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GABARITO DAS

AUTOATIVIDADES

INDEXAÇÃO E RESUMOS
Prof.a Fernanda de Sales
2019
INDEXAÇÃO E RESUMOS

UNIDADE 1

TÓPICO 1

1 O que é indexação e qual sua relevância nas unidades de informação?

R.: Espera-se que o aluno consiga responder que a indexação é uma atividade
técnica desenvolvida em unidades de informação, que visa à identificação de
conteúdos das obras componentes dos acervos. Que esta atividade é feita
com base em uma leitura técnica do item para levantamento das informações
temáticas. Espera-se, ainda, que o aluno responda que a indexação só é
finalizada quando essas informações são traduzidas em palavras-chave, ou
termos de busca que serão utilizados posteriormente pelos usuários na busca
no catálogo pelo material.
São relevantes em unidade de informação, porque permitem a recuperação
da informação.

2 Quais são as principais dificuldades enfrentadas pelos bibliotecários/


indexadores quando da indexação?

R.: As principais dificuldades encontradas são:


• desconhecimento do tema tratado nas obras;
• interpretações inadequadas do conteúdo, o que pode levar a uma indexação
também inadequada; desconhecimento das principais LD´s que podem ser
utilizadas para facilitar a indexação;
• distração;
• desconhecimento do próprio acervo.

3 Quais as relações existente entre a indexação e a recuperação da
informação?

R.: Espera-se algo que se aproxime de: a indexação é uma das atividades
primordiais para a recuperação da informação. O resultado da indexação, ou
seja, os índices de assunto, vão permitir ao usuário saber se a informação
que busca existe ou não em um dado acervo. E, assim, ele poderá acessar
essa informação.

4 Qual sua percepção acerca da relevância social da atividade de


indexação?

2
INDEXAÇÃO E RESUMOS

R.: Esta pergunta pode gerar respostas diversas, pois tem caráter bastante
pessoal e reflexivo. No entanto, pensando na relevância social: a relevância
social da indexação está no fato de ser uma atividade que permite que
informações sejam organizadas e preparadas para serem encontradas e
utilizadas pela sociedade em geral.
Apesar de não ser instrumento desta disciplina, é discussão corrente na
biblioteconomia, sobre sua função social de facilitar o acesso a informações,
disponibilizadas de forma estruturada. Em um exercício de reflexão, o aluno
pode até mesmo discorrer sobre isso: é importante que a informação circule
na sociedade, e, a indexação, possibilita esse movimento.

TÓPICO 2

Pode-se aproveitar a oportunidade para fazermos um rápido exercício.

1 Descreva a forma como você:

a) Identificaria a denotação da Figura 3;


b) Como você identificaria a conotação da Figura 3.

R.: a) Denotação: a imagem é composta por um campo de trigo e uma


colheitadeira vermelha e amarela em funcionamento.
b) Conotação: colheita; trigal; agricultura; agronegocio; economia rural;
plantação de trigo; trabalho no campo.

2 Examine mais uma figura. Vejamos:

FONTE: <http://1.bp.blogspot.com/-vSW8KN4q2VI/ViZCs6wHsFI/AAAAAAAAA-E/
MCbC6Q7JqYg/s400/trem.png>. Acesso em: 8 maio 2019.

a) Identifique a denotação desta imagem.


b) Como você identificaria a conotação desta imagem.

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INDEXAÇÃO E RESUMOS

R.: a) Denotação: uma criança olhando pela janela de um trem em movimento.


b) Conotação: viagem; viagem em familia; transporte ferroviário; infancia;
maria-fumaça; passeio de trem.

3 Examine a figura a seguir:

FONTE: <https://www.donamix.com.br/image/cache/data/Manequim/allegomes--0012-
400x570.jpg>. Acesso em: 8 maio 2019.

a) Como você identificaria a denotação desta imagem?


b) Como você identificaria a conotação desta imagem?

R.: a) Denotação: mm manequim de arame vazio.


b) Conotação: artesanato; moda; acessórios para quarto; decoração.

4 Examine a figura a seguir:

FONTE: <http://www.olabahia.com.br/wp-content/uploads/2016/05/musica-640x366.jpg>.
Acesso em: 8 maio 2019.

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INDEXAÇÃO E RESUMOS

a) Como você identificaria a denotação desta imagem?


b) Como você identificaria a conotação desta imagem?

R.: a) Denotação: um microfone sobre uma mesa gravadora.


b) Conotação: gravação de som; gravação de música; grabadora; show;
música; discotecagem.

TÓPICO 2

Voltemos às mesmas imagens e fazer a seguintes perguntas:

FONTE: <https://www.climatempoconsultoria.com.br/wp-content/uploads/2016/05/outono1-1-
750x420.jpg>. Acesso em: 20 maio 2019.

Quem?
Onde?
Quando?
Como?
O quê?

R.:
Quem? Uma colheitadeira.
Onde? Numa plantação de trigo.
Quando? Durante o dia.
Como? Colhendo.
O quê? Trigo.

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INDEXAÇÃO E RESUMOS

FONTE: <http://1.bp.blogspot.com/-vSW8KN4q2VI/ViZCs6wHsFI/AAAAAAAAA-E/
MCbC6Q7JqYg/s400/trem.png>. Acesso em: 8 maio 2019.

Quem?
Onde?
Quando?
Como?
O quê?

R.:
Quem? Um garoto.
Onde? Em um trem, em uma Maria-fumaça.
Quando? Durante o dia.
Como? Viajando.
O quê? Viagem de trem.

FONTE: <https://www.donamix.com.br/image/cache/data/Manequim/allegomes--0012-
400x570.jpg>. Acesso em: 8 maio 2019.

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INDEXAÇÃO E RESUMOS

Quem?
Onde?
Quando?
Como?
O quê?

R.:
Quem? Um manequim de arame.
Onde? Não se aplica.
Quando? Não se aplica.
Como? Vazio.
O quê? Um manequim.

FONTE: <http://www.olabahia.com.br/wp-content/uploads/2016/05/musica-640x366.jpg>.
Acesso em: 8 maio 2019.

Quem?
Onde?
Quando?
Como?
O quê?

R.:
Quem? Um microfone.
Onde? Sobre uma mesa grabadora.
Quando? Não se aplica.
Como? Colocado sobre. Deixado sobre.
O quê? Gravação.

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INDEXAÇÃO E RESUMOS

TÓPICO 2

Passemos agora para mais alguns exercícios para melhor compreensão


desta prática. Serão apresentadas algumas imagens e delas, algumas
questões baseadas em todos os critérios apresentados até aqui.

FONTE: <https://abrilveja.files.wordpress.com/2016/09/esportes.jpg?quality=70&strip=info&re
size=680,453>. Acesso em: 8 maio 2019.

Quem?
Onde?
Quando?
Como?
O quê?
Efeitos especiais?
Ótica?
Tempo de exposição?
Luminosidade?
Enquadramento?
Posição da câmera?
Composição?
Profundidade de campo?

R.: Esportistas. Atletas.


Em um campo de beisebol. No mar. Em um paredão de rocha. No ar.
Não especificado.

Praticando esportes.
Atletas praticando esportes. Pessoas praticando esportes. Homens praticando
esportes. Homem com camisa escrito “Brasil” jogando beisebol. Homem
escalando montanha. Homem andando de skate. Homem surfando. Homem
lutando kickboxing.

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INDEXAÇÃO E RESUMOS

Colagem.
Não especificado.
Não especificado.
Diferente em cada quadro.
Diferente em cada quadro.
Diferente em cada quadro. Há uma câmera aquática.
Não especificado.
Todos em primeiro plano.

FONTE: <https://c.pxhere.com/photos/54/61/sunset_sun_sunlight_sunbeam_fireball_setting_
sun_evening_sun_afterglow-918393.jpg!d>. Acesso em: 8 maio 2019.

Quem?
Onde?
Quando?
Como?
O quê?
Efeitos especiais?
Ótica?
Tempo de exposição?
Luminosidade?
Enquadramento?
Posição da câmera?
Composição?
Profundidade de campo?

R.: Paisagem. Praia. Mar.


Na praia.
Durante o dia.
Praia vazia. Céu dourado.
Uma praia. Uma praia deserta.
Possível filtro envelhecido.
Não especificado.
Não especificado.

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INDEXAÇÃO E RESUMOS

Luz do dia. Luz natural.


Horizontal.
Panorâmica.
Não especificado.
Mar em primeiro plano. Árvores, palmeiras e o céu em segundo plano.

FONTE: <https://static.gazetaonline.com.br/_midias/jpg/2019/02/05/050309_ra_8528-
5989420.jpg>. Acesso em: 8 maio 2019.

Quem?
Onde?
Quando?
Como?
O quê?
Efeitos especiais?
Ótica?
Tempo de exposição?
Luminosidade?
Enquadramento?
Posição da câmera?
Composição?
Profundidade de campo?

R.: Ruínas.
Não especificado.
Durante o dia.
Dez pilares em ruínas.
Pilares de construção antiga.
Não.
Não especificado.
Não especificado.
Luz natural. Luz do dia.

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INDEXAÇÃO E RESUMOS

Horizontal.
De frente.
Não especificado.
Em primeiro e segundo planos.

FONTE: <https://abrilexame.files.wordpress.com/2018/05/2018-05-01t182503z_1354439875_
rc1c4b315590_rtrmadp_3_may-day-france.jpg?quality=70&strip=info&resize=680,453>.
Acesso em: 8 maio 2019.

Quem?
Onde?
Quando?
Como?
O quê?
Efeitos especiais?
Ótica?
Tempo de exposição?
Luminosidade?
Enquadramento?
Posição da câmera?
Composição?
Profundidade de campo?

R.: Um manifestante. Uma pessoa protestando.


Na rua. Na via pública.
Durante o dia.
Saltando. Com máscara. Atirando um objeto.

Um manifestante de roupas escuras, usando máscara de gás, saltando e


atirando um objeto.
Não.

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INDEXAÇÃO E RESUMOS

Não especificado.
Não especificado.
Luz Natural. Luz do dia.
Horizontal.
Diagonal.
Não especificado.
Manifestante em primeiro plano. Em segundo plano existem outros
manifestantes que também usam máscaras. Há fumaça no segundo plano.

FONTE: <https://certifiedhumanebrasil.org/wp-content/uploads/2016/10/ovelha-pxb-300x199.
jpg>. Acesso em: 8 maio 2019.

Quem?
Onde?
Quando?
Como?
O quê?
Efeitos especiais?
Ótica?
Tempo de exposição?
Luminosidade?
Enquadramento?
Posição da câmera?
Composição?
Profundidade de campo?
R.: Uma ovelha.
Não especificado.
Durante o dia.
Olhando para baixo.
Uma ovelha de pelagem clara olhando para baixo.
Não.

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INDEXAÇÃO E RESUMOS

Não especificado.
Não especificado.
Luz natural.
Horizontal.
Câmera baixa, foco da câmera de baixo para cima.
Não especificado.
Em primeiro plano, uma ovelha de pelagem clara. Em segundo plano, o céu.

TÓPICO 3

1 Analise os textos a seguir e atribua a eles termos de indexação a


partir da indexação por extração:

a) As bibliotecas digitais se impõem como um fenômeno que pode vir


a minorar alguns dos problemas enfrentados pelos que pretendem
resolver suas necessidades de informação por meio do contexto
digital. Entretanto, não dispensam a existência das bibliotecas
tradicionais, que ao que tudo indica ainda terão uma longa vida
pela frente, até porque para estas se vislumbra, há algum tempo,
inclusive, a função de permitir o acesso a bibliotecas digitais, para
aqueles usuários que não teriam condição de fazê-lo, de outra forma.
As bibliotecas digitais têm muito a aprender com as bibliotecas
tradicionais, dada a longa experiência acumulada por estas em
todas as questões que dizem respeito à criação, organização e
manutenção de conjuntos de estoques de informação: seleção,
organização e tratamento, análise de consultas, desenvolvimento
de estratégias de busca, realização de buscas, disseminação. O
tratamento da informação, por conseguinte, continua necessário no
contexto digital, mas depende de uma melhor definição da natureza
e das características dos vários tipos de bibliotecas digitais, para
que possa ser feito com eficácia e com eficiência. Ao contrário,
o que ocorre no momento é uma tendência a tratar a biblioteca
digital como um fenômeno único, abrangente, a que se poderia
aplicar processos genéricos que servissem para resolver todas as
questões automaticamente, bem ao estilo de muito do que se faz no
contexto digital, neste momento. Mas novos desafios se apresentam
para o tratamento da informação, como a questão linguística (sic),
amplificados pelas facilidades de comunicação trazidas pelo contexto
digital (DIAS, 2001).

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INDEXAÇÃO E RESUMOS

R.: Bibliotecas digitais – necessidades de informação por meio digital.


Bibliotecas tradicionais – bibliotecas digitais.
Tratamento da informação – contexto digital.

b) O emprego de aditivos químicos é, sem dúvida, um dos mais


polêmicos avanços alcançados pela indústria de alimentos. Os
corantes artificiais pertencem a uma dessas classes de aditivos
alimentares e têm sido objeto de muitas críticas, já que seu uso
em muitos alimentos justifica-se apenas por questões de hábitos
alimentares. Ainda existem diferentes opiniões quanto à inocuidade
dos diversos corantes artificiais. Visando, principalmente, o controle
no uso dos corantes sintéticos, mas tendo em vista que produtos
coloridos artificialmente são exportados e importados, a análise
desses aditivos requer métodos eficientes e rápidos para a detecção,
identificação e quantificação. A cromatografia em papel e em camada
delgada, apesar de serem técnicas relativamente rápidas, apresentam
dados com baixa exatidão e precisão. Já na cromatografia líquida
de alta eficiência (CLAE) as maiores dificuldades encontram-se nas
etapas de extração, mas principalmente no alto custo do equipamento.
A eletroforese capilar apresenta os mesmos problemas da CLAE,
aliados ao fato de se tratar de uma técnica relativamente recente
para a análise desse tipo de substância e, portanto, existem poucos
estudos acerca da determinação e quantificação (PRADO; GODOY,
2003)

R.: Aditivos químicos – indústria de alimentos.


Aditivos químicos – corantes artificiais.
Cromatografia em papel – cromatografia líquida.

2 Analise o texto a seguir e atribua a ele termos de indexação, a partir


da indexação por atribuição:

No dia 12 de maio comemora-se mundialmente o Dia do Enfermeiro, em


homenagem a Florence Nightingale, um marco da enfermagem que nasceu
em 12 de maio de 1820. Também comemoramos no Brasil, no dia 20 de maio,
o dia Nacional dos Técnicos e Auxiliares de Enfermagem, em memória do
falecimento de Ana Neri em 20 de maio de 1880. Maio é o mês das Mães e
nada mais justo do que falar sobre estas duas mulheres tão valorosas, que
foram mães de muitos soldados feridos e prestar uma singela homenagem
a todos os enfermeiros (as) que se entregam de corpo e alma a esta nobre
tarefa de cuidar de nossa saúde.

