período de vigência
deste PNE, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para 85%.

(Continua)
Organização da educação nacional e sistemas de ensino 9

(Continuação)

Quadro 1. Metas do PNE (2014–2024)

Meta 4 Universalizar, para a população de 4 a 17 anos com deficiência,


transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento
educacional especializado, preferencialmente na rede regular de
ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas
de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especiali-
zados, públicos ou conveniados.

Meta 5 Alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final do 3ºano do


ensino fundamental.

Meta 6 Oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das


escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, 25% dos(as)
alunos(as) da educação básica.

Meta 7 Fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e


modalidades, com melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem
de modo a atingir as seguintes médias nacionais para o Ideb:

Ideb 2017 2019 2021

Anos iniciais do ensino 5,5 5,7 6,0


fundamental

Anos finais do ensino 5,0 5,2 5,5


fundamental

Ensino médio 4,7 5,0 5,2

Meta 8 Elevar a escolaridade média da população de 18 a 29 anos, de


modo a alcançar, no mínimo, 12 anos de estudo no último ano
de vigência deste Plano, para as populações do campo, da região
de menor escolaridade no País e dos 25% mais pobres, e igualar a
escolaridade média entre negros e não negros declarados à Fun-
dação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística — IBGE.

Meta 9 Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais


para 93,5% até 2015 e, até o final da vigência deste PNE, erradicar o
analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo
funcional.

Meta 10 Oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de educação de jovens e


adultos, nos ensinos fundamental e médio, na forma integrada à
educação profissional.

(Continua)
10 Organização da educação nacional e sistemas de ensino

(Continuação)

Quadro 1. Metas do PNE (2014–2024)

Meta 11 Triplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível


médio, assegurando a qualidade da oferta e pelo menos 50% da
expansão no segmento público.

Meta 12 Elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para


50% e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos,
assegurada a qualidade da oferta e expansão para, pelo menos,
40% das novas matrículas, no segmento público.

Meta 13 Elevar a qualidade da educação superior e ampliar a proporção


de mestres e doutores do corpo docente em efetivo exercício
no conjunto do sistema de educação superior para 75%, sendo,
do total, no mínimo, 35% doutores.

Meta 14 Elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação


stricto sensu, de modo a atingir a titulação anual de 60 mil mes-
tres e 25 mil doutores.

Meta 15 Garantir, em regime de colaboração entre a União, os esta-


dos, o Distrito Federal e os municípios, no prazo de 1 ano
de vigência deste PNE, política nacional de formação dos
profissionais da educação de que tratam os incisos I, II e III do
caput do art. 61 da Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
assegurado que todos os professores e as professoras da edu-
cação básica possuam formação específica de nível superior,
obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em
que atuam.

Meta 16 Formar, em nível de pós-graduação, 50% dos professores da


educação básica, até o último ano de vigência deste PNE, e
garantir a todos(as) os(as) profissionais da educação básica
formação continuada em sua área de atuação, considerando
as necessidades, demandas e contextualizações dos sistemas
de ensino.

Meta 17 Valorizar os(as) profissionais do magistério das redes públicas de


educação básica de forma a equiparar seu rendimento médio ao
dos(as) demais profissionais com escolaridade equivalente, até o
final do sexto ano de vigência deste PNE.

(Continua)
Organização da educação nacional e sistemas de ensino 11

(Continuação)

Quadro 1. Metas do PNE (2014–2024)

Meta 18 Assegurar, no prazo de dois anos, a existência de planos de


Carreira para os(as) profissionais da educação básica e superior
pública de todos os sistemas de ensino e, para o plano de
Carreira dos(as) profissionais da educação básica pública, tomar
como referência o piso salarial nacional profissional, definido em
lei federal, nos termos do inciso VIII do art. 206 da Constituição
Federal.

Meta 19 Assegurar condições, no prazo de dois anos, para a efetivação da


gestão democrática da educação, associada a critérios técnicos de
mérito e desempenho e à consulta pública à comunidade esco-
lar, no âmbito das escolas públicas, prevendo recursos e apoio
técnico da União para tanto.

Fonte: Adaptado de Brasil (2014).

Como podemos perceber, o PNE é abrangente e estabelece metas para


a educação básica e para o ensino superior, preocupando-se com todas as
modalidades de ensino existentes e propondo ações para sua melhoria. Essas
ações são elencadas a partir das estratégias a serem perseguidas para atingir
cada uma das metas propostas, que podem ser conhecidas a partir da leitura
desse documento, que norteia em médio e longo prazos a educação brasileira.

Para conseguir alcançaras metas estabelecidas para os dez anos do PNE (2014–2024),
são previstas atividades de monitoramento bianuais. Dessa forma, o período de 2014 a
2016 já possui o seu Relatório do 1º Ciclo de Monitoramento das Metas do PNE: Biênio:
2014–2016, disponível para o acesso público no Portal do MEC. Esse monitoramento
se faz necessário para verificar se as metas são alcançadas e propor correções nas
estratégias utilizadas.
12 Organização da educação nacional e sistemas de ensino

