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Hamster Skin Diseases: literature review - Doenças de pele em hamster:


revisão de literatura

Article · March 2014

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2 authors:

Liege Teixeira Paula Gabriela Da Silva Pires


Universidade Federal do Rio Grande do Sul Universidade Federal do Rio Grande do Sul
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revisão de Literatura

Doenças de pele em hamsters: revisão de literatura


Hamsters skin diseases: literature review
Liege Teixeira - Médica Veterinária. Pós-Graduanda do Curso de Dermatologia Veterinária do Instituto Qualittas de Pós-Graduação.
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Faculdade de Agronomia, UFRGS. E-mail: litelu@terra.com.br
Paula Gabriela da Silva Pires - Médica Veterinária. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Faculdade de Agrono-
mia, UFRGS. E-mail: paulagabrielapires@yahoo.com.br

Teixeira L, Pires PGS. Medvep Dermato - Revista de Educação Continuada em Dermatologia e Alergologia Veterinária; 2014; 3(8); 26-33.

Resumo
Hamsters são animais de estimação comum nos lares por serem dóceis, carinhosos, demandar pou-
cos cuidados e ter baixo custo com a manutenção. Possuem tempo de vida que varia entre 18 e 24
meses em média. São animais predominantemente noturnos, com pouca atividade durante o dia. São
saudáveis e robustos, raramente apresentando algum tipo de enfermidade. Porém, problemas como
alopecia, presença de prurido e lesões cutâneas são frequentes e geralmente inespecíficas, necessi-
tando investigação atenta. Estes sinais podem estar relacionados a problemas diretos da pele, ou ser
reflexo de alterações sistêmicas ou desequilíbrio nutricional.

Palavras-chave: alopecia, descamação, eritema

Abstract
Hamsters are common as companion animals due to their low cost and simple maintenance. Their
normal lifespan is from 18 to 24 months on average. They tend to sleep during the day and are wide
awake at night. They are generally healthy animals, however alopecia, pruritus and skin lesions are
common and often nonspecific requiring careful investigation. These signs can be related directly to
skin problems, or be reflective of systemic changes or nutritional imbalance.

Keywords: alopecia, pruritus, erythema

Introdução (Phodopus roborowskii) e hamster da China (Cricetu-


lus griseus) (1,2).
O número de roedores, coelhos e outros peque- O tempo de vida dos hamsters varia de 18 a 24
nos mamíferos, utilizados como animais de estima- meses, mas animais mais idosos são frequentemen-
ção têm aumentado nos lares, conjuntamente com te encontrados. São animais noturnos, possuindo
cães e gatos ou como únicos pets. Entre esses ani- curto período de atividade durante o dia e preferem
mais, os hamsters são uma escolha frequente, pois temperatura ambiente alta (1,3). Em temperaturas
são pequenos, calmos, demandam poucos cuidados baixas, entre 5°C e 15°C, e dias curtos, pseudo-hi-
e possuem baixo custo com manutenção. bernam por longos períodos (1).
As espécies de hamsters domésticos incluem: São extremamente robustos, e raramente apre-
hamster dourado da Síria (Mesocricetus auratus), sentam algum tipo de enfermidade. Algumas in-
hamster armênio (Cricetulus migratorius), hamster formações biológicas e fisiológicas sobre Hamsters
russo (Phodopus sungorus), hamster de Roborowski estão dispostas na tabela 1.