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INDEXAÇÃO E RESUMOS

Florence Nightingale – A Dama da Lâmpada – Nasceu em 12 de maio


de 1820, em Florença, Itália. Em 1845, em Roma, no desejo de tornar-se
enfermeira, estudou as atividades das Irmandades Católicas e, em 1849,
decidiu trabalhar em Kaiserswert, Alemanha, entre as diaconisas. Em 1854 foi
enfermeira de guerra e, durante os combates, os soldados fizeram de Florence
o seu anjo da guarda, pois de lanterna na mão percorria as enfermarias dos
acampamentos, atendendo aos soldados doentes. Por este motivo ela ficou
conhecida mundialmente como A Dama da Lâmpada. Ao retornar da guerra em
1856, recebeu um prêmio em dinheiro do governo inglês em reconhecimento
ao seu trabalho. Ela usou este dinheiro e deu início à Primeira Escola de
Enfermagem, fundada no Hospital Saint Thomas, em 1859.
Ana Néri nasceu em 13 de dezembro de 1814, na cidade de Cachoeira, na
Bahia. Em 1864, quando seus dois filhos foram convocados para a Guerra
do Paraguai (1864-1870), ela não resistiu à separação da família e colocou-
se à disposição do governo para ir à guerra, sendo considerada a primeira
enfermeira voluntária do Brasil. O seu nome foi dado à primeira Escola de
Enfermagem oficializada pelo Governo Federal, em 1923. Ana Néri faleceu
no Rio de Janeiro, em 20 de maio de 1880.
Origem da profissão
Desde antes de Cristo que a profissão de enfermeiro já era conhecida,
mesmo sem ter este nome. Eram aqueles homens e mulheres abnegados que
cuidavam dos doentes, idosos e deficientes, garantindo a sua sobrevivência.
Com o tempo, estes cuidados de saúde evoluíram e, entre os séculos V e VIII,
a Enfermagem surgiu entre os religiosos, como um sacerdócio. No século
XVI, a Enfermagem já começa a ser vista como uma atividade profissional
institucionalizada e, no século XIX, como Enfermagem moderna na Inglaterra.
A partir daí, foram definidos padrões para a profissão e a ANA (American
Nurses Association) definiu que o objetivo principal do trabalho de Enfermagem
é o de cuidar dos problemas de saúde, educar para saúde, ter habilidades
em prever doenças e o cuidado do paciente.
A palavra Enfermeira/o se compõe de duas palavras do latim: “nutrix”, que
significa mãe, e do verbo “nutrire”, que tem como significados criar e nutrir.
Essas palavras, adaptadas ao inglês durante o século XIX, se transformaram
na palavra Nurse que significa Enfermeira. Como vemos, a palavra “mãe”
está presente até na formação do nome da profissão destes heróis da saúde,
que muitas vezes nos acompanham desde o nosso nascimento até a nossa
morte, como verdadeiros anjos guardiões (PEZZA, 2011).

R.: Dia do enfermeiro.


História da enfermagem.

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INDEXAÇÃO E RESUMOS

UNIDADE 2

TÓPICO 1

Responda às questões a seguir:

1 Quais são as principais características de uma política de indexação?

R.: Trata-se de uma questão aberta, por isso, pode haver subjetividades,
mas o esperado é que a questão contenha: uma política de indexação
reúne diretrizes administrativas de ações a serem instituídas e aplicadas
por unidades de informação. Os âmbitos que norteiam este documento
são: o contexto em que está inserida uma unidade, seu público e sua
infraestrutura (a existente e a que se almeja).

2 Que relações você consegue estabelecer entre a política de indexação


e o uso de linguagens documentárias (ou vocabulários controlados)
pelo bibliotecário responsável pela indexação em uma unidade de
informação?

R.: Trata-se de uma questão aberta, por isso, pode haver subjetividades, mas
o esperado é que a questão contenha: o uso de linguagens documentárias
deve estar previsto na política de indexação, pois é justamente o uso de
linguagens documentárias que pode facilitar o trabalho de indexação, mesmo
que o bibliotecário não seja especialista no assunto que indexa.

3 Escreva sobre o processo sociocognitivo do indexador.

R.: Trata-se de uma questão aberta, por isso, pode haver subjetividades,
mas o esperado é que a questão contenha: no que tange ao contexto
sociocognitivo do indexador, pode-se inferir que uma política destinada
à indexação deve apresentar normas para a realização da indexação
(exaustividade, especificidade, consistência, revocação, adequação etc).
Desta forma, garante-se a uniformização dos trabalhos desenvolvidos pelos
indexadores. Também deve compreender o uso de linguagens documentárias
que equalizem, por um lado as subjetividades presentes no momento da
tradução realizada pelo indexador e, por outro lado, permite compartilhamento
de informações técnicas produzidas no âmbito da indexação.

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INDEXAÇÃO E RESUMOS

TÓPICO 2

1 Leia o texto a seguir, extraia dele os cinco trechos que você considerar
mais importantes e comente cada um deles, justificando sua escolha.

CONFIGURAÇÃO DAS LINGUAGENS DOCUMENTÁRIAS

As LDs mais consistentes para a representação documentária


dispõem de um vocabulário que integra, elementos da linguagem de
especialidade e das terminologias e, de outro, da LN que é a linguagem
dos usuários. Portanto, essas unidades constituem o "léxico" dessas LDs,
denominadas, diferentemente, conforme o sistema e a época, como: palavra-
chave, descritor, cabeçalho de assunto etc., acompanhadas ou não de uma
notação.

O vocabulário documentário tem por objetivo reunir unidades


depuradas de tudo aquilo que possa obscurecer o sentido: ambiguidade de
vocábulo ou de construção, sinonímia, pobreza informativa, redundância etc.
Além disso, ele é fixado de tal forma que seu uso, bem como suas relações
estruturais são codificados e não podem mudar ao sabor dos usuários.
Assim, chega-se a um instrumento relativamente estável, ainda que possa
ser modificado.

Toda LD tem, também, uma sintaxe. Ela é bastante rudimentar nos


sistemas de classificação bibliográfica e mais desenvolvida nos tesauros,
com a utilização de operadores booleanos. O esquema sintático de uma LD
permite a delimitação mais precisa de um assunto, através da combinação
de seus elementos. Nos sistemas de classificação convencionais não há
preocupação com o controle do vocabulário: é frequente a utilização de frases,
como ocorre, por exemplo, na CDU. Já nos tesauros a função de controle
está mais presente. Para este rim, as LDs incorporam procedimentos para a
normalização gramatical e semântica. A normalização gramatical se refere à
forma de apresentação dos seus elementos quanto ao gênero (geralmente,
masculino), número (uso de singular ou plural), grau. A normalização
semântica procura garantir a univocidade na representação dos conceitos e
noções de áreas de especialidade.

Quanto a sua configuração interna, as LDs são estruturadas de


maneira lógico-semântica. O conjunto nocional básico é apresentado em
hierarquias (na vertical), em torno das quais se agregam as unidades
informacionais que se relacionam horizontalmente, relações não hierárquicas,
convencionalmente denominadas associativas. Nenhuma unidade pode
figurar numa LD sem que esteja ligada a uma outra.

17
INDEXAÇÃO E RESUMOS

Nas LDs mais modernas – tesauros – os diferentes tipos de relações


entre as unidades são mais claramente apresentados através de recursos
notacionais. Já os sistemas de classificação bibliográfica não raras vezes
amalgamam, numa mesma hierarquia, relações de natureza diferente.

As variações na forma de apresentação das LDs devem-se à maior


ou menor incorporação dos diferentes tipos de relações existentes entre as
palavras na LN e entre os termos de especialidade. Tais variações exprimem,
também, o maior ou menor aprimoramento da função de representação
documentária.

Algumas LD foram construídas visando, principalmente, a


organização dos documentos nas estantes, sendo que sua função de
representação, nesse caso, deve ser diferenciada: a representação aqui
implícita deve ser entendida como a identificação de documentos com classes
genéricas de assuntos reconhecidos mais ou menos canonicamente.

A estrutura básica de uma LD é dada através das relações


hierárquicas, que podem ser genéricas, específicas ou partitivas. [...] O
vértice da hierarquia é o gênero ou o todo, conforme o caso. As subdivisões
sucessivas na hierarquia constituem as espécies e/ou as partes, que podem,
novamente, se subdividir. As relações hierárquicas preveem as unidades
superordenadas e as unidades subordinadas. Unidades subordinadas
ao mesmo vértice, quando no mesmo nível da cadeia, denominam-se
coordenadas.

Nos sistemas de classificação bibliográfica a estrutura hierárquica


é dada pela notação (decimal, no caso da CDD e da CDU). O vértice das
cadeias hierárquicas é constituído por disciplinas convencionais que se
subdividem sucessivamente. A indicação dos assuntos é feita através da
notação numérica ou alfanumérica, conforme o tipo de sistema.

A organização básica dos tesauros também é hierárquica, existindo


tantos vértices, que equivalem a classes, quantos forem os aspectos
escolhidos para organizar o domínio de uma especialidade. Nos tesauros
mais modernos tais vértices são denominados Top Terms, e não constituem
descritores, mas identificam as classes escolhidas para reunir os descritores.
Via de regra, utilizam-se notações numéricas apenas para apresentar as
hierarquias básicas e suas principais subdivisões. Tais notações, entretanto,
raramente são utilizadas para descrever o conteúdo dos textos. A ligação
lógico-hierárquica entre descritores é, no caso dos tesauros, mais clara, uma
vez que é identificada pelos códigos. TG (Termo Genérico ou Tem10 Geral),

18
INDEXAÇÃO E RESUMOS

TE (Termo Específico). Alguns tesauros utilizam, também, os códigos TGP


(Termo Genérico Partitivo), TEP (Termo Específico Partitivo) para a presentar
as relações hierárquicas do tipo todo/parte.

As LDs apresentam, também, unidades que são relacionadas


de forma não hierárquica. As relações não hierárquicas são normalmente
denominadas associativas, muito embora não se possa afirmar que as
relações hierárquicas também não o sejam. É preciso lembrar, entretanto,
que as relações hierárquicas representam associações entre termos que
são mais estáveis, enquanto que as relações não hierárquicas expressam
outro gênero de proximidade entre os termos. Os posicionamentos não
hierárquicos indicam a ligação entre termos que estão em campos semânticos
distintos, porém próximos. Cada termo relacionado pode se constituir no
ponto de partida para uma família de termos aparentados. Nos sistemas
de classificação bibliográfica os relacionamentos não hierárquicos, quando
ocorrem, são, erroneamente, "encaixados" nas hierarquias. É só nos tesauros
que estas relações são explicitamente identificadas, através do código TR
(Termo Relacionado). Adicionalmente, as LDs apresentam relações de
equivalência. Este gênero de relacionamento entre os termos é utilizado
para permitir a entrada no sistema, operando no nível da sinonímia e da
polissemia. Quase inexistente nos sistemas de classificação bibliográfica (os
raros casos aparecem no índice de tais códigos), nos tesauros essas relações
são indicadas pelas expressões USE (Use) e UP (Usado Para). As relações
de equivalência estabelecem as remissivas, definindo o conjunto dos não
termos ou não descritores e dos termos ou descritores. A finalidade dessas
remissivas é encaminhar o usuário para os termos preferidos pelo sistema.
Constitui-se, desse modo, a chave de acesso ao sistema.

O conjunto de relações que constitui a estrutura do tesauro é, para


Gomes (1990, p. 16) "um elemento importante para que ele possa cumprir
sua função: ela permite ao usuário (indexador ou consulente) encontrar o(s)
termo(s) mais adequado(s), mesmo sem saber, de início, o nome específico
para representar a ideia ou o conceito que ele procura. A partir de um termo
que o usuário conhece, o tesauro, através de sua estrutura, mostra diversos
outros que podem ser tão oportunos ou mais do que aquele que lhe veio à
mente".

Vale ressaltar, ainda, que no uso das LDs podem ser construídas
novas relações entre os termos, a partir do conjunto de operadores sintáticos
disponíveis, como, por exemplo, as add notes, na CDD; + / : ::, no caso da
CDU; operadores booleanos, no caso dos tesauros.

19
INDEXAÇÃO E RESUMOS

Uma vez elaboradas e postas em uso, as LDs mais desenvolvidas,


como os tesauros, são permanentemente atualizadas, mediante operações
de supressão de termos em desuso, reagrupamento de descritores em função
da existência de palavras raramente utilizadas e/ou adição de termos novos.
Só assim as LDs se mantêm como instrumentos dinâmicos, capazes de
incorporar os avanços do conhecimento, ou as modificações de significado
de termos já existentes.

FONTE: CINTRA et al. Capítulo 2. In: Para entender as linguagens documentárias. 2. ed. rev.
e ampl. São Paulo: Polis, 2002.

R.: As respostas podem diferir um pouco, dependendo da interpretação de


cada aluno, mas considero os cinco trechos mais importantes os seguintes:

1) As LDs mais consistentes para a representação documentária dispõem


de um vocabulário que integra elementos da linguagem de especialidade
e das terminologias e, de outro, da LN que é a linguagem dos usuários.
Portanto, essas unidades constituem o "léxico" dessas LDs, denominadas,
diferentemente, conforme o sistema e a época, como: palavra-chave, descritor,
cabeçalho de assunto etc., acompanhadas ou não de uma notação.

É importante que o aluno compreenda que uma linguagem documentária


é uma linguagem construída, mas que a equipe que a elabora se vale da
linguagem natural, aquela usada no dia a dia, para tal. E, não se pode
esquecer que não é comum que as UI’s apresentem ao seu usuário a LD (ou
as LD’s) que utiliza, por isso, a LN não deve ser totalmente desconsiderada.

2) O vocabulário documentário tem por objetivo reunir unidades depuradas


de tudo aquilo que possa obscurecer o sentido: ambiguidade de vocábulo ou
de construção, sinonímia, pobreza informativa, redundância etc. Além disso,
ele é fixado de tal forma que seu uso, bem como suas relações estruturais
são codificados e não podem mudar ao sabor dos usuários. Assim, chega-
se a um instrumento relativamente estável, ainda que possa ser modificado.

O vocabulário controlado (LD) deve minimizar o quanto possível for as


dúvidas do indexador quanto ao uso de uma dada palavra-chave. Por isso,
sua elaboração deve ser fruto de muito estudo. O vocabulário controlado é
extraído do sistema nocional da área que representa, ou seja, ele é, de fato,
um conjunto de noções de uma dada área do conhecimento. Este conjunto,
no entanto, possui relações que são significativas para esta dada área,
podendo mudar totalmente, quando termos IGUAIS são usados em áreas
DIFERENTES. Por isso a importância do bibliotecário indexador identificar
inicialmente a área que é tratada pelo livro/documento que está indexando.

20
INDEXAÇÃO E RESUMOS

3) Algumas LD’s foram construídas visando, principalmente, a organização


dos documentos nas estantes, sendo que sua função de representação,
nesse caso, deve ser diferenciada: a representação aqui implícita deve ser
entendida como a identificação de documentos com classes genéricas de
assuntos reconhecidos mais ou menos canonicamente.

Trata-se dos sistemas de classificação – CDD e CDU. Estes sistemas são


também LD’s que facilitam a recuperação física do material desejado (material
este cujo CONTEÚDO já foi identificado no catálogo). Indexação permite
saber se o material existe, classificação permite acesso físico.

4) O conjunto de relações que constitui a estrutura do tesauro é, para Gomes


(1990, p. 16) um elemento importante para que ele possa cumprir sua função:
ele permite ao usuário (indexador ou consulente) encontrar o(s) termo(s) mais
adequado(s), mesmo sem saber, de início, o nome específico para representar
a ideia ou o conceito que ele procura.

O uso de tesauros e de outras LD’s ajudam muito o indexador, pois ele quase
nunca é especialista em outra área do conhecimento, além da biblioteconomia,
sua área de formação. Mesmo assim, sua atividade exige que ele saiba
indexar livros de medicina, não sendo médico, de Engenharia, não sendo
engenheiro, de química, sem ser químico...

5) A partir de um termo que o usuário conhece, o tesauro, através de sua


estrutura, mostra diversos outros que podem ser tão oportunos ou mais do
que aquele que lhe veio à mente.

O tesauro aponta para o indexador uma série de possibilidades de palavras-


chave que podem ser utilizadas para representar o conteúdo de uma dada
obra. No entanto, não pode ser usado indiscriminadamente, para não provocar
frustação na recuperação da informação. Por isso é importante que uma
política seja elaborada, indicando inclusive que características a indexação
deve ter... se exaustiva ou não.

TÓPICO 3

1 Os termos a seguir foram selecionados do sistema nocional da área da


Medicina. Estabeleça entre eles relações hierárquicas (subordinadas)
e não hierárquicas.