Sistema Nacional de Educação e Conselho


Nacional de Educação
Para entender como se organiza a educação nacional, devemos partir do conceito
de sistema, que, segundo Bertalanffy (1968), refere-se a um conjunto de elemen-
tos que interagem e trocam entre si de forma interdependente para o alcance de
seus resultados. Uma boa maneira de entender esse conceito é observar o corpo
humano e como ele apresenta uma relação de interdependência entre os vários
sistemas que o compõem. Dessa forma, quando um dos sistemas não está bem,
acaba afetando o funcionamento de todo o corpo, causando prejuízos.
Para que a educação brasileira atinja os seus objetivos, propostos no Texto
Constitucional, na LDB e nas metas do PNE, é necessário, obrigatoriamente,
constituir um Sistema Nacional de Educação. Este, por sua vez, será composto
pelos sistemas de ensino federal, estaduais (e do Distrito Federal) e munici-
pais. Em cada esfera, compreende-se a existência das instituições de ensino
existentes e os órgãos responsáveis pelo seu gerenciamento em cada nível.
Referindo-se ao conceito de sistema educacional, Saviani (1996, p. 80)
argumenta que “[...] sistema é a unidade de vários elementos intencionalmente
reunidos, de modo a formar um conjunto coerente e operante”. Dessa forma,
para que torne operacional o sistema educacional brasileiro, é necessário
que se constituam planos para sua implementação e existam órgãos que se
responsabilizem pela sua execução.
O Sistema Federal de Ensino compreende “[...] as instituições de ensino
mantidas pela União; as instituições de educação superior criadas e mantidas
pela iniciativa privada e os órgãos federais de educação” (art. 16) (BRASIL,
1996, documento on-line). Os sistemas de ensino dos estados e do Distrito
Federal, por sua vez, compreendem:

[...] as instituições de ensino mantidas, respectivamente, pelo Poder Público


estadual e pelo Distrito Federal;as instituições de educação superior mantidas
pelo Poder Público municipal; as instituições de ensino fundamental e médio
criadas e mantidas pela iniciativa privada; os órgãos de educação estaduais
e do Distrito Federal, respectivamente (BRASIL, 1996, documento on-line).

Os sistemas de ensino municipais, conforme propõe o art. 18 da LDB atual,


compreendem “[...] as instituições do ensino fundamental, médio e de educação
infantil mantidas pelo Poder Público municipal; as instituições de educação
infantil criadas e mantidas pela iniciativa privada; os órgãos municipais de
educação” (BRASIL, 1996, documento on-line).
Organização da educação nacional e sistemas de ensino 13

Como podemos perceber, existem alguns elementos importantes para que


o Sistema Educacional Brasileiro funcione e persiga os seus objetivos, como a
abrangência das instituições escolares que dele fazem parte, destacando que,
tanto as escolas públicas quanto as privadas, constituem esse sistema. Outro
aspecto de significativa importância é a existência de órgãos de educação
em cada ente da federação que se responsabilizem por conduzir as ações
educacionais em sua esfera.
Outros pontos a serem destacados na organização educacional nacional,
propostos pela LDB atual ao constituir os sistemas de ensino, são a busca e o
reforço da gestão democrática no interior das escolas. Dessa forma, abrem-
-se espaços para que a comunidade escolar participe da vida escolar, seja na
elaboração dos projetos políticos pedagógicos ou ainda em conselhos escolares
ou associações de pais e mestres, por exemplo. Cury (2007, p. 489) enfatiza a
importância da gestão democrática ao afirmar que essa “[...] é a forma dialogal,
participativa com que a comunidade educacional se capacita para levar a termo
um projeto pedagógico de qualidade e da qual nasçam ‘cidadãos ativos’ parti-
cipantes da sociedade como profissionais compromissados”. Vamos conhecer
alguns dos órgãos principais, que compõem o sistema educacional brasileiro:

 MEC — CNE;
 Secretarias Estaduais de Educação — Conselhos Estaduais de Educação;
 Secretarias Municipais de Educação — Conselhos Municipais de
Educação.

Da mesma forma que o PNE fornece as condições para que os planos


estaduais e municipais de educação sejam elaborados, também a estrutura de
governança das ações na educação parte das regulamentações e normatizações
propostas pelo MEC, passando pelas Secretarias Estaduais de Educação e
Secretarias Municipais de Educação, o que assegura o aspecto sistêmico e
interdependente e o próprio regime de colaboração entre os entes da federação.
Ao lado do MEC, temos o CNE, que consiste em um órgão de Estado
composto pelas Câmaras da Educação Superior (CESs) e pela Câmara da
Educação Básica (CEB). Esse órgão foi criado pela Lei nº. 9.131, de 24 de
novembro de 1995, com a finalidade inicial de colaborar na construção do
PNE da época. Segundo o site do MEC, “[...] o CNE tem por missão a busca
democrática de alternativas e mecanismos institucionais que possibilitem, no
âmbito de sua esfera de competência, assegurar a participação da sociedade
no desenvolvimento, aprimoramento e consolidação da educação nacional de
qualidade” (BRASIL, [2018b], documento on-line).
14 Organização da educação nacional e sistemas de ensino

São três as principais esferas de responsabilidade do CNE:

 normativas;
 deliberativas;
 assessoramento ao Ministro da Educação.

Dessa forma, as CESs e da Educação Básica são responsáveis por es-


tabelecer as normas e deliberar sobre possíveis demandas e interpretações
necessárias no teor das leis e diretrizes educacionais para cada um desses
níveis educacionais.

Para aprofundar os seus conhecimentos sobre a relação entre o sistema de educação


nacional e o PNE, leia o artigo do professor Demerval Saviani intitulado “Sistemas de
ensino e planos de educação: o âmbito dos municípios”, presente no link a seguir.

https://goo.gl/yZbmeE

BERTALANFFY, L. V. General system theory. New York: George Brazilier, 1968.


BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União,
Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/consti-
tuicao/constituicao.htm>. Acesso em: 22 out. 2018.
BRASIL. Emenda Constitucional nº. 53, de 19 de dezembro de 2006. Dá nova redação
aos arts. 7º, 23, 30, 206, 208, 211 e 212 da Constituição Federal e ao art. 60 do Ato
das Disposições Constitucionais Transitórias. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20
dez. 2006. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/emecon/2006/
emendaconstitucional-53-19-dezembro-2006-548446-publicacaooriginal-63582-pl.
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