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Rev. Valdir se sente muito empolgado e honrado por pregar e servir em uma igreja
de outra denominação e ficou mais feliz ainda quando soube que haveria a
celebração mensal da Ceia do Senhor. Porém, quando chega o momento da Ceia
após o reverendo proferir um belo sermão, quando o diácono começa a servir a
Ceia explica para ele que esta é restrita somente aos membros daquela
denominação. E o reverendo Valdir não pôde participar da Ceia do Senhor.
A situação ficcional acima, porém muito comum, levanta uma reflexão: quem pode
participar da Ceia do Senhor?
As quatro posições: 2
Dentro da tradição batista, onde o autor deste artigo está inserido, há uma
3
tipologia que ilustra o debate. Cada posição tem uma teologia por detrás dela.
posições, a saber: Ceia Universal (ou Ceia aberta ou ultra-livre); Ceia Livre, Ceia
Restrita e Ceia Ultra-Restrita.
Ceia Universal
Esta posição, podendo também ser chamada de Ceia Aberta ou Ultra-Livre, advoga
que todos devem receber o pão e o vinho, independente do seu credo, da fé
salvadora no Senhor Jesus Cristo e da religião, sendo a posição de igrejas neo-
8
Esta posição sempre existiu na tradição Batista, porém teve maior defesa no
século XX. Seu maior expoente foi o conhecido John Bunyan. 11
Ceia Restrita
Esta posição defende que somente os membros da denominação, “mesma fé e
ordem” podem participar da Ceia do Senhor. Os que defendem essa posição, por
exemplo, Sobrinho, advoga a diferença entre as posições denominacionais quanto
a Ceia do Senhor como um meio de graça como motivo para a ceia restrita. Para12
Ceia ultra-restrita
Esta posição defende que somente os membros daquela comunidade local devem
participar da Ceia do Senhor. O autor Ebenézer Soares Ferreira salienta que é a
posição mais sensata porque a ceia é da igreja local. Alguns batistas no século
14
Os adeptos da Ceia Livre (Comunhão próxima) tem uma compreensão que a igreja
é tanto local quanto universal, tanto visível quanto invisível, portanto todo crente
professo e batizado é convidado a participar.
À luz dos credos antigos como, por exemplo, o Credo dos apóstolos e o Credo
Niceno-Constantinopolitano de 381, a Igreja é “Una (única), Santa, Universal e
Apostólica.” Mark Dever escreve que a “igreja é universal porque se estende
17
“A Igreja universal (ou católica), que com respeito à obra interna do Espírito, e da
verdade da graça, pode ser chamada invisível, consiste no número total dos eleitos
que já foram, estão sendo, ou ainda serão chamados em Cristo, o Cabeça de
todos. A Igreja é a esposa, o corpo e a plenitude daquele que é tudo em todos.” 19
Bibliografia:
DEVER, Mark. Igreja: o Evangelho visível. São José dos Campos – SP : Fiel, 2015.
FÉ PARA HOJE: Confissão de Fé Batista de 1689. São José dos Campos – SP,
Editora Fiel, 1991.
FERREIRA, Ebenézer Soares. Manual da Igreja e do Obreiro. Rio de Janeiro : JUERP.
1985.
GARDNER, Daniel Aaron. O despertar do movimento Landmarkista: Uma análise da
vida e da teologia de James R. Graves. São José dos Campos : Seminário Martin
Bucer. TCC
SOBRINHO, João Falcão. A túnica Inconsútil: Um estudo sobre a doutrina da igreja.
– Rio de Janeiro, JUERP, 1998.
http://catequeseconfessional.blogspot.com.br/2015/09/confessionalidade-
luterana-e-comunhao.html
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Nome fictício, situação fictícia, porém muito comum.
1
O autor agradece ao pastor batista Silas Roberto Nogueira pelo auxílio a pesquisa
2
mais a frente no artigo não lidam com este problema por causa do conceito de
igreja universal.
SOBRINHO, João Falcão. A túnica Inconsútil: Um estudo sobre a doutrina da igreja.
4
P. 160.
Cf. http://catequeseconfessional.blogspot.com.br/2015/09/confessionalidade-
7
10
Ibid.
11
Ibid.
12
SOBRINHO, Op. Cit. P. 96
13
Ibid. As posições quanto a ordenança ou sacramento da Ceia do Senhor são:
Transubstanciação (Igreja Católica Romana); Consubstanciação (Posição
Luterana); Presença real ou mística por meio da fé (Calvino, presbiterianos e
reformados, batistas calvinistas e reformados) e memorial (Ulrich Zwinglío,
batistas).
14
Cf. FERREIRA, Ebenézer Soares. Manual da Igreja e do Obreiro. Rio de Janeiro :
JUERP. 1985.
15
O landmarkismo ou landmarquismo surgiu com James R. Graves (1820-1893)
com uma interpretação muito estreita em sua eclesiologia: existência apenas da
igreja visível e local (não triunfante ou invisível) se relacionando apenas com
outras igrejas fiéis (batistas landmarkistas) tanto em ordenança quanto em
pregação fiel. Somente os pastores daquela tradição eram fiéis as igrejas do Novo
Testamento. Cf. GARDNER, Daniel Aaron. O despertar do movimento Landmarkista:
Uma análise da vida e da teologia de James R. Graves. São José dos Campos :
Seminário Martin Bucer. TCC – Material não publicado.
16
DEVER, Op Cit. P.160
17
DEVER. Op. Cit. P.62-64
18
Ibid. P.64
19
FÉ PARA HOJE: Confissão de Fé Batista de 1689. São José dos Campos – SP,
Editora Fiel, 1991. P. 51
20
http://catequeseconfessional.blogspot.com.br/2015/09/confessionalidade-
luterana-e-comunhao.html Acesso em 19/11/2015.