21
INDEXAÇÃO E RESUMOS

Área do conhecimento:
Medicina
Termos:
Psiquiatria
Residência em Emergência Hospitalar
Unidade de Tratamento Sem-intensivo
Medicina alternativa
Cefaleia
Oncologia
Tratamento de Fraturas com pinos
Doenças coronárias em decorrência de carcinomas
Traumas Ortopédicos
Formação médica

R.: MEDICINA
Formação Médica
Residência em Emergência Hospitalar
Unidade de Tratamento Semi-intensivo
Psiquiatria
Oncologia
Doenças coronárias causadas por carcinomas
Medicina Alternativa
Cefaleia
Traumas Ortopédicos
Tratamentos de fraturas com pinos
Cefaleia

2 Os termos a seguir foram selecionados do sistema nocional da área


da Artes. Estabeleça entre eles relações hierárquicas (subordinadas)
e não hierárquicas.

Área do conhecimento:
Artes
Termos:
Música
Entalhe em madeira
Artes plásticas
Grécia
Aulas de Artes
Pintura em óleo

22
INDEXAÇÃO E RESUMOS

Roma
Movimento musical na Tropicália
Artes cênicas
Características de fotografia artísticas
Arte barroca
Capela Cistina
Esculturas em mármore
Teatro satírico

R.: ARTES
Artes Plásticas
Entalhe em madeira
Pintura em óleo
Esculturas em mármore
Grécia
Roma
Artes Cênicas
Grécia
Roma
Teatro Satírico
Música
Movimento musical na Tropicália
Arte Barroca
Capela Sistina

3 Os termos a seguir foram selecionados do sistema nocional da


área da Engenharia. Estabeleça entre eles relações hierárquicas
(subordinadas) e não hierárquicas.

Área do conhecimento:
Engenharia
Termos:
Engenharia de alimentos
Engenharia civil
Pré-sal
Engenharia marinha
Engenharia sanitária
Projetos de estradas de rodagem
Engenharia de produção
Engenharia de petróleo
Curso superior de engenharia elétrica
Políticas internacionais

23
INDEXAÇÃO E RESUMOS

Vigilância em saúde
Engenharia de transportes
Ensino de engenharia

R.: ENGENHARIA
Ensino em Engenharia
Curso superior de Engenharia Elétrica
Engenharia de Alimentos
Vigilância em saúde
Políticas internacionais
Engenharia Civil
Políticas internacionais
Engenharia Marinha
Políticas internacionais
Engenharia de Petróleo
Pré-sal
Políticas internacionais
Engenharia Sanitária
Vigilância em saúde
Políticas internacionais
Engenharia de Produção
Políticas internacionais
Engenharia de Transportes
Projetos de estrada de Rodagem
Políticas internacionais

4 Com base nas propostas de política de indexação apresentados neste


tópico, crie um novo modelo para uma biblioteca especializada em
moda. Imagine que esta biblioteca atende a um curso superior de
moda, com cerca de 350 alunos e 20 professores. Está localizada em
um município que tem boa parte da renda gerada pelo setor têxtil.
A biblioteca acaba atendendo também a usuários advindos deste
setor econômico, uma vez que a biblioteca pública do município
não possui em seu acervo, informações especializadas na área,
atendendo quase que exclusivamente a alunos advindos do ensino
básico. Ela tem uma equipe de trabalho composta por bibliotecários
e auxiliares de biblioteca que dividem tarefas de acordo com seu
nível de conhecimento das atividades cotidianas. A maior parte
de seu acervo é constituído por livros, mas também há periódicos
especializados, material audiovisual e muitas fotografias de desfiles
realizados pela própria comunidade acadêmica.

24
INDEXAÇÃO E RESUMOS

R.: Espera-se que o aluno elabore uma política contendo:


• Público-alvo.
• Identificação da Instituição.
• Processo de indexação, contendo: como será feita a análise conceitual,
como será a identificação dos conceitos, como será feita a tradução.
• Tem que apresentar elementos da política: cobertura de assunto,
exaustividade, especificidade, linguagem documentária ou controlada.
Aqui, espera-se que o aluno diga como deverá ser cada um destes itens na
biblioteca.
• Deve estabelecer quais competências o indexador deve apresentar.

UNIDADE 3

TÓPICO 1

1 A redação de um bom resumo deve atender aos critérios arrolados


nas opções a seguir, com exceção de uma. Assinale-a.

a) (x) Evitar reproduzir o vocabulário do autor, ampliando as


possibilidades de termos de indexação.
b) ( ) Indicar o que o autor fez e não o que tentou fazer ou o que pretende
fazer no futuro.
c) ( ) Omitir informações que o leitor provavelmente já conheça ou não lhe
interessem diretamente.
d) ( ) Ser autossuficiente, de modo que o leitor não precise consultar o
original para entendê-lo.
e) ( ) Ser o mais breve possível, desde que o sentido permaneça claro e
não se sacrifique a exatidão.

2 Com base no esquema para elaboração de resumos, apresentado na


Figura 2 deste tópico, elabore um resumo indicativo e um resumo
informativo dos textos a seguir:

a) Texto 1: Desmatamento na floresta amazônica brasileira: Principais causas


e consequências
Atualmente, é grande o desmatamento na floresta amazônica, que vem
cedendo espaço para lavouras e pastos, provocando diversos impactos
ambientais.

25
INDEXAÇÃO E RESUMOS

A floresta Amazônica ocupa hoje uma área 6,5 milhões de km², revestindo
nove países da América do sul (Brasil, Bolívia, Peru, Colômbia, Equador,
Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa) com a maior floresta
tropical do mundo. Rica em biodiversidade e com uma grande quantidade de
reserva de água doce, a Amazônia é muito importante tanto para os países
em que está localizada quanto para o equilíbrio do meio ambiente mundial,
mas, apesar disso, nas últimas décadas tem sofrido uma devastação gradativa
que pode comprometer a existência desse importante bioma.
O Brasil possui a maior área dessa floresta, cerca de 85% da floresta
Amazônica está no território brasileiro e, embora a floresta Amazônica
brasileira seja o bioma mais preservado do Brasil, os índices de desmatamento
são alarmantes. Estima-se que de 10% a 30% da área coberta pela floresta
legal já tenha sido desmatada. Segundo o IBGE, somente entre os anos de
1997 a 2013 foram desmatados cerca de 248 mil km² da floresta no Brasil,
que corresponde à, aproximadamente, área do estado de São Paulo. Outras
estimativas acreditam que no ritmo de exploração atual a Amazônia pode
desaparecer quase totalmente em 40 anos.
A principal causa do desmatamento da Amazônia é a ocupação de áreas
de reserva florestal por diversas empresas estrangeiras e nacionais que
são atraídas para a região por incentivos do governo, que visa dinamizar
a economia da região norte, e que, por falta de fiscalização adequada,
acaba por desmatar ilegalmente grandes áreas de reserva florestal. Como
a região norte é a nova fronteira agrícola do país, as atividades econômicas
relacionadas ao espaço agrário vem sendo as principais responsáveis pelo
desmatamento da Amazônia.
Assim, em busca de um desenvolvimento econômico que favoreça uma
pequena parcela da população e que não é revertido em qualidade de vida
para a população, a floresta amazônica vai dando lugar a pastagens e
lavouras. Provocando uma série de impactos para o meio ambiente do Brasil
e do mundo, dentre eles estão:
• A perda de biodiversidade, uma vez que várias espécies de plantas são
desmatadas. Além disso, algumas espécies de plantas e animais não
conseguem sobreviver nas pequenas áreas florestais que restam.
• Impactos no ciclo hidrológico da região, uma vez que as árvores exercem
uma função fundamental no processo de infiltração e percolação da água
no solo.
• Empobrecimento do solo exposto, que passa a ser mais lixiviado pela
água.
• Erosão, já que, em razão da exposição, o solo fica mais suscetível à ação
da chuva e acaba sendo transportado com mais facilidade.
• Modificação no clima mundial. As árvores são as grandes responsáveis pela
absorção do gás carbônico da atmosfera, com o desmatamento aumenta-se
a quantidade de CO2 na atmosfera, impactando assim o clima mundial.

26
INDEXAÇÃO E RESUMOS

Dessa forma, é extremamente importante conter a ocupação e o desmatamento


na Amazônia, pois, mais do que o equilíbrio ambiental de um bioma, sua
preservação contribui com o equilíbrio ambiental mundial.
FONTE: SILVIA, Olímpia Tamires. O desmatamento na Floresta Amazônica brasileira:
principais causas e consequências. https://alunosonline.uol.com.br/geografia/desmatamento-
na-floresta-amazonica-brasileira.html. Acesso em: 24 abr. 2019.

Resumo indicativo:
Resumo informativo:
Sugestão de resposta:
O resumo indicativo deve conter: a mesma terminologia do autor, objetivos,
métodos e resultados. Usar algarismos para números. Frases em lugar de
orações. Nenhum símbolo raro, equação ou informação descritiva.
O resumo informativo deve conter: 200 - 250 palavras. A mesma terminologia
do autor. Objetivos ou finalidades da pesquisa. Métodos da pesquisa.
Resultados da pesquisa. Validade dos resultados. Conclusões e aplicações,
se for o caso. Algarismos para números. Frases em lugar de orações. Nenhum
símbolo não convencional. Nunhuma abreviatura. Nenhuma equação ou nota
de rodapé. Nenhum dado de catalogação descritiva.

b) Texto 2: História da Educação no Brasil: a constituição histórica do campo


(1880-1970)

Diana Gonçalves Vidal e Luciano Mendes de Faria Filho.

A partir do fim dos anos 1960 e início dos 70, com o surgimento dos Programas
de Pós-Graduação em Educação no país (o da PUC-Rio, em 1965, e da
PUC-SP, em 1969, foram os primeiros a se constituir), e dos anos 1980,
com a criação do Grupo de Trabalho "História da Educação" da Associação
Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd), em 1984, e
do Grupo de Estudos e Pesquisas "História, Sociedade e Educação no Brasil"
(HISTEDBR), em 1986, cresceu substantivamente a produção de trabalhos
em História da Educação no Brasil. Ao mesmo tempo foi-se constituindo uma
certa identidade, ainda que multifaceta e plural do historiador da educação. No
entanto, já desde a segunda metade do século XIX, tratados sobre história da
educação brasileira foram elaborados por médicos, advogados, engenheiros,
religiosos, educadores e historiadores e circularam no País e no exterior.
A vitalidade da área, percebida nestes últimos trinta anos, tem sido objeto de
reflexão de pesquisas acadêmicas e de vários balanços efetuados ao final
de Congressos de História da Educação, como o I Congresso Brasileiro de
História da Educação e os I a IV Luso-brasileiro de História da Educação; ou
por encomendas de Grupos de Trabalho, como o GT História da Educação
da ANPEd e HISTEDBR. Os estudos têm buscado delinear um panorama

27
INDEXAÇÃO E RESUMOS

da atual historiografia em educação, destacando temáticas e períodos


privilegiados pela pesquisa, bem como aportes teóricos mais recorrentes
nessa escrita disciplinar.
A produção inicial do campo também vem sendo investigada, ainda que
de maneira esporádica, revelando-se um objeto recente de interesse.
Pretendendo contribuir para a compreensão histórica da configuração do
campo da História da Educação no Brasil, sistematizando a bibliografia
disponível sobre a temática e propondo um novo ordenamento para a análise,
este artigo almeja perceber matizes dessa escrita concebida como operação
historiográfica.

HISTÓRIAS DE UMA DISCIPLINA

Debruçar-se sobre a história (ou histórias) da disciplina, no desenho de


vertentes que a compõem, não é tarefa simples. Implica efetuar escolhas,
constituir hierarquias, elaborar análises que, ao mesmo tempo que conferem
uma inteligibilidade à narrativa, instituem um passado (portanto, erigem
uma memória) para o campo. Elucidar as escolhas feitas e as hierarquias
construídas não impede os efeitos dessa inversão escriturária, mas oferece ao
leitor outras chaves de leitura do texto histórico. Nesse sentido, é necessário
esclarecer inicialmente que as obras utilizadas para este estudo foram
selecionadas a partir de dois critérios: a) atribuir-se o objetivo de versar sobre
a história da educação, muitas vezes explícito no título, como, por exemplo,
a Pequena história da educação, das madres Peeters e Cooman; b) ser
reconhecida no campo por obra de referência sobre a história educacional,
mesmo que o autor não a tenha constituído como tal, como acontece com A
cultura brasileira, de Fernando de Azevedo.
Em segundo lugar, é forçoso dizer que as três vertentes, a seguir esboçadas,
configuraram-se levando-se em conta os alertas de Certeau sobre a operação
historiográfica, considerada como uma relação entre um lugar, percebido
de maneira abrangente como recrutamento, meio ou ofício, procedimentos
de análise e construção de um texto. O fato de as termos distinguido,
entretanto, não significa que exaurimos as várias combinações que as obras
suscitavam. Outras leituras poderiam levar a entrecruzamentos diversos e
novas classificações. Aliás, algumas mediações aparecem no interior mesmo
de cada vertente, apontando para outras possibilidades de enquadramento
dos trabalhos no campo.
Por fim, cumpre explicitar que as operações aqui propostas se fizeram tanto
mais necessárias na medida em que o entendimento da história da educação
como um campo autônomo, apartado da filosofia da educação, é fenômeno
recente e não de todo consolidado no seio da Pedagogia. Essa questão,
contudo, será esclarecida com o decorrer da narrativa.
 

28
INDEXAÇÃO E RESUMOS

PRIMEIRA VERTENTE: A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO E O INSTITUTO


HISTÓRICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO

"Le Brésil n'est pas tout à fait en retard sur la civilisation européenne". Assim
Frederico José de Santa-Anna Nery concluía o artigo "L'instruction publique au
Brésil", publicado na Revue Pédagogique em 1884. Em vinte páginas escritas
em francês, o autor, utilizando-se de malabarismos estatísticos, empenhava-
se em demonstrar a pujança da instrução pública no Brasil que, em 1877,
ostentava uma frequência escolar 12% superior à francesa (de acordo com
os cálculos do autor). Esse não era o primeiro texto sobre educação brasileira
elaborado, nem a fórmula de apresentar estatísticas como comprobatórias
do progresso intelectual, inédita. Antes dessa publicação, os livros O Império
do Brasil, editados em 1867, 1873 e 1876, sob os auspícios governamentais,
traziam no capítulo "Cultura intelectual", dados quantificadores da presença de
alunos nos vários ramos e instituições educacionais e culturais existentes no
país. Escritas para figurar nas Exposições Universais, as obras eram peças
de propaganda do Estado Imperial.
As contribuições de Santa-Anna Nery sobre a educação brasileira não se
restringiram, entretanto, ao artigo citado. Esse paraense, antigo aluno do
Seminário de Manaus, que após receber as ordens menores no Seminário
de Saint-Sulpice, em Paris, abandonou a carreira eclesiástica bacharelando-
se em Letras, em 1867, ficou conhecido pelos livros, redigidos em francês,
sobre a Amazônia (Les pays des Amazones. L'El-Dorado. Les terres à
cahoutchouc. Orné de 101 illustrations et de 2 cartes explicatives avec un
portrait de l'autheur, gravé à l'eau-forte par Robet Kemp. Paris, Bibliothèque
des Deux-Mondes, 1885) e sobre o folclore brasileiro (Folk-lore brésilien:
poésie populaire. – contes et légendes. – fables et mythes. – poésie,
musique, danses et croyances des Indiens; accompagné de douze morceaux
de musique. Préface du prince Roland Bonaparte. Paris: Perrin, 1889).
Organizou, também, a obra Le Brésil en 1889 (avec une carte de l'empire
en chromolithographie, des – ableaux statistiques, des graphiques et cartes.
Paris: Charles Delagrave, 1889), composta de vários capítulos escritos
por colaboradores eminentes, dentre eles um sobre instrução pública que
assinava, ao lado do barão de Saboia, de Louis Cruls e do barão de Teffé.
Editado sob os cuidados do Comitê Franco-Brasileiro para a Exposição
Universal de Paris, ocorrida naquele mesmo ano, a obra era apresentada por
M. Daubrée. Nela, mais uma vez com recurso a dados estatísticos, relativos
a 1869, 1876, 1882 e 1889, Nery procurava atestar o progresso intelectual
brasileiro na contabilidade da difusão de escolas primárias públicas e na
freqüência de alunos, que chegava a avaliar em 300.000.
O primeiro livro voltado exclusivamente a narrar a história da educação
brasileira, L'Instruction publique au Brésil: histoire et legislation (1500-1889),