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Macho Fêmea
Comum aos dois visíveis na fêmea (2,3). Estas são glândulas sebáceas
sexos
que estão associadas à transformação de testostero-
Longevidade
média (meses)
- - 18 - 24 na em di-hidrotestosterona e têm sido consideradas
como características sexuais secundárias nos ma-
Maturidade sexual
média (dias)
- - 42
chos (3). O hamster russo não possui glândulas no
Duração do ciclo flanco, mas apresenta uma glândula ventral (2).
- A cada 4 dias -
estral A diferenciação sexual se baseia na distância en-
Tempo de gesta-
- 15 a 21 -
tre os orifícios anal e genital. No macho, à distância
ção (dias)
ano-genital é maior que na fêmea (2).
Cio pós-parto - Infértil - Na natureza, os hamsters são animais solitários
e muito territoriais, sendo difícil formar um grupo.
Tamanho da
ninhada
- - 5 a 9 indivíduos Nas residências, a gaiola deve ser equipada com ro-
Idade do des-
das, túneis e ninhos e deve ser bem fechada, pois
- - 20 a 25
mame (dias) os hamsters possuem grande tendência e agilidade
Temperatura retal
- - 37 – 38
para escapar de caixas mal fechadas (1). A cama
(°C)
pode ser composta de maravalha ou folhas de papel
Frequência
- - 250-500 toalha e deve ser trocada frequentemente.
cardíaca (bpm)
O objetivo deste trabalho é fazer uma revisão bi-
Frequência respi-
ratória (mrm)
- - 35-135 bliográfica sobre as dermatoses em hamsters, con-
Adaptado de: Pessoa, C. A. Rodentia – Roedores de Companhia (Hamster, Gerbil, siderando a apresentação clínica, os métodos diag-
Cobaia, Chinchila, Rato). In: Catão-Dias, J. L et al. Tratado de Animais Selvagens.
São Paulo: Roca, 2007, pag. 437. Quinton, J-F. Novos animais de estimação: peque-
nósticos empregados e tratamentos usuais.
nos mamíferos. São Paulo: Roca, 2005.
Tabela 1 - Informações biológicas e fisiológicas gerais sobre Principais dermatoses
Hamsters.
Manifestações cutâneas como alopecia, eritema,
crostas e prurido são comuns na clínica de peque-
nos animais, sendo os hamsters também afetados.
São animais onívoros e praticam coprofagia A rarefação de pelos que evolui para alopecia é uma
constantemente, o que lhes permite a reabsorção das síndrome frequentemente observada em hamsters
vitaminas como a cianocobalamina e ácido fólico idosos (2,7). A alopecia também pode ser causada
(1,2,4). A dieta deve ser composta de ração granula- pelo calor excessivo e por alergia aos componentes
da específica para hamsters com no mínimo 16% de da cama (maravalha).
proteína e de 4% a 5% de lipídeos, para evitar que Os sinais clínicos são inespecíficos podendo es-
o animal consuma somente grãos e sementes, o que tar relacionados a problemas diretos da pele, ou
pode induzir a um desequilíbrio nutricional, além serem reflexo de alterações sistêmicas ou desequi-
de deficiência de minerais e vitaminas (2,5,6). Pe- líbrio nutricional (figura 1). Em animais jovens com
quenas porções de frutas e vegetais verdes frescos alopecia deve-se investigar se o teor de proteínas da
podem ser adicionadas, assim como cenoura crua dieta não está abaixo de 16% (2,6).Nestes casos, a
(5,6). O consumo diário de água por um hamster é correção da dieta e o uso de suplementos vitamíni-
de 4 a 8 mL/100g de peso corporal (2). cos específicos para hamsters auxiliam na resolução
Anatomicamente, o hamster apresenta os dentes do problema. Em animais jovens com alopecia de-
incisivos com crescimento contínuo, enquanto os ve-se investigar se o teor de proteínas da dieta não
molares têm crescimento limitado (2,4). Por isso, é está abaixo de 16% (2,6). A alopecia também está
importante o fornecimento de alimentos fibrosos ou associada à doença renal crônica, amiloidose, hipo-
blocos minerais para favorecer o desgaste dos dentes tireoidismo e neoplasia nas adrenais (6).
(4). São animais recoletores e possuem bolsas faciais O diagnóstico é importante para estabelecer o
que são evaginações da cavidade oral que se esten- tratamento correto, porém nem sempre é possível.
dem da boca, ao longo da cabeça e pescoço, até as Algumas causas de alterações cutâneas estão des-
escápulas, nas quais armazenamos alimento (1,4). critas abaixo. É importante observar a medicação
O hamster sírio possui glândulas odoríferas lo- e doses utilizadas por serem animais de peso di-
calizadas em cada lado do flanco, de coloração es- minuto. A tabela 2 resume a medicação utilizada
cura, bastante visíveis no macho, menores e menos nestes casos.

