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5 A ESTÉTICA NA GASTRONOMIA
Apresentação
Neste bloco, vamos estudar de modo geral os princípios envolvidos na montagem de
pratos, que não são montados apenas seguindo um determinado gosto ou preferência
visual, mas uma série de princípios que envolvem não apenas a estética final.
Conheceremos a origem do valor estético no serviço empratado, os princípios de
montagem de pratos e finalizaremos com uma discussão de alguns erros e vícios que
muitos restaurantes ainda cometem e o porquê de isso acontecer.
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atualmente, mas sua origem data lá da década de 1980 e 1990, um tanto quanto
ultrapassado, não é mesmo?
Não entrando na discussão visual e estética, mas falando de uma questão prática,
todos esses elementos citados acima que estão decorando o prato têm um mesmo
destino final: o lixo. É um desperdício de insumo, um alimento que foi cultivado (e
sabemos de todos os desafios em se cultivar um alimento, o tempo, o trabalho, o
cuidado), beneficiado, transportado, armazenado, enfim, passou por toda a cadeia
completa de produção para no final da refeição ir parar no lixo: um desperdício.
Em termos ainda mais objetivos, aquela pimenta dedo de moça custou dinheiro.
Dinheiro que está indo, literalmente, para o lixo.
Dessa maneira, a fim de transformar a relação com o alimento e estabelecer um
consumo mais consciente e, porque não, mais respeitoso com ele, a Nouvelle Cuisine
trouxe essa perspectiva minimalista na qual a estrela do prato é a própria preparação e
que, de tão bem trabalhada, não necessita de praticamente mais nenhum artifício.
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Unidade diz respeito ao conjunto do prato como um todo, que deve formar um
conjunto coeso, deve ficar clara uma determinada linguagem estética, uma
composição visual harmoniosa. Não significa que você deva sempre dispor um único
elemento no centro do prato ou que não possa deixar espaços vazios. Pelo contrário, o
espaço em branco, o espaço vazio é que ajuda a criar a unidade e a harmonia. Tal qual
numa música, não é o som que cria uma melodia harmoniosa, mas os espaços sem
som que ditam as nuances de uma música. Assim, o princípio da Unidade não é
sinônimo de elementos amontoados ou necessariamente unidos, mas diz respeito a
uma unidade coesa, ainda que os elementos estejam separados entre si.
Equilíbrio estabelece o equilíbrio de cores, proporção e porcionamento: cores que
estejam em harmonia, sejam as cores dos alimentos ou as cores das louças em relação
aos alimentos; proporção dos alimentos entre si, por isso, escolher os cortes e a forma
de preparo já pensando na montagem, bem como na proporção da louça em relação
ao quanto de alimento será oferecido dentro dela; e porcionamento, que seja
adequado a um serviço empratado individual, sem exageros, mas também sem
porções insuficientes, que sejam corretas para a tipologia de serviço proposta.
Também é importante se considerar o tipo de preparação. Imagine que receitas
gordurosas acabam sendo servidas em porções menores.
Ponto Focal é um princípio quase sempre desrespeitado. Como o próprio nome já
sugere, diz respeito a se determinar qual será o ponto focal da montagem daquele
prato.
É claro que sempre se desejará que o ponto focal do prato seja obviamente a estrela
principal da preparação. Imagine que o prato seja uma proteína, um bacalhau, por
exemplo. É o bacalhau que deve imediatamente estar à vista do cliente. Quando o
comensal receber o prato, seus olhos precisam intensamente se conectar à proteína,
ela é a estrela e deve ser o ponto focal.
Porém, nem sempre isso acontece, pois, ao se colocar uma guarnição em posição
incorreta, ou até mesmo, uma mínima decoração que seja, pode-se perder esse ponto
focal e mudar a atenção do cliente e, assim, perder o efeito visual mais impactante.
Isso quando não se esconde a estrela do prato sob uma camada de molho ou, ainda
pior, se encobre com uma salada ou outra guarnição.
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Figura 5.4 ̶ Uma massa correta, como deve ser, com o molho incorporado a ela.
Conclusão
Neste bloco, pudemos ver as linhas gerais de como planejar a montagem de um prato
e quais foram as inspirações que levaram a Nouvelle Cuisine a estabelecer um novo
entendimento sobre a estética visual dos empratamentos.
Ainda que pareçam conceitos abstratos, tenho certeza de que com a prática e a
vivência, entre tentativas, erros e acertos, você será capaz de compreendê-los e
assimilar esse conhecimento em seu aperfeiçoamento profissional.
Referências
BARCELOS, G. Banquete da psiquê, imaginação, cultura e psicologia da alimentação.
Petrópolis: Vozes, 2017.
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