29
INDEXAÇÃO E RESUMOS

de José Ricardo Pires de Almeida, composto como elogio ao Império e


publicado já no fim do regime (em 1889), movia-se, da mesma forma, no
âmbito das estatísticas e continha objetivo semelhante: afirmar a liderança
brasileira em termos educacionais. Mas agora o alvo eram os países
sulamericanos, em especial a Argentina. Dizia-se o autor constrangido ao
"dever e quase missão de restabelecer a verdade": "O Brasil é, certamente,
dentre todos os países da América do Sul, aquele que maiores provas deu
de amor ao progresso e à perseverança na trilha da civilização". A contenda
com a Argentina espraiava-se na demonstração da superioridade do regime
monárquico sobre o republicano.
Dedicado ao conde D'Eu, futuro governante brasileiro na hipótese remota
de uma manutenção do Império, o livro, redigido em francês, "língua
universalmente conhecida", de acordo com seu autor, discorria particulamente
sobre a educação no pós-Independência. A época colonial era abordada
apenas na Introdução ao volume, indiciando sua pequena relevância, apesar
de nela se inscrever o esforço precursor dos jesuítas, sumariamente descrito
nas cinco páginas iniciais; as iniciativas pombalinas, narradas nas dez páginas
seguintes; e o evento fundador da educação no Brasil, a chegada de D. João
VI, começo de uma verdadeira "constituição da nacionalidade brasileira,
nacionalidade proclamada em dezembro de 1815".
A instrução pública primária e secundária depois da Independência era
tratada em duas épocas: até o Ato Adicional, portanto de 1822 a 1834, em
parcas 10 páginas; e do Ato "aos dias de hoje", ou seja, de 1834 a 1889, em
245 páginas. A segunda época comportava, ainda, uma divisão interna entre
dois períodos: de 1834 a 1856 (34 páginas) e de 1857 a 1889 (211 páginas),
tomados para maior comodidade do leitor e entrecortando a gestão do ministro
do Império, conselheiro Luiz Pedreira do Couto Ferraz. A análise procedia de
um levantamento das leis criadas pelo Estado e recorria ao tom encomiástico
no elogio às ações da família imperial no campo educativo.
Médico, formado no Rio de Janeiro, e estudante de Direito por três anos em
São Paulo, Pires de Almeida havia sido arquivista da Câmara Municipal e
adjunto da Inspetoria Geral de Higiene na Corte, onde trabalhara nos serviços
de arquivo e biblioteca, o que, por certo, muito lhe facilitara o levantamento
de informações para a elaboração do livro. Sua produção escrita variava
bastante, versando sobre imigração italiana, economia doméstica, carnaval,
montepio civil, saneamento de Petrópolis, dentre muitos outros temas.
Publicou, em 1906, Higiene Moral — homossexualismo (A libertinagem
no Rio de Janeiro: Estudo sobre as perversões do instinto genital. Rio de
Janeiro: Laemmert & Co.), onde afirmava que a degradação do homem
dava-se pela alimentação excitante ou picante, pelo apetite venéreo, pela
imaginação ardente e, também, pelos bailes populares, os cafés-dançantes

30
INDEXAÇÃO E RESUMOS

e a organização das sociedades carnavalescas. A obra servia, para Nunes,


como contraponto a L'instruction publique au Brésil, na medida em que
permitia a Pires de Almeida, pelo avesso, retomar o projeto de intelectualidade
a que estava vinculado e que explicitara nos comentários finais do livro sobre
educação: "o historiador tem, em qualquer país, o dever de esclarecer o papel
de seu país no mundo e investigar detalhadamente as questões obscuras
que interessem às origens nacionais".
Membro honorário do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), Pires
de Almeida partilhava de seus objetivos de coligir, metodizar, publicar ou
arquivar os documentos necessários para a história e a geografia do Império,
respeitando uma postura positivista de escrita da história. Tal parece ser o
móvel da reprodução, em anexo, de documentos citados sobre o período
colonial e da inclusão de vários excertos de relatórios e de leis no corpo de
L'Instruction publique au Brésil. Partilhava também do projeto do IHGB de
"desvendamento do processo de gênese da Nação" brasileira, percebida
como "continuadora de uma certa tarefa civilizadora iniciada pela colonização
portuguesa". Nesse movimento de construção identitária da Nação pelo
IHGB, distinguir-se do outro era necessário, seja internamente apartando-
se dos negros e índios, porque não portadores da noção de civilização; seja
externamente das repúblicas latinoamericanas, porque ameaças à forma
de governo monárquico e representação da barbárie. A chegada de D.
João VI como marco fundador da educação no Brasil, o elogio ao Império,
as estatísticas circunscritas à população livre, bem como a disputa com a
Argentina, na escrita de Pires de Almeida engendravam o mesmo padrão
narrativo a que se entregavam os letrados em torno do IHGB.
Se não podemos afirmar a filiação de Santa-Anna Nery ao IHGB (ou ao
Institut Historique de Paris, referência ao trabalho historiográfico e à visão
de história do IHGB, nos primeiros anos de sua criação, de acordo com o já
citado Manoel Guimarães), como o fizemos para Pires de Almeida, podemos
destacar a proximidade do discurso de ambos no tocante à descrição e à
interpretação dos fatos da instrução pública. A ligação clara entre Pires de
Almeida e o Instituto Histórico, matriz da tradição historiográfica brasileira,
no entanto, estabelece de maneira inesperada um vínculo entre disciplinas
que aparentemente dispunham de trajetórias apartadas.
Traduzido para o português somente em 1989, cem anos após sua edição
original, L'Instruction publique au Brésil não ficou no limbo da historiografia
educacional brasileira, desconhecido pelos autores nacionais até tempos
recentes. Ao contrário, referência de boa parte da bibliografia posterior sobre
história da educação, Pires de Almeida viu-se citado, dentre outros, por Júlio
Afrânio Peixoto, em Noções de história da educação, de 1933; Primitivo
Moacyr, A instrução e o Império: subsídios para a história da educação no
Brasil, 1823-1853, de 1936; Fernando de Azevedo, A cultura brasileira, de

31
INDEXAÇÃO E RESUMOS

1943; e Theobaldo Miranda dos Santos, Noções de história da educação,


de 1945. Julgá-lo como um texto "não fundador" de uma narrativa histórica
em educação, como o fez Nunes, por não ter sido destinado ao ensino nas
Escolas Normais, parece-nos dissolver sua importância na construção de uma
tradição historiográfica em educação. Mais sugestivo talvez seja investigar a
relação entre o IHGB e a escrita da história da educação, indiciada por Pires
de Almeida, explorando vertentes desse fazer historiográfico.
Moysés Kuhlmann Jr. iniciou tal percurso. Destacou as contribuições de
Benjamin Franklin Ramiz Galvão na sistematização de fontes para uma
história da instrução pelo arrolamento de livros e artigos sobre a educação,
relatórios, memórias, regulamentos e estatutos de escola, conferências e
discursos, pareceres e projetos de lei, efetuado na classe História Literária e
das Artes do Catálogo que organizou para a Exposição de História do Brasil,
de 1881. Na coordenação do Livro do Centenário, elaborado agora às portas
do regime republicano, em 1900, com o intuito de "dar a conhecer as riquezas
naturais do Brasil e seus progressos em todos os ramos da atividade humana",
em que José Veríssimo Dias de Matos assinava o capítulo "A instrução e a
imprensa: 1500-1900". E, por fim, na organização do Dicionário Histórico,
Geográfico e Etnográfico Brasileiro, publicado pelo IHGB por ocasião do
centenário da Independência, que apresentava o capítulo 15 sob o título
de "Instrução pública, notícia histórica de 1822 a 1922", de autoria de M.P.
Oliveira Santos.
Nessas publicações posteriores à instalação do regime político republicano
não se alteraram significativamente as propostas de coligir e metodizar
documentos (inscritas nos Estatutos do IHGB, elaborados em 1839, um
anos após a criação do Instituto), nem de interpretar a gênese da civilização
brasileira, ambas caras à tradição narrativa da história gestada pelo IHGB.
Na esteira de tais preocupações outras obras, dedicadas especificamente à
história da educação, poderiam ser arroladas, demonstrando a permeabilidade
da produção historiográfica em educação à visão de história e do fazer
historiográfico presentes no Instituto.
A publicação do primeiro volume de A instrução e o Império: subsídios para
a História da Educação no Brasil, 1823-1853, de Primitivo Moacyr, em 1936,
inaugurou uma vasta obra, que até 1942 foi responsável pelo levantamento
e compilação de leis, estatutos e regimentos escolares, memórias, relatórios
e pareceres sobre instrução pública e particular nos vários ramos de ensino
(primário, secundário, profissional e superior) no Brasil. Ao todo, foram
editados 15 volumes, três dedicados à Instrução e o Império (entre 1936 e
1938), três à Instrução e as Províncias (entre 1939 e 1940) e sete à Instrução
e a República (entre 1941 e 1942), além de dois à Instrução pública no Estado
de São Paulo (1942) e um à Instrução primária e secundária no município
da Corte (1942).

32
INDEXAÇÃO E RESUMOS

O volume inicial da série era prefaciado por Afrânio Peixoto que, estabelecendo
uma relação de semelhança entre o trabalho de Moacyr e Varnhagen, afirmava
o livro como matéria prima de novos estudos em educação, posto que:
"No Brasil não se pesquisa. Todos tiramos de nós a substância de nossos
escritos. A história nessas condições é repetição, é comentário, é fantasia
interpretativa".
Sem introdução ou conclusão, o livro se estendia por 614 páginas, ao cabo
das quais uma pequena bibliografia relacionava além das Coleções de Leis
do Reino de Portugal e do Império do Brasil, dos Anais da Assembléia Geral
Legislativa e dos Relatórios do Ministério do Império, o livro L'instruction
publique au Brésil, de Pires de Almeida, e os artigos "Cem anos de ensino
primário (1826-1926)" (In: Centenário do Poder Legislativo), de Afrânio
Peixoto, e "A instrução pública nos tempos coloniais" (Revista do IHGB), de
Moreira de Azevedo. Foi publicado pela Cia. Editora Nacional, integrando a
série V, Brasiliana, da Biblioteca Pedagógica Brasileira, projeto coordenado
por Fernando de Azevedo para a editora, desde sua criação em 1931 até 1946.
Os demais volumes editados até 1939, referentes ao Império e às Províncias,
apresentavam características semelhantes, mesmo número aproximado de
páginas, mesma ausência do autor, que se limitava a compilar documentos,
mesmo pertencimento à Brasiliana. Os dois volumes sobre a instrução paulista
diferiam apenas no número de páginas reduzido para em torno de 250 e
incluíam na bibliografia os livros Um retrospecto, de João Lourenço Rodrigues,
e O ensino em São Paulo, de J. Feliciano de Oliveira. Já os volumes relativos
à República apresentavam traços diferentes. As páginas mantinham-se em
aproximadamente 200 por volume, o formato abandonara o 12 x 18 cm,
assumindo o tamanho de 18 x 22,5 cm, a bibliografia ostentava outros títulos,
como José Veríssimo, A educação nacional. Passava a obra a ser publicada
pela Imprensa Nacional, sob a orientação do Instituto Nacional de Estudos
Pedagógicos (INEP) do Ministério da Educação e Saúde, órgão dirigido por
Manoel Bergström Lourenço Filho, de 1938 (ano de sua criação) até 1946.
A breve caracterização realizada acima suscita desdobramentos. O primeiro
relaciona-se à vinculação de Primitivo Moacyr ao IHGB, seja pelo primado de
coligir e metodizar documentos, seja pelo recurso às publicações do Instituto e
autores a ele ligados na elaboração do texto, seja ainda pelo elogio inicial, feito
por Peixoto, que situa Moacyr como herdeiro de uma tradição que remonta
a um dos personagens mais célebres do Instituto, seu antigo secretário,
Varnhagen. O segundo refere-se à inserção da obra na Biblioteca Pedagógica
Brasileira e ao acolhimento do projeto editorial pelo INEP, demonstrando a
inequívoca relação de Moacyr com a área educacional, quer pelo patrocínio
recebido, quer pela aproximação com os já renomados educadores Azevedo
e Lourenço Filho, que se estende a Anísio Teixeira. Este último, no Prefácio
ao volume 3 de A instrução no Império, afirmava:

33
INDEXAÇÃO E RESUMOS

"Aliás já lhe disse que o primeiro volume me mostrou como esse foi — e não
será ainda? — o defeito capital dos educadores brasileiros. Estivemos todo
o tempo com grandes planos gerais, com debates de princípios, chocando
ideais educativos. E nada de lhes estudar os problemas concretos, de lhes
analisar as necessidades típicas, de examinar as dificuldades e facilidades
características de execução, de realização".
As obras repertoriadas acima, entretanto, não foram as primeiras de Moacyr.
No ano de 1916, havia publicado O ensino público no Congresso Nacional:
breve notícia. No livro, podia-se identificar a mesma preocupação em
compilar leis e relatórios constatada anteriormente, no entanto, em curtos
parágrafos ao início e ao fim do texto, o autor anunciava suas intenções: "a
opinião pública é talvez injusta quando acusa o Congresso de desapreço
às cousas do ensino público". Ao longo de 200 páginas Moacyr enumerava
as iniciativas do governo republicano nos 24 anos de existência (entre 1889
e 1914), com o fito de oferecer um "modesto subsídio aos homens de boa
vontade na solução [...] do problema de nosso aparelhamento econômico e,
mais, de integração nacional".
Advogado, Primitivo fez carreira como funcionário da Câmara dos Deputados,
desde 1895, quando ingressou como redator de debates, até sua aposentaria
em 1933. Sua familiaridade com os arquivos parlamentares facilitaram-lhe, por
certo, a tarefa de compilação efetuada. Tal qual Pires de Almeida, apoiando-
se numa visão positiva de história, Moacyr, como aquele, apesar de sua
pretendida neutralidade manifestou seus propósitos. Aqui já não o elogio ao
Império, mas o reconhecimento da importância da função parlamentar na
organização e constituição da instrução pública.
Os sete volumes d' A Instrução e a República, de Moacyr não foram o único
investimento do INEP na divulgação de documentos úteis à história da
educação nacional. Tendo sido constituído com a função, dentre outras, de
"organizar a documentação relativa à história e à situação atual da educação
no país", o Instituto deu início em janeiro de 1940 à elaboração dos Subsídios
para a história da educação brasileira, série composta por onze volumes
editados entre 1942 e 1951, contendo a relação dos "atos e fatos de maior
importância na vida educacional do país", de caráter oficial ou iniciativa
privada, em todos os Estados nos anos de 1940 a 1950. A série, constituída
para subsidiar as leis orgânicas criadas no governo Vargas, manteve
características idênticas em todo o período, apesar da edição das citadas
leis, entre 1942 e 1946, e de, nos anos finais, a direção do Instituto ter sido
entregue a Murilo Braga de Carvalho. Uma pequena introdução, assinada
pelo diretor do INEP, destacava os aspectos considerados mais relevantes
para a educação no ano. Seguiam-se ordenadas por mês, na sequência dos
dias, as notícias, intercalando as várias unidades federativas.