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localizados, facilitando o diagnóstico. O tratamento


é feito com aplicações de Fiproniltópico a cada 30 a
60 dias, além da limpeza da gaiola, do ambiente e de
todos os animais presentes na residência (2,5).

Ácaros
O Notoedres notoedres é um ácaro específico de
hamsters e está associado a infecções no meato
acústico. Os sinais clínicos associados podem ser
meneios de cabeça, alopecia localizada, acúmulo de
secreção serosa e de crostas marrons no pavilhão
auricular (1,2). O Sarcoptes scabiei pode, ocasional-
mente, infectar a cabeça ou o corpo desse animal,
sendo alopecia, prurido, eritema, escoriações e ul-
Figura 1 - Hamster chinês (Cricetulus griseus), adulto, macho, cerações os sinais associados (1,2).
apresentando alopecia, eritema, descamação na região abdomi- O Demodexcriceti e o Demodexaurati (figura 2) são
nal causada por desequilíbrio nutricional (alimentação baseada
em sementes e grão). Fonte: Liege Teixeira (arquivo pessoal). duas espécies que se instalam na queratina e em nó-
dulos da superfície epidérmica e nos folículos pilo-
sos desse animal (2,7,8). São parasitas comuns do
tegumento do hamster (2,9,10), sendo que 50% dos
Medicamentos Dose recomendada
animais podem ser carreadores assintomáticos (4,8).
Cetoconazol 10 mg/kg VO SID
Podem ser transmitidos aos neonatos durante o con-
cloranfenicol 50 – 200 mg/kg VO BID 14 dias tato prolongado com a mãe (1). Estes ácaros estão as-
Enrofloxacina 5 - 10 mg/kg VO SID sociados a fatores como nutrição deficitária, imunos-
Fipronil 7,5 mg/kg tópico supressão decorrente de envelhecimento, estresse ou
Fluconazol 16 - 20 mg/kg VO SID 14 dias
doença intercorrente (2,5,8,9). Demodexcriceti consi-
derado não patogênico, está presente na epiderme e
Itraconazol 5 - 20 mg/kg VO SID 3-4 semanas
é menor que o Demodexaurati, considerado patogêni-
Ivermectina 0,2 - 0,5 mg/kg VO, SC
co e encontrado na unidade pilo-sebácea (10).
Prednisolona 0,5 -1 mg/kg VO BID Os animais acometidos apresentam alopecia mode-
Selamectina 15 mg/kg SC rada a severa, prurido, hiperqueratinização e dermatite
Tetraciclina 10 – 20 mg/kg VO BID 14 dias principalmente no dorso, membros e abdome (2,5,7,10).
O diagnóstico se baseia no raspado de pele para
Terbinafina 10-30 mg/kg VO SID 4-6 semanas
Adaptado de: Pessoa, C. A. Rodentia – Roedores de Companhia (Hamster, Gerbil,
a identificação do agente (2,7,10). No caso de demo-
Cobaia, Chinchila, Rato). In: Catão-Dias, J. L et al. Tratado de Animais Selvagens. dicose, um raspado positivo deve ser confrontado
São Paulo: Roca, 2007, pag. 457. Viana, F. A. B. Guia terapêutico veterinário. 2. Ed.
Lagoa Santa: Gráfica e Editora CEM, 2007. com o quadro clínico porque esses parasitas costu-
Tabela 2 - Dosagem de alguns medicamentos utilizados para mam estar presentes em hamsters sadios (2).
tratamento de dermatoses em Hamsters. O tratamento se baseia no uso de ivermectina ou
de selamectina em dose única ou a cada 14 dias, 2
a 3 aplicações (5). É importante limpar a gaiola cui-
Alguns autores evitam o uso de penicilina, ce- dadosamente e desinfetá-la uma a duas vezes por
falosporina, amoxicilina, ampicilina, clindamicina, semana com pó ou solução acaricida (2).
estreptomicina, lincomicina e eritromicina em ha-
msters por induzirem enterocolite (2,5,7). As com- Dermatofitoses
binações de sulta-trimetoprim foram incriminadas Essa afecção é causada principalmente por Tricho-
como causa de morte em hamsters (7). phyton mentagrophytes e, com menor frequência, por
Microsporum canis, sendo os hamsters afetados clini-
Pulgas camente ou portadores assintomáticos (2). A falta de
A pulga de cães e gatos (Ctenocephalides sp) pode higiene, desnutrição, agentes estressantes externos,
infestar hamsters, causando prurido, eritema e alope- número excessivo de animais por recinto e infecções
cia. Esses ectoparasitas são grandes e fáceis de serem secundárias são os fatores predisponentes (1).