34
INDEXAÇÃO E RESUMOS

O INEP dispunha ainda de "prontuários sistemáticos, referentes à legislação


do governo central, na colônia, no império e na república, e que remetem a
repertório dessa legislação, desde 1808 a esta data; como dispõe também de
repertórios da legislação dos Estados". Apesar dos esforços do Instituto na
compilação e difusão de documentos sobre a educação nacional, ao longo dos
anos 1950 cresceram as dificuldades para a execução de pesquisas, posto
que o INEP vinha se transformando em órgão de caráter eminentemente
legislador. Ao assumir sua direção em 1952, Anísio Teixeira, com o intuito
de revigorar a investigação sobre a situação do ensino no território nacional,
dedicou-se a constituir um locus privilegiado de realização de levantamentos
de dados e análises, subsidiados por cientistas sociais, e de sua divulgação.
Em 1955 era criado o Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais (CBPE),
ligado ao INEP e ao Ministério da Educação e Cultura. Nos anos seguintes,
a ele foram associados cincos Centros Regionais, distribuídos pelos Estados
de São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Bahia.
Não obstante a ênfase marcadamente sociológica das interpretações, foi
nesse contexto que se publicaram os livros O ensino em Minas Gerais no
tempo do Império e O ensino em Minas Gerais no tempo da República, de
Paulo Krüger Corrêa Mourão (Centro Regional de Pesquisas Educacionais
de Minas, CRPE-MG), nos anos de 1959 e 1962. O primeiro livro, contendo
411 páginas, abordava os vários ramos de ensino, apresentando, além da
legislação, informações sobre as condições do exercício do magistério, como
salários, métodos de ensino e o que denominava curiosidades (castigos físicos
e disciplinas), bem como a história dos educandários. O segundo possuía 607
páginas e divergia do antecessor pela inclusão de uma introdução assinada
pelo autor, de agradecimentos a autoridades educacionais, dentre elas Abgar
Renault, naquele momento diretor-geral do CRPE-MG, de um apêndice
relacionando os estabelecimentos de ensino em funcionamento no ano de
1959 (possível ano de conclusão da obra). Mantinha, entretanto, a mesma
organização interna, constituindo o relato por ramos de ensino e pela história
de instituições escolares.
Mineiro, formado em engenharia e colaborador assíduo da revista do Instituto
Histórico-Geográfico de Minas Gerais, com textos sobre personalidades e
fatos históricos, foi, de todos os autores relacionados, o que mais se afastou
do primado positivista da mera compilação documental. Não apenas porque
emitiu, embora raros, julgamentos ao longo da obra, como comentários
sobre o divórcio entre as reformas de 1901 a 1915 e a realidade brasileira,
e a consideração do movimento de 1930, como revolução nacional, liderada
por Minas, que punha fim à primeira república; como, principalmente, porque
permitiu-se a inserção de uma Página de recordação no interior do segundo
volume, onde narrou, para quebrar a rigidez fria da História, uma lembrança
de sua infância escolar: a inauguração do Grupo Escolar de Diamantina, em

35
INDEXAÇÃO E RESUMOS

1907, pelo então presidente da Província, João Pinheiro, no qual estudou e


sua mãe foi professora.
O investimento na sistematização de fontes e divulgação de documentos
para a história da educação não cessou nos anos 1960. Vale ressaltar, aqui,
a marca que essa disposição para uma história mais próxima à descrição
documental e vazada principalmente na reprodução da fonte legislativa
imprimiu, e ainda imprime, em parcela dos trabalhos no campo. Até hoje,
o campo elabora guias, índices de legislação e edita a íntegra de leis, no
âmbito de uma escrita acadêmica ou como produto da ação de grupos,
no esforço sempre renovado de subsidiar a pesquisa. Um exemplo é a
Coleção Documentos da Educação Brasileira, iniciativa editorial da recém-
criada Sociedade Brasileira de História da Educação (1999), que objetiva
disponibilizar o conjunto das Leis e Regulamentos da Instrução Pública das
várias Províncias/Estados brasileiros, num total previsto de 80 títulos. 

FONTE: VIDAL, Diana Gonçalves; FARIA FILHO, Lucino Mendes de. História da Educação no
Brasil: a constituição histórica do campo (1880-1970). Rev. Bras. Hist. v. 23. n. 45. São Paulo.
jul. 2003. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-01882003000100003&script=sci_arttext.
Acesso em: 3 maio 2019.

Resumo indicativo:
Resumo informativo:
Sugestão de resposta: O resumo indicativo deve conter: a mesma terminologia
do autor, objetivos, métodos e resultados. Usar algarismos para números.
Frases em lugar de orações. Nenhum símbolo raro, equação ou informação
descritiva.
O resumo informativo deve conter: 200 – 250 palavras. A mesma terminologia
do autor. Objetivos ou finalidades da pesquisa. Métodos da pesquisa.
Resultados da pesquisa. Validade dos resultados. Conclusões e aplicações,
se for o caso. Algarismos para números. Frases em lugar de orações. Nenhum
símbolo não convencional. Nunhuma abreviatura. Nenhuma equação ou nota
de rodapé. Nenhum dado de catalogação descritiva.

TÓPICO 2

Faça a análise documentária dos itens a seguir, conforme artigo 4.3 e


suas alíneas da NBR 12.676. Os dados foram extraídos de elementos
pré-textuais dos próprios livros e artigos arrolados a seguir.

36
INDEXAÇÃO E RESUMOS

1 A construção da pessoa em Wallon e a construção do sujeito em


Lacan (Alice Beatriz Bastos)

Ao buscar conexões e diferenças entre os autores


Henri Wallon e Jacques Lacan, o presente estudo
apresenta novas perspectivas teóricas e discorre
também sobre algumas implicações educacionais
de ambas as teorias.

a) Qual é o assunto de que trata o documento?


b) Como se define o assunto em termos de teorias e hipóteses?
c) O assunto contém uma ação, um processo?
d) O documento trata do agente dessa ação?
e) O documento se refere a métodos, técnicas e instrumentos especiais?
f) Foi considerado no contexto de um local ou ambiente específico?
g) Foram identificadas variáveis?
h) O assunto foi considerado sob um ponto de vista interdisciplinar?

R.:
a) Conexões e diferenças entre Wallon e Lacan.
b) Sim, com base nas teorias de Wallon e de Lacan.
c) Não identificado.
d) Não.
e) Não identificado.
f) Não.
g) Não identificado.
h) Educação e psicologia.

2 Os Axiomas de Zurique (Max Gunther)

Os Axiomas de Zurique apresentam as regras


e princípios infalíveis que esses banqueiros
estabeleceram para diminuir riscos e aumentar
lucros. É só segui-los e você alcançará resultados
impressionantes em todos os seus investimentos.

37
INDEXAÇÃO E RESUMOS

a) Qual é o assunto de que trata o documento?


b) Como se define o assunto em termos de teorias e hipóteses?
c) O assunto contém uma ação, um processo?
d) O documento trata do agente dessa ação?
e) O documento se refere a métodos, técnicas e instrumentos especiais?
f) Foi considerado no contexto de um local ou ambiente específico?
g) Foram identificadas variáveis?
h) O assunto foi considerado sob um ponto de vista interdisciplinar?

R.:
a) Regras e princípios de banqueiros. Investimentos.
b) Não identificado.
c) Não identificado.
d) Não.
e) Não identificado.
f) Zurique.
g) Não identificado.
h) Não.

3 O corpo fala (Pierre Weil)

O corpo fala – a linguagem silenciosa da


comunicação não verbal tenta desvendar a
comunicação não verbal do corpo humano. O livro
é indicado para profissionais de qualquer área, ou
seja, para todo o ser humano.

a) Qual é o assunto de que trata o documento?


b) Como se define o assunto em termos de técnicas e hipóteses?
c) O assunto contém uma ação, um processo?
d) O documento trata do agente dessa ação?
e) O documento se refere a métodos, técnicas e instrumentos especiais?
f) Foi considerado no contexto de um local ou ambiente específico?
g) Foram identificadas variáveis?
h) O assunto foi considerado sob um ponto de vista interdisciplinar?

R.:
a) Comunicação não verbal do corpo humano.
b) Não identificado.
c) Não identificado.

38
INDEXAÇÃO E RESUMOS

d) Não.
e) Não identificado.
f) Não.
g) Não identificado.
h) Não.

4 Título: Poderá um avião voar eternamente?

Publicado em: Newsweek, set/1987


Conteúdo: teste realizado no Canadá com protótipo de uma aeronave movida
a eletricidade, que não precisa de qualquer combustível convencional. A
eletricidade é transmitida do solo sob a forma de energia de micro-ondas,
sendo reconvertida em eletricidade por meio de dispositivos instalados no
avião. Teoricamente, o avião pode permanecer por meses no ar sem piloto.
Entre suas aplicações incluem-se pesquisa científica, vigilância militar,
previsão do tempo e transporte de passageiros. Os possíveis riscos das
micro-ondas para a saúde seriam um obstáculo a sua ampla aplicação.

a) Qual é o assunto de que trata o documento?


b) Como se define o assunto em termos de técnicas e hipóteses?
c) O assunto contém uma ação, um processo?
d) O documento trata do agente dessa ação?
e) O documento se refere a métodos, técnicas e instrumentos especiais?
f) Foi considerado no contexto de um local ou ambiente específico?
g) Foram identificadas variáveis?
h) O assunto foi considerado sob um ponto de vista interdisciplinar?

R.:
a) Teste com protótipo de aeronave movida a eletricidade.
b) Hipótese de que o protótipo pode permanecer por meses no ar sem piloto.
c) Testes.
d) Não.
e) Não identificado.
f) No Canadá.
g) Não identificado.
h) Não.

5 Título: A erosão e o agricultor

Conteúdo: descreve como o vento, a chuva e a neve derretida podem erodir


valiosas terras de cultivo, e avalia o volume das perdas agrícolas devidas a
essas causas na Europa Setentrional. Examina possíveis soluções, a saber,
a rotação da cultura de grãos com a de gramíneas protetoras do solo e o
emprego de árvores e terraços como quebra-ventos.
39
INDEXAÇÃO E RESUMOS

a) Qual é o assunto de que trata o documento?


b) Como se define o assunto em termos de técnicas e hipóteses?
c) O assunto contém uma ação, um processo?
d) O documento trata do agente dessa ação?
e) O documento se refere a métodos, técnicas e instrumentos especiais?
f) Foi considerado no contexto de um local ou ambiente específico?
g) Foram identificadas variáveis?
h) O assunto foi considerado sob um ponto de vista interdisciplinar?

R.:
a) Descreve como o vento, a chuva e a neve derretida podem erodir a terra.
b) Não.
c) Avaliação da perda do volume agrícola.
d) Não
e) Rotação da cultura de grãos com a de gramíneas protetoras do solo e o
emprego de árvores e terraços como quebra-ventos.
f) Europa Setentrional.
g) Não identificado.
h) Não.

TÓPICO 3

1 Elabore um resumo indicativo e um informativo para os textos a


seguir.

Texto 1

Desigualdades no uso e acesso aos serviços de saúde entre idosos


do município de São Paulo
 
Marília Cristina Prado Louvison; Maria Lúcia Lebrão; Yeda Aparecida
Oliveira Duarte; Jair Lício Ferreira Santos; Ana Maria Malik; Eurivaldo
Sampaio de Almeida.

INTRODUÇÃO

A transição demográfica e o envelhecimento populacional introduzem grandes


desafios às políticas públicas, em particular nos grandes centros urbanos.
Nestes, em especial, convive-se com altos graus de pobreza e desigualdades,
baixa escolaridade e arranjos domiciliares pouco continentes. Isso gera
necessidade de intervenções mais rápidas e equânimes, além de respostas

40
INDEXAÇÃO E RESUMOS

às novas demandas assistenciais que transcendem os núcleos familiares e os


possíveis cuidadores, familiares ou não. As doenças que comumente ocorrem
no envelhecimento ganham maior expressão no conjunto da sociedade. O
idoso utiliza mais serviços de saúde, as internações hospitalares são mais
frequentes e o tempo de ocupação do leito é maior se comparado a outras
faixas etárias.19
Ao medir a utilização dos serviços e estudar sua acessibilidade, pode-
se, indiretamente, avaliar a equidade de um sistema de saúde. Segundo
Whitehead,22 a equidade em saúde é a superação das desigualdades injustas
em determinado contexto histórico e social, implicando que necessidades
diferenciadas da população sejam atendidas por ações governamentais
também diferenciadas. Nesse sentido, a iniquidade é considerada uma
"desigualdade injusta", desnecessária, que pode ser evitada, daí sua
importância para os planejadores e gestores de políticas públicas.
Os indicadores mais adequados para avaliar a existência de desigualdade
na atenção à saúde devem estimar a chance de os indivíduos obterem
tratamento quando acometidos por alguma doença ou de receberem cuidados
específicos de proteção à saúde nos casos tradicionalmente recomendados
e permitir quantificar a contribuição das diferenças entre grupos e no interior
deles como um índice de desigualdade.3,18
O modelo teórico de utilização de serviços descrito por Andersen1,2 agrupa
os perfis de consumo em três dimensões: de capacitação, de necessidade
e de predisposição. Os fatores de capacitação se referem à capacidade de
um indivíduo procurar e receber serviços de saúde; diretamente ligados às
condições econômicas e à oferta de serviços: renda, planos de saúde, suporte
familiar, disponibilidade, proximidade e quantidade de serviços ofertados.
Os fatores de necessidade estão ligados às percepções subjetivas das
pessoas e ao estado de saúde. Os fatores de predisposição referem-se às
características individuais que podem aumentar a chance de uso de serviços
de saúde como, por exemplo, as variáveis sociodemográficas e familiares:
idade, sexo, nível de escolaridade e raça. Segundo esse modelo, em estudos
de desigualdade, o acesso é considerado equitativo quando somente a
necessidade determina o uso.
A Organização Pan-Americana de Saúde coordenou um estudo multicêntrico
denominado Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento (SABE)10 para traçar o
perfil dos idosos na América Latina e Caribe. Participaram desse estudo a
Argentina, Barbados, Brasil, Chile, Cuba, México e Uruguai.
O presente estudo teve por objetivo analisar os fatores relacionados à
determinação e às desigualdades no acesso e uso dos serviços de saúde
por idosos.
 

41
INDEXAÇÃO E RESUMOS

MÉTODOS

No Brasil, a população do estudo SABE foi composta pelos idosos residentes,


no ano 2000, no município de São Paulo.
A amostra total de 2.143 idosos foi composta por dois segmentos: o primeiro,
resultante de sorteio, correspondeu à amostra probabilística formada por 1.568
entrevistas. O segundo correspondeu ao acréscimo efetuado para compensar
a mortalidade na população de maiores de 75 anos e completar o número
desejado de entrevistas nesta faixa etária, composto por 575 residentes
nos distritos em que se realizaram as entrevistas anteriores. Para sorteio de
domicílios usou-se o método de amostragem por conglomerados em dois
estágios sob o critério de partilha proporcional ao tamanho. Essa amostra
foi tomada do cadastro da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(PNAD), 1995, composto por 263 setores censitários sorteados sob o critério
de probabilidade proporcional ao número de domicílios. O número mínimo
de domicílios sorteados no segundo estágio foi aproximado para 90. Para
complementação da amostra de pessoas de 75 anos e mais utilizou-se a
localização de moradias próximas aos setores selecionados ou, no máximo,
dentro dos limites dos distritos aos quais pertenciam os setores sorteados.
Os dados foram colhidos simultaneamente, por meio de entrevistas
domiciliares, feitas com um instrumento constituído por 11 blocos temáticos
(Projeto SABE10): dados pessoais, avaliação cognitiva, estado de saúde,
estado funcional, medicamentos, uso e acesso aos serviços, rede de apoio
familiar e social, história laboral e fontes de ingresso, características da
moradia e a antropometria e os testes de flexibilidade e mobilidade.
A maior parte das entrevistas (88%) foi feita diretamente com o idoso,
para os demais utilizou-se um proxi-respondente quando o idoso estava
impossibilitado de responder às questões por problemas físicos ou cognitivos.
A descrição detalhada da metodologia empregada pode ser encontrada em
Duarte & Lebrão.10 Foi considerada como variável dicotômica dependente a
utilização ou não de serviços ambulatoriais nos quatro meses anteriores à
entrevista. Para a identificação de desigualdades analisou-se a associação
com a condição socioeconômica, representada pelos quintis de renda total,
categorizando-os em menor renda (sem renda, primeiro e segundo quintis)
e maior renda (terceiro, quarto e quinto quintis).
A associação da escolaridade e seguros privados com a renda indicam
a capacidade de demandar e consumir serviços de saúde. As variáveis
de predisposição consideradas foram sexo e idade. Como variáveis de
necessidade de saúde, foram utilizadas a autoavaliação de saúde e a
presença de, pelo menos, uma doença crônica autoreferida: hipertensão,
diabetes e problema nervoso ou psiquiátrico, todas como variáveis qualitativas
dicotômicas.

42
INDEXAÇÃO E RESUMOS

O método estatístico utilizado foi o da regressão logística multivariada, por


passos, procedimento por eliminação (backwards). Baseou-se nas frequências
ponderadas e a odds ratio (OR), com intervalo de confiança de 95%, ajustada
mediante análise de regressão logística múltipla.5,8 Foram analisados dados
da amostra expandida para a base populacional, na qual cada registro tem
peso específico. Após descrição das frequências ponderadas e ajustadas para
o efeito do delineamento de amostra complexa, a regressão logística múltipla
foi utilizada para investigar a associação independente entre a utilização de
serviços ambulatoriais e cada uma das características socioeconômicas e
de saúde incluídas no estudo.
O estudo SABE foi aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade de Saúde
Pública da Universidade de São Paulo e pela Comissão Nacional de Ética
em Pesquisa (Conep).
 
RESULTADOS

A amostra de idosos obtida no SABE representa o universo populacional


de 836.204 idosos do município de São Paulo no ano 2000, constituída por
58,6% de mulheres. Destes, 77,9% eram de pessoas idosas com até 75 anos.
Observou-se que os idosos do sexo masculino (41,4%) distribuíam-se nas
faixas etárias mais novas, pois 19,2% tinham mais de 75 anos.
A maioria dos idosos era brasileira (91,3%), se declarou branca (70,1%),
católica (70,9%), morou por mais de cinco anos em zona rural até os 15
anos (62,6%), foi casada (95,1%), teve filhos (89,9%) e não vivia só (86,8%).
Com relação à escolaridade, 79,0% frequentaram escola, 78,3% sabiam ler
e escrever um recado, e 56,5% estudaram de um a quatro anos. Dos que
foram à escola, 6,1% referiram não saber ler e escrever um recado e dos que
referiram saber ler e escrever um recado, 5,2 % não frequentou a escola. A
população estudada era em grande parte aposentada (48,7%), da qual 23,5%
disseram estar trabalhando na semana anterior ao inquérito; 86,3% recebiam
algum tipo de recurso financeiro e destes, 66,2% tinham outras pessoas
que dependiam deste recurso, com diferenças entre os sexos; 67,5% deles
reconheceram não ter recursos suficientes para suas necessidades diárias.
Verificou-se que 46,0% das pessoas idosas autoavaliaram sua saúde como
excelente/muito boa/boa e 54,0% regular/má. A autopercepção positiva
de saúde diminui à medida que aumenta o número de doenças referidas.
Observou-se que 18,6% dos entrevistados referiram apresentar três ou
mais doenças crônicas concomitantes, sendo hipertensão a mais prevalente
(53,3%). As comorbidades foram mais predominantes (21,9%) entre as
mulheres longevas (75 anos e mais).
Quanto à posse de seguro saúde, 41,4% não estavam cobertos por um plano
e/ou seguro privado de saúde, dos quais 53,4% referiram ter seguro social.

43
INDEXAÇÃO E RESUMOS

O tipo de seguro variou de acordo com a renda e a escolaridade e os idosos


com baixa renda e sem escolaridade dependiam mais do seguro público.
Os seguros/planos privados não cobriam a totalidade de consultas médicas,
tinham baixa cobertura de próteses (4,7%) e de medicamentos (1,3%).
Os idosos que tinham seguro privado referiram sua saúde como melhor
(55,7%) em relação aos que tinham apenas seguro público (40%), apesar
de apresentarem pequena diferença quanto à presença de pelo menos uma
doença crônica (77,7% e 76,1%, respectivamente). A maioria (60,2%) dos
idosos vacinou-se contra gripe nos 12 meses anteriores à entrevista, com
maior predominância das mulheres (61,3%). Das mulheres, 43,7% relataram
ter realizado exame citológico para prevenção de câncer ginecológico e
38,9% exame de mamografia nos dois anos anteriores à entrevista. Quanto
aos homens, 40% referiram realização de exame clínico para prevenção de
câncer de próstata nos dois anos anteriores à entrevista.
Os idosos estudados apresentaram altas taxas de utilização de serviços de
saúde: 83,3% referiram ter realizado pelo menos uma consulta nos 12 meses
anteriores à entrevista, dos quais 4,7% referiram pelo menos uma internação
hospitalar; 64,2% referiram a utilização de serviços de saúde ambulatoriais
nos quatro meses anteriores à entrevista. Verificou-se que 85,9% dentre os
idosos que referiram internação hospitalar o fizeram apenas uma vez.
Os principais motivos citados para a não utilização dos serviços, mesmo
precisando, foram relacionados às questões da gravidade da doença, à
automedicação e, ainda, à qualidade, distância e custo dos serviços. Quando
analisados os idosos de menor renda, os motivos citados foram o problema
não ser grave, distância e qualidade dos serviços de saúde.
A Tabela 1 mostra a utilização dos serviços nos quatros meses anteriores
à entrevista. Em relação aos atendimentos ambulatoriais, não foram
observadas diferenças entre atendimento público e privado (24,7% e 24,1%
respectivamente), mas entre o local do atendimento, 14,5% ocorreram em
hospitais e 33,7% ocorreram em clínicas privadas. Os idosos com menor
renda utilizaram mais a clínica e os hospitais públicos enquanto os idosos
com maior renda e mulheres mais novas utilizaram mais os consultórios e
hospitais privados. As mulheres mais velhas se utilizaram mais de consultórios
privados, mesmo nas menores rendas; o hospital privado só foi mais utilizado
no quintil de maior renda. O atendimento domiciliar foi pouco referido tanto
por quem tinha seguro público quanto privado. Dos que utilizaram os serviços,
40,9% realizaram apenas uma consulta e a média de utilização foi de 2,5
consultas nos quatro meses anteriores à entrevista. Para a população total, a
média foi de 1,6 consultas por idoso nos quatro meses anteriores à entrevista.
Com referência à última consulta ambulatorial, observou-se que os tempos
para agendamento de consulta, ir ao serviço e ser atendido na última consulta
foram maiores entre os idosos que não frequentaram escola (Tabela 2). Na

44
INDEXAÇÃO E RESUMOS

última consulta ambulatorial 66,6% referiram a solicitação de exames, mas


7,4% não os realizaram; desses, 2,7% não o fizeram por falta de recursos
financeiros. Em 62,4% das consultas foram prescritos medicamentos, mas
8,1% referiram não os ter conseguido. O pagamento por exames e consultas
foi semelhante, mas para as internações praticamente não ocorreram
desembolsos diretos. Na Tabela 3 observa-se que 70% dos medicamentos
foram pagos diretamente pelo idoso. Na regressão logística, descrita na Tabela
4, observou-se que o diagnóstico de doenças crônicas e a autopercepção de
uma pior condição de saúde foi determinante para o uso de serviços de saúde,
independentemente de outras variáveis, inclusive da renda, escolaridade e
ter seguro saúde privado.

45
INDEXAÇÃO E RESUMOS

46
INDEXAÇÃO E RESUMOS

No modelo de regressão final, a frequência à escola continuou como fator


de proteção, ou seja, ter ido à escola diminui a chance de usar serviços de
saúde, mesmo na presença de outros fatores. A variável renda isolada foi
excluída do modelo, sendo utilizada sua interação com escolaridade.
O uso de serviços foi maior em idosos com pior autopercepção de saúde
(OR=1,92), presença de doenças (OR=2,73), seguro de saúde privado
(OR=1,57) e sexo feminino (OR=1,55). A presença de diabetes apresentou
uma associação mais forte (OR=1,50) que as outras doenças. A escolaridade
apresentou comportamento contrário à renda. Apesar de renda, escolaridade
e a interação entre elas não terem sido significativas na regressão univariada,
interação renda e escolaridade (OR=1,40), assim como ter frequentado a
escola (OR=0,66) foram significativas na regressão multivariada.
 
DISCUSSÃO

A posse de seguro privado é maior na população idosa com maior renda,


maior escolaridade, menor idade e que apresenta melhor situação de saúde.
No entanto, evidenciou-se associação entre posse de seguro saúde privado
e uso de serviços de saúde, o que traduz desigualdades, independentemente
da temporalidade. Em outras palavras, ter seguro de saúde porque usa
mais os serviços ou usar mais os serviços porque tem seguro de saúde. As
desigualdades em saúde com relação à capacidade de acessar os serviços
identificam o movimento da busca, da capacidade do idoso acessar e usar
os serviços de saúde conforme sua disponibilidade e necessidade. Essa
capacidade está diretamente relacionada, além da renda e escolaridade, à
posse de seguro saúde privado, por considerar a disponibilidade da oferta
da rede pública e privada. Além disso, outros estudos são importantes no
sentido de qualificar o uso, pois a maior utilização não está necessariamente
relacionada a uma melhor atenção à saúde do idoso.
As desigualdades socioeconômicas indicam diferentes tempos e formas
de adoecer e diferentes necessidades e capacidades de procurar e usar
serviços de saúde. Conforme estudos de desigualdades que utilizaram a
base de dados do SABE da América Latina,15,21 idosos com pior escolaridade
apresentam pior estado de saúde em função de piores hábitos maior exclusão
e menor nível de informação e condições socioeconômicas para acessar
serviços precocemente. No entanto, o uso de serviços de saúde, maior em
quem apresenta pior estado de saúde, também sofre a influência da maior
ou menor escolaridade.
Assim como na análise dos dados da PNAD 1998 e em outros estudos,11,12
as pessoas de menor renda e piores condições de saúde apresentaram
menor utilização de serviços de saúde. Os dados da PNAD identificam que
a cobertura por plano de saúde é maior para as pessoas que avaliam seu

47
INDEXAÇÃO E RESUMOS

estado de saúde como muito bom e bom e a existência de desigualdades


em favor dos mais privilegiados. As chances de procurar serviços de saúde
aumentam à medida que os indivíduos envelhecem e não acumulam anos
de estudo.14
No presente estudo, a escolaridade também apresentou um comportamento
distinto das outras variáveis, a exemplo de que os que frequentaram a escola
utilizaram menos os serviços. Renda e interação de renda e escola foram
significativas, ou seja, ter maior renda é determinante do uso mesmo tendo
frequentado escola. Isso pode indicar que frequentar a escola diminui a
necessidade do uso dos serviços, protegendo das desigualdades de acesso
determinadas pela renda. Portanto, observou-se que frequentar escola é,
independentemente das características de necessidade, um fator de menor
utilização de serviços de saúde. Nesse sentido, a escolaridade não responde,
isoladamente, como característica de condição socioeconômica para estudos
de desigualdades no uso de serviços de saúde.
O fato de a escolaridade também ser determinada em fases mais iniciais
da vida e não mudar posteriormente pode ser uma desvantagem para
utilizá-la em estudos de idosos. César & Pascoal4 verificaram que os idosos
com até quatro anos de escolaridade utilizam prioritariamente os serviços
públicos, primeiramente o hospital, seguido da clínica pública. Noronha &
Andrade,15 comparando os países do Estudo SABE,10 sugerem a presença de
desigualdades sociais em todos eles, favorecendo os grupos socioeconômicos
privilegiados. Esses autores referem ainda que a probabilidade de o idoso
reportar um melhor estado de saúde é maior entre os mais escolarizados.15
O diagnóstico de doenças crônicas e a autopercepção de saúde como regular
ou má é determinante para o uso de serviços de saúde, independentemente
de outras variáveis, inclusive da renda, escolaridade e da posse de seguro
saúde privado. O diabetes é a doença autoreferida que manteve significância
na determinação do uso de serviços em contrapartida à hipertensão e doença
mental, por exemplo, que perderam força na presença das outras variáveis
relacionadas. No estudo SABE10 identificou-se uma redução na prevalência
apenas de diabetes na velhice avançada, indicando ocorrência precoce
de óbitos. Assim, o diabetes apresenta provável maior gravidade e maior
dependência dos serviços de saúde tanto diagnóstica quanto terapêutica.
A tipologia de uso indica pior acesso à rede ambulatorial no momento de maior
necessidade, ou seja, para os mais velhos. Os idosos mais pobres utilizaram
mais a clínica e os hospitais públicos enquanto os idosos mais ricos utilizaram
mais os consultórios e hospitais privados. A relação direta de uso de serviços
privados por quem possui seguro privado e de serviços públicos por quem
não os possui mostra que o tipo de seguro é determinante para o uso e é
utilizado quando disponível. Observou-se menor uso dos serviços entre os
homens de 60 a 64 anos, principalmente entre as classes de menor renda.

48
INDEXAÇÃO E RESUMOS

Isso pode indicar uma dificuldade de acesso por ainda estarem inseridos
no mercado de trabalho e a organização dos serviços de saúde não estar
voltada a essa necessidade.
O maior uso das internações hospitalares nos atendimentos ocorridos nos
serviços públicos indica prováveis desigualdades no acesso à consulta e, ao
mesmo tempo, mostra que a capacidade de utilização da rede pública pelo
idoso pode estar ocorrendo no limite da urgência, do descontrole das doenças
crônicas e da menor continência familiar às doenças de maior gravidade.
A frequência de internações está relacionada com a autorreferência de
doenças crônicas e apresenta pouca associação com renda e escolaridade.
A desigualdade no acesso é observada, porém menos evidente que no caso
do uso das consultas ambulatoriais, provavelmente por maior impacto dos
fatores de necessidade. Entre os que relataram não possuir seguro, nenhuma
internação foi citada, podendo indicar a total ausência de acesso a serviços por
esses idosos. A taxa de reinternação de 14,1% nos quatro meses anteriores
à entrevista é semelhante à observada na população geral, vista na PNAD
2003, que foi de 20,7%, para as internações ocorridas no último ano.
O presente estudo mostra que os idosos brasileiros apresentam altas taxas
de utilização de serviços de saúde. O uso de serviços de saúde no último ano
(83,3%) foi pouco maior que a PNAD 2003 que identificou 79,5% para maiores
de 65 anos. A população de 60 a 65 anos pode explicar essa diferença, pois
apresenta alta utilização de serviços de saúde, além do fato de que os dados
do SABE11 referem-se à cidade de São Paulo.
No município de São Paulo, durante o período do estudo, estava em
funcionamento o Plano de Assistência à Saúde (PAS) com foco no pronto-
atendimento de urgência e não na estruturação da rede de cuidados às
doenças crônicas. Não se observa uma reorganização da atenção adequada à
mudança epidemiológica que tenha ênfase na atenção às doenças crônicas.16
A equidade dos sistemas de saúde é um direito do cidadão, que possibilita a
igualdade no acesso à atenção à saúde, mediante necessidades semelhantes.
Em saúde, as mesmas necessidades devem pressupor a utilização dos
serviços de saúde, dadas determinadas condições de acesso. No entanto,
observa-se que o acesso à saúde tende a ser pior para aqueles em piores
condições socioeconômicas.6
Em ambos setores, público e privado, é necessário o desenvolvimento de
modelos de atenção voltados às necessidades dos idosos, que permita
identificação de demandas, criação de serviços, estabelecimento de
redes intersetoriais e gestão integrada dos cuidados crônicos.8,20 A efetiva
implementação de redes de atenção à saúde no Sistema Único de Saúde
(SUS), com centralidade na atenção básica, permite a ampliação do acesso
e o uso regular de serviços de saúde com equidade.
Considerando o direito universal à saúde, a redução das desigualdades

49
INDEXAÇÃO E RESUMOS

deve ser política pública prioritária e pressupõe ampliação de acesso à rede


ambulatorial e domiciliar com financiamento adequado, regulamentação
e capacitação nos seus vários níveis de complexidade, ajustados às
necessidades dos idosos, tanto na rede pública quanto na rede privada.13
Em política defendida pelo SUS e pela Organização Mundial de Saúde
(OMS), o fortalecimento da atenção primária amplia o acesso e permite aos
idosos viverem na sociedade sem pressões para institucionalizações em
equipamentos sociais e de saúde, o que não interessa a ninguém, tampouco
à própria sociedade.9 Além disso, é necessário enfrentar a fragmentação
dos equipamentos de saúde e sociais com estabelecimento de redes de
atenção integral e com aumento da capacidade de regulação do Estado, em
busca de uma verdadeira rede de suporte social com foco na equidade e na
integralidade e que considerem o envelhecimento populacional.17
Em conclusão, a associação de renda, escolaridade, sexo e morbidade
referida traduz a grande necessidade e a baixa capacidade de utilização de
serviços de saúde pelos idosos, de acordo com o Modelo de Andersen, e indica
presença de desigualdades no uso e acesso aos serviços de saúde. A relação
dos idosos com os serviços de saúde é intensa, podendo traduzir injustiças
e inadequações que impactam na qualidade de vida dessa população e que,
por sua vez, depende de políticas públicas integradas e efetivas.