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A B
Figura 2 - Ácaros habitantes assintomáticos dos folículos pilosos e glândulas sebáceas de hamster. [A] Demodex criceti; [B] Demodex
aurati. Fonte: Universidade do Missouri (dora.missouri.edu/hamsters/mange-mites-of-hamsters).

Quando há lesões, estas são pequenas áreas alo- limpeza e desinfecção da gaiola com água sanitária
pécicas circunscritas, em geral eritematosas e es- e trocar a cama (2). Todos os animais que tiveram
camosas, geralmente na cabeça e, ocasionalmente, contato com o animal infectado (outros roedores,
no dorso e nos flancos. Em geral não há prurido, cães, gatos) devem ser tratados por tratar-se de do-
exceto na forma inflamatória infectada, podendo ença contagiosa e zoonose (2,7).
ocorrer piodermite (2,7).
O diagnóstico pode ser obtido por exame para- Piodermite
sitológico de raspado cutâneo, exame com lâmpada Piodermite estafilocócica (primária ou secundá-
de wood, tricograma e cultura fúngica em meio de ria) é relativamente comum em hamsters (figura 3
Sabouraud (2,7). e figura 4) (7). O Staphylococcus aureus é comumen-
O tratamento é realizado com itraconazol por 3 a te isolado das lesões de pele de ocorrência natural,
4 semanas associado a tratamento tópico utilizando sendo uma das bactérias não esporuladas mais re-
miconazol creme 1 vez ao dia ou banhos com xam- sistentes e está presente na nasofaringe, trato diges-
pu contendo miconazol 2% e clorexidine 2% uma tivo posterior e no ambiente. O homem pode servir
ou duas vezes por semana (7). Importante realizar a de fonte de infecção para o animal e vice-versa (11).

Figura 3 - Hamster chinês (Cricetulus griseus), adulto, macho, Figura 4 - Hamster chinês (Cricetulus griseus), adulto, macho (mes-
apresentando alopecia, eritema, descamação e colaretes epidér- mo animal da figura anterior), apresentando alopecia, eritema, des-
micos nas axilas e região abdominal, causados por piodermite. camação e colaretes epidérmicos no pescoço e membros torácicos
Fonte: Liege Teixeira (arquivo pessoal). causados por piodermite. Fonte: Liege Teixeira (arquivo pessoal).

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A doença clínica depende da virulência da pecia, eritema, pápulas geralmente pruriginosas,