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care utilization in the United States. The Milbank Mem Fund Q Health Soc.
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10. Lebrão ML, Duarte YAO, organizador. O Projeto SABE no município de
São Paulo: uma abordagem inicial. Brasília: Organização Pan-Americana
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11. Lima-Costa MF, Barreto S, Giatti L. A situação socioeconômica afeta
igualmente a saúde de idosos e adultos mais jovens no Brasil. Um estudo
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PNAD/98. Cienc Saude Coletiva. 2002;7(4):813-24. doi:10.1590/S1413-
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12. Lima-Costa MF, Guerra HL, Firmo JO, Vidigal PG, Uchoa E, Barreto SM.
The Bambuí Health and Aging Study (BHAS): private health plan and medical
care utilization by older adults. Cad. Saude Publica. 2002;18(1):177-86.
doi:10.1590/S0102-311X2002000100018.        
13. Lima-Costa MF, Barreto S, Giatti L, Uchoa E. Desigualdade social e
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Amostra de Domicílios. Cad. Saúde Pública. 2003;19(3):745-57. doi:10.1590/
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14. Neri M, Soares W. Desigualdade social e saúde no Brasil. Cad Saude
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15. Noronha KV, Andrade MV. Desigualdades sociais em saúde e na utilização
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16. Organização Mundial da Saúde. Cuidados inovadores para condições
crônicas: componentes estruturais de ação: relatório mundial. Brasília; 2003.        
17. Pessoto UC, Heimann LS, Boaretto RC, Castro IEN, Kayano J, Ibanhes
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18. Silva NN, Pedroso GC, Puccini RF, Furlani WJ. Social inequalities and
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19. Veras RP. Terceira Idade. Gestão Contemporânea em Saúde. Relume-
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20. Veras R, Parahyba ML. O anacronismo dos modelos assistenciais para os
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51
INDEXAÇÃO E RESUMOS

21. Wallace SP, Gutiérrez VF. La equidad del acceso de adultos mayores
a la atención de salud en cuatro grandes ciudades latinoamericanas.
Rev Panam Salud Publica. 2005;17(5/6):394-409. doi:10.1590/S1020-
49892005000500012.        
22. Whitehead M. The concepts and principles of equity in health. Int J Health
Serv. 1992;22(3):429-45.      

FONTE: LOUVISON, Maria Cristina Prado et al. Desigualdades no uso e


acesso aos serviços de saúde entre idosos do município de São Paulo.
Rev. Saúde Pública. v.42, n.4, ago./  2008. http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102008000400021. Acesso em: 19
maio 2019.

Resposta sugerida:
O resumo indicativo deve conter: a mesma terminologia do autor, objetivos,
métodos e resultados. Usar algarismos para números. Frases em lugar de
orações. Nenhum símbolo raro, equação ou informação descritiva.

O resumo informativo deve conter: 200 – 250 palavras. A mesma terminologia


do autor. Objetivos ou finalidades da pesquisa. Métodos da pesquisa.
Resultados da pesquisa. Validade dos resultados. Conclusões e aplicações,
se for o caso. Algarismos para números. Frases em lugar de orações. Nenhum
símbolo não convencional. Nunhuma abreviatura. Nenhuma equação ou nota
de rodapé. Nenhum dado de catalogação descritiva.

Texto 2

SEGURANÇA QUÍMICA, SAÚDE E AMBIENTE – PERSPECTIVAS PARA


A GOVERNANÇA NO CONTEXTO BRASILEIRO

Carlos Machado de Freitas


Marcelo Firpo S. Porto
Josino Costa Moreira
Fatima Pivetta
Jorge M. Huet Machado
Nilton B. B. de Freitas
Arline S. Arcuri
INTRODUÇÃO  

A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento


(CNUMAD), realizada no Rio de Janeiro (Brasil) em 1992, teve como
um de seus objetivos o estabelecimento de princípios e compromissos

52
INDEXAÇÃO E RESUMOS

comuns entre as diferentes nações que guiassem um desenvolvimento


sustentável da comunidade global, resultando na Agenda 21 (CNUMAD,
1992). Reconhecendo que os países com menor capacidade – institucional
e financeira – para enfrentá-los são os mesmos que possuem os maiores
desafios em termos de ameaças à sustentabilidade, foi reconhecido, na
Agenda 21, que para alcançar os objetivos e as propostas para as ações
estabelecidas tornar-se-ia necessário um significativo fortalecimento dos
esforços nacionais e internacionais. Isto incluiria tanto a responsabilidade dos
países industrializados em cooperar com os países em industrialização para
a solução dos problemas referentes ao meio ambiente e a sustentabilidade,
como uma cuidadosa revisão das prioridades e orçamentos visando,
progressivamente, internalizar nas economias locais os custos da proteção
ao meio ambiente (CGG, 1995; FINKELMAN, 1996).
É exatamente neste contexto que a segurança química, entendida como um
conjunto de estratégias para o controle e a prevenção dos efeitos adversos
para o ser humano e o meio ambiente decorrentes da extração, produção,
armazenagem, transporte, manuseio e descarte de substâncias químicas,
insere-se na Agenda 21. É reconhecido como um dos muitos e sérios
problemas essenciais a serem enfrentados globalmente, necessitando-se
para tanto ampliar não só a colaboração com os governos, mas também
com inúmeros outros atores não governamentais tais como, por exemplo,
indústrias, sindicatos, consumidores, organizações não governamentais
(ONG), grupos de cidadãos, corporações profissionais e instituições
científicas, transformando-se em um problema não só de governabilidade,
mais restrita ao papel dos Estados e governos, mas de governança, nos
níveis internacional e nacionais.
O Brasil passou, em outubro de 2000, a presidir o Fórum Intergovernamental
sobre Segurança Química (FISQ) – seu mandato vai até o ano 2003 –
assumindo um papel de liderança internacional no que se refere ao tema.
Isto exigirá, mais do que nunca, que os setores saúde, trabalho e meio
ambiente, nas suas diversas vertentes de atuação, assim como inúmeros
outros setores do governo e atores sociais representando os trabalhadores, os
empresários e as comunidades e consumidores expostos, sejam capazes de
trabalhar de forma integrada para que possamos formular propostas amplas
e efetivas para o enfrentamento dos problemas relacionados à poluição
química. O desenvolvimento de metodologias integradas, contextualizadas
aos nossos problemas e participativas, assim como processos decisórios mais
transparentes e democráticos estão entre os desafios a serem enfrentados.
 A segurança química como tema de preocupação internacional  
A segurança química como tema de preocupação internacional aparece já
na Conferência Mundial das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano
(CNUMH), realizada em Estocolmo (Suécia), em 1972. As recomendações

53
INDEXAÇÃO E RESUMOS

dessa conferência conduziram ao estabelecimento em 1980 do Programa


Internacional de Segurança Química (PISQ), uma joint venture da Organização
Mundial da Saúde (OMS), da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e
do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) (ARCURI;
FREITAS, 2001; PLESTINA; MERCIER, 1996). O objetivo inicial do PISQ
era prover uma base científica reconhecida internacionalmente, para que os
diversos países pudessem desenvolver suas próprias medidas de segurança
química (PLESTINA; MERCIER, 1996).
Vinte anos após a conferência de Estocolmo, foi realizada em 1992, no
Brasil, a CNUMAD, que teve como um dos principais documentos aprovados
a Agenda 21, onde se encontra o Capítulo 19, exclusivamente dedicado ao
tema. Neste capítulo são apontados os problemas de poluição química em
grande escala, presentes e futuros, reconhecendo ser a situação mais grave
nos países em industrialização por conta da: (1) falta de dados científicos
para avaliar os riscos inerentes à utilização de numerosos produtos químicos
e; (2) falta de recursos para avaliar os produtos químicos para os quais já se
dispõe de dados (CNUMAD, 1992).
Dentre o conjunto de estratégias internacionais fixadas no capítulo 19,
foram estabelecidas seis áreas programáticas, que são: (1) expansão e
aceleração da avaliação internacional dos riscos químicos; (2) harmonização
da classificação e da rotulagem dos produtos químicos; (3) intercâmbio de
informações sobre os produtos químicos tóxicos e os riscos químicos; (4)
implantação de programas de redução dos riscos; (5) fortalecimento das
capacidades e potenciais nacionais para o manejo dos produtos químicos;
(6) prevenção do tráfico internacional ilegal dos produtos tóxicos e perigosos.
Ainda em relação às estratégias internacionais, em 1994 foi criado o FISQ, com
o objetivo de constituir um novo mecanismo de cooperação entre governos
para promover a avaliação dos riscos das substâncias químicas e sua gestão
ecologicamente racional, buscando integrar e unificar os esforços nacionais e
internacionais e, ao mesmo tempo, evitar a duplicação de atividades e gastos
(IFCS, 1997). Embora se trate de um fórum intergovernamental, é reconhecido
que as questões relativas à segurança química, particularmente as referentes
às seis áreas programáticas do Capítulo 19, não podem ser levadas a cabo
somente pelos governos, tornando-se necessária a participação da indústria,
dos diferentes grupos de interesse não governamentais representando
comunidades expostas, trabalhadores e organizações intergovernamentais
e científicas, entre outros.
Todos estes esforços internacionais referentes à segurança química não
podem ser compreendidos de modo descontextualizado. Como é observado
pela Comissão sobre Governança Global (CGG, 1995), o crescimento nas
quantidades de produtos químicos produzidos tem resultado em níveis de
poluição em uma escala tal que vem alterando a composição química das

54
INDEXAÇÃO E RESUMOS

águas, do solo, da atmosfera e dos sistemas biológicos do planeta, colocando


em perigo não só o bem-estar, mas também a sobrevivência do planeta.
Especialmente a partir da II Guerra Mundial, o desenvolvimento tecnológico
nos processos químicos industriais, impulsionado pela concorrência capitalista
e a globalização da economia de escala, vem resultando na expansão
da capacidade de produção, armazenamento, circulação e consumo de
substâncias químicas em nível mundial. A comercialização de substâncias
orgânicas em patamar global é um exemplo disto, passando de sete milhões
de toneladas em 1950 para 63 milhões em 1970, 250 milhões em 1985 e mais
trezentos milhões no início da década de 90 (KORTE; COULSTON, 1994).
Segundo o PISQ, existem mais de 750.000 substâncias conhecidas no meio
ambiente, sendo de origem natural ou resultado da atividade humana (IPCS,
1992). Cerca de setenta mil são cotidianamente utilizadas pelo homem, e
aproximadamente quarenta mil em significantes quantidades comerciais
(IPCS/RPTC, 1992). Desse total, calcula-se que apenas cerca de seis
mil substâncias possuam uma avaliação considerada como minimamente
adequada sobre os riscos à saúde do homem e ao meio ambiente. Acrescente-
se a este quadro a capacidade de inovação tecnológica no ramo químico,
que vem colocando disponível no mercado, a cada ano, entre mil e duas mil
novas substâncias.
Este processo de crescimento do setor químico se encontra estreitamente
relacionado ao desenvolvimento de uma economia global altamente
interdependente e iníqua, em que a produção, o comércio e os investimentos
vêm consolidando um processo de divisão internacional do trabalho, que tem
conduzido a uma divisão internacional dos riscos e dos benefícios. Enquanto
cerca de 20% da população mundial, situada principalmente nos países
industrializados, consomem aproximadamente 80% dos bens produzidos, os
outros 80%, situados em geral nos países em industrialização, consomem
apenas 20% (MACNEILL et al., 1992). Na Índia, por exemplo, onde houve
o acidente químico ampliado mais grave registrado em toda a história da
humanidade (mais de 2.500 óbitos imediatos na cidade de Bhopal, em 1984),
o consumo de produtos resultantes da tecnologia química era de 1kg per
capita, enquanto nos países industrializados esse consumo era de 30 a 40kg
per capita (MURTI, 1991).
Diante da complexidade e amplitude dos problemas provenientes da poluição
química ambiental, que vem desafiando cada vez mais a capacidade dos
governos no que tange à segurança e à saúde dos cidadãos, notadamente
nos países industrializados, a segurança química converte-se em uma das
questões globais de governança. Expressa a constatação de que o nosso
futuro comum depende não somente do crescimento econômico, mas
também da melhoria da qualidade de vida, sobremodo para as populações
mais pobres, tendo por base os princípios de universalidade, solidariedade

55
INDEXAÇÃO E RESUMOS

e equidade, que devem ser mantidos, além de orientar as decisões e ações


sobre segurança química nos níveis global e local (CGG, 1995; FILKENMAN,
1996).

Segurança química e governança no contexto da complexidade e da


vulnerabilidade

Conforme é afirmado no relatório da CGG (1995), a mobilização do poder


coletivo das pessoas para tornar a vida no século XXI mais democrática,
mais segura, mais sustentável e com equidade é o grande desafio de nossa
geração. Isto implica a necessidade das nações e da comunidade mundial
assumirem a grande responsabilidade coletiva que lhes é colocada em relação
a estas questões, que se encontram intrinsecamente relacionadas e em que a
segurança deixa de ser a dos Estados, mas passa a ser prioritariamente a das
pessoas. A segurança química, entendida como um dos tantos e importantes
aspectos relativos à segurança da saúde, da vida e da proteção ao meio
ambiente, em virtude das ameaças presentes e futuras, coloca-se neste
contexto como uma questão de governança, nos níveis global e local, não se
restringindo aos governos e às inter-relações governamentais. É um desafio
ainda maior em países como o Brasil, em que as questões concernentes à
democracia, à segurança, à sustentabilidade e à equidade, fundamentais para
a governança, se encontram ainda pouco resolvidas e incipientes e, por isso,
devem ser integradas à questão da segurança química no País.
A construção de políticas de segurança química nos países em industrialização
como o Brasil, além de levar em consideração o enfrentamento da
complexidade e das incertezas referentes à compreensão do problema, as
quais se ampliam por conta da diversidade e da precariedade dos mesmos,
deve considerar também os aspectos referentes aos diferentes modos e níveis
de vulnerabilidades, na busca de construção de conhecimentos e processos
decisórios mais contextualizados e participativos, nos níveis local e global,
como pré-requisitos básicos para a governança.
A noção de complexidade aplicada aos problemas relacionados à poluição
química implica que não podemos reduzir suas análises a componentes
isolados, como operado pelas abordagens tradicionais da ciência, uma vez
que implicaria tanto perdas importantes na compreensão dos problemas,
ampliando as incertezas, como na limitação na formulação de estratégias
de prevenção e controle de tais riscos (FUNTOWICZ; RAVETZ, 1993).
Em relação a isto, Funtowicz & Ravetz (1993) distinguem três níveis de
incertezas. As incertezas técnicas, relacionadas à inexatidão dos dados e
das análises, e que podem ser gerenciadas por meio de rotinas padronizadas
adequadas desenvolvidas por campos científicos particulares. As incertezas

56
INDEXAÇÃO E RESUMOS

metodológicas, relacionadas à não confiabilidade dos dados e que envolvem


aspectos mais complexos e relevantes da informação, como valores e
confiabilidade. Finalmente as incertezas epistemológicas, relacionadas
às margens de ignorância do próprio conhecimento científico, sendo este
nível envolvido quando irremediáveis incertezas encontram-se no centro do
problema (FUNTOWICZ; RAVETZ, 1993).
Enfrentar as incertezas inerentes ao nosso atual modo científico de avaliar
os problemas de origem química e compreender o problema de modo amplo
e sistêmico envolve, então, integrar os múltiplos e simultâneos aspectos
de diferentes naturezas. Nesta perspectiva, as políticas globais e locais
de produção, transporte, comercialização, armazenamento, descarte e
segurança, assim como as direções dadas ao desenvolvimento da tecnologia
química estarão, simultaneamente e de modo inextricável, interagindo com as
emissões de substâncias químicas que atingirão solos, águas, atmosfera e
cadeia alimentar. Estas emissões, mediadas por reações químicas e relações
sociais, culturais, econômicas e de poder, resultarão tanto nos diferentes
níveis de contaminação dos seres humanos e ecossistemas, como nos
diferentes níveis de capacidade de resposta social ao problema. Isto implica
que os processos decisórios sobre riscos químicos com vistas à governança
não podem ser realizados tendo-se por base somente as limitadas predições
técnico-científicas, exigindo-se que considerações acerca dos inúmeros
aspectos apontados, assim como, também, os inerentes valores e interesses
em jogo, façam parte dos mesmos, complementado os aspectos de políticas
públicas (FUNTOWICZ; RAVETZ, 1993). Como observam De Marchi & Ravetz
(1999), muitos dos novos riscos, como os de origem química, combinam
extremas incertezas com possibilidade de danos extensivos e irreversíveis,
exigindo novas formas de processos decisórios.
Para que novas abordagens e novos processos decisórios sejam minimamente
viáveis, particularmente no contexto dos países em industrialização, devemos
considerar o conceito de vulnerabilidade (HORLICK-JONES, 1993). Para nós,
a vulnerabilidade deve ser subdividida em duas, que se inter-relacionam.
A primeira refere-se à vulnerabilidade populacional (MORROW, 1999) e
relaciona-se à existência de grupos populacionais vulneráveis, de acordo
com suas características em termos de status social, político e econômico,
etnicidade, gênero, incapacidade, idade etc., sendo isto derivado de variadas
formas e níveis de exclusão social. A segunda refere-se à vulnerabilidade
institucional (BARRENECHEA, 1998) e relaciona-se ao funcionamento
da sociedade em termos das políticas públicas, processos decisórios e
das instituições que atuam nos condicionantes estruturais ou pressões
dinâmicas que propiciam ou agravam as situações e eventos de riscos.
No Brasil, consideramos que muito ainda deve ser feito, a fim de que a
segurança química na sua interface com a governança possa ser realizada,

57
INDEXAÇÃO E RESUMOS

especialmente quando se considera que no atual contexto o Estado vem


sendo continuamente desestruturado, tornando-se incapaz de controlar e
prevenir os problemas de origem química, caracterizando uma vulnerabilidade
institucional. Este quadro é agravado pelo fato de determinados grupos
sociais estarem sendo expostos a substâncias químicas em situações sociais
e ambientais precárias, caracterizando uma vulnerabilidade populacional.
Nesta perspectiva, a governança só poderá florescer se fundada em um forte
compromisso com os princípios de equidade e democracia baseados na
sociedade civil. Os princípios da governança se encontram em consonância
com as perspectivas da saúde coletiva, devendo orientar as decisões e ações
para o setor saúde no Brasil, particularmente quando envolvem questões
ambientais, em que o leque de atores e interesses heterogêneos se amplia.
Segurança química e governança na realidade brasileira
O Brasil, dentre outros países em industrialização, como Índia e México,
sofreu um processo de intensificação de seu crescimento econômico entre
os anos 60 e 80 mediante grande endividamento externo – se encontra entre
os países com maior dívida externa –, aumento da participação de indústrias
multinacionais no processo de industrialização e forte intervenção do Estado
na economia. Em 1990, dentre os segmentos constituintes do setor industrial,
o químico representava cerca de 19% da produção do país. De acordo
com a Pesquisa Industrial Anual do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística), ano de 1997, do total da receita líquida de vendas
de todo o setor industrial brasileiro, a indústria química respondeu por cerca
de 22% (IBGE, 1997) e na atualidade ocupa um lugar de destaque no mundo,
encontrando-se em oitavo lugar.
No Brasil, o modelo de desenvolvimento econômico adotado, sustentado
pela ausência de um sistema político democrático – particularmente entre
os anos 60 e 80 – e grandes transformações na sociedade, combinando
concentração de capital, exploração da mão-de-obra e abandono ou omissão
do poder público no controle e prevenção dos riscos químicos, resultou em
rápida e desordenada industrialização. Paralelamente, ocorreu um intenso
e incontrolado processo de urbanização, acompanhado de grande fluxo
migratório do campo e das regiões mais pobres para os grandes centros
urbanos, relegando ao plano secundário os problemas sociais, humanos
ou ambientais (BECKER; EGLER, 1993). Uma das consequências desse
processo foi o assentamento de parte dessas populações pobres e com
baixo nível de escolaridade, que migraram do campo na busca de melhores
condições de vida e trabalho, nas áreas periféricas dos grandes centros
urbanos, passando a viver em condições precárias e sem acesso aos bens
e serviços básicos de saneamento, saúde e educação. Situação similar, em
termos de condições precárias de vida e trabalho, ocorreu também para
aqueles que ficaram nas áreas rurais. O resultado foi a constituição de padrões

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INDEXAÇÃO E RESUMOS

inferiores de segurança e de proteção ambiental e à saúde não só no nível


internacional, mas também no nível interno dos países de economia periférica,
definindo, assim, as áreas salubres e seguras e as insalubres e inseguras
(BARBOSA, 1992; GUILHERME, 1987; TORRES, 1993).
Nas áreas rurais, são bem conhecidos os casos de contaminação por
agrotóxicos de trabalhadores e de suas famílias, bem como moradores das
áreas próximas expostos à contaminação ambiental (águas, ar e solos)
e da cadeia alimentar, num circuito de complexas interações químicas e
sociais. Tendo origem também nos problemas estruturais resultantes dos
modelos de desenvolvimento adotados no país, a ausência de uma política
de reforma agrária e de oferta de trabalhos estáveis contribuiu para fluxos
migratórios do campo não só para as cidades, mas também para áreas de
mineração, caso dos garimpos de ouro na região amazônica. Se, por um
lado, as atividades de mineração do ouro fornecem a maior taxa de empregos
da região (10,7%), coexistindo com precárias condições sanitárias e um
quadro de doenças endêmicas como a malária e a leishmaniose, por outro,
tais atividades vêm resultando na intensa degradação do meio ambiente e
profunda desorganização e exclusão social (MMA, 1995). Frequentemente,
trata-se de atividade ilegal que envolve força de trabalho precarizada, não
qualificada, móvel e sem direitos trabalhistas – algumas vezes envolvendo até
o trabalho escravo –, que se organiza em núcleos, em torno das minerações,
e estabelecem interfaces entre as formas de exploração mecanizadas das
empresas e as manuais dos garimpeiros. Pelo fato de, em grande parte,
as técnicas adotadas serem rudimentares, acabam por empregar grandes
quantidades de mercúrio (Hg), resultando em elevados níveis de poluição do
ar, sedimentos e águas dos rios, contaminando os trabalhadores garimpeiros
e de casas de queima. Além destes trabalhadores, populações urbanas que
vivem próximas a casas de queima e aos garimpos, bem como as ribeirinhas,
acabam, por interações ambientais e vias diretas ou indiretas, sendo
contaminadas com metilmercúrio (CÂMARA; COREY, 1993; MMA, 1995).
A complexa trama social que envolve a atividade de mineração do ouro
se conjuga com a complexidade ambiental associada à capacidade de
biotransformação do Hg para sua forma mais tóxica – o metilmercúrio.
Isto é agravado pelas incertezas oriundas tanto da ausência de dados
científicos sobre o seu comportamento em ambientes tropicais, bem como
as relacionadas aos problemas que poderão ocorrer com o ciclo do mesmo
devido às mudanças climáticas globais que poderão contribuir para enriquecer
a remobilização e bioacumulação deste agente químico. O resultado será o
aumento do risco de exposição pela exalação deste agente, convertendo-se
em bombas químicas de tempo (NRIAGU, 1999).
Nos grandes centros urbanos os problemas de origem química se manifestam
de diversas formas, indo da produção em pequenas indústrias – como no

59
INDEXAÇÃO E RESUMOS

caso das fábricas ou reformadoras de baterias – e grandes indústrias do setor


químico – envolvendo as químicas, petroquímicas e petroleiras –, até o destino
final dos resíduos químicos. Um dos mais conhecidos e paradigmáticos casos
de contaminação ambiental por resíduos perigosos envolvendo a combinação
de vulnerabilidade institucional e populacional é o da Cidade dos Meninos,
no Município de Duque de Caxias, Rio de Janeiro. Neste local houve, em
1954, o fechamento de uma fábrica do Ministério da Saúde (MS), ocorrendo
o abandono de cerca de setecentas toneladas de resíduos da produção de
HCH (grau técnico) utilizados em campanhas contra a malária. Esta área é
hoje habitada por cerca de 1.500 pessoas e os resíduos foram encontrados
em todos os segmentos ambientais, nos habitantes e biota locais em níveis
extremamente elevados (OLIVEIRA et al., 1995).
Outro sério problema se refere às pequenas fábricas que empregam
substâncias químicas, muitas de fundo de quintal. Reformadoras de baterias,
por exemplo, se localizam, em sua quase totalidade, em áreas residenciais
e comerciais em que vivem populações de baixa renda. Estas indústrias
empregam, em geral, perto de dez trabalhadores, caracterizados por
possuírem baixa escolaridade e nenhum tipo de treinamento e informações
quanto aos riscos e às atitudes de proteção e segurança que deveriam ser
tomadas. Suas instalações são inadequadas e utilizam um processo de
trabalho simples e arcaico, provocando a contaminação por chumbo não
apenas dos trabalhadores, mas atingindo também as áreas em torno e
populações circunvizinhas (SILVA; MATTOS, 1999). Funcionam com elevados
custos marginais, ficando ao largo dos programas de incentivos econômicos
relacionados a melhorias de desempenho ambiental; raramente são alvos
de fiscalização pelos órgãos públicos que, no atual quadro, se atuassem
efetivamente, poderiam acirrar a crise social pelo possível fechamento das
mesmas, resultando no aumento do número de desempregados.
Diferentemente dos exemplos anteriores, os casos de poluição crônica
e acidentes nas grandes indústrias têm, frequentemente, envolvido os
trabalhadores da indústria química, que possuem alto nível de qualificação
técnica, educação formal e maior capacidade de organização local – pelos
sindicatos – e nacional e, por conseguinte, maior poder de mobilizações e
pressões sociais. Apesar dos eventuais limites desta participação, algumas
experiências ocorridas na década de 90, como a participação destes
trabalhadores em acordos e comissões nacionais que envolveram e vêm
envolvendo, de maneira conjunta, representantes das indústrias e do governo,
como nos casos do benzeno, da norma sobre vasos e caldeiras, e ainda
sobre a construção de uma legislação nacional sobre os acidentes industriais
ampliados demonstraram a possibilidade de se produzirem processos
decisórios mais democráticos e na perspectiva da governança.
Tendo como referência os casos citados, podemos considerar que houve no

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INDEXAÇÃO E RESUMOS

Brasil um crescimento dos problemas relacionados à segurança química em


uma intensidade e amplitude maior do que a capacidade do Brasil enfrentá-
los. Neste contexto, a reconhecida complexidade socioambiental do Brasil
associada às vulnerabilidades populacional e institucional, vem, por décadas
seguidas, propiciando a utilização indiscriminada dos recursos naturais e sua
contaminação pela coexistência de modos de produção arcaicos com os de
tecnologia avançada, resultando em diferentes formas e níveis de inserção
social e poluição química.
Hoje, a gestão da segurança química no Brasil pelos governos federal,
estadual ou municipal, vem sendo desenvolvida de maneira ineficiente e com
pouca integração entre os vários setores e grupos sociais envolvidos, tendo
como consequências o conflito de competências entre diferentes órgãos dos
governos, omissões e a falta de capacidade instalada de recursos humanos e
técnicos, mormente no que se refere à proteção da saúde e do meio ambiente.
Embora o arcabouço legal disponível possa ser considerado relativamente
vasto, na prática não se mostra factível frente à contínua desestruturação dos
órgãos de governo, sendo isto em parte o resultado das descontinuidades
das políticas públicas e da falta de recursos financeiros para os setores
ambiental e de saúde.
No atual contexto, políticas autorregulatórias, como a certificação pela norma
ISO 14.000 ou programas voluntários como o Atuação Responsável da
indústria química, correm o risco de substituir de forma inapropriada a carência
de políticas públicas. Ainda mais quando se considera que, com a relativa
estagnação econômica das últimas duas décadas, aliada ao desemprego
estrutural inerente ao modelo de desenvolvimento econômico atualmente em
vigor, a exclusão social vem se acentuando e reduzindo o poder de pressão
da sociedade, mesmo dos trabalhadores industriais, um importante grupo
social de pressão na questão da segurança química e que tiveram papel ativo
e fundamental em alguns exemplos apresentados, os quais minimamente
atendiam aos princípios para a governança.  
Conclusão  
O Estado no Brasil, tanto quanto em outros países em industrialização, tem
caminhado em um sério e perigoso processo de deterioração, com crescente
alienação e indiferença às necessidades e demandas da população. Em
um contexto como este, Finkelman (1996) observa que se torna premente
a redefinição do papel do Estado em cada um dos níveis e ações que
concernem à segurança química, em particular nas áreas que possuem
responsabilidades mais diretas em relação ao tema, como as instituições
que proveem diretamente atenção à saúde das populações e as que são
responsáveis pelo controle e a proteção do meio ambiente.
A segurança química, como um sério problema a ser enfrentado por países

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INDEXAÇÃO E RESUMOS

como o Brasil, coloca a necessidade e o desafio de se constituírem novos


arranjos societários nos níveis global, regional, nacional e local em busca de
um modelo de desenvolvimento sustentável que tenha por base a equidade e
a democracia. Outro desafio é se constituir, concomitantemente, uma ciência
mais contextualizada na nossa realidade, baseada em abordagens integradas
e participativas que possam incluir a análise de reações químicas, físicas
e biológicas combinadas com reações sociais, políticas, culturais, éticas e
morais, contribuindo para a busca de soluções mais amplas e duradouras.
A segurança química não é um tema descontextualizado do mundo atual,
em que a maioria da população do planeta vive excluída dos benefícios da
modernização/globalização. Esta mesma população, no papel que lhe cabe
na divisão internacional do trabalho, vem arcando com os riscos de um
modelo de desenvolvimento iníquo em sua natureza e dinâmica. Poucas
tentativas têm sido realizadas em anos recentes para retificar tal situação.
Ainda que possa se considerar que muitos indicadores de progresso social –
mortalidade infantil, educação, expectativa de vida e nutrição – melhoraram
significativamente em termos de médias globais, milhões de pessoas no
planeta, expostos à poluição química, ainda vivem a ausência de água potável
e saneamento (CGG, 1995).
FONTE: FREITAS, Carlos Machado et al. Segurança química, saúde e ambiente:
perspectivas para a governança no contexto brasileiro. Cad. Saúde Pública. v. 18, n. 1, p.
249-256, jan-fev/2002. https://pdfs.semanticscholar.org/9127/0c0cbdfd5f5b7cad463bb713adc
232184ca4.pdf. Acesso em: 19 maio 2019.

Sugestão de resposta:
O resumo indicativo deve conter: a mesma terminologia do autor, objetivos,
métodos e resultados. Usar algarismos para números. Frases em lugar de
orações. Nenhum símbolo raro, equação ou informação descritiva.

O resumo informativo deve conter: 200 – 250 palavras. A mesma terminologia


do autor. Objetivos ou finalidades da pesquisa. Métodos da pesquisa.
Resultados da pesquisa. Validade dos resultados. Conclusões e aplicações,
se for o caso. Algarismos para números. Frases em lugar de orações. Nenhum
símbolo não convencional. Nunhuma abreviatura. Nenhuma equação ou nota
de rodapé. Nenhum dado de catalogação descritiva.

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