bactéria, das injúrias traumáticas, do hospedeiro que evoluem para o espessamento e inflamação
e das condições de sanitização do ambiente. As geral do tegumento (2,5). Outros sinais clínicos
lesões incluem eritema, descamação, dermatite são anorexia e perda de peso (5). O diagnóstico se
úmida, feridas ulceradas e abscessos e pododer- baseia no exame histopatológico através de bióp-
matite (7,11). sia cutânea (7).
O diagnóstico depende do isolamento e da iden- Existem poucas informações sobre quimiotera-
tificação do agente a partir do material contido nas pia em hamsters, sendo difícil esse tratamento tanto
lesões (7,11). Importante substituir qualquer mate- pelo acesso venoso, quanto pela dose dos medica-
rial abrasivo da cama por folhas de toalhas de pa- mentos empregados (7). O tratamento com pred-
pel, desinfetar a gaiola e utilizar antibioticoterapia nisona pode ser utilizado como medida paliativa,
com enrofloxacina ou marbofloxacina, medicamen- obtendo melhora sintomática e melhor qualidade
tos seguros e efetivos para hamsters (7). de vida ao animal (7). O uso de interferon alpha na
dose de 1,500,000 a 2,000,000 unidades / m², 2 a 3
Abscessos vezes por semana tem sido indicado, mas sem ava-
Os abscessos (em particular os de face) são liação clinica confirmada (5,7).
frequentes em hamsters (2). São causados por le- Há escassez na literatura quanto ao prognóstico,
sões ou trauma auto-induzido e geralmente estão porém o tempo médio de sobrevida, desde a mani-
associados com Pasteurella pneumotropicae Sta- festação da doença até o óbito tem sido inferior a 10
phylococcus dermatitis (5). Tem aparência firme ou meses (7).
macia, geralmente indolor, podendo causar febre,
anorexia e depressão (5). O diagnóstico é confir- Hiperadrenocorticismo (Síndrome de Cushing)
mado pela punção com uma seringa acoplada a O hiperadrenocorticismo é causado geralmente,
uma agulha fina; nota-se secreção purulenta (2). por hiperplasia ou neoplasia da glândula adrenal,
O tratamento consiste na drenagem do conteúdo sendo um dos tumores mais frequentes em hams-
e tecido necrótico, e utilização de antibióticos por ters (2,5). É constatado em animais idosos (2 a 3
2 semanas (5). anos deidade), sendo mais comum em machos (2).
Os sinais clínicos incluem alopecia bilateral si-
Doenças das glândulas anexas métrica (figura 5 e figura 6), poliúria, polidipsia,
As secreções das glândulas do flanco do ha- polifagia, emagrecimento, perda da elasticidade
mster são andrógeno-dependentes acometendo cutânea e hiperpigmentação (2,5,7).
principalmente os machos, podendo apresen- A biópsia de pele pode orientar o diagnóstico.
tar inflamação e infecções secundárias.Deve-se Com muita frequência, nota-se proliferação de De-
limpar,desinfetar e, eventualmente, instaurar modex sp na pele dos animais acometidos (2). As
antibioticoterapia. Quando há inflamação glan- alterações biológicas compreendem hipercortiso-
dular crônica, indica-se a castração do hamster lismo e aumento da atividade da enzima fosfatase
macho (2). alcalina (2,5).Pode-se tentar o tratamento oral com
mitotano (5mg/kg/dia) ou com metirapona (8mg/
Linfoma cutâneo kg/dia) por 30 dias, porém o prognóstico é reser-
Hamsters idosos frequentemente manifestam vado (2,5).
sinais clínicos compatíveis com neoplasias, sen-
do que a incidência de tumores espontâneos pode Hipotireoidismo
variar entre 4% e 50%, ou mais em animais com É uma das possíveis causas de alopecia em
cerca de 2 anos de idade (7,12). Os tumores do hamsters, sendo que o diagnóstico é clínico. Te-
córtex adrenal compreendem a maior parte das oricamente, é possível dosar T4, mas não há rela-
neoplasias, seguidos dos tumores do sistema lin- to sobre valores normais.Quando há suspeita de
fohematopoiético (12). Há três tipos de linfomas hipotireoidismo, pode-se diluir 0,1mg de tiroxi-
relatados em hamsters: hematopoiético, epizoóti- na em 10mL de água e, em seguida, colocar 1mL
co causado pelo poliomavírus e o cutâneo ou epi- dessa solução em 30mL na água de beber (2,9). O
teliotrópico (5,7,12). crescimento de pelos deve ser notado ao final de
Os sinais clínicos da forma cutânea são: alo- um mês (2,9).

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Figura 5 - Hamster sírio (Mesocricetus auratus), adulto, macho Figura 6 - Hamster sírio (Mesocricetus auratus), adulto, macho
apresentando alopecia bilateral simétrica e perda da elasticidade (mesmo animal da figura anterior) apresentando alopecia gene-
cutânea, sinais compatíveis com hiperadrenocorticismo. Fonte: ralizada e perda da elasticidade cutânea, sinais compatíveis com
Mary Haynes. hiperadrenocorticismo. Fonte: Mary Haynes.

4. Rodrigues AM. Particularidades na Alimentação de Animais


Considerações Finais de Companhia (Lagomorfos e Roedores). I Ciclo de Confe-
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Rio de Janeiro; Saunder; 2010.
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ença sistêmica. Nesses pequenos animais, o diag- (Mesocricetus auratus) –first case in Brazil. Ars Veterinária,
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nóstico é importante para estabelecer o tratamento
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